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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMNINAL DA COMARCA DE CAMPO GRANDE, MS. Autos nº 000.0000.000.0001 FULANO DE TAL, já qualificado nos autos marginados, vem perante Vossa Excelência por intermédio de seu representante postulatório infrafirmado, com arrimo no art. 382, do Código de Processo Penal, opor os presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO à sentença definitiva de mérito de conteúdo condenatório que se encontra inserta no processo epigrafado, conforme as asserções de fato e de direito abaixo alinhadas: a. OS FATOS O embargante foi denunciado pelo dominus litis pelo cometimento do fato típico descrito objetivamente no art. 312, do Código Penal. Encerrada a instrução pro9batória e superada a fase de alegações finais, sobreveio a sentença definitiva de mérito, que acolheu a pretensão punitiva ministerial. 2 Em que pese o brilho do magistrado que a prolatou, existe nela vício de ordem material que necessita ser expurgado, eis que o mesmo além de maculá-la como ato processual de natureza jurisdicional, acarretou graves prejuízos ao embargante. Com efeito, no relatório do decisum embargado, o magistrado, ao elaborar a história relevante do processo, afirmou consoante a documentação acostada nos autos, que o recorrente “é primário e tem bons antecedentes”. Posteriormente, na consideração das questões de fato e de direito suscitadas e fundamentada sua convicção em face do material de conhecimento encontrado nos autos, o magistrado não fez referência à situação de primariedade e de antecedentes do embargante. Entretanto, na decisão propriamente dita, a parte dispositiva da sentença definitiva de mérito embargada está constituída da seguinte forma: “Diante disso e mais do que consta dos autos, JULGO PROCEDENTE a ação penal intentada pelo Ministério Público, para condenar o réu FULANO DE TAL, à pena de 2 (dois) anos de reclusão e de 20 (vinte) dias-multa, por transgressão do fato típico alinhado no art. 312, do Código Penal. Em face do passado criminoso do réu e de seus maus antecedentes, deixo de conceder-lhe a suspensão condicional da pena, bem como deverá iniciar o cumprimento da reprimenda legal em regime fechado”. 3 b. DO DIREITO O legislador processual penal admite os embargos declaratórios em nível de primeiro grau de jurisdição, quando houver na sentença “obscuridade, contradição ou omissão” – artigo 382, do CPP. Especificamente, para a hipótese dos autos, somente há interesse relativo à contradição, que significa divergência, conflito, antagonismo total ou parcial entre duas afirmações. Enfim, haverá contradição na sentença ou no acórdão, “ quando alguma das suas proposições é inconciliável no todo ou em parte, com outra”. (JOSÉ FREDERICO MARQUES, Elementos de direito processual penal, Rio de Janeiro : Forense, 1965. V. 4, p. 311.). Na forma precedentemente anotada, há plena contradição em termos de primariedade e bons antecedentes do embargante entre assertiva encontrada no relatório da sentença definitiva de mérito de natureza condenatória e em sua parte dispositiva. Enquanto em seu aspecto expositivo constou que o réu “é primário e tem bons antecedentes”, na sua parte conclusiva ficou asseverado ter o embargante “passado criminoso” e “maus antecedentes”. É de indubitável clareza que as proposições elencadas são inconciliáveis, antagônicas, conflitantes entre 4 si, curro erro material emergente deve passar pela devida correção. Permissa concessa venia, a certidão apensada na fl. 142 dos autos atesta que o embargante é primário, a qual não pode ser confundida com o documento acostado na fl. 112 dos autos, por cuidar de pessoa homônima. Por outro lado, a aprova produzida no transcorrer da instrução probatória revela de forma irretorquível, que o sucumbente tem bons antecedentes, gozando de ótimo conceito profissional, pessoal, social e familiar. c. REQUERIMENTO Ante ao retro-sumulado, tendo em linha de consideração que o recurso contém todos os seus pressupostos objetivos e subjetivos, requer o embargante que seja o mesmo conhecido e provido quanto a seu mérito, reconhecendo, sua primariedade e seus bons antecedentes, conforme já exatificado no relatório pertinente, o que é plenamente compatível com as provas insertas nos autos. Por outro lado, devidamente emendado o erro material apontado, seja concedida a suspensão condicional da pena do embargante, porquanto preenche ele todos os requisitos legais vinculados ao benefício pleiteado – artigo 77 do Código Penal – e, ainda porque, a concessão em espécie 5 não implica inovação, em alteração de fundo da decisão embargada. E, como se isso não bastasse, como conseqüência da concessão do sursis, seja modificada também a parte do decisum que determinou o cumprimento inicial a sanctio legis em regime fechado, para nele constar o começo de cumprimento da pena corporal em regime aberto, na eventualidade de ser esse benefício revogado. Termos em que espera mercê. Campo Grande, 16 de março de 2015. RO DE BRA OAB/MS 9999
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