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CORRENTES+ANTROPOLÓGICAS+E+EVOLUCIONAISMO+DE+2014

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ANTROPOLOGIA: CONCEITOS E CORRENTES DE PENSAMENTO
Prof. Me. Me. Miguel Ângelo Silva de Melo
AULA IX - X – XI
UNIDADE III 
Evolucionismo ou antropologia evolucionista
Parte do princípio de que existe uma espécie humana idêntica, mas que se desenvolve em ritmos desiguais de acordo com as populações:
Populações e sociedades passam pelas mesmas etapas para alcançar a etapa mais avançada, que é a civilização;
A civilização europeia aparece como a expressão mais avançada da evolução das sociedades humanas, e os grupos primitivos como “sobrevivência” de etapas anteriores.
BACHOFEN (1815 – 1887) – Direito materno e suas teses:
Primitivamente, os seres humanos viveram em promiscuidade sexual;
Essas relações excluíam a possiblidade de rigor em torno da paternidade. A filiação apenas podia ser contada por linha feminina, segundo o direito materno;
Respeito direcionado as mulheres, como mães, únicos progenitores conhecidos da jovem geração;
d) Monogamia, em que a mulher pertencia a um só homem. Castigo a transgressão. 
Segundo Bachofen a passagem da poligamia à monogamia e do direito materno ao paterno, processa-se especialmente entre os gregos em consequência do desenvolvimento das concepções religiosas.
EDWARD TYLOR (1832 – 1917) – procurou mostrar a evolução pela qual passou a humanidade um todo em crescimento através dos tempos, indo da infância à maturidade, estando as sociedades primitivas situadas no estágio infantil.
Foi o primeiro a definir o conceito de cultura, quando a define como “um conjunto complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume ... hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”;
Conceito de cultura X conceito de raça;
Interesse pelos estudos mágico-religiosos e elaborou uma das mais curtas definições de religião “uma crença no sobrenatural”;
A crença enquanto ato de fé, confiança, respeito e reconhecimento pelo sistema de mitos que representa a religião;
O sobrenatural é objeto da fé, portanto, é tudo aquilo que escapa ao entendimento humano;
Teoria do animismo é entendido como uma crença dos povos primitivos, segundo a qual não só as criaturas, mas também os objetos materiais estão dotados de vida, personalidade e alma.
As reflexões do homem primitivo a respeito de suas experiências, como a morte, doença, transes e sonhos, levam à conclusão de que tais fenômenos se deve à presença ou ausência de alguma entidade imaterial da alma;
 Teoria da Almas X Teoria do Fantasma (Teoria da origem da religião).
Para Tylor, as primeiras noções religiosas conhecidas pelos homens teriam sido as de almas, seres que transcendem a matéria. 
Essas noções teriam surgido da própria consciência humana pela necessidade de compreender determinados fenômenos (sonho, morte, doença, visões) que teriam despertado os sentimentos do sagrado e da outra dimensão da vida.
Temas do evolucionismo
São temas próprios da antropologia evolucionista:
ESTUDO DAS SOCIEDADES SIMPLES, PRIMITIVAS e ANTIGAS (interesse pela natureza das instituições sociais, familiares e religiosas; como também os mecanismos jurídicos e cultura material);
ESTUDO DE PARENTESCO (demonstração da autoridade dos sistemas de filiação matrilinear sobre os sistemas de filiação patrilinear:
Direito materno X paterno;
Prevalência do direito materno sobre o paterno nas primeiras sociedades
ESTUDO DA RELIGIÃO ou MAGIA (destaque considerável no século XIX a partir dos estudos de Edward TYLOR e James FRAZER, que se dedicaram a conhecer a religião e a magia dos povos antigos e primitivos:
Influência destas na evolução das religiões mundiais e na construção das instituições de direito;
Religião é a crença no sobrenatural;
Magia implica crença na existência de causas (atos mágicos) sobrenaturais;
Religião e Magia consistem em sistemas de crenças;
Todas as religiões estudadas pela a antropologia compõem-se por diferentes estágios: magia, religião ou mágico-religioso;
Tylor considera a magia como uma “pseudociência em que o homem primitivo, incorretamente, afirma existir uma relação direta de causa efeito entre o ato mágico e o acontecimento desejado”;
Fraser ressalta que a magia seria uma fase anterior, mais grosseira da história do espírito humano, pela qual todas as raças humanas passaram, ou estão passando, para dirigir-se para a religião e a ciência; 
Laplatine entende faz parte do processo universal que se conduziu por diferentes fases sucessivas: magia – religião e ciência.
