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Curso Técnico em Mecânica Módulo I – Mecânico Industrial MATERIAIS I SUMÁRI Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 1 SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO 03 2 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS 03 3 - SIDERURGIA 04 3 - 1 - FERRO GUSA 05 3 - 2 - FABRICAÇÃO DO AÇO 06 4 - PROPRIEDADES MICROESTRUTURAIS 06 4.1 - ESTRUTURA CRISTALINA 06 4.2 - DIAGRAMAS DE FASE 07 4.3 - DIAGRAMA TTT (TRANSFORMAÇÃO-TEMPO-TEMPERATURA) 09 5 - AÇOS 11 5.1 - INCLUSÕES 14 5.2 - ELEMENTOS DE LIGA 14 5.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS CARBONO E AÇOS LIGA 16 5.4 - AÇOS INOXIDÁVEIS 19 6 - FERRO FUNDIDO 25 6.1 - ESTRUTURA DO FERRO FUNDIDO 26 6.2 - FERRO FUNDIDO BRANCO 27 6.3 - FERRO FUNDIDO CINZENTO 29 6.4 - FERRO FUNDIDO MALEÁVEL 30 6.5 - FERRO FUNDIDO DE GRAFITA COMPACTADA 31 6.6 - FERRO FUNDIDO DÚCTIL OU NODULAR 32 7 - ALUMÍNIO 32 7.1 - A PRODUÇÃO DO ALUMÍNIO 33 7.2 - APLICAÇÕES DO ALUMÍNIO 33 7.3 - CARACTERÍSTICAS DO ALUMÍNIO 35 7.4 - ANODIZAÇÃO 36 7.5 - LIMPEZA DO ALUMÍNIO 37 8 - COBRE E SUAS LIGAS 38 8.1 - COBRE 39 8.2 - LIGAS DE COBRE DE ALTO TEOR EM LIGA 41 8.3 - TRATAMENTOS TÉRMICOS DO COBRE E SUAS LIGAS 46 Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 2 9 - OUTROS METAIS 47 9.1 - CHUMBO 47 9.2 - ESTANHO 47 9.3 - ZINCO 48 9.4 - NÍQUEL 48 9.5 - MAGNÉSIO 49 9.6 - TITÂNIO 49 10 - PLÁSTICOS 50 10.1 - CONSTITUIÇÃO DOS PLÁSTICOS 51 10.2 - POLÍMEROS E POLIMERIZAÇÃO 51 10.3 - RESINAS VINÍLICAS 52 10.4 - RESINAS ACRÍLICAS 53 10.5 - RESINAS CELULÓSICAS 54 10.6 - RESINAS FLUOROCARBONADAS 54 10.7 - POLIAMIDAS 55 10.8 - POLIURETANOS 56 10.9 - RESINAS POLIOXIMETILÊNICAS (POM) - ACETAIS 56 10.10 - POLICARBONATOS (PC) 56 10.11 - POLIÉSTERES 56 10.12 - RESINAS FENÓLICAS (PF) 56 10.13 - SILICONES 56 10.14 - GENERALIDADES 57 11 - METALURGIA DO PÓ 57 12 - MATERIAIS CERÂMICOS 58 12.1 - PROPRIEDADES 58 12.2 - TIPOS DE MATERIAIS CERÂMICOS 59 13 - BIBLIOGRAFIA 60 Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 3 1. INTRODUÇÃO Desde o início dos tempos o homem construía seus equipamentos e suas máquinas, utilizando-se de pedra, madeira e fibras, passando posteriormente pelo bronze, ferro e outros metais. Mais recentemente, deu-se início ao uso da borracha, dos polímeros, dos compostos cerâmicos e de novas ligas de metais. A disponibilidade de materiais existentes no contexto da mecânica resume-se não só aos diferentes tipos, mas também às variações dentro das classes existentes, sob a forma de diferentes ligas. Dentre todos os materiais à disposição, o ferro fundido e o aço são os mais utilizados. Iniciaremos estudando o processo de obtenção destes materiais, suas ligas e propriedades específicas. Posteriormente serão tratadas outras ligas não ferrosas, como o bronze, latão e alumínio. A borracha, o plástico e a cerâmica também fazem parte do nosso grupo de estudo. São materiais cujo uso é cada vez maior, pois vêm substituindo outros materiais com vantagens nos processos de produção e acabamento, sem contar a elevada resistência, o baixo custo, a possibilidade de reciclagem e a longa vida útil dos produtos. A busca do material correta para uma aplicação específica pode, muitas vezes, trazer como resultados uma vasta lista de possibilidades, ou ainda opções de escolha nas quais a seleção é realizada tendo em vista o menor prejuízo. A regra para estes casos é o estudo do contexto no qual será inserido o material, visando redução de custo, aumento da vida útil, facilidade de obtenção e manipulação, entre outros. 2. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS A escolha de um material deve-se às propriedades que este possui. Por exemplo: os aços carbono possui baixo custo e elevada resistência mecânica, embora sejam vulneráveis à corrosão. Já os plásticos, devidamente selecionados, possuem elevada resistência química a determinadas substâncias, mas sua resistência mecânica é inferior ao aço carbono. E ainda podemos listar diversas outras propriedades qualitativas e quantitativas, pelas quais podemos realizar um estudo para selecionarmos corretamente um ou mais materiais a utilizar. Veja a Tabela 1: Tabela 2.1 - Principais Propriedades dos Materiais Resistência Mecânica Propriedade que permite que o material seja capaz de resistir à ação de determinados tipos de esforços, como a tração e a compressão. Elasticidade Capacidade do material em se deformar quando submetido a um esforço, e voltar à forma original quando retirado este esforço. Plasticidade Capacidade do material se deformar quando submetido a um esforço. e manter uma parcela da deformação quando retirado o esforço. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 4 Ductilidade Capacidade de o material deformar-se plasticamente sem romper-se. Tenacidade Quantidade de energia necessária para romper um material. Dureza Resistência do material à penetração, à deformação plástica e ao desgaste. Fragilidade Baixa resistência aos choques. Densidade Quantidade de matéria alocada dentro de um volume específico. Ponto de Fusão Temperatura na qual o material passa do estado sólido para o estado líquido. Ponto de Ebulição Temperatura na qual o material passa do estado líquido para o estado gasoso (ou vapor). Dilatação Térmica Variação dimensiona de um material devido a uma variação de temperatura. Condutividade Térmica Capacidade do material de conduzir calor. Condutividade Elétrica Capacidade de conduzir eletricidade. Resistividade . Resistência do material à passagem de corrente elétrica. Resistência à Corrosão Capacidade de o material resistir à deterioração causada pelo meio no qual está inserido. Em conjunto com as propriedades acima descritas, na escolha do material devem ser considerados ainda os fatores custo, disponibilidade no mercado, facilidade de fabricação e manutenção, entre outros. 3. SIDERURGIA A indústria siderúrgica abrange todas as etapas necessárias para, a partir das matérias -primas, produzir-se ferro e aço. Estes dois materiais, de largo emprego em nosso planeta, não são encontrados sob a forma de metais no ambiente. A matéria-prima a ser transformada é o minério de ferro. O processo clássico e mais usado para a redução do minério de ferro é o do alto-forno, cujo produto consiste numa liga ferro- carbono de alto teor de carbono, denominado ferro gusa, o qual, ainda no estado líquido, é encaminhado à aciaria, onde, em fornos adequados, é transformado em aço. Este é vazado na forma de lingotes, os quais, por sua vez, são submetidos à transformação mecânica, por intermédio de laminadores, resultando blocos, tarugos e placas. Estes, finalmente, ainda por intermédio de laminadores, são transformados em perfis, trilhos, tarugos, chapas, barras, etc. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 5 Figura 3.1 - Principais etapas de fabricação do aço a partir do Minério de Ferro. Como sub produtos do alto forno podemos citar também a escória e os gases de alto forno. O primeiro, depois de solidificado, pode ser utilizado como lastro de ferrovias, material isolante, ou ainda na fabricação do cimento metalúrgico. O segundo, devido ao seu alto poder calorífico, é utilizado nas próprias siderúrgicas, nos regeneradores, fornos diversos de aquecimento, caldeiras, etc. Figura 3.2 - Ciclo de produção do aço. 3.1. FERRO GUSA O ferro gusa no estado líquido é utilizado na aciaria para obtenção do aço. Ainda é utilizado no estado sólido como principal matéria-prima das fundições de ferro fundido. A composição doferro gusa, de um modo geral, está compreendida na seguinte faixa: Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 6 Tabela 3.2 - Composição do ferro gusa carbono 3 a 4,5% silício 0,5 a 4% manganês 0,5 a 2,5% fósforo 0,05 a 2% enxofre 0,20% máx. 3.2. FABRICAÇÃO DO AÇO O ferro gusa é uma liga ferro-carbono em que o teor de carbono e as impurezas normais (Si, Mn, P e S) se encontram em valores elevados, e a sua transformação em aço, que é uma liga de baixos teores de C, Si, Mn, P e S, corresponde a um processo de oxidação, por intermédio do qual a porcentagem daqueles elementos é reduzida até os valores desejados. Os equipamentos responsáveis por este processo são denominados conversores. 4. PROPRIEDADES MICROESTRUTURAIS Os materiais compostos de uma mesma substância podem possuir propriedades diferentes entre si. Este efeito é devido à microestrutura do material, à forma na qual suas moléculas estão dispostas. 4.1. ESTRUTURA CRISTALINA Todos os elementos são formados por moléculas que por sua vez são formadas por átomos. Na maioria dos materiais sólidos, as partículas se organizam sob a forma de uma rede em três dimensões, chamada estrutura cristalina. Na tabela 4.1 encontram-se exemplos de metais com suas respectivas estruturas. Tabela 4.1 - Estrutura cristalina dos metais Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 7 Quando os metais são deformados por processos mecânicos, como a laminação, as camadas de átomos deslizam umas sobre as outras ao longo dos planos de átomos que se formam nas estruturas cristalinas. Esses planos são chamados de planos cristalinos. As estruturas cristalinas cúbicas possuem mais planos de átomos do que as estruturas hexagonais. Por isso é mais fácil deformar um material que possui estrutura cúbica, como o alumínio, o cobre e o ferro, do que um metal de estrutura hexagonal, como o magnésio e o cádmio. Outra definição importante é a do contorno de grão, que surgem durante o processo de solidificação do material. Com o resfriamento do material líquido inicia-se a formação dos cristais em diversos pontos ao mesmo tempo. Nos locais onde esses cristais se encontram, forma-se uma área de transição com átomos que não pertencem a nenhum dos cristais. Na região dos contornos de grãos a deformação é mais difícil, pois os planos cristalinos são interrompidos, dificultando o deslizamento. Por isso a ruptura de um metal, na maioria dos casos, acontece no contorno de grão. Figura 4.2 - Formação dos grãos e dos contornos dos grãos. 