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CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 6: O SIMPLES 3.3.2. O SIMPLES - NOÇÕES GERAIS O SIMPLES é um regime de tributação simplificada e favorecida instituído pela União, pela Lei nº 9.317/1996, abrangendo grande parte dos tributos federais e, em alguns casos, desde que haja convênio, o ICMS e o ISS. Há alguns anos o SIMPLES aparece nos editais dos concursos para a Receita e para o INSS. Em alguns concursos, como o AFRF/2000, apesar de constar do programa, simplesmente nenhuma pergunta sobre o SIMPLES foi cobrada. No primeiro de 2002, só uma apareceu, e, no segundo, também só uma. No INSS/2002, só apareceu uma questão, na prova de Direito Previdenciário; para completar, a questão foi anulada, como veremos. No AFRF/2003, mais uma vez foi exigida só uma questão sobre o SIMPLES. Resumindo, o SIMPLES, até hoje, não tem sido um assunto a que as bancas dêem muita importância. Acho bom que seja assim, pois é um assunto muito específico que, na verdade, não pode ser chamado Direito Tributário, mas sim legislação tributária, que, aliás, muda freqüentemente, inclusive mediante medidas provisórias. O resumo sobre o SIMPLES que apresentarei aqui está baseado em material obtido no site da Receita Federal, no programa gerador da declaração do SIMPLES, nas instruções de preenchimento. Selecionei o que acho mais útil e mais provável de aparecer, se aparecer alguma coisa sobre o SIMPLES, nos próximos concursos. Se alguém quiser aprofundar-se, o que eu não recomendo nem um pouco para concurso da ESAF e do CESPE, a legislação pertinente é: 1) Lei nº 9.317/1996; e 2) Instrução Normativa SRF nº 355/2003 com a redação dada pela IN SRF nº 391/2004. Ao final do resumo, há uma série de exemplos, todos retirados da mesma fonte: o programa de declaração do SIMPLES do site da SRF. Eu deixei os exemplos aqui só para os mais curiosos. Entretanto, insisto: não recomendo nem um pouco que alguém procure saber percentuais de cor, ou que se dedique ao estudo da sistemática de tributação pelo SIMPLES em casos concretos. Isso nunca apareceu em concurso, exigiria um esforço muito grande, com possibilidades ínfimas de ser proveitoso. O estudo sério para concursos não admite perda de tempo com assuntos desse tipo! Mesmo que apareça uma questão que exija conhecimento ou aplicação de percentuais do SIMPLES, é melhor correr o risco de errá-la, em minha opinião. Isso é estratégia. Faz parte da preparação, também. Bem, apesar do que acabo de dizer, há uma única regra relativa aos percentuais que pode ser importante. Não se trata de decorar nenhum percentual, mas só de saber que desde 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 2 igual ou superior a 30% da receita bruta acumulada total terão seus percentuais majorados em 50%. Por último, é bom esclarecer que esse SIMPLES federal, instituído pela Lei nº 9.317/1996, não tem nada a ver com o tal de “Super Simples”, nome ridículo que a propaganda oficial e a mídia inventaram para a demagogia da EC 42/2003, que acrescentou dois dispositivos de péssima redação ao art. 146 da Constituição (a alínea “d” e o parágrafo único), também com o objetivo de favorecer as microempresas e as empresas de pequeno porte, que estudaremos quando tratarmos da competência concorrente e da lei complementar de normas gerais em matéria tributária. Vejamos, agora, as linhas gerais do SIMPLES federal. 3.3.2.1. INTRODUÇÃO O SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas (ME) e das Empresas de Pequeno Porte (EPP) –, como dito acima, é um regime de tributação simplificado e favorecido, aplicável a essas pessoas jurídicas. O SIMPLES não é um imposto, nem qualquer outro tributo; também não é exatamente uma isenção ou um conjunto de isenções; é um sistema de pagamento unificado de vários tributos, normalmente mais benéfico do que a tributação comum (em raras situações, dependendo das atividades e características da empresa, a opção pelo SIMPLES pode não ser vantajosa), de adoção facultativa pelas empresas que não sejam legalmente proibidas de optar. A edição da Lei nº 9.317/1996 foi a forma que o legislador ordinário federal encontrou para atender ao comando expresso no art. 179 da Constituição de 1988. Esse dispositivo, que está na Constituição desde sua promulgação, determina, a todas as esferas da Federação (União, Estados, DF e Municípios), a concessão de tratamento favorecido às microempresas e às empresas de pequeno porte, estabelecendo que, por meio de lei, devem ser simplificadas, reduzidas, ou até eliminadas, dentre outras, as obrigações administrativas, tributárias e previdenciárias dessas empresas. É a seguinte a sua redação: “Art. 179 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.” Como eu disse antes, o SIMPLES instituído pela Lei nº 9.317/1996 tem como fundamento esse art. 179 da Constituição. Não tem nada a ver com o disposto no atual art. 146, III, “d”, nem no parágrafo único desse mesmo artigo, ambos dispositivos acrescentados pela EC 42/2003, que tiveram por finalidade uniformizar o tratamento favorecido das ME e EPP concedido por todas as pessoas políticas, além de tornar efetiva sua implantação, tendo em vista o fato de que muitos entes federados, especialmente municípios, desrespeitam CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 3 abertamente o art. 179 da Constituição, não prevendo tratamentos tributários diferenciados para ME e EPP. Estudaremos em outra aula o art. 146, III, “d”, e o seu parágrafo único, quando tratarmos da lei complementar de normas gerais tributárias. O SIMPLES federal, repito, foi instituído por lei ordinária, tem fundamento no art. 179 da Constituição e aplica-se somente à União, exceto na hipótese específica de celebração de convênios com a União, pelos estados e o DF, para incluir o ICMS no Sistema, e da celebração de convênios com a União, pelos municípios e o DF, para incluir o ISS no Sistema, conforme veremos. 3.3.2.2. DEFINIÇÃO O SIMPLES é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às pessoas jurídicas consideradas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, nos termos da Lei nº 9.317/1996, estabelecido em cumprimento ao que determina o disposto no art. 179 da Constituição Federal de 1988. Constitui-se em uma forma simplificada e unificada de recolhimento de tributos, por meio da aplicação de percentuais favorecidos e progressivos, incidentes sobre uma única base de cálculo, a receita bruta. A administração do SIMPLES é de competência exclusiva da Secretaria da Receita Federal. 3.3.2.3. ENQUADRAMENTO LEGAL COMO ME E EPP Considera-se ME a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$120.000,00 (cento e vinte mil reais). Considera-se EPP a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). Se a empresa iniciou suas atividades no próprio ano-calendário em que efetuou a opção, os limites serão proporcionais ao número de meses em que ela houver exercido atividade, desconsideradas as frações de meses. Assim, a pessoa que houver iniciado suas atividades em 15 de agosto, por exemplo, contaráos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, ou seja, quatro meses (os dias de funcionamento no mês de agosto não são contados para cálculo do fator de proporcionalidade – quatro meses –, mas a receita auferida nesses dias é computada no total da receita bruta anual, para verificação do atingimento, ou não, do limite proporcional permitido). Na prática, basta multiplicarmos o número de meses inteiros por R$ 10.000,00, no caso das ME, ou por R$ 100.000,00, no caso das EPP. Portanto, para enquadrar-se como ME, sua receita bruta no ano (incluída a receita auferida em agosto) não pode superar R$ 40.000,00 [(R$ 120.000,00 : 12) x 4]. A mesma pessoa jurídica, para enquadrar-se como EPP, não poderia auferir, CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 4 naquele ano, receita bruta maior que R$ 400.000,00 [(R$ 1.200.000,00 : 12) x 4]. Na hipótese de inicio de atividade no mês de dezembro, é considerado como limite proporcional o valor equivalente a R$10.000,00 (dez mil reais) e R$100.000,00 (cem mil reais), respectivamente, para microempresa e para empresa de pequeno porte. Para as pessoas jurídicas que iniciarem suas atividades no mês de dezembro será considerado como limite proporcional o valor de R$ 10.000,00, para as ME, e de R$ 100.000,00, no caso das EPP. 3.3.2.4. TRIBUTOS ABRANGIDOS A inscrição no SIMPLES implica pagamento mensal e unificado dos seguintes impostos e contribuições: a) Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); b) Contribuição para o PIS/PASEP; c) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); d) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); e) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); f) Contribuições para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, e o art. 25 da Lei nº 8.870, de 1994. O Sistema poderá, ainda, incluir o ICMS (estadual) e/ou o ISS (municipal) desde que o estado ou o município (ou o DF) em que esteja estabelecida a empresa adira ao SIMPLES mediante convênio. Não pode pagar o ICMS, na forma do SIMPLES, ainda que o estado (ou o DF) onde esteja estabelecida seja conveniado, a pessoa jurídica que: a) possua estabelecimento em mais de um estado (ou no DF e algum estado); b) exerça, ainda que parcialmente, atividade de transporte interestadual ou intermunicipal. Não pode pagar o ISS, na forma do SIMPLES, ainda que o município (o DF) onde esteja estabelecida seja conveniado, a pessoa jurídica que possua estabelecimento em mais de um município (ou no DF e algum município). Essas restrições não impedem, entretanto, que a pessoa jurídica faça opção pelo SIMPLES, que abrangerá somente os impostos e contribuições da União. De todo modo, a opção pelo SIMPLES implica cálculo e pagamento unificado e integral de todos os impostos e contribuições abrangidos pelo Sistema. É, portanto, um Sistema de adesão (do tipo “tudo ou nada”): ou a empresa adere a todas as suas condições, sujeitando-se a todas as normas constantes da Lei, ou não adere, prosseguindo no pagamento de seus tributos pelo regime normal. Vale dizer, não existe a possibilidade de a pessoa jurídica escolher quais os tributos CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 5 que deseja, ou não, incluir e recolher com base no SIMPLES. Em resumo (abrangendo as principais hipóteses), temos o seguinte: a) As ME e EPP, que não sejam proibidas pela Lei nº 9.317/1996, sempre poderão optar pelo SIMPLES, recolhendo unificadamente todos os tributos federais dele integrantes; b) Se a empresa optante pelo SIMPLES opera em um estado que tenha, mediante convênio, aderido ao Sistema, deverá obrigatoriamente recolher o ICMS pelo SIMPLES; entretanto, caso essa mesma empresa possua estabelecimento em mais de um estado, somente recolherá os tributos federais pelo SIMPLES, sendo- lhe vedado o pagamento do ICMS dessa forma; c) Se a empresa optante pelo SIMPLES opera em um município que tenha, mediante convênio, aderido ao Sistema, deverá obrigatoriamente recolher o ISS pelo SIMPLES; entretanto, caso essa mesma empresa possua estabelecimento em mais de um município, somente recolherá os tributos federais pelo SIMPLES, sendo-lhe vedado o pagamento do ISS dessa forma; ainda, se a empresa optante pelo SIMPLES possui estabelecimentos em mais de um município do mesmo estado “X” (mas não possui estabelecimentos em outro estado), e o estado “X” é conveniado ao Sistema, a empresa recolherá os tributos federais e o ICMS pelo SIMPLES, mas não o ISS. A inscrição no SIMPLES dispensa a pessoa jurídica do pagamento das demais contribuições instituídas pela União, inclusive as destinadas ao Sesc, ao Sesi, ao Senai, ao Senac, ao Sebrae, e seus congêneres, bem assim as relativas ao salário-educação e à contribuição sindical patronal. 3.3.2.5. IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES NÃO INCLUÍDOS NO SIMPLES O pagamento unificado previsto na Lei nº 9.317/1996 não contempla todos os impostos e contribuições federais e nem exclui a incidência de todos os não contemplados. O optante pelo SIMPLES deverá pagar, separadamente, na qualidade de contribuinte ou responsável, os seguintes impostos ou contribuições (relativamente aos quais será observada a respectiva legislação comum, aplicável às demais pessoas jurídicas): a) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF; b) Imposto sobre Importação de Produtos estrangeiros - II; c) Imposto sobre Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados - IE; d) Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efetuados pela pessoa jurídica (IR Fonte) e aos rendimentos ou ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda fixa ou variável, bem assim relativo aos ganhos de capital obtidos na alienação de ativos; e) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR; CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 6 f) Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira - CPMF; g) Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; h) Contribuição para a seguridade social, relativa ao empregado (CF, art. 195, inciso II). i) PIS/PASEP-Importação e COFINS-Importação (contribuições cujo fundamento constitucional é o art. 195, inciso IV, instituídas e disciplinadas pela Lei nº 10.865/2004) 3.3.2.6. VEDAÇÕES À OPÇÃO PELO SIMPLES A lista das pessoas jurídicas proibidas de optar pelo SIMPLES encontra-se no art. 20 da IN SRF nº 355/2003, com a redação dada pela IN SRF nº 391/2004. Vocês verão que é praticamente impossível saber todas as hipóteses. Mais uma vez cai no que eu falei antes: não vale o esforço; é preferível assumir o risco de errar uma eventual questão específica sobre alguma hipótese obscura de vedação. Apesar do que acabo de dizer, coloquei em negrito as hipóteses de vedação que, a meu ver, são mais importantes. Seguem as hipóteses de vedação, com os negritos acrescentados por mim: Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: 1) na condição de microempresa, que tenha auferido, no ano-calendário imediatamente anterior à opção, receita bruta superior a R$ 120.000,00 (mas pode optar na condição de EPP, desde que sua receita bruta não tenha ultrapassado R$1.200.000,00); 2) que tenha auferido, no ano-calendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 1.200.000,00 (nesse caso a pessoa jurídica não pode optar pelo SIMPLES no ano seguinte àquele em que foi ultrapassado o limite de R$1.200.000,00); 3) constituída sob a forma de sociedade por ações; 4) cuja atividade seja banco comercial, banco de investimentos, banco de desenvolvimento, caixa econômica, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedade de crédito imobiliário,sociedade corretora de títulos, de valores mobiliários e câmbio, sociedade de crédito a microempreendedor, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresa de arrendamento mercantil, cooperativa de crédito, empresa de seguros privados e de capitalização e entidade aberta de previdência complementar; 5) que se dedique à compra e à venda, ao loteamento, à incorporação ou à construção de imóveis; 6) que tenha sócio estrangeiro residente no exterior; 7) constituída sob qualquer forma, de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 7 8) que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; 9) cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa, desde que a receita bruta global ultrapasse R$ 1.200.000,00 (essa vedação não se aplica na hipótese de participação no capital de cooperativa de crédito); 10) de cujo capital participe, como sócio, outra pessoa jurídica; 11) que realize operações relativas a: a) locação ou administração de imóveis; b) armazenamento e depósito de produtos de terceiros; c) propaganda e publicidade, excluídos os veículos de comunicação; d) factoring; e) prestação de serviço de vigilância, limpeza, conservação e locação de mão-de- obra; 12) que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida; OBSERVAÇÃO IMPORTANTE PARA CONCURSO – essa vedação não se aplica às pessoas jurídicas que se dediquem exclusivamente às atividades de (ou seja, as pessoas abaixo PODEM optar pelo SIMPLES): a) creche, pré-escola, estabelecimento de ensino fundamental; b) agência terceirizada de correios; c) agência de viagem e turismo; d) centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga; e) agência lotérica; f) serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos pesados; g) serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores; h) serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; i) serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 8 j) serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos. 13) que participe do capital de outra pessoa jurídica (essa vedação não se aplica na hipótese de participação no capital de cooperativa de crédito); 14) que tenha débito inscrito em Dívida Ativa da União ou do INSS, cuja exigibilidade não esteja suspensa; 15) cujo titular ou sócio que participe de seu capital com mais de 10% (dez por cento), esteja inscrito em Dívida Ativa da União ou do INSS, cuja exigibilidade não esteja suspensa; 16) que seja resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento da pessoa jurídica, salvo em relação aos eventos ocorridos antes da vigência da Lei nº 9.317, de 1996 (essa vedação também se aplica às pessoas jurídicas remanescentes da cisão, ressalvada a hipótese de esta já ser optante pelo SIMPLES); 17) cujo titular ou sócio com participação em seu capital superior a 10% (dez por cento) adquira bens ou realize gastos em valor incompatível com os rendimentos por ele declarados; 18) que exerça a atividade de industrialização, por conta própria ou por encomenda, de bebidas, cigarros e demais produtos classificados nos Capítulos 22 e 24 da Tabela de Incidência do IPI (TIPI), sujeitos ao regime de tributação de que trata a Lei nº 7.798, de 10 de julho de 1989; mantidas até 31 de dezembro de 2000, as opções já exercidas. (Obs.: cigarros e bebidas sujeitos a tributação do IPI por alíquotas específicas) 3.3.2.7. DATA E FORMA DE PAGAMENTO O pagamento unificado de impostos e contribuições devidos pelas pessoas jurídicas inscritas no SIMPLES deve ser feito de forma centralizada, até o décimo dia do mês subseqüente àquele em que houver sido auferida a receita bruta. O documento para recolhimento é o DARF-Simples. 