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DIREITO PENAL - PONTO 8

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DIREITO PENAL - PONTO 8.
Direito penal e Constituição. A parte especial do Código Penal e os crimes em espécie. Elementares e circunstâncias. Causas de aumento e de diminuição das penas. A proteção de acusados ou condenados colaboradores. Crimes contra o sistema financeiro. Crimes contra o mercado de capitais.
Atualizado e acrescentado por Lucas Mariano Cunha Aragão de Albuquerque – set/2010, com auxílio de Sávio Soares Klein.
Alterado por Mauro César Garcia Patini em agosto 2012.
1ª PARTE: DIREITO PENAL E CONSTIUIÇÃO. 
PRINCÍPIOS E NORMAS CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA PENAL.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
O princípio da legalidade (ou da reserva legal) está inscrito no artigo 1º do Código Penal: "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal". e reiterado no art. 5º, XXXIX, CF. Constitui uma efetiva limitação do poder punitivo estatal.
Historicamente, afirma-se que o mais seguro antecedente do princípio é a Magna Carta, imposta pelos barões ingleses ao rei João Sem Terra, em 1215. Em seu art. 39, estabelecia que nenhum homem livre poderia ser submetido a julgamento senão pelos seus pares e de acordo com a lei local (law of land).
No direito moderno, surge como fruto do direito natural e da filosofia política à época do Iluminismo, orientada no sentido de proscrever a insegurança do direito, o arbítrio e a prepotência dos julgadores na administração da justiça. Expressamente, foi ele consagrado nos Bill of Rights e Constituições das colônias inglesas que tiveram sua independência declarada, e também no art. 8o. da Constituição Francesa de 1791 e na Declaração Universal dos Direitos do Homem (art. XI, 2).
No Brasil, tal princípio foi positivado em todas as Cartas Constitucionais e Códigos Penais. Por ele, alguém só pode ser punido se o fato por ele praticado for considerado crime por uma lei. O também denominado princípio da reserva legal tem, entre vários significados, o da reserva absoluta da lei (emanada do poder legislativo, através de procedimento estabelecido em nível constitucional) para a definição dos crimes e cominação das sanções penais, o que afasta não só outras fontes do direito como as regras jurídicas que não são lei em sentido estrito, embora tenham o mesmo efeito, como ocorre, por exemplo, com a medida provisória, instrumento totalmente inadequado para tal finalidade (art. 62, § 1o. I, alínea “b”, CF)
O princípio da legalidade é obtido no quadro da denominada "função de garantia penal", que provoca o seu desdobramento em quatro subprincípios: Francisco de Assis Toledo chama de consectários do princípio da legalidade.
nullum crimen, nulla poena sine lege praevia (proibição da edição de leis retroativas que fundamentam ou agravem a punibilidade); 
nullum crimen, nulla poena sine lege scripta (proibição da fundamentação ou do agravamento da punibilidade pelo direito consuetudinário); 
nullum crimen, nulla poena sine lege stricta (proibição da fundamentação ou do agravamento da punibilidade pela analogia); 
nullum crimen, nulla poena sine lege certa (a proibição de leis penais indeterminadas). 
a lei deve ser necessária, respeitando-se a intervenção mínima do Direito Penal.
Assim, infringe o princípio da legalidade a descrição penal vaga e indeterminada que não possibilita determinar qual a abrangência do preceito primário da lei penal e possibilita com isso o arbítrio do julgador (ex. art. 7o. da Lei de Segurança Nacional). Também infringe o princípio da legalidade a cominação de penas relativamente indeterminadas em margens elásticas. Em razão do princípio da legalidade é vedado o uso da analogia para punir alguém por um fato não previsto em lei, por ser este semelhante a outro por ela definido.
Alguns autores chamam o princípio da legalidade de princípio da reserva legal; outros consideram o princípio da legalidade como sendo o princípio em sentido amplo, no qual estariam contidos o princípio da reserva legal e o princípio da anterioridade. O princípio da legalidade tem sentido amplo e abrange todas as espécies normativas do art. 59, da CF/88, já o princípio da reserva legal tem sentido restrito e se refere apenas à lei ( Lei ordinária e lei complementar), por isso o que tem prevalecido é que o princípio da legalidade não é sinônimo do princípio da reserva legal. Há, ainda, autores que sustentam que o princípio da legalidade é a conjugação do princípio da reserva legal com o princípio da anterioridade da lei penal.
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL
Decorrência do princípio da legalidade, é a garantia fundamental da irretroatividade da lei penal, sem a qual não haveria nem segurança e nem liberdade na sociedade. Todavia, o art. 5º, inciso XL, CF, faz ressalva expressa sobre a aplicação retroativa da lei penal mais benéfica. Por tal princípio, de regra, a lei penal destina-se a reger fatos posteriores a sua vigência até a sua revogação. Não retroage, nem tem ultra-atividade.
Entretanto, há exceções ao presente princípio, quais sejam, as leis temporárias ou excepcionais que, decorrido o seu período de vigência ou cessadas as circunstâncias, ainda assim são aplicadas (ultrativas) aos fatos cometidos sob seu império, e as leis penais benéficas que, em qualquer situação retroagem. Retirar o caráter de ultratividade das leis temporárias ou excepcionais significaria anular a força intimidativa de suas disposições. Melhor analisado no ponto referente à lei penal.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
O princípio da intervenção mínima, também conhecido com ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. Por essa razão, diz-se ser o Direito Penal a ultima ratio, isto é, deve atuar somente quando os demais ramos do direito revelarem-se ineficazes ou incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes do indivíduo e da própria sociedade.
Todavia, a partir da segunda década do século XIX, essa proposição perdeu força pela crescente inflação legislativa de leis penais criminalizando inúmeras condutas, algumas delas, possíveis de serem tuteladas pelos outros ramos do direito.
Em suma: antes de recorrer ao Direito Penal, deve esgotar todos os meios extrapenais de controle social.
Por força desse princípio, diz-se que o Direito Penal é subsidiário, ou seja, somente deve atuar quando falharem os demais ramos jurídicos na tutela de determinado bem, e fragmentário, significando dizer que somente atua em uma parcela das condutas, aquelas que trouxerem relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
O princípio em questão é corolário do anterior. Por ele, o Direito Penal limita-se a punir as ações ou omissões mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais importantes, decorrendo daí o seu caráter fragmentário, uma vez que se ocupa somente de uma parte (fragmento, parcela) dos bens jurídicos protegidos pela ordem jurídica.
Em síntese: caráter fragmentário do direito penal significa que ele não deve sancionar todas as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão-somente aquelas condutas mais graves e mais perigosas contra os bens mais relevantes. Quando o ataque for insignificante, aplica-se o princípio da insignificância. O princípio da insignificância é decorrência lógica da fragmentariedade do Direito Penal.
PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE E LESIVIDADE
Exige relevante e concreta lesão do bem jurídico para que haja crime.
Questiona-se a constitucionalidade do crime de perigo abstrato, pois ofende os princípios da lesividade ou ofensividade e da ampla defesa, pois o perigo é presumido, não permitindo a defesa. Maioria da doutrina entende pela constitucionalidadedo crime de perigo abstrato.
PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
De acordo com o princípio da alteridade, só pode ser considerada como criminosa, a conduta que viola, ou põe em perigo de violação, bens jurídicos pertencentes a terceiros. É justamente por conta desse princípio que não se admite a punição do sujeito que só põe em risco bem jurídico próprio. Exemplo: eu me autoflagelo, com chicotadas, agulhas, etc. Eu posso ser punido? Não. Primeiro, porque o Código Penal não contempla a autolesão. Segundo, por conta do princípio da alteridade. Eu não violei nem coloquei em risco bem jurídico pertencente a terceiro.
Da mesma forma, não se pune o uso de drogas no direito penal brasileiro, apenas o porte para uso próprio. A conduta é o porte, pois este pode ameaçar o bem jurídico protegido: saúde pública. 
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Sustenta que o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. São corolários desse princípio: a proscrição de penais cruéis e infamantes, proibição de tortura e maus tratos nos interrogatórios etc. Nesse sentido, a CF no art. 5o., inciso XLVII estatui que são vedadas penas de morte, salvo em caso de guerra declarada, de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis.
Determina, ainda, a CF que a pena deve ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, sendo-lhe assegurado o respeito à integridade física e moral.
Segundo Zafaroni, esse princípio determina “a inconstitucionalidade de qualquer pena ou conseqüência do delito que crie uma deficiência física (morte, amputação, castração, etc), como também qualquer conseqüência inapagável do delito”.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Segundo o princípio da culpabilidade, em sua configuração mais elementar, “não há crime sem culpabilidade”. No entanto, o direito penal primitivo caracterizou-se pela responsabilidade objetiva, isto é, pela simples produção do resultado. Porém, essa forma está praticamente erradicada, vigindo o brocardo “nullum crimen sine culpa”.
Mister ressaltar que a culpabilidade não se esgota no conceito de antinomia à responsabilidade objetiva, pois à idéia de culpabilidade vincula-se à de fundamentação da pena, bem como à quantidade de pena imposta. Assim, o signo culpabilidade exprime três significados que se complementam:
culpabilidade como fundamento da pena: refere-se ao fato de ser possível ou não a aplicação de uma pena ao autor de um fato típico e antijurídico;
culpabilidade como elemento de determinação ou medição da pena. Nessa acepção funciona não com fundamento da pena, mas como limite desta, impedindo que a pena seja imposta aquém ou além da medida prevista na própria idéia de culpabilidade;
culpabilidade como conceito contrário à responsabilidade objetiva: impede a atribuição da responsabilidade objetiva. Ninguém responderá pelo resultado absolutamente imprevisível, se não houver obrado com dolo ou culpa.
