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Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
1 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL - 4º SEMESTRE 
Objeto de estudo: Direitos e garantias fundamen-
tais, estruturação do Estado, e as funções do 
poder político estatal. 
1ª prova: 22/09 
2ª prova: 24/11 
Exame: 01/12 
Aula 01 – 28/07/08 
Aula: Direitos sociais e coletivos 
1. Direitos fundamentais 
1.1. Direitos individuais 
1.1.1. Vida 
1.1.2. Privacidade 
1.1.3. Liberdade 
1.1.4. Igualdade 
1.1.5. Propriedade 
1.2. Direitos coletivos 
1.3. Direitos sociais 
1.4. Direitos de nacionalidade 
1.5. Direitos políticos 
 
1. Direitos coletivos: a Constituição não diz quais 
são, cabe ao intérprete saber quais os Direitos 
coletivos. No art. 5º tem as garantias fundamen-
tais. Garantias são os modos, os meios trazidos 
para fazer valer os Direitos protegidos pela 
constituição. Os Direitos coletivos são aqueles 
que devem ser exercidos por mais de uma pes-
soa, não sendo possível seu exercício individu-
almente. Ex: Direito de reunião, Direito à infor-
mação. 
Rosah Russomano: “os Direitos coletivos são 
aqueles que, apesar de serem individuais, têm 
uma dimensão coletiva, porque sua caracteri-
zação somente ocorrerá quando houver seu 
exercício por uma pluralidade de indivíduos.” 
Os Direitos coletivos estão associados com o Di-
reito à liberdade. 
1.1. Liberdade de reunião1: é uma liberdade 
plena. Só existem algumas condicionantes que 
são dadas em relação a outras reuniões, em re-
lação à segurança da sociedade e do trânsito. 
 
1 XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais 
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não 
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, 
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
A comunicação à autoridade competente não é 
um pedido, mas um comunicado, um aviso, que 
pode servir para que a autoridade providencie a 
segurança do local, eventuais desvios de tráfego. 
O Direito à reunião pressupõe avocação prévia, 
ou seja, convocação anterior. Não se considera 
reunião qualquer aglomeração de pessoas. Se 
preencher os requisitos, a reunião não pode ser 
dispersa, sob pena de abuso de autoridade. As 
autoridades que devem ser comunicadas são as 
de trânsito urbano e autoridades militares (que 
seriam, no caso, a polícia militar e a prefeitura). 
Locais fechados ao público: não é necessário co-
municação à autoridade competente. 
1.2. Liberdade de associação2: se for para fins 
ilícitos pode tipificar formação de quadrilha 
(prevista no art. 288 do CP). Uma associação 
para fins ilícitos nem sempre será criminosa. 
Resumindo, há 3 tipos de associações: 
- Para fins lícitos: é aquela que a associação 
permite. 
- Para fins ilícitos: se for mais de 3 pessoas = art. 
288 – CP: formação de quadrilha. 
- Associação ilícita: quando tiver menos de 3 
pessoas ou quando não tiver sido criada para 
cometimento de crimes. 
O poder público não pode interferir no funcio-
namento de uma associação. Apenas quem tem 
esse poder, em casos constitucionalmente pre-
vistos (XIX), é o poder judiciário. 
Ninguém é obrigado a associar-se ou manter-se 
associado para usufruir Direitos previstos em 
lei. Se for para usufruto de Direitos previstos no 
estatuto interno, passa a existir tal obrigação. 
O inciso XXI garante uma exceção à regra de 
que ninguém pode entrar com processo contra 
 
2 XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a 
de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas 
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em 
seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas 
ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no 
primeiro caso, o trânsito em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer 
associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, 
têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudi-
cialmente; 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
2 
 
Direito de 3º ofendido. Na regra, quem é inte-
ressado é que tem que pleitear seu Direito em 
juízo. Não se pode pleitear Direito alheio em 
nome próprio. Entretanto, este dispositivo 
constitucional garante que uma associação de-
fenda o Direito de um associado em nome da 
própria associação. É uma ação coletiva, pois a 
pessoa jurídica coletiva (associação) substitui, 
representa a coletividade de seus associados. 
Para isso deve haver autorização dos associa-
dos, mediante uma lista com os nomes dos as-
sociados e as respectivas assinaturas permitin-
do, ou mediante uma assembléia para decidir 
sobre tal assunto. 
O poder judiciário é encarregado da proteção dos 
Direitos constitucionais, Direitos decorrentes da 
legislação infraconstitucional, e Direitos de con-
tratos, estatutos, convenções. 
2. Direitos sociais: também chamados de Direi-
tos fundamentais de 2ª geração. Se realizam 
com uma atuação positiva do Estado, diferen-
temente dos de 1ª geração, que se dão com 
uma mera abstenção, uma não-atuação do Es-
tado. 
O Direito social é criado, é colocado na Constitui-
ção para dar uma garantia mínima perante os 
bens da vida para todos os indivíduos, para ga-
rantir o mínimo de igualdade garantida pelo Es-
tado. 
Segundo José Afonso da Silva: “São prestações 
positivas proporcionadas pelo Estado, direta ou 
indiretamente, enunciadas em normas constitu-
cionais, que possibilitam melhores condições de 
vida aos mais fracos, Direitos que tendem a rea-
lizar a igualização de situações sociais desiguais. 
O Estado deve fazer algo, ajudar para que algo 
seja realizado, isso é uma atuação positiva. 
O art. 6º enumera os Direitos sociais3. 
É importante ter em mente que esse artigo traz: 
“(...) na forma desta Constituição”. Por exemplo a 
moradia, por falta de regulamentação constituci-
onal, é inaplicável. A Constituição não é clara 
sobre como se dará a realização desse Direito 
 
3 Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição. 
constitucional. Não cabe ADIN por omissão por-
que ela pede regulamentação pela própria Cons-
tituição. É uma norma de eficácia limitada, e esta 
limitação será feita por outras normas constituci-
onais. 
No art. 7º a Constituição estabelece os Direitos 
mínimos para os trabalhadores, sejam eles da 
iniciativa pública ou privada. A Constituição esta-
belece as regras, e estas regras serão desenrola-
das, reguladas posteriormente por legislação 
infraconstitucional. 
A implementação dos Direitos sociais custa caro 
para o Estado. Ele tem que construir escolas, 
hospitais, entre outros estabelecimentos para 
assegurar os Direitos relativos à saúde, à educa-
ção, previdência social, etc. 
Isso tudo porque o nosso Estado é um “Estado do 
bem-estar social” (welfare state). 
Os gastos do Estado para assegurar Direitos soci-
ais são oriundos dos impostos. Os Direitos sociais 
então só são implantados se houver disponibili-
dade financeira. 
A saúde está regulada constitucionalmente no 
art. 1964. 
O Direito à educação está previsto no art. 2055, e 
melhor esmiuçado no art.2086. 
 
4 Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco 
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
5 Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração da socieda-
de, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
6 Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado medi-
ante a garantia de: 
I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, 
sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na 
idade própria; 
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de defici-
ência, preferencialmente na rede regular de ensino; 
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis 
anos de idade; 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da 
criação artística, segundo a capacidade de cada um; 
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
educando; 
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de 
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde. 
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público 
subjetivo. 
§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, 
ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade 
competente. 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
3 
 
Vale lembrar que a Constituição não regula todos 
os aspectos dos Direitos sociais, e deixa sua regu-
lamentação aberta às leis infraconstitucionais. 
Por exemplo, a Constituição dispõe sobre a pre-
vidência social, mas a total regulamentação fica a 
cargo do RPS (Regulamento da Previdência Social) 
e dispõe sobre a educação, mas o resto cabe à 
LDB (lei de diretrizes e bases), que regula a edu-
cação. 
Em regra os Direitos sociais estão no TÍTULO VIII - 
DA ORDEM SOCIAL. 
Aula 2 – 04/08 
 
3. Direito de nacionalidade: tem a previsão cons-
titucional no art. 127. Nacionalidade é um vincu-
lo jurídico que tem uma pessoa com o estado. A 
nacionalidade designa quais são as pessoas que 
fazem parte desse Estado. Um Estado é formado 
por POVO, território e governo soberano. Os na-
cionais fazem parte desse elemento: povo, que 
integra o conceito de Estado. 
Nem todo morador de um Estado é nacional 
dele. Povo é o conjunto de nacionais de um es-
tado. População é o número de habitantes do 
Estado. 
 
