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ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA NO ESPÍRITO SANTO [Richardson e outros_ 24-11-2015]

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1 
 
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1 
(JUDICIAL ORGANIZATION IN THE STATE OF ESPÍRITO SANTO) 
 
 
 
Alex Correa de Brito 
Graduando em Direito - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) 
E-mail: contato@upuniformes.com 
 
Fernanda Oliveira 
Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo) e Graduanda em Direito - Universidade Federal 
do Espírito Santo (UFES) 
E-mail: gcmfernanda@gmail.com 
 
Larissa Castro e Melo 
Graduanda em Direito - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) 
E-mail: larissacem@gmail.com 
 
Richardson Teixeira Gave 
Especialista em Direito Constitucional (Universidade Estácio de Sá - UNESA). Graduando em 
Direito - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). 
E-mail: richardson.tg@gmail.com 
 
 
 
RESUMO 
 
A Constituição Federal de 1988 (CF/88)2 estabelece princípios de natureza processual. Pode-se 
citar o do devido processo legal (Art. 5º, LIV); o da ampla defesa e contraditório (Art.5º, LV); 
o do juiz natural (Art.5º, XXXVII e LIII) e tantos outros de igual importância. Para que tais 
princípios sejam postos em prática, quando do surgimento das lides3 (podendo estas ser entre 
pessoas naturais; entes públicos; entes privados), torna-se necessária a intervenção estatal para 
se impedir a autotutela4 dessas partes e buscar a garantia da tutela dos direitos adequada, efetiva 
 
1 Artigo solicitado pelo prof. Dr. Hermes Zaneti Jr. como atividade integrante da avaliação da disciplina de Teoria 
Geral do Processo (DIR09859), do curso de graduação em Direito da UFES. 
2 BRASIL. Constituição (1988): texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações 
adotadas pelas Emendas constitucionais n.º 1/1992 a 90/2015 e pelas Emendas constitucionais de revisão n.º 1 a 
6/1994. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 05 
nov. 2015. 
3 [...] O conceito de conflito não é muito claro em doutrina. A mais abalizada tentativa de defini-lo foi a que o 
envolveu na idéia de lide, apontada como conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida 
(Carnelutti). O conflito, elemento substancial da lide, seria representado pela incidência de interesses de dois ou 
mais sujeitos sobre o mesmo bem, sendo este insuficiente para satisfazer a ambos, ou a todos esses interesses 
(DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. Vol. I. 6. ed. ver. atual. São Paulo: 
Malheiros, 2009. p. 120.). 
4 Trata-se de solução do conflito de interesses que se dá pela imposição da vontade de um deles, com o sacrifício 
do interesse do outro. Solução egoísta e parcial do litígio. O "juiz da causa" é uma das partes (DIDIER JR, Fredie. 
Curso de Direito Processual Civil: introdução do direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 
17 ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. p. 164.). 
2 
 
e tempestiva5. Tal intervenção é feita pelo Estado-Juiz, cuja atuação é materializada pelo Poder 
Judiciário, sendo este estruturado a partir da CF/88, das Constituições Estaduais, das leis 
orgânicas do Judiciário, bem como dos regimentos internos dos diversos tribunais. Neste 
trabalho, faremos uma exposição das estruturas e das competências dos órgãos judiciários e 
Ministérios Públicos com atuação no Estado do Espírito Santo. 
 
Palavras-chave: Poder Judiciário. Ministério Público. Estrutura. Competências. 
 
ABSTRACT 
 
The Constitution of the Federative Republic of Brazil-1988 (CF/88) establishes several 
principles of procedural nature. We can mention: the due process of law (Art. 5, LIV); the 
adversary system and full defense (Art. 5, LV); the natural judge (Art. 5, XXXVII and LIII) 
and so many others of equal importance. So to put these principles into practice, when the 
emergence of leads (it can be happen between individuals; public entities; private entities), the 
intervention of the State becomes necessary to prevent self-defense of these parts and to assure 
the adequate, effective and timely protection of rights. This intervention is made by the Judge-
State, which work is materialized by the Judiciary Power, which its framework is defined in the 
CF/88, in the Constitutions of the states, in the organic laws of the judiciary, as well as the 
internal regulations of the various courts. In this work, we will make a presentation of the 
framework and competences of the judiciary and prosecutors' offices operating in the State of 
Espírito Santo. 
 
Keywords: Judiciary Power. Public Prosecution. Framework. Competences. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 A estruturação do Estado para a garantia da tutela de direitos 
 
O homem é um ser conflituoso por essência6. No intuito de dirimir as lides nas quais 
alguns integrantes de um grupo social por ventura possam estar envolvidos, necessária é a 
 
5 “[...] Daí os poderes judiciais de direção e impulso do processo, a serem exercidos em beneficio da tutela 
jurisdicional justa, tempestiva e efetiva [...]”. (DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual 
Civil. Vol. I. 6. ed. ver. atual. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 120.). 
6 “[...] Para Hobbes, o estado de natureza humano propicia o amplo uso da liberdade, que passa a ser irrestrito, a 
ponto de uns lesarem, invadirem, usurparem, prejudicarem aos outros [...] No estado de natureza há o estado de 
guerra de uns contra os outros, e o homem pode ser chamado de lobo do próprio homem (homo homini lupus) [...] 
Eis o estado nefasto de autodestruição em que os homens se colocam, na leitura do estado de natureza, pré-cívico, 
por Hobbes [...]”. (BITTAR, E. C. B.; ALMEIDA, G. A. de. Curso de Filosofia do Direito. 11. ed. São Paulo: 
Atlas, 2015. pp. 317-318.) 
3 
 
intervenção de um terceiro munido de imparcialidade7, justamente para se garantir uma decisão 
que não privilegie unicamente uma das partes envolvidas. Tal premissa é imprescindível no 
atual Estado Democrático de Direito, pois, neste, deve-se buscar a garantia da tutela de direitos 
adequada, efetiva e tempestiva8. 
A busca de tal garantia está prevista em nossa CF/88 por meio de vários princípios nela 
gravados, dentre os quais, destacamos: (a) o da dignidade da pessoa humana (Art.1º, III); (b) o 
do devido processo legal (Art.5º, LIV); (c) o da ampla defesa e do contraditório (Art.5º, LV); 
(d) o do juiz natural (Art.5º, XXXVII e LIII) etc. O rol apresentado é meramente 
exemplificativo, pois a CF/88 preconiza tantos outros de igual importância. Há, também, 
previsão no Novo Código de Processo Civil Brasileiro (CPC/2015 - Lei n.º 13.105/2015). 
Neste, vemos a ênfase dada pelo legislador em que os dispositivos normativos ali gravados 
devem ser interpretados à luz da CF/88. Veja-se o Art.1º (CPC/2015), in verbis: “O processo 
civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais 
estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as 
disposições deste Código.”. 
Assim, as lides devem ser resolvidas por terceiro imparcial, isto é, pelo Estado-Juiz, 
arrimado nos princípios já aqui citados e em tantos outros igualmente importantes. A 
participação do Estado-Juiz é a garantia de se impedir a autotutela na busca de se obter uma 
solução justa9. Ele é nada mais do que a manifestação do Estado por meio do denominado Poder 
Judiciário, conforme definição clássica de Aristóteles, posteriormente apresentada por 
Montesquieu, em sua obra “Do Espírito das Leis”. 
 
1.2 Características do Poder Judiciário Brasileiro 
 
A função do Poder Judiciário é, então, garantir os direitos individuais, coletivose sociais 
e resolver conflitos entre cidadãos, entidades e o próprio Estado. Para isso, deve ter autonomia 
administrativa e financeira, sendo estas garantidas pela CF/88 (Art. 99, caput). 
 
