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TITULOS DE CREDITO COMPLETO

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TÍTULOS DE CRÉDITO – ASPECTOS GERAIS 
 
 
1- CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS 
 
Segundo Cesare Vivante, título de crédito é o documento necessário ao exercício 
do direito literal e autônomo nele mencionado. Esse conceito foi o adotado pelo art. 887 
do CC. 
 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do 
direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito 
quando preencha os requisitos da lei. 
 
O que se deve ter em mente é que título de crédito é um documento que é 
necessário ao exercício do direito nele descrito (um crédito). 
 
Os termos grifados acima nos remetem aos três princípios informadores do regime 
cambial: a) cartularidade; b) literalidade e c) autonomia (serão detalhados mais à 
frente). 
 
As principais características dos títulos de crédito são: 
 
a) Documentos formais: precisam observar os requisitos essenciais previstos na 
legislação cambiária. 
 
b) Considerados BENS MÓVEIS. 
 
c) São títulos de apresentação: devem ser apresentados para que seja possível o 
exercício do direito nele documentado. 
 
d) São TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS: por configurarem uma 
obrigação líquida e certa (art. 585 CPC). 
 
Obs. Os títulos de crédito representam obrigações quesíveis (regra geral), de modo que 
se o credor quiser receber ele deve ir atrás do devedor. 
 
 O título de crédito é título de resgate, porque sua emissão pressupõe futuro 
pagamento em dinheiro que extinguirá a relação cambiária, e é também um título de 
circulação, uma vez que sua principal função é a circulabilidade do crédito. 
 
1.1 PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE 
 
Quando se afirma que título de crédito é documento necessário ao exercício do 
direito nele descrito, se quer dizer que sem o título (documento) não é possível o 
exercício do direito de crédito que ele representa. 
 
O título é imprescindível para a comprovação da existência do crédito e de sua 
exigibilidade. 
IMPORTANTE!!! “O direito de crédito não existe sem o documento, não se 
transmite sem a sua respectiva transferência e não pode ser exigido sem sua 
exibição”. 
 
#Em que consiste a afirmação: “títulos de crédito são documentos dispositivos”? 
Documentos dispositivos são aqueles que são imprescindíveis para o direito que eles 
representam. 
 
Decorrências do princípio da cartularidade: 
 
 A posse do título pelo devedor presume sua quitação. 
 Só é possível protestar o título apresentando-o. 
 Só é possível executar o título apresentando-o. 
 
Obs. A falta do título NÃO é suprível nem mesmo pela apresentação de cópia 
autenticada. 
 
1.1.1 Desmaterialização dos títulos de crédito 
 
É uma tendência atual que os títulos de crédito não mais se materializem em 
documentos (papéis). É o caso dos cartões de crédito e demais títulos magnéticos. Isso é 
previsto no art. 889, §3º do CC. 
 
Com a desmaterialização dos títulos de créditos (chamarei de TC daqui pra frente) 
o princípio da cartularidade deverá ser redimensionado, já que a tendência é não existirem 
(ou reduzir muito) os TC documentados em cártula. 
 
Obs. Por enquanto isso é só uma tendência e fica só para reflexão. 
 
1.2 PRINCÍPIO DA LITERALIDADE 
 
O TC vale pelo que nele está escrito. Quer dizer que quanto ao conteúdo, à 
extensão, e às modalidades do direito de crédito que representa, é decisivo 
exclusivamente o que consta do título. 
 
A literalidade é o princípio que assegura às partes a exata correspondência 
entre o teor do título e o direito que ele representa. 
 
#O que significa a expressão: “o princípio da literalidade age em duas direções, uma 
positiva e outra negativa.”? 
Direção positiva  o credor pode exigir tudo que está expresso na cártula. 
Direção negativa  o devedor só está obrigado a pagar o que está escrito na cártula, nada 
a mais. 
 
Por conta do princípio da literalidade, a quitação parcial, o aval, o endosso etc. 
devem ser feitos no próprio título, caso contrário, poderão ser contestados. 
 
INTERESSANTE!!! Um aval feito fora do TC (em um contrato, por exemplo) não 
vale como aval. Pode valer no máximo como fiança, que é instituto de direito civil e não 
goza das mesmas prerrogativas do aval. 
1.3 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA 
 
O TC configura documento constitutivo de direito novo, autônomo, 
originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. Quando um 
TC é emitido e colocado em circulação ele ganha vida própria. As relações jurídicas 
representadas num determinado TC são autônomas e independentes entre si. 
 
“O legítimo portador do título pode exercer seu direito de crédito sem 
depender das demais relações que o antecederam, estando completamente imunes 
aos defeitos que eventualmente as acometeram”. Em outras palavras, os eventuais 
vícios de uma relação jurídica da qual o TC fez parte não macula as outras. 
 
Ex. “Ricardo” compra 1kg de maconha com o traficante “Flávio” e paga com um cheque 
de 1 mil reais. “Flávio” pega o cheque e paga sua dívida com o advogado “Felipe”, que o 
livrara da cadeia anteriormente. Eventual vício do negócio jurídico entre Ricardo e Flávio 
não fulmina o TC que está com o Felipe. 
 
IMPORTANTE!!! Ter sempre em mente que o PRINCÍPIO DA AUTONOMIA é o 
princípio mais importante da relação jurídico cambial. Se não fosse o princípio da 
autonomia não haveria segurança nas relações cambiais e o TC perderia suas principais 
características, que são a negociabilidade e a circulabilidade, já que ninguém se sentiria 
seguro em transferir um TC, já que eventual vício anterior poderia fulminá-lo. 
 
Em virtude do princípio da autonomia, a pessoa que recebe um TC não precisa 
se preocupar em investigar a sua origem nem as relações que eventualmente o 
antecederam, uma vez que o vício de tais relações não contamina as relações futuras 
decorrentes da circulação do mesmo TC. 
 
1.3.1 Subprincípios da autonomia 
 
Decorrem da autonomia dois subprincípios: 
 
1) Abstração: diz que quando o TC circula, ele se desvincula da relação que lhe deu 
origem. A abstração indica a completa desvinculação do título em relação à causa que 
originou sua emissão. 
 
IMPORTANTE!!! Enquanto a relação cambial é travada entre os próprios sujeitos 
que participaram da relação que originou o TC, há uma vinculação entre essa 
relação e o título dela originado. Assim, é IMPORTANTE saber que A 
CIRCULAÇÃO DO TÍTULO É FUNDAMENTAL PARA QUE SE OPERE A 
ABSTRAÇÃO. 
 
Obs. O STJ entende que, prescrita a ação cambial, desaparece a abstração das relações 
jurídicas cambiais firmadas, devendo o beneficiário do título demonstrar, como causa de 
pedir na ação própria, o locupletamento ilícito, seja do emitente, do endossante ou do 
avalista. 
 
2) Inoponibilidade das exceções pessoais a terceiro de boa-fé: trata-se da manifestação 
processual do princípio da autonomia. Quer dizer que os vícios existentes na relação que 
originou o título não são oponíveis contra aquele que, em virtude da circulação, recebeu 
o TC legitimamente. Em outras palavras: o portador do TC não pode ser atingido por 
defesas relativas ao negócio do qual não participou. 
 
IMPORTANTE!!! Ao que adquiriu o título por má-fé podem ser opostas as exceções 
fundadas em vício das relações anteriores. Mas a boa fé do portador do título se presume. 
 
Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os 
portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao 
portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. 
 
2- CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
2.1 QUANTO À FORMA DE TRANSFERÊNCIA OU CIRCULAÇÃO 
 
Com base nesse critério os TC podem ser:a) Ao portador: é o título que se transfere pela simples tradição uma vez que neles a 
identificação do credor não é feita de forma expressa (art. 904 CC). A simples 
transferência do documento opera a transferência da titularidade do crédito. 
 
IMPORTANTE!!! O único caso de título ao portador entre os títulos de crédito próprios 
é o cheque que tem valor até o limite de 100 reais. 
 
b) Nominal: é aquele que identifica expressamente o seu titular (o credor). A 
transferência do crédito não depende da mera entrega do documento, sendo necessário a 
prática de ato formal. 
 
 Nominal À ORDEM: a transferência se dá por ENDOSSO. 
 Nominal NÃO À ORDEM: a transferência é por CESSÃO CIVIL. 
 
c) Nominativos: são aqueles emitidos em favor de determinada pessoa, cujo nome consta 
de registro específico mantido pelo emitente do título. Nesse caso, a transferência só se 
opera validamente mediante termo no referido registro (art. 921/922). 
 
 2.2 QUANTO AO MODELO 
 
Com base nesse critério os títulos de crédito podem ser: 
 
a) De modelo livre: quando a lei não estabelece uma padronização obrigatória. Ex. Letra 
de câmbio e nota promissória. 
 
b) De modelo vinculado: os que se submetem a uma rígida padronização estabelecida 
pela legislação cambiária. Ex. Cheque e duplicata. 
 
2.3 QUANTO À ESTRUTURA 
 
Segundo esse critério, os TC são: 
 
a) Ordem de pagamento: são aqueles que estabelecem três situações jurídicas 
distintas: 
 Sacador: aquele que dá a ordem de pagamento 
 Sacado: aquele que paga 
 Tomador/beneficiário: aquele que recebe 
 
Ex. Letra de câmbio, cheque e duplicata. 
 
Obs. Chama ordem de pagamento porque de fato contém uma ordem do sacador ao 
sacado, para que pague ao tomador. 
 
b) Promessa de pagamento: existem apenas duas situações jurídicas: 
 
 Sacador: paga (promete pagar) 
 Tomador/beneficiário: recebe 
 
Ex. Nota promissória (promissória = promessa de pagamento) 
 
2.4 QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO 
 
Segundo esse critério, os títulos de crédito são: 
 
a) Causal: aquele que somente pode ser emitido nas hipóteses restritas, previstas em lei. 
Ex. Duplicata (que somente pode ser emitida em compra e venda mercantil ou 
prestação de serviços). 
 
b) Abstrato: aqueles que podem ser emitidos em qualquer situação. Não há uma causa 
pré-estabelecida. Ex. Cheque. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO V 
SEGUNDA PARTE 
TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE 
 
 
3- LETRA DE CÂMBIO 
 
A letra de câmbio (chamarei de LC) se estrutura como uma ordem de pagamento. 
Como tal, dá origem a três situações jurídicas distintas: sacador, sacado e tomador. 
 
IMPORTANTE!!! Essas três situações jurídicas NÃO precisam, necessariamente, ser 
ocupadas por pessoas diferentes. 
 
Trata-se de um título formal, que deve ser emitida com o preenchimento de certos 
requisitos essenciais. 
 
Art. 1º A letra de câmbio é uma ordem de pagamento e deve conter 
requisitos, lançados, por extenso, no contexto: 
I. A denominação “letra de câmbio” ou a denominação equivalente 
na língua em que for emitida. 
II. A soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda. 
III. O nome da pessoa que deve pagá-la. Esta indicação pode ser 
inserida abaixo do contexto. 
IV. O nome da pessoa a quem deve ser paga. A letra pode ser ao 
portador e também pode ser emitida por ordem e conta de terceiro. O 
sacador pode designar-se como tomador. 
V. A assinatura do próprio punho do sacador ou do mandatário 
especial. A assinatura deve ser firmada abaixo do contexto. 
 
Art. 2º Não será letra de câmbio o escrito a que faltar qualquer dos 
requisitos acima enumerados. 
 
IMPORTANTE!!! Apesar disso, ressalta-se que a jurisprudência admite a emissão de 
LC - e de qualquer outro título de crédito – em branco ou incompleto. 
 
Nesse sentido: 
 
Súmula 387 do STF - A cambial emitida ou aceita com omissões ou 
em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da 
cobrança ou do protesto. 
 
Obs. Não se admite que o cumprimento da obrigação mencionada na letra fique sujeito a 
implementação de qualquer condição, suspensiva ou resolutiva. 
 
 Considera-se implícita na LC a cláusula a ordem, que admite a sua circulação 
por meio de endosso. Nada impede, todavia, que se mencione, expressamente, a 
cláusula não a ordem (circulação por cessão civil). 
 
3.1 ACEITE DA LETRA DE CÂMBIO 
 
Uma vez emitida a LC ela será entregue ao tomador/beneficiário. O tomador, 
então, pega a LC e vai com ela até o sacado (quem deve pagar) para que ele aceite. 
O aceite deve ser dado no próprio título (princípio da literalidade) através da 
expressão “aceito” ou “aceitamos” e a assinatura do sacado. 
 
IMPORTANTE!!! Em princípio o sacado não tem obrigação cambial alguma. Ele não é 
obrigado a cumprir a ordem de pagamento. É justamente o aceito que torna o sacado 
vinculado à obrigação cambial, na qualidade de devedor principal. É pelo aceite que o 
sacado se vincula. 
 
IMPORTANTÍSSIMO!!! O aceite é facultativo. Mas, uma vez aceito, o sacado não 
pode voltar atrás (irretratável). 
 
Sendo uma faculdade, o sacado pode simplesmente recusar o aceite, sem a 
necessidade de se justificar. 
 
a) Efeitos da recusa ao aceite: 
 
Caso o sacado recuse dar o aceite, haverá o vencimento antecipado do título, 
podendo o tomador exigir o seu adimplemento desde logo do sacador (que é co-
devedor). 
 
b) Aceite parcial: 
 
O sacado pode aceitar a LC apenas parcialmente. Com o aceite parcial haverá, 
por óbvio, recusa parcial. Os efeitos dessa recusa parcial são os mesmos da recusa 
total, ou seja, haverá o vencimento antecipado do título, podendo o tomador cobrar a 
totalidade da dívida contra o sacador. A única diferença é que no aceite parcial o sacado 
assume obrigação cambial em relação ao montante que foi aceito (art. 26 LU). 
 
Há duas espécies de aceite parcial: 
 
I) Aceite limitativo: o sacado aceita apenas parte do valor do título. 
II) Aceite modificativo: o sacado altera alguma condição de pagamento, como por 
exemplo, o seu vencimento. 
 
IMPORTANTE!!! Existe uma forma de o sacador se prevenir contra o vencimento 
antecipado do título. Ele pode estabelecer uma cláusula não-aceitável, que impõe ao 
tomador a obrigação de somente procurar o sacado após o vencimento. 
 
Obs. Existe uma variante da cláusula não-aceitável. O sacado, ao invés de uma cláusula 
não aceitável propriamente dita, pode estabelecer alguma outra data certa (mesmo antes 
do vencimento, diferente da cláusula não aceitável, que só pode ser levada após o 
vencimento) antes da qual a LC não poderá ser levada para o aceite. 
 
