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REPORTAGEM ESPECIALIZADA As reda~6es sao divididas em editorias, que correspondem aproxi- madamente a areas de atividade de interesse jornalfstico: cidade, polfcia, politica, esportes, economia, ciencia e tecnologia, artes e es- petaculos ... Se e assim, e se cada areadessas pressup6e algum conhecimen- to espedfico, por que nao transformar especialistas (urbanistas, criminologistas, cientistas polfticos, tecnicos de educa~ao ffsica, eco- nom istas, cientistas, artistas, promotores culturais) em jornalistas, e nao 0 contrario? A questao tem sido repetida insistentemente e admite varias res- postas. A primeira delas ap6ia-se ao que poderfamos chamar d~ "teoria da inocencia": a cren~a de que os rep6rteres, sendo agentes do pu- blico, devem observar a realidade com os criterios do senso comum que excluiriam a forma~ao especializada. Nao e muito consistente: um professor de primeiro grau nao precisa ser crian~a para comuni- Administrator LAGE, NILSON. "A Reportagem: Teoria e Técnica de Entrevista e Pesquisa Jornalística". Rio de Janeiro: Editora Record, 2004. Págs 109-31 car-se com seus alunos nem um medico abandonar 0 que sabe para expor um diagnostico a alguem ~ sejacientista nuclear ou dona-de- casa. .-A.s.eguod£J:~9_S!~f~~~~i~ __s_ent~~~:_C~9~_profissaotem sua pro~~i~_~!i~~.~_~_~~~._~~~~~~_~_~~~porativos,fixados ao longo de uma exeeri~n_ci~_~i~!?ric~.~~irl1,rnedicos sao impedidos de criti(,:_arpu- blicamente outros medicos e advogados devem manter, perante -----"-"'.' jUlzes, promotores ou colegas, uma serie de cuidados de tratamen- to. Isto significaque, transferidos par~-=,fun<;aode jornalistas, esses profissionais teriam que abandonar os valores de suasatividades de ongem. --A-terceira r~s.Qo.?~J9-~JD'!-is_?entidoainda. Trata-se do fato de (._-------- -,._ ...._--~-~.- que a forma<;aode um bom especialista em cada area dessasenvol- ve grande investimento intelectual. Aforma<;ao d~l.jm_bom jQrnalis- ta, nas condi<;6esmodernasd~.exerdcio da profissa(),!ambem nao e rapida. Nao haveria ganho, mas perda social, em se transformar, por exemplo, um ffsico teorico em jornalista especializado em cien- cia: suaforma<;aocomo ffsicofuncionaria para uma especi~ligacJ~s:jen- tffica, a ffsica,e nao paraout@s(aj!Jda..riap~~c().!pore)(~rnPlo, numa .--"'."."""'" . reportagem sobre paleontologia). ~()r outro lado, muitas de suas ---._..:......--"---,-_ ..__ .~_ .•. _, ..".- ......•-----_.'"'- .,_-_.,._~-~.._--- habilidades,custosamente adquiridas, perdE:riamqualquE:rsentido Util, ainda que se limitasse a noticiar pesquisCi?edescobertas da ffsica. .._-,_." ...•.~~.__ .. Ainda assim,e posslvel formar jornalistas em pos-gradua<;ao(des- de que em cursos de mais de um ana que incluam asdisciplinas tec- nicas necessarias); recuperam-se voca<;6estardias e deslocamentos de areas de interesse. Mas a experiencia de pafsesem que essa for- ma<;aoexiste mostra que ela e sempre subsidiaria.A situa<;aopredo- minante, portoda parte, e a de jornalistas que se especializam para cobrir areas de conhecimento. o universo das notfcias (e, quase sempre, 0 da informa<;ao jornalfstica em geral) e 0 das ap~encias do mun_~9.:0 noticiario nao permite nem persegue 0 conhecimento essencialdas coisas, objeto do estudo cientffico, da pratica teorica e de boa parte da cria<;aoar- tfstica, a nao ser por eventuais aplica<;6esa fatos concretos. Por tras das notfcias corre uma trama infinita de rela<;6ese percursos subjeti- vos que elas, por defini<;ao,nao abarcam. Issoexplica 0 custo social menor da especializa<;aodo jornalista, se comparado com a transfor- ma<;aodo especialista em jornalista. No caso mais comum, em seis meses ou um ana de leitura e ?bserva<;ao,qualquerjornalista competente e capaz de se adestrar para cobrir areas tao esp~cfficasquanto 0 mercad() de capitais ou 0 setor de saude de uma metrop()I~. Evidentemente, 0 resultado sera melhor (mais eficiente, democratico e conforme padr6es civilizados) se houvertreinamento sistematico desses profissionais em cursos de pos-gradua<;aobreves - no padrao de 360 horas previsto para cur- sos universitcirios de especializa<;ao. A Teoria da Cogni<;ao sustentaque, para transmitir.o g?llheci- mento de alga, e preciso entender esse algo - isto e, construir um modelo mental dele. Um modelo mental e uma estrutura incomple- ta, aproximada e referida a um contexto cultural que e 0 acervo da memoria. 