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Origens do Behaviorismo

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1
ORIGENS DO BEHAVIORISMO: 
cenário e antecedentes para o manifesto de 19131 
 
 
 
“A Psicologia, tal como o behaviorista a vê, é um ramo puramente objetivo e 
experimental da ciência natural. A sua finalidade teórica é a previsão e o 
controle do comportamento. A introspecção não constitui parte essencial dos 
seus métodos e o valor científico de seus dados não depende do fato de se 
prestarem a uma fácil interpretação em termos de consciência. A Psicologia 
terá que descartar qualquer referência à consciência ... ela já não precisa iludir-
se crendo que seu objeto de observação são os estados mentais.” 
(Watson) 
 
 
 
1. O contexto do surgimento do Behaviorismo 
 
 
Antes do surgimento do Behaviorismo, os objetos de estudo da Psicologia eram o 
mentalismo, a consciência e a psyché. O principal método empregado para estudar o 
interior humano era a introspecção. 
 
O Behaviorismo surgiu nos Estados Unidos da América, no início do século XX. 
Considera-se o marco de sua origem a publicação no periódico Psychological Record , 
em 1913, do artigo “Psychology as the behaviorist views it” de John Broadus Watson 
(1878-1958). 
 
Na época, a comunidade científica, sobretudo a norte-americana, demandava 
uma maior objetividade nos estudos do comportamento humano e vários pesquisadores 
tentaram elaborar uma forma de Psicologia que atendesse a essa demanda. Woodworth 
(em 1899), Pierón (em 1904) e Cattel (no Congresso de Artes e Ciências de Saint Louis 
em 1904) são alguns exemplos. Em 1911, Max Meyer, considerado um dos precursores 
mais diretos do Behaviorismo, publicou “The fundamental laws of human behavior”. 
 
O funcionalismo de William James, que estava em ascensão, também contribuía 
no sentido da defesa da objetividade. 
 
Watson, através de seu manifesto, reuniu pensamentos antes dispersos e 
estabeleceu as bases de uma nova visão de Psicologia como ramo das ciências naturais. 
 
 
Por que o Behaviorismo não surgiu antes ? 
 
Burnham diz que o surgimento do Behaviorismo não foi possível em 1909, 
quando Watson publicou “A point of view in Comparative Psychology” pois ele ainda não 
havia esclarecido o funcionamento dos processos mentais superiores, tais como a fala 
implícita e a memória associativa. Somente nas conferências de 1912 ele apresentou um 
modelo de estímulo-resposta para explicar essas questões. 
 
1 Capítulo 2 do livro: CARRARA, K. Behaviorismo Radical: crítica e metacrítica. Marília: UNESP-Marília-
Publicações; São Paulo: FAPESP, 1998. 
 2
 
Outra questão que envolve o surgimento do Behaviorismo é a sua repercussão na 
comunidade psicológica. Sabe-se que uma descoberta ou inovação científica só ganha 
importância quando ela é reconhecida pela comunidade científica e/ou sociedade como 
um todo. Durante alguns anos, vários pronunciamentos de Watson serviram para exaltar 
bastante os ânimos de seus colegas; o ápice desse processo ocorreu nas conferências de 
1912 e no manifesto de 1913. 
 
 
2. As influências sofridas por Watson 
 
 
Duas informações são importantes para se compreender o pensamento de 
Watson e a influência por ele sofrida. Primeiramente, sabe-se do seu desejo inicial de ser 
cientista na área médica. Esse fato explica, de certa forma, o tom fisiológico de seus 
escritos iniciais. 
 
Além disso, o próprio Watson admitiu que a Filosofia exerceu um peso maior em 
sua formação básica do que a Psicologia. 
 
 
Estudiosos e pensadores 
 
Segundo Harrell & Harrison, Watson teria sofrido influências indiretas dos 
estudiosos e pensadores listados abaixo, sendo impossível saber o quanto realmente foi 
aproveitado de cada um deles: 
 
• La Mettrie, em “Man a machine” (1912): achava que o comportamento humano 
seria governado numa instância fisiológica automática. 
 
