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Universidade Federal Rural do Semi-Árido Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais Curso: Engenharia Química Disciplina: Operações Unitárias II Docente: Roberta Pereira Da Silva # Discentes: Ana Laura Oliveira de Sa Leitao Francisco Aldo Pégaso de Morais Isabely Keyva Fernandes Costa Mailla Isle Lopes Wallas Douglas de Macêdo Souza Mossoró – RN Setembro/2013 Secagem 1 Definição A secagem é uma operação unitária de transferência de massa e calor envolvendo a remoção de um líquido volátil, normalmente água, de um sólido poroso como a madeira, tecido ou massa de pó (podendo essa remoção também ocorrer para líquidos e gases), onde o material passa, entra em contato com uma corrente de gás, que pode ser em fluxo co-corrente, contracorrente, ou parcialmente co-corrente e parcialmente contracorrente. O secador pode ser adiabático ou poderão existir equipamentos para aquecimento. Esse fluxo bem como os coeficientes de transmissão de calor e massa, são características relevantes para o dimensionamento do secador. 2 A retirada da umidade ocorre por evaporação mediante a aplicação de calor sob condições controladas. Vale ressaltar que a evaporação de uma solução, sem o auxílio de uma corrente de gás para arrastar a umidade não é considerada secagem. 3 Figura 1: Tubulação com Resistência elétrica para aquecimento Já as torres de secagem e umidificadores se diferenciam dos secadores. 4 Figura 2: Torres de Secagem e Umidificadores A umidade pode ser encontrada nos sólidos de diversas maneiras. A água pode estar adsorvida nas paredes celulares, bem como em solução dentro das células ou em pequenos poros internamente no material. Para que a secagem ocorra, este sistema evidentemente não pode estar em equilíbrio. É necessário que o meio de seca esteja a uma temperatura superior àquela do sólido úmido permitindo que exista um fluxo de calor para o mesmo que possibilitará a vaporização da umidade. 5 A secagem ocorre de acordo com dois processos fundamentais: a) Transferência de calor: o calor flui do ambiente para a superfície externa e daí para o líquido no interior do sólido. b) Transferência de massa: na forma de líquido e de vapor no interior do sólido e na forma de vapor da superfície para o ambiente. 6 Figura 3: Processo de transferência de calor e massa em uma superfície de secagem Um exemplo a ser citado é o caso do leite, que ao ser submetidos à secagem, é capaz de conservar intactas suas características físicas e nutritivas, retornando ao aspecto natural ou sofrendo poucas alterações quando reconstituídos em água. Pode ser encontrada nos mais diversos processos como em indústrias agrícolas, químicas, alimentícias, cerâmicas, mineral, farmacêuticas, de papel e celulose, e de polímeros. Sendo esta ainda uma das operações mais complexas e menos entendida, isso em detrimento à dificuldade e carência da descrição matemática dos fenômenos envolvidos de transferência simultânea de calor, massa e quantidade de movimento nos sólidos. 7 No esquema apresentado na Figura abaixo, existe um sólido úmido exposto a uma corrente de ar com temperatura T e umidade relativa Wr que escoa em torno do sólido com uma velocidade V. O sólido pode receber calor e perder umidade pela face superior com área A, as faces laterais e a inferior estão isoladas. 8 Figura 4: Transferência de calor e massa em um sólido úmido com laterais isoladas Importância da secagem: a) Facilitar o manejo posterior do produto; b) Reduzir o custo de embarque; c) Permitir o emprego satisfatório do mesmo; d) Aumentar a capacidade de equipamentos; e) Preservar os produtos durante o armazenamento e transporte; f) Aumentar o valor ou a utilidade dos produtos residuais. 9 Mecanismos e conceitos fundamentais da secagem de sólidos Principais mecanismos envolvidos na secagem: Remoção de umidade (transferência de massa interna e externa ao sólido); Características do material a ser seco (tamanho, porosidade, higroscopicidade) ; Fenômenos de transferência de calor. 10 A secagem de um sólido úmido, por meio de uma corrente de ar com velocidade de escoamento constante à temperatura e umidade fixa, manifesta-se sob um comportamento típico, que pode ser observado na curva da figura abaixo: Figura 5: Curva típica de secagem em condições constantes de secagem; teor de umidade em função do tempo. 