Críticas ao evolucionismo
Ideia de que a ciência e a sociedade evoluem e progridem;
O tempo enquanto uma sucessão contínua de instantes, momentos, fases, etapas, períodos, épocas que iriam somando-se uns aos outros, acumulando-se de tal modo que o que acontece depois é o resultado melhorado do que acontece antes;
Ao longo do tempo haveria um processo de aperfeiçoamento das sociedades e de suas instituições;
Evolução e progresso expressam a crença na superioridade do presente em relação ao passado e do futuro em relação ao presente;
O futuro, para os evolucionistas traz consigo, a ideia de evolução e progresso, onde este futuro é desejado pela sociedade, cuja história ou cujo tempo nada mais é do que o desdobrar ou o desenvolver daquilo que ambicionam as sociedades primitivas ou inferiores que precisam evoluir ao ponto de se aproximarem das sociedades superiores ou civilizadas; 
Assim, as sociedades subdesenvolvidas devem tornar-se desenvolvidas;
Método comparativo (falta de rigor no seu emprego);
Desprezo pela compreensão da antropologia como prática intensiva de determinada cultura.
Religião e direito se confundem até período romano, no século V a.C.
Evolucionismo e direito
Roma sec. V a.C. - Culto dos espíritos e dos mortos a partir de concepções animistas e sobrenaturais:
Divindades domésticas e espíritos protetores cultuados em casa pelo fogo sagrado;
Com o advento da complexidade cultural, a religião doméstica dos romanos transforma-se em uma religião da cidade ou das cidades, surgindo a hierarquia entre os cultos religiosos;
Os cultos eram celebrados por sacerdotes iniciados sob o égide do Colégio dos Pontífices em três diferentes categorias:
Augures – nível religioso em que seus sacerdotes tinham a capacidade de interpretar, observando pela natureza, os presságios e a vontade dos deuses;
Flâmines – nível religioso posterior ao de augures que enseja além deste na gestão de cultos individuais de cada deus;
Feciais – último nível a ser alcançado pelos sacerdotes do Colégio. Estes sacerdotes possuem relação mais próximas com as divindades.
As relações sacerdotais ou pontífices ensejavam também na administração da Justiça, regras dos procedimentos judiciais e saber jurídico (Direito Arcaico Romano);
Os Pontífices enquanto responsáveis pela tradição religiosa (culto aos antepassados), jurídica (regras do Direito Arcaico Romano) e pelo poder político, quando sugerem acontecimentos, a partir de interpretações políticas pelos Auspícios.
Confusão entre Direito, Religião e Política até a ocorrência da Dessacralização (separação entre o Direito e a Religião);
Juramento enquanto estágio mágico-religioso, práticas de confissão para saber se uma acusação seria falsa ou verdadeira, submissão dos litigantes a provas e práticas corporais;
Foucault (1996) corrobora dizendo que “o juramento constitui uma maneira singular de produzir a verdade, de estabelecer a verdade jurídica, persentes no direito germânico europeu por longo período”.
EVOLUCIONISMO E DIREITO
Como a religião e o direito são vistos pelos teóricos evolucionistas? Recupere e ressalta todo este processo.
Descreva a importância dos fatores econômicos, políticos e religiosos para compreensão da teoria evolucionista. 
Difusionismo ou antropologia difusionista
Franz Boas - difusionismo
Difusionismo norte-americano
Franz Boas foi o principal mentor da escola difusionista americana, além de imprimir uma nova interpretação ao fenômeno cultural passou a se concentrar no estudo das culturas particulares,
delimitando o campo de estudo da antropologia:
A cultura seria por demais complexa para permitir o levantamento histórico completo e de caráter universal, motivo pelo qual se pleiteia pela redução do campo de estudo.
 A ideia de difusão de Boas propagou o descobrimento da cultura material norte-americana (cerimônias, arte e mitologias).