4.2. DIAGRAMAS DE FASE Como já definido, o aço é basicamente uma liga fe-c com no máximo 2% de carbono aproximadamente. dentro do aço, o carbono une-se ao ferro formando um composto denominado carboneto de ferro (Fe3C), Trata-se de uma substância muito dura, que confere a dureza do aço, aumentando sua resistência mecânica. Por outro lado, diminui sua ductilidade, sua resistência ao choque e à solvabilidade, além de torná-lo difícil de ser trabalhado por conformação mecânica. O ferro é um metal que se caracteriza por apresentar várias fases alotrópicas. A temperatura de fusão do ferro é 1.538 °C; abaixo dessa temperatura, o ferro cristaliza de acordo com um reticulado cúbico centrado e a forma alotrópica correspondente é chamada "delta". Essa forma persiste estável até que se alcance a temperatura de cerca de 1.394 °C; nesse instante, ocorre uma redisposição espontânea dos átomos e forma-se um novo reticulado - o cúbico de face centrada que corresponde à forma alotrópica do ferro chamada de "gama". Declinando mais a temperatura a cerca de 912°C, ocorre nova transformação alotrópica, com novo rearranjo atômico, voltando o reticulado a readquirir a forma cúbica centrada; essa forma alotrópica é chamada "alfa". Abaixo de 912°C não ocorre mais qualquer rearranjo atômico. Não surge, pois, nenhuma nova forma alotrópica. Entretanto,a cerca de 770°C verifica-se uma nova transformação, ou seja, o ferro começa a comportar-se, ferromagneticamente. (Figura 4.3). A cada transformação alotrópica corresponde um desprendimento de calor latente ~e fusão, como aliás ocorre quando o ferro líquido se solidifica. Assim, durante a solidificação e por ocasião das Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 8 transformações alotrópicas, verificam-se mudanças de energia que causam descontinuidade nas curvas de resfriamento e aquecimento, que são traduzidas graficamente quer como uma "parada" a uma temperatura constante, quer como uma modificação na inclinação da curva. Figura 4.3 – Representação esquemática das transformações alotrópicas do ferro. A composição de um determinado aço sofre diferentes variações durante o resfriamento. Estas variações microestruturas são estudadas num Diagrama de Equilíbrio, como na figura 4.4. Deve-se lembrar que o diagrama de equilíbrio fornece informações para resfriamentos lentos. Figura 4.4 – Diagrama de Equilíbrio Fe-C A ferrita é um constituinte do aço cuja característica principal é a baixa solubilidade do carbono em sua estrutura (cerca de 0,008%). A cementita é o composto Fe3C. A austenita é um composto estável somente até atingir a temperatura de 723°C, quando ocorre uma transformação brusca. Neste ponto a ferrita e a cementita não têm tempo suficientes para assumirem posições distintas, formando então um novo constituinte chamado perita. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 9 A constituição estrutural à temperatura ambiente das ligas ferro-carbono de 0% até 2,11 % de carbono, esfriadas lentamente à partir de temperaturas acima da zona crítica é a seguinte: ferro comercialmente puro – ferrita; aços hipoeutetóides (até 0,77% de C) - ferrita e perlita; aços eutetóides (0,77% de C) - perlita; aços hipereutetóides (0,77 a 2,11 % de C) - perlita e cementita. Figura 4.5 – Aspecto micrográfico do ferro comercialmente puro. Figura 4.6 – Aspecto micrográfico da perlita. Figura 4.7 – Aspecto micrográfico de um aço ipoeutetóide esfriado lentamente. As áreas brancas são de ferrita e as áreas escuras são de perlita. Figura 4.8 – Aspecto micrográfico de um aço hipereutetóide esfriado lentamente. A cementita está disposta em torno dos grãos de perlita, formando uma rede 4.3. DIAGRAMA TTT (TRANSFORMAÇÃO-TEMPO-TEMPERATURA) O efeito dos constituintes obtidos pela decomposição lenta da austenita sobre as propriedades mecânicas dos aços, embora apreciável, está longe de se comparar, entretanto, ao efeito que pode ser conseguido pelo rápido esfriamento da austenita. A formação da ferrita e da cementita - conseqüentemente da perlita - exige a mudança do reticulado cristalino do ferro (CFC ~ CCC), assim como o movimento de átomos, por difusão, através da austenita sólida; tais modificações levam tempo. Em conseqüência, se for aumentada a velocidade de esfriamento da austenita, ou seja, se o aço for esfriado mais rapidamente, não haverá tempo Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 10 suficiente para uma completa movimentação atômica e as reações de transformação da austenita se modificam, podendo mesmo deixar de formar-se os constituintes normais, como a perlita, e surgirem novos constituintes de grande importância para os aços, como a martensita e a bainita. Figura 4.9 - Diagrama TTT esquemático. O diagrama TTT mostra as variações microestruturas do material em função da velocidade de resfriamento e do tempo. O tempo começa a ser contado quando a temperatura atinge a temperatura crítica, aproximadamente 723°C. As duas curvas em forma de "C" indicam o início e o fim da transformação da austenitaem perlita grossa, perlita fina, bainita e bainita acicular. As duas retas horizontais, M; e Mf, indicam, respectivamente o início e o fim da transformação da austenita em martensita. A tabela 4.1 traz os valores aproximados para as durezas destas estruturas Tabela 4.1 - Dureza das microestruturas decorrentes do resfriamento de um aço. Estrutura Dureza Rockwell C Perlita Grossa 05 a 20 RC Perlita Fina 30 a 40 RC Bainita 40 a 45 RC Bainita Acicular 50 a 60 RC Martensita 65 a 67 RC Portanto, a velocidade de resfriamento alterará a microestrutura resultante de um aço. Na figura 4.10 podemos visualizar várias curvas de resfriamento, desde baixas velocidades de resfriamento (A) até altas velocidades de resfriamento (F). Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 11 Figura 4.10 - Curvas de resfriamento indicando diferentes velocidades de resfriamento. A seção da peça também influenciará a velocidade de resfriamento do centro, que será sempre menor que a da superfície. A figura 4.11 mostra a diferença de velocidade de resfriamento entre o centro e a superfície de uma peça. Figura 4.11 - Efeito da seção da peça sobre a velocidade de esfriamento em meios diferentes. O carbono, assim como os elementos de liga (com exceção do cobalto), deslocam as curvas "em C" para a direita ou para a esquerda. As curvas serão deslocadas para a direita com a adição de C e elementos de liga. Sendo assim podemos utilizar velocidades de resfriamento menores para atingir estruturas martensíticas (alta dureza). Velocidades de resfriamento menores ajudam a prevenir a formação de trincas e o empenamento da peça na têmpera. Baixas quantidades de C e elementos de liga deslocam as curvas para a esqUerda, de forma que em alguns casos as curvas chegam a interceptar o eixo da temperatura, como na figura 4.12, impedindo que seja obtida a estrutura martensítica, de alta dureza. É devido a este fenômeno que não é possível temperar aços com baixa porcentagem de carbono. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 12 Figura 4.12 - Representação de um diagrama TTT para um aço com baixo porcentagem de carbono. Há casos nos quais os elementos de liga alteram também a posição das retas M; e Mf, de início e fim da transformação da austenita em martensita. Em alguns aços com alto teor de carbono e níquel ou cromo em teores variáveis, pode não ocorrer formação completa da martensita à temperatura ambiente pelo resfriamento comum, em virtude da linha Mf ficar localizada abaixo dessa temperatura. Nessas condições, tem-se à temperatura ambiente uma certa quantidade de austenita retida ou austenita residual. A austenita retida é instável e pode transformar-se em martensita, quer sob ação de trabalho a frio (os aços austeníticos ao manganês Hadfield são um exemplo), quer durante o revenido, ou simplesmente por envelhecimento à temperatura ambiente. Esses fenômenos podem ocasionar mudanças dimensionais inesperadas, fragilização ou fissuração. E ainda, grandes quantidades de austenita retida podem impedir que seja atingida a dureza final desejada no aço, porque a austenita pode se transformar num produto mais mole (ferrita mais carboneto) o que a martensita, durante as subseqüentes operações de revenido. 5. AÇOS Dentre os elementos utilizados na construção mecânica podemos citar as ligas ferrosas como o conjunto de maior importância e de mais ampla utilização. Os aços e ferros fundidos, com suas diversidades de ligas, fornecem uma gama de possibilidades no âmbito da fabricação mecânica. Tanto os aços quanto os ferros fundidos são ligas nas quais os principais elementos são o ferro e o carbono. Encontramos ainda elementos secundários, resultantes de um determinado processo de fabricação. Pode-se definir aço como sendo uma liga ferro-carbono contendo geralmente 0,008% até aproximadamente 2,11 % de carbono, além de certos elementos residuais. Já os ferros fundidos são caracterizados por possuírem teor de carbono acima de 2% aproximadamente. Face à influencia do silício na liga do ferro fundido, este é normalmente considerado uma liga ternária Fe-C-Si, pois, o silício está freqüentemente presente em teores superiores ao do próprio carbono. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 13 Geralmente, classificam-se os aços em dois grandes grupos: os aços-carbono e os açosliga. Já os ferros fundidos podem ser considerados ferros fundidos brancos, ferros fundidos cinzentos, ferros fundidos maleáveis e ferros fundidos nodulares. Os elementos constantes na liga é que definem a classificação, tanto pelo teor de carbono quanto dos demais elementos. E são estas ligas que vão propiciar aos aços e ferros fundidos as características que irão torná-los aptos a realizar determinados tipos de trabalho. Como exemplo de aplicações podemos classificar os aços em: Aços para fundição; Aços para chapas; Aços para arames e fios; Aços de usinagem fácil; Aços para nitretação; Aços resistentes ao desgaste; Aços resistentes ao calor; Aços ultra-resistentes e aços criogênicos. Aços estruturais; Aços para tubos; Aços para molas; Aços para cementação; Aços para ferramentas e matrizes; Aços resistentes à corrosão; Aços para fins elétricos e magnéticos; Além dos aços e ferros fundidos outros metais não ferrosos são muito importantes na construção mecânica, como o alumínio, o cobre, o bronze e o titânio entre outros. Dada a grande variedade de tipos de aços, foram criados sistemas para sua classificação. Uma das classificações mais generalizadas - e que, inclusive, serviu de base para o sistema adotado no Brasil - é a que considera a composição química do aço e, dentre os sistemas conhecidos, são muito usados os da "American Iron and Steel Institute - AISI" e da "Society of Automotive Engineers - SAE". A tabela 5.1 mostra a designação adotada pela AISI e SAE. As letras XX correspondem às cifras indicadoras dos teores de carbono. Assim, por exemplo, a classe 1023 significa aço carbono com 0,23% de carbono em média. Tabela 5.1 - Sistemas SAE e AISI de classificação dos aços. Designação AISI - SAE Tipos de aço 10XX Aços carbono comum 11XX Aços de usinagem fácil, com alto S 12XX Aços de usinagem fácil, com alto P e S 15XX Aços Mn, com manganês acima de 1,00% 13XX Aços Mn com 1,75% Mn médio 40XX Aços Mo com 0,25% de Mo médio 41XX Aços Cr-Mo com 0,40 a 1,10% de Cr e 0,08 a 0,35% de Mo 43XX AçorNi-Cr-Mo com 1,65 a 2,00% de Ni, 0,40 a 0,90% de Cr e 0,20 a 0,30% Mo 46XX Aços Ni-Mo com 0,70 a 2,00% de Ni e 0,15 a 0,30% de Mo 47XX Aços Ni-Cr-Mo com 1,05% de Ni, 0,45% de Cr e 0,20% de Mo 48XX Aços Ni-Mo com 3,25 a 3,75% de Ni e 0,20 a 0,30% de Mo 51 XX Aços Cr com 0,70 a 1,10% de Cr E51100 Aços cromo (forno elétrico) com 1,00% de Cr E52100 Aços cromo (forno elétrico) com 1,45% de Cr Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 14 61XX Aços Cr-V com 0,60 ou 0,95% de Cr e 0,10 ou 0,15% de vanádio mínimo 86XX Aços Ni-Cr-Mo com 0,55% de Ni, 0,50% de Cr e 0,20% de Mo 87XX Aços Ni-Cr-Mo com 0,55% de Ni, 0,50% de Cr e 0,25% de Mo 88XX Aços Ni-Cr-Mo com 0,55% de Ni, 0,50% de Cr e 0,30 a 0,40% de Mo 9260 Aços Si com 1 ,80 a 2,20% Si 50BXX Aços Cr com 0,20 a 0,60% de Cr e 0,0005 a 0,003% de boro 51B60 Aços Cr com 0,80% de Cr e 0,0005 a 0,003% de boro 81B45 Aços Ni-Cr-Mo com 0,30% de Ni, 0,45% de Cr, 0,12% de Mo e 0,0005 a 0,003% de boro 94BXX Aços Ni-Cr-Mo com 0,45% de Ni, 0,40% de Cr, 0,12% de Mo e 0,0005 a 0,003% de boro Obs.: Mn - manganês, Mo - molibdênio, Cr - cromo, Ni - níquel, V - vanádio, Si - silício 5.1. INCLUSÕES Os produtos siderúrgicos;.ao serem fabricados,apresentam normalmente, além do carbono como principal elemento de liga, uma série de impurezas de natureza metálica ou não, as quais se originam de reações entre as matérias-primas empregadas ou de outros tipos de reações. Essas impurezas normais são o fósforo, o enxofre, o manganês, o silício e o alumínio. A maior parte delas reage entre si ou com outros elementos não metálicos com o oxigênio e, eventualmente, o nitrogênio, formando as chamadas "inclusões não-metálicas". A formação dessas inclusões se dá, em grande parte, na fase final de desoxidação dos aços. Em resumo, o efeito dessas impurezas ou inclusões é o seguinte: O enxofre, o fósforo, o oxigênio, o hidrogênio são elementos considerados;indesejáveis sob o ponto de vista de qualidade do aço: o fósforo pela sua ação como elemento que pode acarretar a "fragilidade a frio"; o enxofre pelos sulfetos que forma, sobretudo o de ferro que pode acarretar a "fragilidade a quente"; o oxigênio, pelas inclusões que forma e o hidrogênio pela fragilidade que pode conferir ao aço. Esses elementos não podem ser totalmente eliminados, nas condições normais de fabricação dos produtos siderúrgicos, mas devem ser mantidos dentro de faixas de teor que não ultrapassem os limites de influência prejudicial àqueles produtos. o manganês, o silício, e o alumínio, os três agindo como desoxidantes e o manganês também como dessulfurante são elementos de um lado benéficos, mas de outro lado prejudiciais pelas inclusões que formam de sulfetos, silicatos e aluminatos. 5.2. ELEMENTOS DE LIGA A introdução de elementos de liga, que não o carbono, nos aços é feita quando se deseja um ou mais dos seguintes efeitos: aumentar a dureza e a resistência mecânica; conferir resistência uniforme através de toda a seção em peças de grandes dimensões; diminuir o peso (conseqüência do aumento da resistência); conferir resistência à corrosão; aumentar a resistência ao calor; aumentar a resistência ao desgaste; Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 15 aumentar a capacidade de corte; melhorar as propriedades elétricas e magnéticas. Os principais efeitos dos elementos de liga são mostrados na tabela 5.2. Tabela 5.2 - Elementos de liga dos aços e suas principais funções. Elemento Principais funções AI 1. Desoxidante eficiente 2. Restringe o crescimento de grão (pela formação de óxidos ou nitretos dispersos) Alumínio 3. Elemento de liga nos aços para nitretação 1. Aumenta a resistência à corrosão Cr 2. Aumenta a endurecibilidade Cromo 3. Melhora a resistência a altas temperaturas 4. Resiste ao desgaste (com alto teor de C) Co 1. Contribui à dureza a quente pelo endurecimento da ferrita Cobalto Mn 1. Contrabalança a fragilidade devida ao S Manganês 2. Aumenta a endurecibilidade economicamente 1. Eleva a temperatura de crescimento de grão da austenita 2. Produz maior profundidade de endurecimento Mo 3. Contrabalança a tendência à fragilidade de revenido Molibdênio 4. Eleva a dureza a quente, a resistência a quente e a fluência 5. Melhora a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis 6. Forma partículas resistentes à abrasão 1. Aumenta a resistência de aços recozidos Ni 2. Aumenta a tenacidade de aços ferríticos-perlíticos (sobretudo a baixas temperaturas) Níquel 3. Torna austeníticas ligas Fe-Cr altas em Cr P 1. Aumenta a resistência de aços de baixo C 2. Aumenta a resistência à corrosão Fósforo 3. Aumenta a usinabilidade em aços de usinagem fácil 1. Desoxidante Si 2. Elemento de liga para chapas elétricas e magnéticas 3. Aumenta a resistência à oxidação Silício 4. Aumenta a endurecibilidade de aços contendo elementos não grafitizantes 5. Aumenta a resistência de aços de baixo teor em liga Ti 1. Reduz a dureza martensítica e a endurecibilidade em aços ao Cr de médio Cr Titânio 2. Impede a formação de austenita em aços de alto Cr W 1. Forma partículas duras e resistentes ao desgaste em aços ferramenta Tungstênio 2. Promove resistência e dureza a altas temperaturas V 1. Eleva a temperatura de crescimento de grão da austenita (promove refino do grão) 2. Aumenta a endurecibilidade (quando dissolvido) Vanádio 3. Resiste ao revenido e causa acentuado endurecimento secundário Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 16 5.3. CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS CARBONO E AÇOS LIGA Os aços podem ser classificados de três modos diferentes: de acordo com sua composição química, de acordo com sua estrutura e de acordo com sua aplicação. 5.3.1. Classificação de acordo com a composição química Considerada a composição química dos aços como base de classificação, poderiam ser considerados os seguintes subgrupos: Aços carbono, ou seja, aqueles em que estão presentes o carbono e os elementos residuais, manganês, silício, fósforo, enxofre e outros, nos teores considerados normais; Aços liga, de baixo teor em liga, ou seja, aqueles em que os elementos residuais estão presentes acima dos teores normais, ou onde ocorre a presença de novos elementos de liga, cujo teor total não ultrapassa um valor determinado (normalmente até 5,0%). Nestes aços, a quantidade total de elementos de liga não é suficiente para alterar profundamente as estruturas dos aços resultantes, assim como a natureza dos tratamentos térmicos a que devam ser submetidos; Aços liga, de alto teor em liga, em que o teor total dos elementos de liga é, no mínimo, de 10 a 12%. Nessas condições, não só a estrutura dos aços correspondentes pode ser profundamente alterada, como igualmente os tratamentos térmicos comerciais sofrem modificações, exigindo ainda técnica e cuidados especiais e, freqüentemente, operações múltiplas; Aços liga, de médio teor em liga, que poderiam ser considerados como constituindo um grupo intermediário entre os dois anteriores. 