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Pedido de relaxamento roubo desclassif furto primario com doc Felipe Oliveira dos Santos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO DEPARTAMENTO DE INQUÉRITOS POLICIAIS DA COMARCA DA CAPITAL - SP
Autos nº 0079564-58.2012.8.26.0050
DIPO 4.1.1
Preventa a 29ª Vara Criminal
FELIPE OLIVEIRA DOS SANTOS (tel. 2054-3976 / 6789-6308), já qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio da Defensora Pública que esta subscreve, informar e requerer o que segue:
I – DOS FATOS
O indiciado foi preso em flagrante no dia 20 de agosto de 2012 pela prática do prática do crime de ROUBO.
 	Contudo, consoante a seguir demonstrado, ausentes estão os requisitos necessários à manutenção da custódia, sendo, portanto, de rigor a soltura de Felipe. Vejamos:
II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Da não configuração do crime de roubo
 		Inicialmente, cumpre esclarecer que, de acordo com os fatos narrados dos autos, verifica-se claramente que a suposta conduta do indiciado configurou, NO MÁXIMO, o crime de FURTO, já que aquele não teria se utilizado de efetiva violência física ou grave ameaça para tentar subtrair os pertences da suposta vítima.
Neste sentido, informou a própria vítima em sede policial, in verbis:
“Que estava saindo da escola (...), quando viu um indivíduo em uma bicicleta que tentou abordar outro aluno mas este correu, oportunidade em que tal indivíduo então abordou o declarante dizendo ‘eu sou o crime’ e tentou subtrair seu boné. Que então tal indivíduo estava tentando jogá-lo ao solo dizendo que queria seu tênis, oportunidade em que surgiram os policiais militares que abordaram-nos e separaram-nos (...).”
A testemunha Kayque, por sua vez, afirmou:
“Que no horário de saída avistou quando um indivíduo em uma bicicleta abordou seu amigo Cleyson Vitor tentando roubar o boné dele. Que então Cleyson Vitor segurou seu boné para evitar o roubo. O declarante então correu para tentar ajudar seu amigo pois percebeu que assim que o indivíduo roubador percebeu que o tênis de Vitor era mais caro, também tentou subtraí-lo, tentando jogá-lo no chão. Que nesse momento os policiais chegaram (...).”
 		Ora, da rápida leitura dos fatos acima narrados, percebe-se que, de fato, a suposta ameaça supostamente utilizada pelo indiciado foi praticamente mínima, tanto que a vítima, não se sentindo amedrontada, não teria deixado que seu boné fosse subtraído. 
 		Ainda, a “força física” empregada, se é que existiu, consistiu em nada mais do que um movimento muscular voluntário, ou seja, o processo pelo qual o indiciado tentou cometer o ato, não caracterizando, portanto, violência ou grave ameaça. 
 		 Assim, não havendo emprego de efetiva violência ou grave ameaça, não há que se falar em configuração do crime de roubo, mas, no máximo, em crime de furto. 
 	 	E, em se tratando de crime de furto e, ainda, sendo o indiciado absolutamente primário, evidente que, com o advento da Lei 12.403/11, a sua prisão se revela ilegal.
 		Com efeito, considerando a idéia, agora expressamente positivada, de que a prisão preventiva, por ser medida extrema de restrição da liberdade daquele que é presumidamente inocente, deve ser aplicada de forma subsidiária, como sendo a última alternativa para aquele caso concreto, o noviço diploma legal alterou o Código Processo Penal, estabelecendo, em seu artigo 313, a expressa previsão de que a decretação da prisão preventiva apenas será cabível nos seguintes casos:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
IV - (revogado). 
Parágrafo único.  Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.” (NR) 
 		Assim, in casu, o indiciado, em tese, praticou um crime cuja pena máxima em abstrato não supera 4 anos, é ABSOLUTAMENTE PRIMÁRIO e, ainda, já foi devidamente identificado em sede administrativa, não sendo, portanto, nos termos da Lei 12.403/11, possível a decretação da prisão preventiva.
 		 Ante todo o exposto, sendo absolutamente dedada a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva em casos como este, nos termos da Lei 12.403/11, de rigor o relaxamento da prisão do indiciado.