1510 significaque um reporter de polfticanacional,por exem- plo, nao precisa ser um cientista polftico (e, se for, usaraem seu tra- balho muito pouco da ciencia polftica que aprendeu), mas deve dis- por do maximo de informac;oessobre a historia recente, a organiza- c;aodo Estado e a natureza dos fatos polfticos. sendo comumente rompimento ou mudanc;a na ocorrencia nor- mal dos fatos, pressupoe apresentac;ao bem mais sintetica e frag- mentaria . .AinfQrr:D.a~aojQr~~~.~_Q ..~~1?~)<?priy~e~i~?()?a__rc:e0rtagem !=specializada.Uma peculiaridade dela e destinar-se a publicos mais ou menos heterogeneos. A maxima heterogeneidade obtem-se na audienciapresumfvel de uma emissora de televisao em circuito aberto (audiencia de massa) e a mfnima heterogeneidade possfvel em jor- nalismo encontra-se entre os leitores de magazines ou sftios de Intemet destinados a aficionados de uma atividade pratica ou conhe- cimento - sobre engenharia naval ou surfe, por exempl<:>.t~I~r.<? que, quanto mais espedfico 0 publico, mais se pode particularizar a Iinguagem._ Ha relac;aoentre interesse jornalfstico e abrangencia de publico') I para uma informac;ao. ~nto maior 0 interesse jornalfstico, maior al abrangenciado publico a que a informac;~o se p()ssC3.destinar. Ja a \ comunidade envolvida naespecialidade sera motivada nao tanto pelo ( aspecto jornalfstico de uma informac;ao, mas por suas imPlicac;oes jpuramente tecnicas. Assim, a conquista de um campeonato mundial de natac;aoenvolve, para 0 publico em geral, curiosidade quanta a I personalidade do atleta e ao ranking da disputa, enquanto, para 0 segmento dos especialistas em treinamento desportivo, sera parti- /. cularmente relevante a preparac;ao do atleta, 0 ritmo das brac;adas etc. Material jornalfstico caracteriza-se, em tese, por su~tualidade, universalidade, periodicidade (durabilidade Iimitada) e difusaQ,mas 0 ' ..... , ~, ~_.""..~,.:".~ As notfcias de interesse geral relevantes - fatos novos - sac pou- cas em relac;ao ao espac;o global destinado a materia jornalfstica: circulam amplamente (em primeira mao, quando sac realmente no- vas) no radio e na televisao, mais do que nos jornais e revistas; so eventual mente aparecem nos documentarios e reportagens pro- gramadas, que constituem a maior parte da produc;ao jornalfstica moderna. o conceito de notfcia - em que pese 0 uso amplo da palavra news (notfcia) em ingles -- pode ser, assim, substitufdo pela ex- pressao informafao jorna/fstica. Essaexpressao tem, af, sentido peculiar; que coincide com 0 de reportagem (genero de text91.r:m~s, eventualmente, assume a forma dg gljese chama de artigo, c~9..~I:-. ca (polfti<::a,desp9[tiva)Qu crftic;a(.deilrtes, de espetacul()~2~~~()_e apenas uma estruturac;ao de dados convenientemente t~§dos, _. como na informatica ou na inteligencia militar; que opoe lf1f9.!:...~- ~ao (relato consistente, envolvendo analise) ainforme.(relato episodico). Emais do qlje isso:e a exposic;ao que conibina interes- s~ do assunto com Q maior numero possfvel de dados, formando um todo compreensfvel e abrangente. Difere da notfcia porque esta,~~--_._------_._~_._,-_.,--~_._~--. que mais 0 identifica e a estrutura~ao ret6rica em torno de pontos de interesse jornalistico. Em resumo, algumas distin~6es entre noticia e informa¢o jorna- Ifstica(categoria que, com vimos, inclui a reportagem):2. POLITICA, ESPORTES, ARTES E ESPETACULOS I. a notfcia trata de um fato, acontecimento que contem elementos ~e ineditismo, intensidade, atualidade, proximidade e identifica- ~o que 0 tornam relevante; corresponde, frequentemente, a disfun¢o de algum sistema - a queda do aviao, a quebra da normalidade institucional etc. Ja a informa¢o trata de um assun- to, determinado ou nao por fato gerador de interesse; 2..a notfcia indepencle •.•.em ..regra" ..das. inten~6esdosior.nalistas;a informa:¢()decorre de inten~ao, de uma "visao jornal.i~~~~:>~ fatos; 3. a notfcia e a informa¢o jornalistica contem, em geral!&iC3,L.l$..dife- rentes de profundkJa.deno tratQ do assunto; a noticia e mais bre- ve, sumaria, pouco duravel, presa a emergencia do evento que a gerou. Ainforma¢o.,ema.isextensa, mais completa, mais rica na trama de rela~6es entre os universos de dados; 4. a notfcia tfpica e da emergencia c!~.ur:r fa.tODOYO,de sua desco- _', ··.. ,·· ,."·v.,·,,,., ,.''' 'r,..''"''''''' '.' berta ou revela¢o; ainforma~~() tipica dei conta ~~urn_~..s.1~qQ.. ge-arte, isto e, da situa¢o momentanea em determinado campo de conhecimento. ~liti~'...~~~~.~()~5>_<?.~~E.~~~!<3:s:l.~!!~_~rn.!ipode cobertura que .~~~_~~.P<?d~..<:b.arna[.~iQl[?I~s.rn~r.l!~.9~.noticio~~'-Th~t~~;;Politica .- .".".,".'-""".,." ...•'.,"'.