7 “A jurisdição é técnica de solução de conflitos por heterocomposição: um terceiro substituiu a vontade das partes 
e determina a solução do problema apresentado” (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: 
introdução do direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 17 ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 
2015. p. 154.). 
8 “[...] Daí os poderes judiciais de direção e impulso do processo, a serem exercidos em beneficio da tutela 
jurisdicional justa, tempestiva e efetiva [...]”. (DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual 
Civil. Vol. I. 6. ed. ver. atual. São Paulo: Malheiros, 2009. p.120.). 
9 Por meio da leitura do Art. 4º do CPC/2015, entende-se que uma decisão justa é aquela na qual as partes têm o 
direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
4 
 
O Poder Judiciário deve ser estruturado por meio de órgãos e agentes públicos para que 
o processo constitucional10 seja operacionalizado. A materialização dessa estrutura se dá 
mediante o surgimento de uma organização judiciária no Estado Brasileiro. A estrutura atual 
encontra-se estabelecida na CF/88, promulgada no dia 05 de outubro de 1988 (No dia 30 de 
dezembro de 2004, foi publicada, no entanto, a Emenda Constitucional nº. 45, representando a 
primeira de duas etapas pertinentes à denominada Reforma do Judiciário. A segunda parte dessa 
reforma está contida em outra Proposta de Emenda à Constituição, PEC nº. 358, de 2005, que 
se encontra ainda em tramitação no Congresso Nacional, mais precisamente na Câmara dos 
Deputados 11). 
A CF/88, no Capítulo III, Título IV (Arts. 92 a 126), cuida do Poder Judiciário, ditando 
normas gerais, fixando garantias e impondo impedimentos aos magistrados, bem como dando, 
desde logo, a estrutura judiciária do país. As garantias expressas no Art. 96, CF/88, visam 
essencialmente estabelecer a independência do Poder Judiciário em relação aos demais Poderes 
(Legislativo e Executivo). Mas se é absoluta essa independência no que respeita ao desempenho 
de suas funções, não se pode dizer o mesmo no tocante à organização do Poder Judiciário, a 
qual depende frequentemente do Poder Executivo ou do Legislativo, quando não de ambos. 
Cabe às normas de organização judiciária estabelecer a constituição dos órgãos 
encarregados do exercício da jurisdição e sobre a administração da justiça. Cuidam elas de tudo 
que se refira à administração judiciária, indicando quais e quantos são os órgãos jurisdicionais, 
dispondo sobre a superposição de uns a outros e sobre a estrutura de cada um, fixando requisitos 
para a investidura e dizendo sobre a carreira judiciária, determinando épocas para o trabalho 
forense, dividindo o território nacional em circunscrições para o efeito de exercício da função 
jurisdicional12. 
 
10 “[...] Por outro lado, no presente estudo propugna-se que o termo ‘processo constitucional’ é preciso e suficiente 
para abarcar os princípios constitucionais processuais, as ações constitucionais, a jurisdição constitucional stricto 
sensu e as normas sobre organização judiciária que estão na Constituição.” (ZANETI JR., Hermes. A 
constitucionalização do processo: o modelo constitucional da justiça brasileira e as relações entre processo e 
constituição. 2. ed. ver, ampl., alterada. São Paulo: Atlas, 2014. p. 164.). 
11 Eis a explicação da ementa, conforme se encontra no sítio eletrônico da Câmara dos Deputados: “Inclui a 
necessidade de permanência de 3 (três) anos no cargo para que o magistrado tenha direito à vitaliciedade na 
função; proibe a prática de nepotismo nos Tribunais e Juízos; altera a composição do STM e incluindo 
competências para o STF e STJ; instituindo a ‘súmula impeditiva de recursos’, a ser editada pelo STJ e TST - 
Reforma do Judiciário.”. Para maiores detalhes do trâmite da PEC n.º 358/2005, recomenda-se que o leitor recorra 
ao sítio eletrônico daquela Casa Legislativa. Disponível em: < 
http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=274765>. Acesso em: 17 nov. 
2015. 
12 CINTRA, A.C de A.; GRINOVER, A.P.; DINAMARCO, C.R. Teoria Geral do Processo. 25. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2009. pp. 185-186. 
5 
 
Nos dizeres de ADA PELLEGRINI et al.13: 
 
Se a organização judiciária é setor do próprio direito processual ou ramo autônomo 
da ciência do direito, isso tem sido objeto de divergências. Contudo, não resta dúvida 
de que, através das leis de organização judiciária, fixam-se normas que, ao menos por 
reflexo, têm conseqüências relevantes na atuação da justiça; é o que se dá, por 
exemplo, com as leis que criam varas especializadas, tendo cada uma delas 
competência diferente das demais. A Constituição considera diferentemente: a) a 
disciplina do direito processual, b) a do procedimento e c) a organização judiciária, 
dando à União o monopólio da competência legislativa para o primeiro (art. 22, inc. 
I), competência concorrente dos Estados e União para legislar sobre "procedimentos 
em matéria processual" (art. 24, inc. XI) e dispondo que "os Estados organizarão a sua 
Justiça" (art. 125) (v. supra, n. 16). 
Mas as modernas colocações dos processualistas ligados à ideologia do pleno acesso 
à justiça apresentam a tendência de minimizar a distinção entre direito processual e 
organização judiciária, diante do fato de que o bom processo depende sempre de bons 
operadores e pouco valem normas processuais bem compostas e bem estruturadas, 
sem o suporte de bons juízes e de uma justiça bem aparelhada. 
 
A organização judiciária compreende toda a matéria concernente à constituição da 
magistratura, composição e atribuições dos juízos e tribunais, garantias de independência e 
subsistência dos juízes, bem como as condições de investidura, acesso e subsistência dos órgãos 
auxiliares e distribuição de suas atribuições14. Ainda, na organização judiciária estão contidos 
os princípios e normas referentes às condições da disciplina geral do foro, assim como da 
disciplina especial dos juízos e dos seus auxiliares. 
Assim, é na CF/88 – como já podemos verificar alhures - que se encontram as regras 
básicas sobre a organização judiciária, estabelecendo regras referentes ao Supremo Tribunal 
Federal, ao Superior Tribunal de Justiça e a todos os organismos judiciários nacionais. Dessa 
forma, cada Estado tem competência para legislar sobre sua própria organização judiciária, mas, 
ao fazê-lo, deverá observar as diretrizes estabelecidas nos Arts. 93 a 97, CF/88, bem como no 
Estatuto da Magistratura, previsto constitucionalmente (Art. 93, CF/88). 
Nossa Constituição Cidadã estabelece que são órgãos do Judiciário: o Supremo Tribunal 
Federal (STF); o Superior Tribunal de Justiça (STJ); os Tribunais Regionais Federais (TRFs) e 
os juízes federais; d) o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os Tribunais Regionais do 
 
13 CINTRA, A.C de A.; GRINOVER, A.P.; DINAMARCO, C.R. Teoria Geral do Processo. 25. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2009. pp. 185-186. 
14 Para certa corrente doutrinária, a independência política diz respeito às garantias do juiz para o exercício das 
suas funções, consistente na: I – vitaliciedade; II – inamovibilidade; e III – irredutibilidade de vencimentos. 
A vitaliciedade é adquirida pelo juiz de primeiro grau após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, 
nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado e, nos demaiscasos, de sentença judicial 
transitada em julgado (CF, art. 95, I); a inamovibilidade significa que o juiz não pode ser removido, de comarca 
ou vara, ou promovido para o tribunal sem iniciativa sua, salvo por motivo de interesse público (CF, art. 95, II); e 
a irredutibilidade de vencimentos significa que o juiz não pode ter seus vencimentos reduzidos, sujeitando-se, 
contudo, ao pagamento de tributos, inclusive o imposto de renda (CF, art. 95, III). (ALVIM, J.E. Carreira; Teoria 
Geral do Processo. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015 [versão eletrônica].). 
6 
 
Trabalho (TRTs) e as Varas do Trabalho; o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os Tribunais 
Regionais Eleitorais (TREs) e os juízes e as juntas eleitorais; f) os Tribunais e os juízes 
militares; g) os Tribunais e os juízes dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Art. 
92, caput e incs. I a VII). 
Observa-se a partir da distribuição dada pela CF/88 que a estruturação se dá pelas 
diversas Justiças15, nas quais o Estado-Juiz exercerá a função jurisdicional. Sabe-se que o poder 
estatal é uno, eminentemente nacional e não comporta divisões. No entanto, nos dizeres de 
ADA PELLEGRINI et al.16: 
 
[...] para a divisão racional do trabalho é conveniente que se instituam organismos 
distintos, outorgando-se a cada um deles um setor da grande ‘massa de causas’ que 
precisam ser processadas no país. Atende-se, para essa distribuição de competência, 
a critérios de diversas ordens: às vezes, é a natureza da relação jurídica material 
controvertida que irá determinar a atribuição de dados processos a dada Justiça; 
outras, é a qualidade das pessoas figurantes como partes; mas é invariavelmente o 
interesse público que inspira tudo isso (o Estado faz a divisão das Justiças, com vistas 
à melhor atuação da função jurisdicional). 
 
