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Apostila Pericia Ambiental

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1
CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
 
Dr. Georges Kaskantzis Neto 
Engenheiro Químico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3a versão – Junho de 2005 
 2
PREFÁCIO 
 
 Nas últimas décadas compreendi que cada vez mais o desenvolvimento 
econômico e a proteção ambiental devem se apoiar em objetivos compartilhados. A 
degradação do meio ambiente e dos recursos naturais são fatos que devem evitados e 
minimizados quando buscamos o desenvolvimento econômico e a riqueza que todos 
desejamos. 
 
 Os fatos em nosso país indicam que a pobreza e o crescimento populacional 
se combinam para causar impactos negativos sobre os ecossistemas e a população. A 
urbanização desordenda e os acidentes ambientais, cada vez mais frequentes e 
intensos, dão lugar ao aumento da contaminação do ar, da água e do solo, causando 
o aumento da incidência das enfermidades, degradação dos materiais e das perdas 
financeiras. 
 
 O Poder Público, consciente da responsabilidade de proteger os cidadãos e os 
recursos naturais, têm exigido que os impactos ambientais negativos sejam 
minimizados e controlados, através da criação e aplicação de severa legislação 
ambiental. Cada vez mais, os Procuradores da Justiça têm instaurado Ações Civis 
Públicas visando punir os infratores e reparar os danos ambientais. Neste sentido, o 
Perito Ambiental têm um papel fundamental a cumprir, auxiliando a justiça na 
elucidação da lide e na valoração dos danos ambientais. A reparação dos danos 
causados ao meio ambiente somente é possível quando se determina o seu valor. 
 
 Cada vez mais os profissionais de nível superior das diversas áreas do 
conhecimento são requeridos pela justiça e pelas empresas para atuarem como 
peritos e assistentes técnicos em processos judiciais. Na maioria dos casos, a 
interdisciplinaridade de conhecimentos necessários para avaliação do dano 
ambiental, requer a constituição de uma equipe multidisciplinar de profissionais 
especialistas. 
 
 3
 Neste sentido, para suprir a demanda de mercado e treinar profissionais que 
desejam atuar como Assistentes Técnicos e Peritos Judiciais na área de meio 
ambiente, foi desenvolvido este Curso de Perícia. 
 
 Nos últimos anos este Curso foi ministrado em diversas regiões do país tendo 
formado centenas de profissionais com conhecimentos específicos para atuarem com 
peritos na área de meio ambiente. Os conhecimentos e as técnicas apresentadas neste 
Curso são a base para a prática da perícia ambiental, mas o contínuo 
aperfeiçoamento e exercício profissional são fundamentais para o desenvolvimento 
da atividade do perito, considerando a complexidade do assunto em questão. 
 
 A terceira versão desta apostila apresenta uma síntese dos conhecimentos e as 
ferramentas necessárias para a realização da perícia ambiental. Os principais temas 
abordados englobam conhecimentos sobre ecologia, direito ambiental, técnicas de 
avaliação de impactos, valoração de danos e passivos ambientais e análise de riscos. 
Nesta nova versão da apostila, foram incluídos novos métodos de valoração de danos 
ambientais pesquisados em literatura e, alguns utilizados pelos órgãos de 
fiscalização e controle de meio ambiente do país e do exterior. 
 
 Dr. Georges Kaskantzis Neto 
 Curitiba, 15 de junho de 2005 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4
SUMÁRIO 
 
1. ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS 
1.1 Definições 
1.2 Meio Físico 
1.3 Energia e Meio Ambiente 
1.4 Recursos Renováveis e Esgotáveis 
1.5 Análise do Ciclo de Vida de Produtos 
 
2. DIREITO AMBIENTAL 
2.1 Legislação Nacional 
2.2 Órgão e Competências Legais 
2.3 Leis e Normas Ambientais 
2.4 Ação Civil Pública 
2.5 Perícia Ambiental 
 
3. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL 
3.1 Definições e Conceitos 
3.2 Elementos e Etapas do Processo de EIA 
3.3 Tipologia dos Impactos 
3.4 Diagnóstico do Meio Físico, Biológico e Antrôpico 
3.5 Metodologias de Avaliação de Impactos Ambientais 
3.6 Métodos e Técnicas de Laboratório 
 
4. INTRODUÇÃO A ECONOMIA AMBIENTAL 
4.1 Base Conceitual 
4.2 Valoração Econômica do Meio Ambiente 
4.3 Métodos de Avaliação de Danos Ambientais 
 5
4.4 Conclusões sobre os Métodos de Valoração 
 
5. MERCADO EXTRA JUDICIAL 
5.1 Passivos Ambientais 
5.2 Origens dos Passivos Ambientais 
5.3 Mensuração de Passivos 
5.4 Casos Reais 
5.5 Passivos Ambientais Evidentes e Difusos 
5.6 Matriz de Passivos Ambientais 
5.7 Avaliação de Riscos e Acidentes Ambientais 
5.8 Auditoria Ambiental 
5.9 Diagnóstico Básico Ambiental 
5.10 EIA – RIMA e Licenciamento Ambiental 
5.11 Plano Básico Ambiental 
5.12 Relatório, Laudo e TAC Ambiental 
 
6. ESTUDOS DE CASO 
 
- REFERÊNCIAS 
- ANEXOS 
 
 6
1. ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS 
Atualmente ecologia não significa somente uma área de conhecimento da Biologia, 
mas toda uma forma de pensar a relação do homem com a natureza e com si próprio. 
No atual estágio do desenvolvimento humano, de economia e problemas ambientais 
globalizados, ecologia significa propor novas formas de desenvolvimento voltadas 
para a melhoria da qualidade de vida dos homens e preservação do meio ambiente. 
A tecnologia avançou tanto que nos dias atuais parece que não precisamos mais da 
natureza para suprir nossas necessidades. Esta mentalidade resultou no desequilíbrio 
ambiental que atualmente se manifesta através da poluição hídrica, poluição 
atmosférica, erosão e contaminação do solo e outros problemas ambientais que 
comprometem a nossa qualidade de vida. 
Pretende-se nesta seção apresentar os principais conceitos sobre ecologia, os meios 
físicos que constituem o nosso universo de estudo e sua relação com a produção, 
assim como o uso de energia e impactos ambientais associados. A questão da 
utilização de recursos naturais renováveis e esgotáveis também é discutida nesta seção 
e associada a com a análise do ciclo de vida de produtos. 
1.1 DEFINIÇÕES E PRINCIPAIS CONCEITOS 
Ecologia é a ciência que estuda os seres vivos e as suas relações com outros seres 
vivos e com o meio ambiente. A palavra é derivada do grego é significa literalmente o 
estudo da “casa” onde se vive. Para sobreviver na sociedade todos os indivíduos 
precisam conhecer os seus ambientes, as forças da natureza, os vegetais e os animais 
que os cercavam. Basicamente, os níveis de organização dos seres vivos, do mais 
simples para o mais complexo, são mostrados no esquema abaixo. 
ÁTOMOS ⇒ MOLÉCULAS ⇒ ORGANÓIDES ⇒ CÉLULAS ⇒ TECIDOS ⇒ 
⇒ ÓRGÃOS ⇒ SISTEMAS ⇒ INDIVÍDUOS ⇒ POPULAÇÃO ⇒ COMUNIDADE
⇒ BIOSFERA ⇒ ECOSSISTEMA 
 