5.3.2. Classificação de acordo com sua estrutura Tomada a estrutura como base para classificação, os seguintes subgrupos poderiam ser considerados: Perlíticos, sem elementos de liga ou com elementos de liga em teores relativamente baixos (até o máximo de 5%); suas propriedades mecânicas, em função do teor de carbono e de elementos de liga, podem ser consideravelmente melhoradas por tratamento térmico de têmpera e revenido; também em função do teor de carbono, sua usinabilidade pode ser considerada boa; Martensíticos, quando o teor de elemento de liga supera 5%; apresentam dureza muito elevada e baixa usinabilidade; Austeníticos, caracterizados por reterem a estrutura austenítica à temperatura ambiente, devido aos elevados teores de certos elementos de liga (Ni, Mn ou Co); os inoxidáveis, não magnéticos e resistentes ao calor, por exemplo, pertencem a esse grupo; Ferríticos, igualmente caracterizados por elevados teores de certos elementos de liga (Cr, W ou SI), mas com baixo teor de carbono. Não reagem à têmpera; no estado recozido, caracterizam-se por apresentar estrutura predominante ferrítica, eventualmente com pequenas quantidades de cementita; Carbídicos, caracterizam-se por apresentarem quantidades consideráveis de carbono e elementos formadores de carbonetos (Cr, W, Mn, Ti, Nb e Zr). Sua estrutura compõe-se de Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 17 carbonetos dispersos na matriz que pode ser do tipo sorbítico, martensíti.co ou austenítico, dependendo da composição química. São aços usados especialmente em ferramentas de corte e em matrizes. 5.3.3. Classificação de acordo com a aplicação De acordo com a mesma, podem ser considerados os seguintes subgrupos: Aços para fundição, caracterizados por apresentarem boa combinação de resistência,ductibilidade e tenacidade; além disso, apresentam boa usinabilidade e adequada soldabilidade, muitos tipos são suscetíveis de tratamentos térmicos de têmpera e revenido; Aços estruturais, ao carbono ou com pequenos teores de elementos de liga, com boas ductibilidade e soldabilidade e elevado valor de relação limite de resistência à tração para limite de escoamento; Aços para trilhos, cujas condições de serviço exigem característicos de boa resistência mecânica, boa resistência ao desgaste, etc.; são, tipicamente, aços ao carbono; Aços para. chapas, que devem apresentar excelente deformabilidade, boa soldabilidade, entre outras qualidades; Aços para tubos, com, em princípio, as mesmas qualidades dos aços para chapas; como os anteriores, são normalmente ao carbono, embora, nestes últimos, algumas aplicações podem exigir a presença de elementos de liga; Aços para arames e fios, os quais, conforme aplicações, podem apresentar característicos de resistência à tração realmente notáveis; Aços para molas, caracterizados por elevado limite elástico; Aços de usinagem fácil, caracterizados pela sua elevada usinabilidade, teores acima dos normais dos elementos enxofre e fósforo, principalmente o primeiro, e, eventualmente, à presença de chumbo; Aços para cementação, normalmente de baixo carbono e baixos teores de elementos de liga, de modo a apresentarem os melhores característicos para enriquecimento superficial de carbono, além de um núcleo tenaz, depois da cementação e da têmpera; Aços para nitretação, simplesmente ao carbono ou com os elementos de liga cromo, molibdênio e alumínio; Aços para ferramentas e matrizes, caracterizados por alta dureza a temperatura ambiente, assim como, nos tipos mais sofisticados, alta dureza à temperatura elevada, satisfatória tenacidade e onde as propriedades comuns de resistência mecânica e principalmente ductibilidade, pouco significado apresentam. Os tipos mais sofisticados apresentam elementos de liga em teores muito elevados, sendo os mais importantes e famosos os "aços rápidos", com elevado teor de tungstênio, mais cromo e vanádio e, eventualmente, molibdênio, cobalto e outros elementos de liga. Apresentam alta capacidade de corte. Outros, alta capacidade de suportarem deformações; Aços resistentes ao desgaste, entre os quais o mais importante é o que apresenta manganês em Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 18 quantidade muito acima do normal (entre 10 e 14%), além de alto carbono (entre 1,0 e 1,4%); Aços resistentes à corrosão (também chamados "inoxidáveis"), com elevados teores de cromo ou cromo-níquel; Aços resistentes ao calor (também chamados "refratários"), caracterizados por apresentarem elevados teores de cromo e níquel e por possuírem elevada resistência à oxidação pelo calor e por manterem as propriedades mecânicas a temperaturas acima da ambiente, às vezes, relativamente elevadas; Aços para fins elétricos, empregados na fabricação de motores, transformadores e outros tipos de máquinas e aparelhos elétricos, caracterizados por apresentarem silício em teores acima dos normais (até 4,75%), ou teores de cobalto (até 50%) ou altos teores de níquel; Aços para fins magnéticos, com alto teor. de carbono, cromo médio, eventualmente tungstênio relativamente elevado, eventualmente molibdênio e (os melhores tipos) elevada quantidade de cobalto (até cerca de 40%); esses aços, quando temperados, apresentam o característico de imantação permanente; Aços ultra-resistentes, desenvolvidos principalmente pela necessidade das aplicações da indústria aeronáutica, mas cuja utilização está se estendendo a outros setores da engenharia; Aços criogênicos, caracterizados por sua resistência ao efeito de baixas temperaturas; Aços sintetizados, produtos da metalurgia do pó, incluindo ferro praticamente isento de carbono, aços comuns e alguns aços especiais, de aplicação crescente na indústria moderna. A tabela 5.3 apresenta os principais aços utilizados na construção mecânica. Tabela 5.3 - Principais aços utilizados na construção mecânica. 1010 Aço ao carbono sem elementos de liga, para uso gera! usado em peças mecânicas, peças dobradas, partes soldadas, tubos e outras aplicações. 1020 Aço ao carbono, de uso geral, sem elementos de liga usado em peças mecânicas, eixos, partes soldadas, conformadas ou cementadas, arames em geral, .etc. 1045 Aço com teor médio de carbono, de uso geral em aplicações que exigem resistência mecânica superior ao 1020 ou têmpera superficial (em óleo ou água) usados em peças mecânicas em geral. 1212 Fácil de ser usinado, oferecendo um bom acabamento superficial, contudo, é de difícil soldabilidade exceto mediante a uso de eletrodos de baixo teor de hidrogênio. Como exemplo, E6015 (AWS). Usa-se, comumente, na fabricação de porcas, parafusos, conexões e outros produtos que necessitam de alta usinabilidade, porém não devem ser utilizados em partes vitais de máquinas ou equipamentos que estejam sujeitos a esforços severos ou choques. 12L14 Idêntico às características do 1212 com exceção da usinabilidade, onde apresenta capacidade superior a 60% em relação ao 1212. 12T14 Idêntico às características do 1212 com exceção da usinabilidade, onde apresenta capacidade superior a 100% em relação ao 1212. Apresenta algumas melhorias em trabalhos que necessitem de compressão, como por exemplo, roscas laminadas ou partes recartilhadas em relação ao 1212 e 12L 14. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 19 8820 Aço cromo-níquel-molibdênio. usado para cementação na fabricação de engrenagens, eixos, cremalheiras, terminais, cruzetas, etc., (limite de resistência do núcleo: entre 70 e 110 Kgf/mm2). 8640 Aço cromo-níquel-molibdênio de média temperabilidade, usado em eixos, pinhões, bielas, virabrequins, chavetas e peças de espessura média. 4320 Aço cromo-níquel-molibdênio para cementação que alia alta temperabilidade e boa tenacidade, usado em coroa, pinhões, terminais de direção, capas de rolamentos, etc (limite de resistência do núcleo: entre 80-120 Kgf/mm2). 4340 Aço cromo-níquel-molibdênio de alta temperabilidade, usado em peças de seções grandes como eixos, engrenagens, componentes aeronáuticos, peças para tratores e caminhões, etc. 5140 Aço cromo-manganês para beneficiamento, de média temperabilidade, usado em parafusos, semi-eixos, pinos, etc. 5160 Aço cromo-manganês de boa tenacidade e média temperabilidade, usado tipicamente na fabricação de molas semi- elípticas e helicoidais para veículos 6150 Aço cromo-vanádio para beneficiamento que apresenta excelente tenacidade e média temperabilidade sendo usado em molas helicoidais, barras de torção, ferramentas, pinças para máquinas operatrizes, etc. 9260 Aço de alto teor de silício e alta resistência, usado em molas para serviço pesado como tratores e caminhões. 52100 Aço que atinge elevada dureza em têmpera profunda, usado tipicamente em esferas,roletes e capas de rolamentos e em ferramentas como estampos, brocas, alargadores, etc. 5.4. AÇOS INOXIDÁVEIS Aço inox é o termo empregado para identificar uma família de aços contendo, no mínimo, 11 % de cromo, que lhes garante elevada resistência à oxidação. O cromo, disperso em todo o material de forma homogênea, em contato com o oxigênio do ar, forma uma fina camada de óxido na superfície do aço, contínua e muito resistente, protegendo-o contra ataques corrosivos do meio ambiente. Este filme protege toda a superfície do aço inox e, de maneira geral, esta resistência aumenta à medida que mais cromo é adicionado à mistura. Apesar de invisível, estável e com espessura finíssima, esta película é altamente aderente ao aço inox, defendendo o material contraa ação dos meios agressivos. Mesmo quando o aço inox sofre algum tipo de dano, sejam arranhões, amassamentos ou cortes, imediatamente o oxigênio do ar combina-se com o cromo, formando novamente o filme protetor, recompondo a resistência à corrosão. Esta qualidade é inerente ao aço inox, já que o cromo faz parte de sua composição química. Além do cromo, outros elementos são adicionados ao aço inox elevando a sua resistência à corrosão, tais como o níquel, o molibdênio, o vanádio, o tungstênio e outros. Estes elementos tornam o aço inox adequado à múltiplas aplicações, cada uma delas contendo porcentagens específicas destas substâncias químicas. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 20 A seleção correta do tipo de aço inox e de seu acabamento de superfície é muito importante para garantir uma longa vida útil. Assim, quanto maior for a agressividade do meio, mais específica deve ser a dosagem dos elementos químicos e o balanceamento da mistura. O acabamento superficial e a limpeza do aço são fatores relevantes na sua resistência à corrosão, pois, quanto mais polido e limpo for o material, menor será a aderência de produtos indesejáveis na sua estrutura. Existem diferenças entre as aplicações dos aços inox, e a classificação mais simples e mais usada dos aços inoxidáveis é baseada na microestrutura que apresentam à temperatura ambiente. Nessas condições, são considerados os três grupos seguintes: martensíticos, ferríticos e austeníticos. 5.4.1. Aços Inoxidáveis Martensíticos Estes aços caracterizam-se por serem aços-cromo, contendo cromo entre 11,5% e 18,0%; eles tornam-se martensíticos e endurecem pela têmpera. As características mais importantes destes aços são as seguintes: são ferro-magnéticos; podem ser facilmente trabalhados, tanto a quente como a frio, sobretudo quando o teor de carbono for baixo; apresentam boa resistência à corrosão quando expostos ao tempo, à ação da água e de certas substâncias químicas; à medida que aumenta o teor de carbono, fica prejudicada a resistência à corrosão, o que, entretanto, é compensado pelo maior teor de cromo; o níquel melhora sua resistência à corrosão; o melhor aço inoxidável martensítico, sob o ponto de vista de resistência à corrosão, é o 431, devido ao baixo carbono, alto cromo e presença de níquel; a têmpera também melhora a resistência à corrosão, pois contribui para evitar a possibilidade de precipitação de carbonetos. As características desses aços e as aplicações mais comuns, em função de sua composição química, são apresentadas na tabela 5.4: Tabela 5.4 - Principais características e aplicações dos aços inoxidáveis martensíticos. 403 e 410 Pelo seu baixo carbono são fáceis de conformar a frio no estado recozido; são empregados em lâminas forjadas ou usinadas de turbinas.. e compressores, tesouras, canos de fusil, componentes de micrômetros e instrumentos de medida, componentes para a indústria petroquímica, etc. 420 Pela alta dureza e razoável tenacidade que adquirem após adequado tratamento térmico, são empregados em cutelaria;instrumento cirúrgicos, eixos de bombas, válvulas, peças de motores a jato,mancais de esfera, parafusos, buchas, etc. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 21 414 e 431 Pelas altas dureza e resistência mecânica, são empregados em molas, parafusos e porcas, peças para bombas, peças para aviões, eixos de hélices marítimas, peças para fornos, componentes para a indústria petroquímica,.etc. O tipo 431 é o de melhor resistência à corrosão entre os aços inoxidáveis martensíticos;. 416,4168e e 420F Por serem de usinagem fácil, adaptam-se facilmente a operações de usinagem, sendo empregados em parafusos, porcas, hastes de válvulas, lâminas de turbina, cutelaria, etc. 440ª, 44P8 e 440C Devido ao alto teor de carbono, possuem alta resistência ao desgaste; por isso são empregados ,em instrumentos cirúrgicos e odontológicos, mancais de esfera, válvulas, bocais e outras aplicações em que, além da resistência à corrosão, sejam exigidas altas dureza e resistência ao desgaste. 5.4.2. Aços Inoxidáveis Ferriticos Neste grupo, ° cromo ainda é o principal elemento de liga, podendo atingir valores muito elevados, superiores a 25%. Como o teor de carbono é baixo - máximo de 0,20% - a faixa austenítica fica totalmente eliminada e, em conseqüência, esses aços não são endurecíveis pela têmpera. Na tabela 5.5 estão as principais características e aplicações deste grupo de aços inoxidáveis. Tabela 5.5 - Principais características e aplicações dos aços inoxidáveis ferríticos. 430 Este é o tipo mais conhecido e utilizado. É facilmente conformado a frio e apresenta um encruamento inferior ao dos aços austeníticos. Possui ainda boas propriedades de resistência à corrosão, tanto a temperatura ambiente como a temperaturas mais elevadas. Resiste à ação de gases sulfurosos secos e quentes. Seus usos abrangem um campo muito grande, como indústria automobilística, indústria de aparelhos eletrodomésticos e indústria química. Outros empregos incluem: decorações arquitetônicas de interiores, equipamentos de restaurantes e de cozinhas, peças de fornos, etc. 430F e 4305e São variações do tipo 430. Devido a suas características de fácil usinabilidade são empregados para produzir peças em máquinas operatrizes automáticas, tais como parafusos, porcas, ferragens, etc. 405 Pelo fato de apresentar alumínio, apresenta boas características de tenacidade em estruturas soldadas, onde é empregado em temperaturas elevadas. Aplicações típicas incluem tubos de radiadores, caldeiras, recipientes para indústria petroquímicas, etc. 409 É facilmente trabalhável a frio e produz soldas muito tenazes. Seu emprego faz-se principalmente em exaustores de automóveis. 434 É semelhante ao 430, com adição de molibdênio que melhora seus característicos de resistência à corrosão atmosférica. Tem sido empregado na manufatura de componentes da indústria automobilística, como por exemplo, para choques de automóveis. 436 É também semelhante ao 430, com adição simultânea de molibdênio e nióbio, de modo a melhorar suas resistências à corrosão e ao calor. 442 Apresenta boa resistência à oxidação, por isso é empregado para serviço a alta temperatura quando não se exige facilidade de conformação. Seus principais empregos são: peças de fornos e de câmaras de combustão. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 22 446 Por ser dentre todos os aços inoxidáveis ferríticos, o que contém maior teor de cromo, possui excelente resistência à oxidação até temperaturas da ordem de 1.200 °C. Por isso, são empregados em peças de fornos, queima dores, radiadores, recuperadores, etc. Contudo, sua resistência mecânica a temperaturas elevadas é baixa, de modo que para essas aplicações prefere-se os aços inoxidáveis austeníticos do tipo AISI 310. 5.4.3. Aços Inoxidáveis Austeníticos Estes aços podem ser divididos em dois grupos: aços ao cromo-níquel e aços ao cromo manganês- níquel. A maior parte dos aços inox austeníticos comumente empregados pertencem ao primeiro grupo. Os mais conhecidos e populares são os 18-8, em que o teor de cromo é 18% e o de níquel 8%. A introdução do níquel melhora consideravelmente a resistência à corrosão e a resistência à oxidação a altas temperaturas, visto que, na maioria dos reagentes, o níquel é mais nobre que o ferro e, além disso, forma uma camada de óxido que protege o aço espontaneamente. Para comprovar esse fato, demonstra.-se que a restauração da película inerte protetora que tenha sido retirada de um aço inoxidável ao Cr-Ni é muito mais rápida do que a de um aço inoxidável somente ao cromo. O segundogrupo, menos importante, apareceu na década de 30 e o seu desenvolvimento ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, em razão da menor disponibilidade de níquel. Neles, parte do níquel (cerca de 4%) é substituído por outros. elementos de tendência austenitizante, como o manganês (em torno de 7%) e o nitrogênio (em teores não superiores a 0,25%). As características principais dos aços inoxidáveis austeníticos são: não magnéticos; não endurecíveis, por serem austeníticos; quando encruados, apresentam um fenômeno interessante: o aumento da dureza que se verifica é bem superior ao que se encontraria, mediante a mesma deformação, em outros aços. Esse aumento, além do normal da dureza, pode ser atribuído à instabilidade da austenita que, sob o efeito das tensões do encruamento, transforma-se parcialmente e paulatinamente em ferrita. Esta ferrita, supersaturada de carbono, nas mesmas condições que uma martensita, contribui para o endurecimento do aço. Um reaquecimento a temperaturas moderadas do aço encruado - que se encontrará no estado ferrítico - restaura a austenita. Um dos fenômenos indesejáveis que pode ocorrer nos aços inoxidáveis austeníticos é a corrosão intergranular, devido à precipitação de carboneto de cromo. Um dos meios de evitá-la é pela adição de titânio e de nióbio, porque esses elementos fixam o carbono na forma de carbonetos de titânio e de nióbio. As características principais e aplicações destes aços estão na tabela 5.6. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 23 Tabela 5.6 - Principais características e aplicações dos aços inoxidáveis austeníticos 301 Este aço, juntamente com os tipos 302, 304 e 302B, o mais popular; possui boa trabalhabilidade e é empregado em ornamentação, utensílios domésticos, fins estruturais, equipamentos para a indústria química, naval, fabricação de alimentos, transporte, etc. 302 Característicos idênticos aos do tipo 301 e aplicações semelhantes. 302B Devido à presença de silício, possui melhor resistência à formação de casca de óxido a temperaturas mais elevadas. Emprega-se em peças de fornos. 