Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ISS N 23 50 -0 15 2 Professor 2° CICLO c p . a d . c o m . b r Conhecendo as Doutrinas Cristãs A CGADB e a CPAD lançam o maior projeto de Evangelização pós-Centenário: EUG A N H O ONDE HOUVER: Um ponto de pregação, uma sala de culto, ou uma catedral das Assembleias de Deus, haverá um alvo: Um crente ganhar pelo menos uma alma por ano. A METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DO PROJETO VISA: • Conscientizar, treinar, desafiar e envolver toda a igreja na evangelização, com os respectivos departamentos: • Faixas etárias: crianças, adolescentes, jovens, adultos e terceira idade. • Treinar os jovens universitários para evangelizar nas Universidades. • Profissionais Liberais e Empresários (com o apoio dos coordenadores nacionais) COORDENAÇÃO NACIONAL PR. JOSÉ WELLINGTON BEZERRA DA COSTA Presidente da CGADB PR. JOSÉ WELLINGTON COSTA JÚNIOR Presidente do Conselho Administrativo da CPAD DR. RONALDO RODRIGUES DE SOUZA I Diretor Executivo da CPAD PR. RAUL CAVALCANTE BATISTA Presidente da Comissão de Evangelização e Discipulado da CGADB PR. ARNALDO SENNA Coordenador Nacional de Projetos de Evangelização da CGADB ^► V is ite nosso portal: www.avancaad.com.br • Curta nossa página no Face: EuGanho+Um Discipulando Sumário Comentarista: M arcelo Oliveira de Oliveira ► Lição 1 - O QUE É CRER.......................................................................................... 3 ► Lição 2 - CONHECENDO A BÍBLIA............................................................................ 10 ► Lição 3 - CRENDO PARA INTERPRETAR A BÍBLIA.................................................17 ► Lição 4 - CRENDO NO DEUS TRINO..........................................................................24 ► Lição 5 - CRENDO EM DEUS P A I......................................................................... 31 ► Lição 6 - CRENDO EM JESUS CRISTO..................................................................... 38 ► Lição 7 - CRENDO NA VINDA DE JESUS CRISTO...................................................45 ► Lição 8 - CRENDO NO ESPÍRITO SANTO ......................................................... 52 ► Lição 9 - CRENDO NO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO............................. 59 ► Lição 10 - CRENDO NA SANTA IGREJA CRISTÃ, A COMUNHÃO DOS SANTOS................................................................ 66 ► Lição 11 - CRENDO NAS ORDENANÇAS DE CRISTO À IGREJA...................... 73 ► Lição 12- CRENDO NA GRAÇA DE DEUS ........................................................... 80 ► Lição 13- CRENDO NA RESSURREIÇÃO DO CORPO E NA VIDA ETERNA................................................................87 1 j Díscípulando Professor 2 | Discipulando Professor CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS Av. Brasil, 34,401 - Bangu Rio de Janeiro - RJ - cep: 21852/002 Tel: (21) 2406-7373 / Fax: (21) 2406-7326 Presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil José Wellington Bezerra da Costa Presidente do Conselho Administrativo José Wellington Costa Júnior Diretor Executivo Ronaldo Rodrigues de Souza Gerente de Publicações Alexandre Claudino Coelho Consultoria Doutrinária e Teológica Antonio Gilberto e Ciaudionor de Andrade Gerente Financeiro Josafá Franklin Santos Bomfim Gerente de Produção e Arte 6 Design Jarbas Ramires Silva Gerente Comercial Cícero da Silva Gerente da Rede de Lojas João Batista Guilherme da Silva Chefe de Arte S Design Wagner de Almeida Chefe do Setor de Educação Cristã César Moisés Carvalho Redator Marcelo Oliveira de Oliveira Projeto Gráfico - capa e miolo Jonas Lemos EDITORIAL Prezado (a) professor (a), neste novo ciclo da Revista Discipulando, estudare mos as principais doutrinas da Fé Cristã. Veremos que elas estão solidamente cal cadas nas Escrituras Sagradas. Nos 3 primeiros séculos da Igreja Cris tã, pela primeira vez, um documento ofi cial sintetizou a fé das tenras comunida des. Esse documento chama-se Credo Apostólico. Trata-se de uma declaração escrita e histórica que demonstra com clareza como as Escrituras testemunham sobre Deus, Jesus Cristo, o Espírito San to, a Igreja Cristã, a remissão dos pe cados, a ressurreição do corpo e a vida eterna. Por isso, a estrutura da presen te revista está de acordo com esse do cumento, levando em conta a realidade da fé pentecostal que professamos hoje. Sugerimos que ao longo da revista você mostre também ao alunos a declaração de fé das Assembleias de Deus (que pode ser acessado por intermédios de sites e do jornal Mensageiro da Paz). Fazemos votos de que os assuntos da presente revista o ajude na tarefa subli me de discipular o novo crente. Busque a Deus em oração, estude a Palavra e leia bons livros. Certamente, o Senhor dará sabedoria do alto para você! Bom ciclo de estudos! Os Editores 2 I Discipulando Professor 2 | TEXTO BÍBLICO BASE ► Hebreus 11.1-10 1 - Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem. 2 - Porque, por ela, os antigos alcançaram tes temunho. 3 - Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. 4 - Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual aiçançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda fala. 5 - Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes da sua traslada- ção, alcançou testemunho de que agradara a Deus. 6 - Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam. 7 - Pela fé, Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para sal vação da sua familla, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé. 8 - Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. 9 - Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. 10 - Porque esperava a cidade que tem funda mentos, da qual o artífice e construtor é Deus. MEDITAÇÃO “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.16,17). REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ► SEGUNDA-Gênesis 15.1-6 ► TERÇA-Salmos 27.13,14 ► QUARTA - Habacuque 2.1-4 ► QUINTA-Mateus 15.21-28 ► SEXTA-Marcos 11.22 ► SÁBADO-Hebreus 11.1,2,6 Díscípulando Professor 2 ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A Fé é um assunto palpitante, principal mente para os novos convertidos. Estamos iniciando um estudo onde abordaremos o conteúdo mais detalhado da Fé Cristã. Em que os cristãos creem? O que pensam a respeito de Deus? De Jesus Cristo? Da vida? Do mundo? São perguntas que procuraremos responder ao longo das treze lições. Professor, por mais que você ache esses assuntos básicos, ou fáceis para quem milíta há tempo na fé, contanto, para o novo conver tido eles são novidades. Lembre-se de que o discipulando está começando a dar os seus primeiros passos na fé. Tudo é novo para ele. Por isso, na presente lição, um conceito que deve ficar claro para o seu aluno é a Fé. Tal conceito pode ser elucidado por intermédio de determinadas perguntas: “O que é fé?” ; “Por que ela não precisa ser comparada com a razão?” Após respondê-las ao aluno, afirme que,tanto fé quanto a ciência, não precisam fazer oposição entre si, mas pode colaborar uma com a outra. A fé cristã está fincada no “chão da vida” , alicerçada em Cristo, o autor e consumador da fé (Hb 12.2). OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos: ► Conceituar a Fé segundo as Escrituras. ► Eiencar os três aspectos da Fé traba lhados na lição: Crer é confiar; Crer é conhecer; Crer é confessar. ^ Explicar as esferas da confissão da fé: outros seres humanos; o uso da lingua gem da igreja e do mundo; as ações e atitudes pessoais. PROPOSTA PEDAGÓGICA Para introduzir a lição dessa semana, escreva na lousa a seguinte reflexão: “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.” Pergunte aos alunos o que eles enten dem dessa reflexão. Ouça as respostas com atenção e sem parcimônia. Faça algumas considerações a partir das respostas de cada um. Em seguida, peça para que abram a Bíblia em Lucas 17.5,6. Posteriormente, leia o texto com eles. Explique o texto lido informando que a parábola não está prometendo a pessoa poder para fazer o que bem entender, segun do o egoísmo humano. Mas o nosso Senhor ensina que a fé no Evangelho começa sempre a partir da simplicidade e, quando menos se espera, toma uma proporção incomensurável. Discipulando Professor 2 COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO No ciclo passado do curso bíblico Discipu- lando, você estudou treze lições que falavam acerca de Jesus e do Reino de Deus. E conheceu o projeto de vida que Jesus de Nazaré ensinou aos seus discípulos. Neste 2o Ciclo, de acordo com o conhecimento que possuímos das Escri turas, a nossa proposta é justificar o conteúdo da pregação cristã ao longo da história da Igreja no mundo. Um dos primeiros problemas que enfrentamos quando assumimos a fé em Jesus é o de justificá-la para as pessoas. A família pergunta “o que é fé?”; os amigos igualmente interrogam sobre “quem é Deus?”; outros insistem acerca da legitimidade da nossa experiência espiritual particular e tantas outras questões que precisamos responder equilibradamente. Para iniciarmos a jornada sobre as grandes doutrinas da fé cristã, o ponto de partida é a própria fé. Este é o tema desta lição. Um dos primei ros problemas que enfrenta mos quando assumimos a fé em Jesus é o de justificá-la para as pessoas. 