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RelatorioPlanoAula SUCESSÕES

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DIREITO CIVIL VI - CCJ0095
Semana Aula: 1
Introdução ao Direito das Sucessões
Tema
Introdução ao Direito das Sucessões
Palavras-chave
Objetivos
1-    Apresentar o Plano de Ensino e o mapa conceitual da disciplina.
2-    Apresentar as competências e habilidades que se pretendem desenvolver, destacando a necessidade de constante articulação com outras disciplinas como Direito de Família, Estatuto da Criança e do Adolescente e Prática Simulada.
3-    Apresentar a metodologia dos casos concretos e a forma como serão cobrados durante o semestre.
4-    Comentar e apresentar a bibliografia básica e complementar da disciplina, destacando os textos que foram encaminhados com o material didático e eventuais livros que estejam à disposição na Biblioteca Virtual da Estácio.
5-    Destacar a necessidade de trazer para sala de aula o Código Civil (preferencialmente o que compõe o material didático).
6-    Apresentar a importância social e jurídica da disciplina Direito Civil VI.
7-    Introduzir o Direito das Sucessões apresentando seu conceito e fundamentos.
8-    Identificar as primeiras regras da sucessão e momento e lugar da abertura da sucessão.
9-    Discorrer sobre as espécies de sucessão e de sucessores.
 
Estrutura de Conteúdo
1.    Apresentação do Conteúdo: plano de ensino, mapa conceitual, metodologia de ensino e bibliografia.
2.    Direito das Sucessões
a.    Conceito de sucessão
                                                              i.     Evolução do conceito
b.    Localização da matéria no Código Civil
c.    Fundamentos e objeto da sucessão
d.    Liberdade de testar
3.      Espécies de sucessão e de sucessores
a.    Sucessão legítima
b.    Sucessão testamentária
c.    Sucessão a título universal
d.    Sucessão a título singular
e.    Sucessão contratual
f.     Sucessão irregular
g.    Espécies de sucessores
4.      Momento e lugar da abertura da sucessão
 
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo deve ser trabalhado já na primeira aula, após a apresentação da disciplina. É possível trabalhá-lo em uma única aula, podendo o professor dosar o conteúdo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma.
 
Após a apresentação do plano de ensino e da metodologia, deverá o professor dar início à abordagem do tema, incluindo nesta abordagem referências aos casos concretos e questão de múltipla escolha. Sugerimos que nesta aula o professor aborde:
  
CONCEITO 
 
Sucessão, do latim, ‘succedere’, significa ‘vir no lugar de alguém’.
 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011,  p. 19) que “’sucessão’, em sentido amplo, significa o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar da outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens. [...]. A ideia de sucessão, que se revela na permanência de uma relação de direito que perdura e subsiste a despeito da mudança dos respectivos titulares, não ocorre somente no direito das obrigações, encontrando-se frequente no direito das coisas, em que a tradição opera, e no direito de família, quando os pais decaem do poder familiar e são substituídos pelo tutor, nomeado pelo juiz, quanto ao exercício dos deveres elencados nos arts. 1.740 e 1.741 do Código Civil”.
 
No Direito das Sucessões (ou Direito Hereditário), no entanto, a expressão ‘sucessão’ é utilizada em sentido estrito e, neste sentido, ensina Francisco José Cahali (2007, p. 20) que “o direito das sucessões, como ramo do direito civil [...], trata exclusivamente da sucessão decorrente do falecimento da pessoa. Emprega-se o vocábulo sucessão em um sentido estrito, para identificar a transmissão do patrimônio apenas em razão da morte, como fato natural, de seu titular, tornando-se o sucessor sujeito de todas as relações jurídicas que àquele pertenciam”. Por isso, pode-se afirmar que a sucessão também é meio de aquisição da propriedade.
 
Assim, o Direito das Sucessões, ramo do Direito Civil, é complexo de normas e princípios que se destinam a regular a passagem de titularidade do patrimônio (ativo e passivo) de alguém (chamado autor ou ‘de cujus’ ou ‘de cuius[1]�) aos seus sucessores (herdeiros e legatários).
  