303 Característicos de fácil usinabilidade: eixos, parafusos, porcas, peças de carburador, buchas, válvulas, etc. 304 Menos susceptível à corrosão intergranular, pelo teor mais baixo de carbono; utilizado em equipamentos para processamento de alimentos, recipientes criogênicos. 308 Maior resistência à corrosão que 018-8 (Cr-Ni); para eletrodos de solda, fornos industriais,etc. 309 Boa resistência mecânica e à oxidação a altas temperaturas; para equipamentos da indústria química, peças de fornos, estufas, peças de bombas, etc. 3095 Devido ao baixo teor de carbono permite soldagem com menor risco de corrosão intergranular. 310 Boa estabilidade à temperatura de soldagem; eletrodos de solda, equipamento para indústria química, peças de fornos, estufas. Resiste à oxidação até temperaturas de 1.050ºC ou 1.100ºC. 316 Melhor resistência à corrosão química; para equipamentos da indústria química, indústria de papel, etc. 317 Melhor resistência à corrosão que o 316; aplicações idênticas. 321 Tipo 18-8 estabilizado contra corrosão intergranular a temperaturas elevadas; para aplicações que exigem soldagem: vasos de pressão, juntas de expansão, etc. 347 I Condições idênticas ao tipo 321. 201 e 202 Resistência à corrosão inferior à dos tipos Cr-NI; contudo, apresentam, em geral, melhor resistência mecânica a temperaturas elevadas. 304N e 316N Devido a presença de nitrogênio, possuem melhores limites de escoamento, sem prejuízo da resistência à corrosão, prestando-se, em conseqüência, a aplicações em estruturas muito solicitadas como aparelhos de pressão na indústria química. 329 Este é um aço de microestrutura mista duplex austenita-ferrita. Apresenta melhor soldabilidade que os aços inoxidáveis ferríticos, melhor resistência à corrosão sob tensão que os aços inoxidáveis austeníticos e são praticamente isentos de risco de corrosão intergranular. Por isso, têm sido utilizados em aplicações sujeitas à corrosão em ambientes marítimos e para o I tratamento de substâncias alimentícias salgadas. Obs.: encontram-se ainda os aços inoxidáveis austeníticos com sufixos "L" e "H". O sufixo "L" significa baixo teor de carbono (Iow carbon - abaixo de 0,03%) e estes tipos são menos susceptíveis à corrosão intergranular. O sufixo "H" designa alto teor de carbono (high carbon - de 0,04% a 0,10%), propiciando ao aço resistência mecânica elevada mesmo em altas temperaturas. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 24 5.4.4. Cuidados no manuseio do aço inoxidável São apresentados, a seguir, dez pontos considerados importantes, que devem ser observados nos cuidados e manutenção dos aços inoxidáveis, a fim de manter sua beleza original e prolongar sua vida em serviço. 1 - A limpeza é de extrema importância. Depósitos de sujeira e graxa podem ser facilmente removidos com detergentes e água. Sempre que possível o aço deve ser inteiramente enxugado e seco após a lavagem. Limpezas periódicas manterão a superfície brilhante e ajudarão a prevenir a corrosão. 2 - Depósitos que aderem à sua superfície devem ser removidos, especialmente nas fendas e cantos. Quando forem usados abrasivos na limpeza, friccionar sempre na direção das linhas de polimento ou "grão" do aço inoxidável para evitar arranhões. Nunca use palha ou esponja de aço comum no aço inoxidável. Partículas de ferro da palha ou esponjas de aço feitas de aço carbono podem aderir à superfície, causando corrosão. Use esponja de aço inoxidável ou escova macia de fibras vegetais. 3 - Contatos com metais diferentes devem ser evitados sempre que possível. Isto ajudará a prevenir corrosão galvânica, quando estão presentes soluções ácidas ou salinas. 4 - Descolorações ou coloração de aquecimento provenientes de sobre-aquecimento, podem ser removidas por polimento com um pó ou por meio de soluções químicas especiais. 5 - Deve ser feita uma avaliação de todos os materiais e produtos químicos que estarão em contato com o aço inoxidável como também uma comparação das propriedades mecânicas e químicas, antes que a seleção de materiais seja feita. 6 - Não se deve permitir que soluções salinas ou ácidas evaporem e sequem sobre a superfície do aço inoxidável. Elas podem causar corrosão. Os vestígios destas soluções devem ser eliminados com lavagens vigorosas. 7 - Corrosão por fadiga deve ser evitada. Esse é o resultado de uma combinação de tensões repetidas com correntes suaves ou fortes. Usualmente a solução é fazer o equipamento suficientemente forte para reduzir tensões cíclicas. 8 - O contato direto e permanente com certos materiais deve ser evitado, tais como madeira ou aço carbono. Por exemplo, no revestimento de tanques de madeira com aço inoxidável, a interface entre os dois materiais deve ser revestida com asfalto ou cromato de zinco para proteção contra corrosão. 9 - O equipamento de aço inoxidável não deve ficar em contato com desinfetante ou soluções esterilizantes por muito tempo. Muitas vezes estas soluções contêm cloretos que podem causar corrosão por pite. O aço inoxidável deve ser limpo e lavado completamente, após o uso. Algumas soluções esterilizantes comerciais contém inibidores, diminuindo a ação corrosiva destas soluções. 10 - O aparecimento de "ferrugem" nos aços inoxidáveis muitas vezes nos leva a acreditar que os mesmos estão enferrujando. A fonte pode ser alguma parte de ferro ou aço não inoxidável, tal como um prego ou parafuso. Uma alternativa é pintar todas as partes de aço carbono com uma camada grossa de proteção, se as precauções ditas no item 3, não puderem ser totalmente seguidas. Created withnovaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 25 6. FERRO FUNDIDO Dentre as ligas ferro-carbono, os ferros fundidos constituem um grupo de ligas de importância fundamental para a indústria, não só devido às características inerentes ao próprio material, como também pelo fato de, mediante introdução de elementos de liga, aplicação de tratamentos térmicos adequados e pelo desenvolvimento do ferro fundido nodular, ter sido viável o seu emprego em aplicações que, de certo modo, eram exclusivas dos aços. Sabe-se que o ferro fundido é uma liga Fe-C com teor de carbono superior a 2%. Face a influência do silício nessa liga, sobretudo sob o ponto de vista de sua constituição estrutural, o ferro fundido é normalmente considerado uma liga ternária Fe-C-Si, pois o silício está freqüentemente presente em teores superiores aos do próprio carbono. Por outro lado, em função de sua constituição estrutural, o carbono está geralmente presente, em grande parcela, na forma "livre", ou seja, sob a forma de veios ou lamelas de grafita, sem formar o composto carboneto de ferro (Fe3C). Na denominação geral de "ferro fundido", podem ser distinguidos os seguintes tipos de ligas: Ferro fundido cinzento, cuja fratura mostra uma coloração escura (donde a sua denominação), caracterizada por apresentar como elementos de liga fundamentais o carbono e o silício e estrutura em que uma parcela relativamente grande do carbono está no estado livre (grafita lamelar) e outra parcela no estado combinado (Fe3C); Ferro fundido branco, cuja fratura mostra uma coloração clara (donde a sua denominação), caracterizado por apresentar ainda como elementos de liga fundamentais o carbono e o silício, mas cuja estrutura, devido às condições de fabricação e menor teor de silício, apresenta o carbono quase inteiramente na forma combinada (Fe3C); Ferro fundido mesclado, cuja fratura mostra uma coloração mista entre branca e cinzenta (donde a sua denominação), caracterizado igualmente por uma mescla de proporções variáveis de ferro fundido branco e ferro fundido cinzento; Ferro fundido maleável, caracterizado por ser obtido a partir do ferro fundido branco, mediante um tratamento térmico especial (maleabilização), resultando numa transformação de praticamente todo o ferro combinado em grafita na forma de nódulos (em vez de veios ou lamelas); Ferro fundido nodular, caracterizado por apresentar, devido a um tratamento realizado ainda no estado líquido, carbono livre na forma de grafita esferoidal, o que confere ao material característica de boa ductilidade, donde a denominação freqüente para esse material de ferro fundido dúctil; Ferro fundido de grafita compactada, caracterizado pelo fato da grafita apresentar-se em "escamas", ou seja, com a forma de plaquetas ou estrias. O ferro fundido de grafita compactada pode ser considerado um material intermediário entre o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular; possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento, com melhor resistência mecânica e alguma ductilidade. Sua comercialização é relativamente recente. A faixa de composição dos cinco principais tipos de ferros fundidos, sem elementos de liga, está indicada na tabela 6.1: Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 26 Tabela 6.1 - Faixa de composição de ferros fundidos típicos comuns. Composição química (%) Tipo C Si Mn S P Branco 1,8 / 3,6 0,5/1,9 0,25 / 0,80 0,06 / 0,20 0,06 / 0,20 Maleável 2,2 / 2,9 0,9/1,9 0,15 / 1 ,20 0,02 / 0,20 0,02/0,20 Cinzento 2,5 / 4,0 1,0/3,0 0,20 / 1,00 0,02- / 0,25 0,02 / 1,00 Nodular 3,0 / 4,0 1 ,8 / 2,8 0,10 / 1,00 0,01 / 0,03 0,01/0,10 Grafita compactada 2,5 /4,0 1,0/3,0 0,20 / 1,00 0,01 / 0,03 0,01/0,10 6.1. ESTRUTURA DO FERRO FUNDIDO Os fatores que influem na estrutura do ferro fundido são a composição química e a velocidade de resfriamento. 