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adm. pub e serv. pub. apostila de contabilidade governamental

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Professora: Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo, Dra. 
 
 
 
 
Sobral − CE 
Janeiro/2015 
 
 
CONTABILIDADE 
GOVERNAMENTAL 
BLOCO 2 
Serviços Públicos 
Administração Pública 
Página 2 de 29 
 
SUMÁRIO 
 
3 SERVIÇOS PÚBLICOS ....................................................................................................... 4 
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ............................................................. 8 
3.2.2 Quanto à essencialidade ................................................................................................ 9 
3.2.3 Quanto aos usuários .................................................................................................... 11 
3.2.4 Quanto às formas e meios de prestação dos serviços públicos ................................. 12 
4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................... 15 
4.1 CONCEITOS ...................................................................................................................... 15 
4.2 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA ............................... 16 
4.3 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................... 17 
4.3.1 Estruturação ................................................................................................................. 18 
4.3.1.1 Administração direta ou centralizada ................................................................... 18 
4.3.1.2 Administração indireta ou descentralizada ......................................................... 19 
4.3.1.3 Administração municipal ........................................................................................ 25 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
O intuito da Unidade 3 é possibilitar ao educando a construção de conhecimento a 
respeito dos serviços públicos. Municiá-lo com informações dos instrumentos e elementos que 
o compõem a temática e esclarecer qual a classificação dos serviços públicos quanto à 
competência para a sua execução, essencialidade, usuários e formas e meios de prestação. 
Inicialmente são apresentadas conceituações acerca do tema serviços públicos com o 
intuito de familiarizar o leitor com o assunto. Seguidamente, apresentam-se as classificações 
nas quais os serviços públicos podem ser enquadrados. 
 
3.1 CONCEITOS 
 
Serviços públicos são aqueles que a Administração Pública propicia à comunidade em 
geral por reconhecer sua essencialidade e necessidade para a sobrevivência do grupo social, 
bem como, do próprio Estado. 
De acordo com Meirelles (1997, p. 297) serviço público é “todo aquele prestado pela 
Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer 
necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”. 
Para Gasparini (2006, p. 288) os serviços públicos são “todas as atividades da Administração 
Pública destinadas ao oferecimento de comodidades e utilidades aos administrados”. 
Kohama (2008, p. 1) por sua vez entende que os serviços públicos são um “conjunto de 
atividades e bens exercidos ou colocados à disposição da coletividade, visando abranger e 
proporcionar o maior grau possível de bem-estar” à população. 
Ressalta-se que os serviços públicos podem compreender atividades que concernem 
exclusivamente ao Estado e que, nesse caso, devem ser exercidas diretamente pelo governo 
(serviços públicos propriamente ditos). 
Kohama (2008) informa que existem ainda determinadas atividades que são exercidas 
por meio de delegações do próprio poder público para que assim sejam atendidos aos interesses 
coletivos e/ou ao bem-estar geral (serviços de utilidade pública). 
Diante do exposto, depreende-se que os serviços públicos propriamente ditos devem ser 
executados de modo direto pelo próprio Estado, vez que, são considerados fundamentais à 
continuidade da vida em sociedade e à manutenção do Estado − por exemplo, serviço de polícia, 
de saúde pública, de segurança (DI PIETRO, 2005; KOHAMA, 2008). 
Página 5 de 29 
 
Ao passo que os serviços de utilidade pública podem ser delegados a terceiros, pois, não 
possuem o caráter de essencialidade imposto aos serviços públicos propriamente ditos. Tais 
serviços objetivam facilitar a vida do indivíduo em sociedade. 
Assim, infere-se que os serviços de utilidade pública são convenientes e colocam à 
disposição utilidades que propiciam mais comodidade, conforto e bem-estar à população, 
podendo o poder público ofertá-los diretamente ou por meio de terceiros, via remuneração. 
Neste caso, a regulamentação e o controle é do Poder Público e os riscos são dos 
prestadores do serviço. Exemplo deste tipo de serviço seria o fornecimento de gás, de energia 
elétrica, de telefone, de transporte coletivo, etc. (ANDRADE, 2007; MEIRELES, 2008). 
Todavia, nos primórdios do Estado Liberal, a prestação dos serviços públicos era feita 
pelo Estado e somente pelo Estado, portanto, a ideia do fornecimento destes serviços serem 
desempenhados por particulares era algo impensado, talvez porque os serviços públicos 
estavam restritos a um núcleo material relativamente fechado – ou seja, serviços de polícia 
e de segurança (MARQUES, 2009). 
Com o passar do tempo, a amplitude dos serviços públicos foi aumentando e novos 
serviços foram sendo incluídos no rol de serviços essenciais a serem ofertados pelo Estado. No 
Brasil, é a Lei nº 7.783 de 28 de junho de 1989, que dispõe sobre o exercício do direito de greve, 
define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da 
comunidade e dá outras providências. Na Figura 1 estão elencados os serviços públicos 
essenciais brasileiros. 
Figura 1 – Serviços públicos considerados essenciais no Brasil 
 
Fonte: Elaboração própria com base em Brasil (1989). 
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Kohama (2008) e Marques (2009) esclarecem que é comum o Estado considerar um 
conjunto de serviços públicos como sendo essenciais, regulamentando-os em quadros 
normativos específicos. Os autores explicam que tais normatizações ocorrem para que seja 
protegido o interesse público na condução e execução desses serviços. 
Di Pietro (2005, p. 114) destaca que “é o Estado, por meio de Lei, que escolhe quais 
as atividades que, em determinado momento, são consideradas serviços públicos”. 
Consoante a autora, dessa maneira exclui-se a probabilidade de discriminar-se por meio de 
critérios objetivos, o serviço público da atividade privada. Di Pietro (2005) enfatiza ainda que 
a atividade privada permanecerá como tal, enquanto o Estado não a assumir como própria. 
No direito brasileiro, a própria Constituição faz essa indicação nos artigos 21, 
incisos X, XI, XII, XV e XXIII e no artigo 25, § 2º, alterados, respectivamente, pelas 
Emendas Constitucionais nº 8 e 5, de 1995, Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e Emenda 
Constitucional nº 49, de 2006. 
 