ORIGEM DO DIREITO SUCESSÓRIO
 
Na História da humanidade o Direito Sucessório ganhou especial importância a partir do momento em que ocorreu a individualização da propriedade[2]�, passando o sujeito a ser titular de seu patrimônio, o que gerou diversos debates sobre os fundamentos do Direito Sucessório.
 
Ensina Eduardo Leite (2004, p. 25) que desde a Antiguidade grega e romana a sucessão privada se justificava por motivos religiosos (continuidade do culto familiar e do culto aos ancestrais). A essa época, para assegurar a continuidade do culto era fundamental que aqueles encarregados de proceder (necessariamente herdeiros homens – primogênito varão – porque sacerdotes da religião doméstica) à cerimônia fizessem a arrecadação dos bens do falecido, impedindo-se, assim, a divisão da fortuna.
 
Para os romanos (em especial a partir da Lei das XII Tábuas), no entanto, além deste aspecto religioso, destacava-se o aspecto político da sucessão, uma vez que o herdeiro exerceria o pátrio poder, assumindo a chefia do grupo familiar (por indicação feita pelo ‘de cujus’ quando ainda vivo ou na seguinte ordem: ‘sui, agnati e gentiles’[3]�). Foi apenas com Justiniano que a sucessão legítima passou a se concentrar apenas no parentesco natural, o que não excluiu várias formas de sucessão testamentária.
 
Já na Idade Média o direito germânico passou a conhecer apenas a sucessão decorrente do parentesco e, no mesmo sentido operou por bom tempo o direito francês (‘droit de saisine’) . O Direito contemporâneo, no entanto, preferiu conciliar a sucessão legítima e a testamentária, reconhecendo em ambas formas de sucessão (ex.: art. 1.845, CC).
 
Maria Helena Diniz (p. 05) destaca que havia autores “como D’Aguano, que procuram justificar o fundamento científico do direito sucessório nas conclusões da biologia e da antropologia atinentes ao problema da hereditariedade biopsicológica, segundo a qual os pais transmitem à prole não só os caracteres orgânicos, mas também, as qualidades psíquicas, resultando daí que a lei, ao garantir a propriedade pessoal, reconhece que a transmissão hereditária dos bens seja uma continuação biológica e psicológica dos progenitores. Semelhantemente Cimbali funda o direito das sucessões na continuidade da vida através de várias gerações”. Argumentos de evidente fragilidade que não encontram vozes ressonantes atualmente já que a vida humana tem continuidade independente de qualquer direito sucessório.
 
Afirma Eduardo Leite (2004, p. 26) que o aspecto psicológico é, talvez, “a justificação mais profunda e secreta. A sucessão abranda a angústia da morte criando o sentimento de imortalidade. Diferentemente das pessoas, os bens não desaparecem, ‘eles tem vocação à eternidade’, como expressivamente disse Carbonnier, ‘uma eternidade na escala humana que não tem uma necessidade de perpetuidade e que se mede, no máximo, em quatro gerações’”.
 
Por isso, os defensores do direito sucessório[4]� como José de Oliveira Ascensão afirmam que ‘a admissão da sucessão é uma consequência necessária da aquisição de uma propriedade privada’[5]� e, dessa forma, sua análise deve ser feita de acordo com a política legislativa de cada Estado.
 
Conclui Francisco José Cahali (2008, p. 22) que “não há como se negar a relevante função social desempenhada pela possibilidade de transmissão ‘causa mortis’, pois valoriza a propriedade e o interesse individual na formação e avanço patrimonial, estimulando a poupança e o desempenho pessoal no progresso econômico, fatos que direta ou indiretamente, propulsionam o desenvolvimento da própria sociedade”.
 
CONTEÚDO E OBJETO DO DIREITO DAS SUCESSÕES
 
O direito sucessório é considerado um direito fundamental (art. 5o., XXX, CF), mas o conteúdo da herança, objeto da sucessão, possui hoje caráter eminentemente patrimonial[6]� ou econômico,sendo em regra excluídas da herança as relações jurídicas não patrimoniais e as personalíssimas (mesmo que tenham conteúdo econômico).
 
O Código Civil (arts. 1.784 a 2.027, CC) divide o Direito das Sucessões em quatro títulos: I. Da sucessão em geral (regras de transmissão, aceitação, renúncia e excluídos da herança, herança jacente e petição de herança); II. Da sucessão legítima; III. Da sucessão testamentária; IV. Do inventário e da partilha.
 