• Cabanis, considerado o pai da Psicologia fisiológica: estudava a mente em termos 
neurológicos. 
 
• Comte, considerado pai do positivismo: rejeitava os métodos introspectivos e o 
mentalismo; as atividades psíquicas eram consideradas meras mudanças 
cerebrais; a imaginação e a argumentação deveriam estar subordinadas à 
observação, privilegiando-se o físico, o objetivo, o positivo. Essa enfâse no objetivo 
é que teria levado Watson a escrever o manifesto de 1913 e a considerar a 
Psicologia como um ramo das ciências naturais. 
 
“... para poder observar, nosso intelecto deveria fazer uma pausa em sua atividade, 
e, no entanto, é essa mesma atividade que queremos observar.” 
“... Se não pudermos efetuar a pausa, não poderemos observar; se a efetuarmos, 
nada haverá para observar. Os resultados de semelhante método estão em 
proporção ao seu absurdo” 
(Comte) 
 
• Cournot: dava mais importância à influência das “necessidade humanas” (aspectos 
motivacionais) no comportamento do que à conjeturas obscuras a respeito da 
consciência. 
 
 3
• Lewes: defendia que a Psicologia poderia reduzir todos os fenômenos mentais a 
correspondentes orgânicos. 
• Singer, em 1911: analisava a questão da mente dentro de uma antevisão 
behaviorista. 
 
• Loeb, professor e orientador de Watson: era um materialista mecanicista que 
ridicularizava a idéia dos instintos poderem controlar o comportamento humano. 
Segundo ele, esses seriam regidos por feixes de reflexos. Estudiosos creditam a 
concepção reflexológica à Ernst Mach, o qual teria influenciado Watson de maneira 
indireta. O que diferencia o pensamento de Watson, segundo Burnham, é ele 
acreditava ser possível investigar unidades complexas de comportamento sem 
necessidade de descobrir seus equivalentes físicos ou químicos imediatamente. 
 
• Dunlap, companheiro de trabalho de Watson na John’s Hopkins University e 
considerado pai espiritual do Behaviorismo: analisou questões como a das 
imagens, limitações quanto a introspecção e instintos e desenvolveu uma teoria 
motora da linguagem. Segundo Burnham, apesar de Dunlap ter reclamado crédito 
pela fundação do Behaviorismo, ele não se ocupou das sérias dificuldades quanto 
à sistematização de postulados que conduziria ao Behaviorismo. 
 
 
A Psicologia animal 
 
Watson era fascinado pela experimentação com animais e talvez foi isso o que 
mais o influenciou na criação do Behaviorismo. A prova está em suas primeiras 
formulações (as de 1903), que foram realizadas com base em pesquisas com animais. 
 
A Psicologia animal se tornou possível e viável graças à teoria evolucionária de 
Charles Darwin. Darwin provou haver uma continuidade física entre os homens e os 
animais inferiores e afirmou haver também essa continuidade em termos mentais. 
Consequentemente, a existência da Psicologia animal se tornou fundamental para se 
tentar provar essa afirmação. 
 
Como a Psicologia animal está nas bases do Behaviorismo, esse foi acusado de 
privilegiar um continuísmo interespécies, em termos filogenéticos. Os críticos afirmam 
haver uma absoluta dicotomia entre o racional (humano) e o irracional (subumano). 
 
Quando se fala em inteligência animal, pode-se, erroneamente, cair na 
antropomorfização, isto é, na atribuição de características humanas ao comportamento 
animal. Essa antropomorfização, muito criticada pela Psicologia comparada, acabou 
sendo responsável pelo desenvolvimento metodológico experimental da Psicologia 
animal. Tal desenvolvimento foi essencial aos futuros trabalhos tanto de Watson como de 
Skinner. 
 