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
Garante ao acusado a individualização da pena imposta pelo Estado, de acordo com os critérios legais. A Constituição Federal preconiza, em seu art. 5o. inciso XLVI, que:
“a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
privação ou restrição da liberdade;
perda dos bens;
multa;
prestação social alternativa;
suspensão ou interdição de direitos.”
Merece menção a discussão travada no STF no sentido da inconstitucionalidade do § 1o. do art. 2o. da Lei 8072/90 que estaria violando o princípio da individualização da pena, impondo o regime de cumprimento integralmente em regime fechado para os crimes hediondos nela elencados.
O Plenário do STF, julgando definitivamente o HC n. 82.959, após o voto da Ministra Ellen Gracie pela constitucionalidade da norma, decidiu, incidenter tantum e por maioria (6x5), ser inconstitucional o § 1.º do art. 2.º da Lei dos Crimes Hediondos (Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990), que impede o acesso de condenados por delitos de natureza hedionda e assemelhados, no cumprimento da pena, aos regimes semi-aberto e aberto. Votaram pela progressão os Ministros Carlos Ayres Brito, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Eros Grau e Sepúlveda Pertence, e, pela proibição da progressão, os Ministros Ellen Gracie, Carlos Velloso, Joaquim Barbosa, Celso de Mello e Nelson Jobim (Presidente).
Recentemente, o mesmo STF entendeu que estabelecimento de regime fechado inicial da LCH também viola o princípio da individualização da pena (artigo 2º parágrafo 1º da lei 8072): Habeas corpus. 2. Tráfico de entorpecentes. Paciente condenada à pena de 1 ano e 8 meses de reclusão. Regime inicial fechado. 3. Pedido de fixação de regime aberto para início do cumprimento da pena. Possibilidade. Paciente que preenche os requisitos previstos no art. 33, § 2º, “c”, do CP. 4. Superação da Súmula 691. Ordem deferida, confirmando a liminar. HC 111665 / SP - SÃO PAULO; Julgamento: 07/08/2012.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL
Consiste no impedimento da transferência da responsabilidade criminal para além da pessoa do condenado. Com efeito, determina o art. 5o. XLV da CF que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, consagrando a intranscendência da pena. Assim, somente o condenado é que terá que se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado, mesmo que seja pena de multa. 
Ressalte-se a responsabilidade não penal que, nos termos do mesmo dispositivo constitucional, pode ser estendida até os sucessores nos limites do valor da herança ou patrimônio transferido. Desse modo, os herdeiros que se beneficiaram com os valores transferidos podem responder civilmente, mas tão somente até as forças da herança.
Princípio do estado de inocência
Art. 5º, LVII, da CF: Dele decorre que não se pode impor pena antes do trânsito em julgado da decisão condenatória. Por isso inexiste no Direito Penal execução provisória. 
Recebeu interpretação mais garantista pelas mais recentes formações do STF. Têm-se exigido a fundamentação de qualquer tipo de prisão processual na cautelaridade expressa pelos requisitos para a prisão preventiva – o que Pacelli defendia em seu livro há anos. Isso foi recentemente confirmado no CPP com a lei 12403/2011.
Quanto à execução provisória, há que se distinguir que o que se veda é a execução de pena ainda não consolidada definitivamente, no entanto, permite-se a concessão de benefícios ao réu preso cautelarmente:
- pena privativa de liberdade – permite-se que, uma vez que tenha o réu passado algum período preso durante o processo e assim permaneça em razão da cautelaridade, que tenha direito a “progredir” para regime de cumprimento de pena menos gravoso antes mesmo do trânsito em julgado, desde que o Ministério Público não haja recorrido e, assim, não exista a possibilidade de aumento da pena. 
- pena restritiva de direitos – não se admite a execução provisória de pena restritiva de direitos, pois não haveria fundamentação na cautelaridade.
Súmula 716 do STF: “ADMITE-SE A PROGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA OU A APLICAÇÃO IMEDIATA DE REGIME MENOS SEVERO NELA DETERMINADA, ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA”.
Ainda podemos destacar:
Princípio do ne bis in idem – Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Possui dois significados: (i) penal material: ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo crime; (ii) processual: ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato.
Princípio da responsabilidade pessoal - Além disso, nós temos como princípio do direito penal a responsabilidade pessoal, que consiste no seguinte: a pena não pode passar da pessoa do condenado. Exemplo: se a pessoa morre antes de completar a pena, esta não passa para os herdeiros. Mesmo a pena de multa não pode ser transferida aos herdeiros, porque mesmo sendo considerada como dívida de valor, nãoperde seu caráter penal, não podendo passar da pessoa do condenado. A partir do momento em que você transfere essa dívida para os herdeiros, você viola o princípio da responsabilidade pessoal, que está estabelecido expressamente na Constituição Federal.
Princípio da responsabilidade subjetiva - Segundo o princípio da responsabilidade subjetiva, uma pessoa só pode ser punida se agiu de forma dolosa, ou ao menos culposamente. A pessoa não vai responder somente porque deu causa ao resultado, exigindo-se que tenha agido com dolo ou culpa.
PRINCÍPIO DA INSUFICIÊNCIA DA INTERVENÇÃO ESTATAL
É outra análise do princípio da proporcionalidade. A pena não pode ser aplicada além do necessário e nem de forma insuficiente, aquém do mínimo necessário.
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES EM MATÉRIA PENAL.
Além da base principiológica acima exposta, a Constituição da República traz em seu corpo uma série de dispositivos relevantes em matéria penal, que serão abaixo expostos. A exposição far-se-á de forma sucinta, tendo em vista o objetivo do texto de abordar o assunto da forma mais resumida possível, além do fato de os assuntos a seguir serem abordados mais detidamente em outros pontos do programa.
 	I) COMPETÊNCIA PARA A EDIÇÃO DE LEIS PENAIS
	A União ostenta competência privativa para legislar em matéria penal, conforme o disposto no art. 22, I da CF/88. Contudo, podem os Estados legislar sobre a matéria, desde que autorizados por Lei Complementar.
	II) HIPÓTESES CONSTITUCIONAIS IMPRESCRITIBILIDADE PENAL E INAFIANÇABILIDADE
	A Constituição elencou hipóteses de crimes que serão considerados inafiançáveis e imprescritíveis. No art. 5º, XLII, dispõe que “a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei’, e no inciso XLIV afirma que “constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 
	
	Além disso, há disposição constitucional sustentando que “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem” (art. 5º, XLIII).
	III) EXTRADIÇÃO
	Não será concedida extradição em caso de crime político ou de opinião. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, a qualquer tempo. A maioria da doutrina entende que a entrega, prevista no TPI, pode abranger brasileiros natos, uma vez que a relação se desenvolve entre o Brasil e o Tribunal Penal Internacional!
	IV) RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA
	A regra é que somente a pessoa física possa sujeitar-se à sanção penal. A Constituição da República, entretanto, previu duas hipóteses de uma possível responsabilidade penal da pessoa jurídica: a primeira vem prevista no art. 173, §5º, para os casos de atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular; a segunda é encontrada no art. 225, §3º , para as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Apenas esta segunda hipótese foi objeto de regulamentação pelo legislador (Lei n. 9605/98), de modo que, atualmente, somente é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de crimes ambientais, não sendo possível a aplicação de sanção a penal a pessoa jurídica nos casos de crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular até seja editada a devida lei incriminante.
2ª PARTE: A parte especial do Código Penal e os crimes em espécie.
Atualizado em janeiro de 2007. Gabriel Queiroz.
OBS.: Todos os comentários em primeira pessoa foram feitos por mim. Além disso, registre-se que resolvi de enxugar um pouco esse resumo. O original tinha mais de cento e vinte páginas. De toda sorte, ficou difícil diminuir mais, porque se trata ponto muito extenso (só para se ter idéia, este ponto abrange algo em torno de três sinopses jurídicas da Saraiva).
Atualizado em janeiro de 2008 por Gustavo de Mendonça Gomes.
Obs.: O resumo está bastante completo e extenso. Não procurei enxugá-lo, mas acrescentei somente o indispensável, evitando torná-lo excessivamente longo. Além disso, sublinhei e grifei alguns trechos que me pareceram importantes.
Atualização de novembro de 2010 em vermelho.
......................................................................................................................................................................
Observação: não obstante o tópico a ser resumido prescrever: “A parte especial do Código Penal e os crimes em espécie”, levando a falsa percepção que todos os crimes previstos na Parte Especial do Código Penal devem ser aqui abordados, o resumo a seguir atualizado limita-se aos principais tópicos previstos no Título I “Dos Crimes Conta a Pessoa”.
Ressalta-se que as demais espécies de crimes devem ser estudadas a partir dos resumos dos seguintes - pontos listados na página do grupo:
Ponto 1. Crimes contra o patrimônio. Crimes contra a propriedade imaterial: crimes contra a propriedade intelectual e crimes contra o privilégio de invenção, contra as marcas e patentes e de concorrência desleal. 
Ponto 2. Crimes contra a Administração Pública. 
Ponto 3. Crimes contra a organização do trabalho. Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos. Crimes contra os costumes (A Dignidade Sexual) (Código Penal). Crimes contra a família. 
Ponto 4. Crimes contra a fé-pública. 
Ponto 9. Crimes contra a incolumidade pública. Crimes contra a paz pública. 
......................................................................................................................................................................
INTRODUÇÃO
A Parte Especial é classificada de acordo com o bem jurídico tutelado, dividida em 11 títulos (bem jurídico genérico). Os títulos, por sua vez, são divididos em capítulos (bem jurídico específico); o primeiro cuida dos CRIMES CONTRA A PESSOA, que por sua vez, é dividido nos seguintes crimes:
DOS CRIMES CONTRA A VIDA;
DAS LESÕES CORPORAIS;
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE;
DA RIXA;
DOS CRIMES CONTRA A HONRA;
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL;
A PARTE ESPECIAL não é integrada apenas por normas incriminadoras (são as normas que proíbem determinados comportamentos, que se forem praticados haverá a conseqüência de aplicação de sanção penal; são integradas por dois preceitos: PRIMÁRIO e SECUNDÁRIO, aquele consiste no comportamento proibido e este, na sanção penal a ser aplicada), há também NORMAS PERMISSIVAS (permitem determinados comportamentos, estabelecendo a licitude, a inculpabilidade ou a impunidade dos comportamentos; EXEMPLOS: abortamento permitido e não punição da difamação e da injúria) e NORMAS EXPLICATIVAS (são as que estabelecem o conteúdo de outras normas, delimitando o campo de sua aplicação; EXEMPLOS: conceito de funcionário público e conceito de casa).