Em relação ao Código Civil de 1916, o atual Código acrescentou 30 artigos e operou alteração em quase todos os Títulos e Capítulos do Direito das Sucessões (dos 243 artigos, 170 sofreram alteração). Criaram-se novas seções como: cessão de direitos; parte da vocação hereditária e petição de herança.
 
Vale lembrar que a lei vigente ao tempo da abertura da sucessão será a norma que regerá a sucessão (art. 1.787, CC). Por isso, a data do falecimento será necessariamente indicativa da legislação a ser aplicada[7]�.
 
DA SUCESSÃO EM GERAL
 
Abertura da sucessão. Art. 1.784, CC – “aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”, na ordem prevista no art. 1.829, CC.
 
Denota-se, dessa forma, que a abertura[8]� da sucessão (independente da causa da morte ou de ter sido ela presumida[9]�) se faz automaticamente (‘ipso facto’ e ‘ipso iure’), abrangendo todo patrimônio do ‘de cujus’ (universalidade de direito), tratando-se esta transmissão de uma ficção jurídica. Afirma Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 32) que “a herança[10]� é, na verdade, um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e as ações de que era titular o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde que transmissíveis Compreende, portanto, o ativo e o passivo (CC, arts. 1.792 e 1.997), imitindo-se o herdeiro” na posse independente de qualquer pedido judicial.
 
Momento da transmissão da herança. A morte, a abertura da sucessão e a transmissão da herança aos herdeiros, ocorrem exatamente no mesmo momento, independente de saberem ou não os herdeiros da abertura da sucessão, uma vez que se opera ‘ipso jure’.
 
Embora a transmissão da herança ocorra independente do conhecimento dos herdeiros, aos mesmos é exigido que, em ato posterior, aceitem a herança, bem como, é-lhes permitido repudiá-la, uma vez que ninguém pode ser herdeiro contra sua própria vontade. Destaque-se, no entanto, que a aceitação da herança só torna definitiva a transmissão já efetivada e a recusa faz cessar os efeitos desta mesma transmissão.
 
Assim, para que haja a transmissão da herança é preciso que: o herdeiro exista ao tempo da sua abertura; que o herdeiro, neste momento, não seja incapaz de herdar (art. 1.787, CC) e, por isso, importante se identificar (por meio da certidão de óbito ou declaração judicial de morte presumida) o momento em que ocorreu a morte.
 
Comoriência (ou morte simultânea). Trata-se de hipótese em que herdeiro e hereditando morrem simultaneamente não se podendo identificar quem morreu primeiro (art. 8o., CC). Nestes casos, o principal efeito será que um não herda do outro (conforme estudado em Direito Civil I), uma vez que não há transmissão de bens e de direitos entre os comorientes.
 
Destaca Francisco José Cahali (2008, p. 41) que “relevantes, pois, as consequências da aplicação dos efeitos da comoriência no direito sucessório. E a sua constatação tem cunho eminentemente fático, ensejando a necessidade de prova judicial e inequívoca, fazendo nascer daí a discussão sobre a possibilidade de averiguação no próprio inventário ou através das vias ordinárias (ação declaratória), por se tratar de questão de alta indagação (CPC, art. 984).
 
Princípio da ‘saisine’. Princípio criado na Idade Média pelo direito costumeiro francês[11]� como forma de oposição ao regime feudal. Hoje, é princípio consubstanciado no art. 1.784, CC[12]� brasileiro, que prevê que o próprio ‘de cujus’ transmite ao sucessor a propriedade e a posse da herança (‘tomada de posse da herança’). Ne definição de Eduardo de Oliveira Leite (2007, p. 36) trata-se a ‘saisine’ de “habilitação legal, reconhecida a certos sucessores, de exercer os direitos e ações do defunto sem necessidade de preencher qualquer formalidade prévia”.
 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 38) que “embora ‘não se confundam a morte com a transmissão da herança, sendo aquela pressuposto e causa desta, a lei, por uma ficção, torna-as coincidentes em termos cronológicos, presumindo que o próprio ‘de cujus’ investiu seus herdeiros no domínio e na posse indireta de seu patrimônio, porque este não pode restar acéfalo”. 
 
