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LIVRO MICROBIOLOGIA

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Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Mestrado Integrado em Medicina 
 
 
Tronco Comum II 
Mestrado Integrado em Medicina 
 
Microbiologia 
 
 
 
 
 
2º Ano 
 
 
 
Faculdade de Medicina de Lisboa Tronco Comum II - Microbiologia 
Página 2 de 371 
Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
 
 
 
 
Faculdade de Medicina de Lisboa Tronco Comum II - Microbiologia 
Página 3 de 371 
Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
Índice 
ÍNDICE ................................................................................................................... 3 
RELAÇÕES HOSPEDEIRO-PARASITA ............................................................................... 7 
MORFOLOGIA BACTERIANA ...................................................................................... 10 
GENÉTICA BACTERIANA ............................................................................................ 15 
ANTIBIÓTICOS ....................................................................................................... 19 
PROPRIEDADES DOS VÍRUS ....................................................................................... 26 
PROPRIEDADES DOS FUNGOS .................................................................................... 37 
PROPRIEDADES DOS PARASITAS ................................................................................. 40 
BACTERIOLOGIA .......................................................................................... 43 
MECANISMOS ENVOLVIDOS NA PATOGENIA BACTERIANA ................................................ 44 
STAPHYLOCOCCUS .................................................................................................. 46 
STREPTOCOCCUS .................................................................................................... 55 
Streptococcus pyogenes (Grupo A) ...................................................................................... 55 
Streptococcus agalactiae (Grupo B) .................................................................................... 61 
Streptococcus pneumoniae .................................................................................................. 63 
ENTEROCOCCUS ..................................................................................................... 67 
BACILLUS .............................................................................................................. 70 
Bacillus anthracis ................................................................................................................. 70 
Bacillus cereus e outras Espécies ......................................................................................... 72 
NEISSERIA ............................................................................................................ 75 
Neisseria gonorrhoeae ......................................................................................................... 75 
Neisseria meningitidis .......................................................................................................... 79 
Meningococcemia ................................................................................................................ 81 
ENTEROBACTERIACEAE ............................................................................................. 83 
Escherichia coli ..................................................................................................................... 85 
Salmonella ........................................................................................................................... 87 
Shigella ................................................................................................................................ 89 
Yersinia ................................................................................................................................ 89 
Klebsiella .............................................................................................................................. 91 
Proteus ................................................................................................................................. 91 
BORDETELLA ......................................................................................................... 93 
CORYNEBACTERIUM ................................................................................................ 97 
Corynebacterium diphtheriae .............................................................................................. 97 
PASTEURELLACEAE ................................................................................................ 101 
Haemophilus ...................................................................................................................... 101 
CAMPYLOBACTER E HELICOBACTER ........................................................................... 106 
Campylobacter ................................................................................................................... 106 
Helicobacter ....................................................................................................................... 110 
PSEUDOMONAS ................................................................................................... 114 
Moraxella ........................................................................................................................... 119 
ESPIROQUETÍDIOS ................................................................................................ 120 
Treponema ......................................................................................................................... 120 
Borrelia .............................................................................................................................. 124 
Leptospira .......................................................................................................................... 127 
LEGIONELLA ........................................................................................................ 131 
MYCOPLASMA E UREAPLASMA ................................................................................ 135 
RICKETTSIA, ORIENTIA, EHRLICHIA E COXIELLA ............................................................. 139 
Rickettsia rickettsii ............................................................................................................. 139 
Rickettsia prowazekii ......................................................................................................... 141 
Rickettsia typhi .................................................................................................................. 142 
Faculdade de Medicina de Lisboa Tronco Comum II - Microbiologia 
Página 4 de 371 
Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
Orientia tsutsugamushi ..................................................................................................... 143 
Ehrlichia ............................................................................................................................. 143 
Coxiella burnetti ................................................................................................................. 145 
CHLAMYDIACEAE .................................................................................................. 147 
Chlamydia trachomatis ...................................................................................................... 148 
Chlamydophila pneumoniae .............................................................................................. 152 
Chlamydophila psittaci ...................................................................................................... 153 
CLOSTRIDIUM ......................................................................................................154 
Clostridium perfringens ..................................................................................................... 154 
Clostridium tetani .............................................................................................................. 156 
Clostridium botulinum ....................................................................................................... 158 
Clostridium difficile ............................................................................................................ 161 
BACILOS GRAM-NEGATIVOS ANAERÓBIOS.................................................................. 162 
COCOS GRAM-POSITIVOS ANAERÓBIOS ..................................................................... 165 
BACILOS NÃO-FORMADORES DE ESPOROS ................................................................. 165 
Cocos Gram-Positivos Anaeróbios ..................................................................................... 165 
Bacilos Gram-Positivos, Anaeróbios, Não Esporulados ..................................................... 165 
Actinomyces ....................................................................................................................... 166 
Proprionibacterium ............................................................................................................ 167 
Mobiluncus ........................................................................................................................ 168 
Lactobacillus ...................................................................................................................... 168 
Bifidobacterium e Eubacterium ......................................................................................... 168 
MYCOBACTERIUM ................................................................................................ 169 
Mycobacterium tuberculosis ............................................................................................. 170 
Mycobacterium leprae ....................................................................................................... 171 
Complexo Mycobacterium avium ...................................................................................... 171 
Outras Micobactérias de Crescimento Lento ..................................................................... 172 
Micobactérias de Crescimento Rápido .............................................................................. 172 
VIROLOGIA ................................................................................................ 176 
MECANISMOS DA PATOGENIA VIRAL ......................................................................... 177 
AGENTES ANTI-VIRAIS ........................................................................................... 184 
PAPOVÍRUS ......................................................................................................... 186 
Papilomavírus Humano ..................................................................................................... 186 
Poliomavírus ...................................................................................................................... 188 
ADENOVÍRUS ...................................................................................................... 191 
HERPESVÍRUS HUMANOS ....................................................................................... 195 
Vírus do Herpes Simples ..................................................................................................... 196 
Vírus Varicela-Zoster .......................................................................................................... 199 
Vírus Epstein-Barr .............................................................................................................. 202 
Citomegalovírus ................................................................................................................. 205 
Herpesvírus Humanos 6 e 7 ............................................................................................... 207 
Herpesvírus Humano 8....................................................................................................... 208 
POXVÍRUS .......................................................................................................... 209 
PARVOVÍRUS ....................................................................................................... 212 
PICORNAVÍRUS .................................................................................................... 215 
Enterovírus ......................................................................................................................... 217 
Rinovírus ............................................................................................................................ 219 
PARAMIXOVÍRUS .................................................................................................. 222 
Vírus do Sarampo............................................................................................................... 223 
Vírus da Parainfluenza ....................................................................................................... 225 
Vírus da Papeira ................................................................................................................. 226 
Vírus Sincicial Respiratório ................................................................................................. 227 
Vírus Nipah e Hendra ......................................................................................................... 228 
ORTOMIXOVÍRUS ................................................................................................. 229 
REOVÍRUS .......................................................................................................... 233 
Faculdade de Medicina de Lisboa Tronco Comum II - Microbiologia 
Página 5 de 371 
Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
Ortorreovírus (Reovírus de Mamíferos) ............................................................................. 235 
Rotavírus ............................................................................................................................ 236 
Coltivírus e Orbivírus .......................................................................................................... 238 
RABDOVÍRUS ....................................................................................................... 240 
TOGAVÍRUS E FLAVIVÍRUS ....................................................................................... 244 
Alphavírus e Flavivírus ....................................................................................................... 244 
Vírus da Rubéola ................................................................................................................ 247 
RETROVÍRUS ....................................................................................................... 250 
Vírus da Imunodeficiência Humana ................................................................................... 253 
VÍRUS DA HEPATITE .............................................................................................. 259 
Vírus da Hepatite A ............................................................................................................ 259 
Vírus da Hepatite B ............................................................................................................ 261 
Vírus das Hepatites C e G ................................................................................................... 266 
Vírus da Hepatite D ............................................................................................................ 268 
Vírus da Hepatite E ............................................................................................................269 
MICOLOGIA ............................................................................................... 270 
MECANISMO DE PATOGENICIDADE DOS FUNGOS ......................................................... 271 
AGENTES ANTI-FÚNGICOS ...................................................................................... 274 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS DOENÇAS FÚNGICAS ................................................ 277 
MICOSES SUPERFICIAIS, CUTÂNEAS E SUBCUTÂNEAS ..................................................... 279 
Micoses Superficiais ........................................................................................................... 279 
Micoses Cutâneas .............................................................................................................. 280 
Micoses Subcutâneas ......................................................................................................... 282 
MICOSES SISTÉMICAS ............................................................................................ 285 
Histoplasmose.................................................................................................................... 285 
Blastomicose ...................................................................................................................... 287 
Paracoccidioidomicose ...................................................................................................... 288 
Coccidioidomicose ............................................................................................................. 289 
Criptococose ...................................................................................................................... 291 
MICOSES OPORTUNISTAS ....................................................................................... 293 
Candidíase ......................................................................................................................... 293 
Aspergilose ........................................................................................................................ 295 
Zigomicose ......................................................................................................................... 296 
Pneumocystis carinii .......................................................................................................... 298 
Peniciloses por Penicillium marnefeii ................................................................................. 299 
PARASITOLOGIA ........................................................................................ 301 
PATOGENIA DAS DOENÇAS PARASITÁRIAS .................................................................. 302 
PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS E UROGENITAIS .............................................................. 304 
Amibas ............................................................................................................................... 304 
Flagelados .......................................................................................................................... 307 
Ciliados .............................................................................................................................. 311 
Coccídeos ........................................................................................................................... 312 
Microsporídeos .................................................................................................................. 316 
PROTOZOÁRIOS DO SANGUE E DOS TECIDOS ............................................................... 318 
Espécies de Plasmodium .................................................................................................... 318 
Espécies de Babesia ........................................................................................................... 323 
Toxoplasma gondii ............................................................................................................. 324 
Leishmania ......................................................................................................................... 326 
Tripanossomas ................................................................................................................... 329 
NEMÁTODES ....................................................................................................... 335 
Enterobius vermicularis ..................................................................................................... 335 
Ascaris lumbricoides .......................................................................................................... 336 
Toxocara canis e Toxocara e cati ....................................................................................... 338 
Trichuris trichiura ............................................................................................................... 339 
Ancilóstomos ..................................................................................................................... 340 
Faculdade de Medicina de Lisboa Tronco Comum II - Microbiologia 
Página 6 de 371 
Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
Strongyloides stercoralis .................................................................................................... 342 
Trichinella spiralis .............................................................................................................. 344 
Wuchereria bancrofti e Burgia malayi ............................................................................... 346 
Loa loa ............................................................................................................................... 347 
Onchocerca volvulus .......................................................................................................... 348 
Dirofilaria immitis .............................................................................................................. 350 
Dracunculus medinensis .................................................................................................... 350 
TREMÁTODES ...................................................................................................... 352 
Fasciolopsis buski ............................................................................................................... 352 
Fasciola hepatica ............................................................................................................... 353 
Opisthorchis sinensis .......................................................................................................... 355 
Paragoninus westermani ................................................................................................... 356 
Esquistossomas .................................................................................................................. 357 
Dermatite por Cercária ...................................................................................................... 361 
CÉSTODES ........................................................................................................... 363 
Taenia solium ..................................................................................................................... 363 
Cisticercose ........................................................................................................................ 364 
Taenia saginata ................................................................................................................. 365 
Diphylobothrium latum...................................................................................................... 366 
Echinococcus granulosus ................................................................................................... 368 
Hymenolepis nana .............................................................................................................369 
Dipylidium caninum ........................................................................................................... 370 
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Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
Relações Hospedeiro-Parasita 
Flora Indígena – constitui o conjunto de células que não pertencem ao nosso 
organismo, ou seja todos os microrganismos que co-habitam no nosso organismo. Apenas 10% 
das células existentes no nosso organismo são humanas, as restantes 90% são microrganismos. 
 