As normas penais não incriminadoras são divididas em duas espécies: normas penais permissivas e normas penais explicativas!
1 CRIMES CONTRA A VIDA
1.1 NOÇÕES GERAIS SOBRE O TRIBUNAL DO JÚRI
São os crimes contra a vida
Homicídio;
Participação em suicídio;
Infanticídio;
Aborto.
Nem todos os crimes que atingem a vida, são crimes contra a vida. EXEMPLO: latrocínio é crime contra o patrimônio. O júri NÃO julga o latrocínio, que não é um crime doloso contra a vida, ele é julgado pelo juiz singular, pois o agente mata a vítima somente para subtrair o bem (súmula 603 do STF). 
603 - A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri. 
O Tribunal do Júri é composto porum Juiz Presidente e por 25 jurados (artigo 447 do CPP com redação dada pela Lei n. 11.689/2008), sendo 07 sorteados para composição do Conselho de Sentença. O Júri é o juiz natural (constitucional) para julgar os crimes dolosos contra a vida e os que lhe forem conexos (leis atrativas) (artigo 5o., XXXVIII, CF/88). 
GENOCÍDIO: é julgado pelo tribunal do Júri? Há séria discussão sobre o assunto. Este julgado abaixo transcrito, do STF, bem coloca toda a controvérsia:
434 (RE-351487) 
Artigo
	O Tribunal negou provimento a recurso extraordinário, remetido pela 1ª Turma ao Plenário, em que se discutia a competência para processar e julgar os crimes cometidos por garimpeiros contra índios ianomâmis, no chamado massacre de Haximu — v. Informativo 402. Pretendia-se, na espécie, sob alegação de ofensa ao disposto no art. 5º, XXXVIII, d, da CF (“é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:... d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.”), a reforma de acórdão do STJ que, dando provimento a recurso especial do Ministério Público Federal, entendera ser o juízo singular competente para processar e julgar os recorrentes, condenados pela prática do crime de 
Inicialmente, asseverou-se que o objeto jurídico tutelado imediatamente pelos crimes dolosos contra a vida difere-se do bem protegido pelo crime de 
Em seguida, entendeu-se que a questão recursal não se esgotaria no reconhecimento da prática do 
Nesses crimes conexos (as infrações penais conexas podem ser estranhas à sua competência de crimes dolosos contra a vida), estão inseridos: CONTRAVENÇÃO PENAL; CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO; ou QUALQUER OUTRO DELITO.
O Júri é uma garantia para aquele que não tenha foro privilegiado. O Júri está amparado pelos princípios constitucionais do:
plenitude de defesa;
soberania dos veredictos; (quanto ao mérito somente podem ser alteradas pelo próprio júri popular, que poderá ter seu julgamento renovado por determinação contida em recurso�);
sigilo das votações;
competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
Há PESSOAS que NÃO serão julgadas pelo TRIBUNAL DO JÚRI:
MILITAR QUE MATA MILITAR em razão das atividades do exercício da caserna; assim, esse militar praticará o crime previsto no artigo 205, CPM. MILITAR QUE MATA CIVIL EM ATIVIDADE DE POLICIAMENTO será julgado pelo Tribunal do Júri, nos termos do parágrafo único do artigo 9o. do CPM.
Artigo 9o. Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da Justiça Comum.
AGENTE QUE GOZE DE FORO PRIVILEGIADO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO – não será julgado pelo Tribunal do Júri, deverá ser julgado pelo foro competente. Se houver CONCURSO DE AGENTES com pessoa sem prerrogativa de foro, na prática de CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA, haverá a separação obrigatória, por que a competência do júri e a prerrogativa de função são constitucionais. Mas, se não for crime doloso contra a vida, haverá a vis atrativa. A jurisprudência tem entendido que será competente o TJ do local onde estiver vinculado o agente com foro privilegiado e não onde tenha sido praticado o crime.
Há CRIMES que NÃO serão julgados pelo TRIBUNAL DO JÚRI, mesmo havendo morte:
EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO com evento morte, que também é um crime contra o patrimônio. Esse é o crime punido de forma mais veemente pelo legislador brasileiro (pena mínima = 24 anos de reclusão). Esse crime será julgado pelo juiz singular. Para reconhecimento desse crime, a MORTE precisa ser do SEQÜESTRADO, esse fator é de suma relevância. 
LATROCÍNIO (não é julgado pelo Júri) não pode ser confundido com o ROUBO SEGUIDO DE HOMICÍDIO.
EXEMPLO 01: o trabalhador recebe o salário; o assaltante subtrai-lhe todo o salário. A vítima inconformada reclama da situação. O assaltante mata-a, então, em decorrência da reclamação. Ocorre um ROUBO em concurso material com um HOMICÍDIO QUALIFICADO. E será julgado pelo Júri pelos dois crimes. Não é latrocínio porque o assaltante já havia realizado o roubo e depois matou.
EXEMPLO 02: um vizinho se desentende com o outro e por isso, mata-o. Após a prática do homicídio, percebe que a vítima tinha um relógio bonito, então decide furtá-lo. O agente será julgado pelo Júri, em decorrência da prática de crimes de HOMICÍCIO e FURTO em concurso material, não há que se falar em latrocínio (o agente mata ou tenta matar a vítima para garantir a subtração).
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE (artigo 129, § 3o., CP) é julgada pelo juiz singular. É um exemplo clássico de crime PRETERDOLOSO (dolo no antecedente e culpa no subseqüente). O agente que quer praticar lesão corporal, mas culposamente obtém o resultado morte. EXEMPLO: o agressor desfere socos na vítima, que vem a cair no chão batendo a cabeça e morrendo em virtude dessa pancada.
ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR (artigo 213, § 2°, CP) SEGUIDOS DE MORTE serão julgados pelo juiz singular. 
CRIME DE TORTURA SEGUIDO DE MORTE (artigo 1o., § 3o., Lei 9455/97) é julgado pelo juiz singular. Esse crime não se confunde com o crime de HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA (artigo 121, § 2o., III, CP). A diferença entre eles é a vontade do agente, que no homicídio atua com a vontade de matar desde o início, ou seja, está imbuído do animus necandi, mas pretende que a vítima passe por um sofrimento absolutamente desnecessário, antes de alcançar a morte. No crime de tortura, não há a finalidade de matar a vítima, ela morre em razão do meio empregado, assim, ocorrerá um crime de tortura seguida de morte, que também é um crime preterdoloso.
1.2 HOMICÍDIO
1.2.1 Conceito
Homicídio é a injusta morte de uma pessoa praticada por outrem, ou seja, é a destruição da vida humana extra-uterina, praticada pelo homem contra outro homem. A vida tem início com as manobras de parto, com o rompimento do saco amniótico. O parto é o conjunto de processos tendentes à expulsão do feto do útero materno, concluindo o ciclo fisiológico da gravidez.
Para o homicídio, é imprescindível estabelecer os parâmetros para o início e para a cessação da vida. A cessão ocorre quando há morte encefálica ou cerebral, adotando uma corrente que não é pacífica na medicina, na qual, há uma corrente que defende que a vida somente cessa quando não há mais atividade alguma, circulatória, respiratória ou cerebral. O direito penal adota o critério de morte encefálica ou cerebral porque ela é irreversível (Lei 9434/97 – Lei de Transplantes, artigo 3o. caput, pacificou a doutrina). 
1.2.2 Classificação
1.2.2.1 Quanto à forma de ação: o homicídio é INSTANTÂNEO DE EFEITO PERMANENTE, pois não a conduta do agente, mas apenas o resultado da ação é permanente. A morte é irreversível, portanto permanente, mas seguramente marcada por um momento consumativo certo. Segundo o STJ, crime de efeito permanente é aquele cujos efeitos se mantêm no tempo, independentemente da vontade do autor do crime (o que o diferencia do crime permanente).
O crime de homicídio pode ser cometido por meio da forma COMISSIVA ou COMISSIVA POR OMISSÃO (o agente tem o dever legal de agir, mas se mantém inerte – artigo 13, § 2o., CP);
1.2.2.1 Quanto ao resultado: o homicídio é MATERIAL, assim, admitirá a tentativa (conatus). 
ATENÇÃO: há doutrina MINORITÁRIA afirmando que não cabe tentativa quando for dolo eventual. 
Somente será admitida ação para apuração do crime de homicídio mediante a prova de laudo de exame necroscópico, que assegura a morte da vítima, sem a existência do laudo, fica prejudicada qualquer discussão sobre a prática do crime de homicídio. EXEMPLO: se alguém é condenado por um homicídio indevidamente, sem que tenha havido morte; após a saída da prisão encontra a suposta vítima, que então é realmente morta, terá que cumprir pena pela morte real, sendo que o período de pena cumprida indevidamente, deverá ser questionadoem sede de ação de indenização. Há hipóteses, nas quais, não há como ser feito o exame necroscópico, EXEMPLO: o desastre ocorrido nas torres gêmeas, onde vários corpos foram consumidos pelas chamas. Assim, em caráter absolutamente excepcional, a prova testemunhal poderá substituir o laudo de exame necroscópico, nos termos do artigo 167, CPP.
Para atualizar o exemplo: Caso Bruno – Goleiro do Flamengo e Eliza Samudio.