 
 
 
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Nohara (2014, p. 6) pondera que o “Direito Administrativo é o ramo do direito público 
que trata dos princípios e regras que disciplinam a função administrativa e que abrange entes, 
órgãos, agentes e atividades desempenhadaspela Administração Pública na consecução do 
interesse público”. 
Porém, ressalta-se que como tudo no mundo do Direito, o Administrativo é cheio de 
pormenores, definições e vertentes, além de denso. Dessa maneira, destacamos que 
apresentamos aqui apenas uma leve nuance do que esse ramo compõe em si. Obviamente, será 
cobrado apenas o que foi mencionado e, claro, que corresponde a nosso propósito da disciplina 
de Contabilidade Governamental I. 
 
 
 
 
 
 
 
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3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
Conforme Meireles (2008), os serviços públicos podem ser classificados de acordo com 
sua competência, essencialidade, usuários e formas e meios de prestação. Na sequência, 
seguem-se esclarecimentos e definições acerca dessas classificações dos serviços públicos. 
 
3.2.1 Quanto à competência para a sua execução 
 
Os serviços públicos podem ser prestados por entidades da administração direta ou 
indireta, nas esferas do governo elencadas na Figura 2. 
 
Figura 2 – Esferas do governo pelas quais os serviços públicos podem ser ofertados 
 
Fonte: Elaboração própria com base em Kohama (2008). 
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Como vimos em comentário anterior de Di Pietro (2005) é o Estado que escolhe 
quais as atividades que serão consideradas serviços públicos. Vimos também que a 
própria Constituição faz essa indicação em seus artigos, entretanto, como lembrado por 
Marques (2009), convém registrar que a Constituição Federal não disciplina esse assunto, 
já que não é matéria própria da Carta Magna. 
Marques (2009) esclarece que as modalidades de serviço público a serem prestadas 
pelos Estados e pelos Municípios é matéria de competência dos próprios entes federativos, 
embora, esses entes devam respeitar as regras expressas fixadas na Constituição Federal. 
Deste modo, informa-se que as modalidades de serviços públicos no âmbito dos 
Estados, Distrito Federal e Municípios, devem ser fixadas em suas respectivas leis maiores, 
ou seja, Constituição Estadual, Lei Orgânica Distrital e Lei Orgânica dos Municípios. 
Marques (2009) chama atenção para as ressalvas dos serviços públicos que estão 
previamente estabelecidas na Constituição Federal, tais como as ressalvas presentes nos 
artigos 25, parágrafo 2º que diz respeito à atribuição dos Estados na exploração de gás e 
no artigo 30, inciso V que versa sobre a obrigatoriedade dos Municípios de fornecer os 
serviços de transporte coletivo urbano. 
 
3.2.2 Quanto à essencialidade 
 
Quanto à essencialidade, Kohama (2008) relata que os serviços públicos são 
caracterizados como essenciais e não essenciais. 
Consoante Kohama (2008) e Marques (2009), os serviços públicos essenciais 
correspondem àqueles que são de necessidade pública ou de execução privativa da 
Administração Pública, sendo assim considerados por lei ou por força de sua própria natureza. 
De acordo com Meireles (2008), os serviços públicos essenciais são àqueles que 
chamamos de serviços públicos propriamente ditos. Segundo o autor, esses serviços são 
considerados imprescindíveis à sobrevivência da sociedade e, por isso, não admitem delegação 
ou outorga. 
Grotti (2003) e Kohama (2008) esclarecem que os serviços públicos não essenciais 
equivalem àqueles que são considerados por lei ou os que, pela própria natureza, são tratados 
como de utilidade pública, cuja execução é facultada aos particulares por não configurarem 
serviços de execução privativa do Estado. 
Meireles (2008) coaduna com os autores supramencionados ao afirmar que os serviços 
públicos não essenciais correspondem aos serviços de utilidade pública. O autor contribui com 
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a discussão relatando que os serviços de utilidade pública enquadram-se como serviços úteis, 
porém, não essenciais. Ainda conforme o autor, tais serviços são àqueles que atendem ao 
interesse da comunidade, podendo serem prestados diretamente pelo Estado, ou por terceiros, 
mediante remuneração paga pelos usuários e sob constante fiscalização. 
 
 
 
 
Quadro 1 – Diferenças entre outorga e delegação de serviços públicos 
Outorga Delegação 
• O Estado cria a entidade • O particular cria a entidade 
• O serviço só pode ser autorizado ou criado 
por Lei 
• O serviço pode ser transferido por Lei, por 
contrato (concessão) ou por ato administrativo 
unilateral (permissão, autorização) 
• Transfere-se a titularidade • Transfere-se a execução 
• Caráter definitivo • Caráter transitório 
Fonte: Elaboração própria com base em Di Pietro (2005) e Marques (2009). 
 
