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Do Fordismo à Acumulação Flexível

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Do Fordismo à Acumulação flexível: uma análise sobre a transição no regime de acumulação e regulamentação social e política do capitalismo no século XX 
 	Transformações na economia política do capitalismo no final do século XX:
Nos processos de trabalho e sistemas de produção (mais flexíveis)
Hábitos de consumo
Nas configurações geográficas e geopolíticas (mobilidade geográfica da produção, das mercadorias, do capital e do consumo)
Nas práticas dos Estados nacionais (empreendedorismo, neoconservadorismo)
Transição no Regime de acumulação e no modo de regulamentação social e política a ele associado
Regime de acumulação
 “É a lógica e são as leis macroeconômicas que descrevem os movimentos conjugados, no decorrer de um longo período, das condições de produção (produtividade do trabalho, grau de mecanização, importância relativa dos diferentes ramos) e, por outro lado, das condições de uso social da produção (consumo das famílias, investimentos, gastos governamentais, comércio externo)” (LIPIETZ, 1989)
Padrão de organização das atividades produtivas adequado ao padrão de consumo (evitar crises de superprodução)
Duas amplas dificuldades do sistema:
Qualidade anárquica do mercado de fixação de preços (concorrencial, monopólios, deflação, inflação)
Controle sobre o emprego da força de trabalho
-> Como evitar a concentração do poder do monopólio, a deflação concorrencial ou impedir falhas do mercado decorrentes de surtos especulativos?
-> Como fazer para que as pessoas se submetam (e se disciplinem) às relações capitalistas de produção? (* processo histórico e complicado, que se renova a cada nova geração de trabalhadores)
-> Como conciliar diferentes interesses de classe e entre setores? 
Modo de regulamentação
“É a combinação de mecanismos que ajusta aos princípios coletivos do regime de acumulação os comportamentos contraditórios, conflitantes dos indivíduos. A princípio, essas formas de ajuste são simplesmente os hábitos, a disposição dos empresários e dos assalariados para se conformarem com tais princípios por reconhecê-los (ainda que a contra-gosto) como válidos e lógicos.” (LIPIETZ, 1989)
Papel das grandes corporações, do Estado e de outras instituições sociais (sindicatos, religiões, educação, mass mídia) na conformação das condições gerais de regulamentação do mercado (preços, formas de concorrência e adesão ao sistema internacional), do trabalho (capital x trabalho ; relação salarial) e da vida social (propensões sociais e psicológicas)	
Formas de cooptação são organizadas no local de trabalho e também na sociedade como um todo
 	Educação; sentimentos sociais; ética e lealdade; busca por identidade através do trabalho (e do consumo)...
Modo de regulamentação
Fordismo
Data simbólica: 1914, Introdução da jornada de 8 horas e 5 dólares. 
Até então trabalhadores eram altamente especializados e caros; Produção lenta; Produto de luxo
Incorporação de inovações técnicas e organizacionais no sistema de produção (Taylorismo - Princípios da administração científica)
 	“No passado, o homem estava em primeiro lugar; no futuro, o sistema terá a primazia. Isso, entretanto, não significa, absolutamente, que os homens competentes não sejam necessários. Pelo contrário, o maior objetivo duma boa organização é o aperfeiçoamento de seus homens de primeira ordem; e, sob direção racional, o melhor homem atingirá o mais alto posto, de modo mais seguro e mais rápido que em qualquer outra distinção” (TAYLOR, 1990, p.23)
 	Hierarquia nos sistema de produção; fragmentação (e alienação) das etapas do processo de trabalho; estudo e racionalização dos movimentos dos operários em cada etapa do processo	 
 			“Separar as mãos do cérebro”
Fordismo
Especificidade da fábrica da Ford em relação às demais indústrias do mesmo período: reconhecimento de que a produção em massa significava consumo em massa (economias de escala) O que remetia à:
“[...] um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, um novo tipo de sociedade democrática” (HARVEY, 2007, p.121)
-> MUDANÇA SOCIAL MAIS AMPLA – PARA ALÉM DO CHÃO DA FÁBRICA
Fordismo
Gramsci (1969): Um novo tipo de trabalhador, um novo tipo de homem (Americanismo como germe de uma nova realidade social totalizante – controle social emergente)
“O novo método de trabalho e o modo de viver são indissolúveis: sucessos não podem ser obtidos em um campo, sem obter resultados tangíveis no outro.” (GRAMSCI, 1969)
American Way of life (sociedade burocrática de consumo dirigido)
Modernismo (racionalidade burocrática instrumental) 
 