~'",..,. quanta em esporte, cada acontecimento pressup6e algo exterior a ele e que Ihe da sentido: a "situa~ao politica", a "situac;aono campeo- nato e no ranking'. A noticia eSnt"'lrtivae 0 )'ogo ou a dl'sputa Del..", ••• ,."'1:'...... . .' as as pessoas to- mam conhecimento assistindo ao espeticulo ou a partir de resumos - os lances principals. Tudo mais e constituido de declarac;6es e decis6es, tomadas num c1imade paixao, em tome das quais se pro- p6em analisese progn6sticos - a cronica desportiva. Cabe ao rep6rter de esportes documentar essasdeclarac;6ese decis6es, atento ao contexte emocional em que se situam e a natu- reza empresarial que hoje assume a atividade desportiva. Mas nao deve perder de vista os aspectos eticos do esporte, seu poder de catarseT catalisador de tens6es sociais - e a finalidade educativa de sua pratica, que deve voltar-se para a saude ffsicae mental. Quanto a politica, e precise acrescentar um detalhe. Ela toma como fato 0 que ocorre em outras areas.A primeira noticia do golpe de 1964 chegou atraves da mobiliza~ao dos medicos dos hospitais; as investiga~6esdo caso Collor foram cobertas pela reportagem ge- ral. 0 craque de /929 aconteceu na Boisade Valores, nao no parla- mento; a Revolu~ao Russade /917 foi registrada antes nas ruas do que na Duma de Sao Petersburgo; sac os sism6grafos que registram a explosao de bombas atomicas. Da mesma forma, uma manifesta<;aoem Brasniae fato urbano; a falencia de bancos e a crise da balan<;acomercial sao fatos economi- cos; a perda de popularidade do governo e fato estatfstico; as pres- s6es externas pela modifica<;aode leis nacionais sac fato diplomaticos; o desemprego e fato social; opera<;oes com tropas para reprimir tra- ficantes de drogas sac fatos militares. Decisoes de governo, nomea- <;oespara cargos sac fatos administrativos. , Com exce<;aodos resultados eleitorais ou de vota~,?es,a repor- tagem estritamente polftica baseia-se em entrevistas, com ou sem identifica<;aodos entrevistad os. Essasentrevistas tratam de proces- sos polfticos em si (denuncias, sempre abundantes e que se amiu- dam em tempos de crise ou perto de elei<;oes; a organiza<;ao de partidos; a constitui<;ao eo funcionamento de comissoes,parlamen- tares etc.) ou reftetem questoes nao estritamente polftica~<§i.s<:9mo problemas de saude publica, aspectos da administra<;ao,~d.Cl.e<;:qno- mia etc. 0 nfvel de analise admitiqo consiste em cQntextuallzar de- c1ara<;oese os fatos a que se reportam. Existem dois outros nfveis a considerar: 0 dos conchavos ou entendimentos mais ou menos rese rvados , a que jornalistas tem acesso parcial e incerto, eo campo vasto dos grandes condiciona- mentos sociais e hist6ricos, em que se movimenta a ciencia polftica em si. A polftica e, portaQto, ulT1.di~curso que se reporta a realidade de maneiraparticulat<; Nela, mais do que um eventosingular, impor- ta 0 estabelecimento do quadro de situa<;ao,isto e, a apreensao de um aspecto global de realidade que importa ou pressupoe progn6s- ticos para 0 futuro. Qualquer atividade social tem sua dimensao polftica. Existe uma polftica cultural, outra desportiva, outra academica, outra militar, ou- tra artfstica e assim por diante. g§:f!,gY!3Jgu~rjQrnalista t~~,e:m al- gUrl1..r:nomento, que /idar com raciocfnios, interesses e manobras polfticas envolvendo os fatos de sua area de atua<;ao. A cronica polftica, guardando rela<;oescom 0 publicismo, e a for- ma limite do jornalismo polftico, tal como a cronica esportiva do jor- nalismo de esportes. Procura anteciparfatos e revelartendencias; isso implica adotar postura um tanto diferente da que se tem no noticia- rio comum e mesmo na reportagem. As rela<;oesentre os diferen- tes nfveis de cobertura polftica foram resumidas em tres paragrafos por Carlos Castello Branco. 0mais brilhante entre os jornalistas po- Ifticos brasileiros da segunda metade do seculo xx. numa palestra na Universidade Federal de Minas Gerais, em 1968: o rep6rter que se obriga a contar 0 que viu e a transmitir 0 que ouviu, na notfcia impessoal, subordina-se a Iinhade objetivi- dade narrativacomum atodos os setores da reportagem. Elenao pode, ou pelo menos nao deve, interferir nos fates, masapenas transmiti-Ios dentro do melhor processo tecnico, a partir do lead Seu trabalho e evidentemente importante, mas nao e 0 su- ficiente. 