Observando o Quadro 1, percebe-se que a outorga do serviço público implica na 
transferência de titularidade do serviço da pessoa política para a pessoa administrativa, que 
passará a executá-lo em seu próprio nome como responsável, embora, sob controle do Estado. 
Mânica (2009) chama atenção para o fato de que a outorga do serviço público 
impreterivelmente deverá ser constituída e realizada por lei. Desta feita, apenas outra lei poderá 
modificá-la. Neste caso, o serviço é transferido para uma Autarquia, Empresa Pública ou 
Sociedade de Economia Mista. 
Ao passo que na delegação do serviço público, o Estado cede tão somente a execução 
do serviço a uma pessoa jurídica de direito privado e não a titularidade do serviço em si. 
Ademais, o executor exercerá o serviço público em nome do Estado e não em seu próprio nome, 
porém, o fará por sua conta e risco, embora, sob a fiscalização e o acompanhamento estatal. Em 
outros termos, nesse caso há apenas a transferência da execução do contrato, mediante licitação. 
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Di Pietro (2009) informa que o processo de delegação é oficializado para ser realizado 
por um prazo determinado, portanto, possui caráter transitório ao invés da outorga que implica 
em caráter definitivo, como apresentado no Quadro 1. 
De acordo com Justen Filho (2006) e Marques (2009), a figura da delegação encontra-
se personificada nos contratos de concessão ou nos atos de permissão em que o Estado transfere 
aos concessionários e aos permissionários apenas o desempenho provisório de determinado 
serviço público. 
 
 
 
 
3.2.3 Quanto aos usuários 
 
Quanto aos usuários ou destinatários dos serviços públicos, Kohama (2008) relata que 
os serviços públicos podem ser classificados como gerais e individuais. 
Meireles (2008) e Di Pietro (2009) destacam que os serviços gerais ou uti universi são 
aqueles que ofertados à coletividade de um modo geral, não possuem usuários ou destinatários 
exclusivos e são geralmente mantidos via impostos. Exemplo deste tipo de serviço são os 
desempenhados pela polícia, a iluminação pública, a conservação de vias públicas, etc. 
Os autores supramencionados relatam que os chamados serviços individuais ou uti 
singuli referem-se àqueles que possuem usuários predeterminados, sua utilização é particular e, 
por isso, passível de ser mensurado individualmente, sendo mantidos por meio de tarifas ou 
taxas, e não por imposto como no caso dos uti universi. Exemplo de serviços que possuem 
usuários individuais são os serviços de telefonia, água, esgotos e iluminação domiciliar. 
 
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3.2.4 Quanto às formas e meios de prestação dos serviços públicos 
 
Quanto às formas e meios de prestação, Kohama (2008) relata que os serviços públicos 
podem ser classificados como centralizados, descentralizados e desconcentrados. 
Antes de adentramos a seara de definições sobre as formas de classificação dos serviços 
públicos, convido-os a visitar a história ao compartilhar o escrito pelos autores Ronconi, Debetir 
e Mattia (2011) querelembraram em seu estudo, que a democracia política nos anos de 1980 
estava vinculada à democracia social, sob ideários como uma maior equidade, ampliação dos 
direitos sociais, elevação dos graus de universalismo, extensão da cobertura dos programas e 
melhoria da efetividade social do gasto. Conforme os autores, no plano institucional, procurava-
se maior descentralização, transparência nos processos decisórios e ampliação da participação 
social. 
Rocha e Guerreiro (2013) comentam que nas décadas de 1980 e 1990, em decorrência 
da crise financeira pela qual o Brasil passava, aliado ao declínio da expansão e manutenção da 
infraestrutura, o governo federal propôs um amplo programa de reformas, entre elas a 
descentralização vertical dos serviços públicos da esfera federal para os níveis estadual e 
municipal e o fortalecimento do núcleo do Estado responsável pela formulação e coordenação 
das políticas públicas. Neste momento, deu-se o pontapé definitivo para que os serviços 
públicos passassem a ser descentralizados e desconcentrados, ao invés de apenas centralizados. 
Nadir Júnior, Salm e Menegasso (2007) e Salm e Menegasso (2009) esclarecem que os 
serviços públicos que são centralizados correspondem àqueles desempenhados diretamente 
pelo Poder Público, em seu próprio nome e sob sua exclusiva responsabilidade e, por esse 
motivo, tais serviços permanecem integrados à Administração Direta, conforme preceitua o 
artigo 4º do Decreto-Lei nº 200/67. 
Meireles (2009) e Marques (2009) comentam que a competência para a prestação dos 
serviços públicos considerados centralizados são da União e/ou dos Estados e/ou dos 
Municípios. Os autores informam que os serviços de competência da União são aqueles 
previstos na própria Constituição Federal. Segundo eles, ao Município são imputados os 
serviços de interesse local e ao Estado são atribuídos todos os demais serviços. Neste caso, 
percebe-se que o Estado possui competência residual, ou seja, todos os serviços públicos que 
não forem de competência da União e dos Municípios serão incumbidos ao Estado. 
Kohama (2008) relata que os serviços públicos desconcentrados são desempenhados de 
modo centralizado pelo poder público, porém, há uma distribuição das atribuições entre os 
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diversos órgãos da Administração Pública, portanto, o Estado também traz para si a 
responsabilidade da execução do serviço (Procon é um exemplo). 
Ao passo que, nos serviços públicos descentralizados o Poder Público transfere a 
titularidade ou a execução. Marques (2009) pontua que a descentralização pode ser territorial 
(União, Estados, Municípios) ou institucional quando são transferidos os serviços para as 
autarquias, entes paraestatais e/ou delegados. 
Porém, Marques (2009) destaca que não se deve confundir descentralização com 
desconcentração, pois, a última refere-se à prestação dos serviços pela própria administração 
direta, por meio de seus vários órgãos. O autor alerta também que o modo de prestação não se 
confunde com a forma de execução, que pode ser direta ou indireta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Nesta unidade, o objetivo é municiar o educando com informes gerais sobre a 
Administração Pública, permitindo que haja uma familiarização com os termos e definições da 
administração, organização política administrativa brasileira e organização da administração 
pública. 
Inicialmente é feita uma breve conceituação da Administração Pública. Após, apresenta-
se qual a organização política administrativa brasileira e na sequência, traz-se a organização da 
administração pública, momento em que se faz uma explanação sobre as divisões direta e 
indireta, visando a fornecer ferramentas para entendimento de como é dividida, além de abordar 
nuanças da administração municipal. 
 