1. CRER É CONFIAR ► 1.1. Confiamos cegamente? É possível confiar em Deus num mundo cada vez mais tecnológico e filosoficamente questionador? A fé seria um produto da mente humana, ou o estado subdesenvolvido da humanidade? Cer tamente você já se deparou com tais perguntas preconceituosas que manifestam tamanha ignorância sobre a dimensão espiritual do ser humano, dentre os principais elementos, a fé. Os seres humanos são subjetivos. Os cientistas, embora proclamem aos quatro cantos do mundo suas conquistas e “descobertas absolutas”, são seres humanos subjetivos. Não conseguem dar respostas coerentes sobre o amor, de como o pensamento é produzido, do espaço de tempo entre a intenção e o pensamento propriamente dito. Por isso, deveríamos ignorar a ciência por ela não conseguir dar as respostas que espe ramos? Claro que não! A ciência versará sobre o que lhe compete: a matéria. Se por um lado a ciência tem o objetivo de dar respostas sobre a matéria, por outro lado, a fé deve ser ignorada por não dar respostas cientificamente plausíveis? De modo algum! A fé não tem como objetivo responder cien tificamente ao mundo material, mas ambas, razão e fé, desde que o mundo é mundo, são inerentes à natureza humana. O que não pode é uma invadir o campo da outra e ditar as regras. ► 1.2. Em quem confiamos? Quando subm etem o-nos ao Evangelho por livre e | Discipulando Professor 2 | espontânea vontade e, arrependidos, cre mos que somos pecadores que precisam de um salvador, entregamo-nos a Jesus Cristo como uma pequena criança solta do colo da mãe esperando cair intacta no colo do pai. Um texto bíbiico que ressalta a característica acolhedora de Jesus Cristo encontra-se em Mateus 9.13: “ Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento”. Igualmente, em outra oportunidade, Jesus ratificou que “os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes” pois, disse Ele, “eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores” (Mc 2.17). Quando afirmamos confiar em alguém, confiamos em uma pessoa que pode resolver as nossas demandas, as nossas angústias e compreender as nossas fragilidades. Jesus de Nazaré é esse alguém! Por isso, atendemos ao seu chamado, compreendemos o seu projeto de misericórdia e lançamo-nos confiantemente em seus braços acolhedores. ► 1.3. Por que confiamos? O motivo da nossa confiança é o fato de que Deus fez brotar em nós uma fé indizível: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). Ora, o que é fé? Dizem as Escrituras que ela “é o firme fundamento das coisas que se esperam” (Hb 11.1). Não vemos se cumprir a promessa agora, como Abraão não viu o dia em que o povo de Israel entrou na Terra Prometida, entretanto, temos “a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). Pela fé, Abraão alcançou testemunho, ainda que não tivessem visto a concretização da promessa (Hb 11.39). Os exemplos de Abraão, de Isaque e de Jacó, o de Davi e de outros, nos orientam a pisar no “chão da fé” na “certeza daquilo que não vemos” e com a prova de que Jesus Cristo, autor e consumador da fé, foi quem nos prometeu (Hb 12.2). Ao longo das Sagradas Escrituras, lemos que nem todos os santos viram concretizar em vida o que esperavam, isto é, na caminhada de fé eles não obtiveram resultados imediatos, conforme afirma a “galeria dos heróis da Fé” em Hebreus 11. Entretanto, não foi por isso que deixaram de crer e de servir a Deus. Quando dependemos de Jesus e compreendemos que Deus estava nEle reconciliando o mundo consigo mesmo (2 Co 5.19), temos a certeza de que o Senhor está conosco todos os dias. Por isso, confiamos! ► AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Professor, para elucidar melhor o texto base da lição, Hebreus 11, é importante que você percebê-lo exegeticamente. “O capítulo 11 é um tratamento cuidadosamente construído do tópico da fé. Este tópico é formalmente introduzido pela citação de Habacuque 2.4, no final do capítulo 10: ‘Mas o justo viverá da fé’ (10.38). A ênfase da fé em Habacuque e em Hebreus está na fé pela qual cada justo vive a sua vida, não na fé pela qual somos justificados ou declarados justos (como em Romanos e Gálatas). A fé em Hebreus está intimamente ligada à resistência firme e à herança das pro messas de Deus (cf. 6.12). Ela faz com que todo o curso da vida do crente possa ser regulado pelas promessas de Deus (isto é, o futuro) e por realidades espirituais que são presentemente Invisíveis — a despeito das adversidades ou das circunstâncias desencorajadoras. A fé é a confiança em Deus ‘que habilita o crente a seguir firmemente de modo independente daquilo que o futuro lhe reserve’. 6 | Discípulando Professor 2 | A palavra ‘fé’ (pistis) consta mais frequente mente em Hebreus do que em qualquer outro livro do Novo Testamento — vinte e quatro vezes, somente no capitulo 11, A se enfatiza a fé em ação, e não a fé como um corpo de convicções (ADAMS, J. Wesley. Hebreus. In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1609). 2. CRER É CONHECER ► 2.1. Por intermédio do Espírito Santo. Estudar a Bíblia e crer nela como Palavra de Deus só é possível se a compreendermos como plena revelaçãoda pessoa de Jesus Cristo, a Palavra Encarnada de Deus: “ E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). Jesus Cristo é a plena revelação de Deus (Hb 1.1-5)! Se você quer saber como Deus se relaciona com o ser humano, basta ler o Jesus dos Evangelhos. O Cristo descrito em Mateus, o Jesus versado por Marcos, o Cristo ministrado por Lucas, o Jesus apresentado por João: os evangelhos têm o objetivo de apresentar ao mundo o projeto do Reino de Deus em Jesus Cristo. Para isso, o Espírito Santo fará você conhecer e constatar a dimensão universal do Reino de Deus e a humildade de Jesus Cristo no modo de lidar com as pessoas. O Espírito Santo nos iluminará para isso! ► 2.2. Por intermédio da razão. O ser huma no, desde a antiguidade, busca o sentido para a vida e não o acha. Entretanto, muitos acham incompatível a relação da fé com a razão. Ora, Jesus Cristo é a Palavra Encarnada. O evangelista João, ao descrever o Filho de Deus como o logos (Jo 1.1 - do grego, logos, que também significa razão), procurou mostrar ao seu primeiro público leitor que Jesus se apresentara ao povo como o significado existencial de todos os dramas e dúvidas dos seres humanos. Em Jesus, desco brimos que Deus é a razão de tudo quanto há, e o objetivo de tudo que existe. E que o Senhor Jesus traz-nos a verdadeira razão de existirmos (Ap 1.8). Portanto, a fé no Evangelho implica ter essa confiança total em Deus e em sua Palavra Encarnada, Jesus Cristo. ► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 Quanto à relação entre a razão e a fé, o teólogo J. Wesley Adams em seu comentário expõe que “no reino de Deus a nossa com preensão não vem da mente natural, mas da revelação da fé. Deste modo, a mente natural não pode entender as coisas de Deus (cf. 1 Co 2.12), inclusive a criação; apenas uma ‘mente renovada’ pode compreender tais coisas. Quanto à relação entre a fé e a compreensão, o teólogo Agostinho escreveu perceptivamente: ‘O entendimento é a recompensa da fé. Portanto, não procure compreender aquilo em que você deve crer; mas creia, e assim um dia entenderá (Em Evangelium Johannis tractatus 29.6). A revelação e a fé precedem necessariamente a compreensão de que o universo ‘foi criado pela ordem de Deus’ (rhemati,a palavra de Deus, falada), como pelas palavras: ‘E disse Deus...’, em Gênesis 1.3,6,9,14,20,24,26. Sendo assim, o testemunho da Palavra escrita de Deus é intrínseco, para uma fé que entende ‘que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente’. Uma pessoa ainda não regenerada pode crer que a parte material da terra e do universo evoluiu a partir de gases existentes e substâncias disformes; mas a fé entende este fato de um modo diferente. ‘A fé discerne que o universo do espaço e do tempo tem uma fonte invisível, isto é, a vontade de Deus e o poder de sua Palavra, e que continua a ser depen dente de suas ordens, isto é, de Deus; tudo é sustentado e assegurado por Deus; cf. Cl 1.17’. Podemos acrescentar que a ‘nova criação’ ou a ‘nova criatura’ (2 Co 5,17) do crente, em Cristo, é semelhante à criação original porque (1) am bos os casos envolvem um milagre criativo de Deus que se tornou possível pelo poder da sua Palavra, e (2) nossa compreensão do milagre em cada caso é pela fé, baseada na revelação | Discipulando Professor 2 | de Deus contida nas Escrituras" (ADAMS, J. Wesley. Hebreus. In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.1611-12). 