Figura 1 – Esquema de organização dos seres vivos 
 7
ƒ População 
É o conjunto de indivíduos da mesma espécie, vivendo juntos no espaço e tempo. 
ƒ Comunidade ou Biocenose 
É o conjunto de populações interdependentes no tempo e no espaço. 
ƒ Ecossistema 
Ecossistema é o conjunto formado por uma ambiente físico (solo, ar, água) e os seres 
vivos que nele habitam. Como exemplos de ecossistemas podemos citar os lagos, os 
rios, os mares, os campos, as florestas, etc. É a unidade fundamental da Ecologia. No 
ecossistema distinguem-se dois componentes, a biocenose e biótopo. A biocenose, ou 
comunidade biótica é o componente vivo, ou biótico de um ecossistema. O biótopo 
refere-se ao meio físico ou abiótico de um ecossistema, sobre o qual se desdobram a 
vida vegetal e animal. 
ƒ Equilíbrio Ecológico 
Os ecossistemas são sistemas equilibrados. O ecossistema consome certa quantidade 
de gás carbônico e água enquanto produz determinado volume de oxigênioe matéria 
orgânica. Qualquer mudança na entrada ou saída destes elementos desequilibra o 
sistema, alterando a produção de alimento e oxigênio. Cada espécie viva tem seu 
papel no funcionamento do ecossistema a que pertence. Por exemplo, quase todo 
vegetal que se reproduz por meio de flores necessita de alguma espécie de inseto para 
polinização. O extermínio do inseto também provoca a extinção do vegetal. 
ƒ Biosfera 
As regiões habitadas da Terra, desde as profundezas do mar até os picos das mais 
altas montanhas, constituem a esfera viva deste planeta, ou a biosfera. Ela é uma 
camada quase contínua ao redor da Terra, interrompendo-se apenas nos desertos 
extremamente áridos e nas regiões cobertas de gelo. Apesar de abrigar um imenso 
número de seres vivos, a biosfera, cuja espessura máxima não chega a 20 km, é 
relativamente fina se comparada ao raio de Terra que é de cerca de 6000 km. 
 8
ƒ Habitat e Nicho Ecológico 
O habitat é o local específico onde o organismo vive e, nicho ecológico é o papel que 
o organismo exerce nesse local. Costuma-se dizer que habitat é o endereço de uma 
espécie, enquanto que nicho ecológico é a sua profissão. 
ƒ Fatores Ecológicos 
Todo ser vivo sofre ação de vários fatores do meio ambiente em que vivem. Assim, 
fator ecológico é todo elemento do meio capaz de agir diretamente sobre os seres 
vivos, pelo menos em uma fase de seu ciclo vital. 
ƒ Classificação dos Fatores Ecológicos 
Os fatores ecológicos são divididos em fatores abióticos e bióticos. Os fatores 
abióticos incluem os fatores físicos do ambiente, como clima, luz, temperatura, água, 
salinidade e condições do solo. Os fatores bióticos compreendem os fatores 
relacionados aos seres vivos, como a ação do predatismo, parasitismo e competição. 
ƒ Ação da Luz 
A luz é o fator ecológico que permite a existência da vida na Terra. A luz atua pela 
intensidade, tipo de radiação, direção e duração. Seu papel ecológico essencial é a 
fotossíntese, bem como a indução de ritmos biológicos. 
ƒ Fotossíntese 
É a energia luminosa fornecida pelo Sol às plantas possibilita a fixação do gás 
carbônico da atmosfera e a realização da fotossíntese, que significa síntese em 
presença de luz. Trata-se do processo responsável pela produtividade alimentar dos 
ecossistemas. 
ƒ Temperatura 
A temperatura, com exceção da luz é o mais importante dos fatores ecológicos. A 
temperatura afeta as reações químicas. É evidente que as reações bioquímicas que 
 9
ocorrem nas células são dependentes da temperatura. Muitas reações celulares são 
catalisadas por enzimas, ajustadas para operarem em temperaturas que variam de 28 a 
30ºC. Além disso, a temperatura define o clima de uma determinada região. 
ƒ Limites de Tolerância 
De maneira geral, os organismos só podem viver na faixa de temperatura entre 0ºC e 
50ºC que é compatível com uma atividade metabólica normal. Há exceções, como 
bactérias que vivem em águas termais que atingem 90ºC e, nematóides que já foram 
submetidos a -272ºC sem nada sofrerem. 
ƒ Ação da Água 
A água é muito importante como fator ecológico. A água é um componente 
fundamental do protoplasma. Na composição química da célula, a proporção de água 
varia de 70 a 90%. O elevado calor específico da água funciona como regulador 
térmico dos organismos. A tensão superficial permite o deslocamento de insetos e 
aracnídeos sobre a superfície da água como se estivessem em terra firme. A agitação 
das águas provoca a queda da temperatura e o aumento do teor de oxigênio dissolvido. 
A turbidez da água, devido à presença de partículas em suspensão, reduz a intensidade 
luminosa e, por conseguinte, diminui a atividade fotossintética, reduzindo a 
produtividade alimentar e o teor de oxigênio. 
ƒ Ação da Salinidade 
A salinidade exerce importante papel na distribuição dos seres vivos aquáticos, 
especialmente os marinhos. A salinidade relaciona-se com a pressão osmótica, fator 
responsável pela entrada e saída de água nas células. As espécies capazes de suportar 
grandes variações de salinidade são chamadas de euri-halinas e habitam, por 
exemplo, as águas salobras. As esteno-halinas são as espécies adaptadas a uma 
concentração salina mais ou menos constante. 
 10
ƒ Fatores Edáficos 
O solo é um meio bastante complexo onde existem seres vivos e numerosos fatores 
abióticos influenciando tais como água, granulometria, porosidade, ar, seres vivos e 
propriedades físico-químicas, principalmente, pH e salinidade. Os fatores edáficos 
relacionados ao solo são húmus, lixiviação, erosão e laterização. O húmus é o 
resultado da decomposição de detritos vegetais, rico em nutrientes, quem mantém a 
textura e umidade do solo. A lixiviação é a lavagem do solo pela chuva, que por ser 
rica em íons hidrogênio substitui os íons cálcio e potássio do solo, tornando-o ácido. 
A erosão é a conseqüência da ação do intemperismo nas rochas. A laterização é a 
remoção da sílica e enriquecimento do solo em óxidos de ferro e alumínio o que 
impede a prática agrícola. 
ƒ Alimento 
Dependendo da quantidade e da qualidade do alimento disponível ocorrem alterações 
na fecundidade, longevidade, desenvolvimento e mortalidade das espécies. As 
espécies que suportam regime alimentar variado são chamadas de eurífagas, enquanto 
que as de hábito alimentar restrito são as estenófagas. 
1.2 MEIO FÍSICO 
Considerando que o objeto de uma perícia ambiental busca determinar as alterações 
ocorridas no meio físico, biológico e antrôpico, é de extrema importância o 
conhecimento e a características destes meios. O meio físico engloba o solo, a água e 
o ar. O meio biológico incluiu os animais e as plantas do ecossistema em análise 
enquanto o meio antrôpico está relacionado ao homem e ao patrimônio físico e 
cultural de uma determinada população. Nesta seção trataremos apenas do meio físico. 
- Meio Físico (Litosfera, Hidrosfera, Atmosfera) 
A parte sólida da Crosta Terrestre, ou Litosfera, é constituída pelas rochas. A parte 
hídrica, constituída pelos mares, lagos e rios, é chamada de Hidrosfera. A parte 
gasosa é chamada de Atmosfera. Naturalmente sobre este sistema se encontra vida e 
os impactos ambientais alteram a estrutura e qualidade. 
 11
- LITOSFERA 
As rochas que constituem a litosfera são classificadas em três tipos. As ígneas ou 
magmáticas (solidificação de materiais vulcânicos, granito e basalto), as 
sedimentares ou estratificadas (material particulado erosivo estratificado, argilas, 
calcáreo, arenito, folhelhos), e as metamórficas (rochas sedimentares modificadas 
pelo meio, pressão, temperatura, agentes químicos, mica, mármore). 
O intemperismo sofrido pelas rochas da superfície da Terra formam várias camadas. 
A camada mais superficial é a que chamamos de solo. É no solo que as plantas fixam 
suas raízes. Os solos são compostos por diferentes tipos de rochas, além de uma 
infinidade de materiais e de seres vivos. Além disso, os componentes do solo podem 
variar de região para região. 
A areia é um tipo de rocha sedimentar formada por grãos de quartzo e por outros 
minerais. Pode ter diversas cores, dependendo do mineral predominante. As cores 
mais comuns são cinza, amarela e vermelha. A areia é muito permeável à água, 
deixando-a passar com muita facilidade. Quando um solo possui mais de 70% de areia 
é chamado de solo arenoso. 
A argila é um tipo de rocha sedimentar. Normalmente apresenta-se nas cores cinza, 
preta, amarela ou avermelhada. É muito impermeável não deixando a água passar com 
facilidade. Um solo com mais de 30% de argila é chamado de solo argiloso. O solo 
argiloso é aquele que quando molhado forma uma pasta. 
O húmus é formado por restos de animais e de vegetais decompostos.Normalmente é 
muito escuro quase preto. O solo que apresenta mais de 10% de húmus é chamado de 
solo humífero. Para que o húmus se forme é necessária a ação de microorganismos, 
como fungos, bactérias e protozoários, sobre os seres mortos. 
O calcário é um tipo de rocha sedimentar que também pode constituir os solos. O 
calcário é normalmente formado por carbonato de cálcio e apresenta-se nas cores 
cinza, amarela e até preta. Se a constituição do solo apresentar mais de 30% de 
calcário é chamado de solo calcário. 
 12
Os solos contêm um pouco de cada um desses materiais. Se forem nas proporções 
adequadas constituem o solo agrícola. Essa proporções, em geral, são: de 60 a 70% 
de areia, de 20 a 30% de argila, de 10 a 30% de húmus e de 5 a 6% de calcário, além 
de elementos, como potássio, nitratos em pequenas quantidades e outros minerais em 
micro quantidades. 
Há locais, na desembocadura de rios para o mar, em que o solo sofre a ação das 
marés, ficando sob a água, durante a maré cheia e exposta, durante a maré baixa. São 
os chamados manguezais. Nestes sistemas a vida é intensa. Eles são tão importantes 
que são chamados de berço da vida dos oceanos. 
A formação geológica do subsolo e a composição das rochas influenciam tanto o 
movimento da água de infiltração e subterrânea (direção e velocidade de escoamento) 
quanto na sua configuração. A resistência ao escoamento de fluxos de água ou de 
outros compostos no solo está associada ao seu coeficiente de permeabilidade, que 
descreve a maior ou menor facilidade de passagem de fluído através dos vazios. 
A permeabilidade em rocha de igual formação pode ser diferente de um ponto para o 
outro. Ela pode variar também de acordo com a direção. A Tabela 1 mostra alguns 
valores típicos do coeficiente de permeabilidade, kf. 
 Tabela 1 – Valor de kf em função do tipo de solo 
Solo kf (m/s) 
Saibro 10- 1 a 10- 2 
Areia 10- 3 a 10- 5 
Areia fina (Siltosa, argilosa) 10- 6 a 10- 9 
Argila < 10- 9 
 Esses valores de coeficiente kf são classificados conforme se segue: 
 - fortemente permeáveis: > 10- 4 (m/s); 
 - permeáveis: 10- 4 até 10- 6 (m/s); 
 - fracamente permeáveis: 10- 6 até 10- 9 (m/s) e; 
 - muito pouco permeáveis: < 10- 9 (m/s); 
 13
- CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO 
O subsolo e a água freática contaminada é um sério risco para a saúde humana, 
o que normalmente não é diretamente reconhecido pelas pessoas atingidas. O 
tratamento da água de um sistema aqüífero pode levar centenas de anos e 
consome grandes quantidades de dinheiro. As principais fontes de contaminação 
do solo e do lençol freático são geralmente: 
1) Percolação de substâncias concentradas em um local (fonte pontual) de: 
- deposições antigas e problemáticas (lixões, lixões não-controlados); 
- aterros sanitários impermeáveis; 
- poços de drenagem, lagoas de infiltração; 
- áreas industriais (depósitos e manuseio indevidos de substâncias tóxicas); 
- locais de acidentes ocorridos no transporte de substâncias químicas. 
2) Infiltração em forma de linhas de substâncias por: 
- infiltração a partir de riachos e rios; 
- infiltração de efluentes de tubulações de água danificadas e; 
- infiltração da água pluvial nas estradas. 
3) Infiltração difusa de substâncias em áreas com a água pluvial por: 
- utilização exagerada de agrotóxicos na agricultura; 
- utilização indevida de herbicidas e pesticidas e; 
- infiltração de substâncias da atmosfera com água pluvial. 
4) Infiltração a partir de lagos e lagoas de contenção 
- HIDROSFERA 
Toda água livre que existe no nosso planeta compõe hidrosfera. Dessa água cerca de 
0,001% está na atmosfera, 0,009% está nos lagos, rios e riachos, 0,625% está nas 
águas de superfície e solo, 2,15% está nas calotas de gelo e geleiras e 97,209% nos 
mares. Há um outro tanto de água em composição química com minerais, como é o 
 14
caso da sílica. Assim, a água disponível para uso é apenas uma pequena parcela de 
toda água existente no planeta. 
A água é tão importante para a vida humana quanto os alimentos. Um indivíduo 
precisa de um ou dois litros de água diários para sobreviver. O problema básico não é 
a falta de água potável, poucas pessoas morrem de sede. O problema é obter um 
fornecimento suficiente de água potável e serviços de saneamento adequados. 
Ao contrário do combustível fóssil e do solo, as águas doces são uma fonte renovável. 
Se forem usadas de forma adequada e cuidadosamente conservadas, o ciclo 
hidrológico global pode satisfazer as necessidades, atuais e projetadas, em uma base 
sustentável. Contudo, problemas como o fornecimento de água doce e com a 
qualidade da água são de importância imediata e fundamental para todos. 
O crescimento populacional e as exigências crescentes por energia e alimentos estão 
impondo grandes demandas tanto pela quantidade quanto pela qualidade dos 
suprimentos de água doce. Nos países em desenvolvimento, os problemas com a 
poluição e esgotamento da água potável são uma realidade. 
 - DIMENSÃO QUÍMICA 
A água pura é um composto líquido formado por moléculas de oxigênio e hidrogênio. 
A água nunca se encontra no estado puro na natureza. Diversos gases, oxigênio, 
dióxido de carbono e nitrogênio estão dissolvidos na água. Os sais, como nitratos, 
cloretos e carbonatos também se encontram em solução. Diversos sólidos, tais como: 
pequenos pedaços de matéria animal, poeira e areia encontrados em suspensão na 
água. Outras substâncias químicas dão cor e gosto à água. Os íons presentes na água 
conferem o caráter alcalino ou ácido à solução. A temperatura da água varia de acordo 
com profundidade e local, influenciando o comportamento químico. 
- DIMENSÃO BIOLÓGICA 
Dentro dessa complexa mistura existe uma coleção extraordinariamente variada de 
vida vegetal e animal. Desde o fitoplâncton (vegetais) e zooplâncton (animais) 
unicelulares até a baleia azul, pode ser encontrado na água. Para quase todas as 
 15
espécies de vida fora da água encontram seu correspondente dentro dela. Algumas, 
particularmente os insetos, podem viver diferentes estágios de vida tanto dentro como 
fora da água. Cada categoria de biota tem um nicho particular, ou conjunto de 
condições aquáticas, que lhe é mais adequado para o desenvolvimento. 
- USOS DA ÁGUA 
Os usos de água podem ser divididos em quatro grandes categorias: 
1. Uso físico direto pelo homem e seus animais domésticos. Usamos água para 
beber, tomar banho, lavar e diversos usos domésticos. Para este caso os padrões 
são severos. A água deve ser aspecto limpo, pureza de gosto e acima de tudo, estar 
isenta dos perigosos e debilitantes microorganismos que flagelam as populações 
urbanas dos séculos precedentes. 
 
