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direito civil parte geral 02

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AN02FREV001 
 28 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DIREITO CIVIL – PARTE GERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001 
 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DIREITO CIVIL (PARTE GERAL) 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou 
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do 
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências 
Bibliográficas. 
 
 
 
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MÓDULO II 
 
 
2 DIREITO CIVIL E AS PESSOAS 
 
 
2.1 EVOLUÇÃO DO DIREITO CIVIL 
 
 
Na era medieval o Direito Civil identificou-se com o direito romano, 
contido no corpus juris. O termo Direito Civil significava, para os romanos, o 
direito do cidadão, ou seja, o termo utilizava-se de forma a designar todo o 
direito dirigido aos cidadãos de Roma, fosse público ou privado. O nosso 
sistema jurídico é de raiz romana, ainda que com influências germânicas e com 
grandes inovações introduzidas a partir dos princípios do século XIX. 
Na idade média os intérpretes da lei começaram a estudar e adaptar ao 
seu tempo o Direito Civil, utilizando-se dos institutos romanos para regular as 
relações privadas. A partir daí é que o termo Direito Civil vai circunscrevendo o 
seu âmbito ao direito privado. Com o tempo e a evolução das letras jurídicas, o 
direito foi se especializando e sendo dividido em ramos. Foi, então, que o termo 
Direito Civil passou a designar ramo do Direito Privado. 
Sendo assim, o Direito Civil passou a ser um dos ramos do direito 
privado, o mais importante por ter sido a primeira regulamentação das relações 
entre particulares. A partir do século XX toma um sentido mais estrito para 
designar as instituições disciplinadas no Código Civil. 
 
 
2.1.1 Objeto e Regulamentação 
 
 
O Direito Civil tem por objeto o estudo e a regulamentação dos direitos 
 
 
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e obrigações de ordem privada concernentes às pessoas, aos bens e às suas 
relações. Os principais diplomas legais brasileiros que regulamentam matérias 
pertinentes ao Direito Civil são a Constituição Federal de 1988; o Código Civil 
de 1916, que foi revogado pelo CC de 2002; a Lei 8.069/90 – ECA; a Lei 
8.245/91 – Locação, a Lei 9.610/98 – Direito do Autor e a Lei 4.904/64 – 
Estatuto da Terra. 
 
 
2.2.2 A Constitucionalização do Direito Civil 
 
 
A Constituição Federal colaborou muito para a evolução do Direito 
Civil, fazendo uma completa releitura de seus velhos institutos, para colocá-los 
de acordo com o princípio da dignidade da pessoa humana. Nossa 
Constituição Federal trata de matérias pertinentes ao Direito Civil em diversos 
dispositivos, destacando-se especialmente as constantes no art. 5°, como por 
exemplo, a igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações, 
gratuidade para registro civil de nascimento e da certidão de óbito, a proteção à 
família, à criança, ao idoso, etc. Sendo assim, a CF serviu de tábua dos valores 
sociais mais relevantes, para orientar o Direito Civil. 
Foram tantas as modificações sociais ocorridas nas últimas décadas 
que após a CF, por exemplo, um novo Direito de Família surgiu, regulando as 
relações jurídicas em virtude do casamento, da união estável, etc. Tudo isso 
nos mostra que o Direito Civil foi efetivamente transformado pela normativa 
constitucional. 
 
 
2.2.3 Princípios Basilares do Direito Civil 
 
 
Os princípios basilares que norteiam todo o conteúdo do Direito Civil 
são: 
 
 
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 Da personalidade, ao aceitar a ideia de que todo ser humano é sujeito 
de direitos e obrigações, pelo simples fato de ser homem; 
 Da autonomia da vontade, pelo reconhecimento de que a capacidade 
jurídica da pessoa humana lhe confere o poder de praticar ou abster-se 
de certos atos conforme sua vontade; 
 Da liberdade de estipulação negocial, devido à permissão de outorgar 
direitos e de aceitar deveres, nos limites legais, dando origem aos 
negócios jurídicos; 
 Da propriedade individual, pela ideia de que o homem pelo seu trabalho 
pode exteriorizar a sua personalidade em bens móveis ou imóveis que 
passam a construir patrimônio; 
 Da intangibilidade familiar, ao reconhecer a família como uma expressão 
imediata de seu ser pessoal; 
 Da legitimidade da herança e do direito de atestar, pela aceitação de 
que entre os poderes que as pessoas têm sobre seus bens, incluindo o 
poder de transmiti-los total ou parcial a seus herdeiros; 
 Da solidariedade social, ante a função social da propriedade e dos 
negócios jurídicos, a fim de conciliar as exigências da coletividade com 
os interesses particulares. 
 