Em virtude do o princípio da ‘saisine’ a sucessão e a legitimação para suceder são regulados pela lei vigente ao tempo da abertura daquela (art. 1.787, CC), bem como, o imposto ‘causa mortis’ é devido pela alíquota vigente na data do óbito (Súmula 112, STF). 
 
Indivisibilidade da herança. A herança, conforme o art. 1.791, CC, “defere-se como um todo unitário, ainda que vários os herdeiros e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio”, o que significa que entre a abertura da sucessão e a partilha o direito dos coerdeiros será considerado indivisível[13]�, porque ainda não individualizados os quinhões hereditários (vide arts. 1.206 e 1.207; 1.197 e 1.797, CC; arts. 990 e 991, CPC). Afirma Eduardo de Oliveira Leite (2007, p. 47) que “a indivisibilidade da herança imposta por lei é meio de assegurar o direito de todos os coerdeiros, entre si e contra terceiros.
 
Liberdade de testar (art. 1.789, CC). No Direito brasileiro a liberdade de testar é limitada. A liberdade de testar só será plena quando não houver herdeiros necessários, podendo o testador afastar da sucessão os herdeiros colaterais (art. 1.850, CC). Havendo herdeiros necessários a liberdade de testar será restrita, dividindo-se em partes iguais a herança (sistema da divisão necessária); nestes casos só pode o testador livremente dispor de uma dessas metades, pertencendo a outra (chamada legítima) aos herdeiros necessários (art. 1.846, CC).
 
Espécies de Sucessão
 
I. Quanto à fonte:
 
a) Sucessão legítima (‘ab intestato’ ou legal). É a sucessão que decorre da lei (art. 1.786, CC), ou seja, decorre de vontade presumida do ‘de cujus’ (forma de ‘testamento tácito’).
 
b) Sucessão testamentária. É sucessão que decorre de disposição de última vontade expressa em testamento ou codicilo (art. 1.786, CC) e, por isso, reflete a verdadeira intenção do ‘de cujus’.
Morrendo a pessoa sem ter deixado testamento ou havendo este quanto aos bens por ele não abrangidos, ou ainda quando o testamento caducar ou for nulo, prevalecerá a sucessão legítima (art. 1.788, CC[14]�), de acordo com a ordem de vocação hereditária determinada no art. 1.829, CC.
A sucessão legítima e testamentária podem ocorrer simultaneamente, respeitadas as regras sobre a liberdade de testar previstas nos arts. 1.789 e 1.846, CC.
 
II. Quanto aos efeitos:
 
a)    Sucessão a título universal. Ocorre quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade do acervo hereditário. Pode ocorrer na sucessão legítima e na testamentária. Na sucessão a título universal o sucessor sub-roga-se na posição do ‘de cujus’, entrando desde logo na posse e propriedade da herança. A sucessão legítima é sempre a título universal. 
 
b)    Sucessão a título singular. Ocorre quando se transfere determinada porção de bens; o testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado (chamado legado). Neste caso, o legatário apenas toma o lugar do ‘de cujus’ no bem certo e individualizado, devendo pedir aos herdeiros a entrega da coisa legada.
 
Pactos sucessórios (sucessão contratual) não são permitidos no Direito brasileiro, portanto, não se admite a sucessão contratual porque vedado negócio jurídico sobre herança de pessoa viva (‘pacta corvina’- art. 496, CC). A doutrina admite algumas exceções como: o art. 2.018, CC, que afirma ser “válidaa partilha feita por ascendente, por ato entre vivos, ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários”; pacto antenupcial que prevê a recíproca e futura sucessão; estipulação, em pacto antenupcial, de doações para após a morte do doador[15]�.
 
Sucessões irregulares ou anômalas. São reguladas por normas próprias como as previstas nos arts. 629, III, CC/16 (enfiteuse) combinado com o art. 2.038, CC/02;  art. 520, CC (direito de preferência na compra e venda); art. 5o., XXXI, CF (sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil); Lei n. 9.610/98 (direitos autorais); Decreto-Lei n. 5.384/43 (seguro de vida); Decreto-Lei n. 3.438/41 (proíbe a sucessão de cônjuge estrangeiro em terrenos de marinha).
 