1.2.3 Tentativa de homicídio e tentativa de lesão corporal
A diferença entre os crimes de tentativa de homicídio e de lesão corporal é a vontade do agente. Na tentativa de homicídio o agente atua com o animus necandi, já na lesão atuará com animus laedendi, ou seja, com vontade de ferir (com “animus debendi” ou “animus vulneranti“ será lesão corporal). É evidente que é a prova dos autos que irá trazer a certeza de qual crime foi cometido, são as situações exteriores (as condutas) que definem. 
1.2.4 Características gerais do homicídio
CARACTERÍSTICAS GERAIS do crime de homicídio:
1.2.4.1 Nomenclaturas: há algumas nomenclaturas interessantes sobre o homicídio:
	Parricídio
	matar o pai, praticado pelo (a) filho (a) contra o pai
	Matricídio
	matar a mãe, praticado pelo (a) filho (a) contra a mãe
	Pilicídio ou Pinaticídio
	matar o filho
	Fratricídio
	matar irmão, praticado por um irmão contra o outro
	Uxoricídio
	matar a esposa, praticado pelo marido
	Maridicídio
	matar o marido, praticado pela esposa
	Gnaticídio ou filicídio
	matar o filho, praticado pela mãe ou pelo pai
1.2.4.2 Sujeito ativo: pode ser qualquer um, porque é um crime comum. Militar que comete homicídio será julgado pela justiça militar, se preenchidos os requisitos do CPM, mas se a vítima for civil, será sempre pelo júri; houve alteração em 1996.
1.2.4.3 Sujeito passivo: a vítima é o ser vivo, é a pessoa humana, é o ser vivo nascido de mulher pouco importando sua forma. 
MAGALHÃES NORONHA coloca ao lado da pessoa humana, o próprio Estado como sujeito passivo imediato e não mediato, porque o Estado tem interesse na conservação da vida humana, pois ela é a condição de existência do próprio Estado (posição isolada). 
A pena será aumenta de 1/3 nas seguintes hipóteses (crime doloso):
Se a vítima é menor de 14 anos (§ 4o.)
Se a vítima é maior de 60 anos (§ 4o. alterado pelo Estatuto do Idoso)
Se a vítima for índio (Estatuto do Índio) (artigo 59 Lei 6001)
O homicídio culposo majorado está disciplinado na primeira parte do parágrafo – a seguir a transcrição – abaixo será melhor analisado.
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante (homicídio CULPOSO majorado)
1.2.4.4 Crime Político: Sai do CP e vai para a lei especial (artigo 29, Lei 7170/83), quando o homicídio é praticado contra o Presidente da República (e outros), se motivação for política. Tem que haver vontade política, que se torna especial em relação ao homicídio do CP. Não será julgado pelo Tribunal do júri!
1.2.4.5 Bem jurídico: é a vida extra-uterina que começa com o rompimento do saco amniótico, ou seja, o início do parto. O infanticídio está caracterizado na morte do filho durante o parto, por analogia utiliza-se essa interpretação:
1.2.5 Classificação legal de homicídio
O crime de homicídio pode ser um crime DOLOSO ou CULPOSO
O CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO, que pode ser classificado em:
HOMICÍDIO SIMPLES (artigo 121, caput, CP);
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (artigo 121, § 1o., CP);
HOMICÍDIO QUALIFICADO (artigo 121, § 2o., CP);
HOMICÍDIO CIRCUNSTANCIADO (artigo 121, § 4o., CP).
DOLOSO MAJORADO (artigo 121, § 4o., 2a. parte, CP)
Pode ser classificado o CRIME DE HOMICÍDIO CULPOSO:
HOMICÍDIO CULPOSO (artigo 121, § 3o., CP)
HOMICÍDIO CULPOSO MAJORADO (artigo 121, § 4o., 1a. parte, CP)
O HOMICÍDIO PRETERDOLOSO está no artigo 124, § 3o., ou seja, é igual à lesão corporal seguida de morte.
1.2.6 Homicídio doloso simples
Homicídio simples 
Art 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
1.2.6.1 Sujeito ativo: é um sujeito comum, já que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa.
 
1.2.6.2 Conduta típica: consiste em tirar a vida de alguém. É um crime de AÇÃO LIVRE podendo ser praticado por ação, por omissão (desde que o agente tenha o dever jurídico de evitar o resultado), por meios diretos (indivíduo que esganou a vítima) ou meios indiretos (indivíduo que praticou o crime valendo-se de um animal feroz). MAGALHÃES NORONHA e outros: afirmam que o crime pode ser praticado não só por meios materiais, mas também através de meios morais, psíquicos ou até por meio de palavras. EXEMPLO: na obra de Monteiro Lobato, houve a morte de um apoplético por ter rido demais, ter ficado sem ar até morrer. 
1.2.6.3 Dolo: O dolo pode ser direto ou eventual. E o dolo direto pode ser de primeiro ou de segundo grau:
 
1.2.6.4 Classificação: 
1.2.6.4.2 CRIME NÃO-HEDIONDO: O homicídio simples, em regra não é hediondo, mas o será se for praticado em atividade típica de grupo de extermínio ainda que por uma só pessoa, essa hipótese foi acrescentada pela Lei 8930/94. Esse homicídio é chamado pela doutrina de HOMICÍDIO CONDICIONADO (É O HOMICÍDIO SIMPLES COM A CONDIÇÃO DE SER HEDIONDO). 
Quantas pessoas são necessárias para ter um grupo? Grupo é muito diferente de um par (que é composto por duas pessoas), assim, duas pessoas não são suficientes para formar um grupo. CERNICHIARO: par = 02 pessoas; bando = 04 pessoas; grupo = 03 pessoas já formam um grupo. ALBERTO SILVA FRANCO: par = 02 pessoas; grupo = bando ou quadrilha, ou seja, no mínimo 04 pessoas.
1.2.7 Homicídio privilegiado
Trata-se da possibilidade de aplicação de causa de diminuição de pena. O homicídio privilegiado é sempre baseado em circunstância subjetiva. Assim, é possível homicídio qualificado-privilegiado desde que a qualificadora tenha natureza objetiva.
Todas as três hipóteses de privilégio são de caráter subjetivo e por essa razão não se comunicam no concurso de pessoas, salvo se no caso concreto ambos agiram pelo mesmo motivo, hipótese em que o privilégio será aplicado para os dois agentes.
1.2.7.1 Dever ou faculdade judicial: No dispositivo acima, está escrito que o juiz PODERÁ, mas na verdade do juiz DEVERÁ, porque quem reconhece (ou afasta) a existência do privilégio é o Conselho de Sentença (que tem suas decisões eivadas de soberania), porque se trata de um direito subjetivo do réu. Assim, se os jurados reconhecerem o privilégio, o juiz é obrigado a diminuir a pena, ainda que discorde dos jurados. Há uma corrente (minoritária) sustentada por FREDERICO MARQUES, que, no caso, o juiz teria uma faculdade.
1.2.7.2 Circunstâncias de privilégio: São circunstâncias que privilegiam o homicídio, ou seja, tratam-se de CAUSAS DE DIMINUIÇÃO da pena (ATENUANTE = a lei NÃO diz quanto será reduzido da pena, mas não pode chegar abaixo do mínimo. CAUSA DE DIMINUIÇÃO = a lei diz o quanto a pena pode de reduzida, inclusive podendo ser até mesmo abaixo do mínimo legal):
1.2.7.2.1 Motivo de relevante valor moral (ligado ao motivo determinante do crime) – o que impeliu o agente a praticar o crime foi um motivo nobre, voltado para um interesse individual ou particular, englobando aos sentimentos de misericórdia, de piedade e de compaixão. É preciso que o motivo seja RELEVANTE. Exemplos de homicídios privilegiados:
EXEMPLO 01: eutanásia (exemplo na exposição de motivos do CP), Se já tiver ocorrido a morte encefálica ou cerebral, não há que se falar de eutanásia, porque não há vida a ser retirada. A eutanásia é o desligamento dos aparelhos. Se a família pede ao médico para desligar, o homicídio privilegiado será praticado pela pessoa da família e não pelo médico, que não está imbuídodos sentimentos de piedade, misericórdia ou compaixão. ROGÉRIO: afirmou que o homicídio será privilegiado mesmo se for o médico. LFG: somente pratica eutanásia o médico.
EXEMPLO 02: ortotanásia, que consiste na eutanásia por OMISSÃO. EXEMPLO: pessoa sobrevive graças a grandes doses de antibióticos e a doações de sangue, se essas medidas deixarem de ser feitas e o paciente morrer, haverá a ortotanásia. Existe a DISTANÁSIA, que não tem correlação com os termos já citados, ela significa o HOMICÍDIO PRATICADO COM CRUELDADE
EXEMPLO 03: pai que mata o estuprador da filha.. 
1.2.7.2.2 Motivo de relevante valor social (ligado ao motivo determinante do crime) – é o interesse coletivo, ou seja, no interesse de toda uma coletividade. EXEMPLO 01: patriota que em tempo de guerra mata o traidor da pátria que entregou os planos ao inimigo (exemplo na exposição de motivos do CP). EXEMPLO 02: trabalhador honesto que mata um perigoso marginal que aterroriza um bairro humilde, mediante a cobrança de pedágio e determinando o recolhimento de pessoas às suas casas. 
1.2.7.2.3 Injusta provocação, acompanhada de uma emoção violenta e de uma reação em seguida (homicídio emocional) (ligado ao estado anímico do agente) – domínio de violenta emoção após a injusta provocação da vítima (MP/MG – 2004) colocou a violenta emoção como qualificadora. Requisitos:
 
INJUSTA PROVOCAÇÃO; 
DOMÍNIO DE EMOÇÃO VIOLENTA e 
REAÇÃO EM SEGUIDA. 
EXEMPLO: agente que mata o cônjuge ao chegar em casa e se deparar com o flagrante adultério, note-se que será afastado o privilégio se a reação não for em seguida. 