Margaret Mead ao interpretar Boas ressaltava que “vários trabalhos haviam demonstrado que as pessoas faziam empréstimos entre si, que nenhuma sociedade evoluía em isolamento, mas sim que seu desenvolvimento era influenciado por outros povos, outras culturas e outros níveis de tecnologia”. 
(apud. KUPER, 2002, p. 96)
Já Tylor entendia que cultura seria uma espécie de herança não biológica das espécies. A cultura desenvolveria por empréstimos decorrente de contatos causais;
As culturas europeias e norte-americanas seriam, em maior proporção do que as outras, um complexo dados emprestados, uma configuração que influenciaria os comportamentos dos indivíduos.
RUTH BENEDICT (1887 – 1948) defende a ideia de uma configuração cultural: “uma cultura é um modelo mais ou menos consistente de pensamento e ação. Não é apenas a soma de todas as suas partes, mas o resultado de um único arranjo e única inter-relação das partes, que resulta em uma nova unidade” (in MARCONI/ PRESOTO, 2006, p. 36).
A cultura deve ser vista como um todo, cujas partes estão entrelaçadas que a mudança em uma das partes afetará as demais;
Por isso ao estudar uma cultura, deve se ter uma visão conjunta de suas instituições, costumes, usos e normas.
“ a história de vida do indivíduo é sobretudo uma acomodação aos padrões e modelos tradicionalmente transmitidos por sua comunidade. Desde seu nascimento, os costumes moldam suas experiências e sua conduta. Quando começa a falar, ele é um produto da sua cultura, e, quando cresce e pode tomar parte nas atividades coletivas, faz dos hábitos da comunidade os seus hábitos; das crenças da comunidade as suas crenças e das impossibilidades as suas impossibilidades.” 
(apud. KUPER, 2002, p. 96)
A antropologia difusionista determinista compreende que:
Determinismo cultural - Estabelece que as características dos indivíduos devem ser idênticas a cultura de origem;
Não se pode separar princípios religiosos, econômicos, políticos e jurídicos do indivíduo, nem este destes;
A cultura forma-se por um todo harmonioso conformando os membros de determinada cultura
Declaração da UNESCO sobre a genética das raças:
Não existe nenhuma ‘raça ariana’ ou nórdica;
Não há qualquer prova de que raça ou diferenças raciais exerçam algum tipo de influência nas manifestações culturais ou nas possibilidades de desenvolvimento da cultura em geral;
Não existem provas de que os grupos em que pode ser dividido o gênero humano diferem em sua capacidade inata de desenvolvimento cultural, intelectual, religioso ou emocional;
Não existem provas de que as misturas ‘raciais’ étnicas produzam resultados biológicos prejudiciais;
Estudos científicos mostram que as diferenças genéticas são insignificantes na determinação de diferenças sociais e culturais entre grupos humanos diferentes (ABBAGNANO, 2003, p. 833)
Críticas ao difusionismo
Excesso no tratamento unitário da cultura, relegando os seus aspectos universais;
Manipulação estatística dos traços culturais, levando a pensar que as atribuições da cultura ocorrem de modo mecânico;
Determinismo cultural, visto que considera o indivíduo elemento passivo no qual a cultura, elemento ativo, seria impressa;
Uso excessivo na pesquisa de campo, dando ênfase ao aspecto meramente descritivo das informações, podendo transformar a antropologia em etnografia.
Difusionismo e direito
Preocupação em compreender o processo de transmissão de uma cultura para outra, reconhece que qualquer agrupamento social, com raríssimas exceções, jamais está absolutamente isolado;
Grupos sociais entram em contato com grupos vizinhos, mesmo afastados, geralmente por razões econômicas ou culturais a que não podem atender seus próprios recursos;
Contatos pro trocas comerciais, guerras e conquistas difundindo a(s) cultura(s);
Exemplos de difusão da cultura jurídica: Direito Penal, Direito Civil, Direito Empresarial etc.
Estudo dirigido
O que é tópica para Viehweg e qual a sua utilidade para a ciência jurídica?
Qual a característica fundamental do método da tópica?
Elabora uma síntese da tópica aristotélica e ciceroniana. Fundamente sua resposta.
Quais são os pontos de vista difundidos pela tópica? Consequentemente fundamente sua resposta com a influencia deste método no discurso jurídico oficial.
Como a antropologia jurídica lida com o estudo de casos?

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