2. Uso direto na indústria e agricultura como fator de produção. As indústrias são 
os maiores consumidores. Elas consomem quase 40% nos processos industriais. 
Outros 17% estão no item "indústrias e miscelânea" e incluem manufatura, 
mineração e construção. A irrigação utiliza 33%. 
 
3. Uso psicológico como parte de nosso ambiente estético e cultural. Um belo lago 
ou rio talvez não tenha serventia especial, mas se houver uma contabilidade 
econômica, a água tem um valor definido porque o apreciador sente-se tão 
satisfeito pela visão com acontece com o gosto da comida ou a cor da roupa. O 
valor não pode ser medido simplesmente em dinheiro. 
 
4. Uso ecológico como componente virtual no sistema de sustentação da vida na 
Terra. Apesar do vasto volume de água na Terra, que inundaria o solo até uma 
altura de uns 250 metros se fosse distribuída por igual, o ambiente aquático é 
biologicamente fraco. Apenas 3% cabem à água doce. No resto, a produção 
biológica limita-se em primeirolugar à camada da superfície, especialmente nos 
estuários. Contudo, todo o volume oceânico funciona como um termostato do 
calor e dos minérios para o resto do mundo. 
 16
 - RECURSOS MARINHOS E BIODIVERSIDADE 
A atividade humana é responsável por um grande numero de ameaças à rica 
diversidade da vida marinha. As causas dos danos ao meio ambientes marinho e 
costeiro são variadas e complexas, no entanto, todas estão relacionadas à alta 
concentração humana nas regiões litorâneas. Aproximadamente dois terços da 
população mundial vivem ao longo dos litorais e dos rios que deságuam nas áreas 
costeiras. Essa alta concentração de pessoas é responsável por mais da metade dos 
prejuízos causados aos recursos marinhos e costeiros. 
As causas principais dos danos aos recursos marinhos são a poluição costeira vinda do 
continente através do esgoto municipal, lixo industrial, escoamento urbano e rural, 
desflorestamento continental, construção e crescimento em áreas litorâneas, 
lançamento em grande quantidade de resíduos nos oceanos, sedimentos dos esgotos e 
substâncias nocivas, derramamento de petróleo, plásticos descartáveis e a pesca 
excessiva pelo uso de métodos agressivos. 
Quando comparados com o mar aberto, os ecossistemas costeiros possuem uma 
fecundidade biológica muito maior. Os estuários e recifes de corais são de 14 a 16 
vezes mais férteis do que o mar aberto, os mangues são mais de 20 vezes mais 
fecundos. A Tabela 2 mostra a fertilidade biológica das áreas marinhas. 
Tabela 2 - Fertilidade Biológica de Áreas Marinhas 
Tipo de Ecossistema Média da Fertilidade Líquida * 
Mar aberto 57 
Regiões de Plataforma Continental 162 
Áreas de Nascentes Elevadas 225 
Pântanos Salgados 300 
Estuários 810 
Recifes de Corais e Bancos de Areia 900 
Mangues 1.215 
* em gramas de carbono por metro cúbico por ano 
 
 17
- ATMOSFERA 
Toda a Terra está envolta em ar. Esse espaço nós chamamos de atmosfera. Muitos 
seres vivos necessitam do ar para respirar. Além disso, o ar é o próprio ambiente em 
que vivem algumas espécies de seres vivos. A camada de ar que envolve a Terra é 
como uma casca de maçã, pois metade do seu volume está até 5,5 km de altura da 
superfície, enquanto que 75% estão até 8,8 km e 99% até 30 km. 
A atmosfera (do grego atmós, gás; sphaîra, esfera) da Terra tem espessura estimada 
em 800 km. Ela é formada por gases, principalmente, o nitrogênio (78%), o oxigênio 
(21%) e o argônio (0,9%), e por gases menores, entre eles o vapor de água e o dióxido 
de enxofre, que totalizam apenas 0,1% do volume do ar atmosférico. Ela também 
contém microrganismos e partículas sólidas, como cinzas vulcânicas e poeira. 
A atmosfera pode ser dividida conforme a variação da temperatura, da composição 
química do ar ou da estrutura eletromagnética (campos elétricos e de atração 
magnética). Essas camadas são denominadas de troposfera, estratosfera, ionosfera, 
ou mesosfera e exosfera ou termosfera. 
A emissão de gases na atmosfera existe desde os primórdios da vida na Terra. Os 
fenômenos naturais como o vulcanismo, decomposição anaeróbica da matéria 
orgânica e descargas elétricas de raios, têm a sua contribuição na liberação e na 
formação dos poluentes atmosféricos. Porém, a evolução da qualidade de vida e o 
crescimento populacional induziram o aumento da produção industrial e o consumo 
energético, acarretando dessa forma no aumento da poluição atmosférica. 
A poluição do ar consiste na alteração da composição natural da atmosfera que é 
causada pelos poluentes nas formas sólida, líquida ou gasosa e energia. As fontes de 
poluição do ar podem ser do tipo naturais (atividades vulcânicas, queimadas, maresia) 
ou antropogênicas (aquelas que resultam da atividade humana). 
Segundo a resolução do CONAMA 03/90, o ar torna-se poluído quando as 
concentrações de certos compostos ultrapassam valores limite de referência e podem 
afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à 
flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral. 
 18
Os principais poluentes atmosféricos são o monóxido de carbono (CO), gás carbônico 
(CO2), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), material particulado 
(MP), hidrocarbonetos (HC), sulfeto de hidrogênio (H2S), ozônio (O3), dioxinas e 
furanos, entre outros. Sabe-se ainda que esses poluentes podem ter maior ou menor 
impacto sobre a qualidade do ar, de acordo com sua concentração na atmosfera e 
condições metereológicas locais. 
A poluição do ar provoca doenças respiratórias (asma, bronquite e enfisema 
pulmonar) e desconforto físico (irritação dos olhos, nariz e garganta, dor de cabeça, 
sensação de cansaço, tosse), agrava doenças as cardiorespiratórias e contribui para o 
desenvolvimento de câncer pulmonar. Estes problemas apresentam um alto custo 
social, uma vez que, eles provocam desgastes físicos e emocionais, gastos financeiros 
com o tratamento da saúde, perda de horas de trabalho e redução da produtividade. 
Os principais problemas causados pela contaminação atmosférica são a degradação da 
qualidade do ar; a exposição humana e dos ecossistemas a substâncias tóxicas; os 
danos à saúde humana, aos ecossistemas e ao patrimônio público; a acidificação das 
águas e solos; a depleção do ozônio estratosférico e o aquecimento global e alterações 
climáticas. 
Considerando que o homem é diretamente afetado por tudo que acontece no meio 
ambiente por fazer parte dele, podemos concluir que se o meio ambiente perece todos 
perecem. Cada pessoa é produto do meio e a sua vida depende da qualidade da água 
que bebe, dos alimentos que ingere, do espaço em que vive e do ar que respira. Surge 
então a necessidade de se preservar e cuidar do meio ambiente. Observa-se que essa 
responsabilidade do “cuidado” vai além do bairro, da cidade e mesmo do país em que 
se vive, ele deve ser a conjugação de esforços a nível internacional para se viver o 
presente e o futuro. 
1.3 ENERGIA E MEIO AMBIENTE 
A energia constitui o substrato básico do universo e de todos os processos de 
transformação, propagação e interação que nele ocorrem. Há uma diversidade de 
fontes de energia, inferidas da análise desses variados processos. Do ponto de vista 
cultural podemos falar em fontes naturais e fontes artificiais de energia. 
 19
As fontes naturais são aquelas em que a natureza é o agente produtor de energia. As 
fontes artificiais de energia são as que incluem a ação do homem, incluindo geradores, 
turbinas, reatores nucleares e baterias solares. Sob o ponto de vista do referencial 
humano podemos identificar dois estados básicos da energia: potencial e cinético. O 
primeiro significa energia armazenada disponível a qualquer instante, como a energia 
gravitacional das águas represadas. O aspecto cinético ou dinâmico está associada a 
massa em movimento. 
- O HOMEM E A ENERGIA 
Os estágios de desenvolvimento do homem desde o homem primitivo até o homem 
tecnológico de hoje em dia pode ser correlacionado estreitamente com a energia 
consumida, conforme mostrado a seguir. 
• O homem primitivo sem o uso do fogo tinha apenas a energia dos alimentos que 
ele comia (2.000 kcal / dia); 
• O homem caçador (100.000 anos atrás) tinha mais comida e também queimava 
madeira para obter calor e para cozinhar; 
• O homem agrícola primitivo (Mesopotâmia, 5.000 a.C.) semeava e utilizava a 
energia animal; 
• O homem agrícola avançado (Noroeste da Europa, em 1.400 d.C.) usava carvão 
para aquecimento, a força da água, a força do vento e o transporte animal; 
• O homem industrial (Inglaterra, 1875) tinha a máquina a vapor e; 
• O homem tecnológico (nos EUA, em 2000) consumia 250.000 kcal / dia. 
Começando com o consumode energia muito baixo de 2.000 kcal por dia, que 
caracterizava o homem primitivo, o consumo de energia cresceu, em um milhão de 
anos, para quase 250.000 kcal por dia. Este enorme crescimento da energia per capita 
consumida só foi possível devido: 
• Ao aumento do uso do carvão como fonte de calor e potência no século 19; 
• Ao uso de motores de explosão interna com petróleo e derivados e; 
• Ao uso de eletricidade gerada em usinas hidrelétricas e termelétricas. 
 20
Por outro lado, existe ainda uma enorme diferença entre o consumo per capita dos 
países industrializados, onde moram 25% da população mundial, e dos países em 
desenvolvimento, onde vivem os restantes 75%. Os EUA, por exemplo, com 6% da 
população mundial, consomem 35% da energia mundial. 
O consumo médio anual per capita no século XX foi de 75.000 kcal/dia nos países 
industrializados e de apenas 9.450 kcal/dia nos países em desenvolvimento. Dentro de 
alguns países há diferenças enormes no consumo de energia entre os ricos e os pobres. 
A Figura 2 ilustra a evolução do homem no uso da energia. 
- FONTES DE ENERGIA 
A principal causa dos problemas ambientais relacionados ao uso da energia para 
alimentação, moradia e comércio, indústria e agricultura, e transporte, é o emprego de 
combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), ou mesmo a lenha. O uso da 
hidroeletricidade e a energia nuclear também criam problemas. A Tabela 3 mostra as 
principais fontes de energia utilizada atualmente pelo homem. 
 Figura 2 – Consumo de energia do homem ao longo da história 
 