4.1 CONCEITOS 
 
A Administração Pública pressupõe o trato do interesse público, cujas ações 
desempenhadas pelos gestores públicos visam, entre outros, ao atendimento das necessidades 
primárias da população (MACÊDO, 2010). 
Para Kohama (2008, p. 9), “a administração pública é todo o aparelhamento do Estado 
preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”. Já 
Castro (2008, p. 17) ressalta que a “administração pública é o conjunto de meios institucionais, 
materiais, financeiros e humanos, organizados e necessários para executar as decisões 
políticas”. Nesta perspectiva, a Administração Pública e o governo diferem em seu sentido 
formal, material e operacional. A esse respeito, Meirelles (1997, p. 60) esclarece: 
 
A administração pública, em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos 
para consecução dos objetivos do governo; em sentido material, é o conjunto 
das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção 
operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos 
serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da 
coletividade. 
 
 
Em outras palavras, a Administração Pública no sentido formal ou organizacional, 
corresponde ao complexo de órgãos responsáveis por funções administrativas; em senso 
material ou funcional, representa o conjunto de atividades concretas e imediatas desenvolvidas 
pelo Estado e, em significado operacional, abarca o desempenho efetivo dos serviços 
executados pelo Estado (MACÊDO, 2010). 
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De acordo com Macêdo (2010), a Administração Pública abrange um conjunto de entes 
cercados pelas quatro esferas administrativas (União, Estados, Distrito Federal e municípios), 
orientados pelos princípios prontamente delineados no artigo 37 da Constituição Federal de 
1988 (moralidade, publicidade, legalidade, impessoalidade e eficiência), sendo composta em 
quaisquer dessas esferas por órgãos compreendidos na Administração Direta e Indireta. 
 
 
4.2 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA 
 
A organização político administrativa do Brasil está consolidada na Constituição 
Federal de 1988 (CF/1988), sob o texto reformulado pela Emenda Constitucional nº 19 de 04 
de junho de 1998, artigo 18, Título III (Da Organização do Estado), Capítulo I (Da Organização 
Político-Administrativa), conforme discriminação abaixo. 
 Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil 
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos 
termos desta Constituição (BRASIL, 1988). 
 § 1º Brasília é a Capital Federal. 
 § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado 
ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. 
 § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para 
se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação 
da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei 
complementar. 
 § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-
ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão 
de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após 
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. 
No primeiro artigo da Constituição Federal de 1988, o Brasil define-se como Estado 
Federal, por meio do seguinte texto: 
Art. 1. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados 
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-seem Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
I - a soberania; 
 
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II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
 
Kohama (2008), refletindo sobre a expressão textual do artigo 1º da CF/1988, comenta 
que a União constitui-se em pessoa de direito público interno, autônoma em relação aos 
Estados. O autor ainda relata que a União possui como missão o exercício das prerrogativas da 
soberania do Estado brasileiro, vez que, transveste-se como entidade federal proveniente da 
reunião dos Estados-membros, dos Municípios e do Distrito Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
4.3 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
A Administração Pública, como todas as organizações administrativas é alicerçada em 
uma estrutura formal que é hierarquizada com graduações de autoridade equivalente às diversas 
categorias funcionais. 
Segundo Kohama (2008), Administração Pública é ordenada pelo Poder Executivo de 
modo que distribua e gradue quais são as funções de seus diversos órgãos e agentes 
estabelecendo, portanto, uma relação de subordinação. 
A Administração Pública pode ser conceituada objetivamente como a atividade concreta 
e imediata que o Estado desempenha para que os interesses da coletividade sejam satisfeitos e 
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subjetivamente como o aglomerado de órgãos aos quais a lei imputa o exercício da função 
administrativa do Estado. 
Destarte, a organização da Administração Pública refere-se à estruturação legal das 
entidades e órgãos que devem desempenhar as funções e prerrogativas do Estado, por meio dos 
agentes públicos (burocratas). Tal organização normalmente é engendrada por lei e 
excepcionalmente é feita por decreto e normas inferiores, isso quando não se carece da criação 
de novos cargos e nem se majora a despesa pública. 
Dito isso, sequencialmente poderá ser observada qual a estruturação da Administração 
Pública, bem como, quais os elementos que compõem a Administração Pública direta, indireta 
e municipal. 
 