Obs. Não é admissível cláusula não aceitável em LC a certo termo da vista, porque 
nestas o prazo de vencimento somente se inicia com o aceito. 
 
3.2 VENCIMENTO DA LC 
 
Emitida a LC e realizado o aceite, ela se torna exigível com o seu vencimento. 
Segundo esse critério (vencimento) a LC pode ser: 
 
a) Letra com dia certo: vence em data pré-estabelecida pelo sacador. 
b) Letra à vista: vence no dia da apresentação ao sacado (para o aceite). 
c) Letra a certo termo de vista: vence após um determinado prazo, estipulado pelo 
sacador, que começa a correr a partir da vista (aceite) do título. 
d) Letra a certo termo de data: vence após um determinado prazo estipulado pelo 
sacador, que começa a correr da emissão (saque) do título. 
 
3.3 PRAZO DE APRESENTAÇÃO E PAGAMENTO DA LC 
 
Na LC a certo termo da vista, o tomador deve apresentá-la para aceite no prazo 
estabelecido no título ou, caso não tenha sido estabelecido prazoalgum, dentro de um 
ano, contado da emissão do TC. 
 
Na LC à vista, o tomador não precisa necessariamente levá-la para aceite do 
sacado, podendo optar por apresentá-la diretamente para pagamento, o que deve ser feito 
em um ano a partir da emissão. 
 
Ao receber a LC para o aceite, o sacado não pode retê-la, devendo devolvê-la 
imediatamente ao tomador. 
 
Obs. Prazo de respiro. O sacado tem a faculdade de requerer ao tomador que lhe 
apresente a LC no dia seguinte (24h depois), para ai então decidir sobre o aceito (é um 
prazo para o sacado pensar melhor). 
 
4- NOTA PROMISSÓRIA 
 
A nota promissória (NP, a partir de agora) configura uma promessa de 
pagamento, e, como tal, dá origem a apenas duas situações jurídicas: sacador e 
tomador. 
 
4.1 SAQUE 
 
Trata-se de um título formal, que deve observar os requisitos do art. 75 da Lei 
Uniforme para sua emissão. 
 
Prestar especial atenção para as seguintes observações: 
 
 A NP pode ser emitida em branco ou incompleta (súmula 387 do STF). 
 
 Como título de crédito que é, a NP possui implícita a cláusula à ordem 
(transmissão por endosso); a cláusula não à ordem (transmissão por cessão civil) 
deve vir expressa. 
 
 É exigida a identificação do tomador, o que impede, ao menos em tese, a 
emissão de NP ao portador. 
 
 A promessa de pagamento contida na NP deve ser INCONDICIONAL, não se 
sujeitando a qualquer condição suspensiva ou resolutiva (assim como a LC). 
 
 Se não existir menção à época do pagamento, a NP será à vista. 
 
 A NP, como promessa de pagamento NÃO SE SUBMETE AO ACEITE. 
Assim, seria lógico pensar que as NP só poderiam ser à vista, com dia certo ou a 
certo termo de data, já que à certo termo da vista depende do aceite para 
iniciar o prazo. Ocorre que a lei uniforme (art. 78) previu a possibilidade de NP 
a certo termo da vista, caso em que o título deve ser levado ao visto do próprio 
sacador. 
 
4.2 A NOTA PROMISSÓRIA E OS CONTRATOS BANCÁRIOS 
 
Inicialmente, que fique claro o seguinte: sempre que a NP for emitida com 
vinculação a determinado contrato, tal fato deve constar expressamente do título 
(princípio da literalidade). 
 
Estando vinculada a determinado contrato fica, de certa forma, 
descaracterizada a abstração do título, já que o terceiro que recebeu via endosso tem 
conhecimento da relação que lhe deu origem e, portanto, está ciente de que contra ele 
poderão ser opostas exceções ligadas ao referido contrato (exceção ao princípio da 
abstração). 
 
Apesar de estar vinculada a um determinado contrato e de perder, de certa forma, 
a sua abstração, a NP não fica descaracterizada como título de crédito e não perde a sua 
executoriedade (continua a ser título executivo). 
 
Para o STJ, o simples fato de a NP estar ligada a um contrato de mútuo não a 
descaracteriza como título executivo, isto é, ela não perde a sua executoriedade. 
 
IMPORTANTE!!! Perderá a executoridade se o contrato a que está ligada 
descaracterizar a sua liquidez. Justamente isso, ocorre com as NP atreladas a contrato 
de abertura de crédito bancário. É que esse contrato, segundo o STJ, torna o título 
ilíquido (não podendo ser executado por isso). 
 
A história desse entendimento é a seguinte: durante muito tempo os bancos 
tentaram fazer com que o contrato de abertura de crédito (cheque especial) fosse tido 
como título executivo. Entretanto, essa expectativa foi frustrada pelo STJ. 
 
Súmula 233 do STJ - O contrato de abertura de crédito, ainda que 
acompanhado de extrato da conta corrente, não é título executivo. 
 
Assim, os bancos tiveram a brilhante ideia de vincular os contratos de abertura de 
crédito a um título executivo, justamente a NP. Ocorre que, mais uma vez a ideia não 
vingou, tendo o STJ firmado os seguintes posicionamentos: 
 
 A NP vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em 
razão da iliquidez do título que a originou. 
 
 A iliquidez do contrato de abertura de crédito é transmitida à NP vinculada, 
contaminando-a. 
 
IMPORTANTE!!! CLÁUSULA-MANDATO. 
 
STJ Súmula nº 60 - É NULA a obrigação cambial assumida por 
procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse 
deste. 
 
 Era uma cláusula que constituía a própria instituição financeira como 
procuradora do cliente contratante. Assim, em caso de inadimplemento da obrigação 
contratual, o banco ou a sua coligada, emitia um título de crédito (nota promissória) em 
seu próprio favor, no valor da dívida, na condição de mandatário do cliente devedor. 
 
 A nulidade da cláusula-mandato decorreu basicamente do CDC, que prevê que 
são nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que “imponham representante 
para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor”. 
 
5- CHEQUE 
 
Trata-se de uma ordem da pagamento à vista. Como ordem de pagamento temos 
três figuras: sacador (correntista); sacado (banco) e tomador (credor). 
 
Trata-se de um título formal (de modelo vinculado), devendo ser seguido os 
padrões estabelecidos pelo banco central. 
 
A lei do cheque é a lei nº 7.357/85. 
 
5.1 EMISSÃO E FORMALIDADES 
 
É o art. 1º da lei do cheque que estabelece seus requisitos essenciais (trata-se, 
como visto, de um título formal). 
 
Art . 1º O cheque contêm: 
I - a denominação “cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa 
na língua em que este é redigido. 
II - a ordem INCONDICIONAL de pagar quantia determinada (assim 
como a LC e a NP); 
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar 
(sacado); 
IV - a indicação do lugar de pagamento; 
V - a indicação da data e do lugar de emissão; 
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com 
poderes especiais. 
Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário 
com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação 
específica, por chancela mecânica ou processo equivalente. 
 
A ordem de pagamento constante do cheque deve indicar de forma precisa o valor 
a ser pago pelo sacado ao tomador. Essa indicação deve ser feita em algarismos e também 
por extenso. 
 
Obs. Existindo divergência prevalece o valor escrito por extenso (art. 12 – considerando 
que é mais difícil errar por extenso). 
 
Sendo uma ordem de pagamento à vista, a data do saque deveria ser sempre aquela 
em que o TC está sendo emitido. 
 
