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Teoria Causalista e Finalista da Ação

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Jailson Rocha Pereira: Graduando o 3º semestre do Curso de Direito na Universidade Católica de Brasília – DF – 2016.
Significado de dolo e culpa para a Teoria Causalista da Ação e para a Teoria Finalista da ação, indicando onde o dolo e a culpa estão situados dentro do conceito analítico de crime. 
A conduta consiste no movimento corporal voluntário, somente comissiva, causador de modificação no mundo exterior e representa a raiz basilar da teoria do Delito. A formulação de todos os juízes que compõem o conceito de crime: tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade tem a conduta como base.
Ao longo do tempo têm surgido diversas teorias cujo objetivo é explicar a conduta, entre elas à teoria naturalista ou causalista e a teoria finalista da ação, ambas será objeto do presente estudo.
A teoria Naturalista ou Causalista tiveram como grandes expoentes, Franz von Lizt e Ernst von Beling. Para a teoria causalista a conduta é objetiva, representa um mero processo causal, ou seja, é o movimento corpóreo voluntário que causa modificação no mundo exterior, desprovido de qualquer finalidade (dolo e culpa), desprezando qualquer valoração, pois entendem haver apenas elementos objetivos. Nesse contexto, a simples comparação entre o que foi objetivamente praticado e o que se encontra descrito na lei constitui o fato típico, desprezando se houve a intenção do agente em praticar o crime. Segundo essa teoria, o que é relevante identificar quem causou o resultado e se tal resultado estava definido em lei. O crime dentro do que é exposto pela teoria causalista é constituído de fato típico, ilicitude e culpabilidade, estando à conduta (movimento corporal voluntário causador de modificação do mundo exterior) dentro do fato típico e os elementos subjetivos (dolo e culpa) dentro de culpabilidade. Lizt vai no dizer que o elo que une a vontade e a modificação no mundo exterior é chamado de manifestação da vontade, que no sentido estrito quer dizer vontade objetivada, melhor explicada como toda realização ou omissão voluntária de um movimento corpóreo que, livre de qualquer violência, se encontra motivado apenas pelas representações mentais do agente. Ele vai além e diz que a manifestação de vontade deve gerar no mundo exterior um resultado, sendo o nexo de causalidade, a imputação de um resultado como consequência de uma manifestação de vontade.
Diante dos três elementos que teria o tipo penal, quais seja elemento objetivo, normativo e subjetivo, somente o objetivo, por ser aquele de percepção nítida, livre de contestação, seria o suficiente para caracterizar o tipo penal, vale ressaltar que tal teoria defende que dolo e culpa não se encontra no fato típico, mas sim na culpabilidade, sendo esse motivo da não observância de outros elementos que não seja o objetivo.
 A inobservância do conteúdo da vontade, presente na ação, gera o não reconhecimento de que o dolo está na ação, sendo este analisado a posteriori na culpabilidade, ou seja, a postura adotada por essa teoria, era no sentido de que a natureza objetiva do crime (tipo) fosse observada em primeiro lugar, para que posteriormente, fosse analisada a natureza subjetiva (dolo e culpa). Nota-se que em face do esforço empreendido por essa teoria em desprezar a presença do ato volitivo e normativo (dolo e culpa), demonstrava que o crime tinha ligação apenas com o fato típico, ilicitude e a antijuridicidade, e que o Direito Penal tinha como função atuar como um mecanismo de prevenção social contra o crime. O causalismo adotou a Teoria Psicológica da culpabilidade, na qual a culpabilidade é dolo e culpa. Ressalta-se que o Código Penal Militar Brasileiro adotou essa teoria, (ler art. 33). O dolo e a culpa são espécies de culpabilidade.
A Teoria Finalista da ação formulada por Hans Welzel destaca que, toda conduta humana tem uma finalidade, ou seja, as ações humanas são fruto de uma atividade final, ensejadas pelo saber humano de que a sua conduta dentro de certos limites possivelmente irá gerar consequências, o que lhe permite orientar seus atos à consecução do fim desejado. O que orienta a ação final é à vontade, orientado conscientemente a um fim, regedora do acontecer causal. Por intermédio da teoria finalista tornou-se possível analisar a conduta com a presença da finalidade, do dolo e da culpa. Para fins de tipicidade, observa-se que a vontade e a conduta passaram a estarem unidas entre si.
No finalismo, entende-se que a vontade empreendida a um fim, rege a causalidade, por conseguinte, o conteúdo da vontade (dolo) é parte integrante da ação. Na teoria finalista é possível à adoção de um conceito tripartido e bipartido, conforme considere a culpabilidade como, pressuposto de aplicação de pena ou como elemento do crime. A concepção finalista da culpabilidade adotou a Teoria Normativa Pura, na qual a culpabilidade é reprovação social da conduta típica e antijurídica praticada pelo agente.
A teoria finalista divide a direção final da ação humana em duas fases, a primeira, subjetiva, subdivida em três etapas, o fim pretendido, a seleção dos meios a ser adotado para se chegar esse fim e por último a visualização dos efeitos relacionados ao emprego destes meios e o fim a ser alcançados; a segunda etapa é objetiva, ou seja, é a realização no mundo real, da ação que se opera. Se por qualquer motivo no mundo real o resultado não produz efeitos, a ação final fica somente tentada. 