 		Cumpre destacar que ainda que Vossa Excelência entenda que restou configurado o crime de roubo, e não de furto, consoante a seguir demonstrado, ausentes estão os requisitos necessários à conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, sendo, portanto, imperiosa a concessão da liberdade provisória ao indiciado Vejamos:
Da ausência dos requisitos necessários à conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva
 		Sabe-se que a prisão preventiva, por trazer como conseqüência a privação da liberdade antes do trânsito em julgado, especialmente após a edição da lei 12.403/11, apenas se justifica enquanto e na medida em que for efetivamente apta à proteção da persecução penal, em todo seu iter procedimental, e, mais, apenas quando se mostrar a única maneira de se satisfazer tal necessidade.
 		Nesta toada, dispõe o artigo 312 do CPP, “a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.”
 		Frisa-se que, de acordo com pacífica doutrina e jurisprudência, por conveniência da instrução criminal há de se entender a prisão decretada em razão de perturbação ao regular andamento do processo, por exemplo, quando o acusado, ou qualquer outra pessoa em seu nome, estiver intimidando testemunhas, peritos ou o próprio ofendido, ou, ainda, estiver provocando qualquer incidente de qual resulte prejuízo manifesto para a instrução criminal.
 		No que diz respeito à decretação da prisão preventiva para garantir a aplicação da lei penal, deve haver um risco real de fuga do acusado, e, assim, risco de não-aplicação da lei penal em caso de futura decisão condenatória. Frisa-se que a decisão do magistrado deve sempre se basear em dados concretos de realidade, não podendo revelar-se fruto de mera especulação teórica dos agentes públicos, como ocorre com a simples alegação de ausência de comprovante nos autos de residência fica ou ocupação lícita pelo indiciado ou acusado.
 	 	No tocante à ordem pública, tema dos mais controvertidos nos tribunais e na doutrina, de acordo com o autor Eugenio Pacelli de Oliveira, a jurisprudência pátria tem dado sinais de ter optado pelo entendimento da noção de ordem pública como “risco ponderável da repetição da ação delituosa objeto do processo, acompanhado do exame acerca da gravidade do fato e de sua repercussão.” (Curso de Direito Processual Penal, 10ª Ed., p. 435).
 	 	Neste sentido, recente jurisprudência, a fim de se atender ao princípio da presunção de inocência e, assim, afastar uma eventual antecipação de culpabilidade, tem entendido que apenas a “barbárie na execução do crime, a repercussão social do fato criminoso – que se revela atual e intensa -, bem como a existência da decisão de pronúncia – a reforçar indícios de autoria - , são elementos que, se conjugados, autorizam a prisão para garantia da ordem pública, como cautela do meio social.” (ob cit., p. 437, HC 41.857 – RS, STJ)
 	 	Ressalta, ainda, aquele doutrinador:
 		“Todavia, repetimos: toda a cautela é pouca. A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrerem hipóteses de crimes gravíssimos, quer quanto à pena, quer quanto aos meios de execução utilizados, e quando haja o risco de novas investidas criminosas e ainda seja possível constatar uma situação de comprovada intranqüilidade no seio da comunidade. (ob. Cit. p. 437).
 	 	Por fim, a decretação da prisão preventiva como garantia da ordem econômica, hipótese trazida pela Lei 8.884/94, que possui como origem histórica o combate aos chamados “crimes do colarinho branco”, visa a impedir que o indiciado ou o réu continue sua atividade prejudicial à ordem econômica e financeira.
 		Salienta-se, ainda, que a mera referência vernacular a qualquer dos requisitos acima referidos ou, ainda, a simples alusão à gravidade do delito, não possuem o condão de corresponder à teleologia do artigo 312 do CPP, cabendo ao magistrado, caso entenda ser impossível a concessão da liberdade ao indiciado, com base no quadro fático presente nos autos, fundamentar de forma pormenorizada o respectivo decreto da prisão cautelar.
Neste sentido, vale citar:
HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. PRISÃO EM FLAGRANTE. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SEGREGAÇÃO CAUTELAR QUE PERDURA HÁ MAIS DE 3 (TRÊS) ANOS. DESPROPORCIONALIDADE.