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino 
fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou respon-
sáveis, pela freqüência à escola. 
7 Art. 12 - São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, 
desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do 
Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, 
desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e 
optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira; 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, 
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
§ 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver 
reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos 
inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. 
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. 
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas. 
VII - de Ministro de Estado da Defesa. 
A lei brasileira diz quem é nacional brasileiro. 
Se não for reconhecida como nacional será es-
trangeiro. Cada Estado define quem é seu naci-
onal, isso é um ato de soberania. 
No caso brasileiro, nem todo nacional é cida-
dão, mas todo cidadão, obrigatoriamente será 
nacional. Cidadão é a pessoa inscrita como elei-
tor. Para ser eleitor a nacionalidade brasileira é 
requisito indispensável. 
Alguém com Direitos políticos suspensos está 
com a nacionalidade suspensa, mas ele pode vir 
a tê-la novamente, quando o empecilho não 
mais existir. 
Em face do Estado, todo indivíduo é nacional 
ou estrangeiro (se não for nacional é estran-
geiro). A nacionalidade representa um vínculo 
jurídico que designa quais são as pessoas que 
fazem parte de um determinado Estado. É a lei 
de cada Estado que define quem são seus na-
cionais. 
3.1. Nacionalidade primária: ou originária. É ad-
quirida por um fato natural, que é o nascimen-
to. O nascimento do indivíduo fixa sua naciona-
lidade. 
3.1.1. Critério do jus sanguinis: critério pelo 
qual alguém que nasce filho de nacional é 
considerado nacional. Países que adotam es-
se critério: Japão, China, alguns países euro-
peus e alguns do oriente médio. 
3.1.2. Critério jus solis: nasceu no território na-
cional é considerado nacional. 
3.2. Nacionalidade secundária: ou derivada. De-
corre de um ato voluntário, chamado de natu-
ralização. 
Esses critérios (jus sanguinis e jus solis) são fun-
damentais. No Brasil 90% dos nacionais são nas-
cidos aqui. Há pessoas polipátridas, que são 
aquelas que têm mais de uma pátria. Se, por 
exemplo, uma pessoa nascer no Brasil, mas for 
filho de italianos (que só adota o jus sanguinis), 
assim ele terá dupla nacionalidade. 
Também há a possibilidade de um sujeito ser 
apátrida, ou heimatlos. Isso pode acontecer ex-
cepcionalmente hoje. Por exemplo, suponha que 
um casal de brasileiros, de férias na Itália, têm 
um filho. Se a Constituição brasileira só conside-
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
4 
 
rasse nacional quem nascesse aqui e a italiana 
considerasse nacional apenas os filhos de italia-
nos, assim o cara ficaria sem nacionalidade. Seria 
sempre estrangeiro. 
As constituições acabam contemplando algumas 
hipóteses mesclando que algumas pessoas pró-
ximas a um Estado tenham a nacionalidade desse 
Estado. Isso (Direito à nacionalidade) é um Direito 
humano, contemplado na declaração universal 
dos Direitos humanos. 
Cada país limita o número de gerações posterio-
res que adquirem a nacionalidade primária. Na 
Itália, por exemplo, é até a 4º geração. 
Em alguns países, quando alguém se naturaliza 
em outro país, perde a nacionalidade primária. 
Essa é a regra. 
Se ficar comprovado que há a necessidade de se 
naturalizar em outro país, a nossa Constituição 
aceita que isso ocorra sem que haja perca da 
nacionalidade primária. 
As constituições, de modo geral, permitem quealguém acumule nacionalidades primárias, sem 
restrições. A punição com a perda da nacionali-
dade primária, em alguns países, vale apenas 
para NATURALIZAÇÃO em outro país. 
Se o cara se naturalizar em um país (nacionalida-
de secundária) e seu país de origem lhe impor a 
perda da nacionalidade primária, ele ficará só 
com a secundária. Talvez isso pode ser vantagem, 
em certos casos. 
3.3. Aquisição da nacionalidade brasileira: a 
primária se obtém na forma do art. 12, I. 
A secundária, no art. 12, II. 
As embaixadas não são extensão do território 
nacional. 
Os navios de guerra e os aviões de guerra são 
considerados extensão do território nacional. 
Aviões e navios comerciais não são extensão do 
território nacional quando estiverem aterrissados 
ou ancorados, mas se estiverem em movimento, 
são brasileiros. 
São considerados nacionais os filhos de brasilei-
ros que prestam serviço PÚBLICO, sem caráter 
econômico, no exterior. 
O art. 12, I, C, teve sua redação dada pela EC 54. 
Por esse critério são brasileiros natos aqueles que 
nascem de pais brasileiros no exterior que são 
registrados em repartição brasileira competente, 
ou que venha a residir no Brasil e opte (após a 
maioridade) pela nacionalidade brasileira. 
O art. 12, II8, define os critérios de aquisição da 
nacionalidade secundária (naturalização). 
Qualquer estrangeiro que more no Brasil há 15 
anos e não tenha condenação penal. Quem con-
cede a naturalização é o presidente da república. 
O processo de naturalização começa na polícia 
federal e termina com o presidente. ao presiden-
te não é facultada a aprovação, ele DEVE conce-
der, pois a lei (alínea b) estabelece apenas esses 
dois requisitos. 
Quanto à alínea “a”, os requisitos são: residência 
por 1 ano para estrangeiros que venham de paí-
ses com idioma português. Para outros idiomas, a 
Constituição remete a lei infraconstitucional (es-
tatuto do estrangeiro, lei 6.815/80). Essa lei exige 
que o estrangeiro tenha 4 anos de residência no 
Brasil, emprego fixo, e fale português. 
Os portugueses com residência fixa no Brasil não 
precisam pedir naturalização, pois já é brasileiro 
naturalizado equiparado. 
Em classificação por facilidade de se naturalizar: 
- Portugueses (são considerados brasileiros equi-
parados, quando há reciprocidade em Portugal). 
- Países de língua portuguesa (residência fixa por 
um ano ininterrupto e idoneidade moral). 
- Estrangeiro que more no país há mais de 15 
anos ininterruptos e sem condenação penal que 
requerer a naturalização. 
- Para os outros casos, que não estão previstos na 
constituição, há legislação infraconstitucional 
(estatuto do estrangeiro, lei 6.815/80). Os requi-
sitos são residência no país por 4 anos, falar por-
tuguês, ter emprego fixo e idoneidade moral. 
A forma de aquisição de nacionalidade primária é 
regulada exclusivamente pela Constituição. Para 
a aquisição da nacionalidade secundária, são 
válidas as formas previstas na Constituição e as 
reguladas por lei infraconstitucional. 
O Brasil só concede obrigatoriamente a naturali-
zação no caso da alínea “b” (os estrangeiros de 
 
8 II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, 
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
5 
 
qualquer nacionalidade residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos inin-
terruptos e sem condenação penal, desde que 
requeiram a nacionalidade brasileira). 
3.4. Restrições ao brasileiro naturalizado: a re-
gra do art. 12, § 2º é de que não haverá distin-
ção entre brasileiros natos e naturalizados, sal-
vo as hipóteses previstas pela própria Consti-
tuição. Essas hipóteses são 4: 
3.4.1. Art. 5º, LI - nenhum brasileiro será extradi-
tado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de 
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
Esse inciso é relativizado pelo seguinte: 
LII - não será concedida extradição de estran-
geiro por crime político ou de opinião; 
3.4.2. Art. 12, § 3º - São privativos de brasileiro 
nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas. 
VII - de Ministro de Estado da Defesa. 
3.4.3. Art. 222 - A propriedade de empresa jorna-
lística e de radiodifusão sonora e de sons e ima-
gens é privativa de brasileiros natos ou naturali-
zados há mais de dez anos, aos quais caberá a 
responsabilidade por sua administração e orien-
tação intelectual. 
3.4.4. Art. 899 - O Conselho da República é órgão 
superior de consulta do Presidente da Repúbli-
ca, e dele participam: 
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais 
de trinta e cinco anos de idade, sendo dois no-
meados pelo Presidente da República, dois elei-
tos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câ-
mara dos Deputados, todos com mandato de 
três anos, vedada a recondução. 
O brasileiro naturalizado não pode ser membro 
do conselho da república na condição de cida-
 