0 5 0 1 00 1 50 2 00 2 50
H o m em p rim iti vo
H o m em c a ça d o r
H o m em a g ríc o la
p rim itiv o
H o m em a g ríc o la
a va n ç a d o
H o m em in d u s tr ial
H o m em
te cn o ló g i co
T ra n s p o rte
In d ú s tri a e a g ric u ltu ra
M o rad ia e co m é rci o
A lim e n taç ã o
 21
Tabela 3 – Fontes de energia, vantagens e desvantagens 
FONTE OBTENÇÃO USOS VANTAGENS DESVANTAGENS
ESGOTÁVEL 
 
 
 
Petróleo 
Resulta de reações 
químicas de 
fósseis, 
depositados no 
fundo do mar e no 
continente. 
Produção de 
energia elétrica; 
matéria-prima da 
gasolina, do diesel 
e de produtos, 
como plástico, 
borracha sintética, 
ceras, tintas, gás e 
asfalto. 
Domínio da 
tecnologia para 
sua exploração e 
refino; 
facilidade de 
transporte e 
distribuição. 
Polui a atmosfera 
(gás carbônico, 
enxofre, 
particulados, óxidos 
de nitrogênio); 
colabora para o 
aumento da 
temperatura. 
 
 
 
Nuclear 
Reatores nucleares 
produzem energia 
térmica por fissão 
de átomos de 
urânio. Esta 
energia aciona um 
gerador elétrico. 
Produção de 
energia elétrica; 
fabricação de 
bombas nucleares. 
Não emite 
poluentes que 
contribuam para 
o efeito estufa. 
Não há tecnologia 
para tratar lixo 
nuclear; a 
construção das 
usinas é demorada e 
cara; há riscos de 
contaminação 
radioativa. 
 
 
 
Carvão 
Mineral 
Resulta das 
transformações 
químicas de 
grandes florestas 
soterradas. 
Extraído de minas 
localizadas em 
bacias 
sedimentares. 
Produção de 
energia elétrica; 
aquecimento; 
matéria-prima de 
fertilizantes. 
Domínio da 
tecnologia para 
seu 
aproveitamento; 
facilidade de 
transporte e 
distribuição. 
Polui a atmosfera 
(gás carbônico, 
enxofre, 
particulados, óxidos 
de nitrogênio); 
colabora para o 
aumento da 
temperatura. 
 
 
 
Gás Natural 
Ocorre na 
natureza 
associado, ou não, 
ao petróleo. A 
pressão nas 
reservas 
impulsiona o gás 
para a superfície, 
onde é coletado 
em tubulações. 
Aquecimento; 
combustível para 
geração de 
eletricidade, 
veículos, caldeiras 
e fornos; matéria-
prima de derivados 
de petróleo. 
Emissão baixa 
de poluentes; 
pode ser 
utilizado nas 
formas gasosa e 
líquida; existe 
um grande 
número de 
reservas 
Altos investimentos 
para o 
armazenamento e 
distribuição 
(gasodutos, navios 
metaneiros). 
RENOVÁVEL 
 
 
 
Hidrelétrica 
A energia liberada 
pela queda de 
água represada 
move uma turbina 
que aciona um 
gerador elétrico. 
Produção de 
energia elétrica. 
Não emite 
poluentes, não 
interfere no 
efeito estufa. 
Inundação de 
grandes áreas e 
deslocamento da 
população 
residente; a 
construção das 
usinas é demorada e 
cara; altos custos de 
transmissão. 
 22
FONTE OBTENÇÃO USOS VANTAGENS DESVANTAGENS
Eólica O movimento dos 
ventos é captado 
por hélices 
gigantes ligadas a 
uma turbina que 
acionam um 
gerador elétrico 
Produção de 
energia elétrica; 
movimentação de 
máquinas e 
motores. 
Grande 
potencial para 
geração de 
energia elétrica; 
não interfere no 
efeito estufa; 
não ocupa áreas 
de produção de 
alimentos. 
Exige investimentos 
para transmissão da 
energia; produz 
poluição sonora; 
interfere em 
transmissões de 
rádios e TV. 
Solar Lâminas 
recobertas com 
material 
semicondutor, 
como o silício, são 
expostas ao sol. A 
luz excita os 
elétrons do silício, 
que geram uma 
corrente elétrica 
Produção de 
energia elétrica; 
aquecimento. 
Não é poluente; 
não interfere no 
efeito estufa; 
não precisa de 
turbinas ou 
geradores para a 
produção de 
energia elétrica. 
Exige altos 
investimentos para 
seu aproveitamento.
Biomassa A matéria 
decomposta em 
caldeiras ou 
biodigestores, O 
processo gera gás 
e vapor, que 
acionam uma 
turbina e movem 
um gerador 
elétrico 
Aquecimento; 
produção de 
energia elétrica e 
de biogás 
(metano). 
Não interfere no 
efeito estufa (o 
gás carbônico 
liberado durante 
a queima é 
absorvido 
depois no ciclo 
de produção). 
Exige altos 
investimentos para 
seu aproveitamento.
 