1. Medida de exceção que é, a prisão cautelar só pode ser imposta (ou mantida) caso venha acompanhada, sempre e sempre, de exaustiva fundamentação, que evidencie a necessidade de restrição ao sagrado direito à liberdade.
2. Na hipótese, a manutenção da segregação provisória foi lastreada tão somente no fato de o paciente ter permanecido preso durante a instrução. De se ver que foram reconhecidas a primariedade, os bons antecedentes e a ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis.
3. Além disso, mostra-se desproporcional a manutenção da custódia há mais de 3 (três) anos, sendo que o apelo defensivo se encontra pendente de julgamento desde março de 2008.
4. Ordem concedida, para assegurar possa o paciente aguardar em liberdade o julgamento da apelação.
(HC 124644 / SP. Relator(a) Ministro OG FERNANDES (1139). Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA. Data do Julgamento 30/06/2010. Data da Publicação 02/08/2010.)
Isto posto, cumpre ressaltar que, in casu, são se pode alegar ser a manutenção da custódia necessária à garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal. E a não ser que tais critérios estejam demonstrados pormenorizadamente quando da decretação da prisão preventiva, não se sustentaria a assunção de sua existência pela simples alusão ao fato típico que está sendo imputado ao indiciado. 
No que tange à garantia da ordem pública ou à ordem econômica, ressalta-se que, além de o indiciado ser primário, o suposto delito não foi praticado com uso de arma de fogo, não houve violência física contra a vítima e nenhum objeto foi efetivamente subtraído, sendo, ainda, impossível de serem feitas assertivas lombrosianas sobre a periculosidade do agente e sobre sua medida de responsabilidade no fomento de outras ocorrências. 
Outrossim, não há fundamento para que deva ser mantida a prisão do indiciado como exigência da viabilização da instrução criminal, uma vez que não há nos autos provas de que, após a prática do delito, as possíveis vítimas e testemunhas tenham sido ameaçadas de alguma maneira.
No tocante à necessidade de se assegurar a aplicação da lei penal, cabe frisar que o indiciado possui residência fixa, conforme afirmou em sede administrativa, não havendo motivos, portanto, para se afirmar que aquele se furtará à eventual aplicação da lei penal.
Ademais, na presente data, parentes do indiciado compareceram à Defensoria Pública na posse de documentos que comprovam que Felipe, de fato, possui residência fixa situada na Rua Mohamad Ibrahin Saleh, nº 148, bloco 02, São Paulo – SP.
No mais, como acima mencionado, nenhuma arma lesiva foi utilizada pelo indiciado. A possibilidade de dano físico, portanto, comprovou-se inexistente. Entendem o E. Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal de Justiça de São Paulo, respectivamente, que, diante de tais circunstâncias e da primariedade do requerente, a menor ofensividade do delito imputado se demonstra – o que seria critério favorecedor: 
HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO. CRIME DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE PESSOAS (ART. 157, § 2o., II DO CPB). PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA CUSTÓDIA CAUTELAR. CRIME COMETIDO SEM USO DE ARMA OU EXCESSIVA VIOLÊNCIA. PACIENTE PRIMÁRIO. PRISÃO QUE PERDURA HÁ MAIS DE 1 ANO. SENTENÇA AINDA NÃO PROFERIDA. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM. ORDEM CONCEDIDA, PARA DEFERIR A LIBERDADE PROVISÓRIA EM FAVOR DO PACIENTE, SE POR OUTRO MOTIVO NÃO ESTIVER PRESO, MEDIANTE CONDIÇÕES A SEREM ESTABELECIDAS PELO JUÍZO PROCESSANTE.
1. No caso concreto, o paciente foi preso em flagrante e teve indeferido o pedido de liberdade provisória ao fundamento de que a gravidade do crime fazia presumir sua periculosidade.
2. É uníssono o entendimento desta Corte e do colendo STF de que apenas a gravidade do crime, desacompanhada de qualquer outra justificativa baseada em dados concretos, é insuficiente para a manutenção da prisão cautelar.
