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Roteiro de aula: Procedimentos Comuns e Instrução Criminal

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROSE
 ROTEIRO DE ESTUDOS:
PROCEDIMENTOS COMUNS E INSTRUÇÃO CRIMINAL
I) Diferença entre Processo e Procedimento:
- Procedimento: é a seqüência ordenada de atos judiciais até o momento da prolação da sentença. É o modo pelo qual o processo anda, a parte visível do processo. É o movimento em sua forma extrínseca; consiste na ordem, forma e sucessão desses atos.
- Processo : é o exercício da jurisdição em relação a uma lide posta em juízo; Além do procedimento, constitui-se de relação jurídica processual entre autor, juiz e réu, mais os princípios constitucionais do devido processo legal; é o movimento em sua forma intrínseca.
Obs.: o processo nada mais é do que o meio, pelo qual a atividade jurisdicional se viabiliza ao passo que o procedimento constitui o instrumento viabilizador do processo.	
	1 – Sistemas processuais:
Inquisitivo : quando um só órgão ( o juiz ) desempenha as funções de acusador, defensor e julgador;
Acusatório : Princípio adotado pelo CPP, no qual as funções são separadas: um órgão acusa, outro defende e outro julga. Neste sistema o acusador e o defensor são partes e estão situados no mesmo plano de igualdade, mantendo-se o juiz eqüidistante das partes.
Misto : compõe-se de duas fases – uma inquisitiva e outra acusatória.
	2- Classificação:
a) Processo comum : A lei 11.719/08, em vigor a partir de 22 de agosto de 2008, prevê alterações significativas no procedimento Ordinário e Sumário de competência do Juiz singular , revogando alguns artigos do CPP, inclusive banindo do procedimento processual brasileiro a defesa prévia; Apesar de o Procedimento Sumário (531 a 538, reformulado pela lei 11.719/08 e em vigor a partir de 22 de agosto de 2008, estar inserido no capítulo dos procedimentos especiais, é um procedimento comum e mais sintético que o ordinário. A lei 9099/95 e 10259/01 prevêem o Procedimento Sumaríssimo, comum e desenvolvido nos Juizados Especiais;
b) Processo Especial: É aquele rito ou procedimento que têm regramento próprio, peculiar, diverso do procedimento comum, apontadas pelo CPP(Tribunal do Júri e outros procedimentos), em seus arts. 406 a 581 e 503 a 562, e em outros diplomas processuais. A lei 11.689/08 deu nova roupagem ao procedimento do júri, previsto nos arts. 406 a 497. Anteriormente este procedimento estava dentre os procedimentos comuns, mas sabemos que o Júri, nada tem de comum. O CPP prevê algumas modalidades de procedimentos especiais e o Procedimento Sumário (531 a 538) que foi reformulado pela lei 11.719/08, em vigor a partir de 22 de agosto de 2008, está inserido no capítulo dos procedimentos especiais, perdendo o legislador a oportunidade de retirá-lo deste capítulo. Para solução quanto a escolha do rito é necessário que o operador do direito conheça o sistema legislativo processual penal. A lei 9099/95 e 10259/01 prevêem o Procedimento Sumaríssimo, desenvolvidos nos Juizados Especiais; Outras leis prevêem procedimentos especiais, como por exemplo, a lei de tóxicos (11.343/06), Código Eleitoral, Código Penal Militar, A lei 8038 e os regimentos internos dos Tribunais para julgamento de crimes praticados por agentes que tem prerrogativa de função, a Constituição Federal, etc.
II) Instrução Criminal - Procedimento Comum:
É o conjunto de atos ou a fase processual que se destina a recolher os elementos probatórios a fim de aparelhar o juiz para o julgamento ( defesa preliminar, audiência de instrução e julgamento);
O procedimento pode ser comum ou especial, mas a regra é de que os procedimentos são comuns. Importante salientar que o procedimento ordinário tem disposições aplicadas subsidiariamente a outros procedimentos;
As três categorias de procedimentos comuns encontrados na esfera processual penal são escolhidos pela quantidade da pena máxima cominada abstratamente ao crime e não como era antes da Lei 11.719/08(escolhidos pela qualidade da pena – reclusão ou detenção);
Conforme se depreende do art. 394, modificado pela Lei 11.719/08, o procedimento comum será:
a) Ordinário – Quando o crime objeto do processo tiver como sanção máxima cominada abstratamente pena privativa de liberdade igual ou superior a quatro anos;
b) Sumário – Quando o crime objeto do processo tiver como sanção pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;
c) Sumaríssimo - Quando se tratar de infração penal de menor potencial ofensivo, ou seja, quando o crime ou contravenção penal (Juizados Especiais) não tiver pena máxima abstrata superior a dois anos;
Procedimento Ordinário( CPP, art. 394 a 405 )
Oferecendo o representante do MP à denúncia ou o ofendido a queixa nos crimes cuja sanção máxima cominada abstratamente for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade, o juiz receberá ou a rejeitará liminarmente. Em caso de recebimento, ordenará a citação do acusado para responder as imputações que lhe foram feitas, por escrito, no prazo de dez dias. Conforme dispõe o § único do artigo 396, no caso de a citação ser feita por edital, o prazo de dez dias começará a correr a partir do comparecimento pessoal do réu ou de seu defensor constituído; Caso o juiz verifique a falta de pressuposto processual, condição do exercício da ação penal, justa causa para o exercício da ação ou a inépcia da inicial ( o STF analisou que a inépcia é ocasionada por um defeito formal grave na inicial acusatória, ou seja ausência ou deficiência na narrativa dos fatos) rejeitará a denúncia;
É importante frisar, que pela reforma processual inserida nos artigos 362 e 363, o réu poderá ser citado pessoalmente, por hora certa ou por edital, sendo que no último caso, comparecendo o réu a qualquer tempo, o processo observará as regras determinadas pelos arts. 394 e seguintes.
Com a citação completa-se a relação jurídica processual, ou instância (CPP, art. 363). Está terminada a fase postulatória;
A reforma processual penal inverteu o rito ordinário, inclusive excluindo o interrogatório prévio do réu, incorporando-o a audiência de instrução e julgamento, assim como já dispõe a Lei de Tóxico. 
O despacho inicial de recebimento da denúncia ou queixa é causa interruptiva da prescrição, fixará a prevenção e importará na defesa preliminar, a ser apresentada em dez dias e na qual o acusado poderá, nos termos do CPP, art. 396 A “argüir preliminares e alegar tudo o que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação quando necessário” . É permitido ao acusado argüir as exceções se houver, mas esta(s) será (ao) processada (s) em autos apartados (CPP, art. 95 a 112)
1.1 - A defesa preliminar é uma defesa técnica e deve ser apresentada por quem tenha capacidade postulatória, podendo o acusado, conforme se depreende do artigo 396-A , argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. As exceções serão apresentadas em autos separados, conforme regrado pelos art. 95 a 112. A defesa preliminar é obrigatória, pois é através desta que o réu dará sua resposta as imputações que lhe foram feitas na peça acusatória. Esta modalidade de defesa era cabível nos crimes afiançáveis praticados pelos funcionários públicos contra a administração pública, nos crimes da lei de imprensa, nos crimes de competência original dos tribunais e ainda, de forma oral nos procedimentos dos juizados especiais, como forma de convencer o juiz a rejeitar a acusação. Tanto é verdade que a apresentação da defesa preliminar é obrigatória, que o legislador determinou no § 2º do artigo 396 A, que o juiz nomeie um defensor para apresentá-la, concedendo a este vista dos autos por 10(dez) dias, caso a defesa preliminar não seja apresentada no prazo legal ou o acusado não constituadefensor para fazê-lo. 
Dependendo do tipo de citação utilizada, a não apresentação da defesa preliminar terá as seguintes conseqüências, a saber: Se o réu deixar de apresentar a defesa preliminar quando foi citação pessoalmente ou por hora certa, deverá o juiz nomear-lhe advogado para o ato ou defensor público e o processo correrá a revelia do acusado. Salienta-se que a defesa ficará comprometida no último caso (citação por hora certa), pois o réu não será encontrado nem mesmo para colaborar com o defensor. A defesa será pro-forma. Se o réu deixar de apresentar a defesa preliminar quando foi a citação feita por edital, o réu não poderá ser julgado a revelia, devendo o juiz suspender o processo juntamente com o prazo prescricional, pois o art. 366, caput, não foi alterado com a mudança da lei. Os parágrafos foram revogados, mas nada impede que o juiz determine que as provas urgentes sejam produzidas, em analogia ao art. 156, I, modificado pela lei 11.690/08 e quando o réu ou seu defensor constituído apresentar, o processo volte a correr normalmente. 