0 epis6dio politico tem conota<;6espr6prias e 0 fato se insere num contexte que deve ser esclarecido. A noticia nua e crua nao 0 revela em todas as suasnuan<;as.Eledeve ser didati- carnente desmontado. Essencialmentedinamico, muda de aspec- to de hora em hora. E impreciso e sinuoso e muitasvezesarnea<;a ser e nao e. Esti em permanente elabora<;ao.0 que e /6gico: a politica e uma constante divergencia e concilia<;ao,um intermi- navel processo dialetico. o comentarista, afastando-se aparentemente da objetivida- de narrativa, procura, na sua analise, e apesar da impressao em contrario que possaproduzir; uma precisaomaior. Cabe-Ihe ten- tar a capta<;aode todos os fatores, de todas ascircunstanciasem que se desenrola e desdobra 0 acontecimento politico. pressao artfstica, ja que todo produto cultural e comercializavel. S6 que a tarefa do jornalista nao e a venda do produto, e sim de um padrao de gosto. Quer dizer: quem escreve a crftica sobre uma nova ~-"""-_"'----~"''''''--;''~'_'_,_.",-~_.~,-.,,,~.- ~~~~~~!~?.~o~~ u~._~!~~_<:'<?!!lico.~.~~~.~er ~~~S2.Q1_~.!~!:9,!-12~.9_.~.:?E.!"!.~.P.~.~.~_.~rn .~iou com aquele ator em particular. _.... --- ..,,"-...-----_ ..- ..... A crftica ocupa •.oo jornalisl11q d~ artes e espetaculos,gpapel correspondente as cr0':lis~~polftic,~.~gesp()rtiva. Original mente, tra- tava-se de orientar 0 gosto do publico para socializa-Io em padr6es esteticos considerados mais altos pela sociedade em geral: ensina-Io a preferir a elegancia ao espalhafato au, pelo menos ostens[ya.men- te, Wolfgang Amadeus Mozart a Johann Strauss. Hoje, cuida-s.e..so- bretudo de orientar um aficionado, ou pretendente a aficionado, para que se insira no padrao estetico mais elevado daquilo que se.chama de tribo. A cultura se fragmenta; desaparece, pelo menos na mfdia, a no- <;§.ode hierarquia dos gostos. Cada tribo - dos apreciadores da da~a c1assicae do bale moderno, dos TaS do rap ou da can<;aoromantica - deve ser munida com a hist6ria particular de sua paixao e com o!> valores culturais (concretos ou virtuais) que a sustentam. Dentro de cada tribo dessase possfvel construiruma polftica cultural, com pro- gressistase reacionarios, militantes e simpatizantes, nuc;leosde puristas preconceituosos e periferias de praticantes dispostos ao ecletismo. A reportagem tem, af, fun<;aoclara de socializa<;ao,que se pOe a servi<;o do marketing- mesmo na mais sofisticada ou c1assicaex- 3. eIENCIA, TECNOLOGIA E PRODU<;AO Assuntos de ciencia e tecnologia sac material jornalfstico cada vez mais frequente nos meios de comunica<;ao. A principal razao disso e a crescente aplica<;aode tecnologia, determinando mudan<;as,tais como desemprego e aumento de produtividade; desaparecimento de pro- fiss6es e surgimento de outras; inven<;ao de produtos de uso coti- diano; novos processos de produ<;ao e trabalho a que as pessoas devem adaptar-se; cria<;aode servi<;os; oferecimento de recursos tecnicos que alteram a qualidade de vida. Mas ha um segundo motivo, tambem relevante: 0 conflito en- tre 0 que a d~ncia vai revelando e os conhedmentos entrincheirados das pessoas - cren<;as que se incorporaram a va/ores religiosos em muitas culturas e que se veem assim contestadas diretamente. Eo caso, sem duvida, das pesquisas que tangenciam os fins ultimos e as causas primeiras: a sempre surpreendente Teoria da Evo/u<;ao de Darwin oposta ao criacionismo; a astronomia e a astroffsica opostas, desde Gali/eu, ao geocentrismo e as teses que atribuem ao homem 0 privilegio da inteligencia ou 0 parentesco exclusivo com a divindade. A tarefaJia rel?0r§g~'Il. e~~c:ializ_~(:I~~~l!:Lc:i~~nciCl.etecnologia e transformar conhecimento cientffic9::t~c:!1016gico em informa~ao •... , ,."".,..,.-,"."' .."; "'.,..-.•• ,, ..•-- -' ~'~.~-., -" , ,", -.,-,..,.."'-,., =._.,....''"_ ...,...,,--~.~""--- ..•• lO~alf~tjca.J~~;·~~"~pr~ende alguns objetivos espedficos: -, cia pode ser basicaou aplicada: a matematica e a ciencia basica por excelencia: mas tambem a ffsica nuclear; por exemplo, com rela~ao aos estudos de fissao e fusao em que ela se aplica; a qufmica, com rela~ao ao estudo qufmico aplicado aos poluentes da agua; a biolo- gia, com rela~ao a boi:anicae a zoologia. o conhecimento cientftico pressupoe grau de abstra~ao que e tao maior quanta mais basica for a investiga~aocientftica. De modo geral, 0 mecanismo da investiga~ao consiste na constru~ao de mo- de/os te6ricos para os fenomenos, os quais deverao ser comprova- dos por experimenta~ao. Modelos te6ricos sac configura~oes ou esquemas mentais que procuram 0 maximo de aproxima~ao com a realidade sem, no entanto, conhece-Ia total mente. Quando esse conhecimento ocorre, deixamos de ter um modele te6rico (em decorrencia, uma teoria) para ter um fato cientftico. Na pesquisa cientftica, ct2.