 
2.2.4 Direito Civil 
 
 
Podemos definir o Direito Civil como o ramo do direito que visa, hoje, 
regular as relações privadas, nas quais prevalece o interesse dos particulares. 
Assim, o Direito Civil é o ramo do direito privado que estuda, disciplina e 
regulamenta as relações de natureza privada referente às pessoas, aos bens e 
às demais questões, matérias e convivência jurídicas de essência civil. 
Segundo Clóvis Beviláqua, o Direito Civil é 
 
 
 
 
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O complexo de normas jurídicas relativas às pessoas na sua 
constituição geral e comum (direitos da personalidade), nas suas 
relações recíprocas de família (direito de família) e em face dos bens 
considerados em seu valor de uso (direito das coisas e das 
obrigações). (BEVILÁQUA, 2010). 
 
 
O Direito Civil regula as relações jurídicas entre particulares, sendo 
diferente do Direito Processual Civil, que é o ramo do Direito Público que rege 
o processo pelo qual se reivindica judicialmente uma pretensão. Concluímos, 
então, que o Direito Civil estabelece que o credor tem direito de receber o que 
lhe é devido pelo devedor. Mas e se o devedor não pagar, o credor recorrerá 
ao Direito Processual Civil, para se inteirar do processo que deverá seguir, a 
fim de forçar o devedor a saldar a dívida. 
O Direito Civil é comum a todas as pessoas, por disciplinar o seu modo 
de ser e de agir, sem quaisquer referências às condições sociais ou culturais. 
Rege as relações mais simples do cotidiano. Destinado a gerir relações 
familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos 
encarados como tais, ou seja, enquanto membros da sociedade. 
Iremos analisar a parte geral do Direito Civil, que com base nos 
elementos do direito subjetivo apresenta normas concernentes às pessoas, aos 
bens, aos fatos jurídicos, atos e negócios jurídicos, desenvolvendo a teoria das 
nulidades e princípios reguladores da prescrição e decadência. 
 
 
2.2 DAS PESSOAS 
 
 
Quando analisamos o direito subjetivo vimos que os homens têm a 
autorização de usar a faculdade de fazer ou deixar de fazer alguma coisa, de 
acordo com a lei. Portanto, essa titularidade confere ao homem em sociedade 
o atributo do exercício de direitos, pois não podemos compreender a existência 
do direito sem um titular que o exercite. E quem exercita direitos se chama 
“pessoa”, que é o sujeito de direito. 
 
 
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Sujeito de direito é aquele que é sujeito de um dever jurídico, de uma 
pretensão ou titularidade, sendo este o poder de fazer valer, por meio de uma 
ação, o não cumprimento
do dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na 
produção da decisão judicial. Pessoa é o ente individualizado, dotado de 
capacidade que pode ser exercida por si só ou mediante representação ou por 
meio de assistência, tudo possibilitando ao ente adquirir ou contrair obrigações. 
Para ser pessoa basta que o homem exista, e para ser capaz, o ser 
humano precisa preencher os requisitos necessários para agir por si só, como 
sujeito ativo ou passivo de uma relação jurídica. 
 
 
2.3 ESPÉCIES DE PESSOAS 
 
 
As pessoas podem ser titulares de direitos e passíveis de deveres, 
dividindo-se em duas espécies básicas: 
 Pessoa Natural 
 Pessoa Jurídica 
 
Pessoa, portanto, é todo o ser humano, na sua individualidade (pessoa 
física ou natural) ou considerado coletivamente para o cumprimento de fins 
comuns (pessoa jurídica ou moral). 
 