Ou seja, a CF/88 distribuiu competências e jurisdições distintas àqueles órgãos do 
Judiciário. E, no que diz respeito ao território brasileiro, para fins do exercício dessa jurisdição, 
pedimos vênia para expormos o didático excerto colacionado da obra de JOSÉ EDUARDO 
CARREIRA ALVIM17: 
 
O território do País, para fins de exercício da jurisdição, é dividido em territórios 
menores que, na justiça estadual, são denominados “comarcas”; na justiça federal são 
as “seções e subseções judiciárias”; e, na justiça do Distrito Federal, são as 
“circunscrições judiciárias”. 
 
As comarcas são classificadas, em alguns Estados federados, em comarca de primeira, 
de segunda, de terceira e até de quarta entrância, conforme a sua população, 
movimento forense (número de processos), receita tributária etc., e de entrância 
especial (da capital do Estado), e, noutros Estados, em comarca “inicial”, 
“intermediária” e “final” e comarca da Capital. 
 
Recentemente, a preferência tem sido classificar comarcas em 
comarca inicial (correspondente à primeira entrância), intermediária (correspondente 
às comarcas de segunda e terceira entrâncias) e final (comarca de entrância especial 
ou da Capital), tendo muitos Estados federados adaptado a sua organização judiciária 
a essa nova classificação. 
 
Para se conhecer bem esse tema, é preciso uma visita à Lei de Organização Judiciária 
de cada Estado brasileiro, em relação à justiça estadual; e, relativamente às demais 
justiças (federal, do Distrito Federal, militar, eleitoral e do trabalho), às leis que as 
organizam. 
 
15 CINTRA, A.C de A.; GRINOVER, A.P.; DINAMARCO, C.R. Teoria Geral do Processo. 30. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2014. p. 196. 
16 Idem. 
17 ALVIM, J.E. Carreira; Teoria Geral do Processo. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015 [versão eletrônica]. 
7 
 
Além dessa dimensão territorial, fala-se, no Brasil, da terminologia duplo grau de 
jurisdição. Vejamos importantes apontamentos sobre o tema a partir dos dizeres de ADA 
PELLEGRINI et al.18: 
 
A fim de que eventuais erros dos juízes possam ser corrigidos e também para atender 
à natural inconformidade da parte vencida diante de julgamentos desfavoráveis, os 
ordenamentos jurídicos modernos consagram o princípio do duplo grau de jurisdição: 
o vencido tem, dentro de certos limites, a possibilidade de obter uma nova 
manifestação do Poder Judiciário. Para que isso possa ser feito é preciso que existam 
órgãos superiores e órgãos inferiores a exercer a jurisdição. 
 
Fala-se, então, na terminologia brasileira, em juízos (órgãos de primeiro grau) e 
tribunais (órgãos de segundo grau). Quer a Justiça dos Estados, quer as organizadas e 
mantidas pela União, todas elas têm órgãos superiores e órgãos inferiores. Acima de 
todos eles e sobrepairando a todas as Justiças, estão o Supremo Tribunal Federal 
(cúpula do Poder Judiciário) e o Superior Tribunal de Justiça; a função de ambos é, 
entre outras, a de julgar recursos provenientes das Justiças que compõem o Poder 
Judiciário nacional. 
 
Mas entre juízos e tribunais não há qualquer hierarquia, no sentido de estes exercerem 
uma suposta competência de mando sobre aqueles, ditando normas para os 
julgamentos a serem feitos. O que há é que as decisões dos órgãos inferiores podem 
ser revistas pelos órgãos superiores, mas cada juiz é livre ao proferir a sua sentença, 
ainda que contrarie a jurisprudência dos tribunais. 
 
A título de definição, cabe explanar acerca do conceito de competência que estamos, 
aqui, adotando. Assim, aduz FREDIE DIDIER JR.19: 
 
A competência originária é aquela atribuída ao órgão jurisdicional para conhecer da 
causa em primeiro lugar; pode ser atribuída tanto ao juízo singular, em primeiro grau, 
o que é a regra, como ao tribunal, excepcionalmente (ação rescisória e mandado de 
segurança contra ato judicial, por exemplo). 
 
A competência derivada ou recursal é atribuída ao órgão jurisdicional destinado a 
rever a decisão já proferida; normalmente, atribui-se a competência derivada ao 
tribunal, mas há casos em que o próprio magistrado de primeira instância possui 
competência recursal, como acontece com os embargos infringentes de alçada, 
cabíveis na forma do art. 34 da Lei de Execução Fiscal (Lei n . 6.830/1980), que serão 
julgados pelo mesmo juízo prolator da sentença. 
 
1.3 O Ministério Público Brasileiro 
 
Além dos órgãos do Poder Judiciário, vale ressaltar a existência do Ministério Público 
na busca da garantia da tutela dos direitos. 
 
18 CINTRA, A.C de A.; GRINOVER, A.P.; DINAMARCO, C.R. Teoria Geral do Processo. 25. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2009. pp. 189. 
19 DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução do direito processual civil, parte geral e 
processo de conhecimento. 17 ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. p. 203. 
8 
 
O Ministério Público ocupa posição sui generis na ordem jurídica, porque não se integra 
ao Judiciário, e apenas funcionalmente atua junto a ele. Como prescreve o Art. 127, da CF/88: 
“... é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, ao qual incumbe a 
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis”. 
Logo, o Parquet 20 é, na sociedade moderna, a instituição destinada à preservação dos 
valores fundamentais do Estado enquanto comunidade. Nos dizeres de ADA PELLEGRINI et 
al.21: 
 
Esses valores recebem a atenção dos membros do Parquet, seja quando estes se 
encarregam da persecução penal, deduzindo em juízo a pretensão punitiva do Estado 
e postulando a repressão ao crime (pois este é um atentado aos valores fundamentais 
da sociedade), seja quando no juízo civil os curadores se ocupam da defesa de certas 
instituições (registros públicos, fundações,família), de certos bens e valores 
fundamentais (meio-ambiente, valores artísticos, estéticos, históricos, paisagísticos), 
ou de certas pessoas (consumidores, ausentes, incapazes, trabalhadores acidentados 
no trabalho). 
 
Já na promulgação da CF/88 e a transição para um Estado Democrático de Direito, com 
o conceito amplo de cidadania, a dignidade da pessoa humana bem como os valores sociais do 
trabalho e da livre iniciativa abarcados no texto da Constituição Cidadã construiu-se a 
normativa necessária para consolidar o Ministério Público brasileiro enquanto defensor da 
sociedade, do regime democrático, da ordem jurídica e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis (Art.127, caput, CF/88). 
Desse modo, o Ministério Público passa a desempenhar um papel protagonista no 
Estado brasileiro, especialmente no Judiciário seu valor custus legis, ou fiscal da lei, e atuando 
como dominus litis, ou, autor da ação, passa a garantir os direitos e interesses da sociedade. 
Com sua atuação intensa na proteção dos incapazes, estado das pessoas, pátrio poder, tutela, 
curatela, interdição, casamento, fundações e todas as demais causas de interesse público, ainda 
que não coletivizado, no processo de redemocratização o MP acabou por ultrapassar o âmbito 
judicial. 
 