~~~rya.)aoe oprirneiro passo. Daf a hip6tese que, sendo fruto da imagina~ao, da infcio ao trabalho cien- tftico. Hi~~ese~~~o atirma~oes a priorique precisam ser provadas; ~-"'-"----""'-~-'~-'-"~--'~,"" --- _._- ..... .-."." ,.,,-. -,-, _.- .•..,.,. .. "'.'. ", -'"'''',, co~:~~r:as_s~mcomprova~ao. Podem-se deduzir das hip6teses con- c1us6esgue serao veriticadas: ou entao induzir de fenomenos parti- C:;\Jlat~_s_l~isau prindpios geraisc!e.quas.e..Q!7duziraooutras conclus6es '-"". ·~t,,·,,~ a serem comprovadas. A experimenta¢o veritica a hip6tese. Ja teoria e mais do que hip6tese: e explica~ao consistente (nao contradit6ria) sobre a essen- cia de um fenorneno ou grupo de fenomenos. Uma teoria vale ate ser refutada por experimenta~ao ou abrangida por outra teoria mais convincente. A abstra~ao - 0 raciocfnio /6gico - condiciona 0 a) numa sociedade em que as pessoas tem forma¢o tecnico-pro- fissional especializada, informar a cada um desses especialistas 0~..:... ..,,- .-' -."-,'.- ~._--- que ern sendo produzido, pensado ou especulado em areas de conhecimento que nao aquelas do consumidor da informa~ao; b) I?:[Q1Ilovera substitui~ao de antigas.por novas.tecnoJogias, man- tendo 0 publico informado sobre os avan~ostecnico-cientfticos e orientando-o quanta a escolhas relacionadas com a utiliza~ao de servi~os, tais como assistenciamedica, acesso a informa~6es etc.; c) complementar e atualizar a forma~ao basica generalista das pes-_ .•..~-'"---,..,.~~~,.,,-,_.---.~..._ ..,. ,.•.,..•.".-..".". soas; d) indicar areas de interesse que poderao serap'~ofunda~r:~.e~lo -----. __ • -~ ... _.,,_ ..... ,., •... ,."~., •.... _., . .-.~ ..•..• - •.••.•....• .', .•. >~ .... , ... consu;:;;o-aEi;produtos culturais mais especfficos, como Iivros e cursos especializados; ~_[oIDecer insumos e modelos depensameDt2,p~~_~=~:xao~ais atualizada sobre grandes temas, como a vida, 0 universe ou 0 futuro. As ciencias (exatas, biol6gicas e da terra) procuram conhecer e compreender 0 mundo natural, estabelecendo suas leis.A tecnologia mobiliza esseconhecimento e compreensao para tins praticos. A cien- metodo dedutivo ou metodo teorico e a observa~ao condiciona 0 metodo indutivo ou empfrico. ~I1JI2!ds9Jeporta-se a uma aparencia do fenomeno, que e, em si, enganosa - quando, por exemplo, constatamos que o Sol parece girar em torno da Terra. 0 mais das vezes, a experi- menta~ao dispensa a observa~ao direta de um fenomeno. Por exemplo, ninguem ate hoje viu em microscopio os dais atomos de hidrogenio que se juntam a um chomo de oxigenio para formar a molecula de agua: mas a formula H 2 0 e fato, nao modelo, porque a qufmica analftica demonstra que ela so pode ser assim. Ja a Teoria Atomica e um modelo porque a estrutura das partfculas do atomo nao e completa e definitivamente conhecida. A ciencia trabalha com altos nfveisde abstra~ao. A tecnologia, ao aplicar conhecimentos da ciencia a uma escala de produ~ao, exige tambem alguma abstrac;ao,embora com vistas a uma praticidade. Ja a tecnica e essencialmente pratica. Areportagem de ciencia e tecnologia cump~~al~~E!~~":,,!~.~~?es basicas: informativa; educativa; social; cultural; economica: polftico-----~--""'~".~~.~-~~,..~."..' •._ ..-._~"'"'~ ... '"' . -,-.-,"" .. -., .. - .,_ .. ideologica. Ao informar, complementa e atualiza conhecimentos e, ~~~~'sentido, educa; ao transmitir conhecimento, atua sobre a socie- dade e a cultura. determinando escolhas economicas e, no fim, op- c;6es polftico-ideologicas. A pouca divulgac;aoda atividade cientffica brasileira, por exemplo, articula-se com uma representac;ao de atra- so que nem sempre corresponde a realidade do pafs. mas serve a objetivos polfticos e institucionais daros. As fontes da rE:p~rtcigE:!nciE:l1tffi~.E:teC:DgJ9gj§~.~Q£i~Qtistas-?_~O_" '~""""-""""-"""" .. " - , .' .' .. pesguisad.2~e:~!".9§S:j~Oc:igbasicaou apJjC<3,gC1,"~omoengenheiros, ffsi- ,',- ,.., ' ".,", -"--.-- c2,s,q0r11i~<:J,s~rl1atematicos,biologos e outros especialistasdas cien- ~~,E:2$Sl:§.