9 Art. 89 - O Conselho da República é órgão superior de consulta do 
Presidente da República, e dele participam: 
I - o Vice-Presidente da República; 
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - o Presidente do Senado Federal; 
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; 
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; 
VI - o Ministro da Justiça; 
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos 
de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois 
eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputa-
dos, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. 
dão (art. 89, VII). Todavia, pode fazer parte do 
conselho na condição de ministro da justiça ou 
de líder da maioria ou minoria na Câmara ou no 
Senado, uma vez que não há impedimento cons-
titucional para que ocupem tais cargos. (art. 12, 
§3º + art. 89, IV, V e VI). 
3.5. Distinções entre nacionais e estrangeiros 
3.6. Perda e reaquisição da nacionalidade. 
Os crimes de guerra, desde que não sejam defini-
dos pelo supremo como crime político ou de opi-
nião, podem permitir extradição. 
O supremo nunca decidiu uma questão sobre 
entrega de pessoa para julgamento pelo tribunal 
internacional do qual o Brasil tenha manifestado 
adesão. Mas, segundo o ministro Gilmar Mendes, 
essa é uma questão muito complexa. O §4º do 
art. 5º da Constituição prevê que “O Brasil se 
submete à jurisdição de Tribunal Penal Internaci-
onal a cuja criação tenha manifestado adesão”. 
Isso não vale apenas para estrangeiros no Brasil, 
mas para todos, natos, naturalizados e estrangei-
ros. 
Isso porque a idéia de extradição não é aqui tra-
tada, uma vez que essa seria a entrega de uma 
pessoa de um Estado a outro, o que difere da 
situação apresentada, uma vez que isso seria a 
entrega a um tribunal internacional. 
Aula 3 – 11/08/08 
5.5. Distinções entre nacionais e estrangeiros: 
há os brasileiros natos, os naturalizados e os 
estrangeiros. A Constituição procura estabele-
cer o máximo de igualdade entrebrasileiros e 
estrangeiros. Os natos são aqueles que podem 
exercer todos os Direitos previstos pela Consti-
tuição. Já os naturalizados podem exercer qua-
se todos, de acordo com as previsões da Cons-
tituição, e os estrangeiros têm apenas alguns, 
como veremos a seguir: 
5.5.1. Os estrangeiros não têm tantos Direitos 
constitucionais, pois, via de regra, podem ser 
extraditados, enquanto os brasileiros nunca o 
serão e os naturalizados somente em caso de 
crime comum praticado antes da naturaliza-
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
6 
 
ção ou de comprovado envolvimento em trá-
fico ilícito de entorpecentes. 
5.5.2. O art. 14, §2º10 da Constituição preceitua 
outra diferença, qual seja os estrangeiros não 
têm Direitos políticos. 
5.5.3. Outra diferença é que os estrangeiros 
não podem propor ação popular (art. 5º, 
LXXIII11). Isso porque, por não ter Direitos polí-
ticos, não podem votar e, conseqüentemente, 
não são cidadãos, não podendo, portanto, 
propor tal ação, sendo que esta é cabível por 
qualquer cidadão. 
5.5.4. Outra distinção se dá com o art. 5º, XV12, 
quando, ao dizer nos termos da lei, remete ao 
estatuto do estrangeiro. 
5.5.5. Outra distinção, a 5ª que a Constituição 
faz, é para o acesso a cargos públicos (art. 37, 
I13). A regra é que os brasileiros têm acesso 
aos cargos de acordo com os requisitos previs-
tos no RJU (lei 8.112/90), e essa mesma lei 
prevê que estrangeiros podem ocupar apenas 
cargos de professores e cientistas. Entretanto, 
os estados e municípios não estão obrigados a 
obedecer a essa legislação, por essa ser apli-
cável a servidores da união. 
5.5.6. A sexta diferença diz está no art. 22214. 
5.5.7. Art. 17615. Diz respeito a recursos mine-
rais. O proprietário receberá participação nos 
 
10 Art. 14 - A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal 
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos 
da lei, mediante: 
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante 
o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. 
11 LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação 
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de 
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao 
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, 
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência; 
12 XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, 
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer 
ou dele sair com seus bens; 
13 Art. 37 - I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis 
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, 
assim como aos estrangeiros, na forma da lei; 
14 Art. 222 - A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão 
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou natura-
lizados há mais de dez anos, aos quais caberá a responsabilidade por 
sua administração e orientação intelectual. 
15 Art. 176 - As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais 
e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta 
da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem 
à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da 
lavra. 
§ 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento 
dos potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão 
ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no inte-
lucros provenientes da exploração dessas ri-
quezas, mas não pode explorá-las por si só. 
Entretanto, os estrangeiros não podem explo-
rar, uma vez que o § 1º estabelece esta restri-
ção com o uso do termo “brasileiros”. 
5.5.8. A oitava e última diferença está no art. 
19016. 
5.6. Perda e reaquisição da nacionalidade: as 
hipóteses de perda da nacionalidade brasileira 
estão previstos no art. 12, §4º17. 
O MPF pode propor uma ação de cancelamento 
de naturalização se o indivíduo estiver praticando 
atividades nocivas ao interesse nacional. O caso 
será julgado por um juiz federal e o réu tem Direi-
to a ampla defesa e ao contraditório. Se for con-
siderado culpado ele será expulso, a não ser que 
essa expulsão deva ser substituída por PPL. O 
entendimento da doutrina é de que, uma vez 
perdida a nacionalidade, ele não poderá pedir 
nova naturalização. 
Ele só poderá readquirir sua nacionalidade por 
ação rescisória, um caso excepcional de processo 
que admite que a parte sucumbente tente uma 
reformulação da decisão. Isso só será possível por 
algum vício grave, como venda da sentença, in-
competência de jurisdição. O injustiçado tem até 
2 anos para interpor essa ação. Se ele ganhar a 
ação rescisória, ele ganha de volta sua nacionali-
dade. 
A expulsão é dada pelo ministério da justiça e 
pelo presidente da república, ou seja, pelo poder 
executivo. 
O inciso II do art. 12, § 4º prevê as hipóteses de 
dupla nacionalidade, nos casos seguintes: 
 
resse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis 
brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da 
lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades 
se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. 
16 Art. 190 - A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento 
de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e esta-
belecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso 
Nacional. 
17 § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtu-
de de atividade nociva ao interesse nacional; 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela forma estrangeira, ao brasilei-
ro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência 
em seu território ou para o exercício de direitos civis. 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
7 
 