20 A palavra parquet, que é utilizada comumente em textos jurídicos e em processos judiciais, tem origem francesa 
e é sinônimo de Ministério Público. O termo remete aos antigos procuradores do rei da França, que ficavam em 
pé sobre o assoalho (parquet) da sala de audiência, e não se sentavam ao lado dos magistrados, como ocorre hoje 
(MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. Pílulas de Direito para Jornalistas. nº 34. 8 nov.de 2005. 
Disponível em: <http://www.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=223>. Acesso em: 19 nov. 
2015.). 
21 CINTRA, A.C de A.; GRINOVER, A.P.; DINAMARCO, C.R. Teoria Geral do Processo. 25. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2009. pp. 228. 
9 
 
No Novo Código de Processo Civil (CPC-2015), a conciliação, a mediação e outros 
métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados também pelos membros 
do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial (Art. 3º, §3º, CPC-2015). 
Também no mesmo novel diploma processual, no Título V, encontram-se disposições 
normativas processuais específicas para o Ministério Público, dentre as quais: atuar na defesa 
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais 
indisponíveis (Art. 176, CPC-2015); exercer o direito de ação em conformidade com suas 
atribuições constitucionais (Art.177, CPC-2015); intervir como fiscal da ordem jurídica nas 
hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - 
interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra 
rural ou urbana. (Art. 178, caput e incisos). Além de nos casos de intervenção como fiscal da 
ordem jurídica, ter vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do 
processo; e poder produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer (Art. 
179, CPC-2015). 
Constitui-se o Ministério Público, juntamente com a Advocacia Pública e a Defensoria 
Pública como função essencial à justiça; sendo assim titular da ação penal pública, inúmeras 
atribuições na área cível, também como titular da ação civil pública para a defesa dos interesses 
difusos e coletivos, e sua independência funcional. 
Ainda no que se refere ao amplo papel do Ministério Público no Estado Democrático de 
Direito, a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, Lei n.º 8.625/2005, e as leis esparsas 
na legislação afim preveem inclusive formas diversas de proteção aos interesses sociais 
decorrentes dos direitos fundamentais, criando mecanismos extrajudiciais para que o MP 
realize também a requisição, a recomendação, a audiência pública, o inquérito civil e o termo 
de ajustamento de conduta. 
A CF/88 também estende aos membros do Ministério Público – promotores e 
procuradores – as mesmas garantias dadas aos magistrados, quais sejam: I – vitaliciedade; 
II – inamovibilidade; e III – irredutibilidade de vencimentos. 
O Ministério Público brasileiro funciona junto às esferas Federal e Estaduais22. Na 
esfera da União, o Ministério Público subdivide-se em: Ministério Público Federal; Ministério 
Público do Trabalho; Ministério Público Militar e Ministério Público do Distrito Federal e 
Territórios e cada Estado possui um Ministério Público Estadual. 
 
22 BRASIL. Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8625.htm>. Acesso em: 09 nov. 2015 
10 
 
2 ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA NO ESPÍRITO SANTO 
 
2.1 O Poder Judiciário no Estado do Espírito Santo 
 
Após termos abordado as características gerais do Poder Judiciário e do Ministério 
Público, partiremos para uma análise mais centrada na atuação no Estado do Espírito Santo. 
Assim, o que se deseja neste trabalho é expor de maneira sucinta a organização judiciária no 
Estado do Espírito Santo, isto é, os órgãos do Poder Judiciário – sejam federais ou estaduais - 
que possuem jurisdição no Estado Espírito-santense, assim como suas competências originárias 
e recursais. Para tal, veremos o que dessas estruturas estão previstas na CF/88, nas leis de 
organização do Judiciário, bem como nos regimentos internos de cada tribunal. Será feita igual 
abordagem no que se refere ao Ministério Público, cuja estrutura está prevista na CF/88 (Arts. 
127 a 130-A), mas em tópico posterior. 
Estaremos, nesta parte, descrevendo as estruturas e competências dos seguintes órgãos 
judiciários: Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2); Tribunal Regional do Trabalho 
da 17ª Região (TRT-17) e Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). 
 
2.1.1 Tribunal Regional Federal – 2ª Região (TRF-2) 
 
2.1.1.1 Estrutura hierárquica e distribuição de funções 
 
Nossa atual Carta Magna prescreve que, juntamente com os Juízes Federais, os TRFs 
são órgãos da Justiça Federal (Art. 106, I, CF/88). Tais Tribunais compõem-se de, no mínimo, 
7 (sete) juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente 
da República dentre brasileiros com mais de 35 (trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos 
(Art. 107, caput, CF/88). Conforme definido no Regimento Interno do Tribunal Regional 
Federal da 2ª Região (RITRF-2)23, o TRF-2, com sede na cidade do Rio de Janeiro e jurisdição 
no território dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, compõe-se de 27 (vinte e sete) 
Desembargadores Federais. 
Para se estabelecer tal composição, os Desembargadores são escolhidos da seguinte 
forma: (I) um quinto dentre advogados com mais de 10 (dez) anos de efetiva atividade 
 
23 ESPÍRITO SANTO. Tribunal Regional Federal (2 região). Regimento Interno do Tribunal Regional Federal da 
2ª Região. 9.ed. - Rio de Janeiro: O Tribunal, 2009. 152p. Disponível em: < http://www10.trf2.jus.br/ai/regimento-
interno/>. Acesso em: 05 nov. 2015. 
11 
 
profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de 10 (dez) anos de carreira 
(Art. 107, I, CF/88); e (II) os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de 5 
(cinco) anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente (Art. 107, II, CF/88). 
No RITRF-2, encontram-se a composição e a organização de seus órgãos. Preceitua o 
Art. 2º desse Regimento que o funcionamento do TRF-2 se dá pelos seguintes órgãos: Plenário; 
Órgão Especial; SeçõesEspecializadas; Turmas Especializadas24. 
O Plenário, constituído da totalidade dos Desembargadores Federais, é presidido pelo 
Presidente do Tribunal. 
O Órgão Especial, constituído de 14 (quatorze) Desembargadores Federais, presidido 
pelo Presidente do Tribunal, é integrado por 7 (sete) Desembargadores, escolhidos segundo a 
ordem decrescente de antiguidade no Tribunal; e 7 (sete) Desembargadores, eleitos pelo 
Plenário dentre seus membros, com mandato bienal. 
Ainda, há no TRF-2, 3 (três) Seções Especializadas, integradas pelos membros das 
Turmas da respectiva área de especialização e presididas pelos respectivos Desembargadores 
Federais mais antigos na Seção, mediante o critério de rodízio bienal, coincidindo sempre com 
o mandato da Administração do Tribunal, ressalvada a Presidência da Seção Especializada da 
qual o Corregedor-Regional é proveniente. As Seções Especializadas compreendem 8 (oito) 
Turmas Especializadas, assim compostas: Primeira Seção: Primeira e Segunda Turmas 
Especializadas; Segunda Seção: Terceira e Quarta Turmas Especializadas; e Terceira Seção: 
Quinta, Sexta, Sétima e Oitava Turmas Especializadas. 
Compete às Seções Especializadas, e suas respectivas Turmas, processar e julgar: à 1ª 
Seção Especializada, as matérias penal, previdenciária e de propriedade intelectual, bem como 
os habeas corpus, decorrentes de matéria criminal; à 2ª Seção Especializada, a matéria 
tributária, inclusive contribuições, com exceção da matéria referente aos conselhos 
profissionais, bem como as ações trabalhistas remanescentes, e os habeas corpus relativos à 
prisão de natureza civil por Juiz, em processo de natureza tributária; à 3ª Seção Especializada, 
as matérias administrativas e aquelas referentes aos conselhos profissionais, bem como todas 
as que não estiverem compreendidas na competência das outras Seções Especializadas, 
incluindo-se os habeas corpus relativos à prisão de natureza civil, quando não prevista na 
competência das outras Turmas. 
 