~Lt>iQIQ&c:e~E:9ate~ra,0 material de pesquisa,disserta~6es (exigidas para a obten~ao do grau de mestre), teses (para os douto- rados) e papers (textos de circula~ao restrita sobre pesquisas recem- condufdas ou em andamento). Os objetivos do reporter e da fonte -'"'-'''''-'"''"''''' __ w''¥'_''' sao, quase sempre, distintos: enquanto 0 cientista ou pesquisadorse ~~~~~s~pelo desenvolvimento'de-pe'squ,sas;'rormando 0 conheci- mento cientffic(), aojorpalista interessatransformar esseconhecimen- to em material j()~n~IL~!iSg,~, o texto jornalfstico nao e nem pretende ser exato. A exatidao,) pelo contrario, e objetivo da pesquisa cientffica. Isso gera incom-l I preensao sistematica: (a) os reporteres consideram os cientistas ri-\ gorosos demais em materia de numeros, express6es e corpos de ideias; (b) os cientistas consideram os reporteres superficiais, desin- teressados pela exatidao e displicentes quanta a detalhes importan- tes do ponto de vista cientffico. o jornalismo procura grau distinto de precisao, determinado pela amplitude de seu publico,que e extenso e disperso. 0 texto jor- nalfstico traduz conhecimento cientffico em informac;ao jornalfstica cientffico-tecnologica, procurando tornar conteudos da ciencia com- preensfveis e atraentes. C1areza,simplicidade e compreensibilidade sao virtudes que se esperam dos jornais e que os fazem ser lidos mesmo por cientistas, que geralmente nada redamam quando nao se trata de assunto de sua especialidade. o texto - e 0 tratamento de imagens - jornalfstico pretende t~cJ~jtura (ig@gavel et@qsrnitir selJ<:ont~_G,£ge~<:2,r:r',,QrIlinimo de e§!onp de compreensao. Nem sempre isso e facil, mas e sempre '~-""",.-~-,~.,~,~,..,....•.~.~....~".,,..-' ..--. '.... _. -,- .-. ,. possivel; eventualmente, leva tempo. Um Iivro didatico da decada de 1940 ded icavamais de cem paginaspara expor 0modelo do ato- mo (Bohr), que hoje se expoe em pouco mais de uma pagina e de maneira infinitamente mais clara; e que se ampliou 0 grau de com- preensao do assunto. Os graus de precisao sac distintos, quando se consideram 0 pu- blico a que se destina 0 cientistae 0 publico a que se destina0 jornalis- ta. Isto ocorre porque as rela<;6esdos publicos com 0 acontecimento sac diferentes. Num exemplo objetivo: se sou medico e trato de um paciente, a informa<;aode que ele tem um cancer e pouco satisfat6ria; precise saber que tipo de tumor; onde se localiza equal seu esmgio de desenvolvimento. Se se trata de colega de trabalho que se afas- tou do servi<;opor doen<;a, a informa<;ao Neletem cancerNe. geral- mente,satisfat6ria. Em nenhum outre campo a compara¢o e mais relevante do que na informa¢o cientifica. Aqui, quando lidamos com unidades desco- nhecidas do publico (micron, ano-Iuz), grandezas fora da dimensao humana corrente (milh6es de toneladas, milionesimos de segundo). configura<;oes inexistentes no mundo aparente (cristaliza<;aode par- ticulas. buracos negros) ou leis que nao admitem exemplos, ou 0 pressuposto da existencia (a lei de Newton. segundo a qual um cor- po nao sujeito a qualquer for<;amantera seu estado de inercia ou movimento). a compara<;ao e 0 unico meio de apreensao parcial de uma realidade que se deseja transmitir: A i1ustra¢o com narrativashist6ricasou aned6ticas e a forma mais usual de humanizar a informa<;ao cientffica. Qiato de a descoberta da penicilina por Alexander Fleming ter ocorri~~"~~~"~~~~~"~i; '~ relevante doponto de vista cientffico, mas contribuiu b~stante para a rep,~~,::"~~~~~"c.c:~r:nte,jornalistica, da descoberta. Se Einstein gos- tava de jazze os Curie tiveram tal ou qual vida conjugal tambem nao significamnada para aTeoria da Relatividade e a experimenta¢o com o Momo, mas fazem parte da aura jornalistica desses campos de conhecimento. oJ!,Q~~rnental num texto de informa~ao jornalistica cientifica e fazer c~~preender ~.apr90iJilar 0 universe da ciencia do universe---" "~n:'~ue vive e pensa 0 consumidor'Cfa TnfQrma<;ao.Para isso recor- rem-se a associa<;oes, relacionamentos, descoberta de conexoes. Numeros adquirem muita for<;a, porque portam credibilidade, mas a exa~idao- ate a quarta ou enesima casadecimal- e pouco rele- vante. A base.gClJ()rrnu,I~,~?odo t~~9~Cl,,~Q1re,yi~ta: as perguntaS ) q~~ 0 j<;>rnalistafaz ao pesquisador e a PCl~i~n~~!Cldest~~~;~~~onde- / las1por estrq,nhasougesiqforrnadas gue par~~;,~~,i'desinforma<;ao t) n,a.o.".eap,enasdo rep6rter, e tambem do publico. Rep6rteres sac trei- !' ~a~os para nao ter vergonha de perguntar. . Muitos cientistas surpreendem-se com a curiosidade por infor- ma~oes ou dados de conhecimento geral em seu meio: teorias, as vezes velhas, de mais de um secula, resultados de pesquisas ampla- mente veiculadas em revistas cientfficas, conjeturas que se fazem ha decadas em salasde aula. Pode acontecer de issotudo ser novidade para 0 jornalista e para 0 publico. 0 novo e aquilo que 0 publico ain- da nao conhece; 0 inedito, aquilo que nao faz parte do acervo de informac;6es da imprensa. N~m todo trabalho cientffico see.resta a informa~QjQIwlis.tica. """'<"'~" :.;.,c",,",,,.f"~ ,_-0:',.:. T"H, _,' ',: ,.".'