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Direito Público e Direito Privado O Vocábulo DIREITO Para iniciarmos nossos estudos devemos pensar nos diferentes significados e uso da palavra direito. O termo direito designa diferentes realidades, vários sentidos e idéias. Podemos pensar naquilo que é correto, na qualidade de justo, e dentre tantos outros significados também, é claro, que ele pode designar a Lei, ou o conjunto de regras. Vamos em nossa disciplina, inicialmente, considerar o Direito como um facilitador e disciplinador da vida em sociedade, funcionando como elemento solucionador de conflitos. E desde quando existe o direito? O Direito visto como instrumento natural de limitação de conduta, sem estrutura formal, foi praticado por meio de instinto, desde o homem das cavernas. Nasceu com a civilização, por isso sempre encontraremos o Direito, ainda que rudimentar. A sua história é a história da humanidade. Como afirmavam os romanos, maiores juristas da antigüidade: “Ubi societas, ibi jus” “Onde houver sociedade, aí haverá o Direito”. O HOMEM NA SOCIEDADE O convívio é algo obrigatório, necessariamente precisamos da companhia uns dos outros, por isso formamos agrupamentos sociais em família, escola, empresa, etc. Os homens estão constantemente buscando suas necessidades e prazeres, e travando contatos com os demais, e também negociando valores, ideais e objetivos. A sociedade é, portanto, composta de pessoas diferentes que precisam conviver de uma forma harmônica para que esta mesma sociedade evolua e sobreviva da forma mais equilibrada possível, permitindo ainda a valoração individual de seus integrantes e também o crescimento ordenado desta coletividade. MORAL E DIREITO Nosso raciocínio é, então, conduzido a uma conclusão clara e objetiva: a vida social só é possível, uma vez presentes as regras determinadas para o procedimento dos homens, capazes também de administrar conflitos. Estas regras têm base ética e podemos entendê-las como regras que surgem, emanam, da Moral e do Direito. Portanto, tanto as chamadas regras Morais quanto as chamadas regras de Direito ditam condutas, procuram determinar como deve ser o comportamento de cada um. Ambos possuem um determinado campo comum, uma postura ou atitude pode respeitar ou desrespeitar uma regra moral e uma regra jurídica ao mesmo tempo. Por exemplo, espancar o próximo e roubá-lo. No entanto, notadamente o campo de atuação da Moral é muito mais abrangente. Nem todos os preceitos morais carecem de estar explicitados em regras jurídicas. Tomemos como exemplo, as regras morais das mais diversas religiões. Devemos ainda considerar que certas atitudes interessam somente ao campo do Direito, sendo indiferente o procedimento à Moral. Por exemplo, as formalidades envolvidas na elaboração de contratos. Enquanto que algumas atitudes para o Direito são indiferentes, para a Moral, elas são preocupantes. Por exemplo, o decoro das vestimentas em determinada época e em determinados locais. Concluímos que embora o Direito e a Moral tenham um fundamento comum, possuem características próprias que os distinguem. Se inter-relacionam, ao considerarmos que a Moral pressupõe uma fonte do próprio Direito, e uma vez que o que é considerado Moral em uma sociedade também reflete seu pensamento socioeconômico-cultural. DIFERENÇA ENTRE MORAL E DIREITO Pensemos novamente na conclusão a que chegamos algumas linhas atrás: A vida social só é possível, uma vez presentes as regras determinadas para o procedimento dos homens, capazes também de administrar conflitos. Ou seja, é em relação à efetividade, e eficácia em determinar o comportamento e prever soluções para os possíveis conflitos advindos dos diferentes interesses, ou quebra de conduta que a principal diferença entre Moral e Direito se demonstra. Em outras palavras, em função desta diferença fundamental, dentre outras, é que a obrigatoriedade de certos comportamentos é alcançada, e a conseqüência da quebra destes mesmos comportamentos também é administrada. Qual é então a maior diferença entre direito e moral? É a existência da punição pelo erro cometido, denominada de SANÇÃO. FUNÇÃO DO DIREITO Decorre deste aspecto a constatação de que, se considerarmos o convívio em sociedade, somente a norma jurídica é eficaz para determinar o comportamento do indivíduo além de seus próprios interesses ou princípios morais. Esta determinação comportamental advém da obrigatoriedade de observação da norma por todos e pela aplicação da sanção prevista. Desta forma, com aplicação real destas características, é que o Direito cumpre seu ideal, sua função social, que vai muito além da formalidade, qual seja: • Proporcionar a inevitável convivência de diferentes interesses, objetivos, e até mesmo diferentes códigos morais, dentro da sociedade de forma harmônica, preservando o bem comum; • Fornecer aos membros desta sociedade a segurança de que o desrespeito ao direito individual e a quebra da norma será punida de forma obrigatória e efetiva; • Oferecer caminhos pacíficos para solução de conflitos advindos da coexistência social. Cabe neste momento, chamarmos a atenção para a necessidade de dinamismo nestas regras jurídicas. O Direito deve movimentar-se para acompanhar o desenvolvimento e/ou modificação da sociedade em que está inserido. O direito não alcançará a plenitude de sua função se não observar a necessidade de guarida da realidade social dentro