 
2.3.1 Pessoa Natural 
 
 
Pessoa natural é o próprio ser humano dotado de capacidade. Ou seja, 
o ser humano, criatura que provenha da mulher. De acordo com o CC, pessoa 
natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. 
Pessoa natural designa o ser humano tal como ele é. Importante lembrar que a 
expressão “pessoa natural” é substituída pela expressão “pessoa física”, como 
 
 
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ocorre na legislação aplicável ao imposto de renda, onde a pessoa, mesmo 
natural, é chamada de contribuinte. 
A existência da pessoa física começa com o nascimento com vida e 
termina com a morte natural ou presumida. Morte presumida é o caso dos 
declarados ausentes. Somente produz efeitos patrimoniais, permitindo a 
abertura da sucessão definitiva. A ausência é um instrumento jurídico pelo qual 
são protegidos os interesses daquele que se afastou de seu domicílio, sem 
deixar procurador ou representante e do qual não há notícias. O ausente não é 
declarado morto, nem sua mulher é viúva, pois o vínculo matrimonial termina 
pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio. 
 
 
2.3.2 Pessoa Jurídica 
 
 
Pessoas jurídicas são agrupamentos de homens ligados por interesses 
e fins comuns. Ou seja, no sentido jurídico, pessoa é a entidade titular de 
direitos e obrigações. É conhecida como pessoa moral, civil. Pode ser 
considerada como entidade constituída de homens e bens, ou só de bens 
(como a fundação), com vida, direito. Obrigações e patrimônios próprios. 
Pessoa quase jurídica é núcleo unitário de interesse, não 
personificado, ou seja, sem personalidade jurídica própria, como por exemplo, 
a massa falida, o espólio, a sociedade irregular ou de fato (sem registro), etc. A 
lei atribui a estes qualidades para estar em juízo, ativa e passivamente, sendo 
representados pela pessoa a quem couber a administração de seus bens. 
A pessoa jurídica poderá ser nacional ou estrangeira. A sociedade 
nacional é organizada conforme a lei brasileira e tem no país a sede de sua 
administração, conforme o art. 1126 do CC. Já a sociedade estrangeira, 
qualquer que seja seu objeto, não poderá, sem autorização do Poder 
Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados, 
ressalvados os casos previstos em lei. Se autorizada a funcionar no Brasil 
sujeitar-se-á às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos aqui praticados, 
 
 
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deverá ter representante no Brasil e poderá nacionalizar-se, transferindo sua 
sede para o Brasil, conforme o art. 1134 do CC. 
As pessoas jurídicas podem ser de direito privado, de direito público 
interno e externo. Conforme o art. 40 do CC, as pessoas jurídicas de direito 
público podem ser interno ou externo. As pessoas de direito público interno, 
segundo o art. 41, são: 
 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada 
pela Lei nº 11.107/05. 
V - as demais entidades de caráter público são criadas por lei. (CC, 
art. 41). 
 
 
As de direito público externo ou internacional são os Estados 
estrangeiros e outras pessoas internacionais, segundo o art. 42 do CC. São 
pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as 
pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Já as pessoas 
jurídicas de direito privado, conforme o art. 44 do CC, são: 
 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas (Incluído pela Lei nº 10.825, de 
22.12.2003) 
V - os partidos políticos (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
(CC, art. 44). 
 
As pessoas jurídicas de direito privado têm sua existência e 
funcionamento regulados por leis próprias. Começam com o registro público 
competente. Tais pessoas são representadas por seus titulares (sócios, 
gerentes, diretores). Sua existência termina pelo advento do prazo, quando 
previsto, ou pela dissolução judicial ou extrajudicial. 
 
 
 
 
 
 
 
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2.4 PERSONALIDADE 
 
 
Segundo o art. 2° do CC, a personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do 
nascituro. Personalidade é o conceito básico da ordem jurídica, que a estende 
a todos os homens, consagrando-a na legislação civil e nos direitos 
constitucionais de vida, liberdade e igualdade. Assim, a personalidade das 
pessoas naturais ou físicas começa no momento em que nascem com vida. 
Permanece por toda a existência da pessoa, que só a perde com a morte. 
O direito brasileiro protege o nascituro, que é o filho concebido mas 
que ainda não nasceu. Seus interesses estão preservados em lei. Assim, 
nascituro é o ser humano já gerado, mas ainda está por nascer, ou seja, é o 
feto com possibilidade de nascer com vida e tornar-se uma pessoa natural. 
Então, todo ser humano é pessoa, do momento em que nasce até o momento 
em que morre. Como vimos, a personalidade é automática, bastando o 
nascimento com vida 
 