De reconhecimento de nacionalidade originária 
pela lei estrangeira. A nossa Constituição admite 
várias nacionalidades originárias, ou seja, os poli-
pátridas. 
Na alínea b é previsto que não perde a nacionali-
dade brasileira aquele que reside em outro país e 
este país exige, como condição de permanência, 
naturalização do nacional brasileiro. Na prática há 
um processo longo antes da declaração definitiva 
de perda de nacionalidade. Esse processo dificul-
ta a perda da nacionalidade, uma vez que os ca-
sos apresentados quase sempre são considerados 
razoáveis à concessão de dupla nacionalidade. 
5.6.1. Reaquisição da nacionalidade brasileira: 
pode-se voltar a ser brasileiro quando a pes-
soa, após ter perdida a naturalização por ter 
adquirido outra nacionalidade preenche no-
vamente os requisitos para a naturalização. 
Isso serve para quem perde a nacionalidade 
na forma do inciso II, do §4º do art. 12. Há 
doutrinadores que admitem outra hipótese, 
que se daria com uma espécie de perdão do 
presidente da república, que, por decreto, da-
ria novamente a nacionalidade para a pessoa. 
Nesse caso, a nacionalidade que o sujeito 
passa a ter é aquela que tinha perdido. Entre-
tanto, os efeitos desse decreto são ex nunc, e 
esse tema encontra divergência doutrinária. 
Quando uma pessoa for brasileiro nato, ele não 
perde a nacionalidade brasileirase houver reco-
nhecimento de nacionalidade originária por outro 
país. A regra é que quem se naturalizar perde a 
nacionalidade brasileira originária. 
6. Direitos políticos: 
6.3. Conceito: têm previsão dos arts. 14 a 16 da 
CF. Direitos políticos são meios de o povo in-
terferir na coisa pública. 
São instrumentos por meio dos quais a CF garan-
te o exercício da soberania popular, atribuindo 
poderes aos cidadãos para interferirem na con-
dução da coisa pública, seja direta ou indireta-
mente. Na realidade esses Direitos são uma de-
corrência do princípio segundo o qual o poder 
emana do povo (CF, Art. 1º, § Ú18). No Brasil a 
democracia é representativa, onde há represen-
tantes eleitos pelo povo e também participação 
direta do povo, através de plebiscitos e referen-
dos. O plebiscito é uma consulta prévia, enquan-
to que o referendo é uma consulta posterior à 
prática de um ato. O referendo invalida ou legi-
tima o ato. No art. 1419 a Constituição fala sobre 
como será exercida a soberania popular. Quem 
convoca plebiscito ou referendo é o congresso 
nacional. 
Ação popular é um remédio constitucional previs-
to no art. 5º LXXIII, que já teve nota neste arqui-
vo. 
A Constituição prevê que populares possam subs-
crever projetos de lei ao congresso nacional. Isso 
está no art. 61, §2º20. O congresso nacional pode, 
de acordo com seu entendimento, aprovar ou 
reprovar o projeto de iniciativa popular. É preciso 
aprovação de 1% do eleitorado nacional, distribu-
ído por pelo menos cinco estados. 
Ex. De projeto de lei de iniciativa popular: a lei 
que elevou o crime de homicídio qualificado à 
categoria de hediondo. 
A criação de partidos políticos também é um Di-
reito político. Os princípios que norteiam os par-
tidos políticos estão no art. 17 da CF21. 
 
18 Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por 
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição. 
19 Art. 14 - A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal 
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos 
da lei, mediante: 
I - plebiscito; 
II - referendo; 
III - iniciativa popular. 
20 Art. 61 - § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apre-
sentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no 
mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos 
por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos 
eleitores de cada um deles. 
21 Art. 17 - É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de 
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime 
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa 
humana e observados os seguintes preceitos: 
I - caráter nacional; 
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou 
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; 
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; 
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
§ 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua 
estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatu-
tos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias. 
§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, 
na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior 
Eleitoral. 
§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário 
e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
8 
 
6.4. Direitos de sufrágio: é o Direito de eleger e 
ser eleito. Ele se instrumentaliza pelo voto. É a 
essência dos Direitos políticos, o principal de-
les. No Brasil esse Direito é universal e igual. 
Cada pessoa tem Direito a um voto e cada voto 
tem um valor. Ao dizer que esse Direito é uni-
versal ela quer dizer que é para todos os naci-
onais. A única restrição é cronológica, pois exi-
ge mais de 16 anos. A nossa Constituição con-
sagra o sufrágio universal e igual a todos, mas 
quanto à extensão esse Direito pode se classi-
ficar em universal e restrito. 
O Direito de sufrágio é a essência do Direito 
político, expressando-se pela capacidade de 
eleger e ser eleito. Ativo: capacidade de eleger. 
Passivo: capacidade de ser eleito. 
6.4.1. Quanto à extensão. 
6.4.1.1. Universal: é para todos os nacionais. 
6.4.1.2. Restrito: 
 Capacitário: é a restrição pela questão cultu-
ral, da capacitação intelectual. A exclusão do 
analfabeto é um exemplo dessa restrição. É 
uma forma anti-democrática de sufrágio, pois 
restringe o universo de eleitores. 
 Censitário: tinha na Constituição de 1824. Só 
podia votar quem tinha posses, ou seja, era de 
acordo com a condição econômica. 
6.4.2. Quanto à igualdade: 
6.4.2.1. Igual 
6.4.2.2. Desigual 
 Múltiplo: seria a capacidade de uma pessoa 
votar em vários lugares. 
 Plural: seria a possibilidade de uma pessoa 
poder votar mais de uma vez de acordo com 
sua condição 
 Familiar: é o sujeito poder votar conforme o 
número de pessoas da família. 
Aula 4 – 18/08 
6.5. Voto – características: o voto, segundo a 
Constituição, em seu art. 14, §1º22, é obrigató-
 
§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização 
paramilitar. 
22 § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: 
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; 
rio para pessoas com idade entre 18 e 70 anos, 
e facultativo para quem tem de 16 a 18 anos; 
mais de 70 anos ou que seja analfabeto. 
O voto é um Direito, mas é obrigatório, e isso 
aumenta a importância da boca de urna. O gran-
de número de pessoas que votam, devido ao fato 
deste ser obrigatório, é típico de estados ditatori-
ais. Aquele que é obrigado a ir votar, muitas ve-
zes nem sabe em quem votar, e por isso a impor-
tância da boca de urna aumenta. Seria interes-
sante se o voto fosse facultativo a todos, para 
que o cidadão sinta-se no dever de escolher seu 
candidato não por uma sanção ou imposição 
legal, mas por satisfação de realizar sua cidada-
nia. 
Alguns autores consideram o voto não apenas um 
Direito público subjetivo, mas um dever social, 
uma obrigação do individuo para com a socieda-
de. Há um entendimento de que o voto deveria 
ser facultativo a todos, tendo em vista ser este 
um Estado democrático de Direito cujos atos 
referentes ao exercício da cidadania não deveri-
am ser impostos, mas facultativo. 
O voto, enquanto expressão da vontade do elei-
tor, não é obrigatório. O que é obrigatório é o 
comparecimento à urna e o comprovante de par-
ticipação. 
O resultado da eleição tem que espelhar de modo 
mais claro, mais autêntico possível a vontade do 
eleitor no dia da eleição, por isso o voto deve 
representar a vontade sincera e autêntica do 
eleitor. Por isso ele se reveste de algumas carac-
terísticas: 
6.5.1. Personalíssimo: não se pode votar por 
procuração. Essa característica vale apenas 
para o voto em autoridades públicas, ou seja, 
excetuam-se as eleições para associações, 
sindicatos ou assemelhados em que o voto 
não constitua exercício de um Direito político. 
A procuração tiraria a autenticidade do voto. 
6.5.2. Livre: pode-se votar em quem quiser 
dentre os candidatos que concorrem. A idéia 
 
II - facultativos para: 
a) os analfabetos; 
b) os maiores de setenta anos; 
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
9 
 
é de que o eleitor tenha liberdade, não sofra 
qualquer tipo de pressão ou coação para vo-
tar em um determinado candidato, sendo 
crime influenciar o candidato por meios não 
previstos. O meio previsto, lícito, é a propa-
ganda. Oferecer vantagens, ameaçar, coagir 
pessoas para beneficiar determinado candi-
dato constitui crime. 
6.5.3. Secreto: o eleitor não tem como com-
provar em quem votou. Costuma-se usar co-
mo meio fraudulento para controle de eleito-
res o número dos títulos eleitorais. Em princí-
pio, o equipamento utilizado é testado para 
impossibilitar fraudes e manipulações eletrô-
nicas. Existe uma aferição das urnas para isso, 
através de simulações prévias. 
6.5.4. Direto: escolhemos diretamente o can-
didato de nossa preferência, sem intermediá-
rios. A regra é que não haja eleição indireta. 
Mas existe uma exceção constitucional que é 
no caso de vacância do chefe do executivo 
nos últimos 2 anos do mandato. Nesse caso 
as eleições são indiretas. Em caso, por exem-
plo, de vacância de prefeito e vice, o presi-
dente da câmara o substitui. Substituição sig-
nifica que é temporariamente. Isso tudo cons-
ta no art. 8123. Se a vacância ocorrer nos 2 
primeiros anos de mandato, a eleição é dire-
ta. Se ocorrer nos últimos 2 anos, a eleição é 
indireta. 
6.6. Elegibilidade: é a capacidade eleitoral pas-
siva. A condição para ser eleito pressupõe de-
terminados requisitos a serem preenchidos. 
Esses requisitos estão previstos no art. 14, 
§3º24. 
 