11 Trecho AB: A T do sólido é menor que a T ambiente. O calor transferido do ar para o sólido é maior do que o calor retirado do sólido para evaporar água; Trecho BC: Período de taxa constante. A T do sólido é igual a T ambiente. É caracterizado pela velocidade de secagem ser inalterada com a diminuição do teor de umidade. O calor é transferido para a superfície de secagem do sólido basicamente por convecção. Trecho CDE: Período de taxa decrescente. Inicia quando a umidade do sólido atinge um valor determinado chamado UMIDADE CRÍTICA. Este trecho pode ser dividido em duas zonas: zona de superfície de secagem não-saturada e zona em que o fluxo interno de água controla o processo. XE ( Ponto E): A taxa de secagem aproxima-se de zero, num certo teor de umidade de equilíbrio, que é o menor teor de umidade atingível no processo de secagem 12 Zona de superfície de secagem não-saturada (trecho CD): Segue-se imediatamente a umidade crítica. Neste estágio, a superfície do sólido apresenta áreas secas que se ampliam na proporção em que a secagem prossegue. Consequentemente a taxa de secagem diminui uma vez que a mesma é relativa a toda a área do sólido em contato com o ar. A evaporação ocorre na superfície do sólido e a resistência a difusão interna do líquido é pequena comparada com a resistência para remover o vapor da superfície. A T do sólido aumenta, pois recebe do ar a mesma quantidade de calor que corresponderia ao período de taxa constante, sem, no entanto, ocorrer igual evaporação. Em outras palavras, parte da energia que era utilizada para a evaporação na fase anterior, acaba sendo utilizada para elevar a T do sólido. Zona em que o fluxo interno de água controla a operação (Trecho DE): Caracteriza-se pelo fato de que o fluxo interno de água controla a taxa de secagem. Os fatores que influenciam a taxa de secagem são os mesmo que afetam a difusão da água através de sólidos. Observa-se que a umidade do ar não tem efeito na taxa de secagem, mostrando que esta depende da resistência a difusão da água. A medida que a quantidade de umidade diminui por causa da secagem, a velocidade da difusão interna da umidade decresce. A evaporação ocorre dentro da estrutura do sólido. 13 Quando ocorre a evaporação na superfície de um sólido, a umidade se desloca das camadas internas do sólido para a superfície. Este movimento da água exerce papel importante na secagem durante o período de velocidade decrescente e dependendo do tipo de material pode ocorrer através de dois mecanismos, que são: a) Difusão interna: é o movimento de um líquido ou de um vapor através de um sólido em consequência de diferença de concentração; 14 Movimento de umidade no interior de sólidos b) Escoamento capilar: é o escoamento de um líquido através dos interstícios de um sólido ou sobre uma superfície, provocados por atração molecular entre o líquido e o sólido. 15 Figura 6: Distribuição de umidade em um leito sólido particulado durante o processo de secagem Umidade de um sólido na base seca (Wd): é o quociente entre a massa de umidade (Ma) e a massa do sólido isenta desta umidade (Md) Wd pode ser expresso por exemplo em kg de água por kg de sólido seco. Umidade de um sólido na base úmida (Ww): é o quociente entre a massa de umidade (Ma) e a massa do sólido úmido (Md+Ma): Ww pode ser expresso por exemplo em kg de água por kg de sólido úmido. 16 Umidade de um sólido 16 Figura 7: Relação entre base seca e úmida A transformação da umidade de uma base para outra pode ser obtida pelas seguintes expressões e pela figura: 17 Umidade de um sólido17 As velocidades de secagem são determinadas expondo-se o material úmido a uma corrente de gás a temperatura e umidade dadas, e medindo-se o teor de líquido como uma função de tempo. Gráfico 2: Velocidade de secagem em função do teor de líquido Gráfico 1: Teor de liquido versus tempo 18 Velocidade de secagem 18 Período de velocidade de secagem constante: Ocorre quando o teor de líquido é suficientemente grande para que toda a superfície do material esteja completamente molhada. Período de velocidade de secagem decrescente (queda): Ocorre quando o teor de líquido não é suficientemente para molhar completamente a superfície do material. Experimentalmente a equação pode-se pode ser determinada como: 19 Velocidade de secagem 19 20 Velocidade de secagem 20 Passo 1: Balanço de massa total; Passo 2: Diagrama psicrométrico; T2 = 50°C ϗ2 = 0,0036 w1= 0,9 Kg água / Kg tecido seco TW = 21°C ϗw = ϗ1 = 0,0156 w2= 0,1 Kg água / Kg tecido seco 21 Exemplo 2: Resolução 21 A velocidade de secagem é função: Linha de Saturação Temperatura Bulbo Úmido Temperatura de Bulmo Seco 22 Velocidade de secagem 22 Passo 3: Balanço de massa seção II; Isolando o termo desejado, e substituindo os valores obtém-se: Utilizando de artifícios algébricos: 23 Exemplo 2: Resolução 23 Passo 4: Igualando as velocidades constante e decrescente de secagem, determina-se Wc, teor de água critico; Passo 5: Período de velocidade constante; 24 Exemplo 2: Resolução 24 Passo 6: Período de velocidade de decrescente (queda); Logo o tempo de secagem total é: 25 Exemplo 2: Resolução 25 Um sólido, cuja a curva de secagem é apresentada abaixo, contém uma umidade livre inicial de: X1= 0,40 (Kg H2O)/(Kg sólido seco) e deverá ser seco até X2= 0,18 (Kg H2O)/(Kg sólido seco). Qual o tempo estimado, em horas necessário para o processo de secagem ? 