PROVOCAÇÃO INJUSTA DA VÍTIMA é uma provocação sem motivo razoável (antijurídica); é aquela que contrária à lei ou à moral. EXEMPLO 01: insulto. EXEMPLO 02: pai que mata o estuprador da filha. EXEMPLO 03: marido ou esposa que matam o cônjuge traidor, jamais se pode falar em legítima defesa da honra. 
EMOÇÃO é o estado passageiro de instabilidade psíquica, que retira o agente do normal, por ser uma emoção violenta e arrebatadora. Paixão é menor do que a emoção, não se confunde, apesar de existir doutrina minoritária defendendo a aplicação in bonam partem.
DOMÍNIO é algo pleno, absorvente, total; se houver influência de violenta emoção (artigo 65, III, c, CP) é circunstância atenuante, mas para ser privilegiado, a emoção tem que dominar o agente. A influência é passageira, é mais tênue; ao passo que o domínio é arrebatador. (CUIDADO isso cai em concurso)
Qual a diferença entre o privilégio da violenta emoção e a atenuante genérica da violenta emoção (homônima)?
Resposta: O privilégio da violenta emoção se diferencia da atenuante genérica da violenta emoção do artigo 65, III, “c”, do CP, por dois motivos; 1. é que na atenuante não se exige reação imediata; 2. Na atenuante a pessoa mata sob a influência (menos intenso) e não sob o domínio (mais intenso) da violenta emoção.
REAÇÃO logo após da provocação é o requisito temporal e significa a explosão de ímpeto (instinto, no calor dos acontecimentos); na prática, o júri acaba aceitando, mas, tecnicamente, não pode haver um hiato temporal muito grande. Reagir sem intervalo, sem hiato temporal, a demora na reação descaracteriza o privilégio e configura a vingança. O que é reagir imediatamente? Uma hora, uma semana, dois minutos? A jurisprudência tem entendido que a reação será imediata, enquanto houve permanência do domínio de violenta emoção, qualquer reação nesse período será imediata, ou seja, depende que o agente ainda esteja dominado por violenta emoção.
1.2.7.3 Natureza jurídica do privilégio: O privilégio é causa ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA. O privilégio NÃO se comunica em caso de CONCURSO DE AGENTES, porque é uma circunstância de caráter pessoal, não se comunicando aos co-autores. 
Formula-se primeiro o quesito do privilégio, sempre os quesitos de defesa têm que vir primeiro, sob pena de nulidade, de acordo com o entendimento do STF. Se o júri reconhece o privilégio, o juiz deve colocar as qualificadoras objetivas em votação, mas as qualificadoras subjetivas já estão prejudicadas. 
1.2.8 Homicídio qualificado
ATENÇÃO (TJ/BA): as agravantes genéricas de motivo fútil e meio que dificultou a defesa da vítima são QUALIFICADORAS do HOMICÍDIO, assim não podem constar dos quesitos, se não fizeram parte do libelo. Somente as circunstâncias agravantes, que não tenham constado do libelo é que podem ser quesitadas, caso haja requerimento do MP.
A reforma feita pela Lei 11.689/2008 extinguiu o libelo, sendo que os quesitos devem guardar correspondência com a pronúncia e com as teses alegadas pelas partes em plenário.
1.2.8.1 Premeditação e relação de parentesco: no direito comparado é comum a associação entre as idéias de PREMIDITAÇÃO e de RELAÇÃO DE PARENTESCO como qualificadoras. Aqui, no Brasil, não são qualificadoras (PREMIDITAÇÃO e RELAÇÃO DE PARENTESCO). 
1.2.8.2 Natureza jurídica: trata-se de qualificadora porque traz pena própria. 
1.2.8.3 Vingança: por si só, não é nada, mas ela pode, dependendo do motivo, ser uma qualificadora ou até mesmo causa para um homicídio privilegiado.
1.2.8.4 Crime hediondo: Homicídio qualificado é sempre hediondo. O homicídio qualificado-privilegiado não é hediondo vez que prevalece a causa de diminuição de pena de natureza subjetiva.
1.2.8.5 Natureza jurídica das qualificadoras: há qualificadoras de natureza objetiva (relacionadas com o modo ou o meio de execução) e de natureza subjetiva (relacionadas com o motivo determinante do crime).
	Homicídio qualificado
	motivo torpe
	mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe
	SUBJETIVA
	motivo fútil
	
	SUBJETIVA
	meio insidioso ou cruel
meio de que possa resultar perigo comum
	com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum
	OBJETIVA
	recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido
	à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido
	OBJETIVA
	outro crime
	para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
	SUBJETIVA
	Pena – reclusão, de 12 a 30 anos
1.2.8.6 Qualificadora de MOTIVO TORPE
É o motivo moralmente reprovável. É o motivo vil, repugnante ou abjeto. EXEMPLO 01: matar esposa porque não quis virar prostituta. EXEMPLO 02: matar alguém que se recusou a vender droga na escola. 
O código cita o homicídio mercenário (cometido mediante paga, promessa de recompensa) como exemplo de qualificado por motivo torpe. 
	Paga
	é o recebimento prévio para cometimento de um assassino, é a ganância do assassino
	Promessa de recompensa
	primeiro mata e depois recebe. Hungria diz que somente a recompensa econômica. Magalhães Noronha diz que pode ser qualquer outra recompensa. Mas a recompensa deve ser por um motivo torpe. Verificando no caso concreto. Ex.: sujeito que mata para receber como recompensa o remédio que necessita para salvar a vida da sua filha.
É o homicídio mercenário ou por mandato remunerado é um crime bilateral de encontro, existe um ajuste entre duas pessoas, motivado pela ganância do lucro, é o matador profissional é o chamado sicário, ou seja, o matador de aluguel. É um caso de concurso necessário ou bilateral de agentes, necessariamente, há o mandante e o executor, que mata em razão da paga ofertada. O assassino responde pelo crime qualificado, não há dúvida. 
E, em relação ao mandante, há as seguintes posições: Doutrina clássica: vai responder por homicídio qualificado, em razão da comunicação das elementares. Trata-se de uma qualificadora elementar subjetiva, e por isso, deve se comunicar ao mandante. Assim, responderão pelo crime qualificado, o executor e o mandante. MIRABETE diz que essa prevalece. Doutrina moderna: não vai responder por qualificado, pelo fato de a qualificante existir em razão do “animus lucrandi”.PONTE: acha essa mais correta, já que a paga e a promessa de recompensa não são elementares, são circunstâncias pessoais, por que estão ligadas aos motivos dos agentes, não influenciando na existência do crime, mas somente na aplicação da pena. Essa situação se trata de uma circunstância objetiva, o ânimo está no assassino. Essa última posição é a que prevalece no STJ (vide RHC 14.900/SC – DJ 09/08/04 e Resp 467.810/SP – DJ 20/11/03). HELENO FRAGOSO dá um exemplo de torpeza que deve se limitar ao executor, estando o mandante agindo em razão de valor relevante moral, EXEMPLO: pai que paga para matar o estuprador da filha. DAMÁSIO, FLÁVIO MONTEIRO e outros. Embora minoritária (não encontrei precedentes jurisprudenciais) há quem entenda, como Fernando Capez, que o mandante seria mero partícipe, baseando tal afirmativa na adoção do critério objetivo-formal para o concurso de pessoas. O mandante, segundo essa corrente, não pratica qualquer dos verbos componentes do tipo penal. 
***A qualificadora só se aplica ao executor ou se comunica ao mandante?
Resposta: Discute-se na doutrina se a qualificadora é ou não elementar do tipo, mas até o momento não é possível afirmar qual das correntes é a certa. Para quem entende que é elementar a qualificadora se comunica ao mandante e para quem entende que não é elementar não se comunicaria – artigo 30, do CP.
Transcrição do julgado acima noticiado:
	Processo
RHC 14900 / SC
RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS
2003/0153264-1 
Relator(a)
Ministro JORGE SCARTEZZINI (1113) 
Órgão Julgador
T5 - QUINTA TURMA
Data do Julgamento
17/06/2004
Data da Publicação/Fonte
DJ 09/08/2004 p. 277 
	Ementa 
	PROCESSUAL PENAL - TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL - HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO - MANDANTE - QUALIFICADORAS - CIRCUNSTÂNCIAS SUBJETIVAS E OBJETIVAS - SITUAÇÕES DE COMUNICABILIDADE - INÉPCIA DA DENÚNCIA E FALTA DE JUSTA CAUSA - INOCORRÊNCIA - NULIDADE DO LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO - PROCEDÊNCIA - PERÍCIA REALIZADA POR APENAS UM PERITO OFICIAL - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
- No homicídio do tipo mercenário, a qualificadora relativa ao cometimento do delito mediante paga ou promessa de recompensa é uma circunstância de caráter pessoal, não passível, portanto, de comunicação aos co-autores ou partícipes, por força do art. 30 do Código Penal. Precedente.
Observação: no livro Análise das Divergências Jurisprudenciais no STF e STJ – Miguel Josino e Rodrigo Leite – páginas 259/264 - noticia-se a existência da divergência acerca da (in?)comunicabilidade da qualificadora homicídio mediante paga.
Pela incomunicabilidade – STJ HC 78.404, RHC 14.900 e HC 15.184.
Pela comunicabilidade – 6ª Turma do STJ HC 99.144. 
STF HC 71.582, HC 69.940 e HC 66.571.
..........................................................................................................................
1.2.8.6.1 Motivo torpe e vingança: A vingança será motivo torpe, dependendo do motivo da vingança. Se o motivo que levou à vingança é torpe, o motivo do homicídio será torpe. Tudo depende do motivo de que originou. EXEMPLO: ciúme originado por motivo torpe, será torpe.