1.4 RECURSOS RENOVÁVEIS E ESGOTÁVEIS 
As principais fontes de recursos, utilizadas para satisfazerem às necessidades 
humanas, dividem-se em recursos esgotáveis e recursos renováveis. 
Os recursos esgotáveis são aqueles que, uma vez consumidos, não há como serem 
repostos, uma vez que levaram milhões de anos para se formarem, como é o caso dos 
combustíveis fósseis - petróleo e carvão mineral. Outros recursos esgotáveis, usados 
para geração de energia, são os minerais físseis, usados em usinas nucleares. Os 
recursos renováveis são aqueles que constantemente a natureza está repondo, como é 
o caso de madeiras, carvão vegetal, extratos vegetais - óleos, açúcar, álcoois, entre 
outros. Outros recursos, chamados renováveis, são aqueles disponíveis na natureza, 
como a luz solar, a força das marés, a força dos ventos e a geotermia. 
 23
- RECURSOS ESGOTÁVEIS 
 PETRÓLEO 
Em períodos geológicos distantes, restos de animais e vegetais depositaram-se no 
fundo de mares e lagos que sob ação de intensa sedimentação, calor e pressão 
transformaram-se me petróleo, encontrado no estado líquido (óleo), gasoso (gás 
natural) e sólido (betume). A importância do petróleo é tão inquestionável em nosso 
tempo que alguns mais exagerados o denominam ouro negro dos tempos modernos. 
Sem dúvida percorrer 400, 500 e até 600 km sem necessidade de reabastecer o 
automóvel, ou percorrer milhares de quilômetros sem necessidade de reabastecer a 
aeronave é uma grande conquista da humanidade. A grande portabilidade dessa forma 
líquida de energia é que permitiu o enorme progresso industrial que tivemos e estamos 
tendo nestas últimas décadas. Por outro lado, em todas as fases do uso do petróleo e 
de seus derivados existem pontos de contaminação do meio ambiente. 
- OUTRAS FONTES ESGOTÁVEIS 
As outras fontes de energia esgotável, como carvão e usinas termonucleares, gerando 
cerca de 10% do total de energia elétrica do país, são de pequena monta. Tanto a 
queima do carvão, seja para uso siderúrgico,como em termelétricas, sempre geram 
poluição atmosférica. O carvão mineral é um combustível fóssil originado do 
soterramento de antigas florestas em ambientes aquático ou subaquático, com pouco 
oxigênio, durante o período Paleozóico. As reservas brasileiras, além de pequenas, são 
de baixa qualidade, com pouco poder calorífico e alto teor de cinzas, o que 
historicamente dificultou seu aproveitamento como fonte de energia no país. Já o 
combustível nuclear tem pontos de poluição desde a sua mineração, assim como no 
seu transporte, processamento e refino, no seu uso em usinas nucleares e na sua 
disposição final, como lixo radiativo. 
- RECURSOS RENOVÁVEIS 
A geração de energia elétrica no Brasil está associada às Usinas Hidrelétricas, porque 
cerca de 90% dela é gerada dessa maneira. Nosso país é rico em rios e possui um 
clima caracterizado por altos índices pluviométrico. Os principais desníveis e quedas 
 24
têm um potencial hidráulico estimado em 209 milhões de KW, sem considerar as 
pequenas quedas que, incorporadas, poderiam produzir muito mais. A bacia do Paraná 
possui a maior potência instalada, pois cerca de 70% de seu potencial já é aproveitado 
hoje. Nela está instalada a maior Usina Hidrelétrica do mundo, ITAIPU, que significa 
“a pedra que canta”. ITAIPU foi projetada para gerar 12,6 milhões de KW em 18 
turbinas de 700 mil KW cada. 
- PROBLEMAS NA GERAÇÃO HIDRELÉTRICA 
As Usinas Hidrelétricas não poluem e a energia elétrica é uma forma “limpa” de 
energia. Do ponto de vista financeiro, usar água como fonte de energia é, 
aparentemente, um bom negócio. Um dos principais problemas nesta forma de 
geração de energia é que os locais onde se pode instalar uma usina geradora, 
normalmente ficam longe de um grande centro consumidor. Nestes casos a energia 
tem que ser gerada em um local e transportada por linhas até os centros de consumo. 
Essa distribuição desperdiça muita energia, ou seja, de todo potencial de geração, 
parte significativa é consumida em perdas no transporte. Um problema mais sério, do 
ponto de vista ecológico, é a inundação de grandes áreas, com o desaparecimento de 
terras férteis e de florestas com todos os seus componentes. 
 ÁLCOOL ETÍLICO 
Uma fonte alternativa de combustível líquido é o álcool etílico obtido da fermentação 
da cana-de-açúcar. Outros vegetais também podem fornecer o açúcar necessário para 
a fermentação, como é o caso da mandioca e da batata. As imensas áreas passíveis de 
produção influíram logicamente para a escolha desta alternativa energética. O álcool é 
um combustível melhor do ponto de vista ecológico por gerar menos poluentes 
quando queimado no motor à explosão, uma vez que, o gás carbônico gerado do 
álcool já está computado no ciclo biogeoquímico, enquanto que o da gasolina não. 
- OUTRAS FONTES RENOVÁVEIS 
Outras fontes de energia renováveis, como eólica, solar, geotérmica, de biomassa e de 
marés, são muito pouco expressivas, principalmente devido ao alto custo de geração, 
ou de aproveitamento Uma das mais difundidas é a energia solar que pode ser usada 
 25
como fonte de calor e para geração de energia fotovoltáica. O aproveitamento da 
energia solar como fonte energética tem suas aplicações em aquecimento de água, de 
residências, de estufas, ou refrigeração. 
A energia eólica é aproveitada em pequena escala tanto como força motriz para 
bombas (normalmente de água de poço ou nas salinas) como para geração de energia 
elétrica, quando o cata-vento é acoplado a um gerador. Os problemas de ruído podem 
ser contornados, com a implantação em áreas afastadas, mas os custos de implantação 
ainda não foram devidamente equacionados. 
O calor da região abaixo da Crosta Terrestre (manto) pode ser aproveitado tanto para 
aquecimento direto, como para aquecimento de água com geração de vapor, com o 
qual se pode movimentar turbo-geradores para produzir energia elétrica. Para ser 
eficiente o sistema necessita operar com altas temperaturas, presentes somente em 
grandes profundidades. O custo de perfurar e manter esses sistemas profundos ainda 
está inviabilizando o uso dessa forma de energia. 
O movimento das ondas, provocado pelos ventos, e o movimento das marés, 
provocado pela posição da Lua, pode ser aproveitado transformando o sobe e desce de 
uma bóia, acoplada a um braço, em energia motora, com a qual se pode movimentar 
equipamentos, diretamente, ou geradores de energia elétrica. O custo das instalações, 
somado ao custo dos equipamentos especiais, para suportar a agressividade do 
ambiente marinho, e aliados à baixa amplitude das ondas e o grande período entre as 
marés, são fatores que ainda limitam a aplicabilidade do aproveitamento desta forma 
de energia renovável. 
Uma outra fonte de energia renovável está associada à biomassa. A biomassa é 
constituída de restos, de vegetais, de animais, de estrume, etc. O processamento da 
biomassa gera um gás combustível e a biomassa processada é um excelente adubo. É 
uma fonte de energia que tem crescido ultimamente, com a instalação de biodigestores 
nas cidades, para tratamento do lixo doméstico. 
Nas pequenas comunidades, ou fazendas, onde há dificuldade na instalação de rede 
elétrica, é uma alternativa bastante viável. Sob a ação de microorganismos, a 
biomassa fermenta, gerando gás rico em metano, gás carbônico e água. Se o teor de 
 26
gás carbônico for alto, o gás tem baixo poder calorífico, o que ocorre normalmente. 
Por isso não tem sido uma alternativa energética muito interessante. 
1.5 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS 
As novas técnicas de industrialização desenvolvidas nos últimos anos, juntamente 
com o aumento populacional e de consumo, têm provocado a elevação da demanda 
mundial dos recursos naturais com conseqüente aumento na quantidade de descarte 
de resíduos pós-consumo, dificultando sua destinação final. 
Neste contexto, a Análise do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos surge como uma 
opção real para a indústria e para a sociedade. A Análise do Ciclo de Vida de um 
produto estuda a complexa interação entre um produto e o meio ambiente, e permite a 
avaliação dos aspectos e impactos ambientais potenciais associados a fabricação de 
um produto. 
ACV compreende o estudo das etapas que vão desde a retirada das matérias-primas 
elementares da natureza, que entram no sistema produtivo (berço), passando por todas 
as etapas produtivas industriais e de consumo até a disposição do produto final 
quando se encerra sua vida útil (túmulo). Esta análise é conhecida como from graddle 
to grave ou do berço à sepultura. 
Para se descrever o processo se faz necessário a realização de balanços de massa e 
energia, calculando-se automaticamente a geração de resíduos sólidos, efluentes 
líquidos e as emissões atmosféricas. Com esta técnica é possível também avaliar e 
tomar decisões gerenciais de forma a contribuir para a melhoria e conservação do 
meio-ambiente. 
A análise do ciclo de vida de um produto apresenta inúmeras vantagens, entre as quais 
podemos citar a otimização dos produtos do ponto de vista ambiental, aquisição de 
informações do processo de produção e o melhor entendimento dos aspectos 
ambientais ligados ao processo produtivo. Além disso, a ACV é útil para a tomada de 
decisões e para a seleção de indicadores ambientais relevantes na avaliação de 
projetos e processos, servindo como suporte em decisões de fabricação na indústria. 
 27
ACV contribui para a diminuição dos resíduos devido à redução do uso de energia e 
de materiais, sendo também útil como ferramenta de marketing para a obtenção de 
declarações e rótulos ambientais de produtos “amigos” do meio ambiente. Por esses 
motivos, os fabricantes têm dado cada vez maisatenção às propriedades ambientais de 
seus produtos como um meio de diferenciá-los e aumentar a fatia de mercado das 
empresas. 
As principais fases da Análise do Ciclo de Vida de um produto são a definição de 
objetivo e escopo, análise do inventário, avaliação de impacto, interpretação e revisão 
crítica. Uma descrição mais detalhada da técnica é apresentada em um artigo técnico 
em anexo. 
 28
2. DIREITO AMBIENTAL 
Nesta seção serão abordados os temas relacionados a doutrina do Direito Ambiental 
englobando a Legislação Brasileira, os Órgão e suas Competências Legais na questão 
ambientais, os princípios, leis e normas que norteiam a legislação ambiental, a lei da 
ação civil pública e questões relativas a perícia ambiental propriamente dita. 
Considerando o objetivo deste curso, não se pretende nesta seção detalhar e esgotar 
por completo este tema. Pretende-se apresentar de forma resumida as principais fontes 
e informações básicas necessárias para a condução de uma perícia ambiental. Nos 
anexos desta apostila encontram-se as principais leis, resoluções e normas abordadas 
neste trabalho. 
2.1 LEGISLAÇÃO NACIONAL 
Didaticamente podemos dividir o estudo do Direito em duas grandes áreas: o público 
e o privado. Naquele tratamos de uma gama de direitos comuns aos cidadãos 
enquanto este trata dos direitos particulares do cidadão. No direito privado a 
propriedade é o principal instituto. No direito público o bem estar comum. 
O Direito Ambiental por sua vez caracteriza-se por pertencer a uma pluralidade de 
sujeitos não identificáveis, mas que pode ser exercido a qualquer tempo. Acima de 
qualquer interesse está o da sociedade. É o que chamamos de Direito Difuso. 
O Direito existe pelo homem e para o homem. Desta forma, todo o disciplinamento 
intentado pelo legislador no âmbito de resguardar recursos naturais, vivos ou não, 
deve ser feito, através da lente da equidade social. Enfim, é preciso que saibamos os 
diversos aspectos, ou os vários sentidos, em que se fala de Direito Ambiental. Um dos 
aspectos é o do meio ambiente propriamente dito, isto é, dos recursos naturais 
existentes (ar, água, flora, fauna, etc.). 
Outro aspecto é o do ambiente criado pelo homem, isto é, o ambiente eminentemente 
humano tais como praças, ruas, edifícios, obras, etc. Por último o ambiente do 
trabalho, onde aspectos relacionados como iluminação, ventilação, ruídos, 
 29
temperatura, dentre outros são importantes. Assim, pode-se conceituar Direito 
Ambiental como: 
 “Conjunto de princípios, institutos e normas sistematizadas para disciplinar 
o comportamento humano, objetivando proteger o meio ambiente”. 
- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
Admitir-se que existe um Direito Ambiental exige, no mínimo, que se conceitue os 
princípios norteadores da aplicação da legislação ambiental. 
a) Princípio da Prevenção ou Precaução: Este é o maior e mais importante 
ordenamento jurídico ambiental, considerando que a prevenção é o grande objetivo de 
todas as normas ambientais, uma vez que, desequilibrado o meio ambiente a 
reparação é na maior parte das vezes uma tarefa difícil e dispendiosa. Os instrumentos 
da Política Nacional do Meio Ambiente (Licenciamento, EIA, zoneamento) estão 
fundados nesse princípio. 
b) Princípio da Cooperação: Significa dizer que todos, o Estado e a Sociedade, 
através de seus organismos, devem colaborar para a implementação da legislação 
ambiental, pois não é só papel do governo ou das autoridades, mas de cada um e de 
todos nós. 
c) Princípio da Publicidade e da Participação Popular: Importa afirmar que não se 
admite segredos em questões ambientais, pois afetam a vida de todos. Tudo deve ser 
feito, principalmente pelo Poder Público, com a maior transparência possível, e de 
modo a permitir a participação na discussão dos projetos e problemas dos cidadãos de 
um modo geral. 
d) Princípio do Poluidor-pagador: Apesar de um princípio lógico, pois quem 
estraga deve consertar, infelizmente ainda não é bem aceito na prática, ficando para o 
Estado esta obrigação de recuperar e para a sociedade o prejuízo, e para o mal 
empreendedor somente o lucro. 
 30
e) Princípio In dúbio pro natura: É uma regra fundamental da legislação ambiental, 
que leva para a preponderância do interesse maior da sociedade em detrimento do 
interesse individual e menor do empreendedor ou de um dado projeto. 
- MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
A Constituição de um país á a sua Lei Maior. O Direito Ambiental que integra o 
Sistema Jurídico Nacional se apóia na Carta Magna. O Legislador Constituinte de 
1988 dedicou especial atenção ao tema, reservando um capítulo da constituição, para 
tratar do meio ambiente. O Capítulo VI do Título VIII, no art. 225, cuja transcrição 
é obrigatória diz: 
 “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações” 
O termo Todos significa que qualquer pessoa é sujeito de direitos relacionados ao 
meio ambiente. Na linguagem jurídica o bem de uso comum abrange todos os bens 
(tudo que possa ser valorado) que não pertencem a ninguém especificamente, 
entretanto, que possam ser utilizados por qualquer um, a qualquer tempo, sem 
qualquer ônus (como por exemplo: água, ar, luz solar, etc). 
O sentido da qualidade de vida é amplo e abrange todos os aspectos da vida humana, 
tais como transporte coletivo, segurança pública, comunicações, hospitalais, lazer, 
habitação, enfim, tudo o que possa conduzir a um nível de bem estar do cidadão. A 
responsabilidade pelo meio ambiente ecologicamente equilibrado não está restrita ao 
Poder Público constituído (seja Federal, Estadual ou Municipal). O termo preservar 
para gerações futuras está associado ao desenvolvimento sustentável. 
 