3.3.2.8. DISPENSA DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial para fins fiscais, desde que mantenham em boa ordem e guarda, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes: a) Livro Caixa, no qual deve estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária; b) Livro de Registro de Inventário, no qual devem constar registrados os estoques existentes no término de cada ano-calendário; c) todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração dos livros referidos nas alíneas anteriores. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 9 As obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária e trabalhista devem ser cumpridas integralmente. 3.3.2.9. PERCENTUAIS Tabela 1: Percentuais aplicáveis às ME Receita Bruta Acumulada Total (em R$) Percentuais De 0,00 a 60.000,00 3% De 60.000,01a 90.000,00 4% De 90.000,01 a 120.000,00 5% No caso de ME contribuinte do IPI, os percentuais referidos na Tabela 1 serão acrescidos de 0,5%. Tabela 2: Percentuais aplicáveis às ME, quando contribuintes do IPI Receita Bruta Acumulada Total (em R$) Percentuais De 0,00 a 60.000,00 3,5% De 60.000,01a 90.000,00 4,5% De 90.000,01 a 120.000,00 5,5% A partir de 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% (trinta por cento) da receita bruta acumulada total terão seus percentuais majorados em 50% (cinqüenta por cento). Tabela 3: Percentuais diferenciados aplicáveis às ME Receita Bruta Acumulada Total (em R$) Percentuais De 0,00 a 60.000,00 4,5% De 60.000,01a 90.000,00 6% CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 10 De 90.000,01 a 120.000,00 7,5% No caso de ME contribuinte do IPI, os percentuais referidos na Tabela 3 serão acrescidos de 0,75%. Tabela 4: Percentuais diferenciados aplicáveis às ME, quando contribuintes do IPI Receita Bruta Acumulada Total (em R$) Percentuais De 0,00 a 60.000,00 5,25% De 60.000,01a 90.000,00 6,75% De 90.000,01 a 120.000,00 8,25% Tabela 5: Percentuais aplicáveis às EPP Receita Bruta Acumulada Total (em R$) Percentuais De 0,00 a 240.000,00 5,4% De 240.000,01 a 360.000,00 5,8% De 360.000,01 a 480.000,00 6,2% De 480.000,01 a 600.000,00 6,6% De 600.000,01 a 720.000,00 7% De 720.000,01 a 840.000,00 7,4% De 840.000,01 a 960.000,00 7,8% De 960.000,01 a 1.080.000,00 8,2% De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 8,6% Acima de 1.200.000,00 10,32% No caso de EPP contribuinte do IPI, os percentuais referidos na Tabela 5 serão acrescidos de 0,5%. Na hipótese de a receita bruta acumulada total ultrapassar o valor de R$1.200.000,00, o acréscimo será de 0,6%. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br11 Tabela 6: Percentuais aplicáveis às EPP, quando contribuintes do IPI Receita Bruta Acumulada Total (em R$) Percentuais De 0,00 a 240.000,00 5,9% De 240.000,01 a 360.000,00 6,3% De 360.000,01 a 480.000,00 6,7% De 480.000,01 a 600.000,00 7,1% De 600.000,01 a 720.000,00 7,5% De 720.000,01 a 840.000,00 7,9% De 840.000,01 a 960.000,00 8,3% De 960.000,01 a 1.080.000,00 8,7% De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 9,1% Acima de 1.200.000,00 10,92% A partir de 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% (trinta por cento) da receita bruta acumulada total terão seus percentuais majorados em 50% (cinqüenta por cento). Tabela 7: Percentuais diferenciados aplicáveis às EPP Receita Bruta Acumulada Total (em R$) Percentuais De 0,00 a 240.000,00 8,1% De 240.000,01 a 360.000,00 8,7% De 360.000,01 a 480.000,00 9,3% De 480.000,01 a 600.000,00 9,9% De 600.000,01 a 720.000,00 10,5% De 720.000,01 a 840.000,00 11,1% De 840.000,01 a 960.000,00 11,7% De 960.000,01 a 1.080.000,00 12,3% De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 12,9% CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 12 Acima de 1.200.000,00 15,48% No caso de EPP contribuinte do IPI, os percentuais referidos na Tabela 7 serão acrescidos de 0,75%. Na hipótese de a receita bruta acumulada total ultrapassar o valor de R$1.200.000,00, o acréscimo será de 0,9%. Tabela 8: Percentuais diferenciados aplicáveis às EPP, quando contribuintes do IPI Receita Bruta Acumulada Total (em R$) Percentuais De 0,00 a 240.000,00 8,85% De 240.000,01 a 360.000,00 9,45% De 360.000,01 a 480.000,00 10,05% De 480.000,01 a 600.000,00 10,65% De 600.000,01 a 720.000,00 11,25% De 720.000,01 a 840.000,00 11,85% De 840.000,01 a 960.000,00 12,45% De 960.000,01 a 1.080.000,00 13,05% De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 13,65% Acima de 1.200.000,00 16,38% 3.3.2.9.1. ME QUE EXCEDA O LIMITE DE RECEITA DE R$ 120.000,00 A microempresa, optante pelo SIMPLES que, no decurso do ano-calendário, exceder o limite de receita bruta acumulada de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) sujeitar-se-á, em relação aos valores excedentes, a partir, inclusive, do mês em que verificado o excesso, aos percentuais previstos para as empresas de pequeno porte, por faixa de receita bruta. Nessa hipótese, a microempresa estará, no ano-calendário subseqüente, automaticamente excluída do SIMPLES nessa condição, podendo, entretanto, inscrever-se na condição de empresa de pequeno porte, desde que não haja ultrapassado o limite de receita bruta de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 13 3.3.2.9.2. CONTRIBUINTES SUJEITOS A PERCENTUAIS DIFERENCIADOS (IN SRF 355/2003 c/c IN SRF 391/2004) Os percentuais diferenciados representam um acréscimo de 50% aos valores percentuais normais (Tabelas 3, 4, 7 e 8, acima) e são aplicáveis a: 1) estabelecimentos de ensino fundamental; 2) centros de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga; 3) agências lotéricas; 4) pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% (trinta por cento) da receita bruta total acumulada. 5) serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos pesados; 6) serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores; 7) serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; 8) serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; 9) serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos. 3.3.2.9.3. ACRÉSCIMO AO PERCENTUAL DAS EPP (IN SRF nº 355/2003, art. 11) A empresa de pequeno porte cuja receita bruta, no decurso do ano-calendário, exceder ao limite de receita bruta acumulada de R$1.200.000,00, sujeitar-se-á, em relação aos valores excedentes, a partir, inclusive, do mês em for que verificado o excesso, aos seguintes percentuais: 1) 10,32%; mais 2) 0,6% relativo ao IPI, caso a pessoa jurídica seja contribuinte do imposto; mais 3) os percentuais máximos atribuídos nos convênios que hajam sido firmados pelo estado (ou DF) e pelo município para as empresas de pequeno porte, acrescidos de 20% . Na hipótese de ultrapassar o limite de receita bruta de R$ 1.200.000,00, a pessoa jurídica estará automaticamente excluída do SIMPLES no ano-calendário subseqüente, podendo retornar ao sistema, formalizando sua opção no ano- calendário subseqüente àquele em que a receita bruta anual tenha ficado dentro dos limites. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 14 A empresa de pequeno porte sujeita a percentuais diferenciados, cuja receita bruta, no decurso do ano-calendário, exceder ao limite de receita bruta acumulada de R$ 1.200.000,00, sujeitar-se-á, em relação aos valores excedentes, a partir, inclusive, do mês em que for verificado o excesso, ao percentual de 15,48%, acrescido ainda, se for contribuinte do IPI, de 0,9%. Da mesma forma, a pessoa jurídica estará automaticamente excluída do SIMPLES no ano-calendário subseqüente, podendo retornar ao sistema, formalizando sua opção no ano- calendário subseqüente àquele em que a receita bruta anual tenha ficado novamente dentro dos limites permitidos. 