Observação quanto ao prazo da suspensão do processo, segundo Flávio Gomes: “O entendimento adotado quase de forma unânime por doutrina e jurisprudência foi o de que o prazo prescricional deve ficar suspenso pelo prazo da prescrição da pretensão punitiva (prescrição em abstrato), levando em conta o máximo da pena e considerando-se as balizas do art. 109 do CP. Assim, se o delito prescreve, abstratamente, em 8 anos, é por esse tempo que a contagem da prescrição deve ficar suspensa, após o que volta a correr pelo saldo restante. Esse entendimento, além de evitar, na prática, a imprescritibilidade dos delitos, afigura-se proporcional, na medida em que o prazo de prescrição ficará suspenso por mais ou menos tempo, de acordo com a maior ou menor gravidade do delito. Um mesmo prazo de suspensão da prescrição para todos os delitos violaria, flagrantemente, o princípio da proporcionalidade.” 
O Superior Tribunal de Justiça, adotando o entendimento da maioria, editou na sessão do dia 16.12.09 a Súmula 415, com o seguinte enunciado: "O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada". 
Obs. Revelia – o processo se desenvolve sem que seja ele mais intimado ou notificado quanto aos atos do processo;
1.2 - Manifestação da Acusação – Os artigos que regulamentam o procedimento ordinário não prevêem que o juiz dê vista a parte contrária (MP ou Querelante) para se manifestar sobre a Defesa preliminar apresentada pelo réu, havendo, salvo melhor juízo, uma violação clara ao princípio do contraditório. Nada impede, porém, que em analogia ao enunciado no art. 409 do CPP, que trata do procedimento do Júri, que o juiz dê vista a acusação da defesa preliminar apresentada, para que Ministério Público ou Querelante se manifeste sobre preliminares e documentos acostados, no prazo de cinco dias. Somente com adoção desta medida é que o juiz não surpreenderá a acusação com a absolvição sumária, em um julgamento antecipado da lide penal.
1.3 – Julgamento antecipado - CPP, art. 397 
Depois de cumpridas as exigências do CPP, art. 396-A, bem como em analogia ao art. 409, ter sido dada vista a acusação, os autos serão conclusos ao juiz para que decida sobre a absolvição sumária ou instrução do processo. O artigo 397 do CPP oportuniza ao juiz absolver sumariamente o acusado , evitando-se uma instrução processual desnecessária, restando consagrado o julgamento antecipado da lide penal com os seguintes fundamentos: existência de excludentes de ilicitude, excludentes de culpabilidade( A absolvição sumária por inimputabilidade decorrente de doença mental somente será dada nesta fase se se tratar da única tese sustentada pela defesa), excludente de tipicidade e nos casos de estar extinta a punibilidade(CP, art. 107); 
Da decisão que absolver sumariamente o réu, em regra caberá apelação, exceto se for reconhecida qualquer causa de excludente de punibilidade, decisão que poderá ser combatida pelo RSE;
Se o juiz negar a absolvição sumária que tinha por fundamento excludente de ilicitude, culpabilidade ou tipicidade, a defesa poderá impetrar hábeas corpus visando trancar a ação penal. Se o juiz negar a absolvição sumária sob o fundamento de que inexiste causa de extinção de punibilidade, a defesa poderá interpor RSE. 
O juiz poderá não conceder a absolvição sumária, mas extinguir o processo sem julgamento de mérito, julgando procedente as exceções argüidas (incompetência, ilegitimidade de partes, litispendência, etc.);
1.4 – AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO e JULGAMENTO - CPP, art. 397 
Analisada a resposta apresentada pela defesa, o juiz determinará a intimação das partes para a audiência de instrução e julgamento caso não reconheça nenhuma causa de absolvição sumária;
O artigo 399 § 2º do CPP, inovado pela Lei 11719/08, contemplou o princípio da identidade física do juiz no direito processual penal brasileiro, impondo que o juiz que presidir a instrução, sentencie. O objetivo da lei demonstra a presença de outros princípios que permeiam o novo rito, ou seja, princípios da economia processual, da celeridade, da concentração dos atos processuais em audiência;
Conforme se depreende do artigo 400 do CPP, a audiência de instrução e julgamento do procedimento ordinário deverá ser realizada em até 60 dias da apresentação da defesa preliminar e é na referida audiência que as provas serão produzidas:
a) Oitiva do ofendido (se possível) – A audiência de instrução e julgamento começa com a oitiva da vítima, sendo esta uma inovação trazida pela reforma, pois antes somente o juizado especial contemplava esta medida. A oitiva do ofendido é tratada com todo o cuidado e atenção, tendo o legislador dedicado àquele várias medidas de proteção, conforme art. 201 do CPP, tratadas quando do estudo das provas; 
b) Oitiva das testemunhas de acusação e de defesa Cada parte pode arrolar até oito testemunhas, que serão ouvidas nesta ordem, exceto nos casos em que depender de emissão de cartas precatórias ou de testemunha que não se fizer presente no dia da audiência.
Se as testemunhas da defesa forem ouvidas antes da acusação, ocorrerá inversão tumultuária, podendo ser causa de nulidade, mas esta é relativa, pois a parte deverá demonstrar o prejuízo
Os artigos 210 e 212, reformulados pela Lei 11.690/08, prevêem que as perguntas serão feitas diretamente pelas partes, ou seja, primeiro o juiz qualifica e adverte a testemunha sobre o crime de falso testemunho e depois a parte que a arrolou, começa fazendo as perguntas, passando depois a parte contrária. O juiz indeferirá as perguntas impertinentes e que não tiverem relação com a causa, e somente formulará perguntas às testemunhas sobre os pontos não esclarecidos;
No número máximo de oito testemunhas a ser arroladas, não serão computadas as testemunhas que não prestem compromisso e as referidas( O arrolamento ou a oitiva em número maior é mera irregularidade e não nulidade);
Tratando-se de vários réus, o defensor de cada um pode arrolar até oito testemunhas;
A parte pode desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, mas o juiz poderá determinar sua oitiva se entender necessária, bem como, poderá determinar a oitiva de testemunha referida (CPP, 209);
Substituição – Quando qualquer das testemunhas arroladas tempestivamente pelas partes não forem encontradas, o juiz poderá deferir o pedido de substituição – 
Inversão da ordem da oitiva de testemunhas acarreta tumulto processual – cabendo correição parcial ( não enseja nulidade se não demonstrado o prejuízo ) contudo, quando a oitiva de testemunhas não se referir ao fato probando ou ainda, quando se tratar de audiência no juízo deprecado, tal inversão não implica nulidade.
Inversão - Tourinho alega que importa nulidade, por descumprimento de formalidade substancial do processo. Recurso de HC provido ( c. f. RTJ , 40/276 );
c) Interpelação dos Peritos e Assistentes Técnicos: Esta diligênciadependerá de prévio requerimento das partes (CPP, art 157 § 5º, I) . A parte interessada deverá requerer ao juiz, com antecedência mínima de 10(dez) dias, que os peritos sejam intimados para a audiência de instrução para que esclareçam a prova em juízo. Poderá ainda, a parte interessada requerer a oitiva em audiência de instrução de assistente técnica indicado conforme previsto no art. 157 § 3º. 
d) Acareações e reconhecimento de pessoas e coisas:
e)Interrogatório: O interrrogatório passou a ser o último ato realizado na audiência de instrução e julgamento, ampliando ainda mais o princípio da ampla defesa, haja vista que o acusado será ouvido depois que todas as provas já foram colhidas. O interrogatório segue as regras traçadas pelo CPP, art. 185 ao 200, conforme exposto anteriormente quando do estudo do tema “Das provas”. 
f) Outros Atos possíveis na Audiência de Instrução e Julgamento - Requerimento de Diligências: Conforme exposto no art. 402 do CPP, ao final da audiência de instrução, as partes (acusação e defesa) poderão requerer diligências que se originaram em fatos e circunstâncias apurados na instrução. Somente será possível requerer diligência que se originou em fato novo, apurado durante a instrução e não anteriormente a esta. Caso o juiz determine a realização de diligências imprescindíveis (CPP, art. 404), a requerimento das partes ou de ofício, a audiência será concluída sem as alegações orais. 