 
Funcionalismo 
 
Diehl, citado por Harrel & Harrison, afirma que William James era um dos 
pensadores mais influentes da Psicologia americana na época e já havia discutido alguns 
dos pressupostos do futuro Behaviorismo no meio acadêmico, chegando inclusive a 
publicar o artigo “Does consciousness exist?”, última negação da existência da 
consciência antes do surgimento de fato do Behaviorismo. 
 4
 
3. A personalidade de Watson 
 
A originalidade de Watson é questionada, mas sabe-se que possuía uma 
capacidade lógica e organizacional muito grande; ele obtinha idéias de outros estudiosos, 
as organizavae lhes dava vida, enquadrando-as dentro de seu modelo behaviorista 
ortodoxo. De certa forma, isso não deixa de ser uma forma de originalidade. Harrel & 
Harrison diziam que ele era a pessoa ideal para fazer isso pois compartilhava dessas 
idéias. 
 
Ele também foi considerado uma pessoa de temperamento objetivo, com atitudes 
práticas e diretas. Isso talvez justifique a sua simplicidade em relação à assuntos 
considerados tão complexos pelos outros, tal como a consciência. 
 
Parecia também ser uma pessoa idealista, convicta e muito autoconfiante. Mesmo 
que não tivesse subsídios teóricos para manter suas idéias, tinha crenças exageradas a 
respeito da eficácia das técnicas de condicionamento e recondicionamento. Também 
achava que o Behaviorismo poderia significar vida nova aos norte-americanos, através da 
mudança dos homens e de suas relações interpessoais pelo condicionamento e 
recondicionamento. Chegou inclusive a pensar que o Behaviorismo poderia atuar sobre a 
economia de seu país. Muitas dessas crenças não se concretizaram e, por isso, muitos 
psicólogos se desiludiram com suas proposições. 
 
Dentro das enciclopédias brasileiras e do restante do mundo, exceto nas norte-
americanas, Watson não aparece como um revolucionário do pensamento psicológico, 
sendo considerado apenas o fundador de uma nova forma de Psicologia, o Behaviorismo. 
 
 
 
4. Fundamentos do Behaviorismo 
 
 
Pressupostos primários do Behaviorismo ortodoxo de Watson: 
(segundo Marx & Hillix) 
 
1. Elementos de resposta compõem o comportamento, que pode ser analisado 
por métodos científicos, naturais e objetivos; 
2. O comportamento é redutível a processos físico-químicos, ou seja, compõe-se 
de secreções glandulares e movimentos musculares; 
3. O comportamento é mantido por rigoroso determinismo, isto é, toda resposta 
ocorre em função de algum estímulo antecedente; 
4. Os processos conscientes, se existem, não podem ser cientificamente 
estudados 
 
 
A negação do método introspectivo, da consciência e do mentalismo 
 
Watson rejeitava o uso de métodos introspectivos na obtenção de dados 
passíveis de estudo do comportamento humano. No artigo de 1913, a consciência e a 
introspecção foram criticadas por serem supostamente não científicas, não verificáveis, 
inverossímeis, intangíveis. As ciências naturais poderiam lidar apenas com o observável, 
o palpável, o tangível. Apenas o comportamento humano poderia ser objeto de estudo do 
 5
novo modelo de ciência. Apesar desses pensamentos de Watson, faltavam-lhe 
argumentos claros e definidos sobre sua postura teórica: ele apenas expunha o seu 
desejo de “não entrar em disputas metafísicas”. Suas considerações sempre foram 
consideradas incompletas ou relativamente mal desenvolvidas. Watson foi acusado de 
não substituir, apropriadamente, os conceitos relativos à consciência, por outros dentro da 
proposta comportamental. 
 
Watson excluiu dos estudos também o comportamento implícito e/ou eventos 
privados, privilegiando o método acima do objeto de estudo. Watson como que cortou 
uma parte do próprio comportamento, o não diretamente visível. Porém, ninguém duvida 
da existência do pensamento e das emoções. Essas questões foram abordadas por 
Skinner mais tarde, numa segunda fase do Behaviorismo. 
 
 
 
A negação dos instintos 
 
Watson, em seus trabalhos posteriores, negou definitivamente a existência de 
instintos na determinação do comportamento. Também passou a negar a herança de 
capacidades, tendências, temperamentos, caracteres mentais e outros conceitos, 
considerados por ele como grosseiras superstições. 
 