IMPORTANTE!!! Outra informação importante que deve constar do cheque é o local 
de sua emissão. O local de emissão é onde o sacador se encontra no momento em que 
preenche o cheque. 
 
Obs. É o local da emissão que vai indicar o prazo de apresentação do cheque ao banco 
sacado. 
 
 É de fundamental importância a assinatura do emitente, que será conferida pelo 
estabelecimento bancário antes de efetuar o pagamento. 
 
5.2 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DO CHEQUE 
 
IMPORTANTE!!! Em princípio, não há limite de endossos no título de crédito. No 
cheque essa regra era diferente, uma vez que a legislação que instituiu a CPMF no Brasil 
previa a possibilidade de um único endosso nesse título de crédito. No entanto, com a 
extinção desse tributo, a vedação deixou de existir, e hoje o cheque, assim como os 
demais títulos de crédito não tem limite de número de endossos que nele podem ser 
feitos. 
 
O banco (sacado) tem a obrigação legal de verificar a regularidade da cadeia de 
endossos (art. 39). Não tem o dever, porém, de verificar a autenticidade das 
assinaturas. A única assinatura que o banco tem condições de conferir é a do sacador, 
que é correntista. 
 
Para o STJ, o banco que recebe o cheque endossado estáobrigado a verificar a 
regularidade da série de endossos, ai incluídos, a legitimidade dos endossantes. 
 
O banco responde pelo pagamento do cheque falso, falsificado ou alterado, 
salvo no caso de haver dolo ou culpa por parte do correntista, do endossante ou do 
beneficiário. 
 
Lembrar!!! O cheque emitido até no valor de 100 reais pode ser ao portador. Mais 
do que esse valor será TC nominal (esse é o único caso de título ao portador no Brasil). 
 
Outra característica especial do cheque é a autonomia relativa. A submissão do 
cheque ao princípio da autonomia não deve ser entendida de forma absoluta, permitindo-
se, em situações excepcionais, que o devedor discuta a causa debendi. 
 
Para o STJ, a autonomia e independência do cheque em relação à relação jurídica 
que o originou é presumida, porém não absoluta, sendo possível a investigação da 
causa debendi e o afastamento da cobrança quando verificado que a cobrança 
subjacente claramente se ressente de embasamento legal. 
 
IMPORTANTE!!! Para o STJ, se o cheque foi dado em garantia, deve ser admitida 
a investigação da causa debendi. 
 
Como título de crédito que é, o cheque traz implícita a cláusula à ordem, sendo 
permitida a circulação via endosso. Nada impede a previsão expressa de cláusula não à 
ordem (circulação por cessão civil). 
 
5.3 CHEQUE PRÉ-DATADO 
 
Segundo a letra da lei o cheque sempre é uma ordem de pagamento à vista, 
considerando-se não escrita qualquer menção em sentido oposto (art. 32 da lei do 
cheque). Sendo assim, havendo saldo, um cheque pré-datado pode ser descontado ou 
devolvido, conforme o emitente possua ou não fundos para seu pagamento. 
 
Sob a ótica do direito cambiário, a única consequência do cheque pré-datado (na 
verdade pós-datado) é a ampliação do prazo de apresentação (pois, para esse fim, 
considera-se que ele foi emitido naquela data). 
 
IMPORTANTE!!! Embora o banco não tenha responsabilidade alguma, o mesmo 
não se pode dizer quanto aquele que apresentou o cheque para pagamento 
extemporaneamente. Quando é emitido um cheque pré-datado em favor de alguém resta 
claro que houve um acordo entre as partes e, caso o tomador apresente o cheque ao sacado 
antes da data aprazada, haverá quebra do acordo, o que gerará responsabilização sob a 
órbita civil. Nesse sentido: 
 
Súmula 370 do STJ - caracteriza DANO MORAL a apresentação 
antecipada de cheque pré-datado. 
 
5.4 MODALIDADES DE CHEQUE 
 
I) Cheque cruzado: 
 
Cruzar um cheque significa colocar dois traços paralelos transversais, na frente do 
título. O objetivo é conferir segurança à liquidação de cheques ao portador. Ao ser feito 
o cruzamento o cheque só pode ser pago a um banco ou a um cliente do banco, 
mediante crédito em conta, impedindo o desconto do cheque na boca do caixa. 
 
O cruzamento pode ser em preto ou em branco. No cruzamento em branco 
apenas são apostos os traços (podendo conter a expressão “banco” entre eles). No 
cruzamento em preto, entre os traços é mencionado um banco específico, o que faz com 
que o cheque somente possa ser pago ao banco identificado ou a um cliente desse banco. 
 
II) Cheque visado: 
 
Aquele em que o banco (sacado) confirma, mediante assinatura no verso do título, 
que existem fundos suficientes para a quitação. Somente pode receber o visto do banco o 
cheque nominativo que ainda não esteja endossado. 
 
Pelo visto, o banco garante que o cheque tem fundo e assegura o seu pagamento 
durante o prazo de apresentação. 
 
Obs. Não se confunde com o aceite, vez que não implica em nenhuma assunção de 
obrigação cambial pelo banco, nem exonera o emitente nem eventuais co-devedores da 
responsabilidade pelo seu pagamento. 
 
III) Cheque administrativo: 
 
Emitido por um banco contra ele mesmo. O banco é ao mesmo tempo emitente e 
sacado. Deve ser necessariamente nominal. 
 
IV) Cheque para ser creditado em conta: 
 
Aquele que o sacado não pode pagar em dinheiro, por expressa proibição colocada 
na frente do título (escreve no cheque: “para ser creditado em conta”) ou mediante a 
colocação do número da conta do beneficiário entre os traços do cheque cruzado. 
 
5.5 SUSTAÇÃO DO CHEQUE 
 
O cheque pode ser sustado pelo emitente em duas situações: a do art. 35 
(revogação ou contra-ordem) e a do art. 36 (oposição) da lei do cheque. 
 
Art . 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê 
de contra-ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou 
extrajudicial, com as razões motivadoras do ato. 
Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito 
depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, 
pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, 
nos termos do art. 59 desta Lei. 
 
Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o 
portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao 
sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito. 
§ 1º A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem 
reciprocamente. 
§ 2º NÃO CABE AO SACADO JULGAR DA RELEVÂNCIA DA 
RAZÃO INVOCADA PELO OPONENTE. 
 
A contra-ordem deve ser dada por aviso epistolar (carta) ou pela via judicial ou 
extrajudicial. Deve vir com as razões da contra-ordem. Só produz efeitos depois de 
expirado o prazo de apresentação. 
 
Mesmo durante o prazo de apresentação o sacador pode sustar o cheque se 
fundado em relevante razão de direito (oposição). 
 
IMPORTANTE!!! A própria lei do cheque dispõe que não cabe ao banco analisar o 
que é relevante razão de direito para proceder à sustação. Assim, é totalmente 
descabida a exigência feita na prática pelos bancos de apresentação de B.O. 
 
IMPORTANTE!!! Cabe ao eventual prejudicado (beneficiário) buscar a 
responsabilização do sacador quando houver abuso de direito da parte dele (em certos 
casos, pode ser até que fique configurado o crime de estelionato). 
 
Obs. O CHEQUE PRÉ-DATADO É MERA GARANTIA DE DÍVIDA, não sendo 
considerado título de crédito. Por isso, fica afastada a responsabilização penal do 
emitente do cheque sustado por estelionato. 
 
5.6 PRAZO DE APRESENTAÇÃO 
 
 60 dias (da data da emissão) -------------> fora da praça. 
 
