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SOBRE A TEORIA DO DELITO nota de aula -alunos direito penal

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Nota de aula -SOBRE A TEORIA DO DELITO- Ana Cristina Luz
Conceito de Delito: delito e infração: infração penal é considerada o gênero que comporta duas espécies: crime e contravenção. Delito, no Brasil é a mesma coisa que crime. 
Sistema dicotômico ou bipartido: é o sistema brasileiro 
Conceito Formal: do ponto de vista formal crime é a infração da lei do Estado.
Conceito Material: crime, do ponto de vista material, é a infração da lei do Estado tendo por consequência a lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido.
Conceito Legal: (LICP, art.1º): crime é a infração punida com reclusão ou detenção e eventualmente multa cumulativa; contravenção é a infração punida com prisão e/ou multa.Como se vê,não existe no Brasil crime sem a cominação de uma pena.Se o legislador apenas descrever o fato típico,mas não cominar pena,não há que se falar em crime.
Do ponto de vista analítico, cabe distinguir dois conceitos de crime. Como injusto penal é o fato materialmente típico e antijurídico (dois requisitos); entendido como fato punível é o fato materialmente típico + antijuridicidade + punibilidade (fato ameaçado com pena) (três requisitos). A culpabilidade não faz parte do conceito de delito (é fundamental da pena).
Fato materialmente típico coincide com o que se chama de tipicidade penal.A tipicidade penal engloba o fato formalmente típico + lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido; o conceito de tipicidade penal incorpora em seu seio o ( esquecido) conceito material de delito.Sintetizando: a tipicidade, doravante, segundo a perspectiva constitucionalista, já não pode ser entendida só em sentdo formal.Dela faz parte inevitavelmente também o sentido material.Tipicidade penal é igual a tipicidade formal + tipicidade material.
Antijuridicidade: é a contrariedade do fato com o Direito. Todo fato típico materialmente já expressa provisoriamente antijuridicidade, salvo quando presente uma causa de exclusão. 
Punibilidade: o injusto penal (fato materialmente típico e antijuridico) só se torna punível no direito brasileiro se for ameaçado com pena. Sem ameaça de pena não há que se falar em fato punível.
Culpabilidade: é puramente normativa ( não exige requisitos subjetivos) e, ademais, é juízo de reprovação que recai sobre o agente do fato punível.Conta com três requisitos (a) capacidade de entender e de querer ( imputabilidade); (b) consciência da ilicitude ( real ou potencial); (c) exigibilidade de conduta diversa.Não faz parte do delito.Nem tampouco da teoria da pena.está entre o delito e a pena. É fundamento dela. Merece, por isso mesmo, um capítulo separado dentro da teoria geral do Direito Penal.
 Requisitos do Delito:
 Entendido como injusto penal o crime tem dois requisitos: fato materialmente típico e antijuridicidade.
 Entendido como fato punível o crime possui três requisitos: fato materialmente típico + antijuridicidade + punibilidade.
 Requisitos, não elementos do crime: o crime possui requisitos. 
Requisitos genéricos versus requisitos específicos: os genéricos são os requisitos comuns a todos os crimes (fato materialmente típico + antijuridicidade + punibilidade). Específicos são os requisitos descritivos de cada crime ( exemplo: matar alguém, que descreve o delito de homicídio).