6.1.1. Composição química Os elementos que mais influem na estrutura são o carbono e o silício. O carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o silício é essencialmente o elemento grafitizante, favorecendo a decomposição do carboneto de ferro; sua presença, independentemente do teor de carbono, pode fazer um ferro fundido tender para o cinzento ou para o branco. O manganês, sempre presente, tem efeito oposto ao do silício, isto é, estabiliza a cementita e, assim, contrabalança, de certo modo, a ação grafitizante do silício. A rigor, o manganês nos ferros fundidos, tanto quanto nos aços, é adicionado como dessulfurante; entretanto, como na prática há sempre um excesso de manganês, este atua como estabilizador da perlita: daí o seu efeito oposto ao do silício e a sua utilidade para produzir estrutura com matriz predominantemente perlítica, sobretudo em peças fundidas volumosas. Os outros elementos, impurezas normais, fósforo e enxofre, não têm uma ação muito significativa sob o ponto de vista de tendência grafitizante. Apenas o fósforo é um estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro; sua principal ação é na estrutura do material, porque forma com o ferro e o carbono, um composto de natureza eutética - carboneto de ferro e fosfeto de ferro de aparência branca e perfurada, chamada steadita. A tabela 6.2 mostra os efeitos sobre a estrutura de alguns elementos quando presentes no ferro fundido. Tabela 6.2 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido. Alumínio Forte grafitizante. Promove a formação de ferrita e grafita. Antimônio Nas quantidades usadas, pequeno efeito. Forte estabilizador da perlita. Boro, até 0,15% Forte grafitizante. Promove a formação de grafita. Boro, acima de0,15% Estabilizador de carbonetos. Forte tendência à retenção da perlita. Cromo Forte ação carbonetante. Forma carbonetos complexos muito estáveis. Forte tendência à formação de perlita. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 27 Cobre Grafitizante fraco. Promove a formação de perlita. Manganês Forte tendência carbonetante. Formador de perlita. Molibdênio Fraca tendência carbonetante. Forte formador de perlita. Níquel Grafitizante. Fraco promotor de perlita. Selênio Forte grafitizante. Promove a formação de ferrita e grafita. Telúrio Forte tendência carbonetante, mas não estabilizadora. Muito fraco estabilizado r da perlita. Estanho Pequeno efeito na quantidade usada. Forte tendência à retenção da perlita. Titânio até 0,25% Grafitizante. Promove a formação de grafita. Vanádio Forte tendência carbonetante. Forte formador da perlita. 6.1.2. Velocidade de resfriamento Esse fator relaciona a velocidade de resfriamento propriamente dita durante a solidificação no interior dos moldes e a espessura das peças moldadas. Em outras palavras, seções espessas significam velocidades de resfriamento relativamente lentas e seções finas, velocidades rápidas, o que significa também que em peças de seções de diferentes espessuras, ocorrem diversas velocidades de resfriamento. Para elevadas velocidades de resfriamento - como as que se verificam em seções muito finas ou áreas adjacentes às paredes do molde - não há muito tempo para a decomposição da cementita, de modo que, dependendo dos teores de carbono e de silício, pouca ou nenhuma grafitização ocorre e há tendência para formar-se ferro fundido branco. Produz-se o que se chama na prática de seções coquilhadas. Com as velocidades de resfriamento lentas das seções mais espessas, ocorre uma apreciável grafitização, dependente sempre do teor de silício. A estrutura será constituída essencialmente de perlita e grafita. Para resfriamento ainda mais lento e teor de silício mais elevado, a cementita da perlita pode também se decompor parcialmente, originando-se assim a estrutura constituída de veios degrafita, perlita e ferrita. Essa estrutura confere ao material características de baixa dureza e excelente usinabilidade, além de razoável resistência mecânica. É claro que haverá seções intermediárias, com alguma formação de grafita, resultando, nelas, ferro fundido mesclado. 6.2. FERRO FUNDIDO BRANCO Nestes materiais, como já se mencionou, praticamente todo o carbono se apresenta na forma combinada de carboneto de ferro Fe3C, mostrando uma superfície de fratura clara. Suas propriedades fundamentais, devido justamente a alta quantidade de cementita, são elevadas dureza Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 28 e resistência ao desgaste. Em conseqüência, sua usinabilidade é prejudicada, ou seja, esses materiais são muito difíceis de se usina r, mesmo com os melhores materiais de corte. A composição química adequadamente ajustada - teores de carbono e de silício - além da velocidade de resfriamento são os meios mais usados para produzir ferro fundido branco. A produção industrial do ferro fundido branco exige, em princípio, a combinação desses dois fatores. Para isso, lança-se mão do chamado sistema de "coquilha" ou "coquilhamento", que consiste em derramar-se o metal líquido em moldes metálicos, onde o metal resfria em condições tais ou com tal velocidade que praticamente toda a grafitização é eliminada e o carbono fica retido na forma combinada. A profundidade da camada coquilhada - ou seja daquela seção das peças que entra em contato com a parede metálica do molde - pode ser controlada, ajustando-se o teor de silício do ferro fundido. Entretanto, embora o teor de silício seja o fator determinante no controle da profundidade de coquilhamento, outros fatores de influência são os seguintes: Temperatura de vazamento; Temperatura da coquilha, ou seja, do molde metálico; Espessura da peça na seção coquilhada; Espessura da coquilha; Tempo durante o qual o metal fica em contato com a coquilha. O principal objetivo do tratamento térmico do ferro fundido branco, aplicado em peças coquilhadas, é reduzir as tensões que se originam pelas diferentes velocidades de resfriamento e, conseqüentemente de solidificação, que se verificam através das seções das peças. Com efeito, as diferentes seções atingem temperaturas críticas de transformação em tempos diferentes; além disso, ocorre a diferença de contração entre o ferro fundido branco da seção coquilhada e o ferro fundido cinzento, das seções mais internas. Pelo tratamento térmico procura-se, igualmente, melhorar as propriedades mecânicas do material, cuja estrutura é tipicamente fundida e, portanto, pouco regular. O refino ou uniformização dessa estrutura é, assim, essencial, sobretudo quando as peças estão sujeitas a esforços mecânicos de choque. Um tratamento típico consiste no aquecimento a uma temperatura de 815°C, durante 18 horas, ou 870 °C durante 6 horas, seguindo-se resfriamento a velocidade de 5 °C por hora até 650 °C, antes de remover o material do forno. As principais aplicações do ferro fundido branco são: equipamentos para manuseio de terra, mineração e moagem, rodas de vagões, revestimento de moinhos, bolas de moinhos de bolas, etc. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 29 6.3. FERRO FUNDIDO CINZENTO Esta é, dentre os feiTos fundidos, a liga mais usada, devido aos seus característicos de: Fácil fusão e moldagem; Boa resistência mecânica; Excelente usinabilidade; Boa resistência ao desgaste; Boa capacidade de amortecimento. Como em todas as ligas metálicas, existe uma correlação íntima entre as propriedades do ferro fundido e a sua estrutura, correlação essa quem no caso particular do ferro fundido cinzento, é mais estreita e mais complexa, tendo em vista a presença de carbono livre na forma de grafita, e a forma, distribuição e dimensões que os veios de grafita apresentam e mais a influência que, nesse sentido, a espessura da peça exerce. Os ferros. fundidos cinzentos, segundo a ABNT, são designados pelas letras FC, indicativas de ferro fundido cinzento, seguindo-se dois algarismos representativos do limite mínimo de resistência à tração, em kgf/mm2. As classes FC-10 e FC-15 correspondem aos ferros fundidos cinzentos comuns, com excelente fundibilidade e melhor usinabilidade. A classe FC-15 é utilizada, entre outras aplicações, em bases de máquinas, carcaças metálicas e aplicações semelhantes. As classes FC-20 e FC-25, também de boas fundibilidade e usinabilidade, apresentam melhor resistência mecânica e se aplicam, principalmente, em elementos estruturais, tais como barramentos, cabeçotes e mesas de máquinas operatrizes. As classes FC-30 e FC35, com maiores dureza e resistência mecânica, aplicam-se em engrenagens, pequenos virabrequins, bases pesadas de máquinas, colunas de máquinas, buchas e grandes blocos de motor. A classe FC-40 é a classe de uso comercial que possui a maior resistência mecânica, apresentando, para essa finalidade, combinação dos elementos de liga, entre eles, níquel, cromo e molibdênio. Como possui elevada tendência ao coquilhamento, sua utilização é limitada a peças de espessuras médias e grossas. Dentre as propriedades dos ferros fundidos cinzentos, duas delas destacam-se: a capacidade de amortecimento e a resistência ao desgaste. Define-se "capacidade de amortecimento" como "habilidade” de um material absorver vibrações, resultantes de tensões cíclicas, por fricção interna, transformando a energia mecânica em calor". A importância dessa propriedade reside no fato de que esse material tem grande aplicação em Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 30 máquinas-ferramenta, sobretudo nas suas bases. A maior capacidade de amortecimento do ferro fundido, em relação ao aço, é atribuída aos veios de grafita, os quais, por não apresentarem resistência mecânica, constituem espécies de vazios na estrutura do material, o que permite deformação plástica do material localizado ao redor dos veios, sob tensões nominais menores que em outros casos. A resistência ao desgaste do ferro fundido cinzento é igualmente considerada uma característica importante, o que é, aliás, comprovado na prática pelo seu emprego usual em peças móveis de máquinas. Um dos fatores favoráveis ao comportamento do ferro fundido cinzento quanto à resistência ao desgaste é a alta usinabilidade do material. Assim, as peças correspondentes podem ser produzidas economicamente dentro de rigorosas tolerâncias dimensionais, o que contribui para diminuir o atrito entre partes e diminuir a ação de desgaste. O fator principal, entretanto, está relacionado com a presença de grafita livre, que tende a adicionar ao material características lubrificantes, contribuindo igualmente para diminuir o atrito entre as partes em contato e evitar o fenômeno de engripamento, o qual, por sua vez, pode levar à possibilidade de, pelo calor desenvolvido, ocorrer uma soldagem localizada, com conseqüente arrancamento de partículas, tornando novamente a superfície áspera. 