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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS O farmacêutico e a sua influência social Prova I – Farmácia 2015/2 Anna Letícia Teotonio Dias 10/11/2015 Elabore um mapa conceitual destacando e interligando e dando sentido às conexões entre os conceitos fundamentais de cada tema discutido na disciplina até a parte do ‘Sistema Único de Saúde’ (excetuando este tema). – história da Farmácia; saúde, cultura e medicamento; pensamento científico e o modelo biomédico. Baseado nesse mapa elabore um texto sobre esses temas, conectando tais conceitos em uma redação lógica que expresse seu entendimento sobre o assunto no atual momento. O farmacêutico e sua influência social No início da sociedade, já se existia a cultura da utilização dos objetos na natureza para nosso cuidado próprio. Viria então a ser o boticário, a pessoa que exercia domínio no conhecimento da origem do produto (onde buscá-lo: animal, vegetal e mineral), da extração de sua matéria prima, do modo de preparo e da sua comercialização. Entretanto, não se tinha um pensamento científico bem embasado para a formulação precisa do que viria a ser chamado de fármaco. Nesse período, o farmacêutico dotava de importante atuação no mercado, com produtos caros e forte diferenciação no atendimento de pobres e ricos. Posteriormente, instituíram-se os Cursos de Farmácia, inclusive no Brasil, na cidade de Ouro Preto, em 1832. A formação do farmacêutico nesse período tinha ênfase no profissional responsável pela Farmácia Galênica, no qual se tinha total domínio da tecnologia da produção do fármaco específico para cada paciente (de acordo com o receituário médico), assim como a sua comercialização. O contato com o paciente era grande e seu papel social era de grande respeitabilidade. Na década de 30, teve-se um grande impulso para o desenvolvimento das Análises Clínicas, surgindo, então, o farmacêutico adjetivado. Além disso, pós a 2ª Grande Guerra, com a intensificação industrial, ocorre a descaracterização do farmacêutico como o profissional responsável pela farmácia e pela produção dos fármacos individuais. Os medicamentos, caracterizados como industrializados, passam a ser produzidos em larga escala (gerais), comercializados a preços altos e tendo o farmacêutico apenas como um participante na tecnologia do desenvolvimento do fármaco. Perde, portanto, seu contato mais íntimo com o paciente, e passa a atuar “nos bastidores” do que viria a ser o complexo industrial da saúde (sua presença na farmácia torna-se puramente uma questão mais burocrática do que de necessidade). A indústria farmacêutica passa a ganhar cada vez mais espaço, tornando-se extremamente influente e poderosa, uma vez que se está envolvido muito dinheiro e poder, seja ele econômico, político e cultural. Tem-se ampliação do mercado, sendo o medicamento cada vez mais cabível a uma grande parcela da sociedade (sua generalização) e a criação da ideia de dependência do medicamento (necessidade do medicamento para “prevenir” ao invés de remediar). Atualmente, o discurso que favorece o consumo dos fármacos, caracteriza-se pela junção de informações científicas com os símbolos de juventude, força e beleza, de modo a reforçar os valores predominantes na cultura atual, como consumismo e o individualismo. Dessa forma, o medicamento perde seu significado único de proporcionar a cura e passa a ser, como já dito antes, um mecanismo de “prevenção” e, principalmente, um símbolo social. Ou seja, o medicamento do qual você faz uso, lhe define socialmente. Consequentemente, com fármacos tão acessíveis e com tantas propagandas pró-consumo, observou-se o mau uso dos medicamentos, seja na automedicação ou no desconhecimento dos efeitos colaterais por parte de quem os consume (além das receitas médicas errôneas). Para exercer a tecnologia do desenvolvimento do fármaco é preciso embasar-se no pensamento científico, no qual é obtido por meio do método científico, em que se têm observações de evidências, produção de hipóteses que leva à formulação de uma teoria que irá fazer implicações acerca de um determinado fenômeno. A teoria pode ser comprovada ou descartada por meio da realização de experimentos e, quando estes a comprovam, contribuem na formulação de uma lei que explica e implica determinados fenômenos. Tal método é o princípio da medicina moderna, dotada de alto conhecimento científico. Além disso, após a revolução cartesiana proposta por Descartes, em que este separa rigorosamente o corpo da alma, colocando-os em dois planos distintos, o foco médico passa a ser o corpo mecânico e os fenômenos físicos que o abrangem. Desse modo, a medicina se focou no estudo reducionista, puramente científico, do corpo, preocupando-se com o caráter apenas biológico do paciente, negligenciando os todos os aspectos complementares do indivíduo, como os ambientais, sociais, culturais e psíquicos. Tal direcionamento da medicina viria a ser o que hoje é chamado de modelo biomédico. O modelo biomédico, ao focar-se na doença como esta sendo específica e de causa única, sendo basicamente uma avaria num determinado ponto do corpo mecânico que precisa ser concertada, torna-se ineficaz ao promover a cura. Uma vez que entende que a saúde é simplesmente a ausência de doença, ignorando os demais aspectos que interferem no mecanismo de cura e na manutenção da saúde, além de não considerar a capacidade de cura do próprio organismo, de modo que os remédios tornaram-se a chave de toda a terapia médica. Com o modelo biomédico, o paciente deixa de ser visto como um indivíduo integral, mas sim apenas como um corpo mecânico (a “alma” é deixada por conta dos psicólogos e psiquiatras). Logo, com o desenvolvimento do farmacêutico adjetivado e o surgimento do modelo biomédico, o paciente passa a ser tratado de forma cada vez mais reducionista, pouco importando aos profissionais ele e sua integralidade como um todo, seu bem estar, mas sim sua situação puramente patológica. Entretanto, é importante ressaltar que o modelo biomédico, em relação ao conhecimento detalhado das funções biológicas em níveis moleculares e celulares, também foi o responsável pelo desenvolvimento em larga escala de farmacoterapias, como o aparecimento dos antibióticos que foi uma verdadeira evolução na medicina. Logo, na sociedade contemporânea, tem-se o ensino farmacêutico adjetivado com ênfase em análises clínicas, indústria alimentícia e indústria farmacêutica, no qual a última exerce grande influência, criando as necessidades de consumo dos fármacos, controlando seu mercado e exercendo uma evidente modificação cultural, o modo como interpretamos o mundo e atuamos nele. Exerce o poder social de possuir a tecnologia associada à cura, à promoção da saúde, e desde o início dos tempos “saúde é aquilo que ninguém entende bulúfas, mas que todo mundo quer ter”, então, a sua influência social é grande.
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