1.2.8.7 Qualificadora de MOTIVO FÚTIL
O motivo fútil é o motivo de somenos importância, o motivo é pequeno e há clara desproporção entre o motivo do crime e o resultado, morte. EXEMPLOS: mata a esposa porque não passou corretamente a camisa ou brigou no trânsito e matou. 
A ausência de motivos é ser fútil? Há correntes:
Se matar por motivo pequeno é fútil, imagine matar sem motivo algum, é muito pior. Matar alguém sem motivo é pior do que matar com motivo pequeno, assim, qualifica. (majoritária na jurisprudência).
CÉZAR BITENCOURT – afirma que enquanto não vier a lei estabelecendo isso, entender que a ausência de motivo qualifica, é uma analogia in mallam partem, o que é vedado pelo nosso ordenamento por ferir o princípio da reserva legal. (posição tecnicamente mais correta)
* O Min. Relator, invocando precedentes deste Superior Tribunal, esclareceu não haver, no crime de homicídio, incompatibilidade entre o dolo eventual e o motivo fútil. E acrescentou que há conceitos de ordem jurisprudencial e de caráter doutrinário segundo os quais não são antinômicos o dolo eventual e as qualificadoras do homicídio, assumindo a posição a favor da compatibilidade, pois, na denúncia, teve-se por evidente a qualificadora - pelo fato tão-só de ter o médico omitido no seu carimbo as iniciais do Estado (STJ, 2007).
1.2.8.8 Qualificadora de MEIOS INSIDIOSOS, CRUÉIS, QUE POSSSAM RESULTAR PERIGO COMUM.
Pelos meios que podem ser: insidiosos, cruéis ou outros meios de que possa resultar perigo comum (interpretação analógica). São os instrumentos do crime. 
Insidioso é o dissimulado em sua eficiência maléfica; é o aplicado sub-repticiamente, ou seja, de maneira escondida que a vítima não percebe. EXEMPLO: veneno (venicídio), se a vítima não percebeu. Obrigar a vítima a beber veneno é meio cruel, mas não insidioso. Açúcar para diabético é meio insidioso. 
MAGALHÃES NORONHA: afirma que o açúcar pode ser veneno desde que ministrada para o diabético é veneno, o que determinará é o caso concreto (CONCURSO).
Para haver a qualificadora do veneno é imprescindível que a substância seja ministrada sem que ela saiba, se a vítima sabe, não há a qualificadora do veneno, a administração deve ser insidiosa. EXEMPLO (MP/MG): o agente coloca uma arma na cabeça do indivíduo e manda que tome o veneno, o homicídio é qualificado pelo inciso III ou IV.
1.2.8.9 Qualificadora de TRAIÇÃO, EMBOSCADA ou outro meio
TRAIÇÃO, EMOSCADA OU OUTRO MEIO – o inciso é também caso de interpretação analógica, como nos incisos I e III. A PREMEDITAÇÃO não qualifica o crime, ela pode ser sinal de relutância. MP/MG: a idade da vítima por si só configura um recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima? Não, porque a idade da vítima não é um recurso da vítima, é uma característica sua.
1.2.8.10 Qualificadora de assegurar OUTRO CRIME
É o crime praticado por conexão, há um vínculo entre o homicídio e um outro crime. Essa conexão pode ser:
Teleológica – quando o crime de homicídio é praticado para assegurar a execução de outro crime futuro. Ou seja, há o fim de prática de crime futuro. EXEMPLO: matar o marido para estuprar a esposa. 
Consequencial – quando o crime de homicídio é praticado para assegurar a impunidade, ocultação ou vantagem de outro crime passado. É conseqüência de um crime passado. EXEMPLO: matar a testemunha do estupro.
No inciso, não se trata da conexão ocasional (homicídio praticado durante a prática de outro crime), essa conexão configura o concurso material de crimes (MP/MG). EXEMPLO: durante do crime de estupro, o agente mata o seu desafeto. Homicídio ocasional é concurso de crimes.
O inciso fala em outro CRIME, precisa ser necessariamente ter sido praticado pelo homicida? O homicida necessariamente deve ser o autor do outro crime? A doutrina majoritária diz que não. EXEMPLO: agente mata para ocultar um crime praticado pelo seu irmão.
E contravenção penal qualifica o crime de homicídio? Não, pelo inciso V, não pode ser causa de qualificação matar para assegurar a ocultação de uma contravenção penal. Mas, note-se pode ser qualificado por outro motivo, principalmente, pelo motivo fútil.
1.2.9 Homicídio híbrido
EXEMPLO: pai matou o estuprador da filha por asfixia (privilegiado e qualificado).
A doutrina e a jurisprudência discutem se um homicídio pode ser, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado, ou seja, o denominado Homicídio Híbrido, sobre o assunto há 02 correntes: 
Corrente minoritária – afirma que não é possível, sob os seguintes argumentos: 
se for reconhecido o privilégio, já estarão prejudicadas a qualificadoras; 
pela própria disposição dos artigos, já que o privilégio vem antes, no § 1º, do art. 121 e não permitindo a aplicação do que vem depois, ou seja, as qualificadoras que estão previstasno § 2o. do mesmo artigo.
Corrente majoritária – sim, é possível, desde que: as qualificadoras sejam objetivas (art. 121, § 2º, III e IV)�; não sendo possível quando: as qualificadoras forem subjetivas (art. 121, § 2º, I, II, V)�, já que incompatíveis com o homicídio privilegiado. Se os jurados reconhecerem o privilégio, o juiz não vota as qualificadoras subjetivas, somente serão quesitadas as qualificadoras objetivas. EXEMPLO: pai que mata o estuprador da filha de modo cruel. Assim, já decidiram o STF e o STJ. Esse homicídio é hediondo? A doutrina é divergente:
Corrente majoritária – ensina que não é hediondo (STJ e STF). O artigo 67, CP, estabelece as regras referentes entre conflitos de circunstâncias agravantes e atenuantes: o juiz aplica a circunstância de natureza preponderante: a subjetiva. No caso do homicídio privilegiado, está-se diante de qualificadora e privilégio, aplicando-se analogicamente a regra do artigo 67, o privilégio tem a natureza subjetiva devendo ser aplicada ao caso para afastar a hediondez. Há uma aplicação analógica in bonam partem, para aplicar o privilégio, que no caso tem a natureza subjetiva.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. (Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Agravante e atenuante não podem ser compensadas, o juiz aplica a que for preponderante.
Essa corrente faz uma analogia: AGRAVANTES são semelhantes às qualificadoras para aumentar a pena e as ATENUANTES são semelhantes ao privilégio. Assim, no concurso de qualificadoras e privilégios o juiz deve aplicar a preponderante, no caso, de homicídio privilegiado as qualificadoras são sempre OBJETIVAS, sendo o privilégio subjetivo. Dessa forma, deve preponderar pela aplicação de analogia o privilégio que tem natureza subjetiva, afastando assim a hediondez.
Corrente minoritária – ensina que é hediondo, já que a lei dos crimes hediondos não excepcionou essa figura, assim é hediondo, se não o fosse a lei teria excepcionado. Não há semelhança suficiente para permitir uma analogia.
Pena no homicídio híbrido – é aplicada normalmente, partindo do mínimo de 12 anos (pena mínima do homicídio qualificado) – 1ª fase; na 3ª fase ele reduz, porque o privilégio é causa de diminuição.
As 03 circunstâncias que permitem o privilégio são INCOMUNICÁVEIS por que entendidas como subjetivas e não objetivas. Essas circunstâncias sendo subjetivas são incomunicáveis aos co-autores e partícipes, nos termos do artigo 30, CP (se fossem elementares seriam comunicáveis, mas não são).
1.2.10 Homicídio culposo
1.2.10.1 Conceito: Ocorrerá quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia, provoca involuntariamente o resultado morte previsto ou não previsto (mas previsível), porém jamais querido ou aceito. 
Se previsto, trata-se da CULPA CONSCIENTE; se não previsto, mas previsível, trata-se da CULPA INCONSCIENTE.
Jamais querido afasta o DOLO DIRETO; quando fala em aceito, afasta o DOLO EVENTUAL.
1.2.10.2 Modalidades de culpa: são: imprudência, negligência ou imperícia. A denúncia tem que explicar em qual dessas modalidades se enquadra a conduta e no que consistiu essa modalidade, ou seja, devendo especificar qual ato consistiu a modalidade apontada. A ausência desse requisito é causa de inépcia da denúncia, por ausência de descrição satisfatória dos fatos.
IMPRUDÊNCIA = AFOITESA
NEGLIGÊNCIA = FALTA DE PRECAUÇÃO
IMPERÍCIA = FALTA DE APTIDÃO OU DE CAPACIDADE TÉCNICA PARA O EXERCÍCIO DE ARTE, OFÍCIO OU PROFISSÃO.
Acidente automobilístico está regulado pelo Código de Trânsito Nacional e não pelo Código Penal.
BASILEU GARCIA afirma que a imprudência e a imperícia são espécies de negligência. Se houver dúvida, a negligência pode ser usada em sentido amplo. 
Todo o crime culposo tem um início de falta de precaução, sempre há uma inicial negligência.
Não existe compensação de culpas, o comportamento da vítima será considerado pelo juiz na fixação da pena base (artigo 59). Se a culpa é exclusiva da vítima o fato praticado pelo agente é atípico.
1.2.11 Homicídio circunstanciado ou homicídio majorado
O artigo 121, § 4o., última parte, CP, trata de uma CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA, que em situações excepcionais permitirá que a pena seja fixada acima do máximo legal. É a figura do homicídio majorado.
O dispositivo legal deve ser dividido em duas partes para análise: HOMICÍDIO CULPOSO MAJORADO e HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO. As duas hipóteses são circunstâncias de HOMICÍDIO CIRCUNSTANCIADO.