Exemplo: Durante a oitiva de testemunhas de acusação, a testemunha B diz que não viu nada, mas que C viu. Neste caso, poderá o MP pedir a oitiva desta. Se na instrução surgir dúvida quanto à sanidade do réu, requererá exame de sanidade ( 149 ). Observarão as partes se as diligências requeridas quando do oferecimento de denúncia ( queixa ) ou da apresentação da defesa preliminar foram ou não realizadas. Em caso negativo, reitera pedido e Juiz sopesa a conveniência.
Depois de realizadas as diligências, as partes apresentarão as alegações finais por memoriais, no prazo sucessivo de cinco dias e o juiz proferirá sentença em 10 dias (poderá ser prorrogado o prazo – CPP, 800,I e § 3º). Apesar da omissão do CPP, art. 404, entende-se que o assistente de acusação pode requerer diligências decorrentes de fato novo apresentado na instrução.
g – Alegações Finais - Debates Orais: (CPP, art.. 402 e 403) As alegações escritas foram substituídas por alegações orais. Caso não sejam requeridas diligências ou caso o juiz as indefira, abrem-se os debates, com o oferecimento de alegações finais orais. Primeiro fala a acusação e depois a defesa pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos;
O assistente de acusação terá o prazo de 10 minutos, logo após a manifestação oral do MP, mas neste caso prorroga-se por igual período a manifestação da defesa;
Se houver mais de um réu, cada um deles terá o seu prazo individualmente. A lei não faz ressalvas quanto ao fato de ser o mesmo ou defensores diferentes para os réus;
Os debates são obrigatórios e a ausência deles pode causar nulidades. Se a ação é pública e a omissão é do MP, o juiz deverá em analogia com o art. 28 CPP, encaminhar os autos ao Procurador Geral para que este supra a omissão, oferecendo o memorial ou designando outro promotor para fazê-lo; Se a ação é privada, a ausência de apresentação das alegações orais ou de memoriais, bem como a ausência de pedido de condenação vai resultar em perempção (CCP, art. 60,I e III). Se a ação foi privada subsidiária, o MP reassume como parte principal. Se o MP requerer a absolvição do réu, o juiz deverá prosseguir com o feito e absolver o réu, pois esta decisão é mais benéfica ao réu;
Pela nova sistemática processual, CPP, art. 265, o juiz poderá punir o advogado desidioso. Se for defensor público comunicar ao Defensor Público Geral para procedimento específico. Se defensor constituído é o desidioso, o juiz deve comunicar ao réu para que constitua outro advogado. Persistindo a desídia, nomeia um defensor para a prática do ato e comunica ao réu e ao advogado do respectivo despacho. Se o desidioso é o dativo, o juiz nomeia outro imediatamente e comunica a OAB para que se inicie o procedimento sancionador;
Ao final dos debates, o juiz proferirá a sentença na própria audiência.
Se na audiência, o julgamento for convertido em diligência, o magistrado poderá, em cinco dias, ordenar as diligências para sanar as nulidades ou suprir falta que prejudique a exatidão do julgamento;
Ausência de Alegações Finais:
Ausência de alegações finais da defesa > duas posições : uma diz que não causa nulidade alguma, a outra diz que causa nulidade absoluta por cerceamento de defesa ( Majoritária ). Somente no processo escalonado para o júri , a defesa tem a faculdade de apresentar ou não as suas alegações escritas, na fase do art. 406 do CPP, pois estas antecedem a mera decisão interlocutória , que não põe fim ao processo.
Ausência de alegações finais do MP – É obrigatória , em decorrência do princípio da indisponibilidade da ação penal. Obs.: em se tratando de Ação Privada Subsidiária, a ausência por parte do querelante, não induz perempção, ocorrendo neste caso a retomada do processo pelo órgão do parquet. Em caso de Ação Privada Exclusiva ou Ação Privada Personalíssima acarreta não só a perempção como também enseja a extinção da punibilidade.
Obs.: No procedimento Ordinário ( "processo comum" ) , quando do oferecimento das alegações finais, a parte deve argüir as nulidades eventualmente ocorridas no curso da instrução criminal ( 571 , II ). (Deve também produzir as suas alegações quanto ao mérito e às preliminares, sob pena de preclusão) .
Nas alegações finais:
1º > MP ou querelante, por escrito, nos autos ou em separado faz apreciação sobre questões de fato apuradas no processo e , inclusive , aborda questões jurídicas, procurando mostrar a procedência da acusação. Podem concluir pela absolvição.
Quanto ao querelante, se o crime for de ação privada, deverá concluir pedindo a condenação, sob pena de ser julgada perempta ( 60, III , CPP , causa extintiva de punibilidade ).
2º > Assistente , se houver;
3º > Defesa – Deverá esmiuçar as provas produzidas, discutir problemas de direito, citar jurisprudência.
h – Último ato da audiência: O último ato da audiência será a sentença, desde que haja os debates orais, haja vista que com a nova sistemática proposta pela reforma do CPP, o processo penal passou a seguir o princípio da oralidade de forma mais consistente. Deste princípio decorrem outros sub-princípios, a saber:
a) Princípio da concentração – Os atos devem ser concentrados numa só audiência ou no menor número delas;
b) Princípio da Imediatividade – Os atos de instrução devem ser produzidos ao juiz competente, o que traz o juiz para perto da prova;
c) Princípio da Identidade Física do Juiz – Este princípio se depreende do § 2º do art. 399 do CPP, quando se exige que o juiz presidente da instrução, sentencie.
OBS – Determina o artigo 405 do CPP, que os fatos relevantes ocorridos durante a audiência serão registrados em livro próprio, através de termo lavrado pelo escrivão e assinado pelo juiz e partes. Se forem registrados os depoimentos, interrogatório e declarações por meio de outros recursos de gravação, inclusive deverão ser remetidos às partes cópias do original de registro realizado por meio audiovisual, sem necessidade de transcrição. Na prática, entendo que deverá ser disponibilizada a parte, qualquer recurso de gravação utilizado para dar maior fidelidade as provas subjetivas produzidas em audiência.
1.5- Prazo para Encerramento
Réu preso - Antes da mudança processual havia uma construção jurisprudencial de que o prazo deveria ser de 81 dias.
IP – 10 dias (art. 10 ) / Denúncia – 05 dias ( art.46 ) / defesa preliminar( 10 dias) (396); Audiência de Instrução e Julgamento – 60 dias( art. 400 ); Se for complexo o fato, Memoriais escritos – acusação e defesa (10 dias) Sentença – até 20 dias (art. 800 , I, §3º ) ;
Audiência com requerimentode diligências: IP – 10 dias (art. 10 ) / Denúncia – 05 dias ( art.46 ) / defesa preliminar( 10 dias) (396); Audiência de Instrução e Julgamento – 60 dias( art. 400 ); Diligências requeridas ou ex offício – 05 dias (art. 502 ) / Memoriais escritos – acusação e defesa (10 dias) Sentença – até 20 dias (art. 800 , I, §3º ) ;
Obs.: No cálculo, não estão computados os dias de prazo para o recebimento denúncia e despachos ordinatórios;
Obs.: Crime cometido por quadrilha ou bando - Lei 12580\2013, art. 22 parágrafo único - réu preso 120 dias, podendo ser prorrogado por igual prazo, se devidamente fundamentado e a lei é omissa no que diz respeito ao investigado solto. A nova lei não faz referencia a proibição de liberdade provisória, mas não podemos nos esquecer que se estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva, haverá incompatibilidade desta com a concessão de liberdade. Obs - STF, súmula 697 - A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos, não veda o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.
Excesso de prazo (demora injustificada) - Autoriza a soltura do acusado sob pena de constrangimento ilegal - Tem se concedido o hábeas corpus afim de que o réu seja colocado em liberdade. O juiz poderá justificar o Motivo da demora, quando concluir a instrução fora do prazo; 
Em Minas Gerais, o Conselho Superior da Magistratura através do provimento 02/68, fixava o prazo em 122 dias, suprindo as deficiências dos prazos, incluindo o prazo para o interrogatório, a oitiva das testemunhas de defesa, despachos ordinatórios, etc. e ainda, citando situações que justificam o atraso a saber: inquirição de testemunhas por carta precatória, exame de sanidade mental do acusado, etc. Tal provimento foi confirmado em decisão dada no processo que está registrado sob o número 1.0000.05.423559-3/000 – Acórdão – publicado em 17-08-2005recente dada pelo Tribunal de Justiça de Minas, em denegatória de hábeas corpus em processo por crime de roubo, no qual a defesa alegou excesso de prazo. Com a nova sistemática, acredito que será apresentado novo provimento que se adeque ao prazo processual. 