 
 
 31
Tabela 4 – Análise comentada dos parágrafos e incisos do art. 225 da Magna Carta 
Parágrafo / Inciso Comentário 
 
1º / 1º 
(preservar e restaurar 
processos ecológicos) 
 
Trata do manejo ecológico, que está regulado no Decreto no 
1.282/94. Procedimento para conservar os recursos naturais, 
conservar a estrutura da floresta e suas funções, manutenção da 
diversidade biológica e desenvolvimento sócio – ecológico. 
1º / 2º 
(preservar patrimônio 
genético) 
 
 
Trata da preservação. 1) a preservação realizada por qualquer uma 
das três maneiras possíveis: in situ, preservando-se o ecossistema 
no qual se encontra seu meio natural; ex situ, preservando-se parte 
do organismo, como sementes, sêmen, outros, e; ex situ 
preservando-se o organismo inteiro em ambientes artificiais em 
zoológicos, jardim botânico, aquário, outros. 2) É permitida a 
manipulação de material genético, desde que desta manipulação 
resulte um aprimoramento na qualidade de vida. A lei que trata 
deste assunto é a de no 8.974/95. 
 
1º / 3º 
(Unidades de 
Conservação) 
No inciso terceiro encontramos referência as unidades de 
conservação tais como: APA, ARIE, AIET, reserva, parques, 
dentre outras. Cada uma destas unidades tem um regime próprio 
com limitações de uso, zoneamento, objetivo e características 
próprias. 
 
 
1º / 4º 
(Elaborar EIA/RIMA) 
 
No inciso quarto, a necessidade de elaboração do EIA/RIMA. A 
lei que disciplina este inciso é a de no 6.803/80, modificada pela 
Lei no 6.938/81 e Resolução 001/86 do CONAMA que lhe fixou 
suas diretrizes gerais. O Estudo é realizado por equipe 
multidisciplinar e, apresentado em audiência pública para 
aprovação popular via RIMA. 
 
1º / 5º 
(Poluição do Meio 
Físico) 
O inciso quinto abrange tanto a poluição do ar (pelas suas mais 
diversas formas),quanto a da água (rios e mar principalmente) e 
do solo (através dos agrotóxicos e biocidas por exemplo). Existe 
farta legislação para controlar emissões, bem como multas, penas, 
etc. 
 
1º / 6º 
(Educação Ambiental) 
 
A educação ambiental está prevista no inciso sexto, deve ter 
como principais características interdisciplinaridade, tratamento 
sistêmico, mudança filosófica de comportamento (atitude), 
pesquisa e a discussão do desenvolvimento sustentável em termos 
econômicos. 
 
1º / 7º 
(Proteção a Fauna e 
Flora) 
A proteção à fauna e à flora, do inciso sétimo, é realizada através 
de legislação tais como: Código de Pesca, da Caça e Florestal. 
Além de muitos dispositivos dispersos nos Códigos Civil e Penal, 
além da Lei das Contravenções Penais e em Resoluções e Portarias 
Administrativas com cunho federal. Em 1998 foi sancionada a Lei 
no 9.605 que trata dos Crimes Ambientais. 
 
2º 
(Recursos Minerais) 
 
 
O Código de Minas regulamenta o disposto no parágrafo 
segundo que versa sobre os recursos minerais. 
 
 
3º 
(Responsabilidade 
Objetiva) 
 
As pessoas físicas e jurídicas têm responsabilidades civil, penal e 
administrativa nas ações lesivas ao meio ambiente, conforme 
disciplina o parágrafo terceiro. Cabe ressaltar que estamos nos 
referindo à responsabilidade objetiva, isto é, não é necessária a 
prova de dolo ou culpa. Basta que se prove o dano. A 
responsabilidade pode ser cumulativa, isto é, o causador do dano 
 32
pode receber sanções penal, civil e administrativa. 
 
4º 
(Florestas) 
O parágrafo quarto trata da Floresta Amazônica Brasileira, da 
Mata Atlântica, da Serra do Mar, do Pantanal Mato–grossense e da 
Zona Costeira. 
5º 
(Terra Devolutas) 
 
Trata da indisponibilidade das terras devolutas ou arrecadadas 
pelos Estados para a proteção dos ecossistemas. 
 
6º 
(Usinas Nucleares) 
 
 
Localização definida em lei federal para a sua instalação. 
- POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (PNMA) 
O mais importante diploma legal brasileiro na área ambiental é sem dúvida a Lei no 
6.938/81 com regulamentação no Decreto no 99.274/90. Essa lei materializa a 
tradução jurídica da Política Nacional do Meio Ambiente. 
Esta Lei traz como objetivo principal à preservação, melhoria e recuperação da 
qualidade ambiental, e dá como parâmetros o desenvolvimento sócio – econômico, a 
segurança nacional e a dignidade da vida humana. Os princípios adotados são o 
equilíbrio ecológico, racionalização de uso dos recursos, a proteção dos ecossistemas, 
zoneamento, incentivos, educação, etc. A responsabilidade civil objetiva no campo do 
dano ambiental é estabelecida por essa Lei, que prevê as sanções administrativas 
aplicáveis pelos órgãos de controle e fiscalização ambiental locais. 
A organização do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi traçada 
nesta Lei com os órgãos superiores (Conselho de Governo); órgãos consultivo e 
deliberativo (CONAMA); órgão central (Ministério do Meio Ambiente); órgão 
executor (IBAMA); órgãos setoriais (federais); órgãos seccionais (estaduais) e locais 
(municipais). 
Os instrumentos de proteção ambiental também têm sua origem nesta Lei. Os 
principais são o Licenciamento Ambiental, o Zoneamento e o Estudo de Avaliação de 
Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Outros instrumentos são o estabelecimento de 
padrões de qualidade ambiental por Câmara Técnica do CONAMA e fiscalizada pelo 
IBAMA, o estabelecimento de unidades de conservação (APA, parques, etc.), o 
cadastro técnico de atividades de defesa e potencialmente poluidores e as sanções tais 
 33
como multa, perda ou restrição de incentivos ou benefícios, a suspensão de atividades, 
entre outras. 
2.2 ÓRGÃOS E COMPETÊNCIAS LEGAIS 
A Constituição Federal de 1988 alterou a competências ambientais, descentralizando a 
competência para legislar sobre o meio ambiente, que antes era concentrada na União. 
Conforme consta no Art. 22 da Constituição, a competência privativa da União fica 
restrita às matérias que tratam das águas, energia, navegação fluvial, lacustre e 
marítima, aérea e aeroespacial, trânsito e transporte, recursos minerais e 
metalurgia, populações indígenas e atividades nucleares. 
Atualmente, tem-se a competência concorrente em matéria ambiental conforme consta 
no Art. 24 da Constituição Federal. Portanto, cada Estado da Federação tem 
competência legislativa concorrente com a União para fazer leis em matéria 
Ambiental. Cabe salientar que o princípio da hierarquia das leis deve ser respeitado. 
O município também é um ente da Federação e pode legislar em matérias ambientais 
de interesse local, podendo ser mais restritiva, e suplementando a legislação federal e 
estadual. O Art. 30 da Constituição trata da competência municipal para legislar as 
matérias ambientais de interesse local. A Tabela 5 mostra a competência e atribuição 
dos órgãos ambientais no país. A Tabela 6 mostra a competência legislativa, político 
administrativa de cada ente da União em relação às matérias ambientais. 
Tabela 5 – Competência dos órgãos que tratam das questões ambientais 
 