23 Art. 81 - Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da 
República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última 
vaga. 
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presi-
dencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da 
última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período 
de seus antecessores. 
24 § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V - a filiação partidária; (a filiação tem que ser a pelo menos 1 ano 
antes da eleição e no mesmo partido.) 
VI - a idade mínima de: (até o dia da posse) 
O juiz de paz é um casamenteiro. Deveria ser uma 
pessoa que resolve os conflitos das pequenas 
localidades. Nunca teve uma eleição para juiz de 
paz. 
6.7. Sistemas eleitorais: é um conjunto de pro-
cedimentos destinados a estabelecer quem 
ganhou a eleição. São as regras da eleição. O 
Brasil adota dois tipos de sistemas eleitorais. 
Um é o majoritário e o outro é o proporcional 
6.7.1. Majoritário: considera-se eleito o mais 
votado dos candidatos. Esse sistema pode ser 
por: 
6.7.1.1. Maioria simples (relativa), onde o 
mais votado ganha a eleição. É usado para 
eleição de prefeitos de cidades com até 200 
mil eleitores inclusive e para eleições de se-
nadores. O que importa é que ele faça mais 
votos que o outro. O sistema de Foz do Igu-
açu é majoritário simples. Se o candidato a 
prefeito “A” tiver 12% dos votos e os restan-
tes tiverem, cada um, menos que esse per-
centual, o candidato “A” vence. Cada esta-
do brasileiro elege 3 senadores, que repre-
sentarão esse Estado no congresso nacional. 
Em uma eleição para senador em um de-
terminado ano, é eleito 1 senador por Esta-
do, e na próxima eleição são dois senadores. 
6.7.1.2. Sistema majoritário por maioria abso-
luta: vence quem fizer 50% mais 1 voto. É 
utilizado para eleições de presidente da re-
pública, governadores de estados e prefeitos 
de cidades com mais de 200 mil eleitores. Se 
um candidato não fizer esse número, há se-
gundo turno, onde disputam os dois candi-
datos mais votados. No caso do presidente 
da república, adota-se esse sistema por uma 
questão de representatividade. 
O critério de desempate na justiça eleitoral brasi-
leira é a idade. Se houver empate, segundo o art. 
 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República 
e Senador; 
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do 
Distrito Federal; 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou 
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
d) dezoito anos para Vereador. 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
10 
 
77, §5º25, para qualquer cargo, o critério é crono-
lógico. 
6.7.2. Sistema proporcional: é duplamente 
proporcional. O número de vagas em disputa 
sempre é proporcional à população. Quanto 
maior o número de eleitores, maior o número 
de vagas. Isso é válido para deputados e ve-
readores. 
Quem delimita o número de vereadores de um 
município é o TSE. Foz, na última eleição, teve 14 
vereadores. Agora já ultrapassamos o limite e 
temos Direito a eleger 15 vereadores. 
A divisão das vagas em disputa é proporcional 
aos votos recebidos pelos partidos políticos. 
Quando se faz a apuração dos votos, a 1ª conta-
gem é para os partidos, para saber qual a quanti-
dade de vereadores que esse partido terá direito 
a eleger. Feito isso, estabelecido esse número, 
volta-se à contagem dos votos dos candidatos. 
Exemplificando: em uma cidade com 150 mil 
habitantes e 15 vagas para vereadores, se um 
partido fizer 50% dos votos, em tese, ficará com 
50% das vagas, por ordem de votação dos candi-
datos do partido. 
Mas para cada partido eleger um candidato, é 
necessário um requisito chamado QE, onde o 
número de votos válidos dados para vereador é 
dividido pelo número de cadeiras em disputa. 
Esse critério é o QE – quociente eleitoral. Um 
partido, como no exemplo acima, teria que fazer 
10 mil votos. 
As coligações valem como se fossem apenas um 
partido. 
O voto distrital permite que se divida um Estado 
federativo em vários distritos, na medida dos 
números de eleitores, tentando estabelecer 
aproximadamente o mesmo número de eleitores 
por distrito. 
6.8. Direitos políticos negativos: são disposições 
constitucionais ilegais que negam o Direito de 
participar do processo político. São disposições 
que privam um indivíduo de participar do pro-
cesso político. 
 
25 § 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em 
segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualifi-
car-se-á o mais idoso. 
Pode ser divididos em dois grandes grupos: 
6.8.1. Perda e suspensão: art. 1526. Atingem 
todos os Direitos políticos. Perda, em regra, é 
definitiva e suspensão, em regra, é temporá-
ria. Perda pressupõe definitividade. Suspen-
são pressupõe temporariedade. 
Hipóteses de perda e suspensão: 
Art. 15 - É vedada a cassação de direitos políticos, 
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
I - cancelamento da naturalização por sentença 
transitada em julgado; (PERDA) 
II - incapacidade civil absoluta; (SUSPENSÃO) 
III - condenação criminal transitada em julgado, 
enquanto durarem seus efeitos; (SUSPENSÃO) 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta 
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, 
VIII27; (PERDA) 
V - improbidade administrativa, nos termos do 
art. 37, § 4º28. (SUSPENSÃO) 
Explicação – V: se um agente público for conde-
nado em juízo por crime contra a administração 
pública, poderá ter seus Direitos políticos suspen-
sospor 3 a 10 anos. Isso está regulado na lei 
8.429/92. 
6.8.2. Inelegibilidade: art. 14, §4º29. Só atingem 
a capacidade eleitoral passiva. Quem é inele-
gível não pode ser eleito, votado, candidato. 
Pode votar. 
As inelegibilidades dividem-se em duas espécies: 
 Absolutas: impedem de ser eleito em qualquer 
cargo público, por tempo indeterminado. Ex. o 
analfabeto. Estão previstas no art. 14, § 4º. 
 
26 Art. 15 - É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou 
suspensão só se dará nos casos de: 
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; 
II - incapacidade civil absoluta; 
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem 
seus efeitos; 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. 
27 VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar 
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a 
cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
28 Art. 37 - § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a 
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indis-
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada-
ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
29 § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
11 
 
 Relativas: estão previstas no art. 14, parágrafos 
5º a 7º e 9º30 e em legislação complementar. É 
raro uma pessoa ser inelegível por analfabetis-
mo. 
Não pode, por exemplo, um presidente, após dois 
mandatos, se candidatar a vice de seu vice ante-
rior. Se a pessoa for vice por duas vezes, também 
não pode ser vice uma terceira vez. Isso se fez 
por entendimento doutrinário. Permitir-se-ia, por 
via oblíqua, que a mesma pessoa assumisse o 
poder. 
Os chefes do executivo, para concorrerem a ou-
tros cargos, devem renunciar 6 meses antes do 
pleito. Para os vices, basta que não assumam aos 
cargos dos quais são vices. 
O § 7º dispõe sobre a inelegibilidade de parentes. 
Os parentes inelegíveis são até o 2º grau (os pais, 
os avós, os filhos, os netos e também os irmãos, 
bem como os por afinidade: cunhados, sogros). A 
exceção é se o parente já for candidato à reelei-
ção. Se, por exemplo, em uma eleição forem elei-
tos pai e filho juntos, prefeito e vereador, na pró-
xima eleição, ambos poderão concorrer. 
O entendimento é de que um prefeito, mesmo 
renunciando 6 meses antes, o filho não pode 
concorrer ao mesmo cargo. Se o prefeito fosse 
reelegível, poderá seu parente concorrer, mas se 
não for reelegível, não poderá. Isso serve para 
impedir que uma mesma família se perpetue no 
poder. Se o reelegível poderia concorrer à reelei-
ção, pode um parente seu concorrer ao mesmo 
cargo. 
 