1.7 -Instrução Criminal - É aquela fase na qual se praticam os atos probatórios e em que se fazem as alegações. Na instrução temos a fase probatória( vai da defesa preliminar a audiência de instrução, podendo se estender aos memórias escritos, apresentados depois da audiência. Excesso de prazo imotivado > constrangimento ilegal – HC
d) Exceções criadas pelas jurisprudenciais ( Mora devidamente justificada nos autos ; FORÇA MAIOR : vários réus, necessidade de citação editalícia; expedição de Carta Precatória, instauração de Incidente de Insanidade Mental ; Mora causada pela própria defesa ; Instrução já houver encerrado ; Procedimento em fase memórias e diligências);
> Entendimento do STJ - Código – década de 40 – O país e a criminalidade.
Faz-se imprescindível raciocinar com o juízo de razoabilidade para definir excesso prazo. Consagração do princípio da razoabilidade dos prazos processuais – afastando o rigorismo hermenêutico que vem sendo dado a este mister;
 	Réu solto : inexiste recurso para acelerar a marcha processual / não acarreta constrangimento ilegal. Somente haverá sanções administrativas. Súmula 52 STJ: "Encerrada a Instrução Criminal fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo". 
O prazo de 81 dias foi uma criação jurisprudencial para suprimir a lacuna do que seria prazo razoável. O número de dias foi obtido pela soma dos prazos constantes no CPP para todos os atos do procedimento ordinário.
Só que os juízes nunca foram muito fã destas orientações e sempre seguiram orientação própria. Minas a exemplo disso, em que pese a súmula 52 do STJ criava um jeito todo especial de realizar essa contagem, utilizava-se do Provimento 02/68, do Conselho Superior da Magistratura, que fixava o prazo em 122 dias. Os juízes consideravam o prazo de 81 dias, mas desconsideravam que os 81 dias eram contados desde o inquérito até a sentença. Os ministros simplesmente paravam de contar os dias após a oitiva das testemunhas de acusação. Ou seja, eles transformavam 38 dias em 81.
Atenção: Prazo para conclusão da instrução não é absoluto, veja decisões de tribunais e fundamentações:
“A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou Habeas Corpus apresentado por assessora parlamentar presa cautelarmente por quase três anos. Ela é acusada de ser mentora do assassinato de um agiota. A Turma seguiu, por maioria, o voto do ministro Gilson Dipp.
De acordo com o voto do ministro, o processo, que trata de causa complexa com três réus e várias testemunhas, tramita regularmente. Segundo ele, como a defesa fez vários requerimentos que demandavam manifestação do Ministério Público, o feito foi retardado.
Por isso, entendeu que no caso não há "flagrante ilegalidade", como alegou a defesa, porque eventual atraso no andamento do processo não foi ocasionado pelo MP ou pelo órgão julgador.
Dipp observou que o prazo para a conclusão da instrução criminal não é absoluto e que o constrangimento ilegal por excesso de prazo só acontece se a demora é injustificada, o que não era o caso. Por último, o relator ressaltou a iminência da designação do julgamento pelo Júri.
A decisão do STJ foi por maioria, e apenas o desembargador convocado Adilson Macabu divergiu dos demais membros da Turma, considerando que uma prisão cautelar tão longa representa condenação antecipada. 
Em janeiro de 2008, a assessora foi presa preventivamente, acusada de homicídio qualificado — mediante pagamento ou promessa de recompensa e também mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Em 29 de julho de 2009, a prisão foi mantida na sentença de pronúncia. Em setembro de 2010, o processo foi suspenso devido ao pedido de desaforamento (mudança de foro do julgamento) feito pelo Ministério Público.
A assessora apresentou HC no Tribunal de Justiça de Pernambuco alegando excesso de prazo para o julgamento, mas o tribunal negou o pedido de liberdade, porque ela já havia sido pronunciada. Segundo a Súmula 21 do STJ, isso afasta o excesso de prazo. Além disso, o Tribunal pernambucano considerou que a prisão cautelar estaria justificada, já que a ré e seus cúmplices teriam grande influência no município onde o crime ocorreu e já teriam tumultuado o início do processo.
No HC levado ao STJ, a assessora voltou a alegar excesso de prazo. Segundo ela, a situação se tornou pior com o pedido de desaforamento, que atrasou ainda mais a designação da data do julgamento. Com informações da Assessoria de Imprensa do Superior Tribunal de Justiça. 
HC 187.396
Consagração do princípio da razoabilidade dos prazos processuais – afastando o rigorismo hermenêutico.
A linha definidora do excesso de prazo é o limite do razoável, não a mera soma aritmética do tempo dos atos processuais.
Há casos, por esse Brasil afora, em que a prisão preventiva se estende muito além do razoável, transformando-se em verdadeira antecipação da pena privativa de liberdade, o que é inaceitável..
Por evidente, em casos tais, o constrangimento ilegal é manifesto, ausente qualquer justificativa razoável para a manutenção da prisão provisória. Outro ponto que deve merecer atenção é a exata compreensão do contido nas súmulas 21 (“Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução”) e 52 (“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo”) do STJ. A pronúncia ou o encerramento da instrução põem fi m a qualquer alegação de excesso de prazo, mas com o olhar para trás. A partir de então, a marcha do processo, estando o réu preso preventivamente, deverá continuar a merecer exame numa perspectiva de razoabilidade. O constrangimento por excesso de prazo pode, é certo, ser identificado após a pronúncia ou o encerramento da instrução processual.
A prisão preventiva, na sua decretação ena sua manutenção, deve orientar-se por critérios de necessidade, uma vez satisfeitos os requisitos legais. O constrangimento por excesso de prazo deve ser aferido numa perspectiva de razoabilidade, atentando-se para as circunstâncias do caso concreto, pois a instrução processual não comporta análise rígida pela soma aritmética do tempo dos atos. Circunstâncias como a complexidade do feito, o número de réus ou testemunhas e a necessidade de expedição de precatórias podem afastar a alegação de excesso de prazo. O constrangimento por excesso de prazo pressupõe demora injustificada, desídia atribuída ao Estado. Nessas situações, a prisão se torna ilegal.
Se não é possível ao juiz estabelecer, de antemão, o prazo de duração da custódia cautelar, quando se verifica o excesso de prazo a configurar constrangimento ilegal? Quando injustificadamente, deixa as autoridades envolvidas no caso concreto de cumprir dentro do prazo razoável, as suas atribuições.
Militar acusado de entregar jovens continua preso.
Acusado de entregar três jovens do Morro da Providência a traficantes do Morro da Mineira, no Rio de Janeiro, o sargento do Exército Leandro Maia Bueno deve continuar preso. A ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça, indeferiu o pedido liminar da defesa que requereu a soltura do militar.
Maia Bueno está preso desde 15 de junho de 2008, ano em que aconteceu o crime. A defesa alega excesso de prazo na formação da busca. A relatora destacou que a medida cautelar que determinou a prisão não se mostra desarrazoada ou carente de fundamentação.
A ministra solicitou informações sobre o andamento da ação penal ao Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Os autos serão encaminhados então ao Ministério Público Federal. O mérito do Habeas Corpus será analisado pela 5ª Turma do STJ. Com informações da Assessoria de Comunicação do STJ.
