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TEXTO.JUS NURT CONCORDÂNCIA COM OS VERBOS PODER, DEVER E COSTUMAR Devem-se punir os infratores ou deve-se punir os infratores? As duas for- mas estão corretas. Descubra o porquê. A concordância do ver-bo com o sujeito ao qual se refere costuma, por si só, apresentar dificuldades ao usuário da Língua Portuguesa, em razão das particularidades que circundam esse tema. Quer dificultar mais ainda? Acrescen- tem-se às regras existentes mais dois elementos linguísti- cos: um dos verbos modais PODER, DEVER, COSTUMAR mais o pronome apassivador se. Qual é a concordância cor- reta: devem-se punir os infrato- res da lei ou deve-se punir os infratores da lei? Do ponto de vista gramatical, as duas concordâncias estão cor- retas. Mais: ainda que tenham interpretação sintática diferente, essas construções são, do pon- to de vista semântico, equiva- lentes. No primeiro caso, o grupo de- vem punir será analisado como locução verbal: devem – verbo auxiliar; punir – verbo principal. Há, portanto, só uma oração na voz passiva sintética, que equi- vale à seguinte construção na voz passiva analítica: Os infra- tores da lei devem ser punidos. Não custa mencionar que, na frase Devem-se punir os infra- tores da lei, o se é pronome apassivador, e os infratores da lei, o sujeito paciente dessa estrutura sintática com o qual a forma verbal auxiliar devem concorda. No segundo caso, há dois ver- bos e, consequentemente, duas orações. Deve-se é ora- ção principal; punir os infrato- res da lei é oração que funcio- na como sujeito da oração prin- cipal, denominada oração sub- jetiva. Ora, como se trata de sujeito oracional, a forma ver- bal deve não se flexiona no plural. TEXTO.JUS Núcleo de Revisão Textual Edição 8, novembro/2010 1 – Devem-se punir os infrato- res da lei. 2 – Deve-se punir os infratores da lei. TEXTO.JUS NURT Esse fenômeno linguístico ocor- re não somente com o verbo dever seguido de infinitivo mais termo no plural sem preposição, mas também com os verbos po- der e costumar em circunstân- cias semelhantes. TEXTO.JUS Núcleo de Revisão Textual Edição 8, novembro/2010 A cláusula estipula que não se pode / alterar os princípios sen- síveis, sob pena de inconstitu- cionalidade. No Brasil, não se costuma / pu- nir os infratores das leis de trânsito. Deve-se / buscar soluções ade- quadas para que o sistema pe- nitenciário funcione. FORMA LOCUÇÃO VERBAL: VERBO AUXILIAR + VERBO PRINCIPAL É necessário repisar que essa dupla possibilidade de análise e de concordância verbal só é cabível quando o segundo ver- bo – sempre no infinitivo – for transitivo direto seguido de ter- mo no plural sem preposição. Do contrário, o primeiro verbo ficará necessariamente no sin- gular, e a estrutura sintática se- rá constituída de duas orações: a primeira oração será principal e a segunda, substantiva subje- tiva. Veja o exemplo: Deve-se – oração principal / obedecer aos princípios sensí- veis – oração substantiva sub- jetiva, visto que obedecer é verbo transitivo indireto, que re- ge a preposição a. PODER, DEVER, COSTUMAR + INFINITIVO + SE + TERMO NO PLURAL PODER, DEVER, COSTUMAR + INFINITIVO + SE + TERMO NO PLURAL A cláusula estipula que não se podem alterar os princípios sensíveis, sob pena de incons- titucionalidade. Devem-se buscar soluções adequadas para que o sistema penitenciário funcione. No Brasil, não se costumam punir os infratores das leis de trânsito. NÃO FORMA LOCUÇÃO VERBAL: DUAS ORAÇÕES
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