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Os anos 80

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Anos 80: Foi uma década perdida?
Geovanny dos Santos Santos
Vanessa Souza Costa 
Docente: Maria Bernadete Bezerra 
Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC
Ciências Econômicas
 CEC037 - Economia Brasileira Contemporânea 
14/04/2015
Para dar continuidade ao ciclo militar no comando do país, o General Figueiredo assume a Presidência da República em 15 de Março de 1979 com a missão de completar o Projeto Brasil-Potência, consolidando os êxitos econômicos e políticos. Depois do descontentamento do meios empresariais do país com o então comandante da área econômica do governo: Simonsen, que defendia a necessidade do controle da inflação através de uma política de contenção de gastos públicos e “desaceleração” do crescimento, deixa o governo, dando lugar a Antônio Delfim Neto que pretendia repetir “o milagre brasileiro”.
Os principais objetivos e linhas básicas de atuação do Governo Figueiredo foram explicitados no III Plano Nacional de Desenvolvimento – 1980/1985 que era apenas um plano de intenções. Não descia a detalhamentos, nem quantificava metas. Foram dois anos de crescimento econômico, foi ampliada a infraestrutura; possibilitou a redução das importações pela produção no país; o Brasil passou a ser crescente exportador de produtos industrializados; teve andamento de grandes projetos hidrelétricos, como Itaipu e Tucuruí e um aumento na produção nacional do petróleo.
Após os dois anos de crescimento, recessão. As medidas de reativação econômica empurravam a economia para baixo, foi a mais profunda e longa recessão da história. Delfim, não vendo outra saída, rendia-se a estratégia recessiva de Simonsen, porém não assumia. Prometia crescimento, promovia recessão. 
O desgaste e o descrédito do governo Figueiredo era tão acentuado, que viu-se envolvido numa crise de governabilidade, perdendo a capacidade de implementar políticas. Revelou-se, incapaz de articular a transição para o governo civil e para a escolha do candidato das forças que apoiavam o sistema, já em adiantado processo de deterioração. 
Com fortes possibilidades da oposição ganhar as eleições de 1980, foi promovida uma “reforma” partidária que pretendia dividir a frente oposicionista. Essa divisão da oposição foi revertida em reincorporação antes das eleições de 1982. E neste ano, ocorreu o que o regime temia: a oposição teve maioria dos votos. Nesse período, o governo brasileiro fica totalmente refém do governo estadunidense e do FMI, chegou a um momento em que simplesmente não tinha mais como pagar as dívidas vencidas e as que começavam a vencer. A situação piorou quando o governo teve que fazer uma renegociação da dívida externa, só que o fez nos termos do FMI onde o país perdia qualquer capacidade de formular política econômica própria e também a exigência de adoção de políticas que levariam a uma forte recessão. 
De forma melancólica, chegava ao fim o ciclo militar. Nos 21 anos de sua vigência, o Brasil viveu sob um regime político em que o poder esteve centralizado na alta cúpula militar. Com a volta dos militares aos quarteis e dos civis ao exercício do poder político, iniciava-se um novo ciclo histórico. O país estava mergulhado numa crise econômica profunda e apresentava escassez de quadros políticos qualificados e experientes. A transição do regime autoritário para o regime democrático resultou da convergência de dois processos de natureza distinta. De um lado, a desintegração do sistema de poder implantado no país em 1964. E, de outro lado, a emergência política da sociedade civil. 
O novo sistema de poder incorporou o antigo no momento em que se propunha a negá-lo. Nesse processo contraditório, o “novo” absorveu o “velho” e deixou-se absorver por ele, mudando mais as aparências do que a essência – apenas uma nova roupagem para velhos interesses. A Nova República devia constituir-se em um novo ciclo histórico com décadas de duração. Mas, abalada já no seu alvorecer, acabou reduzida apenas a uma nova etapa da transição – agora coordenada por políticos civis. 
O país vivia uma recessão econômica- inaceitável, tinha elevados índices de inflação – acima de 200% ao ano, estava com déficit no setor público e a elevada dívida externa. E ainda, o crônicos desequilíbrios na distribuição de renda e o desemprego. A partir do diagnóstico o governo definiu as diretrizes de sua atuação. Entre elas, o primeiro foi o Plano Cruzado, que era penas um plano emergencial, destinado a corrigir distorções conjunturais da economia brasileira. Era uma espécie de anestesia para posterior cirurgia. Como o governo não fez a cirurgia, a anestesia – passageira por natureza – acabou perdendo o efeito e a doença voltou com força redobrada. Assim como no primeiro, os planos posteriores: O Plano Bresser e o Plano Verão não resolveram o problema. Ao fim do governo Sarney, encerra-se a antes esperançosa Nova República. Os avanços políticos, como a construção de instituições democráticas, não foram acompanhadas por êxitos nos planos econômicos e social. A crise brasileira era mais profunda do que se pensava. 
A extensão e a complexidade da crise advieram também da expressão populacional do país, das desigualdades e das contradições históricas de nossa sociedade, das mudanças ocorridas nas décadas anteriores, do tamanho e das características da economia brasileira e da natureza de seus vínculos com o exterior. Além da econômica, a crise era também social, política, moral, ética e psicológica. 
O outro lado da crise brasileira dos anos 80/início dos 90 adveio do fato de que o Brasil não conseguiu gerar um novo projeto nacional, em substituição àquele que se esgotava. Em consequência, desde o início dos anos de 1980 o país ficou como um barco à deriva no meio do oceano. Não tinha metas a médio e longo prazos. 
Mas nem tudo foi negativo na chamada “década perdida”. Se o país e a sua população amargavam longos anos de dificuldades, houve também avanços não-desprezíveis, que devem ser registrados. Entre eles estão o auto amadurecimento da população; a expectativa média de vida ao nascer continuou a melhorar; houve um aumento da mulher no mercado de trabalho; embora vergonhosamente alta, continuou caindo a taxa de analfabetismo em todas as regiões do país; reduziu-se sensivelmente a taxa de fertilidade; declinou também a taxa de mortalidade infantil; continuou acelerado o processo de urbanização e vem ocorrendo o progressivo amadurecimento e envelhecimento da população brasileira. Portanto, vê-se que que a década de 80 não foi totalmente um fracasso.

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