 
2.5 DIREITOS DE PERSONALIDADE 
 
 
Os direitos de personalidade, direitos estes que são imprescindíveis 
para o desenvolvimento da personalidade, estão previstos nos artigos 11 a 21 
do Código Civil. Portanto, são direitos comuns da existência, porque são 
simples permissões dadas pela norma jurídica, a cada pessoa, de defender um 
bem que a natureza lhe deu. Então, ao nascer com vida, surgem direitos típicos 
de personalidade e que são fundamentais, tais como: os direitos à vida, à 
saúde, ao nome, à liberdade, à imagem, à integridade física, à integridade 
moral, à educação, à justiça, etc. 
Como exemplo, os artigos 11 e 13 do Código Civil tratam de algumas 
espécies de Direito da Personalidade: “Art. 11 - Com exceção dos casos 
 
 
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previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e 
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. Então, 
o artigo 11 nega a possibilidade de limitação voluntária do Direito da 
personalidade. Já o art. 13 diz que, “salvo por exigência médica, é defeso o ato 
de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da 
integridade física, ou contrariar os bons costumes”. 
Tal artigo proíbe a disposição do próprio corpo, salvo em caso de 
exigência médica ou no caso de doação de órgãos e tecidos post mortem. Em 
princípio, a pessoa pode dispor livremente de seu corpo, em vida. No entanto, 
se a disposição do próprio corpo em vida implicar diminuição permanente da 
integridade física ou contrariar os bons costumes, somente será autorizada 
mediante exigência médica. Por exemplo, o caso dos transplantes, conforme 
estabelecido em lei especial. 
Agora, a pessoa
pode dispor livremente de seu corpo, para depois da 
morte, no todo ou em parte, desde que, o faça gratuitamente. Somente em fins 
do Século XX se pôde construir a dogmática dos direitos da personalidade. O 
reconhecimento dos direitos da personalidade é muito importante, sua ofensa 
constitui elemento caracterizador de dano moral e patrimonial indenizável, o 
que provocou uma revolução na proteção jurídica pelo desenvolvimento de 
ações de responsabilidade civil e criminal. Assim, o direito objetivo autoriza a 
pessoa a defender sua personalidade. 
Os direitos de personalidade poderão ser objeto de contrato, por 
exemplo, o de concessão ou licença para uso de imagem ou de marca. Pessoa 
famosa poderá explorar sua imagem na promoção de venda de produtos, 
mediante pagamento de uma remuneração. A personalidade é vitalícia, em 
regra, termina com o óbito de seu titular. Mas, certos direitos sobrevivem, pois 
sua honra, sua imagem e seu direito moral de autor são resguardados, 
conforme o art. 12 do CC. 
Apesar da grande importância dos direitos da personalidade, o Código 
Civil, mesmo tendo dedicado a eles um capítulo, pouco desenvolveu sobre 
tema tão relevante. É fácil de perceber que se protege não só a integridade 
física, ou melhor, os direitos sobre o próprio corpo vivo ou morto, conforme o 
 
 
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art. 15, como também o direito à privacidade (art. 21). Há certos aspectos da 
vida da pessoa que precisam ser preservados de intromissões indevidas, 
mesmo que se trate de pessoa notória, referente à vida familiar, à 
correspondência, etc. Como se vê, destinam-se os direitos da personalidade a 
resguardar a dignidade humana, mediante sanções. 
 
 
2.6 CAPACIDADE E INCAPACIDADE 
 
 
Capacidade é a aptidão que a pessoa tem de exercer direitos e contrair 
obrigações, ou seja, maior ou menor extensão da possibilidade de a pessoa 
exercer pessoalmente ou não os atos da vida civil. Somente mediante a 
representação ou a assistência é que poderão os incapazes exercer seus 
direitos ou realizar atos de seu interesse. 
A capacidade pode ser de direito ou de fato. Capacidade de direito, 
toda pessoa possui. Já a capacidade de fato, nem todas. Portanto, capacidade 
de fato é a aptidão reconhecida à pessoa para exercitar os seus direitos ou 
deveres, ou seja, é a possibilidade do exercício de todos ou de certos atos da 
vida jurídica e de por eles ser responsável. 
A capacidade civil cessa quando uma pessoa morre, mas seus direitos 
se transmitem aos herdeiros. Há direitos, como por exemplo, à imagem, 
referentes ao próprio falecido, mas que podem, no entanto, ser pleiteados 
pelos herdeiros. Já a incapacidade é a restrição legal ao exercício de atos da 
vida civil, ou seja, falta capacidade de fato. Conforme o art. 3°: 
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua 
vontade. (CC, art. 3°). 
 