 30 dias (da data da emissão) -------------> na praça. 
 
Esse prazo é o prazo no qual o emitente deve levar o cheque para pagamento 
junto à instituição financeira sacada. 
 
IMPORTANTE!!! Esse prazo se destina a assegurar o direito de execução contra os 
co-devedores do título (art. 47, II). Assim, se o portador do título perde o prazo de 
apresentação, ele perde também o direito de executar os codevedores, p.ex., o 
endossante, mas continua podendo executar o emitente durante o prazo de 
prescrição. Ver súmula 600 do STF: 
 
Súmula 600 do STF: Cabe ação executiva contra o emitente do cheque 
e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no 
prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária. 
 
Resumindo!!! O fim do prazo de apresentação não impede que o cheque seja levado 
ao banco sacado para ser descontado, uma vez que somente depois de transcorrido 
o prazo prescricional é que o banco não poderá mais receber nem processar o título. 
 
Obs. Se o cheque for pré-datado, o prazo de apresentação será esticado, pois se 
considerará emitido o cheque na data que consta no mesmo (Polêmico). 
 
Obs. Há um caso excepcional, apenas, em que a perda do prazo de apresentação gera, 
inclusive, a perda do direito de executar o próprio emitente, e não apenas o codevedor. 
Trata-se da hipótese em que o emitente prova que tinha fundos suficientes durante 
o prazo deapresentação, mas deixou de tê-los por motivos alheios a sua vontade. 
 
Art. 47 § 3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, 
ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma indicada neste 
artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha 
fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de 
ter, em razão de fato que não lhe seja imputável. 
 
5.7 PRESCRIÇÃO DO CHEQUE 
 
O cheque possui executividade, ou seja, é um título executivo extrajudicial. 
 
IMPORTANTE!!! O PRAZO DE PRESCRIÇÃO dessa ação para executar o cheque 
é de SEIS MESES, contados do fim do prazo de apresentação (que é de 30 ou 60 
dias). 
 
Obs. Não é correto falar que o prazo de prescrição é de sete ou oito meses, pois prazo de 
apresentação e prazo de prescrição são coisas diferentes. 
 
ATENÇÃO!!! O prazo não se inicia com a emissão do cheque, mas sim com o FIM DO 
PRAZO DE APRESENTAÇÃO. 
 
IMPORTANTE!!! No caso de cheque pré-datado apresentado ao banco antes de chegar 
na data escrita no cheque, considera-se iniciada a data de apresentação no dia em que 
o cheque foi levado ao banco. Ex. No dia 02/02 emito um cheque pré-datado com data 
de 02/04. No dia 02/03 o portador apresenta o cheque ao banco. Nesse caso, considera-se 
iniciado o prazo de apresentação no dia 02/03. 
 
IMPORTANTÍSSIMO!!! STJ informativo 483. 
 
CHEQUE PÓS-DATADO. INÍCIO DO PRAZO 
PRESCRICIONAL. 
A emissão de cheques pós-datados, ainda que seja prática 
costumeira, não encontra previsão legal, pois admitir que 
do acordo extracartular decorra a dilação do prazo 
prescricional importaria na alteração da natureza do cheque 
como ordem de pagamento à vista e na infringência do art. 
192 do CC (Os prazos de prescrição não podem ser 
alterados por acordo das partes), além de violação dos 
princípios da literalidade e abstração - assim, para a 
contagem do prazo prescricional de cheque pós-datado, 
prevalece a data nele regularmente consignada, ou seja, 
aquela oposta no espaço reservado para a data de 
emissão. 
 
5.8 COBRANÇA DE CHEQUE PRESCRITO 
 
O cheque prescrito não pode mais ser executado (perde a eficácia de título 
executivo). 
 
Apesar disso, ainda é possível a ação de enriquecimento ilícito (também 
chamada de ação de locupletamento), prevista no art. 61. 
 
Art. 61 A AÇÃO DE ENRIQUECIMENTO contra o emitente ou outros 
obrigados, que se locupletaram injustamente com o não-pagamento 
do cheque, PRESCREVE EM 2 (DOIS) ANOS, contados do dia em que 
se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei. 
 
Essa ação prescreve em DOIS ANOS a partir do término do prazo 
prescricional do cheque. 
 
IMPORTANTE!!! Trata-se de uma ação cambial (tanto que é prevista na lei do cheque). 
Dessa forma, não perde as características de um título de crédito, como a autonomia e a 
impossibilidade de opor exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. Seguirá, contudo, o rito 
ordinário de uma ação de conhecimento, vez que já não é mais um título executivo. 
 
Mesmo ultrapassado o prazo da ação de locupletamento, o cheque ainda pode 
ser cobrado, desde que comprovado o seu não-pagamento, mediante ação de 
cobrança. Nesse caso, perde as qualidades de título de crédito e o credor deve provar a 
relação causal que originou o título (não se trata de uma ação cambiária). 
 
O STJ é pacífico quanto ao cabimento de ação monitória para cobrar cheque 
prescrito. Nesse caso, o STJ entende que o prazo prescricional da ação monitória é de 
cinco anos. 
 
Lembrar!!! O prazo de prescrição do cheque começa a contar a partir do fim do prazo 
de apresentação. Já o prazo de prescrição da ação de enriquecimento ilícito começa a 
contar a partir do término do prazo prescricional do cheque. 
 
6- DUPLICATA 
 
A característica marcante da duplicata, que a difere da letra de câmbio é a 
sistemática do aceite obrigatório (por isso que a duplicata deu certo no Brasil). 
 
Tem por regência a Lei da duplicata 5474/68. 
 
6.1 CAUSALIDADE DA DUPLICATA 
 
A duplicata é um TÍTULO CAUSAL, isso quer dizer que somente poderá ser 
emitido em determinadas circunstâncias preestabelecidas. São elas: 
 
I – COMPRA E VENDA MERCANTIL 
II – contrato de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 
 
Nenhum outro negócio jurídico pode gerar duplicata. 
 
Obs. O STJ entende que é NULA a duplicata emitida em razão de contrato de leasing 
(título causal). 
 
IMPORTANTE!!! A causalidade atenua um pouco a abstração, mas não a aniquila. Falei 
que atenua porque o título guarda uma certa relação com o evento que lhe deu origem. 
Falei que não aniquila porque uma vez ocorrido o aceite, a duplicata pode circular 
independente do evento. Ou seja, a causalidade é só no começo, em relação ao NJ 
originário. 
 
6.2 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS 
 
Trata-se de um título de crédito formal (de modelo vinculado) (art. 2º). 
 
Art . 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma 
duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida 
qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do 
vendedor pela importância faturada ao comprador. 
§ 1º A duplicata conterá: 
I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de 
ordem; 
II - o número da fatura; 
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à 
vista; 
IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; 
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; 
VI - a praça de pagamento; 
VII - a cláusula à ordem; 
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação 
de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial; 
IX - a assinatura do emitente. 
§ 2º UMA SÓ DUPLICATA NÃO PODE CORRESPONDER A 
MAIS DE UMA FATURA. 
 
Obs. Art. 2º § 2º, Uma só duplicata NÃO pode corresponder a mais de uma fatura. 
 
O regime jurídico da duplicata não admite a extração de duplicatas com 
vencimento a certo termo de vista nem a certo termo de data. A DUPLICATA SÓ 
PODE SER EMITIDA COM DIA CERTO OU A VISTA. 
 
