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O Existencialismo - Terapia Existencial e Humanista

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O EXISTENCIALISMO
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O pensamento filosófico traz em si uma gama de possibilidades de reflexão que funcionam como suporte à compreensão do homem. 
Tendo como principio a historicidade do homem, procura apreender a influência do pensar filosófico, para crescer na compreensão do mundo.
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O existencialismo como doutrina é específico de um grupo numeroso de pensadores que utiliza os mais aperfeiçoados instrumentos técnicos que o trabalho filosófico ofereceu no decorrer dos séculos. A importância e o significado de seu trabalho estão no fato de que eles não estão fazendo mais que exprimir uma atitude que, por se enraizar no interior do homem, é-lhe imposta pelos deveres concretos que o esperam no mundo, agora e no futuro.
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Hoje, mais do que nunca, o homem vive a unidade solidária de seu destino individual com o destino da comunidade a que pertence. O existencialismo o prepara para isso, mostrando-lhe a ligação essencial da existência com a coexistência e a impossibilidade do isolamento, que empobrece e anula a própria vida do eu.
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O existencialismo inclui e faz valer na concretude da existência individual todas as exigências da vida propriamente humana. 
Nada do que é humano me é estranho. 
A ciência e a religião, a arte e a política encontram igualmente seu fundamento na existência efetiva á qual o existencialismo convoca. 
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A realização do individuo e a solidariedade e o entendimento entre os homens, a vontade de domínio e de poder no mundo e a aspiração ao transcendente são igualmente realizados e justificados pela atitude existencialista, não em sua exclusão, nem em sua equivalência indiferente, mas como aspectos vitais e vitalmente unidos de um movimento único e simples.
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Outro aspecto importante do existencialismo é sua capacidade de tornar atuais, os filósofos do passado. O existencialismo permite abordar o problema daquilo que nós mesmos somos agora; ele permite reconhecer a verdadeira personalidade de um filósofo do passado exatamente no ato pelo qual afirmamos nossa personalidade na urgência e na força das suas reivindicações. Desse modo, o existencialismo se rearticula com a genuína tradição filosófica sem sacrificar a ela nada do presente, justamente no ato de afirmar energicamente a originalidade e o valor do presente.
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Kierkegaard e o nascimento do Existencialismo
Sören Aaybye Kierkegaard nasceu em 05 de maio de 1813, em Copenhague, Dinamarca. 
Desde muito cedo, Kierkegaard foi vítima de chacotas e toda de sorte de agressividade. 
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Tudo isso por causa de sua ferrenha crítica de toda a cultura européia e da filosofia hegeliana, por sua exaltação da razão, bem como da filosofia romântica, naquilo em que elas demonstraram ser excessivamente parciais: a ênfase quase que exclusiva no universal e no coletivo em detrimento do individual.
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Kierkegaard costumava dizer que seu tempo se caracterizava por uma ingênua aceitação das premissas burguesas e de ideias vindas de cima para baixo, sem questionamento. Tempo em que não se via quase nenhuma paixão e engajamento em valores espiritualmente significativos, criticando, por isso, a atitude preguiçosa e acomodada da Igreja.
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Ser cristão, para ele, significara seguir, de verdade, na prática, toda a práxis deixada por Jesus:"O Cristianismo é de uma seriedade tremenda (...). Ser Cristão é sê-lo no espírito, é a inquietude mais elevada do espírito (...)". Entretanto, depois de dois mil anos, "tudo se tornou superficialidade na cristandade atual". O que há é uma disputa calculada para se manter o poder de consciências, e Kierkegaard se choca diante da realidade última de que, dentre todas as chamadas heresias, ninguém se dê conta da mais perigosa e sutil de todas: a de "fingir ou brincar de cristianismo", como o fazem as igrejas católica e protestante.
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Kierkegaard doutorou-se aos vinte e oito anos com a tese O conceito de ironia em Sócrates. Para Kierkegaard, Sócrates era um pensador existencial, uma pessoa que focalizava toda a sua existência para dentro de sua reflexão filosófica.
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Sua crítica aos românticos estava exatamente neste ponto: eles não refletiam suficientemente sobre o ser enquanto unidade ou totalidade individual, ente existente e original, indivíduo responsável por sua própria vida. De igual forma, Kierkegaard voltou-se contra a filosofia de Hegel enquanto "sistema" que era usado como uma espécie de paradigma infalível que tenderia a explicar tudo.
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Para Kierkegaard, as "verdades objetivas" e a "filosofia especulativa", quando voltadas ao externo - como na filosofia hegeliana - eram muito pouco significativas para a qualidade existencial do homem enquanto indivíduo. Mais importante que a busca de uma, ou algumas, verdade(s) geral(is), era a busca por "verdades" que fossem significativas para a vida de cada indivíduo, para cada um.