ENTE DA 
FEDERAÇÃO 
 
ÓRGÃO 
ADMINISTRATIVO 
E AMBIENTAL 
 
ÓRGÃO 
DO PODER 
JUDICIÁRIO, 
DE POLÍCIA 
CIVIL, MILITAR 
E AMBIENTAL 
 
 
MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
 
 
 
UNIÃO 
 
• Ministério do Meio 
Ambiente (MMA) 
• SISNAMA 
• CONAMA 
• IBAMA 
 
 
• Justiça Federal 
• Polícia Federal 
Ministério Público 
Federal 
(Procuradores. 
Matérias: índios, 
águas federais e 
subterrâneas, 
energia nuclear, 
praias, parques 
nacionais e fauna 
 34
 
 
 
ESTADO 
 
 
 
 
• Conselho Estadual de 
Meio Ambiente 
• Secretarias de M.A. 
• Órgãos Ambientais 
(CETESB, FEMA) 
 
 
• Justiça Estadual 
• Polícia Judiciária 
• Polícia Militar 
• Polícia Florestal 
 
 
Ministério Público 
dos Estados 
(Promotores de 
Justiça). Matérias: 
Todas que não é 
interesse da União 
 
 
MUNICÍPIOS 
 
 
 
• Conselho Municipal 
de Meio Ambiente 
• Secretaria Municipal 
de Meio Ambiente 
 
• Guarda 
Municipal 
 
 
 
Tabela 6 – Competência Legislativa e Político Administrativa 
ENTE DA 
FEDERAÇÃO 
COMPETÊNCIA 
LEGISLATIVA 
COMPETÊNCIA 
ADMINISTRATIVA 
(ATUAÇÃO 
AMBIENTAL) 
DIVISÃO DA 
ATRIBUIÇÃO 
POR MATÉRIA 
DEFINIDA 
 
 
 
 
 
UNIÃO 
• PRIMITIVA (União) 
Monopólio: Águas, 
energia, crimes, recursos 
minerais, questões 
indígenas 
(Congresso Nacional), 
Art. 22 da Constituição 
 
• CONCORRENTE 
(União + Estados) 
Estabelece normas 
gerais. 
(Congresso Nacional), 
• COMUM 
- Poder de Polícia 
- Multar 
- Licenciar 
- Fiscalizar 
- Embargar 
- Interditar 
 
Art. 23 Constituição 
Federal. Incisos III, 
IV, VI, VII, XI 
• Caça (animais) 
• Energia nuclear 
• Agrotóxicos 
• Águas 
• Mineração 
• Garimpo 
• Lixo 
• Unidade de 
Conservação 
• Florestas 
 
 
 
 
ESTADO 
 
 
 
 
• CONCORRENTE 
Assembléia Legislativa 
Art. 24 da Constituição 
• COMUM 
- Poder de Polícia 
- Multar 
- Licencias 
- Fiscalizar 
- Embargar 
- Interditar 
Art. 23 Constituição 
 
• Águas Internas 
• Solo Agrícola 
• Erosão 
• Lixo 
• Floresta 
 
 
 
 
MUNICÍPIO 
 
• SUPLEMENTAR 
Interesse Local, 
Plano Diretor, 
(Câmara Municipal), 
Art. 30, II da 
Constituição 
 
• COMUM 
- Poder de Polícia 
- Multar 
- Licencias 
- Fiscalizar 
- Embargar 
- Interditar 
 
Art. 23 Constituição 
• Zoneamento 
Urbano 
• Plano Diretor 
• Distrito Industrial 
• Parcelamento do 
Solo Urbano 
• Poluição Sonora 
• Edificação 
• Trânsito 
• Lixo 
 35
- ESFERAS DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 
São três esferas independentes de responsabilidade ou responsabilização ambiental: 
Administrativa, Civile Penal. 
Via de regra, a primeira sanção que o infrator da legislação ambiental recebe é a 
administrativa, aplicada pelos agentes dos órgão ambientais no exercício do poder de 
polícia, variando desde uma simples multa até a suspensão parcial ou total da 
atividade lesiva ou demolição da obra. Nesta esfera de responsabilidade ambiental o 
Poder Público age por iniciativa própria ou mediante denúncia da sociedade. 
O poder de polícia visa garantir a segurança e a integridade ambiental, e pode ser 
exercida pelas três esferas do governo: federal, estadual e municipal, através dos 
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). 
O Decreto No 3.179 de 21/09/1999 especificou e sistematizou a infração 
administrativa ambiental classificando-as pelo bem ambiental atingido, além de 
unificar o referencial de valor das multas em Real, que pode ir de R$ 50,00 
(cinqüenta reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais). Cabe lembrar 
que os valores arrecadados pelos órgãos ambientais da União em pagamento às multas 
por infração ambiental são revertidos ao Fundo Nacional de Meio Ambiente. 
A segunda sanção que o infrator da legislação ambiental recebe é a de 
responsabilidade civil. Neste campo a Lei No 6938/81 representou uma grande 
novidade, até hoje de suma importância para a eficácia da aplicação da legislação 
ambiental: a responsabilidade objetiva ou, em outras palavras, a dispensa da culpa 
para caracterizar a obrigação de indenizar. Outra lei que se aplicam nesta esfera é a 
Lei da Ação Civil Pública, Lei No 7347/85, e o seu art. 8º que trata do Inquérito Civil 
Público, que será apresentada em maiores detalhes adiante. 
Finalmente, a responsabilização penal e administrativa das pessoas física e jurídica 
que agridem o meio ambiente pode ser atribuída pela nova Lei de Crimes 
Ambientais, Lei No 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. A Lei nova, além de definir 
crimes ambientais, apresenta alternativas à pena privativa de liberdade e prevê a não 
 36
aplicação da pena, desde que o infrator recupere o dano, ou de outra forma, pague seu 
débito para com a sociedade. 
Quanto à responsabilidade penal da pessoa jurídica, a Lei de Crimes Ambientais não 
exclui a responsabilidade penal das pessoas físicas associadas que sejam autoras, co-
autoras ou participem do mesmo fato. O art. 7º da nova Lei permite ainda substituir 
penas de prisão até 04 (quatro) anos por penas alternativas, como prestação de 
serviços à comunidade. Observa-se que os produtos e instrumentos apreendidos com o 
infrator podem ser doados, destruídos ou vendidos. 
2.3 LEIS E NORMAS AMBIENTAIS 
As principais leis sobre questões ambientais decorrentes da Política Nacional de Meio 
Ambiente são apresentadas abaixo de forma resumida. 
- FLORA 
A Lei no 4.771/65, ou o Código Florestal define dois tipos de florestas de preservação 
permanente: a) por força de lei e, b) por disposição do Poder Público. Neste sentido o 
Decreto no 1.282/94 também traz regras claras com respeito a exploração de florestas, 
manejo florestal sustentável, princípios e fundamentos técnicos para o manejo, 
confere ao IBAMA competência para definir áreas de exploração de madeiras, o corte 
raso na Amazônia para projetos sociais e de desenvolvimento, a reserva legal (50%) e 
a reposição florestal. 
- FAUNA 
Em relação à fauna, a Lei no 5.197/67, trata deste assunto. Os animais são patrimônio 
nacional, proíbe a caça profissional e veda o comércio de animais. O Código de Pesca, 
Decreto – Lei no 221/67, pretende disciplinar cuidados acerca dos animais aquáticos, 
pesca, suas modalidades, sanções, cuidados, entre outros. 
- AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
Em 1985 surge, com a Lei no 7.347/85, um dos instrumentos de proteção ambiental 
mais eficazes, a Ação Civil Pública, instrumento jurisdicional importante do qual 
 37
pode o cidadão fazer uso quando se sentir prejudicado. Esta Lei será tratada com 
maiores detalhes na seqüência. 
- REGRAS RELATIVAS À BIODIVERSIDADE 
Em relação a biossegurança e às regras para manipulação genética segura, surge em 
1995, para disciplinar o dispositivo constitucional a Lei no 8.974/95, regulada pelo 
Decreto no 1.752/95. Todas as regras e técnicas de engenharia genética para 
instituições no tocante à manipulação genética e liberação no ambiente de organismos 
geneticamente modificados estão aqui apresentadas. Atualmente, transita no 
Congresso o Projeto de Lei 2401/03 (Lei da Biossegurança) que trata do plantio e 
comercialização de sementes trangênicas. 
- LEI DE PATENTES 
Uma lei polêmica foi a de no 9.279/96 que trata da propriedade intelectual, ou lei de 
patentes. Ela se aplica tanto para produtos quanto para processos ou modelos de 
utilidade. Proíbe o patenteamento de animais ou vegetais, autorizando apenas aos 
microorganismos transgênicos se cumpridos os requisitos de novidade, atividade 
inventiva e aplicação industrial. Internacionalmente os EUA, Japão, México, Austrália, 
Canadá, Coréia do Sul, Panamá, Chile, Tailândia e Indonésia concedem direitos de 
propriedade intelectual por patenteamento para plantas, animais e microorganismos 
transgênicos e seqüências específicas de DNA. Na esteia da lei de patentes veio a Lei 
no 9.456/97, a lei de cultivares (plantas advindas de melhoramento genético) e 
propriedade industrial. 
 - CRIMES AMBIENTAIS 
Finalmente, a Lei no 9.605/98 – a lei de crimes ambientais ressaltou alguns aspectos 
importantes: a) o crime ocorre por ação ou omissão; b) a responsabilidade é pessoal 
(física) e também jurídica; c) sanções alternativas; d) o funcionário público responde 
na medida do dano (co-responsabilidade por omissão). Além de reafirmar outras: a) 
sanções; b) agravantes e atenuantes; c) os crimes em espécie; d) o cálculo das multas. 
 