24 Recomenda-se que o leitor recorra ao organograma que apresenta toda a estrutura interna do TRF-2. Disponível 
em: <http://www10.trf2.jus.br/ai/institucional/#organograma>. Acesso em: 05 nov. 2015. 
12 
 
Ainda, no âmbito de sua especialização, às Seções Especializadas compete processar e 
julgar: as ações rescisórias e as revisões criminais de seus julgados e dos julgados das Turmas 
Especializadas; os embargos infringentes; os mandados de segurança contra atos de suas 
Turmas Especializadas; os conflitos de competência entre os Desembargadores Federais de suas 
Turmas Especializadas; as suspeições e impedimentos arguidos contra seus membros e contra 
os Desembargadores Federais de suas Turmas Especializadas; os incidentes de uniformização, 
quando ocorrer divergência de interpretação do direito entre as Turmas Especializadas em 
matérias que lhe são afetas; as ações penais originárias de competência do Tribunal e os 
incidentes delas resultantes, exceto os inquéritos, outros procedimentos investigatórios e as 
ações penais contra juízes e membros do Ministério Público da União, de competência do 
Tribunal, bem como os incidentes deles resultantes. 
Ademais, as Seções Especializadas remeterão os feitos de sua competência ao Órgão 
Especial: quando convier pronunciamento do Órgão Especial em razão da relevância da questão 
e para prevenir divergência entre as Seções Especializadas; quando algum dos 
Desembargadores Federais propuser a revisão da jurisprudência sumulada pelo Órgão Especial. 
Também, há, no TRF-2, 8 (oito) Turmas Especializadas, cada uma delas integrada por 
3 (três) Desembargadores Federais e presidida pelo mais antigo na respectiva Turma 
Especializada, mediante o critério de rodízio bienal, coincidindo sempre com o mandato da 
Administração do Tribunal. 
Compete às Turmas, no âmbito de suas respectivas especializações processar e julgar: 
os habeas corpus contra ato de Juiz Federal, de Juiz de Direito investido de jurisdição federal 
e de membros do Ministério Público da União, com atuação em Primeiro Grau de jurisdição; 
os habeas data e os mandados de segurança contra ato de Juiz Federal ou Juiz de Direito no 
exercício de jurisdição federal; os recursos das sentenças e decisões de Juízes Federais e de 
Juízes de Direito, quer investidos de jurisdição federal, quer quando, embora não investidos 
dessa condição, tenham sua decisão impugnada por ente federal; as exceções de suspeição e 
impedimento contra Juiz Federal, Juiz Federal Substituto e Juiz de Direito investido de 
jurisdição federal; os conflitos de competência entre Juízes Federais, Juízes Federais 
Substitutos e entre aqueles e estes e Juízes de Direito investidos de jurisdição federal; as cartas 
testemunháveis; o pedido de desaforamento de julgados de competência do Tribunal do Júri; as 
ações rescisórias e as revisões criminais de sentenças não recorridas; as causas relativas a 
direitos humanos deslocadas para a Justiça Federal, no âmbito de sua competência. 
13 
 
As Turmas Especializadas podem remeter os feitos de sua competência ao Órgão 
Especial, quando: algum dos Juízes propuser revisão da jurisprudência assentada em súmula; 
convier o seu pronunciamento em razão da relevância da questão jurídica ou para prevenir ou 
superar divergência entre as Seções Especializadas ou entre elas e o Órgão Especial; reconhecer 
a arguição de inconstitucionalidade ou a relevância de matéria constitucional, desde que esta 
ainda não tenha sido decidida pelo Órgão Especial, ou pelo Supremo Tribunal Federal. 
Essas Turmas podem, também, remeter os feitos de sua competência à Seção, quando: 
convier o seu pronunciamento, em razão da relevância da questão jurídica, ou para superar 
divergências entre as Turmas Especializadas; convier o seu pronunciamento, em razão da 
relevância da questão jurídica, ou para superar divergências entre as Turmas Especializadas e a 
Seção Especializada. 
Por fim, há disposições comuns aos referidos órgãos, ou seja, ao Plenário, ao Órgão 
Especial, às Seções Especializadas e às Turmas Especializadas, nos processos da respectiva 
competência, incumbe, ainda, processar e julgar: os agravos contra decisão do respectivo 
Presidente ou do Relator; os embargos de declaração opostos a seus julgados; as arguições de 
falsidade, as medidas cautelares e as antecipatórias, nas causas pendentes de sua decisão; os 
incidentes de execução que lhe forem submetidos; a restauração de autos. Outrossim, incumbe 
adotar as seguintes providências: remeter às autoridades competentes, para os devidos fins, 
cópia autenticada de peças de autos do processo que conhecer, quando houver indícios de crime 
de responsabilidade ou de crime comum de ação pública; encaminhar ao Corregedor cópia de 
peças constantes de autos que revelem indícios de irregularidades nas Varas ou formular 
observações. 
 
2.1.2 Tribunal Regional do Trabalho – 17ª Região (TRT-17) 
 
2.1.2.1 Estrutura hierárquica e distribuição de funções 
 
Em se tratando da Justiça trabalhista o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 
(TRT-17) tem sede na cidade de Vitória e jurisdição em todo o território do Estado do Espírito 
Santo. São órgãos da Justiça do Trabalho da 17ª Região: o Tribunal Regional do Trabalho e os 
Juízes do Trabalho. As Varas do Trabalho têm sede e jurisdição fixadas em lei e estão 
administrativamente subordinadas ao Tribunal, assim como os Juízes do Trabalho25. 
 
25 ESPÍRITO SANTO. Tribunal Regional do Trabalho (17. região). Regimento interno. Vitória, 2011. p. 3. 
14 
 
São órgãos do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região: o Tribunal Pleno, as 
Turmas,a Presidência, a Corregedoria Regional e os Desembargadores. E, funcionam junto ao 
Tribunal a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região – EJUD e a 
Ouvidoria. Constituem cargos de direção do Tribunal, para os efeitos da Lei Orgânica da 
Magistratura Nacional, o de Presidente, o de Vice-Presidente e o de Corregedor Regional. As 
funções de Corregedor Regional serão exercidas pelo Desembargador Presidente do Tribunal.26 
Conforme a CF/88, em seu Artigo 115, os Tribunais Regionais do Trabalho serão 
compostos de no mínimo sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e 
nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de 
sessenta e cinco anos, sendo um quinto dentre advogados e membros do Ministério Público do 
Trabalho, e os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e 
merecimento, alternadamente27. 
Além das atribuições previstas no Artigo 96 da CF/88, conforme o Regimento Interno 
do TRT-17 (RITRT-17), compete privativamente ao Tribunal Pleno de forma originária 
processar e julgar os dissídios coletivos de natureza econômica, jurídica ou mista no âmbito de 
sua jurisdição, suas revisões e os pedidos de extensão das sentenças normativas; processar e 
julgar as ações anulatórias de cláusula de convenção ou acordo coletivo com abrangência 
territorial igual ou inferior à jurisdição do Tribunal; processar e julgar os mandados de 
segurança, habeas corpus e habeas data contra atos e decisões, inclusive de natureza 
administrativa, do próprio Tribunal, do seu Presidente, dos seus Desembargadores e dos demais 
Juízes sob a sua jurisdição; apreciar e homologar os acordos realizados em demandas 
individuais ou coletivas, de sua competência originária, dentre outras competências atribuídas 
ao Tribunal28. 
Em grau de recurso cabe ao Tribunal julgar os processos e os recursos de natureza 
administrativa atinentes aos Desembargadores, Juízes e aos seus servidores e julgar os recursos 
oriundos das reclamações contra atos administrativos do Presidente do Tribunal ou de qualquer 
de seus Desembargadores, assim como de Juízes de primeiro grau e de seus servidores29. 
 
26 ESPÍRITO SANTO. Tribunal Regional do Trabalho (17. região). Regimento interno. Vitória, 2011. p. 3. 
27 BRASIL. Constituição (1988): texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações 
adotadas pelas Emendas constitucionais n.º 1/1992 a 90/2015 e pelas Emendas constitucionais de revisão n.º 1 a 
6/1994.Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 05 
nov. 2015. 
28 ESPÍRITO SANTO. Tribunal Regional do Trabalho (17. região). Regimento interno. Vitória, 2011. p. 9-10. 
29 Idem, p. 10. 
15 
 