 
 
Ênfase na influência do ambiente: 
 
“Gostaria de avançar mais um passo esta noite e dizer: dêem-me uma dúzia de 
crianças saudáveis, bem formadas, e um ambiente para criá-las que eu próprio 
especificarei e eu garanto que, tomando qualquer delas ao acaso, prepará-la-ei 
para tornar-se qualquer tipo de especialista que eu selecione – um médico, 
advogado, artista, comerciante e, sim, até um pedinte ou ladrão, 
independentemente de seus talentos, pendores, tendências, aptidões, vocações e 
raça de seus ancestrais ... É favor notar que, quando esse experimento for 
realizado, estarei autorizado a especificar o modo como elas serão criadas e o 
tipo de mundo em quer terão que viver ... “ 
(Watson) 
 
Quando Watson fez essa famosa declaração, na conferência de 1926, foi 
acusado de objetivação e manipulação deliberada de comportamentos, além de ter sido 
considerado simplista e mago pretensioso. 
 
Porém, tal crítica só foi feita porque suas palavras foram tomadas ao pé da letra, 
sem se levar em conta o que ele realmente quis demonstrar: a influência das 
circunstâncias, do contexto, do ambiente no comportamento humano. 
 
 
 
A questão da hereditariedade 
 
Watson não excluiu a importância relativa das estruturas herdadas. Ele acreditava 
que as características físicas poderiam ser favoráveis ou desfavoráveis para determinado 
 6
tipo de comportamento, mas que, para que este pudesse se efetivar, seria necessária 
uma certa dose de condicionamentos. 
Nessa questão, Watson foi mal compreendido, sendo julgado, algumas vezes, de 
eliminar a influência da hereditariedade no comportamento, em outras, de dar muita 
importância à influência do meio. Esse problema foi resolvido, posteriormente, por 
Skinner, quando ele incluiu as condições físicas, químicas, biológicas e sociais dentro do 
conceito de ambiente. 
 
 
O problema do livre arbítrio 
 
Watson não acreditava no livre arbítrio tal como defendido pela Teologia e 
Filosofia. Dessa forma, os indivíduos não seriam, pessoalmente, responsáveis por suas 
ações, portanto não seriam obrigados a pagar (teoria da retribuição) pelas suas ações. 
 
Ele acreditava que os criminosos deveriam ser reeducados, através de 
recondicionamentos, para conviver em meio social. Se isso não fosse possível, deveriam 
ser retidos ou eliminados (pena de morte). Watson chegou a desenvolver um programa de 
progresso social, uma ética experimental, baseado no Behaviorismo. 
 
Watson defendia que todo comportamento possui uma causa, quer esta seja ou 
não identificável. 
 
 
Reflexos condicionados 
 
O campo de estudo dos reflexos condicionados já era muito fértil uma década 
antes do surgimento oficial do Behaviorismo. Os pesquisadores soviéticos saíram na 
frente e os norte-americanos também começaram a se interessar por tais estudos. Apesar 
de Ivan Petrovich Pavlov ter sido um dos maiores expoentes em tais pesquisas 
(condicionamento de reflexos salivares), Watson diz ter tido contato mais próximo com os 
trabalhos de Bechterev (condicionamento de reações motoras). 
 
No entanto, Watson negou alinhamento com a escola reflexológica pois a 
considerava sob domínio do paralelismo psicofísico, posição contrária ao seu monismo 
materialista. 
 
 
 
5. Críticas e resistências ao Behaviorismo 
 
 
Harrel & Harrison, em seu artigo de 1938, “The rise and fall of Behaviorism”, 
consideraram essa linha teórica como uma nova forma de materialismo, a qual teria 
sofrido influências indiretas de pensamentos materialistas, monistas e positivistas. 
 