 38
- OUTRAS LEIS E NORMAS TÉCNICAS 
Na realização de perícias ambientais é necessário observar o cumprimento da 
legislação básica aplicável e das normas técnicas ao caso concreto em análise. As 
principais usualmente empregadas são: 
a) Água: Decreto no 23.777/34 – indústria açucareira 
 Lei no 7.661/88 – gerenciamento costeiro 
 Lei no 7.754/98 – florestas em nascentes de rios 
 Lei no 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos 
 Resolução no 357/05 – CONAMA 
 
b) Ar: Decreto – Lei no 1.413/75 – poluição por atividades industriais 
 Lei no 6.803/80 – zoneamento industrial 
 Portaria no 231/76 
 Resolução no 03/90 – CONAMA 
 Resolução no 06/93 – CONAMA 
 Resolução no 18/86 – CONAMA 
 
c) Camada de Ozônio: Decreto no 2.679/98 
 Decreto no 2.699/98 
 
d) Solo: Lei no 5.318/67 
 Lei no 6.766/79 
Internacionalmente as regras para o gerenciamento ambiental no setor produtivo estão 
organizadas pela ISO série 14.000. Um sistema de normatização ou padronização de 
produção tendo em vista a proteção ambiental. As principais regras compreendidas 
por este sistema são: 
14.001 – Gerenciamento Ambiental – Orientação de Uso 
14.004 – Gerenciamento Ambiental – Princípios, sistemas e técnicas de apoio 
14.010 – Auditoria Ambiental – Princípios 
14.011/1 – Auditoria Sistemática Ambiental no SGA 
 39
14.012 – Auditoria Ambiental – Qualificação para auditores ambientais 
14.013 – Gerenciamento de Programas para AA 
14.015 – Avaliação Ambiental das Instalações 
14.021 – Rotulagem Ambiental definições 
14.022 – Rotulagem Ambiental – Símbolos 
14.023 – Rotulagem Ambiental – Testes e Verificação (métodos) 
14.024 - Rotulagem Ambiental – Princípios de orientação e procedimentos 
14.025 – Metas e princípios de rotulagem 
14.031 – Avaliação de desempenho ambiental do SGA – relação ambiental 
14.040 – Avaliação do Ciclo de Vida – Princípiose Orientação 
14.041 – Avaliação do Ciclo de Vida – Análise do inventário 
14.042 – Avaliação do Ciclo de Vida – Impactos 
14.050 – Termos e definições 
14.060 – Inclusão de aspectos ambientais em normas de produtos 
2.4 AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
Um grande avanço, sem dúvida, foi o advento da chamada Lei de Ação Civil Pública 
– Lei No 7.347 de 1985, que atribui legitimidade ao Ministério Público e as Entidades 
Civis (ONG’s) para ajuizar ações contra os infratores da legislação ambiental e de 
outros direitos e interesses chamados difusos e coletivos. 
Antes da Lei 7347/85 se uma empresa estivesse, por exemplo, poluindo o ar, somente 
os vizinhos - confrontantes poderiam pensar em promover uma ação. Hoje a 
sociedade tem o poder de ação, através do Ministério Público ou de alguma 
associação criada para o fim de proteger o meio ambiente. 
Esta lei tem como objetivo principal disciplinar a Ação Civil Pública de 
Responsabilidade por Danos Causados ao Meio Ambiente, ao Consumidor, a Bens de 
Direito de Valor Artístico, Estético, Histórico, Turístico e Paisagístico. Inovação que 
também merece destaque é a instituição do Inquérito Civil Público, previsto no art. 
8º, da Lei 7347/85, que pode ser instaurado pelo Ministério Público para apuração e 
investigação de qualquer denúncia relativa a ofensa à direitos e interesses difusos e 
coletivos, como é o caso da lesão ambiental. 
 40
O Inquérito Civil Público é sempre presidido por um promotor de justiça, e para tanto 
pode requisitar informações e documentos de qualquer entidade pública e privada, 
assim como notificar pessoas físicas ou jurídicas para prestarem declarações sobre 
fatos de que tenham conhecimento. O referido instrumento, de natureza inquisitória, 
serve como base para o ajuizamento da Ação Civil Pública ou de outras medidas 
judiciais cabíveis para a prevenção ou reparação do dano ambiental. 
2.5 PERÍCIA AMBIENTAL 
Desde a instituição dos diplomas legais acima citados e com o advento da Lei dos 
Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), os tribunais dão conta de inúmeros processos 
movidos pela coletividade, pelo Ministério Público, pelo Estado ou pelo particular no 
exercício da proteção aos direitos individuais e coletivos na esfera do meio ambiente. 
O dano ou a ameaça ao meio ambiente é o objeto principal destas lides. 
Nas ações judiciais sobre o meio ambiente que se destaca a Perícia Ambiental. 
Prevista no Código de Processo Civil (artigos 420 a 439 da Seção VII, Cap. VI – Das 
Provas), a prova pericial é solicitada sempre que, na averiguação da verdade dos fatos, 
faz-se necessária a atuação de profissionais com conhecimentos técnico-científicos 
especializados. Na área ambiental as informações e documentos não bastam para 
elucidar a lide, muitas vezes a averiguação da existência do fato danoso e dos efeitos 
prejudiciais depende de prova eminentemente técnica que somente pode ser produzida 
por profissionais especializados na área, é neste momento que se faz necessário a 
perícia ambiental. 
A atividade pericial em meio ambiente é regida pelo Código de Processo Civil, bem 
como as demais modalidades de perícias. E, em razão da especificidade das questões 
ambientais, esta atividade deve ser amparada na Legislação Ambiental vigente no 
âmbito Federal, Estadual e Municipal. 
- PERITO E ASSISTENTE TÉCNICO 
A Perícia Ambiental tornou-se, assim, uma área técnica específica de atuação 
profissional. O objetivo da perícia é esclarecer tecnicamente a existência ou não de 
ameaça ou dano ambiental. Ela é realizada por profissional especializado na área. 
 41
Logo, além dos requisitos morais e éticos inerentes a esta função, o Perito deve ser 
capacitado tecnicamente no tema de meio ambiente a ele designado. Deve estar apto a 
dirimir as dúvidas apresentadas através dos quesitos em fase processual específica e 
preencher os requisitos legais exigidos no Código de Processo Civil (art. 145 e §s 
seguintes). 
Designado pelo Juiz, o Perito do Juízo atua como Auxiliar da Justiça assessorando o 
juiz na formação de seu convencimento. Trata-se da pessoa de confiança do 
Magistrado e produz ao final dos trabalhos o Laudo Pericial. A fundamentação do 
Laudo Pericial e responsabilidade do perito sobre as informações prestadas por ele são 
tratadas, respectivamente, no art. 429 e 147 do Código Processual Civil (CPC). 
Observe-se que é direito das partes nomearem Assistentes Técnicos dentre os 
profissionais especializados e que forem de sua confiança. Estes profissionais irão 
orientá-los e assisti-los nos trabalhos periciais em todas as fases da perícia e, quando 
necessário, emitirão um Parecer Técnico. Diferentemente dos Peritos do Juiz, os 
Assistentes Técnicos não estão sujeitos a impedimento ou suspeição (art. 422 do CPC). 
Importante atuação dos Assistentes Técnicos é a de, durante os trabalhos de perícia, 
deixar transparecer os mesmos padrões exigidos pela legislação aos Peritos do Juízo, 
quais sejam, a capacidade técnica comprovada e os compromissos morais e éticos. 
 No laudo ou parecer técnico o que importa é a fundamentação técnica, que deve ser 
calcada em elementos objetivos, analisados e interpretados por métodos adequados, 
que conduzam a conclusões técnicas irrefutáveis. Inúteis, também, são as 
considerações de ordem jurídica, que alguns peritos e assistentes técnicos se permitem 
enxertar no laudo e parecer técnico, esquecidos de sua missão que é meramente 
técnica, sendo esta tarefa exclusiva dos advogados. 
O que se requer do laudo ou parecer técnico é o aclaramento das questões técnicas, 
submetidas à apreciação pericial. Por isso, há de ser objetivo e conclusivo, afirmando 
ou negando o que foi indagado nos quesitos, sem omissões ou evasivas e, obviamente, 
sem desvios ou falsidades nas suas informações e conclusões. Laudos omissos, 
facciosos, confusos ou não conclusivos são imprestáveis. 
 42
Sendo a prova pericial, a rainha das provas, tomamos a direção desta seara para suprir 
as necessidades e expectativas de nossos clientes, buscando sempre mostrar e 
defender seus interesses nas discussões técnicas jurídicas, o que se faz necessário 
tomar algumas medidas de ordem prática na condução desta fase técnica do processo. 
O Perito Judicial, a priori, é o profissional de confiança do Juízo, e muitas vezes, o 
que os fatos nos tem demonstrado, esta confiança esta baseada somente, em atitudes 
dentro dos padrões morais e éticos, deixando de lado o terceiro fator que equilibra esta 
árdua tarefa, a capacitação técnica. 
Como consideramos que moral e ética são condições inerentes ao exercício da função 
do Perito Judicial, e dispensam qualquer tipo de questionamento, deparamos sim na 
capacitação técnica e preparo dos profissionais, o que nos leva sempre a tomar vários 
cuidados na condução dos casos, principalmente atuando como Assistentes Técnicos 
em defesa de nossos clientes. 
Então, como deve atuar um Assistente Técnico? 
ƒ Deve estar tecnicamente preparado e habilitado na matéria que irá discutir; 
ƒ Deve estudar e conhecer o problema, para que tenha suas próprias convicções; 
ƒ Deve participar em conjunto com o advogado, no que lhe compete tecnicamente, 
na elaboração da inicial, contestação e quesitos; 
ƒ Deve estar junto ao Perito Judicial para ajudá-lo e convencê-lo de suas convicções; 
ƒ Deve participar, se assim for aceito pelo Perito Judicial, na elaboração do Laudo; 
ƒ Deve sempre estar a disposição dos advogados, perito e interessados, para dirimir 
duvidas e participar intensamente da produção da prova pericial e; 
ƒ Deve administrar tecnicamente o que lhe compete, com clareza e objetividade, 
para sempre que solicitado prestar esclarecimentos aos advogados e interessados. 
Sabemos, que a Prova

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