3. CRER É CONFESSAR ► 3.1. Declarando sua confiança às pesso as. A fé cristã implica confessar publicamente aos homens tudo quanto Deus é e faz na vida de quem crê. Pela fé em Jesus, você decide livremente declarar a sua inteira confiança nEle. O seu conhecimento de Jesus Cristo e a sua confiança na Palavra de Deus farão você pro clamar com liberdade a fé que alcançou o seu coração. “Declarar”, “proclamar” e “pregar” são ações inerentes à natureza da Igreja de Cristo. Conforme o exemplo da mulher samaritana, que ao ouvir de Jesus e interpretar o significado daquele encontro, saiu proclamando a todos a verdade que ela experimentou por um “homem diferente” (Jo 4.1-30). Assim, nós somos constrangidos a anunciar o que Jesus fez por nós, e confessá-lo diante de Deus e diante dos homens (Mt 10.32)1 ► 3.2. Na linguagem da Igreja e na do mundo. Você tem frequentado a igreja locai e deve ter reparado uma linguagem diferente da sua. Com o tempo, termos como “graça”, “paz”, “pecado”, “alegria do céu”, “gozo indizível” e tantos outros, ganham significados bem particulares no ambiente que faz todo sentido para você e as pessoas que compreendem tal linguagem. Entretanto, a verdade de Deus também precisa ser confessada na linguagem do mundo, da dos outros seres humanos que não estão acostumados à nossa linguagem desenvolvida no grupo em que nos reunimos rotineiramente, a igreja local. Com pessoas de fora, você deve fazer uso de uma linguagem inteligível, de modo que o seu ouvinte entenda-a com clareza. Jesus Cristo falava de maneira clara e direta quando queria se fazer entender. Ele usava expressões rurais para comunicar-se com pessoas do campo, usava a linguagem religiosa para se comunicar com líderes religiosos e assim por diante (Mt 15.1-20). Todavia, por vezes usava enigmas quando percebia que pessoas desejavam distorcer o seu ensino (Mc 4.12; Lc 8.10). Jesus é o nosso exemplo de boa comunicação. Temos a linguagem da igreja, mas precisamos dominar a linguagem social também para comunicar a mensagem do Reino de Deus. ► 3.3. Em ações e atitudes. Não há nada mais poderoso na vida de um discípulo de Cristo que as suas ações e atitudes proporcionalmente coerentes com o Evangelho de Cristo. Um grande seguidor de Cristo, na Idade Média, disse certa vez: “Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras”. Uma frase que sinte tiza exatamente o que Jesus ensinou aos seus discípulos: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha” (Mt 7.24). Hoje vivemos um tempo em que as pessoas não dão mais crédito ou ouvidos para quem fala o que não vive com verdade. Jesus nos advertiu quanto a esse perigo, pois quem escutasse o Sermão do Monte e não o colocasse em prática seria igual ao homem que edificou a sua casa na areia. Quando veio o vento forte, a queda foi grande (Mt 7.26,27). ► AUXÍLIO DIDÁTICO 3 “Todos os dias você e eu tomamos deci sões que ajudam a construir um mundo de um tipo ou de outro. Nós cooptamos pelas perspectivas passageiras da nossa época, ou estamos ajudando a criar um novo mundo de paz, amor e perdão? E agora, como devemos viver? Abraçando a verdade de Deus, entendendo a ordem física e moral que Ele criou, defendendo amorosamente essa verdade diante de nossos vizinhos, e tende coragem de demonstrá-la em todos os caminhos da vida” (COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. O Cristão na Cultura de Hoje. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.310). CONCLUSÃO Nesta lição vimos que crer é confiar; crer é conhecer; crer é confessar. Com isso, pro curamos introduzir o conhecimento básico da fé para então, a partir das próximas lições, conhecermos panoramicamente as principais doutrinas bíblicas da fé cristã. Começaremos 8 j Discípulando Professor 2 | pela Bíblia, a Palavra de Deus. Desejamos que você seja muito abençoado neste 2o Ciclo do nosso curso. Bons estudos! APROFUNDANDO-SE O que são doutrinas bíblicas? A palavra Doutrina vem do latim doctrina, do verbo docio, que significa “ensinar” , “ instruir” , “ educar” . Basicamente é o conjunto de princípios que formam a base deum sistema religioso. Neste caso, as doutrinas bíblicas acham-se baseadas na Bíblia Sagrada. Nos dbis primeiros séculos da nossa his tória, sob o regime do império romano, a Igreja Cristã precisou expressar em poucas linhas o que cria. Muitas eram as acusações despropositadas. Para se comunicar com clareza com o mundo daquele tempo, a Igreja publicou o Credo Apostólico. Este confirma a fé da Igreja na Santíssima Trinda de, no Pai, no Filho e no Espírito Santo, bem como na universalidade da Igreja de Cristo. r ) SUGESTÃO DE LEITURA ► Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Um rico e profundo comentário bíblico, de perspectiva pentecostal, sobre o Novo Tes tamento. Uma material que todo professor deve ter. ► O Cristão na Cultura de Hoje. Uma obra que procura dar todos os instru mentos para que o cristão possa dialogar com a cultura moderna e apresentar o projeto do Reino de Deus ao mundo. ► Marketing para a Escola Dominical Uma proposta para potencializar positiva mente o espaço da Escola Dominical e o trabalho educativo do professor, superin tendentes e todo o pessoal que ministram a Educação Cristã. VERIFIQUE SEU APRENDIZADO 1 . De acordo com a lição, comente a relação da fé com a razão. Reposta livre. Na relação entre a fé e a ciência, um conceito não precisa invadir o espaço do outro. Tanto a ciência quan to a fé tem lugar no mundo. A fé em relação à subjetividade humana e o mundo espiritual e a ciência, ao mundo físico, material. 2 . Em quem e por que confiamos? R. Em Deus que nos reconciliou com Ele por intermédio de Jesus Cristo. Confiamos porque Ele produziu em nós a fé (Ef 2.8). 3 . Como é possível crer na Bíblia como Pala vra de Deus? R. Se compreendermos a Bíblia como plena revelação da pessoa de Jesus Cristo, a Palavra Encarnada de Deus: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). 4. “Jesus é a Palavra Encarnada.” Comente a afirmação. Resposta livre. Jesus é a plena revelação de Deus ao homem. Se quisermos saber como Deus é, somente a partir de Jesus que saberemos. Õ . De acordo com a lição, cite as três maneiras de confessarmos a fé. R. Crer é confiar; crer é conhecer; crer é confessar. ► Credo, do latim credo, significa crer. É a exposição resumida dos princípios de fé de uma religião. No caso da fé cristã, os princípios que constam na Bíblia. Embora leve o nome de apostólico, o Credo não foi escrito pelos doze apóstolos de Cris to. Quando o Credo foi editado, os apósto los do Senhor já haviam morrido. Entretanto, a fim de homenageá-los, a Igreja daquele tempo nomeou o documento de Credo Apostólico, pois esse documento concorda inteiramente com os ensinos dos apóstolos ao longo das Escrituras Sagradas. | Discipulando Professor 2 | Conhecendo a Bíblia TEXTO BÍBLICO BASE Salmos 119.33-40 33 - Ensina-me, ó SENHOR, o caminho dos teus estatutos, e guardá-lo-ei até o fim. 34 - Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei e observá-la-ei de todo o coração. 35 - Faze-me andar na verdade dos teus man damentos, porque nela tenho prazer. 36 - Inclina o meu coração a teus testemunhos e não à cobiça. 37 - Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade e vivifica-me no teu caminho. 38 - Confirma a tua promessa ao teu servo, que se inclina ao teu temor. 39 - Desvia de mim o opróbrio que temo, pois os teus juízos são bons. 40 - Eis que tenho desejado os teus preceitos; vivifica-me por tua justiça. MEDITAÇÃO “Conheçamos e prossigamos em conhecer o SENHOR: como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3). REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ► SEGUNDA-Salmos 33.4,6 ► TERÇA - Mateus 4.4 ► QUARTA-João 5.24 ► QUINTA-João 12.47 ► SEXTA-Efésios 6.17 ► SÁBADO - 2 Timóteo 4.1,2 1 0 I Discipulando Professor 2 | ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Professor, este é um dos assuntos mais importantes (Sara o nosso discipulando. Reco nhecer a Biblia como Palavra de Deus e com preender que ela contém elementos humanos fará toda a diferença para a formação cristã do seu aluno. Deus se revelou para nós usando a linguagem humana, a cultura do povo e todos os elementos possíveis para que fosse o veículo condutor da sua graça e misericórdia. É um privilégio termos a Bíblia Sagrada em mãos. Aproveite esta e a aula seguinte para estimular os discipulandos a desenvolverem uma relação de carinho e seriedade com a Bíblia. Pesquise, indique textos, passe filmes, conte histórias em que a Bíblia influenciou definitivamente a vida de uma pessoa e até mesmo uma nação. Faça tudo que estiver no seu alcance para esclarecer o seu aluno sobre a Bíblia. Deus o abençoe! OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se guintes objetivos: ► Explicar o desenvolvimento da Bíblia ► Dissertar sobre o Antigo Testamento e sua organização. ► Apresentar o Novo Testamento e sua organização. PROPOSTA PEDAGÓGICA Para introduzir a lição desta semana, você pode apresentar um quadro esquemático, logo abaixo, que resume a organização de todos os livros contidos na Bíblia dos evangélicos-protes- tantes. Após ministrar a lição, revise-a usando o esquema sugerido por nós, a fim de que os alunos reconheçam os livros do Antigo e do Novo Testamentos. Parece que não, mas achar um livro da Bíblia é uma das maiores dificuldades dos novos convertidos. Por isso, seja paciente, explique-os amorosamente e tire todas as dú vidas possíveis. Boa aula! A BÍBLIA - Evangélica Protestante ANTIGO TESTAMENTO O Pentateuco, Gênesis (Gn); Êxodo (Êx); Levítico (Lv); Números (Nm); Deuteronômio (Dt). Livros Históricos. Josué (Js); Juizes (Jz); Rute (Rt); 1 Samuel (1 Sm); 2 Samuel (2 Sm); 1 Reis (1 Rs); 2 Reis (2 Rs); 1 Crônicas (1 Cr); 2 Crônicos (2 Cr); Esdras (Ed); Neemias (Ne); Ester (Et). Livros Poéticos. Jó (Jó); Salmos (SI); Provérbios (Pv); Eclesiastes (Ec); Cantares de Salomão (Ct). Livros Proféticos. Maiores: Isaias (Is); Jeremias (Jr); Lamentações (Lm); Ezequiel (Ez); Daniel (Dn). Menores: Oseias (Os); Joel (Jl); Amós (Am); Obadias (Ob); Miqueias (Mq); Naum (Na); Habacuque (Hc); Sofonias (Sf); Ageu (Ag); Zacarias (Zc); Malaquias (Ml). Discipulando Professor 2 4Sf A BIBLIA - Evangélica Protestante NOVO TESTAMENTO Os Quatro Evangelhos. Mateus (Mt); Marcos (Mc); Lucas (Lc); João (Jo). Livro Histórico. Atos dos Apóstolos (At). Epístolas Paulinas. Romanos (Rm); 1 Coríntios (1 Co); 2 Coríntios (2 Co); Gálatas (Gl); Efésios (Ef); Filipenses (Fp); Colossenses (Cl); 1 Tessalonicenses (1 Ts); 2 Tessalonicen- ses (2 Ts); 1 Timóteo (1 Tm); 2 Timóteo (2 Tm); Tito (Tt); Filemon (Fm). Epístolas Gerais. Hebreus — autor des conhecido — (Hb), Tiago (Tg), 1 Pedro (1 Pe), 2 Pedro (2 Pe), 1 João (1 Jo), 2 João (2 Jo), 3 João (3 Jo) e Judas (Jd). Livro profético. Apocalipse (Ap). COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Não há um livro igual à Bíblia. Esta tem formado a cultura ocidental e a identidade de muitos povos ao longo dos séculos. A Bíblia é o livro que integram o conteúdo da fé cristã. Nossas crenças acham-se fundamentadas no texto da Bíblia. Por isso é importante que você conheça como essa obra surgiu, quais livros a integram e como eles estão organizados. Nesta lição, veremos que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus que, concomitantemente, desenvolveu-se em meio à cultura humana e que está organizada em dois principais documentos: o Antigo e o Novo Testamentos. Esses são os assuntos da presente lição. 1. A ORIGEM DA BÍBLIA ► 1.1. Como se deu. Qual o significado do termo Bíblia? A palavra deriva do latim e provém do grego bíblia. Outros dois vocá bulos gregos (b iblion - plural e diminutivode livro / biblos - livro ou documento escrito em papiro) denotam a ideia que queremos dar ao termo Bíblia: Escritos ou Escrituras. Ou seja, vários livros dentro de um só livro. Uma biblioteca em um único lugar. Ao longo da história da revelação divina ao ser humano, pessoas registraram suas experiências com Deus, desde a mais remota antiguidade ao tempo mais próximo da era presente. Assim, por intermédio de um período de aproximadamente 1600 anos, formou-se um conjunto de Escritos de 66 livros, Antigo Testamento e Novo Testamento que, por mais de 20 séculos, vem formando os membros da Igreja de Cristo no mundo. ► 1.2. Palavra de Deus. Desde o mais remoto tempo da história cristã, os cristãos creem que a Bíblia é a Palavra de Deus. Os evangelistas afirmavam isso: “Nunca lestes nas Escrituras?” (Mt 21.42). Naturalmente, Mateus se refere às Escrituras do Antigo Testamento. O apóstolo Paulo confirmou para o jovem Timóteo: “desde a tua meninice, sabe as sagradas letras” (2 Tm 3.15). E as suas epístolas foram consideradas Escrituras Sagradas pelo apóstolo Pedro: “fa lando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igual mente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2 Pe 3.16). Portanto, os escritos do Antigo Testamento e, posteriormente, os do Novo Testamento, são a Palavra de Deus para a Igreja de Cristo no mundo. ► 1.3. Cultura do Homem. A Bíblia foi escrita num tempo, espaço geográfico e em meio a diversas culturas. No Antigo Testa mento, vemos o povo de Israel imergir de dentro de uma cultura politeísta (adoração a vários deuses) a partir de nações reco nhecidas pela História Moderna, tais como: Egito, Império Babilônio, Império Medo-Persa 1 2 I Discipulando Professor 2 | e Império Grego. Em o Novo Testamento, a cultura greco-romana (união das culturas do Império Grego com as do novo Império Romano) está presente na formação da Bí blia. Por exemplo, em Atos 17, Paulo pregou entre os filósofos gregos; a família de Jesus voltou para a Judeia a partir de um edito de um imperador romano (Lc 2.1-7). Ou seja, os escritos bíblicos foram forjados dentro das culturas dos povos do mundo e num período aproximado de 16 séculos. Por volta da Idade Média, a Bíblia foi d iv id ida em capítulos e versículos (antes não havia essa divisão) para facilitar a nossa leitura. Por exemplo, quando mencionamos João 3.16, queremos dizer o livro do Evan gelho de João, capítulo 3 e versículo 16. A cultura humana facilitou a leitura da Bíblia. ► AUXÍLIO DIDÁTICO 1 “A palavra ‘testamento’, nas designações ‘Antigo Testamento’ e ‘Novo Testamento’, para as duas divisões da Bíblia remonta através do latim testamentum ao termo grego diathéke, o qual na maioria de suas ocorrências na Bíblia grega significa ‘concerto’ em vez de ‘testa mento’. Em Jeremias 31.31, foi profetizado um novo concerto que iria substituir aquele que Deus fez com Israel no deserto (Êx 24.7,8). ‘Di zendo novo concerto, envelheceu o primeiro’ (Hb 8.13). Os escritores do Novo Testamento veem o cumprimento da profecia do novo concerto na nova ordem inaugurada pela obra de Cristo. Suas próprias palavras ao instituir esse concerto (1 Co 11.25) dão autoridade a esta interpretação. Portanto, os livros do Antigo Testamento são assim chamados por causa de sua estreita associação com a história do ‘antigo concerto’. E os livros do Novo Testamento são desse modo designados porque se tratam dos documen tos do estabelecimento do ‘novo concerto’” (COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, pp.15-16). Professor, é importante que você saiba que há especialistas bíblicos que adotam a expressão Primeiro Testamento ao invés de Antigo Testamento e Segundo Testamento ao invés de Novo Testamento, pois a palavra “antigo” pode sugerir a ideia de algo obsoleto e de menor consequência. Entretanto, quem escolheu os termos “Antigo e Novo” não tinha uma intenção depreciativa para com a Bíblia. Todavia, hoje, há quem considere falta de respeito usar esse termo referente ao texto bíblico. Entretanto, quando usamos “Antigo” e “Novo” queremos apenas denominar a principal divisões da Bíblia. 2. O ANTIGO TESTAMENTO ► 2.1. O que é? Um conjunto de escritos inspirados que norteiam a história de um povo escolhido por Deus, a nação de Israel, para revelar o reino divino ao mundo. Entretanto, esse povo falhou em sua missão. O Antigo Testamento foi transmitido por meio de “palavras proféticas”, de toda história e das obras poderosas de Deus para com o seu povo. A narrativa dessas obras e das palavras proféticas faz com que não duvidemos do interesse de Deus em se relacionar com os seres humanos. A iniciativa de relacionar-se conosco foi sempre d Ele (cf. Êx 3.1-12)1 ► 2.2. Qual o assunto? O Antigo Testamento conta a história da origem, da ascensão, do desenvolvimento e da queda da nação de Israel. É uma espécie de introdução do que Deus falou antigamente aos nossos pais da fé pelos santos profetas e ao cumprimento do que foi falado pelo seu Filho Jesus Cristo (Hb 1.1,2). Por isso, o Antigo Testamento era a Bíblia dos primeiros crentes e do próprio Senhor Jesus (Lc 4.14-17). Foi nos escritos antigos que a Igreja encontrou o testemunho claro sobre a pessoa de Jesus de Nazaré: “ Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (Jo 5.39). Por isso, o Antigo Testamento precisa ser lido, estudado e interpretado à luz do que Jesus nos ensinou nos Evangelhos e os seus apóstolos em todo o Novo Testamento. ! Discipulando Professor 2 | ► 2.3. Como está organizado? O Antigo Testamento que as igrejas evangélicas usam atualmente está basicamente divid ido em quatro partes, compostas por 39 livros. Vamos conhecê-los? a) O Pentateuco. Cinco livros de Moisés, 0 legislador de Israel. Tais livros falam da formação do mundo, do ser huma no, das nações, do povo de Israel e da Lei de Deus: Gênesis (Gn), Êxodo (Êx), Levítico (Lv), Números (Nm) e Deuteronômio (Dt). b) Livros Históricos. De diversas autorias, os livros narram o desenvolvimento político, econôm ico e de nação na história de Israel, bem como a sua ruína imediata: Josué (Js), Juizes (Jz), Rute (Rt), 1 Samuel (1 Sm), 2 Samuel (2 Sm), 1 Reis (1 Rs), 2 Reis (2 Rs), 1 Crônicas (1 Cr), 2 Crônicas (2 Cr), Esdras (Ed), Neemias (Ne) e Ester (Et). c) Livros Poéticos. De diversas autorias, são cânticos e poesias hebraicas que retratam o sentimento humano no rela cionamento com Deus: Jó (Jó), Salmos (SI), Provérbios (Pv), Eclesiastes (Ec), Cantares de Salomão (Ct). d) Livros Proféticos. São livros onde constam as mensagens dos grandes profetas de Israel. Eles são classificados em Profetas Maiores e Profetas Menores. Tai classifica ção nada tem com a importância do livro em si, mas com a quantidade de textos. Profetas Maiores: Isaías (Is), Je re m ia s (Jr), L a m e n ta ç õ e s (Lm ), Ezequiel (Ez) e Daniel (Dn). Profetas Menores: Oseias (Os), Joel (Jl), Amós (Am), Obadias (Ob), Miqueias (Mq), Naum (Na), Habacuque (Hc), Sofonias (S f), Ageu (Ag), Zacarias (Zc) e Malaquias (Ml). ► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 Neste tópico, você pode mencionar para seu aluno a diferença entre a Bíblia Hebraica, que os judeus usam na sinagoga, a Bíblia Católica e a Bíblia que nós, os evangélico-protestantes, usamos. Com o auxilio do esquema reproduzido na seção Proposta Pedagógica, sugerimos que mostre esse esquema aos alunos: A BÍBLIA - Hebraica Lei/Torá. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Profetas (Nebiim). Profetas anteriores: Josué, Juizes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis e 2 Reis. Profetas posteriores: Isaias,Jeremias, Ezequiel. Os doze: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Escritos (Ketubim). Salmos, Provérbios e Jó. Cinco rolos (Hamesh Megiliot). Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras-Neemias e 1-2 Crônicas. BÍBLIA CATÓLICA - Antigo Testamento Pentateuco. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Livros Históricos. Josué, Juizes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester (com 6 acréscimos gregos), 1 Macabeus e 2 Macabeus. Livros Sapienciais. Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos, Sabedoria de Salomão e Eclesiástico. Livros Proféticos. Isaias, Jeremias, Lamen tações, Baruc+Epístola de Jeremias, Ezequiel e Daniel (+ 3 acréscimos gregos: Oração de Azarias, Cânticos dos três jovens, Susana e Bei e o Dragão), Oseias, Joel, Amós, Obadias, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Obs.: O Novo Testamento da Bíblia Católica é igual ao da Bíblia Evangélica Protestante. 14 | Discipulando Professor 2 j 3. 0 NOVO TESTAMENTO ► 3.1. O que é? Se o cumprimento é a consequência da promessa, poderíamos dizer que o Novo Testamento é a consequência do Antigo. Este registra o que Deus disse aos antepassados, o cumprimento, a confirmação e a consumação da promessa, os sacrifícios, os rituais de culto, as palavras proféticas, a unção de reis, a vocação de pessoas para falar ao povo: tudo culminaria na obra redentora de Jesus (Hb 9.11,12). O Novo Testamento registra a história, a experiência e os testemunhos de cristãos que viram, ouviram e aprenderam de Jesus naqueles dias. Pelo poder e inspiração do Espírito Santo, essas pessoas proclamaram ousadamente o Reino de Deus ao mundo. ► 3.2. Qual o assunto? Jesus Cristo! A pessoa de Jesus Cristo é a razão da existência do Novo Testamento. Também está presente nesse documento o advento da Igreja e o seu projeto de evangelização local e universal. Nar ram-nos os escritos neotestamentários a ação do Espírito Santo sobre um grupo de pessoas que revolucionaram o mundo, os conselhos para vida, a instituição de uma liderança cristã, palavras para vocacionados e tantos outros assuntos do interesse do Corpo de Cristo. ► 3.3. Como está organizado? Os 27 livros do Novo Testamento têm sido aceitos pela Igreja há mais de 20 séculos de história. O documento está organizado em pelo menos quatro divisões. Vamos conhecê-las: a) Os Quatro Evangelhos. Os livros levam os nomes dos respectivos autores e buscam narrar a obra de Jesus de Nazaré como o Filho de Deus: Mateus (Mt), Marcos (Mc), Lucas (Lc) e João (Jo). b) L ivro H istórico. De autoria do evan gelista Lucas, uma continuação do seu Evangelho, o livro narra a origem histórica da Igreja em Jerusalém quando do dia de Pentecoste, sua trajetória local e mundial: Atos dos Apóstolos (At). c) 21 Cartas escritas pelos apóstolos. Conselhos p rá ticos e doutrinários para a Igreja de todos os tem pos. Epístolas Paulinas. De autoria do após tolo Paulo: Romanos (Rm), 1 Coríntios (1 Co), 2 Coríntios (2 Co), Gálatas (Gl), Efésios (Ef), Filipenses (Fp), Colossenses (Cl), 1 Tessalonicenses (1 Ts), 2 Tes- salonicenses (2 Ts), 1 Timóteo (1 Tm), 2 Timóteo (2 Tm), Tito (Tt) e Filemon (Fm). Epístolas Gerais. De diversas autorias: Hebreus (autor desconhecido) (Hb), Tiago (Tg), 1 Pedro (1 Pe), 2 Pedro (2 Pe), 1 João (1 Jo), 2 João (2 Jo), 3 João (3 Jo) e Judas (Jd). d) Livro profético. De autoria do apóstolo João, é o único livro de profecia do Novo Testamento: Apocalipse (Ap). ► AUXÍLIO DIDÁTICO 3 “Os escritos neotestamentários não foram reunidos na forma como hoje conhecemos, imediatamente, após terem sido escritos. Em princípio, cada um dos evangelhos teve uma existência local e independente nas respectivas comunidades para as quais originalmente cada um foi composto. Entretanto, pelo início do século II, foram reunidos e começaram a circular como um registro quádruplo. Quando isso aconteceu, Atos foi separado de Lucas, com o qual fazia uma obra em dois volumes, e lançado em uma carreira solo, mas não desprovida de sua pró pria importância” (COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p.21). CONCLUSÃO Nesta lição, estudamos a origem da Bíblia, a sua organização e divisões. Vimos que, desde os primeiros séculos da Igreja Cristã, os crentes aceitam o Antigo e o Novo Tes tamento como a Palavra inspirada de Deus. Aprendemos que o nosso Senhor é o | Discipulando Professor 2 | principal de toda a Bíblia e, principalmente, do Novo Testamento. Notamos também que ao todo a Bíblia possui 66 livros, sendo 39 no Antigo Testamento e 27 em o Novo. Portanto, conheça mais a sua Bíblia! APROFUNDANDO-SE Nem todas as tradições cristãs usam a mesma Bíblia. Por exemplo, o Antigo Testamento na Bíblia dos evangélicos- -protestantes diverge da dos católicos romanos. A razão dessa divergência foi que um homem de nome Jerônimo, mon ge católico, traduziu o Antigo Testamento da Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento hebraico) para o Latim, essa tradução foi chamada de Vulgata Latina. Jerônimo considerou os livros de Tobias, Macabeus e outros como sagrados. En tretanto, esses livros nunca constaram na Bíblia Hebraica, isto é, a Bíblia dos judeus. Por isso, se você comparar a sua Bíblia com a Católica notará uma diferença na quantidade de livros do Antigo Testamento. Já em relação ao Novo Testamento, não há divergências, pois o conteúdo das Bíblias é o mesmo. VERIFIQUE O SEU A P R E N D IZ A D O ^ 1 . Qual o significado do termo “Bíblia”? R. Escritos ou Escrituras. Vários livros dentro de um só. 2 . Quanto tempo levou para a Bíblia ser formada? R. Aproximadamente 1600 anos ou 16 séculos. 3 . Quantos livros o Antigo Testamento têm? R. 39. 4 . Qual o assunto predominante do Novo Testamento e de toda a Bíblia? R. Jesus Cristo. 5 . Quantos livros o Novo Testamento têm? Quantos livros a Bíblia tem ao todo? Cite a ordem dos quatro Evangelhos. R. 27.66. Mateus, Marcos, Lucas e João. SUGESTÃO DE LEITURA y A Origem da Bíblia. Uma excelente fonte de pesquisa para professores, estudantes, pastores e todo crente desejosos de maior aprofundamento bíblico. ► Educação que é Cristã Educação que é Cristã é um brilhante compêndio de educação cristã que, em um contexto multicultural, utiliza princípios sólidos de ensino bíblico. ► Que em 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas lê-se: Primeiro e Segundo livro de Samuel, etc., pois o termo refere-se a palavra de gênero masculino, livro. Diferen temente de 1 e 2 Coríntios, 1 e 2 Tessalo- nicenses, 1 e 2 Timóteo, 1 e 2 Pedro, e 1, 2 e 3 João que lê-se: Primeira e Segunda carta de Paulo aos Coríntios e/ou Primeira, Segunda e Terceira epístola de João, etc., pois trata-se das palavras de gênero femi nino, carta e/ou epístola. 1 6 | Discipulando Professor 2 | Crendo para interpretar a Bíblia TEXTO BÍBLICO BASE 2 Pedro 1.19-21; 3.14-18 1.19 - E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a urna luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, 20 - sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular inter pretação; 21 - porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espirito Santo. 3.14 - Pelo que, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz 15 - e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Pautovos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, 16 - falando disto, como em todas as suas epís tolas, entre as quais há pontos drficeis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. 17 - Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados e descaiais da vossa firmeza; 18 - antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora como no dia da eternidade. Amém!. MEDITAÇÃO “Nenhuma profecia da Escritura é de parti cular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.20,21). REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ► SEGUNDA - Provérbios 1.2-6 ► TERÇA - 2 Corintios 2.17 ► QUARTA-Salmos 119,105 ► QUINTA-Salmos 119.125 ► SEXTA - Neemías 8.2-9 ► SÁBADO - Romanos 10.8-10 j Discipulando Professor 2 j ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Professor, esta aula talvez seja a mais im portante desse 2o ciclo de curso, A maioria dos erros teológicos, doutrinários e de interpretação ocorrem porque muitos crentes não sabem in terpretar as Escrituras. Você tem a oportunidade singular de ajudar ao seu discipulando na leitura e na interpretação das Escrituras. Sugerimos adquirir duas obras importantes para auxiliarem você na preparação dessa lição: Guia Básico para Interpretação da Bíblia, de Robert H. Stein e Hermenêutica Fácil e Descomplicada, do pro fessor Esdras Costa Bentho. Ambas as obras foram publicadas pela editora CPAD. A partir da leitura dessas obras, escolha alguns exemplos de interpretação que os livros mencionam para tornar a aula mais dinâmica. Selecione passagens bíblicas que sejam exem plos de más e boas interpretações. Estimule os alunos a adquirirem obras básicas de interpre tação da Bíblia. PROPOSTA PEDAGÓGICA Professor, para concluir a lição sugerimos a seguinte atividade: Divida a classe em dois grupos e classifique-os respectivamente de grupo 1 e grupo 2. Peça ao grupo 1 para ler silenciosamente Romanos 4.1-25; o grupo 2 para ler Tiago 2.14-26. Dê cinco minutos para a leitura em grupo. Em seguida pergunte ao grupo 1 o que entendeu sobre o termo “fé” explicado pelo apóstolo Paulo. E ao grupo 2 o que entendeu do termo “fé” ensinado por Tiago. Ouça com atenção as duas respostas. OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se guintes objetivos: ^ Demonstrar que a Bíblia é verdadeira segundo a sua inspiração divina e sua natureza humana. ^ Elencar os pressupostos necessários para a leitura e a interpretação das Escrituras. ► Apresentar as regras básicas para uma interpretação satisfatória da Bíblia. Após ouvir as respostas, explique didati camente que (1)o termo "fé” , escrito por Paulo e Tiago, não significa “um conjunto de cren ças” . (2) Paulo não se refere a “fé” como “mera aceitação do fato” nem Tiago “uma verdadeira confiança” . (3) Pelo contexto das passagens bíblicas está claro que o apóstolo Paulo se refere a “fé” como “uma verdadeira confiança” (Rm 4.3,5) e Tiago como “aceitação do fato” (Tg 2.14,19). Ou seja, o mesmo termo usado pelos escritores recebe sentidos diferentes. 