O positivismo seria a marca registrada do Behaviorismo. Considerado como 
sinônimo de estreiteza científica e filosófica, o positivismo limitaria e reduziria qualquer 
objeto de estudo. Porém, ao longo de mais de 80 anos de Behaviorismo, sua influência foi 
diminuindo e suas idéias foram sendo fortemente depuradas. Hoje, por exemplo, o 
analista do comportamento leva em consideração não apenas fatores objetivos na 
determinação de comportamentos. 
 7
 
Watson foi acusado de ter considerado o pensamento como fala subvocal. 
Watson negou a autoria desse pensamento dizendo que o máximo que ele poderia ter 
dito é que o pensamento funcionava como se estivéssemos falando subvocalmente. Ele 
acreditava que havia atividade nas musculaturas corporais, mas que o pensamento não 
se limitava a isso. 
 
A crítica também argumenta o mito da neutralidade científica, onde,por mais que 
o pesquisador tente se manter neutro na coleta e análise de dados, ele sempre promove 
uma contaminação idiossincrática nesses procedimentos. 
 
Outra crítica contra o Behaviorismo foi a de que Watson apenas teria traduzido 
para uma linguagem comportamentalista os mesmos fenômenos estudados sob o prisma 
pejorativamente chamado de mentalista. Watson se defendeu dizendo que essas 
traduções não pretendiam, por si só, ser a explicação do comportamento, mas serviriam 
como um ponto de partida para um enquadramento das técnicas utilizadas e dos 
fenômenos analisados. 
 
 
 
Resistências 
 
 
Ao lançar o manifesto em 1913, Watson conseguiu grande número de seguidores, 
mas também muita resistência por parte daqueles que eram adeptos da utilização das 
técnicas de introspecção. Os estudiosos se viam praticamente na obrigação de tomar 
partido, ou seriam contra ou a favor da instrospecção. 
 
Haviam também resistências que diziam respeito à transposição para os seres 
humanos dos resultados de pesquisas realizadas com animais. Uma explicação para essa 
resistência era a dificuldade de adaptação dos pesquisadores que utilizavam a técnica 
instrospectiva. Eles não conseguiam permanecer apenas no campo da descrição, não 
conseguiam interpretar os resultados das pesquisas respeitando a limitação dos dados, 
não conseguiam explicitar suas descobertas em termos comportamentais e nem 
conseguiam abrir mão de conceitos de consciência nos seus entendimentos. Esse era o 
início da antropomorfização do comportamento animal. 
 
Outra resistência surgiu quando Watson declarou que o estudo do 
comportamento do animal é legítimo por si só, tirando do centro o ser humano. Isso gerou 
uma sensação muito negativa nos estudiosos. 
 
 
 
Behaviorismo x Psicanálise 
 
Essas duas escolas de estudos do comportamento humano sempre tiveram 
diferenças profundas em relação a embasamento teórico. Watson inicialmente atacou a 
psicanálise considerando-a como puro vuduísmo ou feitiçaria médica, posteriormente sua 
posição se tornou mais branda. 
 
 
 
 8
6. Histórico 
 
1903: início das formulações com base em pesquisas com animais 
 
1908: divulgação dos resultados de suas pesquisas numa conferência realizada no 
departamento de Psicologia na Yale University. Nessa época ele já defendia uma 
espécie de Behaviorismo, porém enfatizando o seu caráter descritivo, não tentando 
explicar os comportamentos 
 
1912: Watson fez conferências públicas sobre um modelo mais aperfeiçoado de 
Behaviorismo 
 
1913: publicação do artigo, considerado como manifesto do Behaviorismo 
 
1913: publicação de outro artigo: “Image and affection in behavior” 
 
1914: Watson escreve sobre o Behaviorismo como um princípio metodológico definitivo e 
que poderia / deveria ser seguido pela comunidade científica como escola 
psicológica. 
 
1919: Publicação de “Psychology from the standpoint of a behaviorist” 
 
1925: Publicação de “Behaviorism”. 
 
1928: Publicação de “The ways of Behaviorism”. 
 
1928: Publicação de “Psychological care of the infant and child”. 
 
Apesar da previsão de Harrell & Harrison e das limitações da proposta de Watson, 
o Behaviorismo não caiu, mas sofreu inúmeras mudanças em sua evolução.

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