Quando se tratar de agravo regimental, este é cabível, com efeito meramente devolutivo, 
se interposto em 8 (oito) dias, a contar da intimação ou publicação no órgão oficial30. 
O Tribunal é presidido por um de seus Desembargadores, assim como o cargo de Vice-
Presidente. É competência do Presidente representar o Tribunal perante os demais poderes e 
autoridades, dirigir os trabalhos do Tribunal, observando e fazendo cumprir a Constituição 
Federal, as leis da República e o RITRT-17, homologar as desistências, nos dissídios coletivos, 
na forma da lei, dentre outras competências de caráter judicial e administrativo. O Presidente 
poderá ainda delegar atribuições aos Vice-Presidente ou, em sua falta, ao Desembargador mais 
antigo31. 
Ao Corregedor Regional, função a qual é desempenhada pelo Presidente do Tribunal, 
compete exercer correição sobre todas as Varas do Trabalho da Região, pelo menos uma vez 
por ano; apurar descumprimento de obrigações legais por Juiz do Trabalho e a prática de atos 
ou de omissões dos órgãos e serviços auxiliares que devam ser corrigidos, propor ao Tribunal 
Pleno a instauração de processo administrativo contra Juízes do Trabalho de primeiro grau, 
além de competências ligadas a formação de juízes32. 
No TRT-17, há a figura da Ouvidoria a qual tem por missão servir de canal de 
comunicação direta entre o público externo, o público interno e o TRT-17, proporcionando 
maior intercâmbio de informações e buscando o aperfeiçoamento, a eficiência e o incremento 
à qualidade dos serviços prestados. Podem ser eleitos para os cargos de Ouvidor e Vice-Ouvidor 
todos os Desembargadores do Trabalho da 17ª Região, salvo aqueles no exercício de cargos de 
Direção do Tribunal. Ainda, “...o mandato do Ouvidor e de seu substituto será de 2 (dois) anos, 
permitida a recondução. ”33 
Por fim, há previsão no RITRT-17 de remessa de processos à Procuradoria Regional do 
Trabalho. Logo, são casos passíveis de envio ao Ministério Público do Trabalho para emissão 
de parecer: obrigatoriamente, quando for parte pessoa jurídica de direito público, Estado 
estrangeiro ou organismo internacional; facultativamente, por iniciativa do Relator, quando a 
matéria, por sua relevância, recomendar a prévia manifestação do Ministério Público do 
Trabalho; por iniciativa do Ministério Público do Trabalho, quando entender existente interesse 
público que justifique a sua intervenção; por determinação legal, os mandados de segurança em 
grau originário ou recursal, as ações civis públicas em que o Ministério Público do Trabalho 
 
30 ESPÍRITO SANTO. Tribunal Regional do Trabalho (17. região). Regimento interno. Vitória, 2011. p. 68. 
31 Idem, pp. 19-20. 
32 Idem, pp. 27-28. 
33 ESPÍRITO SANTO. Tribunal Regional do Trabalho (17. região). Regimento interno. Vitória, 2011. p. 71. 
16 
 
não for autor, os dissídios coletivos originários, caso não exarado parecer na instrução, e os 
processos em que forem partes ou interessados menores, incapazes, índios, comunidades e 
organizações indígenas. 
 
2.1.3 Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) 
 
A Constituição do Estado do Espírito Santo de 1989 (CES/89)34 estabelece em seu Art. 
101, I a VI, que os órgãos do Poder Judiciário Espírito-santense são: o Tribunal de Justiça; os 
Juízes de Direito; os Tribunais do Júri; os Tribunais ou Juízes; os Juizados Especiais e o 
Conselho de Justiça Militar. 
Embora a CES/89 apresente toda a estrutura do Judiciário, estamos interessados na 
análise da estrutura hierárquica e na distribuição de funções do Tribunal de Justiça (TJES), já 
que, é o que se propõe neste escrito. 
O Art. 102, caput, da CES/89 preconiza que o TJES tem sede na Capital do Estado do 
Espírito Santo - em Vitória – com jurisdição em todo o território estadual. Ainda, o Art. 103, 
caput, preceitua que é da competência desse Tribunal a iniciativa da lei de organização 
judiciária do Estado do ES e, respeitadas a CF/88 e as leis complementares, a inciativa do 
Estatuto da Magistratura Estadual. 
A referida lei de organização é a Lei Complementar n.º 234/2002 (LC234/2002), que 
traz detalhes da estrutura do Judiciário Capixaba. Em seu Art. 10, I a XVII, ela estabelece que 
o Poder Judiciário é exercido pelos seguintes órgãos: Tribunal de Justiça; Conselho Superior 
da Magistratura; Corregedoria-Geral da Justiça; Ouvidoria Judiciária; Câmaras Cíveis 
Reunidas; Câmaras Criminais Reunidas; Câmaras Cíveis Isoladas; Câmaras Criminais Isoladas; 
Colégios Recursais; Juizados Especiais; Juízes de Direito; Juízes Substitutos; Tribunais do Júri; 
Auditoria e Conselho da Justiça Militar; Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional 
do Espírito Santo (CEJAI); Justiça de Paz; Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de 
Solução de Conflitos (NUPEMEC); Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania 
(CEJUSC). Como já comentado, estaremosdando ênfase à figura do TJES. 
 
 
 
 
34ESPÍRITO SANTO. Constituição do Estado do Espírito Santo. Disponível em: 
<http://www.al.es.gov.br/appdata/anexos_internet/downloads/c_est.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2015. 
17 
 
2.1.3.1 Estrutura hierárquica e distribuição de funções 
 
Além da CES/89 e da LC234/2002, outro instrumento normativo que detalha a estrutura 
e as competências do TJES é o Regimento Interno do TJES (RITJES)35. 
O Art. 2º do RITJES estabelece que o TJES é composto de 26 (vinte e seis) 
desembargadores, nomeados na forma da Constituição e das leis, tendo como órgãos julgadores: 
o Tribunal Pleno; o Conselho da Magistratura; o 1º Grupo de Câmaras Cíveis Reunidas; o 2º 
Grupo de Câmaras Cíveis Reunidas; as Câmaras Criminais Reunidas; as Câmaras Cíveis 
Isoladas; as Câmaras Criminais Isoladas. 
O Tribunal Pleno se constitui de todos os Desembargadores, só podendo ocorrer 
deliberações com a presença mínima de dois terços (2/3) de seus membros efetivos (Art. 5º, 
RITJES). 
O Conselho da Magistratura será constituído pelo Presidente, pelo Vice-Presidente e 
pelo Corregedor-Geral da Justiça, bem como de dois (2) Desembargadores e seus respectivos 
suplentes, eleitos bienalmente. 
As Câmaras Reunidas serão constituídas pelos Desembargadores das Câmaras Isoladas 
que as integram, além do seu Presidente: 
I. O Primeiro Grupo de Câmaras Cíveis Reunidas é composto pelos 
Desembargadores que integram as Primeira e Segunda Câmaras Cíveis e o 
Segundo Grupo de Câmaras Cíveis Reunidas é composto pelos 
Desembargadores que integram a Terceira e Quarta Câmaras Cíveis; 
II. O Grupo de Câmaras Criminais Reunidas é composto pelos Desembargadores 
que integram a Primeira e Segunda Câmaras Criminais; 
III. Integram as Câmaras Cíveis Isoladas quatro (04) Desembargadores; as Primeira 
e Segunda Câmara Criminal são integradas por quatro e três Desembargadores, 
respectivamente. 
 
Na composição do Tribunal, quatro quintos dos lugares serão preenchidos por promoção 
dentre os Juízes de Direito de Entrância Especial e um quinto por membros do Ministério 
Público, com mais de dez (10) anos de carreira e Advogados de notório saber jurídico e de 
 
35ESPÍRITO SANTO. Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Regimento interno. Disponível em: <http 
http://www.tjes.jus.br/PDF/legislacao/REGIMENTO_INTERNO_2012.pdf>. Acesso em: 09 nov. 2015. 
18 
 
reputação ilibada, com mais de dez (10) anos de efetiva atividade profissional, indicados em 
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. 
As competências originárias do TJES estão arroladas no Art. 109, CES36, sendo: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) nos crimes comuns, o Vice-Governador do Estado, os Deputados Estaduais e os 
Prefeitos Municipais, e, nesses e nos de responsabilidade, os juízes de direito e 
os juízes substitutos, os Secretários de Estado, o Procurador-Geral de Justiça, os 
membros do Ministério Público e o Procurador-Geral do Estado, ressalvada a 
competência da justiça eleitoral; 
b) os mandados de segurança e os habeas-data contra ato do Governador do Estado, 
do Presidente da Assembleia Legislativa, dos membros da sua Mesa, do 
Presidente e dos Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, do Procurador 
Geral de Justiça, do Procurador-Geral do Estado, de Secretário de Estado e do 
próprio Tribunal, do seu Presidente, do seu Vice-Presidente e do Corregedor-
Geral da Justiça; 
c) os habeas-corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas na alínea a, ressalvada a competência da justiça eleitoral; 
d) os mandados de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for 
atribuição do Governador do Estado, da Assembleia Legislativa, de sua Mesa, 
do Tribunal de Contas, do próprio Tribunal, de órgão, entidade ou autoridade 
estadual da administração direta ou indireta, ressalvados os casos de 
competência dos tribunais federais e dos órgãos da justiça militar, da justiça 
eleitoral, da justiça do trabalho e da justiça federal; 
e) as ações de inconstitucionalidade contra lei ou atos normativos estaduais ou 
municipais que firam preceito desta Constituição; 
f) as ações rescisórias de seus julgados e as revisões criminais; 
g) as execuções de sentença, nas causas de sua competência originária; 
h) nas ações que possam resultar na suspensão ou perda dos direitos políticos ou na 
perda da função pública ou de mandato eletivo, aqueles que tenham foro no 
Tribunal de Justiça por prerrogativa de função, previsto nesta Constituição. 
 