3.3.2.10. EXEMPLOS Exemplo 1: Considere o salão de beleza Carolina que também efetue venda de produtos. O referido salão é optante pelo SIMPLES na condição de ME, é não contribuinte do IPI, e não há convênio celebrado com Unidade Federada, Município ou Distrito Federal. Esta empresa obteve no mês de janeiro receita bruta da venda de produtos no valor de R$3.000,00. No mesmo mês a sua receita bruta de serviços foi de R$5.000,00, totalizando uma receita bruta mensal no valor de R$8.000,00. Nesse caso, a tributação no mês de janeiro deverá ser feita da seguinte maneira: Receita bruta acumulada da prestação de serviços = R$5.000,00 Receita bruta acumulada total = R$8.000,00 Percentual entre receita bruta acumulada da prestação de serviços e da receita bruta acumulada total = 62,5% No caso de o ano-calendário da declaração ser o de 2003, o percentual aplicado é o de 3% (uma vez que a receita bruta acumulada total é inferior a R$60.000,00 – ver Tabela 1). Sendo o ano-calendário da declaração o de 2004, o percentual aplicado é o de 4,5% (ver Tabela 3), uma vez que a partir de 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% (trinta por cento) da receita bruta acumulada total têm seus percentuais majorados em 50% (percentual diferenciado). Sendo assim, o SIMPLES devido até o limite de ME, em se tratando do ano- calendário de 2003, é de R$240,00 (=R$8.000,00 x 3%) e em se tratando do ano- calendário de 2004, é de R$360,00 (=R$8.000,00 x 4,5%). Exemplo 2: Considere a mesma empresa do exemplo 1. Considere também que esta empresa obteve no mês de abril receita bruta da venda de produtos no valor de R$5.000,00. No mesmo mês a sua receita bruta de serviços foi de R$20.000,00, totalizando uma receita bruta no mês no valor de R$25.000,00. Levando-se em conta também que a receita bruta acumulada da prestação de CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 15 serviços até o mês de abril é de R$75.000,00 e que a receita bruta acumulada total até então é de R$133.000,00,a tributação no mês de abril deverá ser feita da seguinte maneira: Receita bruta acumulada da prestação de serviços = R$75.000,00 Receita bruta acumulada total = R$133.000,00 Percentual entre receita bruta acumulada da prestação de serviços e da receita bruta acumulada total = 56,39%. Há que se observar que o valor da receita bruta acumulada total até o mês de abril ultrapassou o limite de ME (R$120.000,00) em R$13.000,00 (=R$133.000,00 – R$120.000,00). Sendo assim, remanescem R$12.000,00 (=R$25.000,00 – R$13.000,00) da receita bruta total no mês a serem tributados utilizando-se os percentuais de ME. No caso de o ano-calendário da declaração ser o de 2003, o percentual aplicado correspondente à receita bruta no mês até o limite de ME, no caso de R$12.000,00, que é o de 5% (ver Tabela 1). Sendo o ano-calendário da declaração o de 2004, o percentual aplicado correspondente é o de 7,5% (ver Tabela 3), uma vez que a partir de 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% da receita bruta acumulada total têm seus percentuais majorados em 50% (percentual diferenciado). Sendo assim, o SIMPLES devido até o limite de ME, em se tratando do ano- calendário de 2003, é de R$600,00 (=R$12.000,00 x 5%) e em se tratando do ano-calendário de 2004, é de R$900,00 (=R$12.000,00 x 7,5%). Sobre o valor excedente ao limite de ME (R$13.000,00) aplicar-se-á o percentual de EPP (5,4% para o ano-calendário de 2003 – ver Tabela 5 – e 8,1% para o ano- calendário de 2004 – ver Tabela 7). Exemplo 3: Considere a situação da empresa do exemplo 2. Há que se observar que o valor da receita bruta acumulada total até o mês de abril ultrapassou o limite de ME (R$120.000,00) em R$13.000,00 (=R$133.000,00 – R$120.000,00). No caso de o ano-calendário da declaração ser o de 2003, o percentual aplicado correspondente à receita bruta no mês até o limite de EPP, R$13.000,00 (=R$25.000,00 – R$12.000,00), é o de 5,4% (ver Tabela 5). Sendo o ano- calendário da declaração o de 2004, o percentual aplicado correspondente é o de 8,1% (ver Tabela 7), uma vez que a partir de 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% (trinta por cento) da receita bruta acumulada total têm seus percentuais majorados em 50% (cinqüenta por cento). Sendo assim, o SIMPLES devido até o limite de EPP, em se tratando do ano- calendário de 2003, é de R$702,00 (=R$13.000,00 x 5,4%) e em se tratando do ano-calendário de 2004, é de R$1.053,00 (=R$13.000,00 x 8,1%). CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 16 Exemplo 4: Considere o salão de beleza Paula que também efetue venda de produtos. O referido salão é optante pelo SIMPLES na condição de EPP, é não contribuinte do IPI, e não há convênio celebrado com Unidade Federada, Município ou Distrito Federal. Esta empresa obteve no mês de janeiro receita bruta da venda de produtos no valor de R$3.000,00. No mesmo mês a sua receita bruta de serviços foi de R$5.000,00, totalizando uma receita bruta mensal no valor de R$8.000,00. Nesse caso, a tributação no mês de janeiro deverá ser feita da seguinte maneira: Receita bruta acumulada da prestação de serviços = R$5.000,00 Receita bruta acumulada total = R$8.000,00 Percentual entre receita bruta acumulada da prestação de serviços e da receita bruta acumulada total = 62,5% No caso de o ano-calendário da declaração ser o de 2003, o percentual aplicado é o de 5,4% (uma vez que a receita bruta acumulada total é inferior a R$240.000,00 – ver Tabela 5). Sendo o ano-calendário da declaração o de 2004, o percentual aplicado correspondente é o de 8,1% (ver Tabela 7), uma vez que a partir de 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% da receita bruta acumulada total têm seus percentuais majorados em 50% (percentual diferenciado). Sendo assim, o SIMPLES devido até o limite de EPP, em se tratando do ano- calendário de 2003, é de R$432,00 (=R$8.000,00 x 5,4%) e em se tratando do ano-calendário de 2004, é de R$648,00 (=R$8.000,00 x 8,1%). Exemplo 5: Considere a mesma empresa do exemplo 4. Considere também que esta empresa obteve no mês de fevereiro receita bruta da venda de produtos no valor de R$200.000,00. No mesmo mês a sua receita bruta de serviços foi de R$50.000,00, totalizando uma receita bruta no mês no valor de R$250.000,00. A tributação no mês de fevereiro deverá ser feita da seguinte maneira: Receita bruta acumulada da prestação de serviços = R$55.000,00 Receita bruta acumulada total = R$258.000,00 Percentual entre receita bruta acumulada da prestação de serviços e da receita bruta acumulada total = 21,32%. Tendo em vista que o percentual entre a receita bruta acumulada da prestação de serviços e da receita bruta acumulada total ficou menor do que 30%, independente de o ano-calendário da declaração ser o de 2003 ou o de 2004, não há que se falar em majoração de percentuais aplicados. Sendo assim, o SIMPLES devido até o limite de EPP, em se tratando do ano- calendário de 2003, é de R$14.500,00 (=R$250.000,00 x 5,8% – ver Tabela 5) e CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 17 em se tratando do ano-calendário de 2004, é também de R$14.500,00 (=R$250.000,00 x 5,8% – ver Tabela 5). Exemplo 6: Considere a situação da empresa do exemplo 5. Considere também que esta empresa obteve no mês de março receita bruta da venda de produtos no valor de R$600.000,00. No mesmo mês a sua receita bruta de serviços foi de R$400.000,00, totalizando uma receita bruta no mês no valor de R$1.000.000,00. A tributação no mês de março deverá ser feita da seguinte maneira: Receita bruta acumulada da prestação de serviços = R$455.000,00 Receita bruta acumulada total = R$1.258.000,00 Percentual entre receita bruta acumulada da prestação de serviços e da receita bruta acumulada total = 36,17%. Há que se observar que o valor da receita bruta acumulada total até o mês de março ultrapassou o limite de EPP (R$1.200.000,00) em R$58.000,00 (=R$1.258.000,00 – R$1.200.000,00). Sendo assim, remanescem R$942.000,00 (=R$1.000.000,00 – R$58.000,00) da receita bruta total no mês a serem tributados utilizando-se os percentuais de EPP. No caso de o ano-calendário da declaração ser o de 2003, o percentual aplicado correspondente à receita bruta no mês até o limite de EPP, no caso de R$942.000,00, é o de 8,6% (ver Tabela 5). Sendo o ano-calendário da declaração o de 2004, o percentual aplicado correspondente é o de 12,9% (ver Tabela 7), uma vez que a partir de 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% da receita bruta acumulada total têm seus percentuais majorados em 50%. Sendo assim, o SIMPLES devido até o limite de EPP, em se tratando do ano- calendário de 2003, é de R$81.012,00 (=R$942.000,00 x 8,6%) e em se tratando do ano-calendário de 2004, é de R$121.518,00 (=R$942.000,00 x 12,9%). Sobre o valor excedente ao limite de EPP (R$58.000,00) aplicar-se-á o percentual de 10,32% para o ano-calendário de 2003 (ver Tabela 5), e 15,48% (ver Tabela 7) para o ano-calendário de 2004. Exemplo 7: Considere a situação da empresa do exemplo 6. Há que se observar que o valor da receita bruta acumulada total até o mês de março ultrapassou o limite de EPP (R$1.200.000,00) em R$58.000,00 (=R$1.258.000,00 – R$1.200.000,00). No caso de o ano-calendário da declaração ser o de 2003, o percentual aplicado correspondente à receita bruta no mês que ultrapassou o limite deEPP, R$58.000,00 (=R$1.000.000,00 – R$942.000,00), é o de 10,32% (ver Tabela 5). Sendo o ano-calendário da declaração o de 2004, o percentual aplicado correspondente é o de 15,48% (ver Tabela 7), uma vez que a partir de 1° de CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 18 janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% da receita bruta acumulada total têm