A duplicata é emitida pelo vendedor ou prestador do serviço (sacador). Uma vez 
emitida, deve ser encaminhada ao sacado (comprador) para que ele pague ou aceite e 
devolva, caso seja duplicata à prazo. 
 
Observe que a duplicata é uma ORDEM DE PAGAMENTO, onde o 
vendedor/prestador do serviço é, ao mesmo tempo, sacador e beneficiário. 
 
O grande diferencial da duplicata é o aceite obrigatório. Ou seja, emitido o 
título com base na fatura ou nota fiscal que documenta a venda, o devedor é obrigado a 
aceitá-la. Ainda que não aceite expressamente, será obrigado ao pagamento. 
 
IMPORTANTE!!! Aceite obrigatório não quer dizer aceite irrecusável. A recusa, 
contudo, deve ser com base em justificativa plausível, tal como: 
 
 Não recebimento das mercadorias; 
 Defeitos no produto; 
 Entrega fora do prazo. 
 
6.3 SISTEMÁTICA DE EMISSÃO, ACEITE E COBRANÇA DA DUPLICATA 
 
A duplicata é um TC emitido pelo próprio credor (sacador e beneficiário) 
(vendedor ou prestador do serviço). 
 
Obs. A duplicata não é o único título que pode ser emitido para documentar uma compra 
e venda. Essa regra acima, apenas exclui a possibilidade de se emitir letra de câmbio, 
mas é plenamente possível a emissão de nota promissória ou cheque. 
 
Uma vez emitida, a duplicata deve ser enviada para o devedor (comprador) para 
que este a aceite e a devolva, quando não for à vista. 
 
Obs. Caso recuse o aceite (possibilidades listadas acima), deve justificar. 
 
Considerando que o aceite, no regime da duplicata, é obrigatório, o devedor se 
obriga independentemente de aceitá-la expressamente (só seexime se justificar a recusa). 
Por isso se diz que, na duplicata, o aceite pode ser expresso ou presumido. 
 
 Aceite expresso: o devedor expressamente dá o aceite no próprio título. Nesse 
caso, a duplicata se aperfeiçoa como TC sem maiores formalidades. 
 
 Aceite presumido: apesar de não haver o aceite expresso, o simples fato de o 
devedor (comprador) ter recebido as mercadorias sem recusa formal já caracteriza 
o aceite do título. Tal espécie de aceite se prova pela mera demonstração do 
recebimento das mercadorias. 
 
IMPORTANTE!!! A diferença entre as duas espécies de aceite é que com o aceite 
expresso a duplicata pode ser executada sem a exigência de maiores formalidades, basta 
a apresentação da mesma. Para executar uma duplicata com aceite presumido, é 
necessário o PROTESTO (mesmo que a execução se dirija contra o devedor principal) 
E (requisitos cumulativos) que se COMPROVE A ENTREGA DAS 
MERCADORIAS OU DA EFETIVA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. 
 
Art 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de 
conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos 
extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil, 
quando se tratar: 
I - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; 
II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, 
CUMULATIVAMENTE: 
a) haja sido protestada; 
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da 
entrega e recebimento da mercadoria; e 
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, 
nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei. 
 
IMPORTANTE!!! Para o STJ, somente é necessária a comprovação do recebimento 
das mercadorias ou da efetiva prestação de serviço se a duplicata é executada em 
face do devedor principal (comprador); se o sacador (vendedor ou prestador do 
serviço) endossou a duplicata e a passou para terceiros, e a execução se volta contra ele 
(vendedor – pelo terceiro), é desnecessária a comprovação da prestação do serviço ou 
entrega das mercadorias. 
 
O STJ entende que o endossatário (quem recebe por endosso) de duplicata sem 
aceite, desacompanhada de prova da entrega da mercadoria, não pode executá-la contra 
o sacado (comprador originário das mercadorias), mas pode executar contra o endossante 
e eventuais avalistas. 
 
No caso de duplicata sem aceite, caso não se consiga provar de modo cabal a 
entrega das mercadorias ou a prestação do serviço, é possível, ainda, o ajuizamento de 
ação monitória. 
 Protesto 
 
O protesto da duplicata por ser de três tipos: 
 
(i) Por falta de aceite; 
(ii) Por falta de devolução; 
(iii) Por falta de pagamento. 
 
IMPORTANTE!!! Caso o sujeito não proteste (prazo de 30 dias), perderá o direito 
de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas. 
 
Obs. A praça de pagamento que consta no título, além de ser o local onde deverá ser 
feito o protesto, é também o foro competente para a ação de execução. 
 
IMPORTANTE!!! Protesto por indicação. É feito na hipótese de protesto por falta de 
devolução. Veja bem: quando não há devolução da duplicata, o credor (que é o vendedor, 
ao mesmo tempo sacador e beneficiário) não está na posse do título. Assim, deve fazer o 
protesto sem ele, mediante a indicação (daí o nome) das referências deste, retiradas da 
fatura e do Livro de Registro de Duplicatas. 
 
Obs. Trata-se de uma importante exceção ao princípio da cartularidade, onde se 
admite o protesto e a execução de título sem a sua apresentação. 
 
Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou 
pagamento. 
§ 1º Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto 
será tirado, conforme o caso, mediante apresentação da duplicata, da 
triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na falta de 
devolução do título. 
§ 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por 
falta de aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto 
por falta de pagamento. 
§ 3º O protesto será tirado na praça de pagamento constante do título. 
§ 4º O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma 
regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado da data de seu 
vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e 
respectivos avalistas. 
 
 Prescrição 
 
A execução da duplicata prescreve: 
 
a) Em TRÊS anos, contra o devedor principal e seus avalistas; 
b) Em UM ano, contra os co-devedores e seus avalistas. 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO V 
TERCEIRA PARTE 
ATOS CAMBIÁRIOS 
 
 
1- ENDOSSO 
 
É o ato cambiário que põe o TC em circulação. Através do endosso o 
endossante transfere seu direito de receber o crédito que está documentado no TC ao 
endossatário. 
 
 Os títulos de crédito próprios circulam mediante endosso porque todos eles 
possuem implícita a cláusula “a ordem”. Somente quando estiver explícito num título de 
crédito a cláusula “não a ordem” é que ele não poderá circular por endosso, e sim por 
mera cessão civil de crédito. 
 
a) Efeitos do endosso: 
 
O endosso possui dois efeitos (IMPORTANTE!!!) 
 
I) Transfere a titularidade do crédito; 
II) RESPONSABILIZA O ENDOSSANTE, passando este a ser 
CODEVEDOR do título (se o devedor principal não pagar pode-se cobrar do 
endossante). 
 
Obs. Se o devedor principal de um TC não paga, o credor pode voltar-se contra o 
endossante, desde que devidamente protestado o TC. 
 
IMPORTANTE!!! O art. 914 do CC tem disposição contrária, que diz que o endossante 
não responde pela insolvência do devedor principal, salvo disposição expressa em sentido 
oposto. Esse artigo do CC, todavia, não se aplica aos TC próprios, para os quais há 
legislação específica. 
 
Obs. Observar sempre o enunciado da questão. Quando a questão se referir ao CC, 
deve-se entender que o endossante não responde pela insolvência do devedor principal. 
 
IMPORTANTE!!! O endosso pode conter a chamada cláusula sem garantia. Por esta 
cláusula o endossante fica livre de responsabilidade. Ou seja, o endossante não será co-
devedor. 
 