36 ESPÍRITO SANTO. Constituição do Estado do Espírito Santo. Disponível em: 
<http://www.al.es.gov.br/appdata/anexos_internet/downloads/c_est.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2015. 
19 
 
Ainda, solicitar intervenção: (a) federal, nos termos da Constituição Federal; (b) 
estadual, nos casos em que o Tribunal de Justiça do Estado der provimento à representação para 
assegurar a observância de princípios indicados nas Constituições Federal e Estadual, ou para 
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
 
2.2 Ministério Público no Estado do Espírito Santo 
 
2.2.1 Ministério Público Federal 
 
2.2.1.1 Estrutura hierárquica e distribuição de funções 
 
A estrutura hierárquica do Ministério Público Federal é composta pela Procuradoria 
Geral da República onde trabalham o Procurador Geral da República, de livre nomeação do 
Presidente da República, e os Vices-Procuradores Gerais37. 
Faz parte desta estrutura o Ministério Público Federal – PMF (procuradores regionais 
da república do TRF - 2ª instância, e procuradores da república – juízes de 1ª instância); o 
Ministério Público do Trabalho (TRT – Procuradores Regionais do Trabalho, e Procuradores 
do Trabalho que atuam nas varas); Ministério Público Eleitoral – MPE (TRE – Procuradores 
Regionais Eleitorais, e Promotores Eleitorais – Juiz Eleitoral); e Ministério Público Militar – 
MPM. 
Seus valores institucionais baseiam-se nos princípios da unidade, indivisibilidade e 
independência funcional. Não sendo parte da estrutura do judiciário figura mais, na prática, 
como um poder autônomo e auxiliar dos outros três poderes. 
De acordo com o princípio da Unidade, os procuradores compõem um só órgão e a 
manifestação de qualquer membro assume caráter de posicionamento de todo o Ministério 
Público. Concomitantemente, a partir do princípio da Indivisibilidade é garantido que os 
membros não permaneçam vinculados aos processos nos quais atuam, podendo ser substituídos. 
Pela Independência Funcional cada membro do Ministério Público Federal possui plena 
autonomia em sua atuação, e não está sujeito a superior hierárquico de qualquer instituição. 
Assim, quando vários procuradores atuam em um mesmo processo, é possível que adotem 
posições diferentes, porém possuem o dever de informar acerca dos atos e fundamentá-los. 
 
37 BRASIL. Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8625.htm>. Acesso em: 09 nov. 2015 
20 
 
A hierarquia é considerada somente para os atos administrativos e de gestão, sendo 
atribuição da chefia da instituição deliberar sobre a estrutura do MPF e a distribuição dos 
recursos. 
Iniciam a carreira no cargo de Procurador da República, por meio de aprovação em 
concurso público específico para o ramo. O procurador da república atua em cada Estado e nos 
municípios para verificar os assuntos que ferem os direitos constitucionais e legais 
Quando promovidos,passam a exercer o cargo de procurador regional da República. A 
partir de então oficiam nas diversas regiões do país, conforme as divisões da Justiça e em 
processos que tramitam nos tribunais regionais federais. 
 Após nova promoção, o de subprocurador-geral da República, último cargo da carreira, 
passam a atuar nas ações das últimas instâncias do Judiciário – Superior Tribunal de Justiça e 
Supremo Tribunal Federal. 
 
2.2.2 Ministério Público do Trabalho 
 
O Ministério Público do Trabalho (MPT) é o ente do Ministério Público Federal que 
tem como atribuição fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista quando houver interesse 
público, procurando regularizar e mediar as relações entre empregados e empregadores. 
É atribuição do MPT38 promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho 
para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados direitos sociais constitucionalmente 
garantidos aos trabalhadores. Também pode manifestar-se em qualquer fase do processo 
trabalhista, quando entender existente interesse público que justifique. O MPT pode ser árbitro 
ou mediador em dissídios coletivos e pode fiscalizar o direito de greve nas atividades essenciais. 
Cabe também ao MPT propor as ações essenciais à defesa dos direitos e interesses dos menores, 
incapazes e índios, decorrentes de relações de trabalho, além de recorrer das decisões da Justiça 
do Trabalho tanto nos processos em que for parte como naqueles em que oficie como fiscal da 
lei. 
Destarte aos demais ramos do MP, o MPT exerce funções na resolução administrativa 
(extrajudicial) de conflitos. A partir do recebimento de denúncias, representações, ou por 
iniciativa própria, pode instaurar inquéritos civis e outros procedimentos administrativos, 
 
38 BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Conheça o MPT. Disponível em: <http://portal.mpt.mp.br>. Acesso 
em: 09 de nov. 2015. 
21 
 
notificar as partes envolvidas para que compareçam a audiências, forneçam documentos e 
outras informações necessárias. 
 
2.2.2.1 Estrutura hierárquica e distribuição de funções 
 
Para cumprir suas atribuições o Ministério Público do Trabalho dispõe em sua estrutura 
diversos órgãos responsáveis pelo desenvolvimento de atividades administrativas e pela eficaz 
execução das funções fins: Procurador-Geral; Procuradorias Regionais; Conselho Superior; 
Câmara de Coordenação e Revisão; Corregedoria Geral, Ouvidoria e o Colégio de 
Procuradores. 
 
2.2.3 Ministério Público do Espírito Santo 
 
No exercício de suas atribuições uma das principais funções do Ministério Público do 
Espírito Santo39 promove a garantia da cidadania, assegurando o respeito e o gozo pleno dos 
direitos individuais e coletivos, por meio da fiscalização do cumprimento da lei no âmbito do 
Estado e dos Municípios. 
É auto da ação penal pública, zelando pela efetiva prestação dos serviços públicos, na 
realização do inquérito civil e da ação civil pública para proteção do patrimônio público e social, 
do meio ambiente, e dos interesses difusos e coletivos. Promove ainda a ação de 
inconstitucionalidade de leis e atos normativos estaduais e municipais, notifica e requisita 
informações e documentos necessário à instrução de procedimentos, bem como exerce o 
controle externo da atividade policial e defende judicialmente os direitos e interesses da 
população. O Ministério Público do Espírito Santo também tem a atribuição de fiscalizar os 
estabelecimentos penais e os que abrigam menores, idosos, incapazes e portadoras de 
deficiência, verificar periodicamente e fiscalizar o funcionamento das Fundações, apurando e 
dando prosseguimento às representações por violação de direitos humanos ou sociais 
decorrentes de abuso de poder econômico ou administrativo, além de outras atribuições 
correlatas. 
 
39 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO. Conheça o MPES. Disponível em: 
<https://www.mpes.mp.br/Arquivos/Modelos/Paginas/NoticiaComVideo.aspx?pagina=402>. Acesso em: 09 de 
nov. 2015. 
22 
 
O MP-ES está presente em todo o território estadual, atendendo as comunidades, por 
meio das Promotorias de Justiça existentes nas Comarcas. Seu trabalho é pautado na legislação 
e nos atos normativos vigentes, bem como nas orientações estabelecidas pelos seus Colegiados 
e pelo Conselho Nacional do Ministério Público. 
 