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Normalmente as pessoas que aderem rigidamente a uma teoria, e se orgulham de serem "objetivos", se esquecem que também são pessoas e que sua a adesão a um sistema teórico é mais uma questão de escolha e preferência do que de objetividade. A objetividade acaba sendo uma questão fantasiosa. 
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Esquece-se de que é uma pessoa bem mais complexa do que pode ser entendida em meia dúzia de parágrafos racionalmente bem elaborados. 
Além do mais, quando atrelado de modo rígido à teoria, a pessoa fica na expectativa de observar comportamentos "esperados", e acaba por induzir outrem, de uma forma ou de outra, a agir conforme o esperado. O "outro" deixa de ser o outro per si, para ser um fantoche que age sutilmente de acordo com um enredo preestabelecido pela teoria. 
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Kierkegaard não está interessado em construir uma teoria ou uma descrição genérica do ser humano. O que lhe interessa é o existir, o fato de haver uma pessoa aqui e agora, com tudo o que possa experimentar à sua volta. Ninguém vivencia a vida plenamente se ficar trancado dentro de uma biblioteca, teorizando ou discutindo sobre o que dizem que é a vida.
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Apenas quando vivenciamos, quando agirmos, quando fazemos escolhas e ousamos experimentar é que nos relacionamos com a própria existência, portanto indo além de um mero projeto mental do que seja a existência. Quando alguém está sofrendo uma dor na alma ele não quer saber se isso é o resultado de um complexo de Édipo mal resolvido, ou se suas pulsões entram em conflito com um superego que pressiona o ego a controlar os anseios de um id, 
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do mesmo modo como uma pessoa que é ferida por uma seta envenenada não tem qualquer interesse de saber de que tipo é o veneno que o ameaça. Ele quer o alívio e a cura que o possibilitem existir, quer alguém que lhe extraia a seta envenenada e o ajude a viver. E é isso que é essencialmente importante: viver, viver tanto quanto possa ser possível no curto período de tempo que passamos na terra. 
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Não dá pra perder tempo especulando ou construindo um modelo teórico apenas com o objetivo de ser mais aceitável e melhor que qualquer outro sobre o mecanismo energético do psiquismo humano alimentado por uma energia de natureza sexual chamada libido, etc, funcionando como se fosse um aparelho hidráulico. Isso simplesmente é um modelo, ou um mapa, não o território, e ainda assim voltado apenas para um aspecto do complexo psíquico humano, portanto não pode ser uma descrição acurada da realidade. 
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Kierkegaard também postulou que a verdade é subjetiva, pois o que é realmente importante é pessoal. 
Esse é um grande exemplo de que existem questões que não podem ser encaradas do frio e mecanicista ponto de vista teórico ou acadêmico, eivado de preconceitos. "Para alguém que se entender como algo que existe, trata-se aqui de uma questão de vida ou morte. E isso não se discute simplesmente porque se gosta de discutir." (Gaarder, 1995). 
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Não são verdades genéricas e racionais o que mais nos interessa, mas o que é existencialmente significativo. Saber se alguém que
estimamos também gosta da gente é algo significativo e envolvente. Saber que a soma dos ângulos de um triângulo é de cento e oitenta graus é apenas uma informação que pode ser algo prático, mas não essencial principalmente frente a um belo pôr do sol.
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Para Kierkegaard a sociedade urbana e burguesa reduziu o homem a um ponto perdido na multidão, um João igual a outros Joões, um ser amorfo, "conformista" e conformado em ser igual a todos os demais. Todos parecem estar fazendo e defendendo coisas parecidas, mas sem se entregarem realmente a nada. Ele apontou o fato de que a maioria sempre é facilmente influenciada.
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O que Kierkegaard ataca firmemente é a pretensão que certos teóricos têm de explicar tudo e demonstrar a necessidade causal dentro e de acordo com uma teoria. Mas o sistema não consegue engaiolar a existência, que é muito mais rica que a visão de mundo do teórico, e o que ela evidencia é tão só uma parte de algo muito mais complexo, algo que está além do universo bidimensional que se escreve num pedaço de papel.
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Para Kierkegaard é cômico que alguém possa acreditar num sistema teórico como sendo a verdade absoluta, do mesmo modo como é cômico um geógrafo que acredita apenas no que dizem os mapas e não ousa ir até às montanhas mais altas.
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Para Kierkegaard, a verdade é subjetividade: ninguém pode se por no meu lugar. Sou eu quem devo fazer a escolha de ser o que posso ser ou de ser uma cópia do que se espera que eu seja, de acordo com os referencias que nos são dados por outrem ou pela cultura. A existência é o reino do vir a ser, é o reino da liberdade: o homem é o que ele escolhe ser quando consegue atingir um certo grau de lucidez, ele é o que se torna. 