30Art. 14 - § 5º - O Presidente da República, os Governadores de 
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido 
ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um 
único período subseqüente. 
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, 
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos 
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do 
pleito. 
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge 
e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por 
adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou 
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi-
tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de 
mandato eletivo e candidato à reeleição. 
§ 9º - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade 
e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade adminis-
trativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida 
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições 
contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de 
função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. 
A lei complementar que trata outros casos de 
inelegibilidade é a LC 64/90. 
 
Aula 5 – 25/08 
 
7. Garantias constitucionais: essa sistemática é 
aquela adotada pelo José Afonso da Silva. 
As garantias são os meios para fazer valer os Di-
reitos. O Direito é o principal, a garantia é aces-
sória. Elas estão dadas pela Constituição para 
que os Direitos possam ser usufruídos. Servem 
para restabelecer Direitos violados. Não há um 
rol específico de garantias constitucionais. As 
normas de garantia geralmente são acompa-
nhadas do termo “é garantido / é assegurado”. 
A maior de todas as garantias constitucionais 
está no art. 5º, XXXV31. É o Direito de recorrer 
ao judiciário, a possibilidade de defender seus 
Direitos em juízo. Nos estados autoritários isso 
não existe. 
7.1. Princípio da legalidade: é uma garantia 
constitucional que tem por objetivo proteger a 
liberdade de ação geral, a liberdade que têm as 
pessoas para atuarem livremente. Estabelece 
que ninguém será obrigado a fazer ou deixar 
de fazer coisa alguma senão em virtude de lei. 
O princípio da reserva legal é mais estrito. Signifi-
ca que determinadas matérias só podem ser tra-
tadas por lei em sentido formal, com participação 
prévia do poder legislativo. As MPs, por exemplo, 
são um caso contrário a esse princípio. 
Embora condutas de pessoas possam ser regidas 
por MPs, outras matérias não o podem, como é o 
caso do Direito Penal. Isso está na Constituição, 
art. 62, § 1º32. 
Esse princípio é uma limitação ao poder do presi-
dente da república. 
 
31 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão 
ou ameaça a direito; 
32 Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da Repú-
blica poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
I - relativa a: 
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e 
direito eleitoral; 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira 
e a garantia de seus membros; 
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos 
adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
12 
 
7.2. Princípio da proteção judiciária: se divide 
em três subprincípios: 
7.2.1. Monopólio da jurisdição pelo judiciário: 
também é chamado de princípio da inafasta-
bilidade do controle jurisdicional. Está previs-
to no art. 5º, XXXV. O acesso é amplo e, de 
forma geral, irrestrito, desde que a pessoa 
preencha os requisitos da lei para estar em 
juízo. Por exemplo, a lei não exige advogado 
para ações no juizado de pequenas causas 
(até 20 salários mínimos), habeas corpus, e 
ações trabalhistas. Nos demais casos a lei exi-
ge o advogado, pois a idéia é de que os Direi-
tos da pessoa sejam defendidos por um téc-
nico, conhecedor do Direito para melhor re-
presentá-la. A lei não exige que as pessoas 
esgotem instâncias para reclamar seus Direi-
tos para depois recorrer ao judiciário. A Cons-
tituição só faz uma exceção, no caso da justi-
ça desportiva. O art.217, § 1º33 estabelece 
que é obrigatório o esgotamento das instân-
cias desportivas para que depois a parte lesa-
da recorra ao judiciário. Isso porque a justiça 
desportiva não integra o poder judiciário, não 
tendo nenhuma relação com este. A justiça 
militar integra o poder judiciário. 
7.2.2. Ação e defesa: a Constituição estabelece 
que todo e qualquer indivíduo tenha Direito 
ao contraditório à ampla defesa. Qualquer 
pessoa que seja parte de qualquer tipo de 
processo tem esses Direitos. Isso consta no 
art. 5º, LV34. 
No processo judicial existe a versão e a contra-
versão. Essa contraversão, o Direito de resposta, 
é o contraditório. O contraditório pode ser sobre 
o fato, sobre o Direito ou sobre ambos. O contra-
ditório pressupõe a participação das partes em 
todos os atos do processo. É a bi-lateralidade dos 
atos processuais. 
A ampla defesa é a possibilidade de a parte pro-
var os fatos com todos os meios líticos em Direito 
 
33 § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e 
às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça 
desportiva, reguladas em lei. 
34 LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes; 
admitidos. Na ampla defesa, em Direito Penal, 
está compreendido o Direito ao silêncio. 
Ampla defesa: por ampla defesa entende-se a 
possibilidade de o acusado trazer ao processo 
todos os elementos tendentes a esclarece a ver-
dade ou calar-se, se entender necessário. Isso 
vale para o processo penal. Compreende inclusi-
ve o Direito de o sujeito ser bem defendido. Se o 
advogado é incompetente, pode haver até anula-
ção do processo por indefesa. Não quer dizer só 
que a defesa é ampla, mas a parte autora tem o 
mesmo Direito. É no sentido de ampla possibili-
dade de defesa de ambas as partes. No processo 
civil é possível que se estabeleçam presunções 
quando a pessoa silencia-se. 
Já o contraditório compreende a ciência bilateral 
dos atos e termos processuais e possibilidade de 
contrariá-los, e dar a sua versão sobre o fato e o 
Direito. 
 
Aula 6 – 01/08 
 
7.2.3. Devido processo legal: art. 5º, LIV35. 
Devido processo legal é o processo previsto em 
lei para se chegar a um resultado. Quando uma 
pessoa é presa em flagrante, apesar de parecer 
culpado, aquilo é apenas o início de tudo, uma 
Vaz que um a pessoa só pode ser considerada 
culpada após um processo judicial, um procedi-
mento previsto na lei que garante igualdade en-
tre as partes dentro do processo. 
O processo é o instrumento para a realização do 
Direito material. Esse princípio exige que as par-
tes sejam tratadas igualmente no processo. O 
devido processo legal é o processo previsto na lei 
para se chegar a uma condenação penal ou pa-
gamento de dívidas. Se tal processo não for obe-
decido, a decisão do juiz é nula. 
O poder público tem muito mais demandas con-
tra si, por isso lhe é concedido maior prazo pro-
cessual. 
7.3. Princípio da estabilidade dos Direitos subje-
tivos: surge a partir da necessidade de se ter 
uma segurança jurídica contra sucessão de leis 
 
35 LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal; 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
13 
 
no tempo. As leis existem e regulamentam os 
institutos de Direito. Quando as pessoas plane-
jam sua atuação, levam-se em conta os Direi-
tos e obrigações que lhes são atribuídos. Se 
tais regulamentos forem alterados, haveria 
uma interferência injusta na vida das pessoas. 
Art. 5º XXXVI36. Através desse princípio a Cons-
tituição concede maior segurança aos cida-
dãos. 
 Direito adquirido: existem as regras de Direito 
objetivo. Ex. após 30 anos trabalhados apo-
senta-se. Sendo assim, ao completar tal requi-
sito uma pessoa teria o Direito de aposentar-
se. A partir desse momento, mesmo que ainda 
não tenha exercido o Direito que lhe é assegu-
rado, o cidadão passa a ter Direito adquirido. 
O Direito subjetivo equipara-se a Direito ad-
quirido. Vale lembrar que a mera expectativa 
de Direito não é assegurada por esse princípio, 
ou seja, ele só vale quando forem implemen-
tados os requisitos legais. O Direito subjetivo é 
aquele que pode ser evocado por alguém que 
preenche os requisitos de Direito objetivo. 
 Ato jurídico perfeito: para que um ato jurídico 
seja válido, é necessário que o objeto seja líci-
to, possível, determinado ou determinável, 
agente capaz, forma não proibida pela lei. Se a 
lei mudar depois de celebrado o contrato, este 
se torna um ato jurídico perfeito. O problema 
são os contratos cujos efeitos se protraem no 
tempo. Nesse caso, uma lei nova não pode in-
terferir no contrato que está sendo executa-
do, valendo apenas para novos contratos que 
forem celebrados a partir de sua vigência. 
Quando uma lei prejudica o governo em rela-
ções com particulares, a lei poderá interferir. 
 Coisa julgada: quando não cabe mais recurso, 
ou seja, após trânsito em julgado. Isso se dá 
quando as partes deixam fluir em branco o 
prazo de recurso, ou quando o recurso é jul-
gado em última instância. Da decisão de um 
juiz de primeira instância é sempre fácil recor-
rer em 2ª instancia, a ser julgada pelo TRT 
(tratando-se de juiz do trabalho), TJ (juiz esta-
 