Todo o ser humano nasce estéril, no entanto logo no momento do parto, ao tomar 
contacto com o ambiente exterior, é colonizado por um número incontável de 
microrganismos, sendo que muitos deles o acompanharam durante toda a sua vida. 
 
Microrganismo Residente – é o microrganismo que é capaz de se multiplicar nas 
condições do local onde está alojado; 
 
Microrganismos Transitórios – é aquele que não sendo capaz de se dividir no local 
onde habita se vê obrigado a migrar para outro local que lhe seja mais favorável ou acaba por 
ser extinto; 
 
Colonização – aquisição de microrganismos, que podem não provocar qualquer 
lesão/dano ou, pelo contrário, perturbar o normal funcionamento de um tecido ou órgão, de 
forma mais, ou menos, intensa, induzindo uma resposta imunitária por parte do hospedeiro. 
Esta tem em vista a eliminação do microrganismo, podendo, no entanto, também o 
microrganismo ficar retido/latente no organismo; 
 
Latência – estado em que um microrganismo permanece no nosso organismo sem que 
o consigamos eliminar; 
 
Comensalismo - associação simbiótica em que um microrganismo usa o corpo de uma 
espécie de maior porte como seu ambiente físico, podendo usar esse mesmo ambiente para 
adquirir nutrientes. Para além disso, o microrganismo não provoca lesão no hospedeiro, ou a 
lesão é de tal modo leve que não tem tradução clínica, ou seja, a lesão é clinicamente 
inaparente. Os microrganismos comensais podem inclusive beneficiar o hospedeiro, 
prevenindo a colonização de dada área por espécies mais patogénicas ou produzindo 
metabolitos passíveis de serem usados por ele. No entanto, estes microrganismos podem 
tornar-se prejudiciais se as suas condições ambientais forem perturbadas. É este tipo de 
relação que a maioria da flora indígena estabelece no organismo. 
 
Acção Patogénica 
 
Infecção – aquisição de microrganismos exógenos e sua posterior multiplicação; 
 
Infecção Endógena – quebra do equilíbrio existente entre a flora indígena e o 
organismo, o que leva a uma multiplicação descontrolada desses microrganismos e invasão de 
territórios dantes não colonizados; 
 
Doenças Infecciosas – não são mais do que as manifestações das infecções; 
 
Lesão – consiste na interrupção da estrutura ou função de uma determinada célula, 
tecido ou órgão; 
 
Agente Patogénico – é um microrganismo capaz de causar lesão; 
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Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
 
Patogenicidade – baseia-se na capacidade de causar patologia, ou seja, se um 
microrganismo é capaz de lesar ou não o organismo; 
 
Virulência – relaciona-se com a intensidade com que é demonstrada a patogenidade 
de um determinado microrganismo; 
 
Factor de Virulência – entende-se pelo componente microbiano que vai ser 
patogénico e por isso causar lesão no hospedeiro; 
 
Virulência 
 
A virulência é um processo que pode ser dividido em diversas fases: 
1. Aderência  Colonização, ou seja, a ligação a receptores e a estruturas que 
podem ser especificas ou inespecíficas; 
2. Invasão  Penetração, Progressão e Multiplicação, o que implica penetrar as 
barreiras anatómicas, inibir ou neutralizar os mecanismos humorais de defesa e 
por fim inactivar os mecanismos celulares de defesa; 
3. Produção de Toxinas  Exotoxinas, sendo estas libertadas por exocitose, 
mantendo-se o microrganismo vivo, a sua libertação implica a lise celular; 
4. Fuga aos Mecanismos de Defesa  esta pode ser consiga através da localização 
privilegiada, por, mimetismo antigénico, revestimento com moléculas do 
hospedeiro, tolerância imunológica, variação antigénica e imunossupressão; 
 
Mimetismo Antigénico – consiste na produção e apresentação de antigénios idênticos 
aos do organismo hospedeiro para que seja reconhecido como uma célula endógena; 
 
Origem da Infecção 
 
No caso de ser uma infecção endógena, não se inclui a porta de entrada, pois o 
microrganismo já se encontra dentro do hospedeiro. No entanto numa infecção exógena 
podemos distinguir as características: 
 Porta de Entrada 
 Reservatório, não é mais do que o local onde este se encontra armazenado; 
 Vector, não é mais do que o meio pelo qual é transportado; 
 Transmissão, que poderá ser horizontal, caso ocorra em indivíduos da mesma 
geração, ou vertical, caso ocorra do progenitor para a descendência; 
 Porta de Saída 
 
Transmissão 
 
Existem diversos modos de transmissão e estão muitas vezes relacionados com a porta 
de entrada/saída: 
1. Oral-Oral (Porta de Saída:Boca /Porta de Entrada: Boca) 
2. Fecal-Oral (Porta de Saída: Ânus/Porta de Entrada: Boca) 
3. Sexual (Porta de Saída: Aparelho Genital/Porta de Entrada: Aparelho Genital) 
4. Vector (não há transmissão entre humanos) 
5. Zoonose s/ vector (não há transmissão directa entre humanos) 
6. Zoonose c/ vector (não transmissão directa) 
 