6.4. FERRO FUNDIDO MALEÁVEL O ferro fundido é um material que, como se viu, apresenta pouca ou nenhuma ductilidade. Embora de razoável emprego industrial, as suas características de fragilidade limitam sua utilização em peças para vários setores importantes da indústria. Como material alternativo, desenvolveu-se um tipo de ferro fundido branco, o qual, submetido a um tratamento térmico especial - chamado maleabilização - adquire maleabilidade, ou seja, a liga adquire ductilidade e torna-se mais tenaz, características que, aliadas à boas propriedades de resistência à tração, dureza, resistência à fadiga, resistência ao desgaste e usinabilidade, permitiram abranger outras importantes aplicações industriais.A maleabilização é, em princípio, um tratamento térmico ao qual se submetem ferros fundidos brancos, de composições bem definidas, com carbono na forma primária de cementita e perlita, e que consiste num aquecimento prolongado, em condições previamente estabelecidas de temperatura, tempo e meio, de modo a provocar transformação de parte ou da totalidade do carbono combinado em grafita ou, em certos casos, eliminar completamente uma parte do carbono. Há dois processos fundamentais de maleabilização: a maleabilização por descarbonetação e a maleabilização por grafitização. A maleabilização por descarbonetação, que origina o maleável tipo europeu ou maleável de núcleo branco ou simplesmente maleável branco. Essa denominação é atribuída ao maleável devido ao aspecto metálico da sua fratura, cuja estrutura é constituída, essencialmente de ferrita. Esse aspecto, Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 31 contudo, somente é observado em peças de paredes finas, de 5 ou 6 mm; em peças de paredes mais espessas, o núcleo é cinzento ou escuro, devido à grafitização; somente a periferia tem o aspecto metálico do maleável branco. O princípio do processo de maleabilização por descarbonetação é a diminuição do teor de carbono do ferro fundido branco. A maleabilização por grafitização, que origina o maleável tipo americano ou maleável de núcleo preto ou simplesmente maleável preto. Essa denominação é atribuída ao aspecto escuro da fratura, cuja estrutura é constituída essencialmente de grafita, em nódulos, sobre um fundo de ferrita. O princípio do processo consiste em aquecer-se um ferro fundido de composição adequada, a temperaturas apropriadas, durante longo tempo, porém menor que no caso da maleabilização por descarbonetação; o ciclo de tratamento pode ser mais curto, porque, por precipitação de carbono, a distância de migração do carbono é menor. As indústrias mecânicas, de materiais de construção, de veículos, tratores, materiais elétricos utilizam, em grande escala, peças de ferro fundido maleável. Entre as aplicações mais comuns podem ser enumeradas as seguintes: conexões para tubulações hidráulicas, conexões para linhas de transmissão elétrica, correntes, suportes de molas, caixas de direção, caixas de diferencial, cubos de rodas, sapatas de freios, pedais de embreagem e freio, bielas, colares de tratores, caixas de engrenagens, etc. 6.5. FERRO FUNDIDO DE GRAFITA COMPACTADA Este tipo de material, de comercialização relativamente recente, é um produto de característicos intermediários entre o ferro fundido cinzento e o ferro dúctil ou nodular. Assim, ele apresenta melhor resistência mecânica que o ferro fundido cinzento, além de alguma ductilidade. Além disso, seu acabamento na usinagem é superior ao que se verifica no ferro fundido cinzento. Por outro lado, em relação ao ferro nodular, ele possui maior capacidade de amortecimento, condutibilidade térmica mais elevada e melhor usinabilidade. Essas características são devidas à forma da grafita, que se apresenta mais arredondada e mais grosseira, de modo que a microestrutura também pode ser definida como intermediária entre a do ferro fundido cinzento e a do ferro nodular. Em algumas aplicações, como rotores de freios de discos e cabeçotes de motores diesel, ele é superior tanto ao ferro fundido cinzento quanto ao ferro nodular. O ferro fundido cinzento é obtido mediante a adição cuidadosamente controlada de magnésio, o qual atua como inoculante, em técnica semelhante à empregada na produção de ferro nodular. A quantidade de magnésio deve ser tal a resultar um teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm, na presença de 0,15 a 0,50% de titânio e 10 a 150 ppm de terras raras, como o cério. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 32 6.6. FERRO FUNDIDO DÚCTIL OU NODULAR O ferro fundido dúctil ou nodular caracteriza-se pela ductilidade, tenacidade e resistência mecânica. A característica mais importante, entretanto, relacionada com a resistência mecânica, é o limite de escoamento que é mais elevado no ferro fundido nodular do que no ferro cinzento, ferro maleável e mesmo nos aços carbono comuns (sem elementos de liga). A composição química do ferro fundido nodular é semelhante à dos ferros fundidos cinzentos. A grafita do ferro fundido nodular apresenta-se na forma esferoidal, forma essa que não interrompe a continuidade da matriz tanto quanto a grafita em veio, resultando na sua melhor ductilidade e tenacidade. Essa grafita na forma esferoidal é obtida pela adição de determinados elementos no metal fundido, como magnésio, cério e alguns outros que devem ser bem controlados, de modo a produzir a forma desejada de grafita e contrabalançar o efeito dos elementos perniciosos, como antimônio, chumbo, titânio, telúrio, bismuto e zircônio, que interferem com o processo de nodulização e, por isso, devem ser eliminados ou mantidos os mais baixos possíveis. Os principais agentes nodulizantes contém, todos eles, geralmente o magnésio. São: magnésio sem liga, nodulizantes a base de níquel e nodulizantes a base de Mg-Fe-Si. Na maioria das vezes esses nodulizantes são introduzidos na forma de ligas, entre as quais podem ser citadas as seguintes: 15 Mg - 82 Ni 15 Mg - 30 Si - 50 Ni 08 Mg - 46 Si - 42 Fe 05 Mg - 45 Si - 50 Fe 12 Mg - 40 Si -18 Cu - 30 Fe ou ainda o magnésio sem liga, na forma de briquetes, lingotes ou fios. O nodulizante é colocado no fundo da panela de vazamento e o metal fundido é rapidamente derramado sobre a liga nodulizante. Ocorre imediatamente uma reação violenta que ocasiona fervura, sendo o magnésio vaporizado e o vapor atravessa o ferro líquido, diminuindo seu teor de enxofre e provocando a formação de grafita esferoidal. Algumas aplicações para o ferro fundido nodular podem ser citadas: buchas de hastes de válvulas; válvulas e corpos de bombas, em serviço de petróleo, água salgada e ambiente cáustico; tubos de escapamento; carcaças de turbo-alimentadores; componentes de compressores de ar; anéis de mancais para serviços a altas temperaturas, exigindo resistência ao escoriamento. 7. ALUMÍNIO O alumínio é um elemento metálico produzido através do minério da bauxita. Trata-se de um metal leve com o qual pode-se obter uma grande resistência quando em forma de liga. Ele resiste à corrosão, conduz calor e eletricidade e reflete luz e energia radioativa. O alumínio não Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 33 é tóxico nem magnético e pode ser transformado através de vários processos conhecidos de trabalho com metal. Devido a essas vantagens ele tem milhares de aplicações. 7.1. A PRODUÇÃO DO ALUMÍNIO Da mina, a bauxita é enviada à refinaria, onde isola-se o óxido de alumínio, através da retirada dos outros componentes (óxidos de ferro e de silício). Na refinaria, o minério é misturado com uma solução de soda cáustica, formando o aluminato de sódio. Depois que o óxido de ferro e outras impurezas são precipitadas, acrescenta-se cristais de alumínio hidratado. Formam-se cristais pesados que são posteriormente triturados para expelir a água remanescente, deixando um pó branco fino chamado alumina, que é encaminhado para a redução. De 4 a 6 toneladas de minério de bauxita são produzidas 2 toneladas de alumina. A bauxita é extraída por vários processos, e uma vez extraída ela é aglomerada em partículas muito pequenas antes do refinamento para recuperar a alumina da qual o alumínio é feito. A alumina é misturada com criólitos (minerais não metalíferos) em fornos onde são introduzidas grandes quantidades de eletricidade para transformar a alumina em alumínio e oxigênio. O processo é contínuo e o metal fundido é extraído dos cadinhos em intervalos regulares. 7.2. APLICAÇÕES DO
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