4.3.1 Estruturação 
 
O campo de atuação da Administração Pública, consoante a organização da execução 
dos serviços, envolve os órgãos da Administração Direta ou Centralizada e os órgãos da 
Administração Indireta ou Descentralizada (KOHAMA, 2008). 
O Decreto-Lei nº 7, de 6 de novembro de 1969, que dispõe sobre a Organização da 
Administração Federal, assevera que a ela compreende a administração direta e a administração 
indireta. 
Em suma, a Administração Pública é composta (estruturada) pela administração direta 
e indireta. Isto posto, na sequência são abordadas as referidas temáticas esclarecendo-se quais 
os detalhes gerais que compõem a administração direta e indireta. 
 
4.3.1.1 Administração direta ou centralizada 
 
A Administração Pública direta é aquela cuja função administrativa é primordial e 
exclusivamente exercida pelos órgãos do Poder Executivo. Nela o Estado atua diretamente por 
intermédio de seus órgãos. Martins (2000, p. 25) evidencia que “na administração direta tem-
se o Estado agindo de forma centralizada, ou seja, ele mesmo decide, administra e executa as 
funções administrativas”. No Quadro 2 é possível ver a estrutura da administração direta. 
 
 
 
 
 
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Quadro 2 − Administração Direta no Brasil 
NÍVEIS PODERES 
FEDERAL 
LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO 
 Senado Federal 
 Câmara dos Deputados 
 Tribunal de Contas da 
União 
 Presidência 
da 
República e 
Ministérios 
 Supremo Tribunal Federal 
 Supremo Tribunal de Justiça 
 Tribunais Regionais Federais 
e Juízes Federais 
 Tribunais e Juízes do 
Trabalho 
 Tribunais e Juízes Eleitorais 
 Tribunais e Juízes Militares 
 Ministério Público da União 
 
ESTADUAL e 
DISTRITAL 
 Assembleia Legislativa 
 Câmara Distrital 
 Tribunal de Contas do 
Estado 
 
 Gabinete do 
Governador 
 Secretarias 
de Estado 
 Secretarias 
Distritais 
 Tribunais e Juízes dos 
Estados e do Distrito Federal 
 Ministério Público dos 
Estados e do Distrito Federal 
 
MUNICIPAL 
 Câmara dos Vereadores 
 Tribunal de Contas do 
Município ou Tribunal 
de Contas do Estado 
 Gabinete do 
Prefeito 
 Secretarias 
Municipais 
 
Fonte: Adapatado de Slomski (2003, p. 360). 
 
Percebe-se, pela análise do Quadro 2, que apenas o Poder Judiciário e o Ministério 
Público não são replicados na estrutura municipal. Vê-se, porém, que a Administração Pública 
direta ou centralizada tem a estrutura de uma pirâmide, no cimo da qual se encontra a 
Presidência, que do ponto mais alto, dirige todos os serviços (MACÊDO, 2010). 
 
4.3.1.2 Administração indireta ou descentralizada 
 
A Administração Pública indireta, de acordo com Macêdo (2010), é formada por entes 
com finalidades específicas, criados ou autorizados por lei e com personalidade jurídica própria. 
A administração indireta é necessária por exemplo, para que sejam realizadas a prestação de 
serviços de água e esgoto, luz, exploração de atividades econômicas, transportes, entre outros. 
De acordo com Martins (2000, p. 29), “tendo como característica preponderante a 
personalidade jurídica própria, os entes da administração indireta não se confundem com a 
personalidade jurídica dos órgãos superiores a que estão ligados”. 
Kohama (2008, p. 15) complementa, dizendo que “na administração indireta ou 
descentralizada, o desempenho da atividade pública é exercido de forma descentralizada por 
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outras pessoas jurídicas de direito público ou privado, que no caso, proporcionarão ao Estado a 
satisfação de seus fins administrativos”. 
Dentre as entidades que compõem a administração indireta, o Estado, dependendo dos 
serviços que pretende transferir, poderá utilizar-se de entes com personalidade jurídica de 
direito público ou privado. Kohama (2008, p. 15) esclarece que: 
 
[...] as entidades de personalidade jurídica de direito público podem ser constituídas 
para execução de atividades típicas da Administração Pública, ou seja, atividades 
estatais específicas e [...] que as entidades de personalidade jurídica de direito privado, 
também chamadas entidades paraestatais, por estarem ao lado do Estado, geralmente 
podem ser constituídas ou autorizadas para a execução de atividades de interesse 
público, mas, dificilmente para serviço privativo do Estado, pela sua própria natureza. 
 
 
Já Peter e Machado (2003, p. 17) entendem que a Administração Indireta “compreende 
os serviços de interesse público deslocados do Estado para uma entidade por ele criada ou 
autorizada”. 
Em resumo, a administração indireta é o aparato de burocratas (funcionários públicos) 
que vinculados à administração direta executam as atividades administrativas engendradas pela 
Administração Pública, de forma descentralizada. Ou seja, é o efetivo desempenho de algumas 
tarefas de interesse do Estado por outras pessoas jurídicas. 
De acordo com o inciso II, artigo 4º, do Decreto-lei nº 200/1967, que dispõe sobre a 
organização da Administração Federal, a administração indireta compreende entidades dotadas 
de personalidade jurídica própria. Logo, depreende-se que embora sejam criados pela União, 
Estados, Distrito Federal ou Municípios, tais entes gozam de autonomia, desfrutando, portanto, 
de seu patrimônio e servidores. 
A partir deste ponto, feitos os esclarecimentos do que é Administração Pública Indireta, 
torna-se necessário esclarecer as particularidades que envolve e diferencia as entidades que 
compõem a administração indireta, queconforme o Decreto-lei nº 200/1967 são divididas em 
quatro categorias, quais sejam: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e 
fundações públicas. 
 