Assim, a incapacidade jurídica pode ser absoluta ou relativa. Quando 
for absoluta, a pessoa não pode praticar atos da vida civil, mas não deixa de ter 
 
 
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direitos, ou seja, será absoluta quando houver proibição total do exercício do 
direito pelo incapaz. Logo, os absolutamente incapazes têm direito, porém não 
poderão exercê-los direta ou pessoalmente, devendo ser representados, 
nesses casos, por seus pais, tutores ou curadores, que praticam o ato jurídico 
em nome do incapaz, pois não têm capacidade de fato, somente de direito. 
Por exemplo, os menores de 16 anos, devido à idade, não atingiram o 
discernimento para distinguir o que podem ou não fazer, o que lhes é 
conveniente ou prejudicial. Dado seu desenvolvimento mental incompleto 
carecem de orientação, sendo facilmente influenciáveis por outrem. Segundo o 
art. 4°: 
São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os 
exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos. (CC, art. 4°). 
 
 
Já, quando for relativa, a pessoa pode praticar determinados atos, 
devendo ser assistida por seus responsáveis, que se colocam ao lado do 
menor, auxiliando-o na prática do ato jurídico. Portanto, a incapacidade relativa 
diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da vida civil, desde que 
assistidos por quem de direito positivo encarregado deste ofício, em razão de 
parentesco, de relação de ordem civil ou de designação judicial. 
Como exemplo, temos os maiores de 16 e menores de 18 anos, sua 
pouca experiência e insuficiente desenvolvimento intelectual não possibilitam 
sua plena participação na vida civil, de modo que os atos jurídicos que 
praticarem só serão reputados válidos se assistidos pelo seu representante. A 
capacidade jurídica diferencia da capacidade de fato. A primeira toda pessoa 
tem, desde que nasce até a morte, já a segunda só a tem os plenamente 
capazes, ou seja, os maiores de idade, desde que não estejam interditos. 
O interdito perde o seu direito de própria atuação na vida jurídica, visto 
que a interdição é a desconstituição, total ou parcial, da capacidade em virtude 
de sentença judicial. Interdição é o ato judicial que declara a incapacidade real 
e efetiva de determinada pessoa maior, para a prática de certos atos da vida 
 
 
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civil, na regência de si mesma e de seus bens, privada de discernimento. O 
processo de interdição inicia-se pelos pais, tutor, cônjuge, qualquer parente ou 
ainda pelo Ministério Público. A interdição é uma medida de proteção 
consistente em declarar, pelo Poder Judiciário, que em determinada pessoa 
não se verifica o pressuposto da plena capacidade para prover seus próprios 
negócios, falha que a inibe da prática de atos da vida civil. 
 
 
2.7 CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE E A EMANCIPAÇÃO 
 
 
Como vimos, adquire-se plena capacidade jurídica aos 18 anos 
completos, quando termina a menoridade e o indivíduo se torna apto para 
todos os atos da vida civil. 
 
 
2.7.1 Cessação 
 
 
Segundo o art. 5°, 
 
A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa 
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, 
mediante instrumento público, independentemente de homologação 
judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 
dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de 
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 
dezesseis anos completos tenha economia própria. (CC, art. 5º). 
 
Sendo assim, hoje, coincidem as idades em que cessam a menoridade 
civil e a penal. Assim, a incapacidade termina, em regra, ao desaparecerem as 
causas que a determinaram. Por exemplo, no caso da loucura, cessando a 
 
 
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enfermidade que a determinou. 
 