HC 201.864
Júri - Instrução - prazo de 90 dias
EMENTA: HABEAS CORPUS. - Em relação ao alegado excesso de prazo, a pretensão não tem passagem. - A Dra. Juíza de Direito informou que a denúncia foi recebida, os réus foram interrogados, sendo que em favor dos pacientes foi requerida liberdade provisória e ofertada defesa prévia. Esclareceu, também, que a instrução estava em andamento, tendo realizado audiências nos dias 27 de maio, 17 de junho, 1° de julho, 17 de julho e 22 de julho de 2008, bem como teria aprazado o dia 14 de agosto para a continuidade da coleta da prova - oitiva de uma testemunha referida. - O processo, conforme se verifica no site desta Corte (informação atualizada), tem andamento normal. Não podemos desconsiderar que se trata de processo complexo, envolvendo 07 réus. Precedentes dos Tribunais Superiores. Além disso, na contagem dos prazos incide o princípio da razoabilidade. - Temos, ainda, segundo informou a digna Magistrada, que para o término da instrução restava somente a oitiva de uma testemunha referida. A prova da acusação, neste passo, já está encerrada. Não podemos olvidar que, ouvidas as testemunhas de acusação, não se pode, de regra, falar em excesso de prazo. Precedentes. - Em relação ao prazo de 90 dias, fixado no art. 412 do CPP, com a nova redação conferida pela Lei 11.689/2008, destacamos lição do Dr. Andrey Borges de Mendonça, Procurador da República e Professor de Direito Processual Penal e Direito Constitucional, que já deixou assentado: ‘Em razão da preocupação com a celeridade e rápida duração do processo (art. 5°, inc. LXXVIII), fixou-se que a primeira fase deve findar no prazo máximo de 90 dias, lapso este totalmente distante da realidade. Referido prazo é impróprio, quando tivermos diante de réu solto. Se se tratar de réu preso, deve-se analisar a questão à luz da razoabilidade, para vislumbrar se há ou não constrangimento ilegal, conforme entendimento pacífico dos Tribunais Superiores.’ (grifamos) - Assim, por tal fundamento, não tem passagem a inconformidade. - Quanto a alegação de negativa de autoria, além de tratar-se de remédio heróico com instrução deficiente, temos, segundo a jurisprudência do Pretório Excelso, que ‘Não é admissível, no processo de habeas corpus, o exame aprofundado da prova.’ (HC 76557/RJ, relator Ministro Marco Aurélio, j. em 04/08/1998, 2ª Turma), bem como que ‘A negativa de autoria e a alegação de que inexiste nos autos prova de sua participação no delito implicam o exame de todo o conjunto probatório, o que é inviável em sede de habeas corpus.’ (HC 76381/SP, relator Ministro Carlos Velloso, j. em 16/06/1998, 2ª Turma). - Devemos lembrar, ainda, que o entendimento acima mencionado também encontra abrigo na orientação do egrégio Superior Tribunal de Justiça, conforme se verifica nos precedentes das Turmas (5ª e 6ª) integrantes da 3ª Seção: (A) ‘O habeas corpus não comporta o exame aprofundado de prova, mormente a testemunhal. Impropriedade da via eleita.’ (HC 26505/PR, relatora Ministra Laurita Vaz, j. em 13/05/2003, 5ª Turma); (B) ‘Exame aprofundado de prova não é próprio do habeas-corpus.’ (HC 11503/SP, relator Ministro Fontes de Alencar, j. em 24/06/2003, 6ª Turma). - A alegação de que a manutenção da prisão cautelar fere o princípio constitucional da presunção de inocência não se sustenta, pois o Pretório Excelso declarou que: ‘Já se firmou a jurisprudência desta Corte no sentido de que a prisão cautelar não viola o princípio constitucional da presunção de inocência, conclusão essa que decorre da conjugação dos incisos LVII, LXI e LXVI, do artigo 5. da Constituição Federal.’ (HC 71169/SP, Relator Ministro Moreira Alves, j. em 26/04/1994, 1ª Turma). ORDEM DENEGADA. (Habeas Corpus Nº 70025408808, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio de Oliveira Canosa, Julgado em 11/09/2008)
HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO PARA A CONCLUSÃO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO CUMPRIMENTO DO PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 412 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (ALTERADO PELA LEI Nº 11.689/2008. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INEXISTÊNCIA. EXCESSO DE PRAZO JUSTIFICADO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. INOCORRÊNCIA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PROPENSÃO À REITERAÇÃO DELITIVA. ORDEM DENEGADA. 1. Com o advento da Lei nº 11.689, de 9 de junho de 2008, que alterou dispositivos do código de processo penal relativos ao procedimento dos processos da competência do tribunal do júri, o diploma processual penal passou a prever expressamente prazo máximo de 90 (noventa) dias para o encerramento da primeira fase do procedimento do júri. 2. Não obstante a expressa fixação de um lapso temporal para o término da instrução da primeira fase do procedimento do júri, o entendimento que vem predominando na doutrina e na jurisprudência pátria é de que é possível exceder o referido prazo quando devidamente motivado pelas circunstâncias do fato e do processo, devendo a alegação de excesso de prazo ser analisada sob a ótica do princípio da razoabilidade, observando-se as peculiaridades de cada caso em concreto. 3. O não cumprimento do limite temporal disposto no artigo 412 do CPP pode ser justificado pelas circunstâncias próprias do caso em concreto, como a pluralidade de réus; a complexidade dos fatos imputados; a variedade de delitos atribuídos; o requerimento de provas periciais por parte das defesas. 4. A simples repetição das expressões previstas no artigo 312 do CPP não são suficientes para manter qualquer prisão cautelar, uma vez que tal custódia é medida de exceção e por isso a decisão que a decreta ou que indefere pedido de liberdade provisória ou de relaxamento de prisão deve ser devidamente fundamentada com apoio em elementos concretos extraídos dos autos. 5. Não há que se falar em ausência de fundamentação da decisão que indeferiu pedido de liberdade provisória quando o decisum se reportar às razões contidas em decisões anteriormente proferidas nos autos ou até mesmo em manifestações apresentadas pelo ministério público, desde que ali haja argumentos suficientes que legitimem a referida medida excepcional. 6. Encontra-se devidamentefundamentada a decisão que indefere pleito de liberdade provisória com base na garantia da ordem pública apontando, não apenas a gravidade do delito, mas, também, dados do fato em concreto que demonstram a necessidade da prisão provisória, como a propensão à reiteração delitiva. 7. Ordem denegada. (TJES; HC 100090000660; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Sérgio Bizzotto Pessoa de Mendonça; Julg. 11/03/2009; DJES 24/04/2009; Pág. 43)
Prazo para conclusão de instrução serve de parâmetro
Um dos acusados de participação no roubo de R$ 164,7 milhões do Banco Central em Fortaleza continuará preso. A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça rejeitou o pedido de revogação da prisão preventiva.
A relatora do caso, ministra Laurita Vaz, afirmou que os prazos indicados para a conclusão da instrução criminal servem apenas como parâmetro geral, já que variam conforme as peculiaridades de cada processo.
Para ela, no caso em questão, a dilação do prazo para o término da instrução está devidamente justificada pela complexidade do feito, que envolve 22 acusados. Além disso, a Ação Penal está em fase de alegações finais da defesa, conforme andamento do dia 22 de junho.
Segundo a relatora, embora o acusado esteja preso há mais de três anos, ele enfrenta acusações graves, cujas consequências foram extremamente prejudiciais. Por isso, ela considera temerário que ele seja libertado à véspera da solução do processo-crime em primeiro grau. “Caberá ao magistrado, após a prolação da sentença, analisar a necessidade da manutenção da custódia do acusado.”
Laurita enfatizou que o princípio constitucional da presunção de inocência não pode ser uma barreira intransponível para a adoção de medidas cautelares necessárias ao resgate da higidez das instituições públicas e da ordem social.
“Feito juízo de valor estabelecido entre interesses postos em conflito, sobreleva muito acima a necessidade de pronta resposta estatal para o resguardo da ordem pública, frontalmente ameaçada com prática de crimes graves”.
O acusado, que está preso desde janeiro de 2007, alegou constrangimento ilegal, pelo excesso de prazo para a formação da culpa, e requereu a expedição imediata de alvará de soltura para que aguarde o julgamento da Ação Penal em liberdade.
O pedido já havia sido negado pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.
HC 134.312”
Só que agora, com a Lei 11.719, tudo mudou ( A audiência de Instrução e Julgamento é centrada - o réu é ouvido após todas as testemunhas, ela é realizada na mesma audiência em que se apresentam as alegações finais e a sentença etc..) . O que antes tinha um prazo de 81 dias, agora tem um prazo que varia entre 95 e 115 (isso sem contar a possibilidade de diligências, que a lei fez questão de não definir um prazo para a realização). Evidentemente a necessidade deste ou daquele prazo, vai depender do procedimento adotado (Ordinário, sumário, júri, especial ). Não podemos nos esquecer que os prazos não devem ser analisados de forma globalizada e computados como simples operação matemática, e sim, atendendo ao princípio da razoabilidade (CF, art. 5º , LXXVIII).Exemplo recente, foi um caso de homicídio, no qual o professor Alexandre Simão conseguiu relaxar a prisão, porque o juiz não citou o réu para apresentar defesa preliminar, e muito menos, designou a audiência de instrução e julgamento, em que pese estar o réu preso há mais de 100 dias. 