4.3.1.2.1 Autarquias 
 
As autarquias prestam serviços de interesse coletivo, mas, não exclusivos do Estado. É 
uma forma de descentralizar a Administração Pública, mediante a representação de um serviço 
que fora retirado da alçada da administração centralizada, que por sua vez outorga para a 
autarquia o dever da prestação do serviço público. 
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Kohama (2008, p. 16) define autarquia como “um serviço autônomo criado por lei, com 
personalidade jurídica de direito público interno e patrimônio e receita próprios, para executar 
atividades típicas da administração pública, ou seja, atribuições estatais específicas”. Já Castro 
(2008, p. 19) expressa que as autarquias 
 
Podem ser classificadas em fundacional ou de regime especial. As 
fundacionais têm finalidades qualificadas pelo Estado como próprias; por 
exemplo, as universidades federais. As de regime especial são aquelas a quem 
a lei confere privilégios específicos, com maior autonomia que as 
fundacionais, sem infringir os preceitos constitucionais; como exemplo, 
Banco Central do Brasil, Comissão Nacional de Energia Nuclear. 
 
 
As autarquias possuem direitos e obrigações diferentes do Estado, pois, seus negócios e 
seus recursos são próprios, mesmo os oriundos de repasses estatais ou os que são produto de 
sua atividade, configurar-se-ão como patrimônio particular, desfrutando, portanto, de 
autonomia administrativa e financeira. 
 
4.3.1.2.2 Empresas públicas 
 
A empresa pública é uma empresa estatal por excelência. Suas atividades são dirigidas 
por normas comerciais, todavia, é organizada e controlada pelo Poder Público. Logo, sua 
criação depende da vontade do Estado, que a insere no setor de economia pública com uma 
estrutura puramente descentralizada, portanto, possui autonomia e não é situada sob autoridade 
hierárquica dos órgãos estatais. Para Meirelles (1997, p. 355), as empresas públicas 
 
[...] são pessoas jurídicas de direito privado instituídas pelo poder público, 
mediante autorização de lei específica, com capital exclusivamente público, 
para prestação de serviços públicos ou a realização de atividade econômica de 
relevante interesse coletivo, nos moldes da iniciativa particular podendo 
revestir-se em qualquer forma de organização empresarial. 
 
 
Ressalta-se, todavia, que o capital exclusivamente público que compõe a empresa 
pública pode ser de apenas uma ou de várias entidades. Destaca-se ainda que a empresa pública 
poderá constituir-se na forma de sociedade anônima, sendo seu capital pertencente 
exclusivamente à União, Estado, Distrito Federal ou Município. 
Peter e Machado (2003, p. 18) comentam que a empresa pública é criada “quando não 
há interesse da iniciativa privada devido ao elevado investimento e demora no retorno desse 
investimento”. Complementam ainda que, “nos anos de 1980 houve grande expansão no setor 
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público, justificado à época pela necessidade de interiorização e integração de áreas 
praticamente desabitadas por falta de infraestrutura”. 
São exemplos de empresas públicas no âmbito federal: a Caixa Econômica Federal, o 
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a Empresa Brasileira de Correios e 
Telégrafos, o Serviço Federal de Processamento de Dados, a Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária e a Financiadora de Estudos e Projetos, entre outras. 
A empresa pública, entretanto, não é incompatível com uma possível participação do 
Estado, desde que essa participação seja limitada e fixada pelo estatuto da empresa. De acordo 
com Macêdo (2010), tais empresas estão sujeitas a diferentes formas de controle pelo Estado, 
para que assim seja atestado se a empresa está sendo gerida convenientemente, estando 
condicionada ao controle administrativo, financeiro, jurisdicional e parlamentar. 
Resumindo as características inerentes às empresas públicas, observa-se que possuem 
autonomia administrativa, liberdade de atuação mercantil na prática de atos de comércio, 
contabilidade privada específica, controle, fiscalização limitada e responsabilidade social 
perante terceiros (MACÊDO, 2010). 
Enfim, as empresas públicas seguem as diretrizes traçadas pelo Governo, bem como, 
programas de metas fixadas dentro do planejamento geral de suas realizações e da mesma forma 
que uma empresa privada, devem utilizar sempre as maneiras mais práticas e eficientes de 
atingir seus objetivos. 
No ano de 2000, com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), foi introduzida 
uma nova classificação de empresa estatal – empresa estatal dependente. Com isso, faz-se 
menção àquelas empresas públicas que são dependentes do orçamento fiscal, sendo essas, 
porém, disciplinadas pelas mesmas regras impostas na LRF. Macêdo (2010) informa que um 
exemplo de empresa pública dependente é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – 
EMBRAPA. 
 
4.3.1.2.3 Sociedade de economia mista 
 
A sociedade de economia mista se insere na esfera da Administração Pública indireta, 
revestindo-se obrigatoriamente sob a forma de sociedade anônima, estando a sua configuração 
disposta no inciso III, artigo 5º, do Decreto-lei nº 200/67, ostentando personalidade jurídica de 
direito privado. 
 
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Sociedade de Economia Mista - entidade dotada de personalidade jurídica de 
direito privado, criada por lei para o exercício de atividade de natureza 
mercantil, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto 
pertençam, em sua maioria, à União ou à entidade da Administração Indireta 
(BRASIL, 1967). 
 