 
Faculdade de Medicina de Lisboa Tronco Comum II - Microbiologia 
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Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
Controlo da Transmissão 
 
Fecal – Oral: através do saneamento básico, da disponibilização de água potável e da 
regra de lavar as mãos; 
Sexual: uso de uma barreira física (ex. preservativo) e uma redução da promiscuidade; 
Zoonoses: controlo da infecção animal e controlo dos vectores; 
Respiratório: não é controlável; 
 
 
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Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
Morfologia Bacteriana 
Os microrganismos podem estar dividimos consoante a sua organização estrutural em: 
Procariotas – possuem um cromossoma único e circular, menos quantidade de DNA, 
são geralmente haplóides e não possuem núcleo nem organitos membranares; 
Eucariotas – têm cromossomas lineares, maior quantidade de DNA, são geralmente 
diplóides, e possuem núcleo com invólucro nuclear e organitos membranares; 
 
Características Eucariotas Procariotas 
Principais Grupos 
Algas, Protozoários, Plantas e 
Animais 
Bactérias 
Tamanho > 5 mm 0,5 – 3 mm 
Estrutura do Núcleo 
Núcleo Membrana Nuclear Clássica Ausente 
Cromossoma 
Cadeias de DNA Linear 
Genoma Diplóide 
DNA Único e Circular 
Genoma Haplóide 
Estrutura do Citoplasma 
Mitocôndrias Presente Ausente 
Aparelho do Golgi Presente Ausente 
Retículo Endoplasmático Presente Ausente 
Ribossomas 80S (60S + 40S) 70S (50S + 30S) 
Membrana Citoplasmática Contem Esteróides Não Contém Esteróides 
Parede Celular Ausente 
Estrutura complexa formada 
por proteínas, lípidos e 
peptidoglicano 
Reprodução Sexual e Assexuada Assexuada (Bipartição) 
Movimento 
Flagelos com Complexos 
Ausentes 
Flagelos Simples 
Ausentes 
Respiração Via Mitocondrial 
Através da Membrana 
Citoplasmática 
 
É importante ter uma noção do tamanho em microbiologia e para isso usamos uma 
escala de valores generalizados: 
Macrófago  10 – 20 µm 
Bactéria  0,5 – 2 µm 
Vírus  <0,1 µm 
Eritrócito  5 µm 
 
Classificação 
 
As bactérias diferem entre si pela sua morfologia (tamanho, forma e características) e 
as suas propriedades metabólicas, antigénicas e genéticas. 
 
Aspectos Morfológicos 
 
Cocos: 
- Diplococos 
- Estreptococos 
- TetradesFaculdade de Medicina de Lisboa Tronco Comum II - Microbiologia 
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Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
- Estafilococos 
 
Bacilos/Bastonetes 
 
Espiroqueta/Espirilo 
 
Vibrião 
 
 
 
Aspectos Bioquímicos 
 
Coloração de Gram é uma prova útil e fácil que permite distinguir as principais classes 
de bactérias com o objectivo de instaurar um tratamento. As bactérias gram-positivas são 
aquelas que têm uma cor azul, o corante precipita na camada de peptidoglicano que possui 
uma estrutura entrecruzada e grossa em forma de malha à volta da célula. As bactérias gram-
negativas apresenta uma camada delgada de peptidoglicano incapaz de reter o corante e por 
isso adquirem uma cor rosa. 
 
Toxicidade ao Oxigénio  devido á formação de superóxidos, peróxidos e hidróxidos, 
muitas bactérias não coexistem em ambientes com oxigénio. A presença ou não de enzimas 
destoxificadores (catalases) pode constituir um critério de classificação; 
 
Obtenção de Energia  poderá ser através de respiração ou fermentação; 
 
Aeróbio: 
- Obrigatório, habita apenas perante a presença de oxigénio; 
- Facultativo, poderá realizar respiração, mas também realiza fermentação; 
- Microaerófilo, é tolerante a baixas concentrações de oxigénio; 
 
Anaeróbio: 
- Obrigatório, apenas existe em ambientes anaeróbios e não tem capacidade de usar 
O2 nem de estar em contacto com este; 
- Aerotolerante, podem estar em ambiente com 02, mas não o usam; 
 
Parede Celular  a presença ou não de parede celular, composta por peptideoglicano; 
 
Lipopolissacáridos  presença ou não de membrana externa; 
 
Ultra-Estruturas das Bactérias 
 
Tanto as bactérias gram-positivas, como as gram-negativas, possuem estruturas 
citoplasmáticas semelhantes, o que já não ocorre relativamente às estruturas extra-celulares. 
Fig. 1 - Morfologias Bacterianas 
Faculdade de Medicina de Lisboa Tronco Comum II - Microbiologia 
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Mestrado Integrado em Medicina – 2º Ano 
O citoplasma da célula 
bacteriana contem o DNA 
cromossómico, mRNA, ribossomas, 
proteínas e metabolitos. O 
cromossoma bacteriano difere do 
eucariota pois é composto por uma 
única molécula circular de cadeia 
dupla e que não está contido no 
núcleo, mas sim numa estrutura 
conhecida como nucleóide. Apesar 
disso este cromossoma carece de 
histonas e por isso não forma 
nucleossomas. 
A célula pode também possuir 
plasmídeos, que não são mais que 
moléculas extra-cromossómicas de 
DNA circular mais pequenas que o 
cromossoma. Regra geral os 
plasmídeos encontram-se nas células 
gram-negativas, e na maior parte dos 
casos não são essenciais para a 
sobrevivência da célula, mas podem 
conferir-lhe uma vantagem selectiva, 
como é o caso de resistência a 
antibióticos. 
 
A ausência de membrana 
nuclear simplifica os mecanismos de 
controlo da síntese proteica. Assim 
sendo o ribossoma fixa-se 
directamente no mRNA que está a ser 
transcrito e inicia a tradução, 
sintetizando a proteína à medida que o 
mRNA é sintetizado e ainda se 
encontra unido ao DNA. 
 
O ribossoma bacteriano é constituído pelas subunidades 30S e 50S que formam o 
ribossoma 70S. Este ribossoma é distinto do humano (Ribossoma 80S = 40S + 60S), e ainda é 
possível encontrar diferenças no rRNA, e por isso tanto o ribossoma como o rRNA são alvo de 
muitos antibióticos. 
 
A membrana citoplasmática possui uma estrutura idêntica à dos eucariotas, mas 
contrariamente a estes não possui esteróides, como é o caso do colesterol, com excepção dos 
micoplasmas. 
 
O que não acontece relativamente às estruturas citoplasmáticas acontece no que toca 
à parede celular, ou seja, bactérias gram-positivas e gram-negativas diferem na estrutura da 
parede celular e nos seus componentes e funções. 
Os componentes das paredes celulares são exclusivos das bactérias, sendo que a maior 
parte das membranas dos procariotas está rodeada por uma camada rígida de peptidoglicano 
(mureína), com excepção das arqueobactérias e micoplasmas. O peptidoglicano determina a 
Fig. 2 - Estrutura da Membrana Plasmática Bacteriana 
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rigidez e forma da bactéria, sendo que nas bactérias gram-negativas existe ainda uma 
membrana externa que as envolve. 
 
Bactérias Gram-Positivas, possuem uma parede celular espessa que é composta por 
várias camada, as quais são compostas maioritariamente pelo peptidoglicano. Uma 
característica importante do peptidoglicano é que este é suficientemente poroso para permitir 
que grande parte dos metabolitos alcance a membrana citoplasmática. 
O peptidoglicano pode ser destruído perante a lisozima, levando à lise celular. 
A célula gram-positiva pode ainda possuir outros componentes na membrana externa, 
como é o caso dos ácidos teicóicos e lipoteicóiscos. 
 