Atenção: a) A inobservância do rito ordinário para os crimes que a lei o exige e a adoção do Rito Sumário, ainda que haja consenso das partes, importa restrição inaceitável do direito de defesa e é causa de nulidade absoluta do processo.
b) Se houver conexão ou continência de crime que segue o procedimento ordinário do juiz singular e de crime de menor potencial ofensivo, de competência do juizado especial, observar-se-ão, desde de que cabível, os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. Antes havia a somatória das penas e aplicava-se o procedimento mais amplo, mas a Lei 11.313, de 28 de junho de 2006, alterou o art. 60 e 61 da Lei 9099/95 e art. 2º da Lei 10.259/2001, dando-lhes nova redação: 
“ Art. 60 – O juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Parágrafo Único – Na reunião de processos perante o juízo comum ou tribunal do júri decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis”.
“Art. 61 – Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”.
-E o art. 2º da Lei 10.259/2001, dando-lhe nova redação:
“ Art. 2º Compete ao Juizado /especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos ‘as infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Parágrafo Único – Na reunião de processos, perante o juízo comum ou tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis”.
- Diante do dispositivo legal, já não é possível somar as penas dos dois crimes conexos, obstando a incidência da fase consensual. A infração de menor potencial ofensivo deve ser analisada isoladamente, a exemplo do art. 119 do CP, e a infração mais grave não pode ser invocada como causa impeditiva da transação ou da composição civil cabível quanto àquela;
- O acusador deve formular denúncia somente quanto ao delito maior e ao mesmo tempo, fazer proposta de transação para o delito menor ( ou fundamentar o seu impedimento – art. 76);
- Obs – Não havendo acordo penal em relação à infração de menor potencial ofensivo, cabe a acusação aditar a denúncia ou queixa, podendo fazê-la oralmente.
- O juiz singular, no procedimento em análise, deve designar uma audiência de conciliação, resolvendo primeiro a fase da transação penal e composição civil, e depois, passar a fase relacionada ao crime mais grave.
Vide texto sobre excesso de prazo.
2) Procedimento Comum Sumário( CPP, art. 531 a 536 )
A reforma processual ampliou o número de crimes que devem seguir o rito sumário, a saber:
a) Primeiro deve-se observar o quantitativo da pena aplicada, ou seja, será aplicado este procedimento para os crimes cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade e a princípio superior a dois anos (CPP, art. 394 § 1º, II);
b) Quando se estiver diante de crime de menor potencial ofensivo ( a princípio procedimento sumaríssimo), cujo procedimento foi encaminhado ao juízo comum pelo Juizado Especial para adoção de outro procedimento(CPP, art. 538) . Ex: complexibilidade da causa, acusado não foi encontrado para ser citado pessoalmente ou por hora certa (No Juizado Especial não se admite a citação editalícia);
c) Crimes Falimentares - Lei.11.101/05;
O procedimento sumário se assemelha muito com o procedimento ordinário, conforme se depreende do art. 531 e seguintes, alterados pela lei 11.719/08, sendo necessário que se faça algumas diferenciações:
2.1) seqüência:
a) Remessa e distribuição do IP ao judiciário;
b) Oferecimento da denúncia ou queixa ( Aqui já teremos uma diferença, quanto ao número de testemunhas, pois neste procedimento cada parte poderá arrolar até 5 testemunhas);
c) Recebimento ou rejeição da peça acusatória;
d) Em caso de recebimento da denúncia ou queixa, o juiz determina a citação do acusado para apresentar defesa preliminar em 10 dias ( Se a citação foi feita por edital, o prazo de dez dias começará a correr a partir do comparecimento pessoal do réu ou de seu defensor constituído. Caso o réu ou seu defensornão compareça, suspende-se o processo e a prescrição. Se o réu foi citado por hora certa ou pessoalmente, o juiz nomeia um defensor para apresentar a defesa preliminar) 
e) Resposta a acusação em 10 dias - A defesa preliminar é uma defesa técnica e deve ser apresentada por quem tenha capacidade postulatória, podendo o acusado, conforme se depreende do artigo 396-A , argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas(até 5 testemunhas), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. As exceções serão apresentadas em autos separados, conforme regrado pelos art. 95 a 112. 
f) Manifestação da acusação em 5 dias sobre as preliminares e os documentos apresentados na resposta (Os artigos que regulamentam o procedimento sumário não prevêem que o juiz dê vista a parte contrária para se manifestar sobre a Defesa preliminar apresentada pelo réu, mas em analogia ao enunciado no art. 409 do CPP, o juiz deverá fazê-lo, garantindo-se assim o contraditório);
g) – Julgamento antecipado Depois de cumpridas as exigências do CPP, art. 533, bem como em analogia ao art. 409, ter sido dada vista a acusação, os autos serão conclusos ao juiz para que decida sobre a absolvição sumária ou instrução do processo. O artigo 397 do CPP, ao qual nos remete o art. 533, oportuniza ao juiz absolver sumariamente o acusado quando concluir pela existência de excludentes de ilicitude, excludentes de culpabilidade( A absolvição sumária por inimputabilidade decorrente de doença mental somente será dada nesta fase se tratar da única tese sustentada pela defesa), excludente de tipicidade e nos casos de estar extinta a punibilidade(CP, art. 107); 
Da decisão que absolver sumariamente o réu, em regra caberá apelação, exceto se for reconhecida qualquer causa de excludente de punibilidade, decisão que poderá ser combatida pelo RSE;
Se o juiz negar a absolvição sumária que tinha por fundamento excludente de ilicitude, culpabilidade ou tipicidade, a defesa poderá impetrar hábeas corpus visando trancar a ação penal. Se o juiz negar a absolvição sumária sob o fundamento de que inexiste causa de extinção de punibilidade, a defesa poderá interpor RSE. 
O juiz poderá não conceder a absolvição sumária, mas extinguir o processo sem julgamento de mérito, julgando procedentes as exceções argüidas (incompetência, ilegitimidade de partes, litispendência, etc.);
h) Audiência de instrução e julgamento - CPP, art. 531 
Analisada a resposta apresentada pela defesa e não absolvendo sumariamente o réu, o juiz determinará a intimação das partes para a audiência de instrução e julgamento, caso não reconheça nenhuma causa de absolvição sumária;
Conforme se depreende do artigo 531 do CPP, a audiência de instrução e julgamento do procedimento sumário deverá ser realizada em até 30 dias da apresentação da defesa preliminar e é na referida audiência que as provas serão produzidas:
h.1) Oitiva do ofendido (se possível) ;
h.2) Oitiva das testemunhas de acusação e de defesa Cada parte pode arrolar até cinco testemunhas, que serão ouvidas nesta ordem, exceto nos casos em que depender de emissão de cartas precatórias ou de testemunha que não se fizer presente no dia da audiência.
Tratando-se de vários réus, o defensor de cada um pode arrolar até cinco testemunhas;
Conforme se depreende do art. 536, observado a ordem imposta pelo art. 531, a testemunha que comparecer será ouvida, mesmo que haja suspensão da audiência
h.3 - Interpelação dos Peritos e Assistentes Técnicos: Esta diligência dependerá de prévio requerimento das partes (CPP, art 157 § 5º, I) . 
h.4 - Acareações e reconhecimento de pessoas e coisas:
h.5 - Interrogatório: O interrrogatório passou a ser o último ato realizado na audiência de instrução e julgamento, e segue as regras traçadas pelo CPP, art. 185 ao art. 200. 
h.6 Alegações Finais - Debates Orais: (CPP, art.. 534). Primeiro fala a acusação e depois a defesa pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos;
O assistente de acusação terá o prazo de 10 minutos, logo após a manifestação oral do MP, mas neste caso prorroga-se por igual período a manifestação da defesa;
Se houver mais de um réu, cada um deles terá o seu prazo individualmente. A lei não faz ressalvas quanto ao fato de ser o mesmo ou defensores diferentes para os réus;
O CPP, em seu artigo 535, não prevê a possibilidade de memoriais escritos, conforme se vê no procedimento ordinário, art. 404 § U. 
h.7- Sentença - Ao final dos debates, o juiz proferirá a sentença na própria audiência.
OBS – Em regra, pelo disposto no art. 535, nenhum ato será adiado, devendo o juiz determinar a condução coercitiva do faltante quando se tratar de prova imprescindível a busca da verdade real. Segundo Fernando Capez, se não for possível a apresentação da prova imprescindível, dever-se-á ser feita a cisão, e deverá ser admitida a apresentação de alegações finais, por memorial.
