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CIVIL I

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1 
DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE VII – DOS ELEMENTOS ACIDENTAIS NO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
1. NOÇÕES GERAIS: 
 
Como já vimos, o negócio jurídico apresenta como elementos essenciais, obrigatórios 
para sua constituição: Declaração de vontade; Agente capaz e legitimado; Objeto lícito, possível e determinado ou 
determinável; e Forma adequada. 
 
Ver. Art. 104 CC/2002 
 
No entanto, o negócio jurídico poderá conter outros elementos meramente 
acidentais, introduzidos facultativamente pela vontade das partes, não sendo necessários à sua 
existência. 
 
Enquanto que os Elementos Essenciais são determinados pela lei, os Elementos 
Acidentais (Não Essenciais) dependem da vontade das partes (são facultativos). 
 
São facultativos no sentido de que, em tese, o negócio jurídico pode existir sem eles. 
Porém, uma vez apostos no negócio pela vontade das partes, ficam indissociavelmente ligados a ele. 
 
Na moderna doutrina, superado o estudo dos planos de existência e validade, esses 
elementos integram o chamado plano de eficácia dos negócios jurídicos. 
 
O Código Civil apresenta três tipos de elementos acidentais: condição, termo e encargo. 
 
Essas convenções acessórias constituem autolimitações da vontade e são admitidas 
nos atos de natureza patrimonial em geral. 
 
2. CONDIÇÃO: 
 
A CONDIÇÃO é o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia de 
um negócio jurídico. Da sua ocorrência depende o nascimento ou a extinção de um direito. 
 
Por sua vez, o Código Civil define: "Considera-se condição a cláusula que, derivando 
exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto" 
 
Ver. Art. 121 CC/2002 
 
Nesse contexto, encontramos os 3 elementos caracterizadores do instituto: 
voluntariedade (derivada da vontade das partes), a futuridade e a incerteza do evento. 
 
A inserção da cláusula condicional no negócio jurídico deve depender exclusivamente 
da vontade das partes, pois somente se opera porque os interessados no negócio jurídico assim o 
desejaram. A condição atinge os efeitos dos negócios jurídicos se assim desejarem os agentes. 
 
A condição deve dizer respeito a fato futuro. Fato presente ou passado não pode 
constituir-se em condição. 
 
 
 
 2 
 
Ademais, a condição deve relacionar-se com fato incerto. Se o fato avençado for 
certo, como, por exemplo, a morte de uma pessoa, não haverá condição, mas termo. 
 
Em termos práticos, enquanto não realizada a condição, o ato não pode ser exigido. 
Assim, a promessa de pagar quantia a alguém, se concluir curso superior, não pode ser exigida 
enquanto não ocorrer o evento (conclusão do curso). 
 
OBSERVAÇÃO: Há certos atos que NÃO comportam a “condição”, quais sejam: os de 
caráter pessoal, tais como os direitos de família puros e os direitos personalíssimos. Por 
exemplo: o casamento, o reconhecimento de filho, a adoção, a emancipação não a admitem. 
 
Igualmente importante é estabelecermos as definições de condição suspensiva e de 
condição resolutiva. 
 
A condição suspensiva impede que o ato produza efeitos até a realização do evento 
futuro e incerto. O titular tem apenas situação jurídica condicional, mera expectativa. Assim, 
somente quando ocorre o implemento da condição, o direito passa de eventual a adquirido, obtendo 
eficácia o ato ou negócio. Já se a condição se frustra, é como se nunca houvesse existido a 
estipulação. Por exemplo: Farei o negócio se as ações da empresa X obtiverem a cotação Y em Bolsa. 
 
Ver: Art. 125 CC/2002 
 
Já a Resolutiva é a condição cujo implemento faz cessar os efeitos do ato ou negócio 
jurídico. Por exemplo: pagarei uma pensão ao meu filho até que ele se case. 
 
Ver: Arts. 127 e 128 CC/2002 
 
Em relação às condições que invalidam o negócio jurídico, o Código Civil destaca: 
 
As condições puramente potestativas – São aquelas que derivam do exclusivo arbítrio de uma das 
partes. Essa condição caracteriza-se pelo uso das expressões “se eu quiser”, “caso seja do interesse desse 
declarante”. Nesses casos, há um arbítrio injustificado de uma parte em detrimento da outra. 
 