Espécies de sucessores. 
a)    Legítimos: são os sucessores indicados pela lei em ordem preferencial (art. 1.829, CC – estipula a ordem de vocação hereditária).
a.      Herdeiros necessários: são definidos em lei e entre os quais se partilha, no mínimo, metade da herança em quota ideais (arts. 1.789, 1.845 e 1.846, CC), salvo os casos de deserdação.
b.     Herdeiros facultativos: são herdeiros legítimos que não compõem a categoria dos herdeiros necessários, como os colaterais até 4o. grau e, por isso, podem ser privados da herança por disposição de última vontade (art. 1.850, CC).
b)    Testamentário ou instituído: beneficiado pelo testador no ato de última vontade.
c)     Legatário: é o contemplado em ato de última vontade com bem certo e determinado.
d)    Necessário, legitimário ou reservatário: é o descendente, ascendente sucessível ou cônjuge (art. 1.845, CC0.
e)    Universal. É o herdeiro único que recebe a totalidade da herança.
 
Lugar da abertura da sucessão. Preceitua o art. 1.845, CC, que a “sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido” (vide art. 96, CPC). 
a)    Sendo o local de domicílio do falecido desconhecido, faculta-se a abertura do inventário no foro de situação dos bens deixados. 
b)    Sendo o local de domicílio do falecido desconhecido e havendo bens em diferentes locais, o foro será o do local do óbito.
c)    Havendo pluralidade de domicílios o foro será de qualquer um deles.
d)    Bens situados no Brasil podem ser partilhados em território brasileiro, ainda que o autor da herança seja estrangeiro ou estivesse domiciliado em território estrangeiro (art. 89, CPC).
 
É possível a abertura de inventário conjunto quando, por exemplo, o cônjuge supérstite falecer antes da partilha do premorto, desde que sejam os mesmos herdeiros (arts. 1.043 e 1.044, CPC).
 