18 I Discipulando Professor 2 revelar o seu projeto (2 Pe 1.19-21), também é verdade que essas pessoas contribuíram muito para a organização das Escrituras. Do ponto de vista da organização literária, encontramos na Bíblia tipos, gêneros textuais e literários presentes em nossa história moderna. Encon tramos na Bíblia textos narrativos, descritivos, argumentativos, bem como parábolas, narra tivas, dramas, romances, poesias etc. Leia a parábola de Jotão e perceba o estilo literário desse texto (Jz 9.7-21). COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Uma grande conquista para os cristãos e, consequentemente, para a sociedade ocidental, foi o resgate do livre exame da Bíblia. Com o advento da Reforma Protestante, em 1517, na Idade Média, o clero da Igreja Oficial deixou de ter a primazia na leitura e na interpretação da Bíblia. Na Alemanha do século XVI, a Bíblia foi traduzida para a língua nativa, um acon tecimento extraordinário! Naquela época, só as pessoas que sabiam o latim liam a Bíblia; assim, a maioria dos habitantes da Europa que não dominava a língua latina ficava excluída da leitura bíblica. Hoje é diferente, pelo menos aqui no Brasil e na maioria dos países do Ocidente, pois temos diversas traduções e versões da Bíblia à nossa disposição. 0 livre exame da Bíblia está garantido! Entretanto, um desafio surge para os cristãos de todas as épocas: Como interpretar corretamente as Escrituras? Eis o tema da nossa lição. 1. A BÍBLIA É VERDADEIRA ► 1.1. Segundo a sua natureza divina. Quando afirmarmos que a Bíblia é verdadeira, nos referimos ao registro de Deus na história. O Deus do Evangelho atuou e agiu por inter médio dos profetas do Antigo Testamento, dos apóstolos do Novo Testamento, tendo em Jesus Cristo, o seu Filho, a plena manifestação da sua mensagem aos povos da terra (Hb 1.1). Ao falar sobre o Deus do Evangelho, referimo-nos a sua atuação no processo de revelação da mensa gem divina ao ser humano. Deus comunicou-se diretamente conosco, inspirando homens do mundo da Bíblia. Ele inspirou pessoas a usar a linguagem, a palavra, a lógica e, por isso, nas Escrituras, Deus é a fonte criativa de toda concepção humana sobre Ele mesmo. Logo que falamos sobre Deus, discursamos a partir do que foi revelado nas Escrituras. Então, a Palavra deve regular a nossa ideia sobre Deus, sobre a vida e sobre o mundo (2 Tm 3.16,17; Hb 11.3). Por isso, a Bíblia é verdadeira! ► 1.2. Segundo a sua natureza humana. Se Deus inspirou as pessoas da Bíblia para nos Entretanto, a natureza humana manifesta na Bíblia mostra-nos algumas dificuldades para interpretá-la: a) a dificuldade temporal, a Bíblia foi escrita num tempo diferente do nosso; b) a dificuldade contextuai, isto é, a cultura, a política e a economia dos povos da Bíblia caracterizam uma civilização bem diferente da nossa; c) a dificuldade linguística, o desafio de traduzir expressões judaicas que não fazem sentido na língua de outro povo. Então, o que devemos fazer? ► 1.3. Uma tarefa necessária. Muitas pes soas cometem erros de interpretação da Bíblia por não dominar o idioma nativo, em nosso caso, a língua portuguesa. Você não precisa dominar o hebraico, o aramaico e o grego para compreender a Bíblia. Todavia, deve estar em dia com o seu idioma e munir-se de boas versões bíblicas em língua portuguesa. Com o tempo você se interessará mais em aprender a Bíblia e poderá adquirir Dicionários Bíblicos, bons Co mentários Bíblicos e outros materiais de estudo que auxiliarão você na compreensão | Discípulando Professor 2 maravilhoso. Entretanto, além de ler e estudar a Bíblia, outro elemento indispensável é orar. Buscar a orientação do Espírito Santo para nos conduzir em nossos estudos é essencial para uma com preensão satisfatória e edificação da nossa vida espiritual. O Santo Espírito ilumina-nos a mente e enche o nosso coração com as riquezas de Deus (Jo 14.16,17,26). Portanto, ore e estude! ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 “Significado e formas literárias É obvio que a nossa escolha de certas palavras pode, às vezes, ser motivada menos pelo desejo de informar e esclarecer do que pela vontade de despertar e afetar as emoções do leitor. Os escritores bíblicos, naturalmente, estavam cônscios disso, de modo que escolhe ram as palavras e as formas literárias que melhor poderiam transmitir o significado pretendido. Em algumas oportunidades, como acontece em Lucas 1.4, a intenção do autor eratransmitir uma informação segura. Assim, preferia lançar mão da linguagem referencial, pois tratava-se da melhor forma de transmitir o que desejava naquele momento. Quando pretendia registrar informações sobre as leis divinas, usava formas legais, como encontradas nos livros de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Às vezes, a melhor forma era através de cartas ou epístolas. Assim, encontramos várias na Bíblia, como, por exemplo, as de Paulo, Pedro e João. Em outros momentos, quando o propósito era compartilhar informações de natureza histórica, a melhor forma era narrativa. Vários livros da Bíblia em pregaram este gênero (de Gênesis à Ester e de Mateus à Atos). Até mesmo na linguagem profé tica encontramos narrativa, como por exemplo, em Jeremias 26—29; 32—45; 52; Ageu 1 —2; Daniel 1 —6. Outras formas literárias tendem a estar mais próximas da linguagem não-referencial. Nesta categoria encontram-se os livros de Salmos e Cantares de Salomão. Vale, ainda, ressaltar que em muitas narrativas há, também, poesia (Êx 15; Jz 5; 1 Sm 2) e declarações emocionais. Em alguns casos, no entanto, os textos contêm elementos de ambos os tipos. Provérbios e os livros proféticos são exemplos disso. Está claro, portanto, que existem várias formas literárias na Bíblia, cada uma com as suas próprias regras de interpretação. Ao lançar mão de cada gênero os autores submeteram-se conscientemente às suas regras com o propó sito de transmitir o significado pretendido. Eles tinham também em mente que seus leitores interpretariam os textos segundo as mesmas regras. Se não estivermos cônscios disso, correremos o risco de quase sempre fazer uma interpretação incorreta” (STEIN, Robert H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.81-83). 2. PRESSUPOSTOS PARA A LEITURA DA BÍBLIA ► 2.1. A existência de Deus. Na Bíblia, você não verá nenhum versículo que procure provar a existência de Deus. Essa questão sequer é mencionada nas Escrituras. A Bíblia parte do princípio de que Deus não somente existe, Ele É (“ Eu Sou”, Êx 3.14). E chama de “tolo” quem não acredita nesse princípio fundamental (SI 53.1). O autor aos Hebreus declara que “de fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (11.6 - ARA). Um pressuposto elementar para crermos e lermos a Bíblia é que Deus é o Criador de todas as coisas. 20 | Discipulando Professor 2 ► 2.2. Inspiração e Autoridade das Escri turas. Pela fé cremos que Deus revelou a sua vontade nas Escrituras e que por isso ela é inspi rada divinamente e tem autoridade para a nossa prática de fé e vida. Para tanto, é preciso levar a sério a interpretação coerente das Escrituras. Quando nos referimos à doutrina da ins p ira ç ã o da B íb lia , b a s e a m o -n o s em 2 Timóteo 3.16 que diz que “Toda Escritura divi namente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruírem justiça”. Deus é o autor primeiro e, o homem, secundário. Considerando que as Escrituras são inspiradas, sua autoridade está sobre a nossa vida. Cremos e concordamos que ela é Palavra de Deus para nós, e que a partir dela revelamos ao mundo a vontade de Deus de, por intermédio de seu Filho, reconciliar o mundo consigo mesmo (2 Co 5.20). ► 2.3. Cristo, o centro das Escrituras. As Escrituras dão testemunho do Filho, Jesus Cristo: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida etema, e são elas que de mim testifi cam” (Jo 5.39). É em Cristo que a antiga aliança, anunciada com Abraão, registrada por Moisés e confirmada em Davi, o rei de Israel, toma-se nova, suficiente e perfeita aliança. Nele, a história da aliança entre Deus e o seu povo chegou ao apogeu dos tempos: “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5). As Escrituras se completam em torno desse assunto, fazendo com que a revelação de Deus seja progressiva e dentro da história humana. Não podemos perder de vista que Cristo é o centro das Escrituras e todos os livros da Bíblia devem ser interpretados sob o ensino de Jesus. ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 Professor, neste tópico, deixe claro a dificul dade que os crentes enfrentam para declarar a sua fé na autoridade da Bíblia. Vivemos uma crise profunda de autoridade em nossa sociedade: na família, na educação, nas instituições públi cas. Não seria diferente com a Bíblia. O erudito Cari F. H. Henry, diante desse problema, escreveu que “a Bíblia não é o único lembrete importante que afirma que os seres humanos encontram-se diariamente em posição de relacionamento res ponsável para com o Deus soberano. O Criador exibe sua autoridade no cosmos, na História e na consciência interior, uma revelação do Deus vivo que permeia a mente de todo ser humano (Rm 1,18-20; 2.12-15). A supressão rebelde dessa ‘genérica revelação divina’ não é bem-sucedida em fazer cessar por completo o senso de temor da derradeira responsabilidade divina (Rm 1.32). Contudo, é a Bíblia, como ‘revelação especial’ , que de modo mais claro confronta nossa corrida espiritualmente rebelde com a realidade e autori dade de Deus. Nas Escrituras, o caráter e a vonta de de Deus, o significado da existência humana, a natureza do reino espiritual e os propósitos de Deus para os seres humanos de todas as épocas estão expostos de forma propositadamente inte ligível, de sorte que todos podem compreender. A Bíblia proclama de maneira objetiva os critérios pelos quais Deus julga as pessoas e as nações, e os meios para a recuperação moral e a restaura ção à comunhão pessoal com Ele” (COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p.31). 3. REGRAS BÁSICAS DE INTERPRETAÇÃO ► 3.1.0 Antigo Testamento é interpretado pelo Novo. Um erro comum na leitura da Bíblia é ler um versículo isolado e tomá-lo para si como palavra certa. Tal versículo está dentro de um contexto e de uma história que, muitas vezes interpretada adequadamente, significa o sentido oposto do que a pessoa entendeu com base apenas naquele versículo. Isso é muito comum acontecer com a leitura isolada do Antigo Testamento. Neste documento, muitos versículos dão a ideia de batalhas, conquistas e vitórias porque o povo de Israel tentava so breviver como nação diante de outros povos idólatras (Js 6.7; 1 Sm 17). Por isso, cenas de violências, guerras e lutas pela sobrevivência da vida estão presentes na Bíblia. Entretanto, o Novo Testamento traz uma revelação muito | Discipulándo Professor 2 O foco agora não é a guerra, as batalhas terrenas, as vitórias ou as conquistas de um povo, mas um ser humano que reconhece a suficiência da vida em Jesus e vê nEle o significado da existência. Isto é retratado na regra de ouro do Evangelho: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12; cf. Mc 12.30,31). O Novo Testamento é a chave do Antigo e Jesus, o elemento interpretativo de toda a Bíblia. ► 3.2. Conhecer a intenção do autor sa grado. Todo livro tem um autor e todo autor tem uma intenção ao escrever uma obra. Isso não é diferente com a Bíblia nem com os seus escritores, pois ela tem um autor que escreveu para um público leitor. Por exemplo, quando o apóstolo Paulo escreveu a Primeira Epístola aos Coríntios (1 Coríntios), ele pensou nos crentes daquela cidade, naquela época. Originalmente, ele não escreveu para nós que vivemos no século XXI, mas para os coríntios do primeiro século. Há um lapso de aproximadamente 20 séculos entre os coríntiose nós. Todavia, através do Espírito Santo que conduziu o processo de revelação de Deus, a Carta aos Coríntios chegou até nós. Para lê-la, entendê-la e aplicá-la à nossa vida, precisamos primeiramente resgatar o significado original daquele texto. Para chegarmos nesse ponto é necessário inicialmente responder três perguntas: “Quem é o autor?”; “ Por que ele escreveu a carta?” “Para quem ele escreveu a carta?”. Tais perguntas ajudam a identificar três identidades fundamentais para compreendermos qualquer livro da Bíblia: o autor da carta ou livro (por exemplo, o apóstolo Paulo); o propósito da carta (responder dúvidas de caráter espiritual e prático da igreja); o público destinatário (a igreja local que vivia na cidade grega de Corinto). Por tanto, devemos sempre interpretar o texto bíblico à luz do seu contexto (passagens que vêm antes e depois do texto em estudo). ► 3.3. Cada texto tem apenas um sentido, mas muitas aplicações. O texto bíblico tem somente um sentido original que o autor quis revelar para o seu primeiro público leitor. Nem sempre é possível recuperar esse sentido, seja porque não há elementos no próprio texto que possam esclarecer mais a passagem, ou porque a passagem é difícil e de complexa tradução. Entretanto, uma vez descoberto o significado primeiro do texto (com a pergunta “O que o autor disse?”), podemos fazer uma série de aplicações para os nossos dias (respondendo à pergunta: “O que o texto diz hoje?”). Neste aspecto, o Espírito Santo nos ilumina para aplicarmos a Palavra de Deus a cada necessidade da nossa vida. Portanto, a partir de um desejo genuíno por conhecer a Palavra de Deus, estudando-a para compreendê-la, o Santo Espírito nos auxiliará a aplicá-la em nossas e à vidas das pessoas que precisam da graça de Deus em Cristo Jesus. ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 Sobre a importância das línguas originais da Bíblia, “quando estamos lendo uma versão portuguesa [da Bíblia], e encontramos uma palavra que não conhecemos seu significado, fazemos o quê? Recorremos a um dicionário contemporâneo, da língua portuguesa. Mas Paulo não conhecia o português. Desta forma, não estamos tentando descobrir o que Paulo quis dizer com uma determinada palavra, mas, sim, o que o tradutor procurou transmitir. Por isso, a interpretação mais garantida é feita pela pessoa que utiliza o texto na língua original, e não no português. Tendo isso em vista, pode mos acrescentar que os tradutores das versões bíblicas do português, como por exemplo, a Revista e Atualizada, A Bíblia na Linguagem de Hoje, A Nova Versão Internacional, possuíam um conhecimento notável das línguas em que a Bíblia foi escrita. Tinham um bom conhecimento, portanto, dos autores bíblicos. Por isso, podemos confiar nas traduções da Bíblia que possuímos em nossa língua. Assim, ao estudarmos um texto, é de grande importância a utilização de várias traduções, para podermos comparar umas com as outras” (STEIN, Robert H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.199). CONCLUSÃO Nesta lição, estudamos as regras básicas para interpretarmos a Palavra de Deus. Conhe cer a Bíblia é muito importante para o nosso I n íc r * im i lo n r ln P rn fo c e n r O I crescimento espiritual e pessoal. A Palavra de Deus tem conselhos para nós. Não podemos nos esquecer de que as Escrituras falam do Cristo ressuscitado que nos trouxe vida em abundância para vivermos plenamente. Por isso, labutamos para compreender a Bíblia, pois acima de tudo, estaremos compreendendo Jesus, a Palavra Encarnada de Deus. APROFUNDANDO-SE A Bíblia é um livro que deve ser entendido por todo crente. Ela fala para o erudito e, igualmente, para o indouto. Por isso não fique preocupado com “enigmas” ou “passagens obscuras” da Bíblia como se houvesse apenas algumas pessoas capazes de compreendê-las. Prefira sempre o significado claro das Escrituras, pois eles estão presentes em toda Bíblia. Não se preocupe tanto com as passagens mais com plexas onde há possibilidade de duas ou mais interpretações. Você verá que com o tempo o seu conhecimento e intimidade com as Escrituras crescerão. Entretanto, saiba que há passagens que ficarão sem respostas, pois simplesmente não há informação ao nosso alcance. Portanto, fuja das interpretações que exigem “tremendos exercícios mentais” para encaixar um determinado conceito proposto por alguém. VERIFIQUE SEU APRENDIZADO 1. Como o Deus dos Evangelhos atuou e agiu? R. O Deus do Evangelho atuou e agiu por intermédio dos profetas do Antigo Testamento, dos apóstolos do Novo Testamento, todavia, tendo Jesus Cristo, o seu Filho, a plena ma nifestação da sua mensagem aos povos da terra (Hb 1.1). 2 . Cites algumas dificuldades, por conta da própria natureza humana, para interpretarmos a Bíblia. R. A dificuldade temporal; a dificuldade contextuai; a dificuldade linguística. 3 . Quais os pressupostos importantes para uma leitura proveitosa da Bíblia? R. A existência de Deus; Inspiração e Autoridade das Escrituras; Cristo, o centro das Escrituras. 4 . Cite um erro muito comum que as pessoas cometem ao 1er a Bíblia. R. Ler um versículo isolado e tomá-lo para si como palavra certa. 