Bactérias Gram-Negativas, as paredes celulares destas bactérias são mais complexas, 
contendo duas camadas externas em relação com a membrana citoplasmática: imediatamente 
a seguir à membrana encontra-se uma camada fina de peptidoglicano (5 a 10% do total da 
parede celular), que não contem ácidos teicóicos nem lipoteicóiscos. A camada mais externa 
denomina-se membrana externa e é exclusiva das bactérias gram-negativas, o espaço 
compreendido entre esta e a membrana plasmática designa-se espaço periplasmático. Este 
espaço possui enzimas hidrolíticas que degradam as macromoléculas necessárias para a célula; 
por outro lado a membrana externa constitui uma barreira para as moléculas de grande 
tamanho e hidrófobas, e uma defesa para as condições possivelmente adversas de alguns 
ambientes. 
A zona externa é geralmente formada por lipopolissacáridos (LPS) que pode também 
ser conhecido como endotoxina, pois constitui um potencial causador de resposta imunitária. 
Existem ainda algumas proteínas, como é o caso das porinas que formam poros e permitem a 
difusão através da membrana de moléculas hidrofóbicas com menos de 700 Da de peso. 
A membrana externa une-se à membrana citoplasmática por meio de zona de adesão 
e ao peptidoglicano por interacção com uma lipoproteína. 
 
Características Gram-Positivas Gram-Negativas 
Membrana Externa - + 
Parede Celular Espessa Fina 
Lipopolissacárido - + 
Endotoxina - + 
Ácido Teicóico + - 
Esporulação Algumas - 
Cápsula Algumas Algumas 
Lizosima Sensível Resistente 
Actividade Antibacteriana da Penicilina Mais Susceptível Mais Resistente 
Produção de Exotoxina Algumas Algumas 
 
Estruturas Externas 
 
Algumas bactérias encontram-se rodeadas por capas laxas de proteínas ou 
polissacáridos denominadas cápsulas, no caso de não ser uniforme ou muito fina chama-se 
capa de limo (slime layer). Na generalidade estas duas estruturas são conhecidas como 
glicocálix. 
A cápsula pode actuar também como uma barreira frente a molécula hidrófobas 
tóxicas, por exemplo os detergentes, e por outro lado facilitar a aderência a outras bactérias 
ou às superfícies do hospedeiro. 
Algumas bactérias, como é o caso das Pseudomonas aeruginosa, produzem um 
biofilme polissacárido em determinadas condições que favorece o estabelecer de uma colónia 
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bacteriana e protege os seus membros da acção dos antibióticos e defesas dos organismos 
hospedeiro. 
Os procariotas, nomeadamente as bactérias, podem possuir apêndices 
citoplasmáticos, que poderão ser: 
- Flagelos, com função de locomoção, e são formados por subunidades proteicas 
enroladas helicoidalmente de flagelina. Os flagelos permitem às bactérias aproximarem-se dos 
nutrientes e ambientes favoráveis, afastando-se dos ambientes tóxicos - quimiotaxia;- Fímbrias ou pilli, permitem a adesão e fixação às paredes do organismo hospedeiro, 
sendo formada por subunidades proteicas de pilina. Diferenciam-se dos flagelos por não 
possuírem uma estrutura helicoidal e terem um diâmetro menor. Para que permitam a adesão 
às paredes do hospedeiro ou outras estruturas possuem um factor de adesão, a adhesina, 
sendo que existe ainda outro factor que se fixa a açúcares específicos - lectina; 
- Pilli Sexuais, tornam possível a troca horizontal de material genético, permitem a 
união a outras bactérias e são codificados por um plasmídeo; 
 
Divisão Celular 
 
A replicação do cromossoma bacteriano desencadeia também o início da divisão 
celular. A produção de duas células filhas exige o crescimento e amplificação dos componentes 
da parede celular, seguidos da formação de um septo que dividirá as bactérias em duas células 
distintas. Uma separação incompleta pode originar bactérias que permanecem unidas e 
formam cadeias como é o caso dos estreptococos e estafilococos. 
 
Esporos 
 
Algumas bactérias gram-
positivas, mas não as gram-negativas, 
são capazes de formar esporos. Em 
condições ambientais adversas estas 
bactérias podem passar de estado 
vegetativo para um estado de latência 
ou de esporo. A localização do esporo 
no interior da célula constitui uma 
característica de cada bactéria e pode 
facilitar a sua identificação. 
O esporo é uma estrutura 
desidratada formada por múltiplas 
camadas que protege a bactéria e 
permite que continue viva em estado 
de latência. O esporo contém uma 
cópia completa do cromossoma 
bacteriano, as concentrações mínimas 
imprescindíveis ao ribossoma e 
proteínas essenciais, e uma elevada 
concentração de cálcio unido ao ácido 
dipicolínico. O esporo consegue 
proteger o DNA bacteriano do calor 
intenso, radiação e acção da maioria 
das enzimas e substancia químicas. 
 
Fig. 3 - Fases da Formação de Esporos 
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Genética Bacteriana 
O genoma bacteriano é o conjunto total dos genes dos quais a bactéria é portadora. O 
cromossoma de uma bactéria típica consta de uma só molécula circular dupla de DNA que 
contem aproximadamente 5.000.000 pb. 
Cada genoma possui numerosos operões, que são constituídos por genes. 
Habitualmente nos eucariotas há mais do que uma cópia no genoma, mas por regra nas 
bactérias apenas existe uma cópia, logo são haplóides. 
As bactérias podem também conter elementos genéticos extra-cromossómicos, como 
é o caso dos plasmídeos e bacteriófagos; estes elementos são independentes do cromossoma 
bacteriano e podem na maior parte dos casos ser transmitidos a outra célula. 
Os promotores e operadores são sequências de nucleótidos que controlam a 
expressão de um gene que determinada a transcrição de mRNA. 
Os operões são grupos de um ou mais genes estruturais que se expressam a partir de 
um promotor específico e terminam num determinado finalizador de transcrição. Por isso os 
genes que codificam as enzimas envolvidas numa determinada via podem ser regulados de 
forma coordenada. Os operões possuem numerosos genes estruturais que são policistrónicos. 
 
Replicação do DNA 
 
A replicação do DNA bacteriano inicia-se numa sequência específica que se denomina 
OriC. Além de outras enzimas, as mais importantes são as helicases (capazes de desenrolar a 
duplas cadeia de DNA), a primase (capaz de sintetizar os primers) e a DNA polimerase. 
As novas cadeias de DNA são sintetizadas de uma forma semi-conversadora e utilizam 
como molde ambas as cadeias de DNA do cromossoma bacteriano. A síntese do novo DNA tem 
lugar na forquilha de replicação e num sentido bidireccional. Por fim é de extrema 
importância salientar o papel das topoisomerases que evitam o enrolamento excessivo das 
cadeias de DNA, e permitem que a replicação continue. 
 
Controlo da Transcrição 
 
Em primeiro lugar existe uma regulação da expressão genética que é muitas vezes 
uma resposta a um estímulo nutricional, o que leva a uma ruptura química no operador e 
permite a transcrição dos genes necessários. Em segundo lugar, a transcrição dos genes é 
regulada directamente por proteínas repressoras, que se unem aos operadores, como 
resposta a sinais exteriores ou interiores. Em terceiro lugar, a velocidade de síntese das 
proteínas pelo ribossoma pode regular o processo de transcrição nos procariotas, por um 
mecanismo de feedback negativo. A ausência de membrana nuclear permite ao ribossoma 
procariota unir-se ao mRNA enquanto este está a ser transcrito. 
 
Por outro lado existe uma regulação da transcrição, esta pode ser negativa ou 
positiva. No caso de ser negativa os genes apenas se expressam se a proteína repressora se 
desligar do seu operador, caso contrário é impossível à RNA polimerase ligar-se à cadeia para 
iniciar a transcrição. Por outro lado pode existir uma regulação positiva em que a expressão 
dos genes apenas á possível na presença de um proteína – apoinductor. 
 