26 Exemplo 3 26 Modo de operação Batelada: operação intermitente, por lotes de material a ser processado. Contínua: alimentação do material a ser processado ininterrupta. 2) Fonte de calor Diretos: calor fornecido pelo gás de secagem Indiretos: calor fornecido por outro meio como por condução, radiação, campo elétrico de alta frequência e micro-ondas. 3) Condições operacionais Pressão de operação: atmosférica ou vácuo; Fluxo de gás: nenhum, contracorrente ou concorrente; Fluxo de sólidos: estacionário ou misturado; Meio de transporte: estacionário, mecânico, arraste, combinado; Mistura do sólido: sem mistura, agitação, rolo ou arraste. 27 Equipamentos Industriais 27 Secador de bandejas É essencialmente uma câmara onde o material a ser seco é colocado em bandejas ou tabuleiros O meio secante pode ser vapor de água, gás ou ar aquecido eletricamente. O custo de energia é parte principal do custo total do processo. Além de ar, outros agentes secadores podem ser utilizados, como gases inertes (nitrogênio). 28 Tipos de Equipamentos Industriais Figura 8: Secadores de bandejas 28 Secador de Túnel O material a ser seco é colocado em bandejas e essas em carretas que irão entrar dentro de um túnel onde ocorrerá o processo de secagem. Esta operação pode ocorrer com o ar de secagem em corrente paralela, isto é, o fluxo de ar quente no mesmo sentido do fluxo das carretas, ou em contracorrente, onde o fluxo do ar quente tem direção contrária ao fluxo das carretas. 29 Figura 9: Secador de Túnel em contracorrente Figura 10: Secador de Túnel em correntes paralelas 29 Secador de rotatórios Os sólidos são derrubados numa corrente contínua, na região do eixo do tambor rotatório, enquanto o ar é injetado através da cascata de grãos. 30 Figura 11: Secador de rotatórios 30 Secador a gravidade As chapas são aquecidas. O meio secante poder ser ar ou gás inerte. 31 Figura 12: Secador a gravidade 31 Secador por radiações infravermelhas O produto a ser seco é colocado sobre um esteira em finas camadas. A radiação é colocada sobre o produto. A secagem por infravermelho oferece alta eficiência de conversão da energia elétrica em calor . A secagem de produtos sólidos, como fatias de pão, chá, especiarias e amêndoas são sua principal aplicação. 32 Figura 13: Secador por radiações infravermelhas 32 Secagem por micro-ondas O produto a ser seco é colocado sob um campo elétrico de alta freqüência (2500 MHz). O calor é produzido no interior do material a secar. 33 Figura 14: Secagem por micro-ondas Secagem a vácuo Secadores a vácuo são semelhantes aos secadores de bandejas na sua construção. No entanto, duas diferenças básicas são notáveis: a câmara deve ser hermeticamente fechada e sem circulação de gás; sem o gás de secagem, calor deve ser fornecido ao material por outro meio, como condução através do aquecimento dos suportes ou radiação. Utilizada quando o material a secar é alterado pelo calor ou pelo ar. 34 Figura 15: Secadores a vácuo É um método de secagem conhecido como secagem instantânea, pois utiliza tempos curtos de processo quando comparado aos outros tipos de secadores. O “spray dryer” é um secador por aspersão (atomização) do produto a ser seco em um agente de secagem aquecido (usualmente ar). Este equipamento admite na sua alimentação somente material em estado fluido (solução, suspensão ou pasta) e a converte em uma forma particulada seca. 35 Spray-dryer Produtos que utilizam Spray-dryer: Especialmente produtos que apresentam sensibilidade ao calor, como alimentos e materiais de origem biológica: extratos e produtos oriundos de plantas; corantes; microorganismos; produtos com leveduras, enzimas e proteínas; destaque recente na microencapsulação de substâncias. 36 Referências: BLACKADDER, D. A.; NEDDERMAN. R. M. Manual de operações unitárias. 2. ed. Trad. VIDAL, L. R. G. Cambridge: Hemus. 2008. 276 p. MEDEIROS, U. K. L. Viabilidade técnica de uma rota não convencional para a produção de leite de cabra em pó em cooperativas do Rio Grande do Norte. 2010. 189 f. Tese (Doutorado em Engenharia Química) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2010. SILVA, M. A. C. Análise inversa em problema de difusão transiente em acerola (malpighia punicifolia): Estimação da difusividade mássica efetiva. 2007. 88 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, 2007. 37 OBRIGADO!!! 38
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