Elementares do delito e circunstâncias: Elementares são os dados descritivos essenciais de cada crime. São os dados nucleares ( sem os quais não se identifica o delito). Normalmente aparecem no caput do artigo de lei. Circunstâncias são dados que o legislador agrega para aumentar ou diminuir a pena. Normalmente aparecem nos parágrafos do artigo de lei. No caso de crime qualificado ( furto qualificado, v.g.), fala-se em circunstâncias elementares. São circunstâncias ( agregadas à descrição típica fundamental), mas ao mesmo tempo elementares de uma nova forma de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
Requisitos típicos expressos e requisitos típicos implícitos. Os primeiros são os requisitos descritivos do delito (requisitos literais). Os segundos ( implícitos) bipartem-se em pressupostos do crime (por exemplo: a gravidez é pressuposto do aborto) e requisitos normativos ( imputação objetiva)
 Sistemas do delito:
Bipartido: enfoca o delito como fato típico e antijurídico. O crime conta com dois requisitos apenas. Esta é a posição, por exemplo, do finalismo minoritário brasileiro. Para a teoria dos elementos negativos do tipo o crime também teria dois requisitos: tipicidade antijurídica e culpabilidade. Diz que as justificantes ( causas de exclusão da antijuridicidade) são requisitos negativos do tipo. Logo, não haveria distinção entre tipicidade e antijuridicidade. Ao lado da tipicidade antijurídica aparece a culpabilidade. 
Tripartido: fato típico, antijurídico, culpável ( é o predominante mundialmente falando; inclusive o finalismo mundial admite esse sistema a partir de Wenzel).
 Quadripartido: Fato típico, antijurídico, culpável e punível (parte da doutrina italiana enfoca o delito desse modo; também é a posição de Muñoz Conde).
Quitupartido: Conduta, tipicidade, antijuridicidade, culpabilidade e punibilidade. Esse sistema dá especial atenção à conduta, como base de todo delito ( analisando-a separadamente da tipicidade).
Professora Maria Helena: Crime entendido como injusto penal: sistema bipartido (fato ofensivo típico + antijuridicidade); crime entendido como fato punível: sistema tripartido: fato materialmente típico + antijuridicidade + punibilidade. A culpabilidade está fora do conceito de delito. É fundamento da pena.
 Teorias causalista, finalista e constucionalista do delito 
As distinções básicas entre tais teorias são as seguintes: 
Conceito de conduta (de ação): 
Teoria causalista : Movimento corpóreo capaz de produzir alguma alteração no mundo exterior. Dela na faz parte nem o dolo nem a culpa; 
Teoria finalista : Comportamento humano consciente dirigido a uma finalidade (comportamento doloso ou culposo); 
Teoria constitucionalista: É a realização voluntária de um fazer ou não fazer ( ação ou omissão), dominado ou dominável pela vontade
Características da conduta:
TC: Ato voluntário ( Vontade de fazer ou não fazer); 
TF: Ato doloso ou culposo; 
TCo: Ato voluntário consistente em um fazer ou não fazer, dominado ou dominável pela vontade. O dolo não é valorado no âmbito da conduta (como faz o finalismo), sim, na última etapa (no momento subjetivo) do fato materialmente típico. Já a culpa é valorada no momento axiológico ( segunda etapa) do fato materialmente típico.
Conceito do tipo penal: 
Tc: É o conjunto dos dados descritivos do crime; 
TF: É o conjunto dos requisitos objetivos do crime;
TCo: É o conjunto dos requisitos objetivos que definem uma determinada forma de ofensa ao bem jurídico.
Conceito de fato:
Tc: É o conjunto dos fatos descritivos do crime;
TF: É o conjunto dos requisitos objetivos do crime;
TCo: É o conjunto dos requisitos objetivos que concorrem para a configuração de uma determinada forma ofensa ao bem jurídico. Compreende: a conduta ( seus pressupostos, seu objeto e seus sujeitos), o resultado ( nos crimes materiais), o nexo de casualidade ( entre a conduta e o resultado), assim como requisitos outros exigidos pelo tipo (requisitos temporais, espaciais etc.). 
Conceito de fato típico:
Tc: É a mera subsunção do fato à letra da lei;
TF: É o fato que preenche todos os requisitos objetivos descritos na lei penal (é o fato adequado à letra da lei);
TCo: É o fato concreto ( da vida real) que realiza ( que preenche) todos os requisitos objetivos de uma determinada forma de ofensa ao bem jurídico.