2.2.3.1 Estrutura hierárquica e distribuição de funções 
 
De acordo com a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público–LF nº 8.625/9340, Art. 
26. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá: 
1. Instaurar inquéritos civis e outras medidas e procedimentos administrativos 
pertinentes e, para instruí-los: 
a. Expedir notificações para colher depoimento ou esclarecimentos e, em caso de 
não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela 
Polícia Civil ou Militar, ressalvadas as prerrogativas previstas em lei; 
b. Requisitar informações, exames periciais e documentos de autoridades federais, 
estaduais e municipais, bem como dos órgãos e entidades da administração 
direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios; 
c. Promover inspeções e diligências investigatórias junto às autoridades, órgãos e 
entidades a que se refere a alínea anterior; 
2. Requisitar informações e documentos a entidades privadas, para instruir 
procedimentos ou processo em que oficie; 
3. Requisitar à autoridade competente a instauração de sindicância ou procedimento 
administrativo cabível; 
4. Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial e de 
inquérito policial militar, observado o disposto no art. 129, inciso VIII, da 
Constituição Federal, podendo acompanhá-los; 
5. Praticar atos administrativos executórios, de caráter preparatório; 
6. Dar publicidade dos procedimentos administrativos não disciplinares que instaurar 
e das medidas adotadas; 
 
40 BRASIL. Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8625.htm>. Acesso em: 09 nov. 2015 
23 
 
7. Sugerir ao Poder competente a edição de normas e a alteração da legislação em 
vigor, bem como a adoção de medidas propostas, destinadas à prevenção e controle 
da criminalidade; 
8. Manifestar-se em qualquer fase dos processos, acolhendo solicitação do juiz, da 
parte ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse em causa que 
justifique a intervenção. 
 
Cabe ao Ministério Público41 exercer a defesa dos direitos assegurados nas 
Constituições Federal e Estadual, sempre que se cuidar de garantir-lhe o respeito: pelos poderes 
estaduais ou municipais; pelos órgãos da Administração Pública Estadual ou Municipal, direta 
ou indireta; pelos concessionários e permissionários de serviço público estadual ou municipal; 
por entidades que exerçam outra função delegada do Estado ou do Município ou executem 
serviço de relevância pública. 
No exercício dessas atribuições, cabe ao Ministério Público, entre outras providências: 
receber notícias de irregularidades, petições ou reclamações de qualquer natureza, promover as 
apurações cabíveis que lhes sejam próprias e dar-lhes as soluções adequadas; zelar pela 
celeridade e racionalização dos procedimentos administrativos; dar andamento, no prazo de 
trinta dias, às notícias de irregularidades, petições ou reclamações; promover audiências 
públicas e emitir relatórios, anual ou especiais, e recomendações dirigidas aos órgãos e 
entidades mencionadas no caput deste artigo, requisitandoao destinatário sua divulgação 
adequada e imediata, assim como resposta por escrito. 
O Ministério Público do Espírito Santo, além das funções estabelecidas pela Lei 
Orgânica Nacional do Ministério Público–LF nº 8.625/9342 e da sua Lei Orgânica-LCE nº 
95/9743, estabeleceu como suas diretrizes prioritárias: o combate ao crime organizado; a defesa 
do meio ambiente, na defesa do patrimônio público com combate permanente à improbidade 
administrativa; a defesa dos direitos da criança e do adolescente, dos idosos, das pessoas 
portadoras de deficiência e dos grupos discriminados, além de uma atuação proativa, prevendo 
e agindo antes dos acontecimentos, prezando pela transparência administrativa e institucional. 
 
41 BRASIL. Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8625.htm>. Acesso em: 09 nov. 2015. 
42 BRASIL. Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8625.htm>. Acesso em: 09 nov. 2015. 
43 ESPÍRITO SANTO. Ministério Público do Espírito Santo. Disponível em: 
<http://www.conamp.org.br/images/leis-organicas/ESPIRITO_SANTO_LCE-N-95-1997-(1)-MPES.pdf>. 
Acesso em: 09 nov. 2015. 
24 
 
Apresenta em sua estrutura hierárquica44 o Procurador Geral de Justiça, o Procurador de 
Justiça (que atua junto ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo) e os Promotores de Justiça, que 
são investidos no cargo por meio de concurso público. 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Ao analisarmos os dispositivos constitucionais que tratam da estrutura do Poder 
Judiciário, vemos que o rol é taxativo (numerus clausus), ou seja, a criação e/ou previsão de 
existência de outros tribunais só pode ser possível por meio de emendas à CF/88. 
A existência dessa organização judiciária é imprescindível para aquele que teve o direito 
lesado ou ameaçado poder pleitear a tutela adequada, efetiva e tempestiva de seus direitos (Art. 
5º, XXXV). No entanto, acesso ao Poder Judiciário não pode ser entendido como acesso à 
justiça, considerando esta como um logos possível ou não de ser alcançado através do processo. 
A estrutura atual dos órgãos do Poder Judiciário tem se adaptado a algumas necessidades 
da sociedade como é o caso da Justiça Volante. 
Com o objetivo de “desafogar” o Poder Judiciário que atualmente encontra-se 
“abarrotado” de processos, o CPC-2015 institucionalizou a autocomposição, que deverá ser 
incentivada pelos órgãos do Judiciário, bem como outros atores essenciais à Justiça como o 
Ministério Público. A autocomposição deverá ser realizada por meio de arbitragem, de 
mediação ou de conciliação (Art.2º, §2º e §3º; Arts. 165 a 175, CPC-2015). 
Ainda, o CPC-2015 traz, motivado pela presença da boa-fé objetiva em todo o sistema 
normativo atual, a consequência natural e lógica de que o Poder Judiciário, seus agentes e as 
partes envolvidas no procedimento em contraditório não escapem da submissão ao “dever de 
agir”. Na palavra de Humberto Theodoro Jr.45: “Andou bem, portanto, o novo CPC quando 
inseriu entre as ‘normas fundamentais do processo civil’ o dever de todos os que atuam em 
juízo de ‘comportar-se de acordo com a boa-fé’” (Art. 5º - CPC2015). 
A organização judiciária no Estado do Espírito Santo está estruturada com base em 
normas da CF/88, da CES/89, da Lei Complementar Estadual n.º 234/2002 (Código de 
Organização Judiciária), ainda, do Regimento Interno do TJES. 
 
44 ESPÍRITO SANTO. Ministério Público do Espírito Santo. Disponível em: 
<http://www.conamp.org.br/images/leis-organicas/ESPIRITO_SANTO_LCE-N-95-1997-(1)-MPES.pdf>. 
Acesso em: 09 nov. 2015. 
45 THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre M.F., PEDRON, Flávio Q. Novo CPC 
– Fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p.136. 
25 
 
No que se refere à importância do Ministério Público no Estado Democrático de Direito, 
essa Instituição e seus entes correlatos têm sido o agente mais importante na defesa dos direitos 
coletivos pela via judicial, atuando como fiscal, ouvidor e advogado da sociedade em face de 
possíveis improbidades e abusos do Estado, simultaneamente defendendo seu caráter 
democrático e pluralista consolidado a partir da CF/88. 
O MPES está presente em todo o território estadual, atendendo as comunidades, por 
meio das Promotorias de Justiça existentes nas Comarcas. 
O MPES além das funções básicas estabelecidas pela Lei Orgânica Nacional do 
Ministério Público–LF nº 8.625/93 e da sua Lei Orgânica-LCE nº 95/97, traçou como diretrizes 
prioritárias: o combate ao crime organizado; a defesa do meio ambiente; a defesa do patrimônio 
público com combate permanente à improbidade administrativa; a defesa dos direitos da criança 
e do adolescente, dos idosos, das pessoas portadoras de deficiência e dos grupos discriminados; 
a atuação proativa, prevendo e agindo antes dos acontecimentos; transparência administrativa 
e institucional. 
 
4 BIBLIOGRAFIA 
ALVIM, J.E. Carreira; Teoria Geral do Processo. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 
 
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do 
Direito. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
 
CINTRA, A.C de A.; GRINOVER, A.P.; DINAMARCO, C.R. Teoria Geral do Processo. 
30.ed. São Paulo: Malheiros, 2014. 
 
CINTRA, A.C de A.; GRINOVER, A.P.; DINAMARCO, C.R. Teoria Geral do Processo. 
25.ed. São Paulo: Malheiros, 2009. 
 
DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução do direito processual civil, 
parte geral e processo de conhecimento. 17 ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. Vol. I. 6. ed. ver. 
atual. São Paulo: Malheiros, 2009. 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre M.F., PEDRON, 
Flávio Q. Novo CPC – Fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 
 
ZANETI JR., Hermes. A constitucionalização do processo: o modelo constitucional da justiça 
brasileira e as relações entre processo e constituição. 2. Ed. Ver, ampl., alterada. São Paulo: 
Atlas, 2014.

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