O juízo do inventário atrai todas as ações que lhe sejam relativas (arts. 91 e 96, CPC) e a nomeação do inventariante deverá observar as regras do art. 990, CPC e art. 1.797, CC (enumeração taxativa e preferencial).
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. Após, deve realizar breve síntese dos principais conceitos e considerações feitas, preparando ao aluno para o próximo tópico: herança e sua administração.
�
[1] O termo vem da expressão ‘is de cujus sucessiones agitur’- aquele de quem se trata a sucessão; ‘de cujus hereditatis agitur’. A utilização no sentido técnico não afasta designações populares como falecido, defunto, morto ou finado.
[2] Por isso, por exemplo, encontra nos socialistas forte oposição, uma vez que veem na propriedade privada e na sua transmissão incentivo a injustiças e promoção da concentração de riquezas nas mãos de poucos. O direito sucessório, por isso, seria pura criação do direito positivo que contraria justiça e interesse social.  Sobre esse posicionamento afirma Silvio Rodrigues (2008, p. 06) que se “não admitida a transmissão hereditária, falta ao indivíduo incentivo para amealhar e conservar a riqueza, sendo provável que consagre os últimos anos de sua vida a esbanjar um patrimônio que não pode deixar aos seus entes queridos. Tal comportamento representa prejuízo para a sociedade. Ademais, raramente a lei deixaria de ser burlada, pois, através de doações, ou liberalidades simuladas em negócios onerosos, o titular tentaria transmitir seu patrimônio a seus herdeiros”.
[3] Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 21-22) ensina que “os ‘heredi sui et necessarii’ eram os filhos sob o poder do ‘pater’ e que se tornavam ‘sui iuris’ com a sua morte: os filhos, os netos, incluindo-se também, nessa qualificação, a esposa. Os ‘agnati’ eram  os parentes mais próximos do falecido. Entende-se por agnado o colateral de origem exclusivamente paterna, como irmão consanguíneo, o tio que fosse filho do avô paterno, o sobrinho, filho desse mesmo tio. A herança não era deferida a todos os agnados, mas ao mais próximo no momento da morte (‘agnatus proximus’). Na ausência de membros das classes mencionadas, seriam chamados à sucessão os ‘gentiles’, ou membros da ‘gens’, que é o grupo familiar em sentido ‘lato’”.
[4] Antes do Século XX havia certa divergência doutrinária sobre a justificação da sucessão privada, discussão que não encontra mais vozes no século XXI.
[5] O que faz Washington de Barros Monteiro afirmar que se a propriedade se extinguisse com a morte, então não seria propriedade, mas mero usufruto.
[6] O patrimônio deve ser aqui entendido como a integralidade de bens, direitos e obrigações e a meação decorrente do regime de bens, pertencentes ao ‘de cujus’ no momento de seu falecimento. Lembre-se que o direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel nos termos do art. 80, II, CC; bem como, o espólio é considerado uma universalidade de direito (art. 91, CC) e, por isso, não tem personalidade jurídica.
[7] Algumas fontes do direito sucessório brasileiro: I. o Direito pré-codificado sofreu grande influência do Direito Francês; Lei n. 1.839/1907; II. Código Civil de 1916; III. Decreto-Lei n. 9.461/1946; IV. Constituição Federal de 1988; V. Código Civil de 2002; VI. Lei n. 8.971/96 e 9.278/96.
[8] Para alguns a abertura da sucessão também é chamada de delação ou devolução sucessória. Mas, para Lacerda de Almeida os termos não se confudem uma vez que nem sempre coincidirão com a abertura da sucessão: “devolve-se a herança aos herdeiros necessários; aos testamentários, defere-se”.
[9] A existência da pessoa natural termina com a sua morte, ainda que presumida (art. 6o., CC).
[10] O professor deve lembrar que não se pode falar em herança de pessoa viva, conforme estudado em Direito Civil I, embora, se possa realizar abertura de sucessão provisória do declarado ausente (a abertura da sucessão, neste caso, decorre de seu desaparecimento).
[11] ‘Saisine’ vem de ‘saisine héréditaire’, estabelecia que os parentes de uma pessoa falecida tinham o direito de tomar posse de seus bens sem qualquer formalidade (‘le mort saisit le vif’).
[12] O princípio já era previsto no art. 1.572, CC/16 que ao invés de se referir à transmissão da herança, referia-se à transmissão do domínio e posse, o que restringia a transmissão de bens incorpóreos, por exemplo.
[13] Explica Francisco José Cahali (2008, p. 35) que “quanto à posse, é destinada aos herdeiros, já com o falecimento, a posse indireta, exercendo o inventariante a posse direta até o estabelecimento da partilha”. 
[14] O art. 1.575, CC/16, teve a redação mantida pelo legislador do Código de 2002 no art. 1.788. O artigo já sofria críticas no Código anterior uma vez que utiliza o vocábulo nulo tanto para designar o testamento absolutamente nulo, como para se referir ao anulável, melhor teria sido utilizar o termo inválido (conforme propõe o Projeto de Lei n. 276/2007). 
[15] Para Francisco José Cahali (2008, p. 38) estas hipóteses não são formas de sucessão contratual, mas sim, caracterizam o poder de disposição de bens pela própria pessoa titular do patrimônio, por meio de doação ou testamento.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto 1
João, pai de Maria e Clara (concebidas naturalmentee nascidas respectivamente em 05 de janeiro de 1980 e 10 de maio de 1985), adotou em 03 de setembro de 1988 José, que já tinha 06 anos de idade. João sofreu grave acidente automobilístico o que o levou a óbito em 1o. de outubro de 1988. Pergunta-se: Maria, Clara e José terão exatamente os mesmos direitos sucessórios? Explique sua resposta.
 
Caso Concreto 2
Mauro é casado no regime de comunhão universal de bens, com quem tem uma filha Andrea e possui R$ 100.000,00 (cem mil reais) de patrimônio. Querendo instituir Lúcia sua herdeira necessária, Mauro poderia dispor da integralidade de seu patrimônio? Justifique sua resposta.
 