#Em que lugar deve ser feito o endosso? 
O endosso deve ser feito no verso do título, bastando a assinatura do endossante. Se for 
feito na frente, além da assinatura deve ter menção expressa de que se trata de endosso. 
 
PROIBIDO!!! É PROIBIDO O ENDOSSO PARCIAL ou limitado a certo valor, 
bem como o endosso subordinado a alguma condição (caso em que a condição, se 
tiver, considera-se não escrita). OU SEJA, O ENDOSSO É SÓ O TOTAL E 
INCONDICIONAL. 
 
Obs. Em princípio não há limites quanto ao número de endossos; podem ser infinitos, 
mesmo em relação ao cheque, já que a legislação tributaria aplicável a CPMF foi 
revogada. 
 
1.1 ENDOSSO EM BRANCO E ENDOSSO EM PRETO 
 
a) Endosso em branco: é aquele que não indica o beneficiário, tornando o TC um TC ao 
portador. 
 
Obs. Ao receber o TC com endosso em branco, o beneficiário pode: 
 
(1) Transformar o endosso em branco em endosso em preto, colocando seu 
nome (ou de terceiro) como beneficiário. 
(2) Endossar novamente o TC, em branco ou em preto. 
(3) Transferir o TC sem novo endosso, pela simples tradição (já que é ao 
portador). 
 
Obs. Se fizer novo endosso, passa a integrar a cadeia de co-devedores (situação nº 2). Se 
não fizer novo endosso, não se torna co-devedor (situação nº 3). 
 
b) Endosso em preto: identifica expressamente a quem está sendo transferida a 
titularidade do crédito. Só pode circular novamente através de um novo endosso. Assim, 
o endossatário, ao recolocar o TC novamente em circulação, por um novo endosso, passa 
aser, necessariamente, um codevedor. 
 
1.2 ENDOSSO IMPRÓPRIO 
 
IMPORTANTÍSSIMO!!! Chama-se ENDOSSO IMPRÓPRIO porque NÃO 
TRANSFERE A TITULARIDADE DO CRÉDITO, servindo para legitimar apenas 
a POSSE DE UM TERCEIRO sobre o TC, permitindo que este exerça os direitos 
representados na cártula. 
 
Existem duas modalidades de endosso impróprio: (1) o ENDOSSO-
MANDATO e (2) o ENDOSSO-CAUÇÃO. 
 
 Endosso-mandato: art. 18 da lei uniforme e art. 917 do CC. Por meio dele 
o endossante transfere poderes ao endossatário, que poderá cobrá-lo; 
protestá-lo; executá-lo e etc. Para fazer endosso-mandato, junto ao 
endosso devem vir as expressões “para cobrança”; “valor a cobrar” ou “por 
procuração”. 
 
Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, 
confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, 
salvo restrição expressamente estatuída. 
§ 1o O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente 
o título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que 
recebeu. 
§ 2o Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não 
perde eficácia o endosso-mandato. 
§ 3o Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente 
as exceções que tiver contra o endossante. 
 
Obs. Responsabilidade dos bancos no endosso mandato. Os bancos como mandatários, 
decorrente do endosso mandato, só respondem por eventuais danos causados ao devedor 
do título se for comprovada a sua atuação culposa. 
 
 Endosso-caução: art. 19 da LU e art. 918 do CC. Por meio dele o 
endossante transmite o título como forma de garantia de uma dívida 
contraída perante o endossatário. Faz-se o endosso-caução pelas 
expressões “valor em garantia”, “valor em penhor” ou outra equivalente. 
Com o endosso-caução só se transmite a posse do TC ao endossatário, mas 
não a titularidade. O endossatário só adquire a titularidade do TC se o 
endossante não honrar com a dívida original. 
 
Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, 
confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título. 
§ 1o O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o 
título na qualidade de procurador. 
§ 2o Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as 
exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele tiver agido de 
má-fé. 
 
Obs. É igualzinho a um cheque-caução. 
 
1.3 ENDOSSO PÓSTUMO OU TARDIO 
 
É o endosso feito APÓS O PROTESTO OU APÓS O FIM DO PRAZO DE 
PROTESTO. Nesse caso, o endosso produz os mesmos efeitos de uma cessão civil de 
crédito. 
 
Lembrar!!! No ENDOSSO, o endossante se torna codevedor do título. Na CESSÃO 
CIVIL, o cedente não responde pelo pagamento, mas apenas pela existência do 
crédito. No endosso, por conta da autonomia, não se pode alegar vícios das relações 
anteriores. Na cessão civil, o devedor pode opor contra o cessionário qualquer exceção 
pessoal que tinha contra o cedente. 
 
2- AVAL 
 
O avalista é um garante. 
 
Aval é o ato pelo qual um terceiro (avalista) se responsabiliza pelo pagamento 
da obrigação constante do título. O avalista, ao garantir o cumprimento da obrigação 
do avalizado, responde de forma equiparada a este. 
 
#Como se dá o aval? 
O aval é dado na frente do TC, mediante a simples assinatura do avalista. Todavia, pode 
ser dado no verso, desde que se indique, de modo expresso que se trata de aval 
(exatamente o contrário do endosso). 
 
O aval pode ser em preto (quando indica quem é o avalizado) ou em branco (sem 
a indicação de quem é o avalizado). 
 
Avais simultâneos: quando mais de uma pessoa dá aval em relação à mesma obrigação 
cambiária. Ou seja, para uma mesma obrigação existem duas garantias (dois avais). 
 
Avais sucessivos (aval de aval): é justamente um aval de um aval. Ou seja, o avalista 
tem um avalista. 
 
IMPORTANTE!!! Aval parcial. O art. 897 do CC veda o aval parcial. Entretanto, 
esse dispositivo não se aplica aos títulos de créditos próprios (típicos) para os quais a lei 
uniforme possibilita o aval parcial. 
 
Obs. O QUE É VEDADO É O ENDOSSO PARCIAL. AVAL PARCIAL PODE (o 
CC proíbe). 
 
2.1 AVAL X FIANÇA 
 
IMPORTANTE!!! Em razão do princípio da autonomia, sendo o aval um instituto 
cambiário, se a obrigação do avalizado for atingida por algum vício, este não se 
transmite ao avalista. Na fiança, que é instituto do direito civil, como o acessório segue 
o principal, viciada a obrigação principal, será fulminada também a fiança. 
 
Outra diferença é que O AVAL NÃO ADMITE O BENEFÍCIO DE ORDEM, 
podendo o avalista ser acionado juntamente com o avalizado. 
 
NA FIANÇA, POR SUA VEZ, EXISTE BENEFÍCIO DE ORDEM, sendo o 
fiador responsabilizado apenas subsidiariamente. Ou seja, deve-se antes ir ao devedor 
principal. A responsabilidade do fiador é subsidiária. 
 
IMPORTANTE!!! O CC exige outorga conjugal tanto para o aval, quanto para a 
fiança (art. 1647 II). 
 
3- PROTESTO 
 
É um ato formal pelo qual se atesta um fato relevante para a relação cambial. 
Esse fato relevante pode ser: 
 
I) Falta de aceite do título 
II) Falta de devolução do título 
III) Falta de pagamento do título 
 
IMPORTANTE!!! O protesto, contudo, só é necessário se o credor deseja executar 
codevedores (devedores indiretos). O devedor principal está obrigado com protesto ou 
sem ele. Ou seja, o protesto garante o direito de regresso em face dos devedores 
indiretos do TC. 
 