 
Ressalta-se que embora o Decreto-lei nº 200/67 mencione apenas a União, o campo de 
atuação da sociedade de economia mista alcança todos os entes federativos, sendo necessária a 
instituição de uma lei autorizando a sua criação. 
 Essa normatização inclusive encontra-se exposta no artigo 37, inciso XIX, da 
Constituição da Federal de 1988, onde se dispõe que: “somente por lei específica poderá ser 
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista 
e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”. 
Após a edição da Emenda Constitucional nº 19/1998, no entanto, foram definidos os efeitos 
dessa Lei. 
A evidenciação de uma sociedade de economia mista, diferente das empresas públicas, 
não ocorre apenas com a presença do Estado como acionista majoritário. Necessita-se 
esclarecer que a sociedade de economia mista demanda conjunção de capitais de pessoas 
governamentais com capitais particulares. No Quadro 3, são estabelecidas algumas diferenças 
entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. 
 
Quadro 3 − Diferenças entre Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista 
 
EMPRESAS PÚBLICAS 
SOCIEDADES DE 
ECONOMIA MISTA 
COMPOSIÇÃO DO 
CAPITAL 
É integralmente público, isto é, 
oriundo de pessoas integrantes da 
Administração Pública. Não 
havendo, portanto, possibilidade 
de participação de recursos 
particulares na formação do 
capital. 
Há conjugação de recursos 
públicos e de recursos privados. As 
ações representativas do capital 
são divididas entre a entidade 
governamental e a iniciativa 
privada, porém, o controle 
acionário dessas companhias é do 
Estado. 
FORMA JURÍDICA 
Podem revestir-se de qualquer das 
formas admitidas em direito 
(sociedades civis, sociedades 
comerciais, Ltda, S/A, etc). 
Devem ter a forma de Sociedade 
Anônima - S/A, sendo reguladas 
basicamentepela Lei das 
Sociedades por Ações (Lei n° 
6.404/76) e alterações posteriores. 
FORO PROCESSUAL 
As causas em que as empresas 
públicas federais forem 
interessadas nas condições de 
autoras, rés, assistentes ou 
opoentes, exceto as de falência, as 
de acidente do trabalho e as 
sujeitas à Justiça Eleitoral e à 
As sociedades de economia mista 
federais não foram contempladas 
com o foro processual da Justiça 
Federal, sendo suas causas 
processadas e julgadas na Justiça 
Estadual. Caso sejam sociedades 
de economia mista estaduais ou 
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Justiça do Trabalho, serão 
processadas e julgadas pela Justiça 
Federal (CF/88, art. 109, I). Se for 
empresa Pública Estadual ou 
Municipal, o julgamento se dará 
perante as Varas da Fazenda 
Pública da Justiça Comum. 
municipais terão, da mesma forma, 
suas causas processadas e julgadas 
na Justiça Estadual. 
Fonte: Adaptado de Martins (2000, p. 37). 
 
 
De acordo com Castro (2008, p. 20), as sociedades de economia mista “destinam-se ao 
desenvolvimento de atividades econômicas ou de serviço de interesse coletivo delegado pelo 
Estado. Sujeitam-se às normas das sociedades mercantis, com as adaptações impostas pelas leis, 
que autorizam a sua formação”. O autor esclarece ainda que a maioria das ações com direito a 
voto desse tipo de empresa, pertencem à União ou a entidade da Administração Indireta e que, 
diferentemente das demais entidades da Administração Direta, podem vir a ter seus bens 
penhorados. 
Interessante é ressaltar que essas entidades são submetidas ao mesmo regime tributário 
e estão sujeitas aos princípios e normas de falência das empresas privadas. Em relação à última 
informação, esta é aplicada às empresas públicas também. 
Comenta-se que a lei de recuperação judicial e de falência (Lei 11.101/2005) incide em 
inconstitucionalidade em seu art. 2º, inciso I, pois, exclui de sua aplicação a empresa pública e 
a sociedade de economia mista. Isto porque, a CF/88 é imperativa ao prever, no artigo nº 173, 
§ 1º, inciso II, que a empresa pública e a sociedade de economia mista ficarão sujeitas ao regime 
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, 
comerciais, trabalhistas e tributários. 
 Outra característica importante das sociedades de economia mista é mencionada por 
Castro (2008, p. 20), quando assinala que “possuem foro comum, embora seja obrigatória a 
intervenção da União nas causas em que seja autora ou ré”. 
Depreende-se, então, que as características apontadas acerca das sociedades de 
economia mista são: capital público e capital privado lado a lado; participação administrativa 
do Poder Público; estrutura de direito privado sob a forma de sociedade anônima e variável 
interesse público em conciliação com o privado, definido pelo próprio poder público em 
diploma legal específico (MACÊDO, 2010). Exemplos desse tipo de sociedade, no âmbito 
federal, são o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste, a PETROBRÁS, dentre outras. 
 
 
 
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4.3.1.2.4 Fundações públicas 
 
As fundações públicas prestam serviços de interesse coletivo não exclusivos do Estado, 
atuando principalmente nas áreas de ensino, pesquisa e assistência social. Consoante Macêdo 
(2010), as fundações públicas são criadas ou autorizadas por lei específica e estruturadas por 
decreto, independentemente de qualquer registro. 
De acordo com Castro (2008, p. 19), “as fundações públicas sujeitam-se à supervisão 
ministerial e foram incluídas entre os órgãos da administração indireta e definidas como pessoas 
jurídicas de direito privado”, existindo, entretanto, divergência entre os doutrinadores acerca da 
forma jurídica dessa entidade. 
Conforme esclarece a Constituição Federal de 1998, no artigo 37, inciso XIX, as 
autarquias e fundações são criadas por leis específicas, possuem autonomia e estão sujeitas a 
tutela ou controle preventivo/repressivo do órgão da Administração Pública que as criou. 
Ambas assumem, inclusive, a responsabilidade pelos danos causados a terceiros, podendo, no 
caso de insuficiência do patrimônio, haver responsabilidade subsidiária da administração que 
as implementou (BRASIL, 1988). 
 