seus percentuais majorados em 50%. Sendo assim, o SIMPLES devido acima do limite de EPP, em se tratando do ano- calendário de 2003, é de R$5.985,60 (=R$58.000,00 x 10,32%) e em se tratando do ano-calendário de 2004, é de R$8.978,40 (=R$58.000,00 x 15,48%) Exemplo 8: Considere o salão de beleza Lídia que também efetue venda de produtos. O referido salão é optante pelo SIMPLES na condição de ME, é não contribuinte do IPI, e há convênio celebrado com a sua Unidade Federada e com o seu Município. Esta empresa obteve no mês de janeiro receita bruta da venda de produtos no valor de R$3.000,00. No mesmo mês a sua receita bruta de serviços foi de R$5.000,00, totalizando uma receita bruta mensal no valor de R$8.000,00. Nesse caso, a tributação no mês de janeiro deverá ser feita da seguinte maneira: Receita bruta acumulada da prestação de serviços = R$5.000,00 Receita bruta acumulada total = R$8.000,00 Percentual entre receita bruta acumulada da prestação de serviços e da receita bruta acumulada total = 62,5% No caso de o ano-calendário da declaração ser o de 2003, o percentual aplicado deverá estar compreendido entre 3% e 4% (uma vez que a receita bruta acumulada total é inferior a R$60.000,00 e que poderá haver um adicional de até 0,5% a título de ICMS e de até 0,5% a título de ISS). Sendo o ano-calendário da declaração o de 2004, o percentual aplicado deverá estar compreendido entre 4,5% e 6% (uma vez que a receita bruta acumulada total é inferior a R$60.000,00 e que poderá haver um adicional de até 0,75% a título de ICMS e de até 0,75% a título de ISS e também que a partir de 1° de janeiro de 2004 as pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% da receita bruta acumulada total têm seus percentuais majorados em 50%). Supondo que os convênios tenham estabelecido os percentuais máximos possíveis, e que a empresa foi contribuinte, em janeiro, tanto do ICMS quanto do ISS, o SIMPLES devido até o limite de ME, em se tratando do ano-calendário de 2003, é de R$320,00 (=R$8.000,00 x 4%) e em se tratando do ano-calendário de 2004, é de R$480,00 (=R$8.000,00 x 6%). Vejamos, agora, os exercícios sobre o SIMPLES que apareceram nos últimos concursos para AFRF e no INSS/2002: (ESAF/AFRF/2002-1) Verifique as afirmações abaixo, e identifique as verdadeiras (V) e as falsas (F), orientando-se pelo que se conhece da lei que criou o “SIMPLES”, regulando, em conformidade com o disposto no art. 179 da Constituição, o tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 19 microempresas e às empresas de pequeno porte, relativo a impostos e contribuições. Depois, indique a seqüência respectiva das letras correspondentes a este juízo de acerto (V) ou erro (F). 1 - A pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e de empresa de pequeno porte, independentemente de inscrição ou qualquer medida burocratizante, estará automaticamente submetida aos benefícios do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES. 2 - A referida lei, atendendo ao peso que o ISS e o ICMS têm no conjunto de impostos devidos pelas microempresas, e considerando a diretriz do art. 179 da Constituição da República, determinou a automática inclusão desses impostos no âmbito do SIMPLES. 3 - Determinou-se que o pagamento unificado de impostos e contribuições, devidos pela empresa submetida ao SIMPLES, seria feito de forma centralizada, até o décimo dia do mês subseqüente àquele em que houvesse sido auferida a receita bruta. a) V, V, V b) V, V, F c) V, F, F d) F, F, V e) F, F, F Gabarito: letra “d” (ESAF/AFRF/2002-2) I - As microempresas optantes pelo SIMPLES, que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária? II - A inscrição no SIMPLES implica pagamento mensal unificado entre outros, do IRPJ (imposto de renda das pessoas jurídicas)? CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 20 III - O pagamento unificado de impostos e contribuições, devidos pela microempresa e pela empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES, será feito de forma descentralizada, junto ao INSS, à Receita Federal e ao órgão arrecadador do Estado? a) Não, não, não b) Não, sim, não c) Sim, não, não d) Sim, sim, não e) Sim, sim, sim Gabarito: Letra “b” Dessa questão, apenas merece comentário a pergunta I. Foi um verdadeiro absurdo cobrarem essa regra no concurso. Além de não ser legislação própria do SIMPLES, é um detalhe do fundo do baú de uma medida provisória imensa, que ninguém deve pensar em estudar para concurso. Trata-se da MP 2.158-35/2001, até hoje em vigor (porque é anterior à EC 32/2001). O art. 72 dessa MP estabelece (grifei): “Art. 72. Os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, passam a vigorar com a seguinte redação: ‘Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. § 1º A Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no ‘caput’ deste artigo, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica. § 2º Ficam dispensadas do cumprimento da obrigação de que trata este artigo as empresas optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES, de que trata a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996.’” Se vocês lembram, esse concurso AFRF/2002-2 foi mesmo péssimo. Desde lá as coisas mudaram muitíssimo na ESAF, para melhor! (ESAF/AFRF/2003) Em relação ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES), instituído pela Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, marque a resposta correta. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 21 a) As atividades de arrecadação, cobrança e tributação das contribuições pagas de conformidade com o SIMPLES competem ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), quanto às contribuições para a seguridade social por ele administradas. b) A inscrição de pessoa jurídica no SIMPLES implica pagamento mensal unificado dos seguintes impostos e contribuições, entre outros: Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). c) Aplicam-se aos impostose contribuições devidos pela microempresa e pela empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES, as normas relativas aos juros e às multas de mora e de ofício previstas para o imposto sobre produtos industrializados. d) As pessoas jurídicas, enquadradas na condição de microempresa ou de empresa de pequeno porte, que se dediquem exclusivamente às atividades de centros de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga, agências lotéricas e agências terceirizadas de correios têm permissão legal para optar pela inscrição no SIMPLES. e) Em regra, é vedada a inclusão, no SIMPLES, do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal (ICMS) e do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), devidos por microempresa e empresa de pequeno porte. Gabarito, letra “d”. Merece um comentário somente a alternativa “c”. Ela se baseia na regra constante do art. 34 da IN SRF nº 355/2003, que é esta: “Art. 34. Aplicam-se aos impostos e contribuições devidos pelas microempresas e pelas empresas de pequeno porte, inscritas no Simples, as normas relativas aos juros e multas de mora e de ofício, previstas para o imposto de renda, inclusive, quando for o caso, em relação ao ICMS e ao ISS.” Eu achei meio descabido trazerem para a questão essa regra. Tanto acho ela meio inútil, que nem falei nela em nosso resumo. Mas, como ela não foi o gabarito, ainda vá lá... Por último, vejamos a única questão sobre o SIMPLES cobrada no INSS/2002, que, como eu disse acima, foi anulada, pelo motivo que veremos. (ESAF/Auditor INSS/2002 − ANULADA) A respeito do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES), assinale a opção incorreta. a) O SIMPLES visa regular dispositivo da Constituição Federal. b) Microempresa e empresas de pequeno porte são sinônimos na legislação do SIMPLES. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 22 c) A inscrição no SIMPLES isenta o recolhimento da contribuição do empregado pela empresa. d) A inscrição no SIMPLES não isenta o recolhimento do Imposto de Importação. e) A inscrição no SIMPLES não isenta o recolhimento do Imposto Territorial Rural. A questão foi anulada porque o enunciado pede a afirmativa incorreta e, indiscutivelmente, as afirmativas “b” e “c” são incorretas. O gabarito originalmente divulgado foi letra “c” (imagino que, na letra “b”, tenham pretendido dizer que microempresa e empresa de pequeno porte não são sinônimos e, por algum engano, esqueceram de fazer constar o “não”). A anulação foi veiculada pelo Edital ESAF nº 90, de 13 de novembro de 2002 (DOU de 14.11.2002, Seção 3). Em resumo, estão incorretas as afirmativas “b” e “c”, o que levou à anulação da questão. Sobre o SIMPLES, já vimos mais do que o suficiente, considerando as observações que fiz sobre o custo-benefício de estudar um tema específico como esse. Passemos aos empréstimos compulsórios. 3.4. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS O estudo dos empréstimos compulsórios deve ser feito com base exclusivamente na Constituição. Desconsiderem, para concurso, o art. 15 do CTN, exceto, unicamente, o seu parágrafo único, que, eventualmente, poderia aparecer em alguma questão, especialmente da ESAF. A Constituição trata dos empréstimos compulsórios no seu art. 148. São duas espécies de empréstimos compulsórios, classificadas separadamente pelo único motivo de que seus regimes jurídicos em relação à anterioridade e à noventena são diferentes. Todas as demais regras são comuns a ambas as espécies. Comecemos por elas. A Constituição autoriza a instituição de empréstimos compulsórios nestas situações: 1) calamidade pública, guerra externa ou sua iminência; e 2) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Vejamos as características comuns, aplicáveis a todo e qualquer empréstimo compulsório: 1) A competência para a instituição é da União, sem qualquer exceção. 2) A instituição e toda a disciplina normativa tem que ser feita por lei complementar, sem qualquer exceção. Conclui-se que medidas provisórias não podem tratar de nenhum aspecto relativo a empréstimos compulsórios. 3) São tributos de arrecadação vinculada, por força do parágrafo único do art. 148, que determina: “A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.” CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 23 4) Segundo o STF a devolução dos empréstimos compulsórios tem que ser feita em moeda, não se admitindo entrega de títulos da dívida pública ou qualquer outra coisa que não seja dinheiro. 5) A Constituição nada diz sobre os fatos geradores dos empréstimos compulsórios. A guerra, a calamidade, o investimento não são fatos geradores, porque não são eles que fazem, automaticamente, nascer a obrigação tributária. Eles são apenas circunstâncias autorizadoras da instituição dos empréstimos compulsórios. O fato gerador (hipótese de incidência) deve ser determinado na lei complementar que instituir o empréstimo compulsório em cada caso. Não existe nenhum consenso na doutrina sobre as possibilidades de escolha, pela União, da hipótese de incidência. Em tese, qualquer situação econômica pode ser fato gerador de empréstimo compulsório e nada além disso pode aparecer em um concurso, por total falta de base no Direito positivo para alguém afirmar algo mais preciso. Pois bem, vistas essas características comuns, só resta tratar da única diferença entre as duas espécies. É esta: os empréstimos compulsórios de guerra ou calamidade (art. 148, I) não estão sujeitos nem à anterioridade do exercício financeiro, nem à noventena, conforme estabelece o art. 150, § 1º, com a redação dada pela EC 42/2003; os empréstimos compulsórios de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional (art. 148, II) estão sujeitos à anterioridade do exercício financeiro e à noventena, apesar de serem urgentes, segundo a Constituição. Quanto ao parágrafo único do art. 15 do CTN, de que falei acima, basta que conheçamos seu texto: “Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.” Essa lei que fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo compulsório e as condições de seu resgate, atualmente, terá que ser, por óbvio, a lei complementar que institua o empréstimo compulsório. A segunda lei a que se refere o dispositivo (“...observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei”) é o próprio CTN, ou seja, as normas gerais de Direito Tributário aplicam-se aos empréstimos compulsórios. Isso decorre do fato de serem os empréstimos compulsórios tributos, isto é, mesmo que o CTN não dissesse que suas disposições aplicam-se aos empréstimos compulsórios, elas se aplicariam por força, diretamente, do art. 146 da Constituição. Nada mais temos a falar sobre empréstimos compulsórios. Vejamos, agora, a espécie tributária mais complicada de nosso ordenamento jurídico, as contribuições. 3.5. CONTRIBUIÇÕES - REGIMES JURÍDICOS A regra constitucional que, originalmente, era fundamento de toda e qualquer contribuição (lembrem-se que, em nosso curso, quando falamos em contribuição não está incluída a contribuição de melhoria) é o art. 149. Por isso, é comum a CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 24 doutrina e o STF chamarem o art. 149 de regra-matriz das contribuições. Atualmente, existe um outro artigo que fundamenta uma espécie de contribuição que não está contemplada no art. 149. Trata-se do art. 149-A, queestabelece a competência para as contribuições de iluminação pública (CIP), introduzido pela EC 39/2002. Trataremos das CIP separadamente. Neste momento veremos as regras comuns e as particularidades relativas aos regimes jurídicos das contribuições previstas no art. 149. Sabemos que o art. 149 trata das seguintes contribuições: sociais, corporativas e CIDE. Vejamos o que há de comum a todas elas. 1) A Constituição afirma que a competência para sua instituição é exclusiva da União. Nesse ponto, há uma observação importante: é certo que a Constituição fala em competência exclusiva da União. Por esse motivo, se uma questão de concurso simplesmente reproduz o texto constitucional, marcamos verdadeiro sem sombra de dúvida. Apesar disso e do texto constitucional, nós nunca podemos esquecer que, no caso das contribuições sociais, e só em relação às previdenciárias, existe uma exceção específica: os estados, o DF e os municípios, que possuam regimes próprios de previdência social para seus servidores, devem (é obrigatório) instituir contribuição, cobrada dos servidores, para o custeio do regime previdenciário. A alíquota dessas contribuições previdenciárias estaduais, municipais e distrital não pode ser inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. Essa regra − competência para instituição de contribuição previdenciária para os estados, municípios e DF − encontra-se no art. 149, § 1º, da Constituição, que sofreu mudanças importantes com a EC 41/2003. Antes da EC 41/2003, a instituição das contribuições era facultativa e era possível instituir contribuições previdenciárias e de assistência social. Além disso, não existia nenhuma regra sobre as alíquotas. Hoje, a instituição das contribuições previdenciárias é obrigatória para o ente federado que tenha regime próprio de previdência e não existe mais nenhuma possibilidade de estados, municípios e DF instituírem contribuições destinadas a assistência social. 2) Todas as contribuições podem ser instituídas por meio de lei ordinária. A única exceção é a criação de contribuição de seguridade social que incida sobre uma base econômica diferente das discriminadas nos incisos I a IV do art. 195 da Constituição, cuja instituição está prevista no § 4º desse mesmo art. 195. As contribuições de seguridade social sobre fonte não discriminada no art. 195 são instituídas no uso da denominada competência residual (que também existe para os impostos, prevista no art. 154, inciso I). São, por essa razão, denominadas contribuições residuais (ou contribuições residuais de seguridade social). São elas as únicas contribuições para cuja instituição e disciplina exige-se lei complementar, porque o § 4º do art. 195 determina que, na criação dessas contribuições residuais, seja “obedecido o disposto no art. 154, I”, e esse dispositivo reserva à lei complementar a criação dos impostos residuais. Estudaremos a competência residual mais detalhadamente em outra aula. 3) As contribuições podem ter fatos geradores e bases de cálculo próprios de impostos. Isso é jurisprudência pacífica do STF e decorre da própria Constituição, CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 25 bastando notar que o art. 195, inciso I, alínea “c”, prevê instituição de contribuição de seguridade sobre o lucro das pessoas jurídicas (a nossa CSLL). Sendo assim, o único fator que diferencia uma contribuição, cuja hipótese de incidência seja não-vinculada, de um imposto é o destino da arrecadação. A regra geral para os impostos é a proibição de vinculação de sua receita a fundo, órgão, entidade ou despesa específicos (CF, art. 167, inciso IV). Diferentemente, no caso das contribuições, independentemente da natureza do fato gerador (vinculado ou não- vinculado), o produto da arrecadação é sempre vinculado a um fundo, órgão, entidade ou despesa específicos. Usando o mesmo raciocínio, a única maneira de diferenciar uma contribuição, cujo fato gerador seja vinculado, de uma taxa é o destino da arrecadação: na taxa não há destinação específica e nas contribuições há. 4) As contribuições são tributos, segundo entendimento consolidado do STF. Portanto, aplicam-se a elas todos os princípios tributários, como legalidade, isonomia, irretroatividade, não-confisco etc. Com relação à anterioridade e à noventena, cabe um comentário mais detalhado. Todas as contribuições, como regra, estão sujeitas ao princípio da anterioridade do exercício financeiro e à noventena do art. 150, III, “c”. As únicas exceções são: (1) as contribuições de seguridade social, inclusive o PIS/PASEP e a CPMF, estão sujeitas apenas à anterioridade nonagesimal prevista no art. 195, § 6º. Não estão sujeitas à anterioridade do exercício financeiro. Formalmente, não estão sujeitas, tampouco, à noventena do art. 150, III, “c”, mas o efeito prático da anterioridade nonagesimal do art. 195, § 6º, e da noventena do art. 150, III, “c”, é exatamente o mesmo, já que o STF entende que o art. 195, § 6º, não se aplica em qualquer caso de modificação das contribuições de seguridade, mas só na instituição e no aumento; e (2) a CIDE-combustíveis, no caso específico de “restabelecimento” das alíquotas, não se sujeita à anterioridade do exercício financeiro. Como já vimos, a exceção é extremamente específica e não abrange nem a noventena nem qualquer outro aumento ou criação de novas hipóteses de incidência. Vale lembrar que todas as outras CIDE, e todas as outras contribuições que não sejam de seguridade, estão sujeitas normalmente e integralmente à anterioridade do exercício financeiro e à noventena do art. 150, III, “c”. 