~~, :". ;_.,',-,-_:'C'" _,,_...._'_,.,,, '_', ..,.,;,-""p.:,,-,- ."':"""~'" ",' '<. -",," :·."'~<H·' ..,,~,",~"'t<I;."~,,,,,,,,,,,.,,.. ,,,,,,,,,,,..,. ..;v "",,".""i'~' criterio segundo 0 qual se organizam~RleO~jg,r:ne:?ee~s. Atualmen- te, 0 jornalismo cientffico centra-se em quatro areas de conteudo: a medicina, com enfase nas pesquisas sobre cancer; Aids, doenc;asda velhice e da primeira infancia, obesidade, epidemias e surtos (estao envolvid as,ai, a microbiologia, a fisiologia, a patologia, a endocrino- Iogia, imunologia, entre os campos mais estritamente cientfficos; a cardiologia, a geriatria, a pediatria etc. entre as especialidades medi- cas); a cosmologia (investigac;aodo universe: astronomia, astroffsica, tecnologias aeroespaciais etc.); biologia (principalmente ecologia e genetica, inclufda a engenharia genetica); e as teorias da informac;ao, inclufda a inteligencia artificial. o jornalismo que trata de tecnica nao e jornalismo cientffico, mas 1.------"-~"-,.~-""-_...""', .._ ... _"_., ....,, ... ,.. ,.,,., '-"'", ..._,,-,.. , ..""',, " , ''',.".,-,,'.,~.,,---. jornalismo de produc;ao - c0rTl<:>,p()re)(erT1p,lo,0 dos suplementos -'--'~"_'~_V'~"~"'_"" ;,.,"'0, ~_", "", .... ,', ... ,_,_, .•. , ~.,_ .• de informatica, do programa de teve Clabo Ruralou a revista que tem 0 mesmo nome: em ambos os casos (informatica e agricultura), o usuario das tecnicas nao e necessariamente um especialista e se orienta em grande parte pelos vefculos jornalfsticos. Os jornais de cooperativas agrfcolas, as revistas para microempresarios e, em ge- ral, os magazines de trabalho sac outros exemplos: seu conteudo sac informac;6es tecnicas e economicas ("como fazer", "como pro- duzir", "quanto investir", "qual a lucratividade") - a divulgac;ao-valori- za¢o de procedimentos e conhecimentos praticos que, incorporados aos processos de produc;ao, tem 0 objetivo de gerar mercadorias. .Q jornalismo de produc;ao difunde, no entantQAQllna¢.es.de ~~i~~SiCl:~!~S:Q()J~gla.Tomemo~~ do jornalismo rural, em que as fontes sac profissionais de ciencias agrarias (engenheiros agrono- mos, florestais, agrfcolas e de pesca, veterinarios etc.): ele pode vei- cular materia explicando um fenomeno genetico (cientffica) ou sobre inteligencia artificial aplicada a produc;ao automatizada de aves (tec- nol6gica). Ciencia e tecnologia sac forc;asprodutivas fundamentais no processo de produC;aoda economia capitalista. Dos cinco fatores de produc;ao listados por Joseph Schumpeter; os dois primeiros relacionam-se di- retamente com a tecnologia e nenhum dos outros deixa de ter rela- c;ao indireta com ela: • fabricac;aode bens ainda desconhecidos pelos consumidores; • utilizac;ao de novas tecnicas de produc;ao; • ampliaC;aodo mercado; • conquista de novas fontes de materias-primas; • constituic;ao de novas organizac;6es. Ha Iigac;aoconstante e necessaria entre jornalismo cientffico e jornalismo economico. A tecnologia e 0 conhecimento desenvolvi- do para materializar-se em produtos; "dominar a tecnologia" de um produto significaconhecer seu processo de produ<;ao. As unidades produtivas - estabelecimentos que geram mercadorias e servi<;os dos setores primario (~ropecuaria), secundario (industria) e terciario (come rcio , servi<;os)- sac formadas por dois tipos de capitais: for- <;ade trabalho e meios de produ<;ao (maquinas, equipamentos e insumos diversos consumidos no processo). A rela<;aoentre esses dois capitais chama-se composi<;aoorganica do capital e e geralmen- te representada em porcentagens conforme a destina<;ao:x% para o pagamento de salarios, y% para 0 pagamento dos meios de pro- du<;ao. Paraelevar a produtividade (rela<;aoentre a unidade de produ- <;aoeotempo necessario para produzir cada uma dessasunidades), emprega-se intensivamente a tecnologia, que se torna componente fundamental do processo produtivo, tendendo a substituir for<;ade trabalho - por exemplo, com a robotiza<;ao de Iinhas de monta- gem ou a informatiza<;aode oficinas graficas.Tecnologia existe sem- pre, no entanto, mesmo nao sofisticada:os procedimentos da pesca envolvem a tecnologia das redes ou dos anzois; das embarca<;6es movidas a vela; dos sistemasde orienta<;aonautica, desde 0 sextante ate a localiza<;aodos cardumes por satelites artificiais. A concorrencia entre unidades prod utivasobriga ao emprego de tecnologia; ela permite 0 acrescimo de produtividade, criando handicap positivo na concorrencia. Dispor de tecnologia mais eficaz significater condi<;6escompetitivas melhores. Essetipo de fenome- no (envolvendo tecnologia, trabalho e produto) e normal mente co- berto pelas editorias economicas. No entanto, estamos, ate agora, falando da economia real, isto e, daquela que se reporta a produ<;ao imediata de bens e servi<;osde que os homens se utilizam. Existem outras dimens6es da economia, que podem ser compreendidas a partir da Teoria da Utilidade Margi- nal, formulada por Karl Menger no ultimo quarto do seculo XIX. Segundo essa teoria, a,_Ql;J§:nti(:t?9<=.otirnade .um produtoe aquela q~~~atisfaz a necessi.cJadeultima do consumiggr . .:?