5 . Quantos sentidos tem um texto bíblico e quantas aplicações são possíveis? R.O texto bíblico tem um sentido apenas e várias aplicações. ► SUGESTÃO DE LEITURA Hermenêutica Fácil e Descomplicada Uma obra que vai te auxiliar nas técnicas de interpretação das Escrituras. Temas como Gêneros Literários da Bíblia são bas tante explorados. ► Manual de Ensino para o Educador Cristão Escrito por especialistas em Educação Cristã, este manual é um recurso completo para ser usado em casa, na igreja e nas escolas onde se ministra estudos bíblicos. ► Que não existe um manuscrito original que tenha saído da mão de um autor bíblico? Os originais foram perdidos com o passar do tempo. A medida que as comunidades cristãs foram fundadas em outros países, as igrejas locais daquelas regiões providen ciavam uma cópia dos textos bíblicos que circulavam na Antiga Palestina. Por isso, semelhantemente ao processo de produção de obras clássicas do Ocidente, a Bíblia encontra-se hoje em nossas mãos. Uma riqueza imensurável! I Discioulando Professor 2 1 Crendo no Deus Trino TEXTO BÍBLICO BASE João 1.1-14 1 - No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 - Ele estava no princípio com Deus. 3 - Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. 4 - Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens; 5 - e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. 6 - Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. 7 - Este veio para testemunho para que testifi casse da luz, para que todos cressem por ele. 8 - Não era ele a luz, mas veio para que testifi casse da luz. 9 - Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo, 10 - estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu, 11 - Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 - Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no seu nome, 13 - os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus. 14 - E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. MEDITAÇÃO “E aconteceu que, como todo o povo se bati zava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido" (Lc 3.21,22).REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ► SEGUNDA - Gênesis 1.26; João 1.1-3 ► TERÇA - Lucas 3.21 -22; 4.17-19 ► QUARTA - João 3.16 ► QUINTA-Romanos 8.1-11 ► SEXTA-João 16,7-11 ► SÁBADO-Gênesis 1.1,2 O A I H i o r i n i i l o n r l n D r A f a e c A r O I ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Caro professor, provavelmente o seu aluno já ouviu falar da expressão Santíssima Trindade? Mais provável ainda que ele seja oriundo de uma tradição católica, e ao menos tenha feito a 1a Comunhão. Essas informações são importantes porque você nem sempre partirá do zero com o seu aluno que é um novo convertido. Se esta é a realidade do seu aluno, valorize a experiência de aprendizado que ele teve, perguntando o que ele aprendeu e entende sobre o tema em ques tão. A doutrina da Santíssima Trindade é uma doutrina preciosa das Escrituras, pois sabemos que o Deus Trino está conosco consolando-nos o coração e apaziguando os nossos ânimos. O propósito desta lição é que o novo convertido compreenda a expressão amorosa, comunitária e solidária de Deus manifestada na Santíssima Trindade. Esta traduz a verdade que as Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo relacionam-se integralmente. À luz dessa rela ção verdadeira, como Igreja do Senhor, somos chamados a relacionarmos uns com os outros em amor. PROPOSTA PEDAGÓGICA Caro professor, tenha em mente que o en sino das Escrituras sobre a SantíssimaTrindade mostra-nos que as pessoas trinitárias e divinas trabalham de maneira comunitária em favor da criação e do ser humano. Inicie a aula perguntando o que os alunos compreendem sobre a Santíssima Trindade. Ouça as respostas atenciosamente. A partir das respostas dos alunos, comece a expor as evidências bíblicas da doutrina da Santíssima Trindade. Antes de chegar ao conceito final de Trindade, procure demonstrar as evidências bíblicas, com foco principal no Novo Testamento. Você perceberá que, embora na perspectiva lógica pareça difícil entender, as Escrituras dão conta da manifestação da Trindade, e ilógico seria não identificar essa manifestação do Deus Trino na Bíblia. OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos: ► Apresentar as evidências bíblicas da doutrina da Santíssima Trindade. ► Refutar os equívocos quanto à doutrina da Santíssima Trindade. ► Conscientizar os alunos sobre a maneira amorosa, servidora e comunitária que o Deus Trino opera em nós. Não se preocupe em explicar pormenoriza damente a dinâmica da Trindade, pois isso nem as mentes mais brilhantes da Igreja o conseguiram. Seja apenas fiel ao texto bíblico. Não há outra interpretação possível, por exemplo, em Mateus 3.13-17. Aqui, há a pessoa do Pai, a pessoa do Filho e a Pessoa do Espírito Santo interagindo uns com os outros. O Deus Trino agindo! COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Nesta lição, estudaremos uma das mais tradicionais e importantes doutrinas da Igreja Cristã: a Santíssima Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo; três pessoas, um só Deus. É bem verdade que esta doutrina bíblica é um grande mistério da Fé Cristã. Trata-se, pois, de uma doutrina pela qual as Escrituras dão testemunhos com muita clareza, mas a cognição humana tende a resistí-la. Entretanto, o nosso objetivo não é explicar Deus, pois ser humano algum pode ter tal pretensão. Desejamos apenas mostrar a você que as Sagradas Escrituras dão testemunho do Deus Pai, de Jesus Cristo, o seu Filho, e do Espírito Santo. E mostra também que as três Pessoas da Santíssima Trindade traba lham e agem em eterna e profunda comunhão, denotando assim, o exemplo de como o Corpo de Cristo, a Igreja, deve ser integrado. 1. EVIDÊNCIAS BÍBLICAS DO DEUS TRINO ► 1.1. No Antigo Testamento. O Antigo Testamento apresenta um só Deus que se revela aos seres humanos por intermédio dos seus nomes, atributos e modo de agir. As Escrituras do Antigo Testamento lançam algumas luzes sobre o aspecto trino do Deus Único: “ Faça mos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26). Atente para os pronomes plurais grifados no versículo. Tais pronomes destacam uma comunicação entre mais de uma pessoa. Essas pessoas envolvidas na comunicação não poderiam ser anjos ou seres não-identificados, pois não há margem para isso no texto. Portanto, Deus Pai estava se comunicando com o Filho e o Espírito Santo quando da Criação do ser humano (cf. Jo 1.1-3, 10; Gn 1.2). Outros lugares do Antigo Testamento destacam a comunicação e a distinção entre as pessoas da Santíssima Trindade (Is 48.16; 61.1; 63.9,10; Zc 12.10). ► 1.2. Em o Novo Testamento. Se no Antigo Testamento a revelação sobre a San tíssima Trindade foi por intermédio de algumas luzes não muito claras, em o Novo Testamento essa revelação é muito maior. O apóstolo João inicia o seu Evangelho revelando a parceria do Deus Pai e do seu Filho, Jesus Cristo, no início de todas as coisas: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Apenas o trecho bíblico de u ...as Sagradas Escrituras dão testemunho do Deus Pai, de Jesus Cristo, o seu Filho, e do Espírito Santo. 55 João 1.1-14 bastaria para compreendermos a revelação trinitária de Deus. No entanto, o Novo Testamento é abundante nos destaques da revelação trinitária do Deus Uno (Mt 11.27; Fp 2.10; Jo 8.58; 10.30; Cl 1.17; Hb 1.8; Ap 3.14). ► 1.3. No ministério de Jesus Cristo. Para além dos textos do Antigo e do Novo Testa mento, uma maneira honesta e convincente de atestarmos a revelação trinitária do Deus Único é estudando o ministério terreno de Jesus. Em primeiro lugar, Jesus foi enviado ao mundo pelo Pai (Jo 3.16). Em segundo, quando iniciou o seu ministério, submeteu-se ao batismo no Rio Jor dão. Ali aconteceu a manifestação simultânea e incontestável das três Pessoas da Santíssima Trindade (Lc 3.21,22). O Filho foi ungido pelo Espírito Santo para anunciar as boas novas e o ano da graça de Deus (Lc 4.17-19). O minis tério terreno de Jesus revelou o Pai incriado, o Filho incriado e o Espírito Santo incriado. O Pai incomensurável, o Filho incomensurável e o Espírito Santo incomensurável. O Pai eterno, o Filho eterno e o Espírito Santo eterno. Portanto, “nós adoramos um Deus em Trindade, Trindade na Unidade; sem confundir as pessoas, sem dividir a Substância. Porque há uma Pessoa do Pai, outra do Filho, e outra do Espírito Santo. Mas a divindade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo é uma só: a glória igual, a majestade, coeterna”. Eis o mistério da fé! t AUXÍLIO HISTÓRICO E TEOLÓGICO 1 “Tertuliano, o ‘bispo pentecostal de Cartago’ (160 - c. de 230), fez contribuições de valor inestimável para o desenvolvimento da ortodoxia trinitária. Adolph von Harnack, por exemplo, insiste que foi Tertuliano que preparou o terreno para o desenvolvimento subsequente da doutrina trinitariana ortodoxa. A tarefa de Tertuliano foi criar um meio por onde fluíssem as implicações inerentes da teologia trinitariana na consciência da Igreja. Embora Tertuliano seja tido como o primeiro erudito a empregar o termo ‘Trindade’, não é correto dizer que ele ‘haja inventado’ a doutrina, mas, que ‘escavou’ na consciência da Igreja e retirou daí os pensamentos trini- tarianos inerentes que já estavam presentes. B. B. Warfield comenta: ‘Tertuliano tinha de... estabelecer a divindade verdadeira e com pleta de Jesus... sem criar dois deuses... E considerando o sucesso que conseguiu nesse aspecto, deve ser reconhecido como o pai da doutrina eclesiástica da Trindade’. Tertuliano torna explícito o conceito de uma ‘Trindade econômica’ (semelhante ao conceito de Irineu, mas com uma definição mais explícita). Enfatiza a unidade de Deus, ou seja: que existe uma só substância divina, um só poder
Compartilhar