 
 
 
 
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Mutações, Reparação e Recombinação 
 
Uma mutação define-se como qualquer alteração na sequência de bases do DNA, uma 
troca basta para que ocorra uma transição, em que uma purina é substituída por outra ou uma 
transversão, onde uma pirimidina por uma purina. 
Existem diversos tipos de mutação, apesar de já termos conhecimento delas, aqui fica 
uma revisão: 
- Mutação Silenciosa, é uma alteração do DNA que não provoca uma mudança na 
sequência de aminoácidos, isto apenas é possível devido à redundância do DNA, ou seja, um 
aminoácido é codificado por mais do que um codão; 
- Mutação Com Perda de Sentido (missense), comporta a inserção de um aminoácido 
diferente na proteína, no entanto quando o aminoácido possui propriedades idênticas ao que 
deveria ser correcto pode-se dizer que ocorreu uma mutação conservadora; 
- Mutação Sem Sentido (nonsense), aquela em que se substitui um codão que codifica 
uma aminoácido por um de finalização, o que leva a um terminar precoce da síntese da 
proteína; 
- Mutação de Alteração de Leitura (frameshift mutation), caracteriza-se pela 
alteração do código de leitura e habitualmente surge uma proteína truncada que leva a uma 
interrupção prematura da síntese da proteína; 
- Mutações Nulas, levam a uma completa destruição da função do gene, dá-se quando 
ocorre uma inserção ou delecção que além de alterar a sequência, altera a conformação do 
cromossoma; 
 
Mecanismos de Reparação do DNA 
 
Com a finalidade de minimizar os danos no DNA, as células bacterianas desenvolveram 
mecanismos de reparação, que se podem dividir em: 
- Reparação Directa do DNA, consiste em eliminar por intermédio de enzimas o dano; 
- Reparação por Excisão, procede à excisão da sequência lesada, e de seguida é 
sintetizada uma nova cadeia de DNA. Estes mecanismos podem ser divididos em reparação por 
excisão especializada ou generalizada; 
- Reparação Pós-Replicação, ou por recombinação, é possível recuperar a informação 
em falta mediante os processos de recombinação genética, este tipo de processo aplica-se a 
casos em que ambas as cadeias perderam a informação correcta; 
- Resposta SOS, caracteriza-se por induzir numerosos genes e fazer aparecer a lesão do 
DNA, o que pode levar à interrupção da sua replicação; 
- Reparação Propensa a Erro, é o último recurso com que a bactéria conta antes de 
morrer. Utiliza-se para preencher os espaços com uma sequência aleatória e que possa 
orientar o processo de replicação. 
 
Intercambio Genético nos Procariotas 
 
Muitas bactérias utilizam o seu DNA de forma promíscua. O intercâmbio de DNA entre 
as células permite trocargenes e características entre elas, o que pode ocasionalmente levar 
ao aparecimento de novas bactérias. Esta troca pode resultar na aquisição de uma 
característica vantajosa para o receptor, especialmente quando o DNA recebido codifica genes 
que lhe conferem resistência a determinados antibióticos. 
O DNA transferido pode ser incluído no cromossoma ou manter-se de forma estável 
como uma elemento extracromossómico (plasmídeo ou bacteriófago), que irá transmitir à sua 
descendência esta unidade de capacidade autónoma de replicação. 
 
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Os plasmídeos podem replicar-se de forma independente e por isso recebem muitas 
vezes o nome de replicões, sendo que alguns podem integrar-se no cromossoma do 
hospedeiro – episomas. 
Os plasmídeos de grandes dimensões podem mediar a sua própria transferência para 
outra célula através de um processo denominado conjugação. Estes plasmídeos codificam 
todos os factores necessários para a sua própria transferência, no entanto existem outros que 
plasmídeos que podem ser transferidos para outra célula por outros processos de conjugação 
– transformação e transdução. 
 
Os bacteriófagos são vírus bacterianos que podem sobreviver fora da sua célula 
hospedeira pois o seu genoma encontra-se protegido por uma cápsula proteica. 
Os bacteriófagos infectam as células bacterianas e replicam-se até um elevado número 
que leva à lise celular – infecção lítica. Por outro lado existe a possibilidade de o seu genoma 
ser integrado no genoma bacteriano e levar à sua morte – estado lisogénico. 
 
Os transposões são os únicos elementos genéticos moveis que podem transferir DNA 
de uma posição para outra dentro de uma mesma célula. Estes existem tanto em procariotas 
como em eucariotas. 
Os transposões mais simples são compostos por sequências de inserção e no seu 
comprimento possuem entre 150 a 1500 pb com repetições invertidas de 5 a 40 pb e a 
informação necessária mínima para a sua transferência. Os transposões mais complexos 
possuem ainda genes que lhes conferem 
características especiais, como é o caso de 
resistência a alguns antibióticos. 
 
Mecanismos de Transferência 
Genética Entre Células 
 
A troca de informação genética entre as 
células bacterianas pode ter lugar através de três 
mecanismos: 
- Conjugação, consiste numa transferência 
quase-sexual de informação genética entre uma 
bactéria (dadora) e outra (receptora); 
- Transformação, a qual provoca a 
aquisição de novos marcadores genéticos 
mediante a incorporação de DNA exógeno; 
- Transdução, este processo é 
caracterizado pela transferência de informação 
genética de uma bactéria para outra por meio de 
um bacteriófago. No interior da célula o 
transposão pode percorrer moléculas de DNA 
distintas. 
 
Curiosidade: 
A transformação foi o primeiro 
mecanismo descoberto de transferência genética 
em bactérias, através de uma experiencia 
realizada por Grifflth em 1928. Na conhecida 
experiencia em que ao inocular ratos com uma 
Fig. 4 - Genética Bacteriana - Transformação 
e Conjugação 
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bactéria não virulenta e outra morta virulenta, as não virulentas adquiriram capacidade 
virulenta e levaram à morte do animal. 
 
Conjugação 
 
A conjugação produz uma transferência unidireccional de DNA desde a célula dadora 
(“macho”) até uma célula receptora (“fêmea”) através dos chamados pillis sexuais. Este 
comportamento é definido pela presença de um plasmídeo conjugativo que contem os 
elementos necessários para a sua própria transferência, como é o caso de formar pillis. 
 
Transdução 
 
A transferência genética por 
transdução é mediada por vírus bacterianos 
que captam fragmentos de DNA e os incluem 
no seu interior. Este genoma quando o 
bacteriófago infecta uma célula hospedeira é 
incorporado no cromossoma bacteriano. A 
transdução pode ser especializada, caso o 
fagos possua todos os genes necessários para o 
processo de transdução, ou generalizada, no 
caso de esta transferência ser mediada por 
outro agente, e não de forma autónoma pelo 
fago. 
Na generalidade as partículas de 
transdução devem conter uma maioria de DNA 
bacteriano e apenas uma pequena porção de 
DNA do fago. 
 
Recombinação 
 
Existem dois tipos de recombinação 
homóloga e não homologa. Por sua vez a 
recombinação homologa pode dividir-se em: 
- Recombinação Homologa Legítima, 
tem lugar em sequências de DNA 
estreitamente relacionadas e habitualmente 
substitui uma sequência por outra. Este 
processo requer a presença de um conjunto de 
enzimas denominadas rec; 
- Recombinação Homologo Ilegítima, 
contrariamente à anterior tem lugar em sequências distintas de DNA, e regra geral, produz 
inserções ou deleções. Este processo necessita da intervenção de enzimas especializadas como 
é o caso das existentes nos transposões e bacteriófagos lisogénicos. 
 
 
Fig. 5 - Genética Bacteriana - Transdução e 
Transposição 
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Antibióticos 
A palavras antibiótico deriva do latim anti + biotikós, que significa contra o que é 
respeitante à vida. 
 
Antimicrobiano - Substância natural ou sintética, com acção sistémica, capaz de inibir 
ou matar microrganismos (ex. desinfectante e antibióticos). 
 
Na área da microbiologia os antimicrobianos com mais relevância são os antibióticos 
que podem dividir-se em: bacterioestáticos e bactericidas. Estes podem ter funções de 
terapêutica, profilaxia (evitando a entrada ou desenvolver de microrganismos, apenas em 
casos excepcionais), epidemiologia e identificação (através do estudo da 
resistência/sensibilidade à substância). 
 
Bacterioestáticos - substâncias que inibem o crescimento dos microrganismos, não os 
destrói, mas impede a sua reprodução/bipartição. A concentração mais baixa desta substância 
que impede o seu crescimento denomina-se por concentração inibidora mínima (CIM); 
 
Bactericidas – substâncias que destroem activamente os microrganismos. A 
concentração mais baixa que destrói 99,9% dos microrganismos alvo denomina-se 
concentração bactericida mínima (CBM); 
 
Combinações Antibióticas – combinação de antibióticos que se pode usar para 
amplificar o espectro bacteriano no tratamento empírico ou no tratamento de infecções 
mistas; prevenir o aparecimento de organismos resistentes durante o tratamento; e obter um 
efeito bactericida sinérgico; 
 
Sinergismo Antibiótico – combinação de antibióticos que a actividade de um interfere 
com a do outro permitindo uma acção conjunta mais eficaz do que em separado; 
 
Antagonismo Antibiótico - combinação de antibióticos que fazem com a actividade de 
um interferia com a do outro e desse mudo a sua acção conjunta seja menor do que em 
separado; 
 
Espectro de Acção – alcance da actividade de uma substância contra os 
microrganismos. Um fármaco antibacteriano de espectro amplo pode inibir uma grande 
variedade de bactérias gram-positivas e gram-negativas, no entanto um fármaco de espectro 
reduzido apenas é activo contra determinado agentes patogénicos; 
 
β-lactamidases – enzima que hidrolisa qualquer anel β-lactâmico do grupo de 
antibióticos que inibem a síntese da parede celular, inactivando-os. 
 