5) As contribuições estão sujeitas à lei complementar de normas gerais em matéria tributária, papel atualmente desempenhado pelo CTN. Vale lembrar que o art. 146, III, “a”, da Carta Política determina que a lei complementar estabeleça, em relação aos impostos discriminados Constituição, a definição “dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes”. Por causa desse dispositivo, o STF firmou entendimento de que as contribuições não dependem, previamente a sua instituição, de estabelecimento em lei complementar de seus fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes, podendo ser diretamente instituídas por lei ordinária, como vimos acima. Depois de enumerarmos essas características comuns, vejamos, separadamente, as características principais de cada uma das espécies de contribuições do art. 149 da Constituição. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 26 3.5.1. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS Como vimos em aula anterior, as denominadas contribuições sociais abrangem: (1) as contribuições de seguridade social; e (2) outras contribuições cuja arrecadação seja destinada a ações relacionadas à área social, conforme descrito na Constituição, mas que não sejam atividades de seguridade social (saúde, previdência social e assistência social). Essa segunda espécie não possui um nome bem definido. O STF às vezes refere-se a elas como “outras contribuições sociais”, às vezes como “contribuições sociais gerais”. Podemos, para ser mais precisos, falar, ainda, em “contribuições sociais não destinadas à seguridade”. A respeito da primeira espécie, podemos subdividi-la em “contribuições de seguridade social discriminadas”, para nos referirmos às previstas nos incisos I a IV do art. 195 da Constituição, bem como ao PIS/PASEP (art. 239) e à CPMF (art. 74 do ADCT), e “outras contribuições de seguridade” ou, o que é muito mais comum, “contribuições de seguridade residuais” (art. 195, § 4º). As contribuições sociais mais importantes para concurso, disparadamente, são as contribuições de seguridade. Comecemos por elas. 3.5.1.1. CONTRIBUIÇÕES DE SEGURIDADE SOCIAL O art. 195 estabelece o regime jurídicoconstitucional das contribuições de seguridade social. Portanto, essas contribuições têm base constitucional dupla (e às vezes tripla, como no caso do PIS/PASEP). A previsão geral de competência para sua instituição está no art. 149 da Constituição, e as regras específicas encontram-se no art. 195. Além disso, as contribuições para o PIS/PASEP estão mencionadas no art. 239 da Constituição. A situação da CPMF é diferente. Ela é uma contribuição de seguridade social por causa do destino do produto de sua arrecadação: saúde, previdência social e Fundo de Combate à Pobreza (que pode ser enquadrado como assistência social). Mas a competência para sua instituição está no ADCT, atualmente no art. 90, que deve ser combinado com o art. 84 e com os arts. 74 e 75 do mesmo ADCT. A CPMF não está integralmente sujeita ao art. 195 da Constituição, mas, por força dos arts. 74 e 75 do ADCT, está submetida ao § 6º do art. 195, que disciplina a anterioridade nonagesimal. Resumindo: a CPMF é uma contribuição de seguridade social, de competência exclusiva e provisória da União; pode ser instituída e disciplinada por lei ordinária; está sujeita à anterioridade nonagesimal do art. 195, § 6º, da Constituição; não está sujeita à anterioridade do exercício financeiro nem à noventena do art. 150, III, “c”; não está sujeita à imunidade prevista no art. 153, § 5º, da Constituição, ou seja, a CPMF pode incidir sobre movimentação financeira decorrente de operações com ouro, definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; são aplicáveis a ela todos os demais princípios tributários. Voltemos ao art. 195. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 27 Em seus incisos I a IV, o art. 195 enumera as bases de incidência daquelas que podemos chamar contribuições de seguridade social discriminadas. São as seguintes: 1) contribuição do empregador, incidente sobre: 1.a. a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício (normalmente chamada apenas “contribuição patronal” ou “contribuição sobre a folha de salários”; o produto de sua arrecadação é integralmente destinado ao custeio de benefícios do Regime Geral de Previdência Social - RGPS); 1.b. a receita ou o faturamento (COFINS e PIS/PASEP); 1.c. o lucro (CSLL). 2) contribuição previdenciária do trabalhador (são imunes a essa contribuição os proventos de aposentadoria e pensão do RGPS; o produto de sua arrecadação é integralmente destinado ao custeio de benefícios previdenciários do RGPS). 3) contribuição sobre a receita de concursos de prognósticos (concursos de prognósticos são as loterias em geral). 4) do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (essa hipótese de incidência teve a competência instituída pela EC 42/2003, que, concomitantemente, modificou o art. 149, § 2º, inciso II, da Constituição; nos termos do art. 149, § 2º, III, “a”, essa contribuição, quando a alíquota for “ad valorem”, terá por base de cálculo o valor aduaneiro). As seguintes regras comuns a essas contribuições constam do art. 195. 1) A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, ou seja, com débitos relativos a qualquer contribuição de seguridade, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios (art. 195, § 3º). 2) Já vimos diversas vezes esse assunto, mas não custa repetir: nos termos do § 6º do art. 195, as contribuições de seguridade social, incluída a CPMF, só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o princípio da anterioridade do exercício financeiro. 3) No caso das contribuições previdenciárias, é bom lembrar que existe competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios para as instituírem, cobrando-as de seus servidores, para o custeio, em benefício deles, de regime próprio de previdência social - RPPS (e só previdência mesmo, não de assistência social ou saúde). A alíquota dessas contribuições não será inferior à da cobrada pela União de seus servidores titulares de cargos efetivos, para custeio do RPPS dos servidores públicos federais (CF, art. 149, § 1º), que hoje é de 11% da totalidade da remuneração. Essa competência, que só existe para os entes federados que possuam RPPS, é de exercício obrigatório. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 28 4) Há imunidade de contribuições para a seguridade social para as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (a doutrina majoritária e a jurisprudência entendem que essa lei deve ser complementar, por força do disposto no art. 146, II, da Constituição). 5) Há imunidade para todas as contribuições sociais (o que, em tese, inclui mesmo as não destinadas à seguridade social) relativamente às receitas decorrentes de exportação (CF, art. 149, § 2º, inciso I). A SRF tem um entendimento restritivo acerca desse dispositivo, defendendo a posição de que essa imunidade somente abrange as contribuições que tenham base no art. 195, I, “b”, ou seja, aquelas cuja hipótese de incidência seja a receita ou o faturamento (COFINS e PIS/PASEP). Minha opinião é que, em concurso, se aparecer algo sobre o art. 149, § 2º, inciso I, será literal. Se não for, penso que devemos adotar, pelo menos para a ESAF, a posição da SRF, ou seja, só estão incluídas nessa imunidade a COFINS e o PIS/PASEP (a SRF preocupa-se especialmente em defender o entendimento de que não estão incluídas nessa imunidade a CSLL e a CPMF). Ainda não há interpretação do STF a esse respeito. 6) As contribuições sociais do empregador (art. 195, inciso I) poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra. 7) É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições de seguridade sobre a folha de salários (art. 195, I, “a”) e da contribuição previdenciária do trabalhador (art. 195, II), para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar (art. 195, § 11). Essas duas contribuições (do art. 195, I, “a”, e do art. 195, II) têm o produto de sua arrecadação destinado exclusivamente ao custeio de benefícios concedidos pelo RGPS. A lei complementar que fixará esse limite acima do qual serão proibidas essas remissões e anistias ainda não foi editada. 