36 XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada; 
dual), TRF (juiz federal). A terceira instância 
seria o TST, para causas trabalhistas e STJ/STF, 
nos demais casos. Mas para recorrer à 3ª ins-
tância é muito complicado. Quem decide se o 
recurso é cabível à 3ª instância é o próprio tri-
bunal de segunda instância. 
Outro aspecto importante da coisa julgada é 
que ela faz lei entre as partes em determinado 
processo, ou seja, ela cria Direitos. 
Uma nova Constituição pode acabar com Direitos 
adquiridos. Ela pode tudo, pois seu poder é ilimi-
tado. O STF, antigamente, entendia que a EC 
podia atacar Direito adquirido. Mas a tendência 
atual é de que a EC não pode interferir no Direito 
adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada, 
uma vez que tal dispositivo assecuratório é con-
siderado cláusula pétrea. 
No caso do Direito Penal, a lei pode retroagir, 
prejudicando a coisa julgada, sempre que isso for 
para beneficiar o réu, isso é outro princípio cons-
titucional. 
Se a lei, administrativa ou civil, não tiver disposi-
ção de que pode ser aplicada retroativamente, 
não poderá interferir no Direito adquirido, ato 
jurídico perfeito ou cosa julgada. Mas se houver 
previsão de retroatividade, isso será admitido. 
7.4. Princípio da segurança: está muito ligada, 
em matéria penal, à garantia do Direito à li-
berdade. 
7.4.1. Segurança do domicílio: busca a prote-
ção do Direito à privacidade. Art. 5º, XI37. Du-
rante o dia, que está no art. citado, é o horá-
rio das 6 às 18. 
7.4.2. Segurança nas comunicações sociais: 
também busca a proteção do Direito à priva-
cidade. Art. 5º, XII38. 
 
37 XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial; 
38 XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicaçõestelegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no 
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual 
penal; 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
14 
 
SEGURANÇA EM MATÉRIA PENAL: tem por obje-
tivo assegurar a liberdade do sujeito. Este tópico 
integra a parte do item “princípio da segurança”, 
que seria o número 7.4.3, mas, em virtude de 
suas várias divisões, para melhor compreensão, 
lhe foi criado um tópico próprio. 
8. Garantias constitucionais penais: 
8.1. Juiz natural: art. 5º, XXXVII39. 
É um juiz com competência pré-estabelecida pela 
lei para julgar determinado caso. A competência 
será sempre do juízo onde o crime se consumou. 
Com este preceito constitucional busca-se garan-
tir a não manipulação dos julgamentos, a impar-
cialidade dos juízes. Não se pode criar um juízo 
para julgar um fato. Muitas vezes pode haver 
sorteio, entre os juízes naturais de uma mesma 
comarca, mas de varas diferentes, para julgar 
determinado caso. 
8.2. Garantia do julgamento dos crimes dolosos 
contra vida pelo tribunal do júri: isso está pre-
visto no art. 5º, XXXVIII40. 
A organização do júri está regulada no CPP. Os 
crimes dolosos contra a vida, que são julgados 
pelo tribunal do júri, estão definidos no Código 
Penal, no capítulo de crimes contra a vida. O es-
tupro seguido de morte e o latrocínio não são 
julgados pelo tribunal do júri, uma vez que são, 
respectivamente, crime contra a liberdade sexual 
e crime contra o patrimônio. Julgados pelo tribu-
nal do júri são: homicídio, aborto, infanticídio, 
instigação, auxílio e induzimento ao suicídio. 
Quem decide a culpabilidade do acusado em tais 
crimes é o júri, e não o juiz. Este apenas preside o 
trabalho e zela pela organização da sessão, apli-
cando, ao final, a sentença, de acordo com o jul-
gamento do júri. 
 
39 XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
40 XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização 
que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a 
vida; 
Se houver recurso contra a decisão dos jurados, o 
tribunal, ao conhecê-lo, pode avaliar que os jura-
dos erraram, e decidiram contra a prova dos au-
tos. O tribunal não pode absolver ou condenar, 
ele apenas manda o processo a novo julgamento, 
com outros jurados. Após novo julgamento do 
júri, não haverá novo recurso. 
Os jurados não podem conversar entre si sobre 
os fatos em julgamento durante o júri, pois cada 
jurado decide com base em sua própria convic-
ção. A decisão se dá por maioria, entre os 7 jura-
dos, ou seja, 4 votos contra ou a favor são o mí-
nimo necessário para decidir. 
Aula 7 – 08/09 
8.3. Garantia do juiz competente: art. 5º, LIII41. 
Esse preceito é muito usado quando se fixa a 
competência da justiça federal e estadual. Exis-
tem situações em que o sujeito é processado 
por uma justiça e, ao final do processo, chega-
se à conclusao de que ele foi julgado pela justi-
ça errada. Isso pode acarretar nulidade do pro-
cesso. 
Tráfico de entorpecentes é de competência da 
justiça comum estadual. Já o tráfico internacional 
de entorpecentes é de competência da justiça 
federal. A partir do momento em que se conclui 
que um crime foi julgado, por exemplo, na justiça 
federal, mas deveria ser julgado na justiça esta-
dual, pode gerar a extinção da punibilidade em 
virtude de prescrição. 
Se a competência não for obedecida, isso pode 
gerar nulidade do processo, devendo este reco-
meçar, o que é muito ruim. 
8.4. Garantias criminais preventivas 
8.4.1. Princípio da irretroatividade da lei penal: 
a lei penal não pode retroagir, salvo para be-
neficiar o réu. Art. 5º, XL 
8.4.2. Princípio da legalidade: não há crime 
sem lei anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal. 
 
41 LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela auto-
ridade competente; 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
15 
 
8.4.3. Princípio da legalidade e comunicabili-
dade da prisão: art. 5º, LXIII42. Comunica-se a 
família 
Comunica-se o juiz para começar a contar o prazo 
de sua pena. Se não for caso de flagrante ou não 
for prisão por ordem judicial, a prisao é ilegal, e o 
juiz deverá relaxar a prisão. Uma pessoa encon-
tra-se em flagrante quando ele acabou de come-
ter o crime, é perseguido logo após cometer o 
crime ou é encontrado logo após o crime com o 
objeto do crime. 
Relaxamento: só ocorre quando a prisão é ilegal, 
e o juiz deve mandar soltar. 
Liberdade provisória: é dada quando o réu seria 
solto ao final do processo ou teria sua pena con-
vertida em PRD. 
O art. 5º, LXV43 só é aplicado quando a prisão 
realmente for ilegal. Quando a prisão é legal, o 
juiz pode homologar a prisão, e pode conceder ao 
agente do crime a liberdade provisória. A lei 
manda que se prenda a pessoa em flagrante 
(qualquer do povo pode e a autoridade policial 
deve). A comunicação da polícia com o juiz é para 
o juiz de plantão, mas antes vai para o escrivão. 
8.5. Garantias relativas a aplicação da pena: 
8.5.1. Princípio da individualização da pena: diz 
respeito à adequação da pena à pessoa do 
acusado. Um crime de furto, cuja pena pode 
variar de 2 a 4 anos, cometido em concurso 
de agentes, ou seja, cometido por duas pes-
soas, pode ter penas diferenciadas, uma para 
cada autor. A Constituição prevê tal princípio 
em seu art.5º, XLVI44. 
8.5.2. Princípio da personalização da pena: a 
pena não pode passar da pessoa do acusado. 
Está previsto na Constituição Federal, art. 5º, 
 