3 – Procedimento Comum Sumaríssimo - Juizados Especiais Criminais:
A CF/88, em seu art. 98, I estabeleceu a criação dos Juizados Especiais pela União, DF, Territórios e Estados. Em 1995 foi promulgada a Lei 9099, que definiu infração de menor potencial ofensivo e estabeleceu as regras para a transação. Em 2001, a Lei 10259 definiu como infração de menor potencial ofensivo , os crimes aos quais a lei comine pena máxima não superior a dois anos ou multa/ mas vedou sua aplicação no âmbito estadual. 
Após posicionamentos diversos, inclusive da doutrina, o entendimento majoritário é de que, o conceito de infração de menor potencial ofensivo era o da Lei 10.259/2001, art 2º § U, o qual derrogou o art. 61 da Lei 9099/95, ou seja: Todos os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, desde que não possuam rito especial; todas as contravenções penais (justiça federal não as julga); crimes para os quais haja previsão de multa em abstrato alternativamente com pena privativa de liberdade, qualquer que seja o montante desta (art. 7º da Lei 8.137/90 – crimes contra a relação de consumo)
Havia entendimento de que o art. 61 da Lei 9099/95 continuava a ser aplicado na esfera estadual, havendo assim dois conceitos de infração de menor potencial ofensivo.
Com a entrada em vigor da Lei 11.313, em 28 de junho de 2006, entendo que este impasse jurídico está resolvido, bastando ao operador do direito questionar qual a pena em abstrato atribuída ao crime, se de até dois anos e em não havendo previsão de procedimento especial, segue o procedimento dos juizados especiais.
	O art. 90-A da Lei 9099/95 – introduzido pela Lei 9839/99 - veda a sua aplicação aos crimes da Justiça Militar. 
 Aplica-se a lei do Juizado especial :
Posse para uso próprio - Art. 28 da Lei 11.343, 
Crime de assedio sexual – art. 216-A;
Crimes praticados contra idosos (Obs. Lei 10741\2003, art. 94 – Esta lei não determinou a incidência do instituto despenalizador da transação penal, mas somente a celeridade do Procedimento sumaríssimo para a instrução processual);
Crimes eleitorais cuja pena seja de até 2 anos – TSE decidiu: “as infrações definidas no código eleitoral obedecem ao disposto nos arts. 355 e seguintes e o seu processo é especial, não cabendo via de conseqüência, ser de competência dos Juizados Especiais a sua apuração e Julgamento” O mesmo tribunal, admite incidência dos institutos da transação penal e do sursis processual;
Crimes de lesão corporal culposa de transito – obs. Art. 291paragrafo 1º da Lei 9503\97;
PROCEDIMENTOS:
Termo Circunstanciado – TCO (Art. 69 da Lei 9099/95) – Deve apontar as circunstâncias do fato criminoso e os elementos colhidos quanto à autoria, para que o titular da ação possa formar o “opinio delicti”. /Realizado no lugar do IP, de maneira menos formal e sem necessidade de colheita minuciosa de provas; Estes autos serão encaminhados ao Juizado com o autor do fato e a vítima– normalmente com a data da audiência agendada;
Audiência Preliminar (Lei 9099/95) - Devem estar presentes à audiência: o juiz e o conciliador, o representante do MP, o autor da infração e seu defensor (constituído ou nomeado pelo juiz para o ato) e a vítima.
Instalada a audiência, o procedimento seguirá fases específicas de acordo com o tipo de ação penal prevista:Até aqui.
a) Ação Pública Incondicionada – 
Juiz esclarece sobre a possibilidade de composição dos danos civis e da proposta imediata de pena através do instituto da transação . Esclarece que a composição dos danos civis não impede a propositura da ação penal ;
 A tentativa de conciliação será conduzida por ele próprio ou por conciliador sob sua orientação/ Efetivada a composição civil e sendo homologada pelo magistrado, será reduzida a termo (valor de titulo executivo judicial);
 Em seguida, MP terá oportunidade de se manifestar, podendo requerer o arquivamento ou propor a imediata aplicação de pena de multa ou restritiva de direitos (transação penal),
 se presentes os requisitos legais (não ter o agente sido condenado em definitivo pela prática de crime a pena privativa de liberdade; não ter o agente sido contemplado com outra transação penal no prazo de 5 anos; terem a personalidade, a conduta social do agente, os seus antecedentes, os motivos e as circunstâncias do delito indicado que a medida é suficiente para a repressão e prevenção do delito);
 Autor aceita a proposta do MP, esta é homologada pelo juiz (se houver divergência entre o autor da infração e seu defensor, a proposta será tida como não aceita e o procedimento prosseguirá); OBS – O aperfeiçoamento da transação, sem que tenha havido anteriormente o acordo civil, não implicará reconhecimento de culpa por parte do autor da infração e dessa forma não terá efeitos civis, cabendo ao interessado ingressar com a ação cível competente.
Homologado o acordo, o Juiz aplica a pena restritiva de direito ou multa. Caso não homologue por entender incabível a transação – analogia com o art. 28 do CPP;
Caso o autor da infração não comparece a audiência, ou se não estiverem presentes os requisitos da proposta da transação ou se o autor recusou a proposta do MP, deverá ser oferecida denúncia oral, prosseguindo-se na instrução de acordo com o rito sumaríssimo, previsto nos arts. 77 e s. Da lei.
b) Ação Pública Condicionada a Representação: 
Juiz esclarece sobre a possibilidade de composição dos danos civis e se a composição for feita e homologada, haverá renúncia tácita ao direito de representação e conseqüentemente, a extinção da punibilidade (art. 74 da lei 9099/95) – Se são dois autores e apenas um compõe, haverá renúncia somente quanto a este (Não se aplica o art. 49 do CPP);
Se não houver composição, o procedimento terá andamento, podendo a vítima ou seu representante legal exercer oralmente o direito de representação na mesma audiência, sendo esta reduzida a termo e assinada pela vítima/ desistir expressamente de representar (não caberá retratação – há entendimento diverso) ou em caso de dúvida, não fazê-la na audiência e podendo exercer o direito de representar posteriormente no prazo de 6 meses (art. 75 da Lei 9099/95 / art 38 do CPP;
Em seguida, MP terá oportunidade de se manifestar, podendo requerer o arquivamento ou propor a imediata aplicação de pena de multa ou restritiva de direitos (transação penal),
Caso o autor da infração não comparece a audiência, ou se não estiverem presentes os requisitos da proposta da transação ou se o autor recusou a proposta do MP, deverá ser oferecida denúncia oral, prosseguindo-se na instrução de acordo com o rito sumaríssimo, previsto nos arts. 77 e s. da lei.
OBS – O art. 88 da Lei 9099/95 passou a exigir representação para os crimes de lesão corporal culposa e dolosa de natureza leve; 
c) Ação Privada: 
Juiz esclarece sobre a possibilidade de composição dos danos civis e se a composição for feita e homologada, haverá renúncia tácita ao direito de queixa e conseqüentemente, a extinção da punibilidade (art. 74 da lei 9099/95) – O dispositivo do art. 104 do CPB continua tendo aplicação para os crimes de ação provada não incluídos na competência do juizado especial, o qual preceitua que o recebimento da indenização do dano decorrente do crime não implica renúncia tácita;
Se não houver composição, o procedimento terá andamento, podendo a vítima ou seu representante legal oferecer oralmente a queixa na própria audiência preliminar ou apresentá-la por escrito no prazo de 6 meses.
OBSERVAÇÃO: Frustrada a transação penal, o representante do MP, poderá requerer o arquivamento, devolução dos autos a delegacia para novas diligências, se o caso for complexo, encaminhar os autos para a adoção do procedimento sumário, conforme se depreende do art. 66 p\ U e 77 p\ 2º .
Suspensão Condicional do Processo – Instituto criado como alternativa a pena privativa de liberdade, pelo qual se permite a suspensão do processo, por determinado período e mediante certas condições. Decorrido o período sem que o réu tenha dado causa a revogação, o processo será extinto sem que tenha sido proferida sentença. ( Lei 9099\95, art. 89 e CP, art. 77). Trata-se de ato discricionário do MP, não podendo o juiz fazê-lo de ofício. Se o MP recusar-se a fazê-lo, o juiz em analogia ao art. 28 CPP, encaminha ao procurador geral de justiça. Pena mínima cominada tem que ser inferior ou igual a um ano.
Atribuição da proposta da Suspensão Condicional do Processo – Ministério Público.