A luz da máxima defendida pela teoria finalista, qual seja, se toda ação é dirigida a um fim, surge à necessidade de melhor explicar como é solucionada a questão dos crimes culposos. Sabe-se que no crime culposo, independentemente do fim ser um fim conforme o direito, a uma vontade direcionada a um fim. Porém, nos crimes culposos, o Direito reprova não a finalidade do agente, mas sim os meios elegidos por este para atingir o fim desejado, imputando-lhe uma responsabilidade penal a título de culpa. Os meios eleitos pelo agente, que por alguma razão não venham a atingir o objetivo do fim por este esperado, são qualificados como sendo negligentes imprudentes e imperitos. O Código Penal Brasileiro adotou a teoria finalista, (ler art. 20), no qual nota-se que o erro incidente sobre os elementos do tipo, exclui o dolo, evidência incontestável de que o dolo pertence ao fato típico.
Examine o seguinte evento e indique a natureza da conduta do agente à luz das teorias causalista e finalista da ação.
Maurílio, após ingerir uma ou duas doses de cachaça, resolveu organizar o porão de sua casa. Em um velho baú encontrou uma espingarda e, após examiná-la, apontou-a para seu amigo Melgaço e, sorrindo o questionou: “será que ainda funciona”? Ato seguinte acionou o gatilho e, para seu espanto, acabou por efetuar um disparo. O projétil atingiu o peito de Melgaço, que morreu logo em seguida.
No que tange a Teoria Causalista, Maurílio através da sua conduta gerou um resultado previsto em lei como crime, isso por si só se configura como conduta típica. Na teoria causalista, só interessa para o tipo penal, o fato de o agente ter sido o causador físico da morte por arma de fogo, como tal conduta está prevista em lei, como “matar alguém”, ocorre à adequação típica. Nota-se que para a teoria causalista, o fato típico se constitui pela simples comparação entre o que foi objetivamente praticado e o que se encontra na lei, nesse contexto, a conduta de Maurílio causou uma modificação no mundo exterior, e o resultado obtido em função da sua ação se encontra na lei, constituindo assim como fato típico. Vale ressaltar que a teoria causalista define o crime como fato típico, ilicitude e culpabilidade, ou seja, é uma teoria tripartite, no qual a conduta (movimento corporal voluntário causador de modificação do mundo exterior) está inserida no fato típico e os elementos subjetivos (dolo e culpa) inseridos na culpabilidade. Diante do exposto, não há o que se discutir quanto à conduta típica de Maurílio, uma vez que o mesmo por intermédio da sua conduta voluntária causou um resultado no mundo real que se enquadra na lei,surge então o questionamento a cerca dos elementos volitivo (dolo) e normativo (culpa), cujo exame ocorrerá no momento da verificação da culpabilidade. Na teoria causalista, por ser adepta da teoria da representação do dolo, não é possível a distinção entre dolo e culpa consciente, pois a essência do dolo está assentada concomitantemente na vontade e na previsão do resultado, o que vale dizer que se é possível prevê o resultado e mesmo assim prossegue com a conduta, o agente é responsabilizado por dolo, nesse sentido, na conduta de Maurílio não é possível fazermos essa distinção, uma vez que ele, mesmo prevendo o resultado, deu continuidade a sua conduta.
Para a teoria finalista a conduta humana tem uma finalidade, e a vontade orienta a ação final. O ser humano orienta seus atos à consecução do fim desejado, cientes de que a sua conduta dentro de certos limites possivelmente irá gera consequências. A teoria finalista possibilitou analisar a conduta com a presença da finalidade (dolo e culpa). Destarte, a luz da teoria finalista, é imprescindível o exame da vontade finalística do agente para que se diga se trata ou não de um fato típico, nesse caso, para que se a conduta de Maurílio seja considerada fato típico, a sua vontade final deve ser analisada.
Ao analisar a conduta de Maurílio fica evidente que este praticou uma conduta típica, pois agiu de forma voluntária, e com uma finalidade, qual seja verificar se a arma estava funcionando. Como para a teoria finalista não há como separar o dolo e a culpa da conduta típica, cabe analisar na tipicidade se o agente agiu com dolo e culpa. A teoria finalista ao explicar o que vem a ser o dolo, adota a teoria da vontade, a qual diz que dolo é à vontade direcionada para um fim que a lei não permite, e, nesse sentido Maurílio não praticou uma conduta dolosa, pois o resultado obtido através da sua ação divergia da sua vontade. Houve a culpa no sentido estrito do agente, uma vez que a sua vontade estava direcionada a violação do dever objetivo do cuidado, não tinha o objetivo, mas este era previsível. Conclui-se que Maurílio praticou uma conduta voluntária e finalística, que produziu um resultado não querido por ele, ante a quebra de um dever objetivo de cuidado.
Referências Bibliográficas
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). 17. ed., São Paulo: Saraiva, 2013.
HASSE, D. Z. Tipificação penal: teoria finalista e teoria social no direito brasileiro. Rev. Ciênc. Juríd. Soc. UNIPAR. Umuarama. v. 13, n. 2, p. 169-191, jul./ dez. 2010.

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