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Isso implica que o modo de ser da existência não é a realidade ou a necessidade, mas sim a possibilidade e isso traz a angústia, que é o sinal de que se atingiu uma "situação existencial". A pessoa pode ou não decidir se dará um salto para um estágio mais elevado de existência. Toda transformação é um renascimento e todo renascimento é também uma morte. Sai-se de um estágio para outro. 
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A pessoa decide se quer ou não ir adiante, e o medo do novo traz a angústia. "A angústia é a possibilidade de liberdade: somente a angústia, através da fé, tem a capacidade de formar, enquanto destrói todas as finitudes". Ninguém poderá dar esse salto por você.
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A angústia é o puro sentimento do possível, é o sentido daquilo que pode acontecer. "Se alguém souber tirar proveito da experiência da angústia, se tiver CORAGEM de ir mais além, então dará à realidade outra explicação: exaltará a realidade e, até quando ela pesar duramente sobre ele, recordar-se-á de que ela é muito mais leve do que era a possibilidade".
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Kierkegaard, dedicou sua vida para entender o desespero no qual o ser humano, pela sua condição de estar no mundo, vive seu cotidiano.
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A visão de Kierkegaard sobre o Ser ou não Ser
Kierkegaard escreveu 1849, sua obra "Desespero Humano - Doença até a Morte", uma espécie de estudo básico, no qual o filósofo procura refletir sobre o significado do desespero, ou melhor, dos desesperos e como podemos lidar com eles de uma maneira otimizada para a nossa existência.
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O "DESESPERAR" é muito mais do que um fenômeno social, é também uma questão emocional, que nos leva ao fracasso ou ao triunfo.
"Todo desespero é fundamentalmente um desespero de sermos nós mesmos”.
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Entre os inúmeros tipos de desesperos, dois são bastante comuns: 
 1- O desespero pelo desejo de não ser um eu próprio - denominado de desespero-fraqueza.
 2- O desespero pelo desejo de ser um eu próprio - denominado de desespero-desafio; 
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Para Kierkegaard o homem em desespero tem o costume de se considerar uma vítima das circunstâncias, porque o desespero revela a miséria e a grandeza do homem, pois é a oportunidade que ele possui de chegar a ser ele mesmo, chegar a ser um eu próprio. O desespero é algo universal. Todos os homens vivenciam o desespero, mesmo não tendo consciência plena dessa situação.
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O próprio Kierkegaard coloca para si o desejo de abraçar DESESPERO-DESAFIO, que é a aceitação da destruição de si, isto é, a morte do "EU ESCRAVO", para um pular ou arriscar ser, um eu de sua própria invenção. O grande desafio do indivíduo é superar a finitude e a necessidade de ser um eu próprio, construído através das suas forças. E isto, só é alcançado, mediante o "SALTO DA FÉ", que é experimentado mediante a liberdade, a sua própria decisão, sem qualquer influência do outro.
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É a verdadeira afirmação da sua própria vontade. É a troca do "Tu-deves" irresponsável, pelo "EU QUERO" determinante.
É neste instante que diante do eu, o campo das suas possibilidades reais crescem e, o indivíduo, sem medo, parte para a procura daquilo que ele quer ser.
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Se olharmos a palavra sobre a forma interpretativa de "TIRAR O ESPERADO OU TIRAR A ESPERANÇA = DES + ESPERO". Podemos notar que o indivíduo que se inclui no desespero-fraqueza, sempre faz e fez o que os outros "esperavam" dele. Todavia, aquele que se inicia no caminho do DESESPERO-DESAFIO, pode "TIRAR AQUILO QUE ESPERAM QUE ELE SEJA".
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Portanto, o ser humano não é como uma coisa ou um simples objeto, que vive sendo determinado pelas circunstâncias da vida ou pelo outro. Mas, que tem a possibilidade de em olhando para si mesmo, ousando ser ele próprio, transformar e mudar ocorrências e eventos da sua vida.
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Kierkegaard aponta o desespero do homem ao deparar-se com o vazio que não é preenchido nem pelos prazeres estéticos nem pelas obrigações éticas.
Segundo Kierkegaard, o indivíduo atravessa três estágios ao buscar sua realização, quais sejam:
Estágio estético: em que estão presentes as necessidades instantâneas (desejos) e a impossibilidade de realizá-las, o que traz a frustração e a sensação de vazio ao indivíduo;
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Estágio ético: o indivíduo busca seu lugar dentro da vida social. Ao deparar-se com o vazio que não é preenchido nem pelos prazeres estéticos nem pelas obrigações éticas, o indivíduo é atingido por uma aflição extrema;
Estágio religioso: o indivíduo coloca-se diante de Deus, fazendo uma reflexão frente à sua existência; aqui, valoriza a
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	possibilidade das escolhas no decurso da vida do indivíduo que é a opção que traz o caráter de um indivíduo existencial, enquanto vivencia uma existência autêntica.

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