3. Na hipótese, não foi apontada qualquer circunstância, seja relativa ao modo de execução da conduta criminosa, seja quanto à
pessoa do acusado, que demonstrasse a efetiva necessidade da custódia cautelar para garantia da ordem pública. O delito não foi praticado com uso de arma de fogo, não houve excessiva violência e os bens foram recuperados; ademais, o paciente é primário, possui residência no distrito da culpa e assistência familiar, nada
indicando, ainda, que seja voltado à prática delituosa.
4. Por fim, a prisão perdura há mais de um ano, não tendo sido prolatada, ainda, a sentença condenatória.
5. Parecer do MPF pela denegação da ordem.
6. Ordem concedida, para deferir a liberdade provisória em favor do paciente, se por outro motivo não estiver preso, mediante condições a serem estabelecidas pelo juízo processante, sem prejuízo de que venha a ser decretada nova custódia cautelar, com a estrita observância do disposto no art. 312 do CPP.
(HC 102.590/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 04/12/2008, DJe 02/02/2009. Grifos inseridos)
A d. Defensora Pública Amanda Ruiz Babadopulos impetra este habeas corpus, com pedido de liminar, em favor de ANDERSON NASCIMENTO MELO, pleiteando possa aguardar em liberdade até julgamento do mérito do presente pedido. Visa, na questão de fundo, à concessão de liberdade provisória, sustentando estarem presentes os requisitos necessários ao benefício. Argumenta com a ausência de fundamentação sobre as razões do indeferimento. O paciente, ao que se dessume do processo, é primário. Vê-se processado por infração ao artigo 157 caput c.c. artigo 14, II, ambos do Código Penal. O crime, ao que tudo indica, foi cometido sem emprego de qualquer tipo de arma, somente utilizada a força física, crime de menor expressão, comparativamente a tantos outros vistos no pretório. A prisão preventiva é medida excepcional que se deve guardar especialmente a casos de criminalidade violenta. No caso, ainda que condenado, poderá vir a ser beneficiado com sursis ou regime prisional mais brando. A circunstância de ter o paciente residência fixa (fls. 30 a 31) o favorece. Depois, em um exame sumário, não se evidencia os requisitos da prisão preventiva. Isso posto, concede-se a liminar para permitir possa o paciente aguardar em liberdade até o julgamento do presente por esta C. Câmara. Expeça-se, pois, alvará de soltura clausulado. Comunique-se, com urgência, por fac-símile. Processe-se, requisitando-se informações, com urgência. (TJSP – HC Nº 990.10.477611-2. Des. Rel. Eduardo Pereira. Liminar publicada em 25/10/2010)
 		Ainda, imperioso mencionar recente decisão do E. Tribunal de Justiça de São Paulo em que foi concedida liminarmente a liberdade provisória ao indiciado que supostamentepraticou crime de roubo, in verbis:
“Vistos. Cuida-se de pedido de habeas corpus em favor de Diego Oliveira dos Santos, alegando a impetrante, em síntese sofrer o paciente constrangimento ilegal diante de ato do Juízo que lhe indeferiu o pedido de liberdade provisória. Sustenta que o indeferimento do benefício está baseado na suposta gravidade do delito. Defende ser o paciente primário, possuir residência e emprego fixos. Pede a concessão da ordem para que o paciente possa responder ao processo em liberdade. Diante dos argumentos apresentados pelo impetrante e das circunstâncias comprovadas pelas cópias anexadas, entendo presentes os requisitos autorizadores da medida liminar pleiteada. Ao que se verifica da impetração e do auto de prisão em flagrante aqui a fls. 07/17, trata-se de roubo de um aparelho celular (art. 157, caput, do Código Penal). A r. decisão que denegou a liberdade provisória, aqui às fls. 21/23 e 27 não traz fundamentação quanto às hipóteses dispostas no artigo 312 do Código de Processo Penal, autorizadoras da manutenção da prisão. Limita-se a fazer menção à gravidade do delito, como também à garantia da ordem pública e da instrução criminal. Entretanto, respeitada a convicção do d. Magistrada, insuficiente a fundamentação tida como alicerce da excepcional restrição da liberdade da paciente. Em análise sumária do pedido e dos documentos carreados, verifica-se inexistir óbice à concessão da liberdade provisória