Ver: Art. 122 CC/2002 
 
As condições física ou juridicamente impossíveis – Se a condição for suspensiva, o negócio será 
inválido. Se resolutiva for, o ato ou negócio já possui, de início, plena eficácia, que não será tolhida 
pela condição ilegal. Ou seja, se resolutiva a condição será tida por inexistente. 
 
Ver: Art. 123, I; e art.124 CC/2002 
 
As condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita - De forma peremptória, o Código aponta que essas 
condições invalidam, em qualquer circunstância, os negócios jurídicos que lhes são subordinados. 
 
Ver: Art. 123, II CC/2002 
 
As condições incompreensíveis ou contraditórias - Se a condição não puder ser entendida com 
clareza, se for contraditória dentro do contexto do negócio jurídico. Isto é, se privarem de todo 
efeito o negócio jurídico, a lei pune com a invalidade todo o negócio jurídico a ela subordinado. 
 
Ver: Art. 123, III CC/2002 
 
 
 
 3 
3. TERMO: 
 
Termo é o dia ou o momento em que começa ou se extingue a eficácia do negócio 
jurídico, podendo ter como unidade de medida a hora, o dia, o mês ou o ano. 
 
Termo convencional é a cláusula contratual que subordina a eficácia do negócio 
jurídico a evento futuro e certo. 
 
Denomina-se termo inicial (ou suspensivo ou dies a quo) aquele a partir do qual se pode 
exercer o direito; é termo final (ou extintivo ou dies ad quem) aquele no qual termina a produção de 
efeitos do negócio jurídico. 
 
O termo inicial suspende a eficácia de um negócio até sua ocorrência, enquanto o 
termo final resolve (finda) seus efeitos. Por exemplo, um contrato de locação assinado no dia 25 do mês de 
julho, mas para ter vigência no dia 1º do mês de agosto, esta última data será o termo inicial. 
 
Importante destacar algumas diferenças entre “condição” e “termo”. Na condição, 
tem-se em mira evento futuro e incerto. Já no termo, considera-se evento futuro e certo. Tanto que, 
na condição, o implemento desta pode falhar e o direito nunca vir a se consubstanciar; o termo é 
inflexível e sempre ocorrerá. No termo, o direito é futuro, mas deferido, porque não impede sua 
aquisição, cuja eficácia é apenas suspensa. 
 
Ver: Art. 131 CC/2002 
 
OBSERVAÇÃO: Embora tenhamos afirmado que o termo seja sempre certo, o momento de sua ocorrência pode ser 
indeterminado. Assim, é certo e determinado o vencimento de dívida no dia 30 de outubro. É indeterminado, porém 
certo, o termo fixado para o falecimento de uma pessoa. A doutrina, ainda que impropriamente, denomina, no caso, 
termo certo e termo incerto. É de capital importância saber se o termo é certo (determinado) ou incerto (indeterminado), 
porque a obrigação a termo certo constitui o devedor de pleno direito em mora, enquanto a de termo incerto necessita de 
interpelação do devedor (art. 397 do Código Civil). 
 
O termo, aposto a negócio jurídico, indica o momento a partir do qual seu exercício 
inicia-se ou extingue-se. 
 
Há atos, contudo, que não admitem a aposição de termo. Ou seja, há 
incompatibilidade de fixação de termo nos direitos de personalidade puros, nas relações de família e 
nos direitos que por sua própria natureza requerem execução imediata. Por exemplo: ninguém pode 
fazer adoção ou reconhecer filho subordinando tais atos a termo. 
 
Termo não se confunde com prazo. Tradicionalmente se diz que Prazo é o intervalo 
de tempo que medeia o termo inicial e o termo final. 
 
O termo é o limite, quer inicial, quer final, aposto ao prazo. É o tempo que decorre 
entre o ato jurídico e o início do exercício ou o fim do direito que dele resulta. 
 
Noutro aspecto, o Código Civil traça as disposições gerais sobre a contagem dosprazos. 
 
Ver: Art. 132 CC/2002 
 
 
 
 
 4 
 
Regra geral: as partes fixam prazo dentro do qual deve ser cumprida a obrigação. O 
credor não pode exigir do devedor o cumprimento da obrigação antes do termo. 
 