1.2.11.1 Homicídio culposo majorado
1.2.11.1.1 Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: CUIDADO: a imperícia é uma modalidade de culpa, e não se confunde com essa causa de aumento, na imperícia falta ao agente capacidade técnica para o exercício, o sujeito está se aventurando; na causa de aumento, o agente tem capacidade técnica, mas não a observa é o famoso ERRO PROFISSIONAL. EXEMPLO: médico/cardiologista em uma cirurgia cardíaca. Quando o artigo fala na primeira parte, PARECE que está falando de imperícia, mas não é. Porque a imperícia é não ter a qualificação. Nas causas de aumento, o agente é perito, mas não emprega os conhecimentos que tem, é o chamado ERRO PROFISSIONAL.
1.2.11.1.2 Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima: não será configurado o artigo 135 sob pena de configuração de bis in idem. Só haverá o aumento, se o agente podia socorrer a vítima, ou seja, se ele podia agir, se a vítima já estava morta ou se foi socorrida antecipadamente, não há que se falar da incidência da majorante.
1.2.11.1.3 Se o agente não procurar diminuir as conseqüências: O agente quando não procurar diminuir as conseqüências do seu comportamento é, de acordo com HELENO FRAGOSO, uma redundância em relação à hipótese anterior. Omitir socorro e não tentar diminuir as conseqüências é a mesma coisa.
1.2.11.1.4 Se o agente foge para evitar o flagrante: A fuga do agente para evitar o flagrante é causa de aumento. A doutrina diz que demonstra uma insensibilidade moral do agente e a dificuldade na investigação, tornando às vezes mais frágil a eventual resposta estatal. Há uma minoria na doutrina, que questiona a constitucionalidade dessa regra de aumento: EXEMPLO: o agente socorre a vítima, faz tudo certo, mas não deveria ficar esperando para ser preso, por respeito ao princípio de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo.
1.2.11.2 Homicídio doloso majorado
§ 4o ... Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos (homicídio DOLOSO majorado). 
O crime doloso é aumentado se o crime é praticado contra vítima em relação à sua idade: menor de 14 anos e maior de 60 anos, aumento de 1/3. Somente há incidência se o agente tiver conhecimento da idade da vítima, ou seja, a idade tem que ingressar no dolo do agente. O que o legislador fez foi uma “burrice” porque deixou de lado os que têm idade IGUAL a 60 anos, bastaria colocar IDOSO, que seria feita uma interpretação sistemática com o Estatuto do Idoso. 
Para a aferição dessas majorantes, leva-se em consideração a data da conduta (art. 4º, CP).
1.2.12 Perdão judicial
O § 5O traz a figura do PERDÃO JUDICIAL que ocorre quando o juiz não obstante a prática de um fato típico e ilícito praticado por pessoa comprovadamente culpada, deixa de punir (aplicar a pena) por razões de política criminal. É causa EXTINTIVA da punibilidade, somente cabível nos casos expressamente previstos em lei. O PERDÃO JUDICIAL somente é cabível no homicídio culposo.
§ 5o. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem opróprio agente de forma tão grave que a sanção pena se torne desnecessária.
O perdão judicial poderá ser concedido em casos nos quais não há parentesco. EXEMPLO (BITENCOURT): CRIME DE TRÂNSITO: matar culposamente uma pessoa que jamais viu, mas o motorista negligente ficou tetraplégico.
CONCURSO: Quem tem que comprovar que a pena é desnecessária? O juiz está na dúvida, decide pro rei ou pro societate? Existe o in dubio pro réu no perdão? O ônus é da defesa, assim, a dúvida não irá socorrer o autor. É a mesma coisa do descabimento do in dubio pro reo na revisão criminal, porque o ônus é da defesa. Note-se que, se o juiz perceber o preenchimento das condições deve conceder o perdão, que é direito subjetivo do réu e não de faculdade do juiz. 
É um ato unilateral, não precisa ser aceito pelo réu, o que é diferente do perdão do ofendido, que é ato bilateral.
1.2.12.1 Natureza jurídica da sentença do perdão judicial:
condenatória (STF): interrompe a prescrição; serve como título executivo judicial; 
declaratória extintiva da punibilidade (STJ, súmula 18): não interrompe a prescrição e não serve como título executivo judicial. 
O MP pode requerer o arquivamento do IP por que será demonstrada desnecessária a sanção penal? Dependerá da visão que se tiver da natureza jurídica da sentença: condenatória = deve aguardar o processo, não pode arquivar; declaratória = pode servir de fundamento de IP (CAPEZ). ROGÉRIO: discorda da posição do CAPEZ, porque já se estará permitindo o reconhecimento de culpa no IP, sem a possibilidade de ampla defesa, o que não existe no IP, porque quando se concede o perdão, está-se de outro modo reconhecendo a culpa do agente.
1.2.13 Questões de concurso
Índio: homicídio praticado por ele, ou contra ele, é da competência da justiça estadual, conforme entendimento sumulado pelo STJ, salvo se em jogo questões ligadas aos elementos da cultura indígena e aos direitos e interesses sobre terras, não alcançando delitos isolados praticados individualmente e sem envolvimento com toda a comunidade indígena (RE 419.528/PR, rel.orig.min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso; Vide Informativo 434/STF).
Homicídio praticado por meio de arma de fogo: quanto à absorção do crime de porte de arma de fogo, há duas correntes: uma que aplica o princípio da consunção e absorve; outra corrente, hoje dominante, que afirma a aplicação do princípio no caso de a arma ter sido adquirida para qualquer fim, mas se já tinha a arma, há o concurso material (posição do STJ). Encontrei o seguinte precedente, prolatado em 2007:
PENAL. RECURSO ESPECIAL. TENTATIVA DE HOMICÍDIO E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CONDUTA AUTÔNOMA DO PORTE DE ARMA SEM VINCULAÇÃO AO PROPÓSITO HOMICIDA. CONCURSO MATERIAL. CARACTERIZAÇÃO. RECURSO PROVIDO. 1. Consoante entendimento consolidado nesta Corte, aferir se o crime de tentativa de homicídio absorve ou não o delito de porte ilegal de arma de fogo depende de atenta análise do contexto fático em que ocorreu o delito, a fim de averiguar se o porte da arma constituiu efetivamente meio necessário ou normal fase de preparação ou execução do homicídio. 2. Considerado o quadro fático-probatório delineado pelo acórdão recorrido, os atos anteriores à tentativa de homicídio, consistentes no porte ilegal de arma de fogo em diversas outras oportunidades, notadamente sem vinculação ao propósito homicida, não podem ser tidos como antefato impunível daquele delito, mas, sim, como conduta autônoma, a ensejar a incidência, na espécie, do art. 69 do Código Penal (STJ, 2007).
Homicídio patológico: é o cometido por meio da transmissão de vírus ou bactéria. Por meio de seringa é pacífico; por meio de relações sexuais, há julgados afirmando que é considerado como homicídio. Teoricamente, o consentimento da vítima não afasta a prática do crime, uma vez que se trata de bem jurídico indisponível. Elemento subjetivo do tipo é o dolo que é identificado pelo “animus necandi”. O dolo pode ser direto ou eventual (agente não quer o resultado, mas assume o risco do produzi-lo).
Supremo entendeu recentemente pela desclassificação do crime de tentativa de homicídio para delito de perigo de contágio de moléstia grave (artigo 131 do Código Penal).
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Sexta-feira, 22 de outubro de 2010 
Íntegra do voto do ministro Marco Aurélio em HC que discute transmissão de HIV
Leia a íntegra do voto do ministro Marco Aurélio apresentado na sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no dia 5 de outubro, no julgamento do Habeas Corpus (HC) 98712. Nesse HC, houve a desclassificação do crime de tentativa de homicídio pela transmissão do vírus HIV e a remessa do processo para o Tribunal de Justiça de São Paulo, para distribuição a uma das varas criminais comuns do estado.
Foro (comarca) competente – o réu é processado no lugar da consumação, via de regra (art. 70, CPP). No homicídio doloso, a jurisprudência mudou isso, passando a dizer que a comarca competente será a do local da conduta. 
1.3 INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (CRIME DE PARTICIPAÇÃO)
1.3.1 Conceito de suicídio: NELSON HUNGRIA: suicídio é a eliminação direta e voluntária da própria vida, sendo imprescindível a intenção positiva de despedir-se da vida (CONSCIÊNCIA + VONTADE). Suicídio não é crime, crime é a conduta periférica ao suicídio (induzimento, instigação ou auxílio).
1.3.2 Sujeito ativo: o crime é comum pode ser praticado por qualquer pessoa, admitindo-se a co-autoria e a participação
MP/MG: A induziu B a auxiliar C a se suicidar;
A = praticou o artigo 122 na qualidade de partícipe
B = praticou o artigo 122
C = não praticou crime
1.3.2 Sujeito passivo: somente pessoa capaz pode ser vítima, se a pessoa for incapaz, o crime praticado é o do artigo 121, porque a incapacidade é uma verdadeira arma na mão do criminoso.
1.3.3 Conduta: deve ser dirigida contra vítima certa e determinada, não há conduta quando se volta para pessoas indeterminadas. EXEMPLO: obras literárias que pregam o suicídio, não terão responsabilidade os autores. Não é apologia ao crime porque o suicídio não é crime. Assim, é um irrelevante penal. São 03 condutas:
1.3.3.1 Induzir: fazer nascer a idéia ou a vontade mórbida, a vítima jamais cogitou de se matar, o autor convenceu a vítima a se matar. PARTICIPAÇÃO MORAL.
1.3.3.2 Instigar: reforçar a idéia mórbida pré-existente. A vítima já pensava em se matar, o agente somente reforçou a idéia. PARTICIPAÇÃO MORAL
1.3.3.3 Auxiliar: assistir materialmente a vítima na prática da conduta. PARTICIPAÇÃO MATERIAL
Princípio da alternatividade: Tratando-se de crime de ação múltipla e conduta variada, sempre haverá um mesmo crime (PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE). Mas essa circunstância interferirá na pena. DÚVIDA: o auxílio pode ser por ação ou omissão? Duas correntes:
PRESTAR AUXÍLIO = ação
NELSON HUNGRIA e MAGALHÃES NORONHA = é possível a omissão, desde que o agente tenha o dever jurídico de evitar o resultado.