4.3.1.3 Administração municipal 
 
A Administração Pública Municipal é composta pelo emaranhado de órgãos e pessoas 
jurídicas aos quais a lei atribuiu o exercício da função administrativa do Município (MACÊDO; 
MACHADO; SCARPIN, 2014). 
Ainda segundo os autores, na Administração Pública Municipal são geridos os bens e 
interesses no âmbito municipal, caracterizados como da comunidade, levando-se em conta os 
preceitos do Direito e da Moral, devendo de acordo com a lei, sempre perdurar o interesse do 
público sobre o privado. 
A Administração Pública municipal compreende a Administração direta e indireta do 
Município. A primeira é composta pela Prefeitura e suas secretarias e a Administração indireta 
compreende as autarquias, fundações públicas de direito público, empresas públicas e 
sociedades de economia mista. 
A Administração Pública municipal indireta é composta por entidades de personalidade 
jurídica própria, com administração descentralizada, em que o Poder Público controla apenas 
os recursos repassados pelo Município para a entidade que prestará o serviço público. 
 
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4.3.1.3.1 Estrutura organizacional 
 
De acordo com Macêdo, Machado e Scarpin (2014), não existe padrão definido para a 
estrutura organizacional dos municípios, devendo ser montada sua estrutura de maneira que 
atenda e se harmonize às suas particularidades. Conforme Botelho (2009, p.71), “a estrutura 
organizacional dos municípios necessita de avaliações regulares e, para funcionar 
adequadamente, tem de ser estabelecidas regras, fatores de qualidade e metas”. 
Ainda segundo o autor, pode-se traçar uma estrutura de órgãos e secretarias para compor 
a base organizacional do município, a saber: Gabinete do Prefeito; Assessoria Jurídica; 
Assessoria Contábil; Assessoria Especial e secretarias municipais. Embora a descrição das 
competências de cada área deva estar reunida em lei, em seguida são delineadas, de acordo com 
o autor, as principais atribuições de cada parte desta estrutura. 
 
a) Gabinete do Prefeito 
A equipe de Gabinete do Prefeito deverá auxiliar no planejamento e coordenação das 
atividades governamentais; colaborar com os demais órgãos da Administração Pública 
municipal na execução dos planos técnicos e administrativos que envolvam a política do 
Governo; assessorar diretamente o prefeito; coordenar a elaboração de mensagens e exposições 
de motivos do prefeito à Câmara Municipal; e elaborar minutas de atos normativos, em 
articulação com a Procuradoria Geral do Município ou secretário da área específica. 
 
b) Assessoria Jurídica 
A Assessoria Jurídica deverá realizar a defesa dos direitos e interesses do Município; 
promover a revisão e atualização da legislação municipal; pronunciar-se sobre questões legais 
e jurídicas por meio de pareceres escritos; redigir os projetos de Leis, decretos, portarias, 
regulamentos, contratos e demais documentos de natureza jurídica; orientar e participar de 
processos administrativos. 
 
c) Assessoria Contábil 
A Assessoria Contábil deverá produzir informações para o controle e avaliar a 
Administração Pública; responsável pela Contabilidade, responde também pelo conteúdo 
informativo presente nas demonstrações contábeis; realizar empenhos; e formular relatórios 
sobre a arrecadação e endividamento público municipal. 
 
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d) Assessoria Especial 
A Assessoria Especial deverá acompanhar, na Câmara Municipal,os projetos e matérias 
importantes ao cumprimento do plano de governo; responder, em nome do prefeito, aos 
diversos ofícios e requerimentos vindos dos órgãos do Governo, empresas e prestadoras de 
serviços. 
 
e) Secretarias municipais 
As secretarias municipais deverão gerenciar os setores específicos da Administração 
municipal, como saúde, educação, obras, planejamento, contabilidade etc. Auxiliam os 
prefeitos no exercício do cumprimento das funções inerentes ao cargo, executando o orçamento 
na parcela de responsabilidade de sua área. 
Observa-se, entretanto, que, mesmo não havendo uma estrutura organizacional perfeita, 
tampouco uma forma fixa para se articular e desenvolver as ações dentro de uma prefeitura, é 
pacífico o fato de que existe uma estrutura organizacional que se adapte às mudanças e ao grau 
de complexidade das atividades do Município (MACÊDO, MACHADO; SCARPIN, 2014). 
Existem, todavia, variáveis que irão nortear a criação da estrutura organizacional da entidade: 
a estratégia adotada, o meio onde atua, a tecnologia disponível e as características de seus 
gestores. 
Entende-se, sobretudo, que administrar não é trabalho fácil, pois envolve uma série de 
desafios e obstáculos a serem transpostos todos os dias. Administrar uma empresa privada inclui 
riscos e exigem-se competência e atualização do gestor. Administrar um ente público é 
caminhar pelo impossível, transformando sonhos em realidade, conduzido pelos ditames 
impostos pela lei. 
 
 
 
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