Caso Concreto 3
(OAB-PR 2007) Ana e Luiza eram, respectivamente, mãe e filha. No dia 23 de março de 2007 sofreram um acidente de automóvel, morrendo instantaneamente. A perícia não foi capaz de identificar qual delas faleceu primeiro. Luiza era casada com Cláudio pelo regime da comunhão universal de bens e não tinha descendentes. Ana era viúva. Além de Luiza, Ana era mãe de Daniela. Luiza não deixou bens. Seu marido Cláudio também não é proprietário de bens. Ana deixou um patrimônio líquido no valor de 1 milhão de reais. Cláudio procura Daniela e afirma que tem direito a 500 mil reais do patrimônio deixado por Ana. Justifica sua afirmação alegando que, como viúvo da herdeira Luiza, tem direito a 250 mil reais a título de meação, ante o regime da comunhão universal de bens, e a outros 250 mil reais a título de herança, no exercício do direito de representação. Pergunta-se: as alegações de Cláudio estão corretas? Justifique e fundamente a sua resposta.
Avaliação
Caso Concreto 1
João, pai de Maria e Clara (concebidas naturalmente e nascidas respectivamente em 05 de janeiro de 1980 e 10 de maio de 1985), adotou em 03 de setembro de 1988 José, que já tinha 06 anos de idade. João sofreu grave acidente automobilístico o que o levou a óbito em 1o. de outubro de 1988. Pergunta-se: Maria, Clara e José terão exatamente os mesmos direitos sucessórios? Explique sua resposta.
 
Sugestão de gabarito: José foi adotado antes da vigência da Constituição Federal de 1988 que igualou filhos naturais e adotivos (art. 227,  §6o., CF). A esta época a adoção era considerada restrita e como ela foi feita quando João já possuía filhas consanguíneas, José não terá direito à sucessão (porque aberta dias antes da vigência da Constituição Federal), ainda que o inventário seja aberto posteriormente (arts. 1.784 e 2.041, CC; art. 5o. XXXVI, CF).
 
Caso Concreto 2
Mauro é casado no regime de comunhão parcial de bens e possui R$ 100.000,00 (cem mil reais) de patrimônio. Querendo instituir Lúcia sua herdeira necessária, Mauro poderia dispor da integralidade de seu patrimônio? Justifique sua resposta.
 
Sugestão de gabarito: Mauro não tem liberdade de testar plena (art. 1.789, CC), podendo deixar para Lúcia apenas até o equivalente a R$ 25.000,00, pois outros R$ 25.000,00 fazem parte da legítima de Andrea (arts. 1.829, I e 1.845, CC) e R$ 50.000,00 da meação da esposa.
 
Caso Concreto 3
(OAB-PR 2007) Ana e Luiza eram, respectivamente, mãe e filha. No dia 23 de março de 2007 sofreram um acidente de automóvel, morrendo instantaneamente. A perícia não foi capaz de identificar qual delas faleceu primeiro. Luiza era casada com Cláudio pelo regime da comunhão universal de bens e não tinha descendentes. Ana era viúva. Além de Luiza, Ana era mãe de Daniela. Luiza não deixou bens. Seu marido Cláudio também não é proprietário de bens. Ana deixou um patrimônio líquido no valor de 1 milhão de reais. Cláudio procura Daniela e afirma que tem direito a 500 mil reais do patrimônio deixado por Ana. Justifica sua afirmação alegando que, como viúvo da herdeira Luiza, tem direito a 250 mil reais a título de meação, ante o regime da comunhão universal de bens, e a outros 250 mil reais a título de herança, no exercício do direito de representação. Pergunta-se: as alegações de Cláudio estão corretas? Justifique e fundamente a sua resposta.
 
Sugestão de gabarito (oferecido pela OAB): Não tendo sido possível identificar quem primeiro faleceu resta caracterizada a comoriência entre Ana e Luiza (art. 8o., CC). Com a morte de Ana, sua única herdeira é a filha sobrevivente Daniela (art. 1.829, I, CC). Assim, se Luiza nada herdou de Ana, Cláudio não tem meação a reclamar. Da mesma forma, como Luiza não tinha descendentes, não deixou herdeiros aptos a representá-la no quinhão que herdaria de sua mãe se viva fosse quando da morte da genitora. Não há direito de representação em favor de cônjuge – só de certos parentes do ‘de cujus’, conforme, art. 1.851, CC, de modo que Cláudio não é herdeiro.
 
Considerações Adicionais
Referências Bibliográficas:
Nome do livro: Direito Civil Brasileiro
Nome do autor: GONÇALVES, Carlos Roberto
Editora: Saraiva
Ano: 2011
Edição: 5ª edição
Nome do capítulo: Capítulo único e Título I
Número de páginas do capítulo: 30

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