Mecanismos de Acção 
 
Os antibióticos podem ter diversos meios de acção: 
- Inibição da Síntese Proteica, actuam ao nível dos ribossomas, sendo que as bactérias 
têm ribossomas diferentes dos humanos é possível usá-los sem interferir no normal 
funcionamento do organismo humano; 
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- Inibição do Peptidoglicano, como é o caso da parede celular, como é exemplo a 
penicilina, que ao ser destruída permite que o nosso sistema imunitário destrua e controle os 
microrganismos. Os antibióticos com este mecanismo classificam-se de β-lactâmicos; 
- Inibição da Replicação e Síntese de DNA, actuam ao nível das enzimas que regulam e 
desempenham as funções de replicação; 
- Intervenção em Cadeias Metabólicas, impedem determinadas vias das quais o 
microrganismo depende para sobreviver, no entanto é importante que estas vias não existam 
no organismo humano; 
- Alteração da Permeabilidade da Membrana, que podem interferir com a aquisição 
de determinados substratos ou com uma maior facilidade da inclusão de alguns fármacos. 
 
Antibiótico Acção 
Inibição da Síntese da Parede 
Celular 
 
Penicilina Liga-se à PBP (Peniciline Bindingd Protein) e enzimas 
responsáveis pela síntese do peptidoglicano Cefalosporina 
Cefamicina 
Carbapenemos 
Monobactamos 
Vancomicina Inibe o alongar da cadeia de peptidoglicano 
Isoniazida Inibe a Síntese de Ácido Micólico 
Etionamida 
Etambutol Inibe a Síntese de Arabinogalactano 
Ciclosserina Inibe o alongar da cadeia de peptidoglicano 
Polimixina Inibe a Membrana Bacteriana 
Bacitracina Inibe a Membrana Citoplasmática da Bactéria e 
Transporta precursores de peptidoglicano 
Inibição da Sintese Proteica 
Aminoglicosídeo Provoca a libertação prematura da cadeias de péptidos 
aberrantes do ribossoma 30S 
Tetraciclina Bloqueia a elongação da cadeia polipeptídica no 
ribossoma 30S 
Oxazolidona Bloqueia o inicio da síntese proteica pelo ribossoma 50S 
Macrólido Bloqueia a elongação da cadeia polipeptídica no 
ribossoma 50S Clindamicina 
Estreptograminas 
Inibição da Sintese dos Ácidos 
Nucleicos 
 
Quinolona Une-se à subunidade da Topoisomerase do DNA 
Rifampicina Bloqueia a transcrição pela RNA Polimerase DNA-
Dependente 
Rifabutina Ruptura do DNA Bacteriano 
Metronidazol Destruição do DNA 
Alteração do Metabolismo 
Sulfonamidas Inibe a dihidropteroato sintetase e bloqueia a síntese de 
ácido fólico 
Dapsona Inibe a dihidropteroato sintetase 
Trimetoprim Inibe a dihidropteroato reductase e bloqueia a síntese 
de ácido fólico 
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Inibição da Síntese Proteica 
 
Estes antibióticos ao destruírem a parede celular fazem com que a pressão 
intracelular, que é de tal forma elevada quando comparada com a extracelular, leve à lise 
celular e à destruição do microrganismos. 
 
Com este mecanismo de acção podemos distinguir as seguintes famílias de 
antibióticos: 
• Antibióticos -lactâmicos 
• Glicopeptídeos 
• Bacitracina 
 
Inibição da Síntese Proteica 
 
Estas substâncias actuam ao nível do ribossoma bacteriano que é diferente do 
humano, e fazem com que não haja tradução do mRNA e desta forma não se produza 
proteínas. Sem a produção de proteínas é impossível à bactéria dividir-se ou produzir qualquer 
tipo de toxina ou factor de virulência. 
 
Distinguimos assim as seguintes famílias deste grupo: 
• Aminoglicosídeos 
• Tetraciclinas 
• Cloranfenicol 
• Macrólidos, Lincosamidas e Estreptograminas 
• Oxazolidinonas 
• Glicilciclinas 
 
Inibição da Síntese Ácidos Nucleicos 
 
Este mecanismo de acção permite que não haja replicação do DNA, evitando assim a 
divisão celular, mas também podem impedir a síntese de RNA e desta forma evitar o processo 
de produção proteica ou de outros compostos, como é o caso de alguns RNAs com funções 
metabólicas. 
 
Apresenta as seguintes famílias: 
• Quinolonas 
• Rifampicina 
• Metronidazol 
 
Intervenção ao nível das Cadeias Metabólicas 
 
Este mecanismo é um pouco mais complexo e actua ao nível das vias metabólicas, 
como é o caso da respiração celular ou fermentação; desta forma é possível privar os 
microrganismos de determinadas substâncias indispensáveis à sua sobrevivência. 
 
Neste grupo estão incluídas as seguintes famílias: 
• Sulfonamidas 
• Co-trimoxazol 
• Dapsona 
 
 
 
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Alterações na Membrana Celular 
 
Sendo a membrana celular um dos principais componentes de regulação do ambiente 
intracelular, ao interferirmos com esta é possível alterar as condições do mesmo. Como 
exemplo temos a alteração das concentrações intracelulares de determinados iões, com a 
alteração dos transportadores de membrana, e desta forma alterar a pressão osmótica e 
consequente lise celular. 
 
Características de Alguns Antibióticos 
 
Antibióticos -lactâmicos 
 
 
 
Este grupo pode ainda ser dividido, sendo que cada um pode ter características 
distintas e que lhes conferem uma certa especificidade: 
 
Penicilinas: 
 
Penicilinas (Fenoximetilpenicilina e Benzilpenicilina): a Benzilpenicilina foi a primeira 
penicilina descoberta, em 1928 por Alexander Fleming. Tem um espectro de acção no âmbito 
das bactérias gram-positivas e anaeróbias; 
 
Aminopenicilinas (Ampicilina e Amoxicilina): o seu uso está direccionado para 
Enterobacteriaceae, Enterococcu e Haemophilus; 
 
Carboxipenicilinas (Carbenicilina e Ticarcilina): são utilizadas tanto em bactéria gram-
positivas como em gram-negativas. O seu espectro de acção incide sobre Pseudomonas e 
Bacteroides; 
 
Isoxazolilpenicilinas (Cloxacilina, Dicloxacilina e Flucloxacilina): são bastante eficazes 
pois estão protegidas da enzima que degrada as penicilinas, e desta forma escapa a um dos 
mecanismos mais usuais de resistência. Tem uma acção muito específica para Staphylococcus; 
 
Acilureidopenicilinas (Piperacilina, Mezlocilina e Azlocilina): são utilizadas tanto em 
bactéria gram-positivas como em gram-negativas. O seu espectro inclui bactérias gram-
negativas e está direccionada para o combate a Enterobacteriaceae e Pseudomona. 
 
 Cefalosporinas: 
 
Primeira Geração (Cefalotina, Cefradina, Cefalexina e Cefazolina): o seu espectro de 
acção apenas está direccionado para as bactérias gram-positivas; 
 
Anel β-lactâmico 
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Segunda Geração (Cefuroxima e Cefaclor): relativamente ao seu espectro de acção 
existe quase como que uma igualdade qualitativa no efeito sobre bactérias gram-positivas e 
negativas; 
 
Terceira Geração (Cefotaxima, Ceftriaxona, Ceftazidima, Cefixima e Ceftizoxima): nesta 
geração começa a existir um predomínio da acção sobre as bactérias gram-negativas, quase 
que deixam de ser eficazes perante infecções provocadas por bactérias gram-positivas; 
 
Quarta Geração (Cefepima e Cefpiroma): nesta última geração o espectro de acção é 
como que resultado da junção do de 1ª com o 3ª geração, o que nos leva a um espectro com 
um alargado campo de acção. 
 