“Sistema sócio-metabólico de reprodução social” (Mezáros, 2002)
Fordismo
Duas fases do fordismos
1ª fase (inicial): Início do século XX. 
2ª fase (maturidade): Quando torna-se regime de acumulação internacional, após 2ª Guerra Mundial, até 1973
1ª Fase do Fordismo
Demora em consolidar-se como regime de acumulação, sobretudo em função da crença no poder corporativo na construção dessa sociedade
Jornada 8h/$5: Obrigava o trabalhador a adquirir disciplina
Dava tempo de lazer e renda para o trabalhador consumir
Mas os trabalhadores “sabiam” gastar seus salários? 
Grande Depressão (1929): Ford aumentou os salários dos seus operários acreditando que sozinho poderia recuperar o mercado em função da ampliação do poder de compra.	
New Deal de Roosevelt: O Estado teve de intervir para conter a crise de 1929. Fim da crença no poder corporativo, para aceitação do poder do Estado na regulamentação do sistema
1ª Fase do Fordismo
Só o Estado poderia conter as contradições do sistema: 
1- Competição inter-capitalista (ímpeto da “acumulação pela acumulação” e a tendência de crises de superacumulação e superprodução)
2- Tensão entre força de trabalho e capital (relações de classe – relação salarial - e resistência dos trabalhadores em aceitarem o Taylorismo, além da socialização dos custos com a reprodução da f.d.t e da necessidade de implementação de um salário social – Estado-providência - para compensar as perdas pela ampliação da taxa de exploração)
1ª Fase do Fordismo
Modernismo e racionalização surgem como versões, tanto de direita como de esquerda, na tentativa de racionalizar o capitalismo (autoritarismo e intervencionismo estatal; planejamentos; grandes projetos; Bem-estar social; e burocratização)
 	 Ex: Nacional-socialismo na Europa
	New Deal nos EUA (Base keynesianismo)
* Na A. Latina Escola desenvolvimentista
 “(...) Regimes autoritários como as únicas formas políticas capazes de enfrentar a crise” (HARVEY, 2007)
 Períodos de incerteza acompanhados por ondas fascistas
RESULTADO: 1ª e 2ª GUERRAS MUNDIAIS (Destruição criativa)
2ª fase do Fordismo
Necessidade de um arranjo político, institucional e social que pudesse acomodar a crônica incapacidade do capitalismo de regular as condições essenciais de sua própria reprodução 	
Keynesianismo: Tentativa de evitar as repressões e irracionalidade da beligência do nacionalismo 	
Conjunto de estratégias administrativas e científicas
 + 
Poderes estatais que estabilizassem o capitalismo
 Isso só se torna possível após o período entre-guerras
 Dá início a um longo período de expansão do fordismo até 1973 (internacionalização)
Keynesianismo: Grande coalizão entre Capital, Trabalho e Estado (contrato social)
Expansão pós guerra se deu em função de compromissos e reposicionamento por parte dos principais atores dos processos de desenvolvimento capitalista	
1) Classe trabalhadora:
Enfraquecimento dos sindicatos no período entre guerras
Marcathismo e a ameaça comunista levaram à novas relações de classe, com diminuição dos direitos sindicais (hegemonia da classe dominante)
Cooperação da força-de-trabalho nos EUA mediante ganhos salariais em troca da aceitação do taylorismo nos processos de trabalho (corporativismo e abandono de um projeto social mais amplo) 
2) Capital corporativo:
- Compromisso com processos estáveis (investimentos em capital fixo e mobilização das economias de escala mediante padronização dos produtos)
 - Centralização do capital (freou a competição inter-capitalista através dos preços de monopólios e oligopólios)
Racionalidade corporativa burocrática	 (Administração, produção, marketing, preços)
Definição do crescimento do consumo de massa (marketing, novas necessidades, obsolescência e inovação)
Keynesianismo: Grande coalizão entre Capital, Trabalho e Estado (contrato social)
3) Estado: (Variedade de obrigações)
Controlar ciclos econômicos através da combinação de políticas fiscais e monetárias
Políticas dirigidas para áreas de investimento público (transportes, infraestruturas, equipamentos públicos – vitais para produção e para o consumo e que também garantem o emprego relativamente pleno)
Complemento do salário social (gastos em seguridade social, assistência médica, educação e habitação)
Poder Estatal exercido direta ou indiretamente sobre os acordos salariais e direitos dos trabalhadores
Formas de intervenção variam entre os países capitalistas
Keynesianismo: Grande coalizão entre Capital, Trabalho e Estado (contrato social)
Expansão do fordismo
Questão internacional – Expansão do fordismo dependia da ampliação dos fluxos de comércio mundial e de investimentos internacionais
Se impôs com firmeza no Japão e Europa ocidental no pós-guerra (Plano Marshall, políticas de ocupação e doutrinamento sindical) *e também na A. Latina (auto.)
O progresso internacional do fordismo significou a formação de mercados de massa globais e a absorção da massa da população mundial fora do mundo comunista
Tudo isso sob o poder econômico e financeiro dos EUA (Bretton Wood – dólar como moeda-reserva mundial. Vinculou o desenvolvimento econômico do mundo capitalista à política fiscal e monetária norte-americana. EUA como banqueiro do mundo)
Também significou “desenvolvimentos geográficos e econômicos desiguais” da economia mundial. De um lado, ciclos econômicos e oscilações geograficamente localizadas, enquanto a economia global capitalista se expandia de forma intensa (Fordismo central x Fordismo periférico)
Sua disseminação foi desigual na medida em que cada Estado procurava seu modo de administração das relações de trabalho, da política monetária e fiscal, de bem-estar e investimentos públicos, limitadas internamente pela situação das relações de classe e externamente pela sua posição hierárquica na economia mundial
Expansão do fordismo
Insatisfação com o Fordismo
Nem todos eram atingidos pelos benefícios do fordismo
Negociações de salários confinadas a determinados setores da economia e a determinados países
As desigualdades resultaram em sérias tensões sociais 
Movimento dos excluídos (raça e gênero determinavam o acesso ou não ao emprego privilegiado – divisão do trabalho entre brancos, homens, bem remunerados e sindicalizados, e o “resto” – mulheres, negros, imigrantes )
Desigualdades se tornaram mais complexas na medida em que , junto à segmentação do trabalho havia o apelo ao consumo de novas necessidades (materiais e psicológicas)
Descontentamento = desordem civil -> Estado no amortecimento dos conflitos sociais (salário social, políticas redistribuitivas, habitação, educação, assistência médica)
 Porém, marcado por fracassos qualitativos e quantitativos no Bem-estar, que dependia da continua aceleração da produção no setor corporativo. Só com expansão econômica o keynesianismo se tornaria viável.	
Criticas na transição: pouca qualidade de vida num regime de consumo de massa padronizado; critica cultural (estética); crítica à racionalidade burocrática e tecnico-científica estatal no gerenciamento do fordismo-keynesianismo
Insatisfação com o Fordismo

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