pleiteada, posto que ausentes elementos seguros suficientes à prisão cautelar, nos termos do art. 312, do Código de Processo Penal, a embasar o decreto prisional. A capitulação, por si só, não é alicerce para a prisão processual. Se assim fosse, seria expressamente previsto pelo legislador a vedação da concessão da liberdade provisória ao crime de roubo, o que não fez. A gravidade em abstrato do delito também não serve para calcar a custódia cautelar, conforme reiteradamente vem decidindo o Supremo Tribunal Federal. Ademais, o paciente possui residência fixa e ocupação lícita, conforme fls. 25/26, no distrito da culpa e não se verificam argumentos concretos que apontem o risco de o paciente, se em liberdade, vir a afrontar a ordem pública. Assim, ad referendum da Colenda Turma julgadora, concedo a liminar para que o paciente aguarde em liberdade o julgamento do habeas corpus. Expeça-se alvará de soltura. Comunique-se, com urgência, via fac-símile. Oficie-se, inclusive requisitando-se as informações, encaminhando-se, após, à douta Procuradoria de Justiça e tornem. Int. São Paulo, 20 de junho de 2011. NEWTON NEVES RELATOR” (TJ/SP, HC nº 0130759-72.2011.8.26.0000, publicado em 29-06-2011 no DJ Eletrônico nº 983).
 		Ante o exposto, ausentes os requisitos necessários à manutenção da custodia, de rigor a concessão da liberdade provisória ao indiciado.
 		Caso novamente não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer-se, subsidiariamente, seja aplicada alguma das novas medidas cautelares previstas no CPP. Vejamos:
Da aplicação das novas medidas cautelares	
 		Dando continuidade a uma série de reformas já implementadas na legislação processual penal, o Congresso Nacional aprovou recentemente a Lei nº 12.043/11, de 04 de maio de 2011, que, além de trazer diversas alterações no que diz respeito aos aspectos da prisão processual, da liberdade provisória, da fiança, inovou ao prever um rol de medidas cautelares pessoais a serem aplicadas ao acusado ou investigado, de forma a evitar, sempre que possível, a segregação social ao longo do curso do processo.
 	 	Referidas medidas são, na verdade, nas palavras de Gustavo Henrique Badaró, “medidas cautelares alternativas à prisão (arts. 319 e 329 do CPP) informadas pelo caráter subsidiário da prisão preventiva (art. 282, § 6º CPP).” (texto “Reforma das Medidas Cautelares Pessoais o CPP e os Problemas de Direito Intertemporal Decorrentes da Lei nº 12.403, de 04 de maio de 2011” – Boletim IBCRIM – ano 19 – nº 223, junho – 2011).
 	 	Dessa forma, se o magistrado verificar que determinada medida cautelar alternativa à prisão for igualmente eficaz para atingir a finalidade para a qual for decretada, deverá aquele aplicar tal medida, sempre menos gravosa se comparada à prisão processual, não lhe sendo possível, portanto, decretar a prisão preventiva.
 	 	Em outras palavras, deverão os magistrados se inspirarem na idéia, agora expressamente positivada, de que a prisão preventiva, por ser medida extrema de restrição da liberdade daquele que é presumidamente inocente, deve ser aplicada de forma subsidiária, como sendo a última alternativa para aquele caso concreto.
 	 	Neste sentido, novamente de acordo com Gustavo Badaró “(...) com o início de vigência da Lei 12.403/11, (...), caberá ao juiz, motivadamente, justificar porque, naquele caso concreto e segundo a situação do momento, não será adequada aos fins cautelares uma medida cautelar alternativa à prisão cautelar. Sem isso, a prisão preventiva passará a ser ilegal, devendo ser relaxada.” (ob. cit.)
 	 	Pierpaolo Cruz Bottini, traçando críticas positivas ao noviço diploma legal, “porque permite a superação da medíocre dicotomia do processo penal, pela qual o juiz não dispunha de alternativa diferente da prisão para assegurar a ordem processual e a aplicação da lei penal”, reafirma o caráter excepcional da prisão processual, na medida em que aquela apenas poderá ser aplicada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, “exigindo do juiz uma fundamentação a mais quando da decretação da preventiva: a razão da dispensa de outras cautelares.” (texto “Mais Reflexões sobre a Lei 12.403/11”, Boletim IBCRIM – ano 19 – nº 223, junho – 2011).