Carbapenemos (Imipenem e Meropenem): possuem o espectro de acção mais 
alargado, sem quase 100% eficaz em todas as bactérias; 
 
Nota: Apesar de serem a família com o espectro mais alargado, que inclui bactérias 
gram-positivas, gram-negativas e anaeróbios, são usadas apenas em casos excepcionais. O seu 
uso encontra-se reservado a situações onde ainda é desconhecido o agente causador da 
infecção, para que se evite criar resistência e ainda manter um equilíbrio saudável com a 
população indígena, que com o uso destes antibióticos se encontra em risco. 
 
Monobactamas (Aztreonam): o seu espectro de acção está direccionado para 
Enterobacteriaceae, não tão eficazmente para Pseudomonas, e sem acção sobre nãoanaeróbios e bactérias gram-positivas; 
 
Nota: Muitas bactérias possuem já enzimas, as -lactamases, que permitem ter 
resistência aos antibióticos da classe dos -lactâmicos, e como tal houve a necessidade de se 
criarem inibidores dessas enzimas: 
- Ácido Clavulânico 
- Tazobactama 
- Sulbactama 
 
Glicopéptidos (Destroem a Parede Celular): 
 
Fármacos Disponíveis: Vancomicina e Teicoplanina. 
Espectro de Acção: Bactérias Gram-Positivas. 
Mecanismos de Resistência: Alteração do Alvo Bacteriano e Diminuição da 
Permeabilidade Celular. 
 
Aminoglicosídeos (Inibem a Síntese Proteica): 
 
Fármacos Disponíveis: Gentamicina, Netilmicina, Tobramicina, Amicacina e 
Estreptomicina. 
Espectro de Acção: Enterobacteriaceae, Pseudomonas (Staphylococcus) e Não 
Streptococcus, Enterococcus, Anaeróbios. 
Mecanismos de Resistência: Diminuição da Permeabilidade da Membrana Celular, 
Alteração da Sub-Unidade 30S do Ribossoma e Produção de enzimas inactivadoras dos 
aminoglicosídeos. 
 
Nota: Sinergismo quando associados a antibióticos -lactâmicos, ou seja 1+1=3, ou 
seja, o seu efeito conjugado é maior do que se somarmos os seus efeitos separados. 
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Raramente se utilizam associações, no entanto na tuberculose usa-se sempre combinações 
de 3 ou mais. 
 
Tetraciclinas (Bacteriostáticos): 
 
Fármacos Disponíveis: Tetraciclina, Doxiciclina e Minociclina. 
Espectro de Acção: bactérias gram-positvos e gram-negativos, Haemophilus, 
Mycoplasma e Chlamydia. 
Mecanismos de Resistência: Alteração do alvo, diminuição da permeabilidade celular, 
efluxo activo. 
 
Cloranfenicol (Bacteriostáticos): 
 
Espectro de Acção: bactérias gram-positivas e gram-negativas, Haemophilus, 
Mycoplasma, Chlamydia e Anaeróbios. 
Mecanismos de Resistência: Produção de CAT – Cloranfenicol acetiltransferase. 
 
Nota: foi deixado de usar pois era tóxico para a medula óssea e provocava anemia. 
 
Macrólidos, Lincosamidas e Estreptograminas – MLS (Inibição da Sintese Proteica): 
 
Fármacos Disponíveis: Macrólidos (Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina, 
Roxitromicina e Diritromicina), Lincosamidas (Lincomicina e Clindamicina) e Estreptograminas 
(Quinopristina /Dalfopristina). 
Espectro de Acção: Bactérias gram-positivas (excepto Enterococcus), Haemophilus, 
Mycoplasma, Chlamydia, Legionella e Anaeróbios. 
Mecanismos de Resistência: Alteração do alvo (metilação do ribossoma), inactivação 
enzimática e efluxo activo. 
 
Nota: esta família de antibióticos é usada com mais frequência nas infecções 
respiratórias. 
 
Quinolonas (Inibição da Síntese DNA): 
 
Fármacos Disponíveis: Ácido nalidíxico, Norfloxacina, Ofloxacina, Ciprofloxacina, 
Levofloxacina, Moxifloxacina… 
Espectro de Acção: bactérias gram-positivas e gram-negativas e não anaeróbios. 
Mecanismos de Resistência: Alteração do alvo (topoisomerase ou girase do DNA) e 
diminuição da permeabilidade celular. 
 
Co-trimoxazol (Não é uma clase, mas promove Alteração das Vias Metabólicas): 
 
Espectro de Acção: bactérias gram-positivas e gram-negativas, não Pseudomonas, 
Enterococcus e Anaeróbios. 
Mecanismos de Resistência: Alteração das vias metabólicas. 
 
Resistência a Antibióticos 
 
A resistência antibiótica, resistência a antibióticos ou resistência antimicrobiana, é a 
capacidade dos microrganismos de resistir aos efeitos de um antibiótico ou antimicrobiano. 
Esta pode ser adquirida via: transformação, conjugação, transdução e mutação. 
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Em bactérias aparece a partir do momento que as pessoas utilizam antibióticos menos 
potentes fazendo então a selecção das bactérias mais fortes, sendo assim criada uma nova 
descendência bacteriológica resistente ao medicamento utilizado anteriormente. O uso 
indevido de antibióticos acarreta essa selecção. 
 
Mecanismos de Resistência 
 
Existem diversos mecanismos de resistência a antibióticos, no entanto muitas das 
bactérias acabam por desenvolver mais do que um mecanismo o que torna mais difícil o seu 
combate: 
1. Inactivação ou Modificação Enzimática, através de alteração de alguns aminoácidos 
na sequência proteica evitam que haja uma ligação entre o agente e o alvo, ou isso 
faz-se como uma menor afinidade; 
2. Alteração da Permeabilidade, este mecanismo é muito comum e faz com que 
fármacos que eram facilmente difundidos através da membrana deixem de o ser, ou 
o sejam de forma muito lenta e em baixas concentrações. Este processo pode dar-se 
pela alteração dos canais transportadores, que ao se dar uma mutação pontual 
numa das cadeias podem ocluir completamente o seu lúmen ou diminuir 
consideravelmente o diâmetro deste; também com estas mutações pode surgir a 
alteração de cargas no canal iónico e alterar assim a sua tolerância a determinadas 
substancias; 
3. Efluxo Activo, no efluxo activo a substância continua a ser absorvida pelo 
microrganismos, no entanto desenvolvem-se mecanismos que o expulsão, 
geralmente por exocitose, e não permitem que este tenha efeito sobre o seu alvo; 
4. Modificação do Alvo, sem dúvida um dos mecanismos mais conhecidos, uma 
mutação que altera a sequência que iria ser reconhecida pelo agente e desta forma 
evita que este se ligue; 
5. Vias Metabólicas Alternativas, neste caso apesar de ter uma via metabólica 
inactivada, a bactéria continua a realizar esse mesmo processo, mas por outra via 
sobre a qual o nosso fármaco não tem qualquer efeito. 
 
Grande parte destes mecanismos de resistência devem-se a: 
• Mutações; 
• Produção de β-lactamidases (ex. penicilinases e cefalosporinases); 
• Diminuição da Permeabilidade Celular; 
• Aquisição de novas Sequências Genómicas por Transferência Horizontal. 
 
 
 
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Propriedades dos Vírus 
Vírus são elementos genéticos que se replicam em células e que têm uma fase 
extracelular infecciosa, não são seres vivos. Possuem uma absoluta dependência de um 
organismo vivo para a sua replicação, são por isso parasitas intracelulares obrigatórios. 
Possuem algumas características que lhes conferem o seu estatuto de não seres vivos: 
- Incapazes de produzir energia ou proteínas independentemente da célula 
hospedeira; 
- Genomas podem ser de RNA ou DNA, e nunca ambos; 
- Possuem cápsula nua ou com invólucro; 
- Os componentes virais são agrupados e não replicados por divisão; 
- Agentes filtráveis; 
- Parasitas intracelulares obrigatórios. 
 
Todas estas características fazem com que os vírus sofram algumas consequências: 
- Não são seres vivos; 
- Têm que ser infecciosos para persistirem; 
- Têm que ser capazes de utilizar o hospedeiro para produzir os seus componentes; 
- Têm que codificar processos que não possam ser fornecidos pela célula hospedeira; 
- Os componentes virais têm que se agrupar de forma autónoma. 
 
 O vírus mais simples é composto por um genoma de ácido desoxirribonucleico (DNA) 
ou ácido ribonucleico (RNA) contido dentro de uma cápsula protectora de proteínas e, em 
alguns vírus, acrescida de uma membrana. 
 