Requisitos do fato típico:
Tc: Conduta voluntária (neutra: sem dolo ou culpa), resultado naturalístico (nos crimes materiais), nexo de causalidade e tipicidade forma; 
TF: Conduta dolosa ou culposa, resultado naturalístico ( nos crimes materiais), nexo de causalidade e tipicidade formal;
TCo: 
1º) Conduta humana voluntária (realização formal ou literal da conduta descrita na lei; concretização da tipicidade formal);2º) Resultado naturalístico (nos crime materiais – exemplo: homicídio);
3º) Nexo de causalidade (entre a conduta e o resultado naturalístico);
4º) Tipicidade formal (adequação do fato à letra da lei);
5º) Resultado jurídico relevante (ofensa ao bem jurídico = desvalor do resultado = lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico);
6º) Imputação objetiva da conduta (leia-se: criação ou incremento de um risco proibido penalmente relevante e objetivamente imputável à conduta);
7º) Imputação objetiva do resultado jurídico, que significa duas coisas: (a) conexão direita do resultado jurídico com o risco proibido criado ou incrementado; (b) que esse resultado esteja no âmbito de proteção da norma;
8º) Imputação subjetiva (nos crimes dolosos).
Conceito de dolo:
TC: Consciência e vontade livre dirigida a um resultado (naturalístico) antijurídico; 
TF: Consciência e vontade de concretizar os requisitos objetivos do tipo;
TCo: Consciência e vontade de concretizar os requisitos objetivos do tipo que conduzem a (que geram) um resultado jurídico relevante ( lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido) desejado ( dolo direto de primeiro grau) ou esperado (assumido) como possível ( dolo eventual).
Observação: No dolo direto de segundo grau o agente tem consciência e vontade de concretizar os requisitos objetivos do tipo que conduzem a (que geram) um efeito colateral típico ( um resultado) decorrente do meio escolhido e representado como certo ou necessário.
Exemplo: O dono provoca o incêndio do seu navio com o propósito de enganar a seguradora (o estelionato faz parte do dolo direto de primeiro grau). As mortes dos passageiros e dos tripulantes constituem efeitos colaterais típicos decorrentes do meio escolhido (incêndio). Se o agente representou tais mortes como certas ou necessárias ( leia-se: Se tinha consciência de que elas ocorreriam), ouve dolo direto de segundo grau. Nesse exemplo: o estelionato faz parte do dolo direto de primeiro grau; Os homicídios integram o dolo direto de segundo grau. E se o agente não tinha certeza da presença no navio de qualquer pessoa, mas agiu de qualquer maneira aceitando que alguém pudesse morrer: há nesse caso dolo eventual.
Requisitos do dolo:
TC: consciência da ação e do resultado; consciência do nexo de causalidade ; consciência da ilicitude; vontade de realizar a ação e produzir o resultado antijurídico;
TF: consciência da conduta e do resultado; consciência do nexo causal; vontade de realizar a conduta e produzir o resultado naturalístico (nos crimes materiais);
TCo: consciência dos requisitos objetivos do tipo; consciência do risco criado pela conduta; consciência do resultado jurídico (lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico); vontade de realizar os requisitos objetivos do tipo que conduzem ao resultado jurídico desejado (dolo direto de primeiro grau) ou esperado (assumido) (dolo eventual) ou à produção de um efeito colateral típico representado como certo ou necessário (dolo direto de segundo grau).
Conceito de culpa:
TC: realização voluntária de uma conduta sem a devida atenção ou cuidado da qual derivam um resultado não desejado nem previsto, embora fosse previsível;
TF: inobservância do cuidado objetivo necessário que se exterioriza numa conduta que produz um resultado naturalístico previsível (objetiva e subjetivamente);
TCo: Realização voluntária de uma conduta que cria ou incremente um risco proibido relevante do qual deriva uma previsível (mais não desejada nem admitida como certa) lesão ou perigo concreto de lesão (resultado jurídico) ao bem jurídico protegido.

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