 	 	Paulo Sergio de Oliveira, por seu turno, igualmente tecendo elogios à elaboração da Lei 12.403/11, parafraseando Amilton Bueno de Carvalho, afirma “que o juiz deve sempre partir do pressuposto de que, a princípio, nenhuma restrição à liberdade do indiciado/acusado deverá ser aplicada. Excepcionalmente, por motivo absolutamente relevante é que o juiz deverá impor alguma medida, porém, alternativa à prisão. Se esta medida, após análise criteriosa de razoabilidade/proporcionalidade/eficácia/necessidade, não se mostrar suficiente para o caso em concreto, poderá o magistrado cumular mais de uma medida cautelar do artigo 319 do CPP alterado. Superada esta análise, e verificada insuficiente esta medida, bem como se não houve outra possibilidade para o caso concreto, ou seja, sendo absolutamente necessária a segregação, somente ai estaria o juiz autorizado a decretar a prisão preventiva do agente, o que deve ser feito mediante concisa inequivocada fundamentação.” (texto – “A aplicação da Lei 12.404/11 Durante a Vacatio Legis” - Boletim IBCRIM – ano 19 – nº 223, junho – 2011).
 	 	O noviço diploma legal, ao estabelecer a imposição das medidas cautelares a serem aplicadas de forma preferencial em relação à prisão temporária e preventiva, demonstra o intuito do legislador de se evitar que a prisão processual ganhe ares de “definitividade”, tornando-se uma verdadeira antecipação da eventual pena a ser aplicada, de forma a violar entendimento já consagrado pela Corte Maior.
Nesse sentido, a defesa entende que a medida restritiva da liberdade a ser aplicada, de forma subsidiária, no presente caso, é a prevista no art. 319, I, CPP, qual seja, o comparecimento periódico em Juízo, pois, dessa forma, se asseguraria, de forma efetiva, a instrução criminal, tendo em vista que o indiciado poderia ser citado e cientificado dos atos processuais em Cartório.
 		 Destarte, entendendo Vossa Excelência estarem presentes os “fumus comissi delicti” e o “periculum in libertatis”, ou seja, constatados os indícios de autoria e a razoável suspeita da ocorrência do crime, além do efetivo risco da liberdade ampla e irrestrita do agente, de forma a prejudicar o resultado prático do processo, considerando, ainda, as atuais disposições do CPP trazidas pela Lei 12.403/11, requer seja aplicada, de forma subsidiária, qualquer das medidascautelares previstas no referido diploma legal, preferencialmente aquela consistente no comparecimento periódico em Juízo, evitando, assim, a decretação da prisão preventiva, medida esta, como acima demonstrado, que deverá, agora, ser tida como a última opção a ser considerada pelo magistrado, reservando-se a situações extremamente graves.
 		III – DO PEDIDO
Ante todo o exposto, restando configurado o crime de furto e, ainda, sendo o indiciado absolutamente primário, pugna-se pelo relaxamento da sua prisão, ante o advento da Lei 12.403/11.
Caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, não se encontrando presentes os requisitos necessários à manutenção da custódia, requer-se a concessão da liberdade provisória, expedindo-se em favor do indiciado o competente alvará de soltura.
 Subsidiariamente, requer seja aplicada qualquer das medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal, de forma preferencial, aquela consistente no comparecimento periódico em Juízo, de forma a privilegiar a ulima ratio da Lei 12.403/2011: a prisão processual como medida extrema, nos moldes como vem sendo defendido pela doutrina penal e criminológica moderna.
Termos em que pede deferimento.
São Paulo, 21 de agosto de 2012.
Luciana de Oliveira Marçaioli
Defensora Pública
Página 13 de 13
Regional Criminal, Unidade Dipo, Fórum Criminal da Barra Funda, Av. Dr. Abrahão Ribeiro, nº 312, 2º andar, sala 439, São Paulo – SP.

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