Ainda que não haja fixação de prazo, há certas obrigações que, por sua natureza, só 
podem ser cumpridas dentro de certo lapso de tempo, como é o caso da construção de uma obra, por 
exemplo. Quando, porém, a obrigação permite e os contraentes não fixam prazo, a obrigação é 
exequível desde logo, com as ressalvas da lei, ou seja, se a execução tiver de ser feita em lugar diverso 
ou depender de tempo. 
 
Ver: Art. 134 CC/2002 
 
4. ENCARGO: 
 
O encargo (ou modo) é restrição imposta ao beneficiário de certa liberalidade. Trata-se 
de ônus que diminui a extensão da liberalidade. Assim, por exemplo, faço uma doação à instituição, 
impondo-lhe o encargo de prestar determinada assistência aos necessitados; Ou faço a doação de uma casa, impondo ao 
donatário obrigação de residir no imóvel. 
 
Geralmente, o encargo é aposto às doações, porém, a restrição é possível em 
qualquer ato de índole gratuita, como nos testamentos, na cessão não onerosa, na promessa de 
recompensa e, em geral, nas obrigações decorrentes de declaração unilateral de vontade. 
 
Ver: Art. 553 CC/2002 
 
Destarte, o encargo apresenta-se como restrição à liberdade, quer estabelecendo 
uma finalidade ao objeto do negócio, quer impondo uma obrigação ao favorecido, em benefício do 
instituidor ou de terceiro, ou mesmo da coletividade. 
 
Não deve, porém, o encargo se configurar em contraprestação. Ou seja, 
contraprestação é tida como contrapartida direta ao benefício concedido (o preço pago para obter a 
vantagem). Já o encargo é um peso atrelado à vantagem recebida e somente pode ser aposto em 
negócios jurídicos gratuitos. 
 
O fato é que ninguém é obrigado a aceitar liberalidade. Se o faz, sabendo ser gravada 
com encargo, fica sujeito ao seu cumprimento. 
 
Em que pese à aparente semelhança, o encargo também não se confunde com a 
condição. O encargo é coercitivo, o que não ocorre com a condição, uma vez que ninguém pode ser 
obrigado a cumpri-la. Doutro lado, a condição suspende a aquisição do direito, se for suspensiva, o 
que não ocorre com o encargo, que não suspende a aquisição e nem o exercício do direito. 
 
Ver: Art. 136 CC/2002 
 
Como nos casos de condição, o encargo deve estampar obrigação lícita e possível. A 
ilicitude ou impossibilidade do encargo torna-o não escrito, valendo a liberalidade como pura e 
simples. Se o ato é fisicamente irrealizável, tem-se, da mesma forma, por não escrito. 
 
Ver: Art. 137 CC/2002 
 
 
 
 5 
 
5. QUADRO COMPARATIVO ENTRE OS ELEMENTOS ACIDENTAIS: 
 
Didaticamente, podemos resumir algumas diferenças existentes entre os 3 elementos 
acidentais do negócio jurídico: 
 
 
CONDIÇÃO TERMO ENCARGO 
 
Subordina o efeito do negócio 
jurídico a evento futuro e incerto 
 
 
Subordina a eficácia do negócio 
jurídico a evento futuro e certo 
 
Constitui cláusula acessória às 
liberalidades, impondo uma 
obrigação ao beneficiário. 
 
 
Identifica-se pelas expressões “se”, 
“enquanto”, “com a condição de...” 
 
 
 
Identifica-se pelas expressões 
“quando”, “a partir de”, “até tal data” 
... 
 
Identifica-se pelas expressões 
“para que”, “com a obrigação de”... 
 
Quanto ao modo de atuação, a 
condição poderá ser: 
 
- Suspensiva: impede que o ato 
produza efeitos; 
- Resolutiva: resolve (extingue) o 
direito transferido pelo negócio. 
 
 
Quanto ao modo de atuação, o 
termo poderá ser: 
 
- Inicial: suspende o exercício, 
mas não a aquisição do direito; 
- Final: resolve (extingue) os efeitos 
do negócio jurídico. 
 
Já o Encargo, não suspende a 
aquisição e nem o exercício do 
direito. No entanto, se não for 
cumprido pelo beneficiário, a 
liberalidade poderá ser revogada.

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