da norma jurídica. Por exemplo, não tínhamos a necessidade de regras para veiculação de informação e imagem por computadores antes da internet. A sociedade está constantemente realizando avanços científicos, bem como novas possibilidades de trocas e de relacionamentos. É imprescindível que as regras jurídicas ofereçam limites e viabilizem estes avanços de maneira equilibrada. DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO Enquanto ciência social, o Direito é único e indivisível. No entanto, podemos analisar o Direito sob dois aspectos que nos levam a considerar a seguinte subdivisão: Direito Subjetivo: Trata-se do direito entendido como o poder de fazer valer interesses de pessoas e de empresas, as chamadas pessoas naturais ou físicas, e as chamadas pessoas jurídicas. Direito subjetivo é o poder de ação que estas pessoas possuem, poder este concedido pela norma de direito. Dizemos, então, que subjetivamente, o direito é a faculdade de alguém fazer ou deixar de fazer algo de acordo com a norma legal. Em outras palavras o ato de escolher, dentro da legalidade, o fazer ou não fazer, é o direito subjetivo de cada um de nós. Direito Objetivo: Trata-se do direito entendido como um conjunto de normas que dirigem e orientam a atividade humana, em determinada direção, colocando limites definidos. Objetivamente considerado, o Direito é um sistema de regras de conduta, que têm como objetivo obrigar o indivíduo a um comportamento eticamente coerente em relação à sociedade em que ele vive. Em outras palavras, é o conjunto dos preceitos impostos a todos os homens para manutenção da ordem social. O direito objetivo está presente em todas as esferas, permeia todas as ligações, e relações sociais. Tal qual uma empresa, o direito precisa se organizar e se subdividir, de modo a alcançar de forma eficaz e ordenada todos os ramos de atividade e relacionamento dentro da sociedade. Verificamos também a relação entre estes dois sistemas de regras. Sabemos agora que Direito Público e Direito Privado são ramos ou subdivisões do chamado Direito Objetivo.Sabemos, agora, que Direito Público e Direito Privado são ramos ou subdivisões do chamado Direito Objetivo. Ao preencher os espaços, visualizamos a seguinte estrutura formal do Direito Público: Inicialmente esclarece que o termo “Estado” se refere ao Poder Público de modo geral, podendo tratar-se de: País, Estado ou Município Conjunto de normas que tratam de modo especial da regulamentação da atividade do Estado, sua presença no trato com o cidadão, suas relações com os demais poderes públicos e sua organização administrativa. O Direito Público cuida, de modo geral, do modo de ser do Estado. Sua constituição, organização e funcionamento; relações com outros Estados e com os indivíduos. O Direito Público tem como objetivo primordial e fundamental a regulamentação e limitação da atividade do poder público, para o bem- estar da coletividade. As normas de Direito Público colocam limites no exercício do chamado Poder de Império do Estado, que visualizamos no poder de mando do Estado, situações em que o Estado interfere mais diretamente na vida privada. Neste aspecto, as relações de Direito Público são relações de subordinação, de imposição. O que o Estado determina, o cidadão é obrigado a obedecer. As normas de Direito Público se caracterizam pela imperatividade. É vedado ao particular realizar acordos ou convenção que afastem a aplicação de uma norma de Direito Público. Três esferas de atuação do Estado devem ser analisadas. O ESTADO SE RELACIONANDO COM OUTRO ESTADO O ESTADO SE RELACIONANDO COM OS INDIVÍDUOS O poder público constantemente se relaciona com os indivíduos, seja para : - impor comportamentos; - impedir condutas; - regular exercício de direitos; - disciplinar o livre arbítrio do cidadão; etc. O cidadão deve observar o preceito da norma de Direito Público, uma vez que a mesma é imperativa e não permite a análise de conveniência de sua aplicação ou não. Por ser dotada desta importante característica, qual seja a imperatividade, o Direito Público coloca regras para que o Estado exerça seu papel disciplinador de forma harmônica, equilibrada e justa, sem abuso de poder. O próprio Direito Público determina qual a conduta o cidadão deverá adotar sempre que o Estado agir de forma arbitrária e abusiva. Exemplos deste relacionamento: a. Cobrança de tributos municipais, estaduais e federais; b. Garantias constitucionais, como por exemplo, liberdade de locomoção, etc. ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO Sob este aspecto, o Estado assume contornos de empresa, ou seja, precisa se auto- organizar para atingir de forma eficiente seus objetivos. O poder público se divide em órgãos, ora atuando de maneira centralizada e ora atuando de forma descentralizada. Tal qual uma empresa, o Estado precisa captar e administrar a aplicação de recursos, precisa adotar condutas para obter os recursos humanos necessários para as diferentes atividades e diferentes esferas de atuação do poder público. O Direito Público oferece as regras a serem aplicadas neste aspecto. O objetivo perseguido pela norma de Direito Público é o bem comum, que prevalece sobre o individual. Manutenção do equilíbrio no relacionamento do Poder Público com outro Poder Público e com o cidadão. Vamos seguir nosso organograma analisando cada ramo do Direito Público:
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