O auxílio deve ser uma cooperação secundária, se o agente intervém diretamente nos atos executório não haverá auxílio ao suicídio e sim, um homicídio. EXEMPLO: segurar a espada para a vítima se lançar, é homicídio. Se o agente instigou a vítima a se matar, mas o agente interfere no momento dos atos de execução, e aperta o gatilho, o artigo 121 absorve o artigo 122. A vítima do suicídio pede socorro, o agente que auxiliou impede que seja prestado socorro à vítima; há a prática de homicídio por omissão imprópria, já que pela sua conduta criou o risco de produção do resultado (artigo 13).
1.3.4 Dolo: o crime é punido somente a título de dolo, DIRETO ou EVENTUAL (EXEMPLO: o pai que manda a filha para fora de casa, sabendo que ela tem tendência suicida, o pai não quer a morte, mas conhecendo a filha que tem assume o risco de que a conduta ocorra).
CONCURSO: O candidato querendo matar o examinador coloca veneno em seu copo,o examinador percebendo que é veneno, toma-o porque queria se matar. Pela teoria da imputação objetiva, é fato atípico, porque falta dolo para o suicídio.
1.3.5 Culpa: Se alguém colabora culposamente com o suicídio de alguém, há duas correntes:
MINORITÁRIA: homicídio culposo;
MAJORITÁRIA: conforme o caso, por omissão de socorro qualificada (BITENCOURT fala majorada), se não for assim, será atípica a conduta.
1.3.6 Consumação e tentativa: há 03 correntes:
1.3.6.1 MAJORITÁRIA CLASSICAMENTE: BASTA induzir, instigar ou auxiliar para a consumação do crime, mas a punibilidade condicionada à lesão grave (1 a 3 anos) ou morte (2 a 6 anos), ou seja, a morte e a lesão grave = CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE. Não se admite a tentativa. 
Se a pessoa morre = 122 consumado e punível
Se a pessoa sofre lesão grave = 122 consumado e punível
Se a pessoa sofre lesão leve ou nenhuma lesão = 122 consumado e NÃO punível
1.3.6.2 MAJORITÁRIA MODERNAMENTE: O crime não se consuma com o fato de induzir, instigar ou auxiliar, ou seja, não se consuma com a simples prática dos verbos do núcleo do tipo. Para a conduta configurar crime é preciso que provoque: MORTE ou LESÃO GRAVE são necessárias para a consumação do delito. Não se admite a tentativa, porque o que poderia ser considerado como tentativa (LESÃO GRAVE) foi elevado à categoria de consumação.
Se a pessoa morre = 122 consumado 
Se a pessoa sofre lesão grave = 122 consumado 
Se a pessoa sofre lesão leve ou nenhuma lesão = FATO ATÍPICO
1.3.6.2 BITENCOURT: o crime não se consuma no momento da prática dos verbos do tipo, que são somente a conduta. O crime somente se consuma com o resultado MORTE, que é o momento da consumação. A LESÃO GRAVE há tentativa, sendo uma maneira sui generis e peculiar de punir a tentativa, sem precisar se socorrer do artigo 14. 
Se a pessoa morre = 122 consumado
Se a pessoa sofre lesão grave = 122 tentado
Se a pessoa sofre lesão leve ou nenhuma lesão = FATO ATÍPICO
CONCURSO: Segundo as duas primeiras correntes, o crime 122 é exemplo de CRIME PLURISUBSISTENTE MATERIAL QUE NÃO ADMITE TENTATIVA.
1.3.7 Causas de aumento de pena (artigo 122, I e II): a pena será duplicada se:
a vítima for menor – se a vítima for capaz = 122; se a vítima for incapaz = 121; se a vítima for MENOR, NÃO INCAPAZ = 122, essa questão dá ensejo a correntes distintas:
GUILHERME DE SOUZA NUCCI: é a vítima com idade variando entre 14 e 18 anos (artigo 224-A, CP), não tem capacidade de decidir sobre o ato sexual, muito menor para se matar; se for menor que 14 anos será um incapaz, configurando homicídio, porque a vítima é PRESUMIDAMENTE incapaz. Essa corrente fez uma ANALOGIA IN MALLAM PARTEM.
HELENO FRAGOSO: deve-se deixar o juiz verificar o caso concreto, não se pode aplicar o previsto acima, para trazer ao artigo 122, algo que o legislador não pretendeu, já que falou de menor, sem estabelecer uma presunção de incapacidade, a lei quando quer presumir um menor como incapaz, a lei o faz expressamente, não cabe ao intérprete fazê-lo. Então, o menor será toda pessoa com 18 anos para baixo, cabendo ao juiz a apreciação do caso concreto.
se a vítima tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência – são casos: o ébrio, o senil. Note-se que se há uma supressão de capacidade de resistência, há a configuração do crime de homicídio.
praticado por MOTIVO EGOÍSTICO, quem praticou a conduta tinha interesses pessoais.
1.4 INFANTICÍDIO
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
INFANTICÍDIO é o homicídio praticado pela própria mãe contra o filho, sob a influência do estado puerperal. Historicamente, já foi um dos mais graves crimes, mas, atualmente, ele é entendido como um homicídio privilegiado. Trata-se de um conflito aparente de normas, que é solucionado pelo PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. O crime tem todos os elementos do artigo 121 e mais alguns específicos = estado puerperal e durante ou logo após o parto. Os elementos que tornam um tipo especial em relação ao gênero são chamados de ELEMENTOS ESPECIALIZANTES (CONCURSO).
SUJEITO ATIVO: crime próprio somente pela mãe, pela parturiente. CO-AUTORIA e PARTICIPAÇÃO: NELSON HUNGRIA afirma que não admite co-autoria, porque se trata de um requisito personalíssimo que não se comunica, mas depois mudou de idéia dizendo que a lei fala de requisito objetivo se comunica e subjetivo não se comunica, passou a admitir que admite tanto a co-autoria quanto a participação, por se tratar de uma elementar subjetiva comunicável. MIRABETE percebeu que Nelson Hungria mudou de idéia. 
SUJEITO PASSIVO: a vítima é o nascente ou o neo-nato, ou seja o sujeito passivo também é próprio, sendo um crime BIPRÓPRIO, já que exige qualidades especiais dos sujeitos ativo e passivo. EXEMPLO: de outro crime ESTUPRO. O filho que deu causa ao estado puerperal em que se encontra.
CONCURSO: mulher mata o filho de outra pensando que era o seu, estando no estado puerperal, praticou o crime previsto no artigo 123, ERRO SOBRE A PESSOA artigo 20, § 3o. 
CONDUTA pode ser por ação ou omissão, com dolo de dano. É situação distinta da prevista no artigo 134, § 2o., no qual a mãe abandona o filho para ocultar a desonra própria (culpa para a morte) (dolo de perigo).
ELEMENTO TEMPORAL: somente durante o parto ou logo após, se foi antes do parto é ABORTO, se foi muito depois do parto, será HOMICÍDIO. Enquanto durar o ESTADO PUERPERAL haverá o elemento temporal LOGO APÓS, assim, cessando o estado puerperal, haverá HOMICÍDIO.
ESTADO PUERPERAL é o desequilíbrio fisio-psíquico da gestante transtornada pela gravidez ou pelo parto. É preciso que a vontade mórbida tenha sido desenvolvida pelo estado puerperal é preciso que exista nexo causal entre o crime e o estado puerperal (rê, veja a exposição de motivos do CP). Se não houver esse nexo, continuará a haver HOMICÍDIO e não infanticídio.
CONCURSO: o estado puerperal pode ser causa de INIMPUTABILIDADE, justificando a aplicação de medida de segurança? Sim, dependendo do grau do estado, a mãe pode ser tida como portadora de uma anomalia psíquica. A regra geral é a de que somente sirva para configurar o infanticídio, mas eventualmente pode ser causa inimputabilidade.
O crime é punido a título de DOLO, direto ou eventual. CONCURSO: e a mãe que sob influencia do estado puerperal mata o filho culposamente, que crime praticou? Correntes:
FATO ATÍPICO – não poderia ser homicídio culposo, porque faltava-lhe a PREVISIBILIDADE OBJETIVA, que é verificada sob a noção do homem médio. A mulher em estado puerperal não pode ter a mesma previsibilidade do homem médio. Por ser impossível a comparação da mãe com o homem médio, o fato é atípico.
FATO TÍPICO (BITENCOURT) (MAJORITÁRIA) – o estado puerperal não afeta a configuração do crime de homicídio culposo, podendo inclusive receber o perdão judicial. O estado puerperal será causa de diminuição da pena.
CONSUMAÇÃO: é um crime material, tudo que foi dito do homicídio pode ser aplicado aqui. É um crime plurisubsistente, admitindo a tentativa.
1.5 ABORTAMENTO
Tem doutrina que fala que o nome certo é ABORTAMENTO, já que o aborto é a conseqüência do crime, é a mesma coisa que chamar o homicídio de cadáver, é tão errado quanto.
CONCEITO: abortamento é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção. A doutrina traz várias classificações:
1.5.1 Classificação de abortamento
	ABORTO NATURAL
	É a interrupção espontânea da gravidez. Interrupção decorrente de problemas de saúde da gestante ou do feto. Para o direito penal é IRRELEVANTE PENAL.
	ABORTO ACIDENTAL
	É o abortamento decorrente de quedas, traumatismos em geral. Em princípio, também, não tem interesse para o Direito Penal.
	ABORTO CRIMINOSO
	Previsto nos artigos 124 e 127, são fatos típicos e relevantes penais.
	ABORTO LEGAL OU PERMITIDO

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