 
2.7.2 Emancipação 
 
 
Aos 18 anos cessa a menoridade, mas a capacidade civil pode ser 
adquirida, antes, por meio da emancipação, conforme os incisos I, II, III, IV, V 
do CC. Essa emancipação é irrevogável e definitiva. Ou seja, não retorna à 
incapacidade civil quem se emancipou pelo exercício
do comércio e depois 
faliu, nem o que se casou e depois ficou viúvo ou se divorciou, nem no caso de 
casamento putativo anulado, se estava de boa-fé. Portanto, com a 
emancipação, fica apta a exercer pessoalmente todos os atos civis antes de 
completar 18 anos. 
 
 
2.7.3 Individualização da Pessoa Natural 
 
 
A identificação da pessoa se dá pelo nome, que a individualiza pelo 
estado, que define a sua posição na sociedade política e na família, como 
indivíduo e pelo domicílio, que é o lugar de sua atividade social. Segundo o art. 
16 do CC, “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e 
o sobrenome”. É um direito da personalidade, essencial para o exercício 
regular dos direitos e do cumprimento das obrigações. 
Em regra, dois são os elementos constitutivos do nome, o prenome 
(que é próprio da pessoa) e o sobrenome (comum a todos os que pertencem a 
certa família). O prenome pode ser livremente escolhido, desde que não 
exponha o portador ao ridículo. O sobrenome é o sinal que identifica a 
procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe. A lei e a 
jurisprudência têm permitido alterações no nome em casos tais como: erro 
gráfico evidente, nomes ridículos, exóticos ou ofensivos. Mas pode ser alterado 
 
 
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em razão do casamento, da adoção, no divórcio, na separação judicial, etc. 
 
 
2.8 DAS ASSOCIAÇÕES, FUNDAÇÕES E DO DOMICÍLIO 
 
 
2.8.1 Associações 
 
 
Associação é uma reunião de pessoas que se organizam para fins não 
econômicos, inexistindo entre os associados direitos e obrigações recíprocas. 
Ou seja, a associação é uma modalidade de agrupamento, dotada de 
personalidade jurídica, sendo pessoa jurídica de direito privado, voltada à 
realização de finalidades culturais, sociais, religiosas, recreativas, esportiva, 
etc. 
Deverá ter um estatuto, que contenha obrigatoriamente a denominação 
da associação, os fins, a sede, os requisitos para admissão, demissão e 
exclusão de associados, os direitos e deveres, etc., conforme o art. 54 do CC. 
Em uma associação as pessoas se reúnem para uma finalidade que não é 
econômica, por exemplo, APAE, hospícios, orfanatos, etc. 
 
 
2.8.2 Fundações 
 
 
Fundação é um patrimônio personalizado e afetado por seu instituidor a 
determinada finalidade, que somente pode ser, segundo o direito brasileiro, 
religioso, moral, cultural ou de assistência. As fundações privadas são 
fiscalizadas pelo MP, onde situadas. Se funcionarem no Distrito Federal, 
caberá o encargo ao MP Federal, se atuarem em mais de um Estado da 
federação, caberá o encargo em cada um deles, ao respectivo MP. Sendo 
assim, o Ministério Público é a autoridade competente para zelar pela 
 
 
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constituição e funcionamento das fundações. Será chamado a opinar em 
qualquer ação que as envolva. 
Os bens das fundações são inalienáveis e impenhoráveis. Somente em 
casos especiais poderão ser vendidos, doados, trocados, hipotecados etc. 
Assim mesmo, com autorização judicial, ouvido o MP. As fundações 
particulares nascem a partir de um patrimônio, por exemplo, Xuxa separou uma 
parte de seu patrimônio, que foi atribuído para o surgimento da fundação Xuxa 
Meneghel. A fundação particular é uma dotação patrimonial para uma 
finalidade filantrópica. 
 
 
2.8.3 Do Domicílio 
 
 
Domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente 
para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e 
negócios jurídicos. 
 