Divergências quanto a ser ato privativo do Ministério Público, havendo posição de que possa ser concedida de ofício pelo juiz em caso de desídia do MP e possa ser requerida ao juiz pelo defensor.
Divergências:
1ª corrente: STJ e STF - Trata-se de ato discricionário do MP, não podendo o juiz fazê-lo de ofício. Se o MP recusar-se a fazê-lo, o juiz em analogia ao art. 28 CPP, encaminha ao procurador geral de justiça. 
2ª corrente (Minoritária) - Tratando-se a suspensão condicional do processo de um direito subjetivo do réu, que pode ensejar até a nulidade do processo se não lhe for dada oportunidade para gozá-lo, é dever do magistrado oferecer essa oportunidade ao réu na hipótese de recusa injustificada ou improcedente por parte do órgão de acusação.
3ª corrente: Noutro giro, também o próprio acusado, por meio do seu defensor, poderá requerer a concessão de tal benefício, conferindo, deste modo, a exata aplicabilidade das garantias asseguradas pela Constituição da República de 1988, a partir do entendimento de que se trata, o sursis processual, de direito subjetivo do réu, desde que preenchidos todos os requisitos previstos no art. 89, da lei nº 9.099/95.
Requisitos legais para a concessão do benefício são os seguintes: 
1) o crime imputado ao réu não pode estar sujeito à jurisdição militar (art. 90-A); 
2) a pena mínima cominada ao crime deve ser igual ou inferior a 1 (um) ano; 
3) o réu não pode estar sendo processado por outro crime; 
4) o réu não pode ter sido condenado por outro crime; e 
5) devem estar presentes os requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Rito Sumaríssimo (Lei 9099/95, arts. 77 a 81) - .
Caso não tenha sido realizada a transação na audiência preliminar pelos motivos da lei, o MP na ação PÚBLICA oferecerá a denúncia oral, exceto se houver necessidade de novas diligências imprescindíveis, caso em que os autos serão remetidos ao juízo comum; A vítima poderá oferecer oralmente a queixa ou por escrito dentro do prazo decadencial no caso de ação PRIVADA; 
Se a acusação for feita oralmente, será reduzida a termo na própria audiência preliminar e o autor receberá copia de seu teor, oportunidade em que estará citado e sairá ciente da data da Audiência de Instrução e Julgamento. Sairão cientes também, o MP, o ofendido e os defensores (ausentes estes, serão intimados). OBS. A citação ocorre antes do recebimento da denúncia ou queixa. Se o autor dainfração não comparecer a audiência de conciliação será intimado pessoalmente da Audiência de Instrução. Caso não seja localizado, o procedimento será remetido à justiça comum (Incabível a citação por edital no Juizado);
Audiência de INSTRUÇÃO e JULGAMENTO – Será tentada a composição de danos civis e a transação penal, caso não tenham sido tentadas anteriormente. Caso haja acordo, o juiz homologará a composição do dano ou imporá a sanção convencionada pelas partes, deixando de receber a acusação. 
Caso não haja acordo, o juiz declarará aberta a audiência e dará a palavra ao defensor para que responda a acusação (Sustentação oral do defensor no sentido de convencer o juiz a rejeitar a acusação);
Depois da sustentação oral do defensor é que o juiz decide se recebe ou rejeita a peça acusatória;
Em caso de rejeição poderá ser interposta apelação no prazo de 10 dias (ART. 82 § 1º);
Recebida a peça acusadora, o juiz ouvirá a vítima, as testemunhas de acusação (arroladas na denúncia ou queixa ) e as testemunhas da defesa (arroladas 5 dias antes da audiência ou trazidas a audiência), e finalmente, ouvirá o réu.
Em seguida serão realizados os debates orais (acusação e depois defesa pelo prazo de 20 minutos prorrogáveis por mais 10);
Sentença na audiência, já saindo intimadas as partes.
Número máximo de testemunhas a serem arroladas – 5 testemunhas.
A citação do réu será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. A intimação será feita por correspondência, com aviso de recebimento pessoal (Lei 9099\95, art. 67)
Recursos (Lei 9099/95, arts. 77 a 81) - 
Em relação à decisão que recebe ou rejeita a denúncia e às sentenças de mérito cabe apelação (art. 82, caput) no prazo de 10 dias e as razões devem ser apresentadas junto à petição. A outra parte terá 10 dias para contra-arrazoar;
O Julgamento dos recursos poderá ser feito por turmas recursais compostas por 3 juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, de acordo com o que dispuser a legislação estadual do Estado-Membro respectivo;
O embargo de declaração será oposto por escrito ou oralmente em 5 dias a contar da data da decisão e interrompe o prazo para os demais recursos;
Erros materiais podem ser corrigidos de ofício pelo juiz;
Quanto aos demais recursos usa-se subsidiariamente o CPP.
Execução (Lei 9099/95, art. 84 e seg.) - 
Pena de Multa – réu terá prazo de 10 dias para efetuar o pagamento na própria secretaria do Juizado. O juiz pode, por sua vez, parcelar o pagamento da pena pecuniária;
Efetuado o pagamento da pena pecuniária, o juiz declara extinta a punibilidade;
Não efetuado o pagamento da pena pecuniária, deverá ser executada de acordo com as normas relativas à execução de dívida ativa da Fazenda Pública.
A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve ação penal contra advogada que exerceu a profissão mesmo com o registro cancelado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A ação foi mantida porque ela descumpriu as condições estabelecidas em transação penal oferecida pelo Ministério Público, acordo possível em crimes de menor potencial ofensivo. 
Antes da decisão do STF, o STJ havia consolidado o entendimento de que a sentença homologatória de transação penal possuía eficácia de coisa julgada formal e material. Por essa razão, entendia que não era possível a posterior instauração de ação penal quando descumprido o acordo homologado judicialmente. 
A decisão muda o posicionamento até então adotado pelo STJ, que passa a admitir o oferecimento de denúncia e o prosseguimento da ação penal em caso de descumprimento dos termos da transação penal homologada judicialmente. Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), firmado no julgamento do recurso extraordinário 602.072, no qual foi reconhecida repercussão geral. 
 
Juizados criminais. Transação penal. Descumprimento. Oferecimento de denúncia. Possibilidade
LUIZ FLÁVIO GOMES* Áurea Maria Ferraz de Sousa** Descumprida a transação penal, é possível ao representante do Ministério Público propor ação penal. O posicionamento, pacificado na jurisprudência no ano passado, foi reiterado recentemente no julgamento do HC 217.659-MS, Rel. originária Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 1º/3/2012,… 1º/3/2012, pela Sexta Turma do STJ (Info. 492).
Em novembro de 2011, acompanhamos o assunto que estava em pauta no STJ, a título de uniformização de jurisprudência, já que o STF havia também se manifestado.
A questão seria apontar se, descumprida a transação penal (art. 76, Lei 9099/95) o Ministério Público poderia ajuizar ação penal, já que a transação penal teria sido homologada em juízo. Esta decisão teria transitado em julgado materialmente ou não? Para o STF, no julgamento do RE  602.072-RS (26/2/2010), não.
EMENTA: AÇÃO PENAL. Juizados Especiais Criminais. Transação penal. Art. 76 da Lei nº 9.099/95. Condições não cumpridas. Propositura de ação penal. Possibilidade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral reconhecida. Recurso extraordinário improvido. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC. Não fere os preceitos constitucionais a propositura de ação penal em decorrência do não cumprimento das condições estabelecidas em transação penal.
Desta vez, ao julgar o HC 217.659-MS, a Sexta Turma do STJ reafirmou: diante do descumprimento das cláusulas estabelecidas na transação penal, retorna-se ao “status quo ante”, viabilizando-se, assim, ao “Parquet” a continuidade da persecução penal (Info. 492).
STF – SUMULA VINCULANTE:
Súmula35 
"A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se o status quo ante, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial". (PSV 68)”
BIBLIOGRAFIA
CÓDIGO Processo Penal 2012
FILHO, Fernando da Costa Tourinho, Processo Penal. Processo Penal l. Editora Saraiva, 1998, 20ª ed.;
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal, Editora Atlas, 2011; 18ª ed;
TAVORA, Nestor e Rosmar Antonni – Curso de Direito Processo Penal – 3ª ed./2011
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal – Revista dos Tribunais, 2011, 3ª ed;
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Processual Penal, Editora Saraiva, 2013, 20ª ed.;
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal - BH - Del Rey/2013; Editora Saraiva;
FILHO, Vicente Greco - Manual de Processo Penal, Editora Saraiva;
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