Estrutura 
 
As unidades utilizadas na 
medição do tamanho dos vírus são os 
nanómetros. Sendo que o tamanho dos 
vírus clinicamente mais activos está na 
ordem dos 18 nm até aos 300 nm. Estes 
últimos são visíveis mediante o uso de 
um microscópio óptico, e o seu tamanho 
é aproximadamente o de uma célula de 
Staphylococcus. Os virióes de grande 
tamanho podem ter um genoma maior e 
capaz de codificar mais proteínas, e por 
isso, são regra geral, possuidores de uma 
estrutura e mecanismos mais 
complexos.Relativamente à sua estrutura os 
vírus podem ser diferenciados 
relativamente a diversas características: 
- Genoma, pode ser de DNA ou 
RNA, e deve conter a informação necessária para a formação, replicação e transmissão do 
vírus. O genoma pode estar contido numa única sequência ou ser composto por vários 
fragmento individuais, que na sua totalidade constituem o genoma funcional e estrutural do 
Fig. 6 - Estrutura e Morfologias dos Vírus 
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vírus. O genoma pode estar envolto por uma cápsula ou com proteínas de fixação dos ácidos 
nucleicos associadas e formar uma nucleocápsula. O seu genoma pode ser: 
 
Fig. 7 - Genomas Virais 
 
- Cápsula, pode ser formada por uma ou mais proteínas e pode apresentar diferentes 
simetrias: 
- Simetria Icosaédrica, é mais estável termodinamicamente. Tem 
como função proteger o conteúdo viral no exterior do hospedeiro, no 
entanto tem que ser capaz de se desintegrar no interior da célula. Esta 
característica faz com que se possa designar a cápsula de meta-estável. Para 
que a cápsula se desintegre podem existir diversas interacções, como é o 
caso da baixa de pH e/ou a interacção entre as proteínas virais e a célula 
hospedeira. Este tipo de simetria faz com que haja uma restrição no 
tamanho e mobilidade do vírus; 
 
- Simetria Helicoidal, é constituída por uma cápsula em redor do 
genoma viral, apesar de conferir uma menor resistência permite uma fácil 
alteração no tamanho e mobilidade do vírus; 
A cápsula é responsável pelas interacções entre a particular viral e a célula hospedeira, 
sendo que muitas vezes a sua destruição leva à inactivação do vírus. Geralmente a cápsula é 
resistente à desidratação, aos ácidos e detergentes. 
- Invólucro, a existência ou não de invólucro leva a alterações na estabilidade dos vírus 
em determinados ambientes, sendo que se podem distinguir dois grandes grupos 
relativamente a esta característica: vírus nus ou vírus com invólucro. O invólucro é constituído 
por lípidos, proteínas e glicoproteínas. A sua estrutura membranosa apenas é estável em 
meios aquosos, logo é susceptível a ambientes desidratados ou ácidos, bem como a 
detergentes ou dissolventes. 
 
Fig. 10 - Estrutura dos Vírus (Vírus Nus à Direita e Vírus com Invólucro à Esquerda) 
Fig. 8 - Simetria Helicoidal 
Fig. 9 - Simetria Icosaédrica 
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 Vírus com Cápsula 
 
A cápsula viral é produto de um aglomerar de 
proteínas que vão formando sucessivamente unidades 
de maior dimensão. Todos os componentes da 
cápsula possuem características que lhes permitem 
manter-se unidas e constituir esta unidade maior. As 
proteínas estruturais agrupam-se em subunidades, as 
quais se unem para formar os protómeros, depois 
capsómeros e por fim formam a pró-cápsula ou 
cápsula. 
 
As estruturas virais mais simples podem ter 
uma simetria helicoidal ou icosaédrica. Apenas há a 
salientar que na simetria icosaédrica a cápsula é 
formada por 12 capsómeros, sendo que cada um 
deles é constituído pela associação de cinco proteínas 
– pentona ou pentâmero. Podem ainda existir vírus 
que possuem subunidades constituídas por seis 
unidades – hexonas. 
Cada uma destas subunidades possui geralmente uma proteína de adesão viral (VAP), 
para que o vírus se possa unir a uma célula alvo especifica. 
 
 
Estrutura dos Vírus com Invólucro 
Componentes Membrana 
Lípidos 
Proteínas 
Glicoproteínas 
Propriedades É facilmente alterado nos seguintes factores 
ambientais: 
- Ácido 
-Detergentes 
- Desidratação 
- Calor 
 
Altera a sua membrana durante a replicação 
É libertado por gemulação e lise celular 
Consequências Deve permanecer num ambiente húmido 
No pode sobreviver no tubo digestivo 
Propaga-se mediante gotículas de grande 
tamanho, secreção, transplante de órgãos e 
transfusões de sangue 
Não necessita de destruir a célula para se 
propagar 
Para protecção e controlo adequados pode 
ser necessário anticorpos e uma resposta 
imunitária do tipo celular 
A hipersensibilidade e inflamação provocam 
imunopatogenicidade 
Fig. 11 - Formação da Cápsula Viral 
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Estrutura dos Vírus com Cápsula 
Componente Proteínas 
Propriedades É estável nos seguintes ambientes: 
- Temperatura 
- Acido 
- Proteases 
- Detergentes 
- Desidratação 
 
É libertado das células por lise 
Consequências Pode propagar-se facilmente 
Pode desidratar e conservar virulência 
Pode sobreviver em condições adversas do intestino 
Pode ser resistente aos detergentes e às água residuais mal processadas 
Os anticorpos podem ser suficientes para proporcionar imunoprotecção 
ao hospedeiro 
 
 
Vírus com Invólucro 
 
O invólucro dos vírus é formado por lípidos, 
proteínas e glicoproteínas; possuindo uma estrutura 
membranosa idêntica à das membranas celulares. 
A grande maioria das glicoproteínas actuam 
como proteínas de adesão viral (VAP), um dos 
exemplos são as hemaglutininas (HA). 
 
É importante salientar que todos os vírus 
que possuem RNA de senso negativo (RNA-) 
apresentam invólucro. 
 
Produção Viral 
 
A produção viral é composta 
por diversas fases com características 
diferentes. 
É necessário um período de 
inclusão, em que o vírus infecta a 
célula hospedeira, de seguida existe 
um período em que já existe a 
produção de partículas virais no 
entanto estas ainda não estão 
completas, nem são detectáveis – 
período de eclipse; por fim existe a 
fase de maturação em que as 
partículas virais se começam a 
desenvolver, no entanto ainda 
permanecem dentro da célula. Só 
após a lise ou exocitose destas 
partículas é que podem ser 
Fig. 12 - VAP - Hemaglutinina 
Fig. 13 - Relação Tempo/Parículas Virais durante a Infecção 
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detectadas partículas virais fora da célula. 
Por outro lado existe ainda uma análise da produção viral face à produção de 
proteínas/enzimas. Logo após a infecção começam a produzir-se as primeiras enzimas que vão 
permitir todo o desenrolar do restante processo, de seguida dá-se a replicação do RNA/DNA, o 
que consequentemente leva á síntese de proteínas virais, por fim ocorre a libertação das 
partículas virais. 
Passando agora a ser mais especifico, cada uma das fases caracteriza-se por: 
- Fase Precoce, o vírus deve reconhecer a célula alvo apropriada, unir-se a ela, 
atravessar a sua membrana plasmática, ser capturado pela célula, libertar o seu genoma no 
citoplasma e se assim for preciso introduzi-lo no núcleo. 
- Fase Tardia, caracteriza-se pelo início da replicação do genoma e síntese de 
macromoléculas virais, prosseguindo com a aglomeração e libertação dos vírus; 
 
A perda do invólucro do genoma, que ocorre durante a fase precoce, faz com que o 
vírus perca a sua virulência e deixe de ser uma estrutura identificável. Neste período ocorre 
como que um eclipse e por isso é designado por período de eclipse. 
O período de latência é aquele em que não se detecta a presença do vírus no espaço 
extracelular, inclui o período de eclipse e termina com a libertação dos novos vírus. 
Podem surgir partículas infecciosas que devido a mutações ou a erros no processo de 
síntese e aglomeração não possuem virulência. 
 
Reconhecimento e União à Célula Alvo 
 
Em princípio o que determina quais são as células alvo a ser infectadas por um vírus é 
a união das proteínas de adesão viral ou das estruturas localizadas

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