 
2.8.4 Domicilio da Pessoa Natural 
 
 
Segundo o art. 70 do Código Civil, “o domicílio da pessoa natural é o 
lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”. Então, 
caracteriza o domicílio da pessoa natural dizendo ser ele o lugar onde ela 
estabelece a sua residência com ânimo definitivo, ou seja, o centro de suas 
ocupações habituais, o ponto central de seus negócios. Ou ainda, domicílio é o 
lugar em que o homem atua na vida jurídica, pois o homem vivendo em 
sociedade, mantendo relações jurídicas com outros é necessário que um lugar 
haja onde possa ele oficialmente ser encontrado, para responder pelas 
obrigações que assumiu. 
A legislação civil admite, em seu art. 71, a pluralidade de domicílio. Se 
 
 
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a pessoa natural tiver residência diversa onde alternadamente viva, qualquer 
uma delas é considerada seu domicílio. No tocante às relações profissionais, 
considera-se domicílio o lugar onde a pessoa natural exerça sua profissão e se 
esta for exercida em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para 
as relações profissionais correspondentes. Se a pessoa natural não tiver 
residência, fica sendo domicílio o lugar onde for encontrada. Portanto, todos os 
sujeitos de direito devem ter, por livre escolha, ou por determinação da lei, um 
lugar, no espaço, de onde se irradie sua atividade jurídica. 
 
 
2.8.5 Domicilio da Pessoa Jurídica 
 
 
A pessoa jurídica tem seu domicilio, que é sua sede jurídica, onde os 
credores podem demandar o cumprimento das obrigações Como não tem 
residência, é o local de suas atividades habituais, de seu governo, direção ou 
administração. Quanto às pessoas jurídicas o Código Civil preceitua o seguinte: 
 
I – o domicílio da União é o Distrito Federal; 
II – o dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III – o dos Municípios, o lugar onde funciona a administração 
municipal; 
IV – o das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as 
respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio 
especial no seu estatuto ou ato constitutivo. (CC, art. 35). 
 
O conceito de domicílio se distingue do de residência. Este representa 
uma relação de fato entre uma pessoa e um lugar, envolvendo a ideia de 
habitação, enquanto o de domicílio compreende o de residência, acrescido do 
ânimo de fazer o centro de sua atividade jurídica. Assim, domicílio é a sede 
jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito. É o 
lugar onde a pessoa estabelece a sua residência. A residência é, portanto, um 
elemento do conceito de domicílio. 
O domicílio da pessoa que não tem residência habitual, ou empregue 
sua vida em viagem, sem ponto central de negócios é o lugar em que for 
 
 
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encontrada. E a mudança de domicílio ocorre quando a pessoa natural altera 
sua residência, com a intenção de transferir o seu centro habitual de atividades. 
Assim, os funcionários públicos reputam-se domiciliados onde exercerem, em 
caráter permanente, suas funções. O militar em serviço é o lugar em que servir. 
Os incapazes, ainda que só relativamente, têm por domicílio o de seus 
representantes. O preso no lugar onde cumpre a sentença, etc. Com relação 
aos critérios que o Código de Processo Civil estabelece para fixar a 
competência territorial do foro, isto é, onde deve ser proposta a ação, está o 
lugar do domicílio das partes da demanda, para a sua maior comodidade. 
 
 
2.8.6 Responsabilidade Civil e Extinção da Pessoa Jurídica 
 
 
A pessoa jurídica de direito privado, tenha ou não fins lucrativos, 
responde civilmente pelos atos de seus prepostos, conforme o art. 1522 do CC. 
A responsabilidade da pessoa jurídica de direito público é objetiva, mas na 
modalidade do risco administrativo, o mesmo para as prestadoras de serviço 
público. Nesta modalidade a vítima não tem mais o ônus de provar a culpa ou 
dolo do funcionário, mas admite-se a inversão do ônus da prova e o Estado se 
exonera da obrigação de indenizar se provar culpa exclusiva da vítima, caso 
fortuito ou força maior. 
Em caso de culpa concorrente
da vítima, a indenização será reduzida 
pela metade. Com relação à extinção, pode ser: 
 Convencional, ou seja, por deliberação de seus membros; 
 Legal - em razão de motivos determinados em lei, 
 Administrativa - quando as pessoas jurídicas dependem de aprovação 
ou autorização do Poder Público e praticam atos nocivos ou contrários 
aos seus fins; 
 Natural - resulta de morte de seus membros, se não ficou estabelecido 
que prosseguirá com seus herdeiros; 
 Judicial - quando se configura algum dos casos de dissolução previstos 
 
 
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em lei ou no estatuto e a sociedade continua a existir, obrigando um dos 
sócios a ingressar em juízo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
----------------------FIM DO MÓDULO II---------------------

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