Obs. O protesto pode servir também para outras finalidades: (1) para pedido de falência 
com base na impontualidade injustificada; (2) para constituir em mora devedor do 
contrato de alienação fiduciária em garantia. 
 
Obs. O protesto interrompe a prescrição. 
 
CAPÍTULO V 
QUARTA PARTE 
OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
 
 Além dos títulos de crédito já estudado. Há ouros títulos de crédito também 
importantes para o mercado, merecendo destaque os títulos de crédito comercial, 
industrial, rural, a exportação, imobiliário e bancário. 
 
 Tais títulos podem ser definidos, genericamente, como títulos de crédito causais, 
representativos de promessa de pagamento, com ou sem garantia real, conforme a 
natureza e a área de atividade própria. 
 
 Dentre esses títulos se destacam as cédulas de crédito e as notas de crédito, que 
se distinguem, basicamente, em razão do fato de as cédulas de crédito serem providas de 
garantia real, incorporada as próprias cártulas, e as notas de crédito serem desprovidas de 
garantia, apenas gozando de privilegio especial sobre bens livres do devedor, em caso de 
sua insolvência ou falência. 
 
Obs. as cédulas de crédito bancário e imobiliário geralmente são providas de garantia real, 
todavia, elas podem também conter garantia fidejussória, ou mesmo serem emitidas sem 
garantia. 
 
 Ainda sobre os títulos de crédito bancário e imobiliário, eles, em geral, são 
transferidos por endosso em preto, com efeito de mera cessão de crédito, sendo 
igualmente dispensado o protesto cambial para assegurar o direito de regresso. 
 
 Dispõe a súmula 93 do STJ: 
 
STJ Súmula nº 93 - A legislação sobre cédulas de crédito rural, 
comercial e industrial admite o pacto de capitalização de juros. 
 
1- TÍTULOS DE CRÉDITO COMERCIAL 
 
 Destacam-se o conhecimento de depósito e o warrant. 
 
 Trata-se de títulos emitidos pelos armazéns gerais, referentes a depósitos de 
mercadorias: o conhecimento de depósito é titulo representativo da mercadoria 
depositada, a qual pode ser transferida om o endosso do título. Já o warrant, por sua vez, 
é título constitutivo de promessa de pagamento, cuja garantia é a própria mercadoria 
depositada.Há também a cédula de crédito comercial e a nota de credito comercial. Trata-
se de títulos causais, resultante de financiamento obtido por empresas no mercado 
financeiro, para finalidade comercial. Ambas constituem promessa de pagamento, com a 
distinção já apontada acima: a cédula de crédito comercial ostenta garantia real, 
incorporada a própria cártula, e a nota de crédito comercial não possui garantia real. 
 
2- TÍTULOS DE CRÉDITO INDUSTRIAL 
 
 São a cédula de crédito industrial e a nota de crédito industrial. 
 
 Trata-se de títulos causais, resultante de financiamento obtido por empresas no 
mercado financeiro, para finalidade industrial. Ambas constituem promessa de 
pagamento, com a distinção já apontada acima: a cédula de crédito industrial ostenta 
garantia real, incorporada a própria cártula, e a nota de crédito industrial não possui 
garantia real. 
 
3- TÍTULOS DE CRÉDITO A EXPORTAÇÃO 
 
 São a cédula de crédito a exportação e a nota de crédito a exportação. 
 
 Trata-se de títulos causais, resultante de financiamento a exportação ou a produção 
de bens destinados a exportação. Ambas constituem promessa de pagamento, com a 
distinção já apontada acima: a cédula de crédito a exportação ostenta garantia real, 
incorporada a própria cártula, e a nota de crédito a exportação não possui garantia real. 
 
4- TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL 
 
 Os títulos de crédito rural são vários. 
 
 Em primeiro lugar, temos a cédula de crédito rural e a nota de crédito rural. 
 
 Trata-se de títulos causais, de natureza civil, resultantes de financiamento a 
cooperativa, empresa ou produtor rural. Ambas constituem promessa de pagamento, com 
a distinção já apontada acima: a cédula de crédito rural ostenta garantia real, 
incorporada a própria cártula, e a nota de crédito rural não possui garantia real. 
 
 Outros títulos são a nota promissória rural e a duplicata rural. Trata-se de 
títulos causais, fundados em operações de compra e venda de natureza rural, contratadas 
a prazo, não constitutivas de financiamento no âmbito do crédito rural. 
 
 Há também a cédula de produto rural. É um título de natureza causal, emitido 
por produtor ou cooperativa rural, como promessa de entrega de produtos rurais, podendo 
conter garantia hipotecaria, pignoratícia ou fiduciária. 
 
5- TÍTULO DE CRÉDITO BANCÁRIO 
 
 Destaca-se a cédula de crédito bancário. Trata-se de título causal com garantia 
real ou fidejussória, ou sem garantia, em operação de crédito de qualquer modalidade. Na 
cédula de crédito bancário, o capital objeto do financiamento pode ser utilizado no 
desenvolvimento de qualquer atividade (diferente das outras cédulas de crédito). 
 
 
 
 
 
 
PRAZOS PRESCRICIONAIS DOS TÍTULOS DE 
CRÉDITOS 
 
 
 DEVEDOR PRINCIPAL/ 
AVALISTA 
CO-DEVEDOR/ 
AVALISTA 
DIREITO DE 
REGRESSO 
LC e NP 
três anos contados do 
vencimento 
um ano contado do 
protesto 
seis meses: - pagamento 
 - demandado 
Duplicata 
três anos contados do 
vencimento 
um ano contado do 
protesto 
um ano: - pagamento 
 - demandado 
Cheque seis meses* seis meses** 
seis meses: - pagamento 
 *** - demandado 
* 6 meses contados do fim do prazo de apresentação (30 dias + 6 meses ou 60 dias + 6 meses) 
** 6 meses contados do protesto (art. 47, II). O protesto pode ser substituído por uma declaração 
do banco sacado ou por uma declaração da câmara de compensação (é o carimbo que está no 
verso do cheque) 
*** 6 meses do pagamento ou de quando demandado 
IMPORTANTE!!! Saber o prazo do cheque. 
 
#O prazo prescricional de seis meses do cheque é contado a partir de quando? 
 É do FIM DO PRAZO DE APRESENTAÇÃO. Pouco importa o dia que você 
apresentou. Não faz diferença se o cheque foi apresentado no 12º, no 15º, no 20º dia. Se 
conta 30 dias mais 6 meses ou 60 dias mais 6 meses do FIM DO PRAZO DE 
APRESENTAÇÃO. 
 
IMPORTANTE!!! Art. 47, II, da Lei do Cheque. O protesto poderá ser substituído por 
uma declaração do banco sacado ou por uma declaração da câmara de compensação. Ex. 
Carimbo que aparece no verso do cheque que voltou por falta de fundos é uma declaração 
da câmara de compensação. Essa declaração substitui o protesto para fins de execução. 
Então, você não precisaria do protesto. Para quê eu protesto o cheque, então? 
 
Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque: 
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em 
tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou 
por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com 
indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e 
datada por câmara de compensação. 
 
 O grande objetivo de protestar o cheque, além de coibir de forma legítima o 
devedor a efetuar o pagamento, é INTERROMPER O PRAZO PRESCRICIONAL: 
art. 202, III, do Código Civil. O protesto interrompe o prazo prescricional. 
 
Art. 202. A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO, que somente 
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: 
III - por PROTESTO CAMBIAL;

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