8) A EC 42/2003 inseriu no texto constitucional a previsão de que a lei obrigatoriamente estabeleça a não-cumulatividade das contribuições de seguridade incidentes sobre a receita ou o faturamento e das contribuições do importador, para determinados setores de atividade (art. 195, § 12). O texto constitucional nada mais diz. A contribuição não-cumulativa para o PIS/PASEP foi criada antes mesmo da EC 42/2003, estando hoje prevista na Lei nº 10.637/2002. A COFINS não-cumulativa está hoje tratada na Lei nº 10.833/2003. As contribuições do importador, que receberam o nome infeliz de PIS/PASEP- Importação e COFINS-Importação estão disciplinadas na Lei nº 10.865/2004 (o nome é infeliz porque elas são contribuições inteiramente distintas e independentes da COFINS e do PIS/PASEP, uma vez que têm bases constitucionais e hipóteses de incidência totalmente diferentes). Nós não veremos em nosso curso nenhuma regra legal sobre essas contribuições. Além de ser muito improvável isso ser cobrado em algum concurso, na disciplina Direito Tributário (a meu ver, só poderiam ser cobradas essas regras legais se vierem a criar uma disciplina específica sobre “legislação tributária”), não há muita coisa que um professor pudesse fazer além de simplesmente reproduzir os dispositivosCURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 29 legais. Esse o motivo de, em nosso programa, estar previsto o estudo apenas do regime jurídico constitucional das contribuições. 9) A EC 42/2003, em um dispositivo que utilizou uma péssima redação indireta, passou a prever que deverá ocorrer uma substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente sobre a folha de salários pela incidente sobre a receita ou o faturamento (art. 195, § 13). Previu, no mesmo parágrafo, que a contribuição sobre a receita ou o faturamento resultante dessa substituição será não- cumulativa, quando se tratar de setores de atividade econômica para os quais a lei tenha estabelecido a COFIS e o PIS/PASEP não-cumulativos. Vejam que redação tortuosa a do § 13 do art. 195, que traz a regra aqui tratada: “Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento”. Lamentável, não? De toda forma, o objetivo dessa substituição da contribuição sobre a folha de salários pela contribuição sobre a receita ou o faturamento é estimular a contratação formal de trabalhadores, ou, pelo menos, reduzir o estímulo à contratação informal (sem carteira assinada), já que a existência de uma contribuição sobre o valor da folha de salários faz com que os empregadores tenham resistência a fazer contratações formais, pois isso aumentaria o valor da folha de salários e o valor de contribuição a ser pago. A contribuição sobre o faturamento ou a receita não possui esse inconveniente, pois o seu valor independe das remunerações pagas aos empregados ou a outros trabalhadores formais da pessoa jurídica. Sobre contribuições de seguridade social é isso. 3.5.1.2. OUTRAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS Há muito pouco para falar sobre as contribuições sociais não destinadas à seguridade social. Os únicos exemplos que encontramos de contribuições dessa espécie são: 1) A contribuição do salário-educação, prevista no art. 212, § 5º, da Constituição. 2) As contribuições para os serviços sociais autônomos (denominado Sistema S − SESI, SESC, SENAC etc.), que, segundo entendimento do STF, se enquadram como “outras contribuições sociais” (ou como “contribuições sociais gerais”), não como contribuições de seguridade social. Elas têm como sujeito ativo a União (que atua por intermédio do Ministério da Previdência Social, especificamente da Secretaria da Receita Previdenciária, conforme determina a Lei nº 11.098, de 13.01.2005) e sua arrecadação é repassada para os serviços sociais autônomos (que, vale lembrar, são pessoas privadas não integrantes da Administração Pública). O art. 240 da Constituição expressamente exclui essas contribuições do regime jurídico e da destinação estabelecidos no art. 195 da Constituição (elas são destinadas aos serviços sociais autônomos, e não à seguridade social − saúde, previdência social ou assistência social). CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 30 Todas essas contribuições classificadas como “outras sociais” estão excluídas do regime jurídico do art. 195 da Constituição, não se sujeitando, portanto, especialmente, à anterioridade nonagesimal disciplinada no § 6º desse art. 195. Todas estão sujeitas à anterioridade do exercício financeiro (art. 150, III, “b”) e à noventena (art. 150, III, “c”), como é a regra geral para todas as contribuições que não sejam de seguridade. De modo mais amplo, estão sujeitas a todos os princípios tributários aplicáveis aos tributos em geral, sem qualquer exceção. São instituídas por lei ordinária e estão sujeitas à lei complementar de normas gerais tributárias. 3.5.2. CONTRIBUIÇÕES DO INTERESSE DE CATEGORIAS PROFISSIONAIS E ECONÔMICAS Não existe muita coisa para falar sobre essas contribuições. Podem ter alguma utilidade os seguintes pontos: 1) São de competência exclusiva da União, sem qualquer exceção. 2) Estão sujeitas a todos os princípios tributários, sem qualquer exceção. 3) O art. 8º, IV, da Constituição trata de duas contribuições, que devem ser diferenciadas. É a seguinte a sua redação: “a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei” As duas contribuições, inteiramente distintas, referidas nesse dispositivo são: a) uma denominada contribuição confederativa, que não é tributo. Por isso, é fixada pela assembléia geral da categoria, não por lei. Não tem nenhuma relação com o art. 149 da Constituição; b) uma denominada contribuição sindical, que é tributo. É referida na parte final do art. 8º, IV, e a competência para a sua instituição decorre do art. 149. E é isso. 3.5.3. CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO A Constituição, com uma única exceção, não diz quase nada sobre as contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE). Especialmente, nada esclarece sobre as suas possíveis hipóteses de incidência. A única exceção a que me referi é a denominada CIDE-combustíveis, que tem base econômica de incidência definida no art. 177 da Constituição, além de outras disposições relativas ao seu regime jurídico e ao delineamento de alguns elementos de sua hipótese de incidência. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 31 Vejamos as regras gerais aplicáveis às CIDE, constantes do art. 149 da Constituição, e, depois, as regras específicas aplicáveis à CIDE-combustíveis, previstas no art. 177 da Carta. 1) Todas as CIDE são de competência exclusiva da União, sem qualquer exceção. 2) Estão sujeitas a todos os princípios tributários. Somente a CIDE-combustíveis, e nenhuma outra, tem uma exceção específica ao princípio da legalidade e da anterioridade do exercício financeiro, exclusivamente no caso de “restabelecimento” das alíquotas que tenham sido reduzidas por ato do Poder Executivo. 3) Existe imunidade das CIDE sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, I). 4) Incidem sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços (art. 149, § 2º, II). 5) Podem ter alíquotas específicas ou “ad valorem” (art. 149, 2º, III). 6) A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez (art. 149, § 4º). 7) Como vimos acima, a Constituição não dá nenhuma informação sobre as possíveis hipóteses de incidência das CIDE, exceto no caso da CIDE- combustíveis. Sabemos apenas que elas são instrumentos de atuação da União na ordem econômica. Os autores costumam observar que os princípios constitucionais gerais acerca de nossa ordem econômica encontram-se no art. 170 da Carta da República e que as CIDE devem observar esses princípios. Mas isso não resolve o problema de não existir qualquer informação sobre as potenciais hipóteses de incidência das CIDE. Com relação à CIDE-combustíveis, há regras específicas previstas no art. 177 da Constituição. As mais importantes são: 1) Acerca da base econômica, o texto constitucional informa que ela incidirá sobre as atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível (art. 177, § 4º). 2) A sua alíquota pode ser diferenciada por produto (art. 177, § 4º, I). 3) Ela é exceção parcial ao princípio da legalidade e ao da anterioridade do exercício financeiro, conforme já mencionamos diversas vezes e está disciplinado no art. 177, § 4º. Fora essas exceções específicas e restritas, a CIDE- combustíveis, como todas as outras CIDE, está integralmente sujeita a todos os princípios tributários. 4) Os recursos arrecadados serão destinados:
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