42 LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e 
de advogado; 
43 LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade 
judiciária; 
44 XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre 
outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLV45. Em qualquer situação de PPL ou PRD, 
com a morte do agente, extingue-se a punibi-
lidade. Entretanto pode haver perda de bens 
dos filhos do acusado, uma vez que, com a 
sentença penal condenatória, verifica-se que 
houve favorecimento dos herdeiros, através 
do objeto de furto. Caso a família de uma ví-
tima de homicídio entre com um pedido de 
indenização contra o homicida e este já mor-
reu, a dívida será paga no limite do valor da 
herança. 
8.5.3. Proibição de determinados tipos de pe-
na: art. 5º, XLVII46. O caráter perpétuo é uma 
proibição de se aplicar penas que durem en-
quanto durar a vida do indivíduo. O nosso or-
denamento diz que uma pessoa só pode ficar 
presa por 30 anos. 
8.5.4. Proibição de prisão civil por dívida: é 
uma garantia constitucional de que ninguém 
será preso por dívida, salvo se for devedor de 
alimentos ou depositário infiel. Está previsto 
no art. 5º, LXVII47. 
Para que uma pessoa seja presa por faltar com o 
pagamento de pensão alimentícia, é necessária 
uma ação em que a obrigação de alimentar esteja 
prevista na sentença. Se a pessoa for presa, essa 
prisão durará no máximo 90 dias e, casoele pa-
gue a dívida, será imediatamente solto. 
A prisão só pode ser pedida com relação aos úl-
timos 3 meses, e as últimas pensões só podem 
ser cobradas na forma da lei civil, ou seja, com as 
devidas ações. O pedido de prisão é a critério do 
credor. 
Depositário infiel: é aquele que recebe em depó-
sito um bem com a obrigação de restituí-lo após 
determinado tempo, e descumpre tal obrigação. 
 
45 XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens 
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles execu-
tadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
46 XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 
84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
47 LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável 
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentí-
cia e a do depositário infiel; 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
16 
 
Os contratos de depósito por equiparação não 
detém o mesmo Direito. 
8.6. Princípio da presunção de inocência: está 
no art. 5º, LVII48. Até o trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória ninguém será 
considerado culpado. Em razão disso, todo 
aquele que seja culpado de praticar um crime 
não precisa provar que não o praticou. O ônus 
da prova é de quem alega. A prova compete a 
quem acusa. Se houver erro judicial, este é re-
parado por indenização, de acordo com o art. 
5º, LXXV49. 
9. Remédios constitucionais: têm por objetivo 
fazer com que cessem ilegalidades contra os Di-
reitos das pessoas. Têm objetivo remediar uma 
violação a Direito fundamental. 
9.1. Habeas corpus: é o remédio mais antigo. 
Deve ser impetrado em juízo. O HC pode ata-
car ato de autoridade ou ato de particular. A 
maioria dos HC é proposta contra atos de juiz. 
São raríssimos os casos de HC contra particu-
lar. O HC pode ser para reprimir ou para pre-
venir a prática de um ato tendente a violar um 
Direito fundamental. O impetrante pode ser 
qualquer pessoa. A autoridade contra a qual se 
impetra o HC chama-se impetrado. A liminar é 
a antecipação da decisão final, quando a liber-
dade é concedida antes do fim do processo. Se 
quem privou a liberdade for um juiz, entra-se 
com o HC no TJ (juiz estadual) ou no TRF (juiz 
federal). Se for contra ato dos tribunais, cabe 
HC no STJ, e contra esse no STF. 
A Constituição proíbe a propositura de HC para 
questionar punição militar disciplinar. Isso está 
no art. 142, §2º50. Cabe HC por prisão militar em 
caso de prisão por pessoa incompetente. O que 
não pode é questionar a justiça da decisão. 
Quando a prisão militar for maior do que devida, 
cabe HC, bem como em caso de nulidade do pro-
cesso administrativo, quando, por exemplo, não 
for garantido ao réu os Direitos inerentes ao pro-
cesso, como ampla defesa e contraditório. 
 
48 LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória; 
49 LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, 
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; 
50 § 2º - Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplina-
res militares. 
O HC contra ato de juiz é impetrado no tribunal. 
Quando o HC é contra particular ou autoridade 
que não seja judicial, será impetrado na 1ª ins-
tância. 
Aula 8 – 15/09 
9.2. Mandado de segurança: está previsto no 
art. 5º, LXIX51. É para defesa de Direito líquido 
e certo, contra ato de autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
buições do poder público. 
Autoridade pública é qualquer pessoa investida 
em poder público. É cabível mandado de segu-
rança contra os agentes de empresas particulares 
que desempenham serviço público. O mandado 
de segurança só pode ser proposto com repre-
sentação de advogado, a não ser que a pessoa 
seja advogada. 
O Direito líquido e certo é aquele fato certo que 
pode ser comprovado de plano. É o fato que po-
de ser comprovado de plano e que dá o Direito à 
pessoa. É um Direito cujo fato que lhe dá ensejo 
pode ser comprovado por documento. A idéia é 
que não sejam necessários outros tipos de prova 
a não ser a documental. Se fosse necessária tes-
temunha, por exemplo, não cabe mandado de 
segurança. 
A vantagem do mandado de segurança é a celeri-
dade, que é em torno de 60 dias. Há alguns re-
quisitos para impetrá-lo: comprovação de plano 
dos fatos que se alega sobre os Direitos violados. 
A maioria dos mandados de segurança tem natu-
reza cível. 
Funcionamento: petição inicial – se houver pedi-
do de liminar (antecipação da decisão final, que 
cabe se houver periculum in mora e fumus boni 
iuris) o juiz vai julgar logo que tiver em mãos a 
petição – o juiz notifica a entidade coatora – a 
unidade coatora tem 10 dias para apresentar sua 
defesa – o MP tem 5 dias para julgar o mérito – 
sentença, após 10 dias. 
 
51 LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito 
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, 
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autori-
dade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições 
do Poder Público; 
Direito Constitucional 2 - Daiane Matiello (Autor: Johnny Matiello) 
 
17 
 
Todas as pessoas afetadas devem constar no 
processo e elas serão chamadas para prestar 
informações no tempo certo. Quanto mais gente 
for afetada pelo mandado de segurança, mais 
tempo esse pode demorar. 
O mandado de segurança pode ser proposto até 
120 dias após o ato que violou o Direito. Após 
esse prazo ocorre a decadência e só resta impe-
tração de ação ordinária. 
O mandado de segurança tem sua regulamenta-
ção na lei nº 1.533/51. Nesta lei é previsto um 
procedimento complexo. 
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO: está pre-
visto no art. 5º, LXX52. Há um preceito constituci-
onal que diz que a ninguém é dado o Direito de 
defender Direito alheio em nome próprio. Entre-
tanto há algumas exceções, como o HC e o man-
dado de segurança coletivo. A entidade que entra 
com este defende o Direito de uma categoria em 
nome próprio. Os requisitos são os mesmos do 
mandado de segurança normal. A diferença é que 
a entidade representativa o propõe em nome 
próprio para defender Direitos de seus associa-
dos. 
9.3. Habeas data: art. 5º, LXXII53. O HD serve pa-
ra que a pessoa obtenha ou retifique informa-
ções a seu respeito constantes em cadastros 
de órgãos públicos. É uma ação personalíssima. 
Admite-se que uma pessoa busque informa-
ções sobre outra quando esta última já mor-
reu. Pessoa jurídica pode impetrar habeas da-
ta. Bancos de dados de órgão público são to-
dos aqueles que pertencem à união, estados, 
DF e municípios. Entidades de caráter público 
são aqueles mantidos por entidades privadas 
que recebem dinheiro de seus associados para 
manter os cadastros. Ex. SPC, SERASA. Para 
impetrar o HD é necessário representação de 
 
52 LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente 
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa 
dos interesses de seus

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