~r1~~assim, a quesffio economica transfere-se, em grande parte, para a subjetivi- dade do indivfduo que consome, 0 que implica considerar suasex- pectativas e esperan<;as- em suma, bens simbolicos. A essa concep<;aocorresponde pressao contfnua para elevar 0 consumo, ampliando necessidades existentes e criando novas, com tecnicasde marketing. Mastambem 0 surgimento de uma economia virtual, baseada em especula<;aosobre 0 futuro e cuja dimensao e objeto de ampla discussao: ela chegou a ser calculada entre 10 e 50 vezes 0 volume global da economia real de bens e servi<;os. Apos a Segunda Guerra Mundial, abandonado 0 lastro em aura que antes limitava 0 volume de moeda, a inflac;aoem dolares - e a constante exporta<;ao de dolares pelos Estados Unidos, com sua balan<;ade pagamentos deficitaria - criou pelo mundo fortunas vir- tuais que ancoram em regi6es onde nao se pagam impostos, os pa- ralsos fiscais. A situac;aoe tal que mesmo axiomas da economia - como a tese de que as rela<;6eseconomicas determinam 0 universe polftico e nao 0 contrario - parecem rejeitadas na pratica. A riqueza passaa----,s_erae~r~r1~ementede~(;;tlI1i.ll_C3:gg._Il~()2~~asfa;zendase fabricas, pelos bancos e Com§E:jQo-JDas..pela.coDl:eot@~~S?~2~iDteligenciae poder. -_.. , .. '-.~~~-"'''''~"'"''''''---.~''''~'''''''"-''-''<'''''''''''''''''''''~.'' E '?Jo~n~lis~()~~1?,n().f~~!r'?9~~sa era da in(or:'!lCff~o. A area de cobertura da reportagem economica ampliou-se. Tra- dicionalmente, estava centrada nos setores oficiais de planejamento e economia, nos mercados de capitais e de commodities, nas enti- ( dades de empresarios. Apropriava-se ainda das informa~6es capa- zes de interferir no fluxo de mercadorias: cabia-Ihe interpretar, sob esse prisma, relatos de pirataria, guerra e eventos c1imaticos. Numa primeira expansao, a economia passou a interessar-se "'~'->'--' ~.• .' '. ,..-"', '." .., .,_....",." '_,'•.,-, '",..,',,~"',,',c>' , ..-- •. ,. ~"."'\lll'~"\'" tanto pela pesquisatecnol6gica quanta pelas rela~6esde trabalho- --......---'-.....-----.- .••.•.• ,., .. _ ,_. ",' .'.',.-, .__ _,,~-_ " " , ' n, ._. -._.'"-~~ ">" .•• -_ ,."'~ •...._.~ ..•~~~.",._<.._.. sobrepondo~se·e·substTtuina6 a antiga cobertura sindical; expandiu- se-~;~d~ para a area, antes·~stritamente publicitciria, dos neg6cios '--------....- •..•••-0.,," .•. _~"'_'".""'_.'" • .' ~."," •••"w..•_.." < _.,_ •. , •. ~C'" ""'_.'".".".- "".' .,', -", ""- ..""""'-"~'_""_.'''f'~''''--'''--''''' privados. Surgiu todo um setor de imprensa especializado em areas de produ<;ao- revistase jornais de trabalho. Dentre esses,aqueles voltados para atividades exercidas geralmente por nao especialistas, como a agropecuaria e os diferentes usos da informatica. finalmente, a reportagem economica ocupou-se tambem das ~'-"<.~- ideiase costumes,artes, espetcic:ulose esportes.°que vaicaraderita- ••• .. ..--." •••.•••••••••••••••• '_" ••.• ,.·"r< •."""""~<,"" '""'~,_."•• ,'.'."•••,.•_., ,~,;<~;E<"< ..",.cpn· ",..'.'.<1'.,·•. ,.;.-.-.',:.:,:" ,_'-.'.,' :,-.~"O.-'J,"".-.,_'""' ••. ,•.•w ••..,'_"." la, entao, ja nao e mais0 tema, mas 0'enfoque, voltado para as pos- "'i·',.-''';;'''-''-'''''''.'·''"·,··,'''·· ..''' ••••.'''-.:··,,.,.'O-O;'.--,·,"'~ ••.~,,· .. '••••.,.....·'••... ~, .,;,>,. ,-- ······"''''.';·.',~II'l!"..",:)'It.'' ' •• 0''''".,.,'c"''''',.~,''': ..;.,.:t sipIli~acIesde aprop~ia<;a9~Jl,J"S~9,:, tradas pelo professor doutor Helio Ademar Schuch, em disciplinas da Universidade Federalde SantaCatarina (SCHUCH, 1996); delas reproduzi varios trechos. Sobre jornalismo Cientffico, recomenda- se CALVO HERNANDO, 1997. A cita<;aode Carlos Castello Bran- co e de CASTELLO BRANCO, 1978, p. 69-70; pode-se ler aindaa revista Pauta Gera/, vol. 3. nO3, dedicada ao tema. Sobre reporta- gem economica, entre outros, QUINTAO, 1987, e KUCINSKI, 1996. Os segmentos "Notfcia e informa~ao jornalfstica" e "Ciencia, tec- nologia e produ~ao" foram parcialmente baseados em aulas minis-
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