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2 fase DIR PENAL PARTE GERAL

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DIR. PENAL – PARTE GERAL – PROF. MARCELO LEBRE
Parte Geral do Direito Penal engloba:
	Teoria da Norma
	Teoria do Delito
	Teoria da Pena
Essas aulas vão ajudar a resolver as questões e a fazer as teses de direito nas peças.
AULA 01
TEORIA DA NORMA
1 – PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL:
	Para falar de teoria da norma eu tenho que antes de mais nada relembrar os princípios da do direito penal.
1.1. Princípio da Legalidade
	Não existe crime e nem pena sem prévia cominação legal. A lei é a fonte primária do direito penal. Este princípio está previsto logo no art. 1º, do CP e na CF, art. 5º, XXXIX.
1.2. Princípio da Intervenção Mínima
	O direito penal é a último ratio, é a última razão, não é o primeiro ramo do direito que eu tenho que chamar quando eu quero proteger um bem jurídico.
1.3. Princípio da Fragmentariedade
	O direito penal não protege todos os bens jurídicos, somente protege os mais importantes.
1.4. Princípio da Lesividade
	Só interessa para o direito penal as condutas que podem gerar uma lesão a bem jurídico de outrem. Deste princípio desabam duas consequências: o pensamento é criminalmente impunível; autolesão não é criminalmente punível.
1.5. Princípio da Culpabilidade
	A culpabilidade é o fundamento e o limite da pena, ou seja, só posso aplicar pena em quem cometeu o crime, em quem é culpável e quanto maior a culpabilidade maior a pena.
	A responsabilidade penal é sempre subjetiva, é sempre pessoal, chamado dolo.
	No Brasil, adotamos o modelo chamado direito penal do fato, porque pune o sujeito pelo que ele fez e não pelo que é. O que importa se sobre a conduta dele recai ou não uma reprovação.
1.6. Princípios da Pena
a) pessoalidade: a pena não passará da pessoa do acusado (art. 5º, XLV, CR).
b) individualização: cada caso é um caso, cada crime tem sua particularidade, por isso há pena mínima e uma máxima, portanto, cabe ao juiz individualizar a pena (art. 5º, XLVI, CR)
c) proibição do bis in idem: é proibida a dupla punição, ninguém pode ser duplamente punido pelo mesmo fato.
1.7. Princípio da Insignificância e da Adequação Social
1.8. Princípio da Humanização
	É o princípio que prega o respeito irrestrito da pessoa humana (art. 1º, III, CR e 5º, XLVII, CR). Por mais que ele tenha cometido o crime, ele ainda é ser humano e merece ser respeitado como tal.
2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
2.1. Tempo
a) regra: art. 2º, caput, do CP – o tempo rege o ato. Isso quer dizer que, em regra, se aplica a lei vigente quando o ato foi praticado, isso porque adotamos a teoria da atividade (art. 4º, do CP).
b) exceção: art. 2º, §ú, do CP – novatio legis in mellius. Se depois do crime vier uma nova lei mais benéfica ao réu é esta lei que eu tenho que aplicar, de maneira retroativa, como se fosse ela a lei vigente a época dos fatos. Se a nova lei for “in pejus”, ou seja, em prejuízo do réu, aí ela não retroage.
Obs.:
- Abolitio Criminis: é a descriminalização do fato. É uma espécie de novatio legis in mellius
- Lei temporária e excepcional: a lei temporária vai durar só durante um lapso temporal, terminou esse lapso, acabou a vigência da lei; a lei excepcional é feita para período de anormalidade, cessou a anormalidade, cessou a vigência da lei excepcional. Nenhuma das duas foi feita para durar para sempre. Mas há um problema: o sujeito praticou um crime previsto em uma lei temporária, depois que acabou a vigência dessa lei, veio uma nova lei; na lei temporária previa uma lei de 10 anos, aí veio a nova lei que previa uma pena de 5 anos, então essa nova lei é uma espécie de novatio legis in mellius, ocorre que nesse caso ela não retroagirá! Isso porque, o crime foi praticado durante a vigência de uma lei temporária, o mesmo ocorre se for lei excepcional (art. 3º, CP). 
- Súmula 611, do STF: o trânsito em julgado não é um empecilho para retroatividade da novatio legis in mellius, e nesse caso, a competência é do juiz da vara de execuções (art. 66, da LEP e Súmula 611, STF).
- Súmula 711, do STF: sempre que tiver uma sucessão de leis durante um crime continuado ou permanente eu aplico a lei que estava em vigor, mesmo se esta lei for mais grave que a primeira lei. Mas isso só vale para crimes continuados e permanentes.
- Tráfico de Drogas: ter drogas em depósito é um crime permanente, imagine que um sujeito tenha droga em depósito de 2006 a 2008, e nesse tempo houve uma sucessão de leis penais. E nesse caso, tem que ser aplicado a pena que entrou em vigor por último durante o a permanência do crime.
2.2. Espaço
a) regra: só posso aplicar a lei brasileira se o crime for praticado no Brasil, pelo princípio da territorialidade (art. 5º, do CP). O território brasileiro comporta o território real (espaço físico/terra, aéreo e marítimo) e território por extensão (navios e aeronaves públicas, particulares de bandeira estrangeira que estejam em nossos portos ou aeroportos; particulares de bandeira brasileira que esteja em território de ninguém – em alto-mar).
	O nosso CP adotou a teoria da ubiquidade (art. 6º, CP), seja a conduta ou o resultado se aplica ocorrido no território brasileiro, aplica-se a lei brasileira.
b) exceção: extraterritorialidade, são casos em que mesmo o crime não ocorrendo no Brasil, se aplica a lei brasileira (art. 7º, CP – rol taxativo).
Obs.:
- Art. 1º, lei 9.455/97 traz o crime de tortura, que embora não esteja no rol do art. 7º, do CP, vige a extraterritorialidade.
- A aplicação da lei penal no tempo e no espaço funciona de um jeito, de maneira que não se aplica ao processo penal.
3. CONFLITO APARENTE DE NORMAS
	São casos em que parece ser possível a incidência de mais de um crime, mas na verdade não é. O nosso papel é identificar qual crime será aplicável.
3.1. Princípio da Consunção ou Absorção 
	Crime fim, absorve o crime meio (ex.: invadi o domicílio para realizar um furto, o furto absorve o delito de invasão).
4. COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS
	É pegar parte de uma lei e juntar com a parte de outra lei. Existem duas correntes, a primeira diz que é possível a combinação, desde que seja em benefício do réu, porém o STJ editou a súmula 501, que proibiu a combinação de leis penais.
AULA 02 a 04
TEORIA DO DELITO
1 – CRIME
	Para o conceito Analítico, crime é a conjugação de um fato típico, antijurídico e culpável. É analítico porque pressupõe a presença desses requisitos e é função da acusação mostrar que está preenchido e o nosso papel é mostrar que não está preenchido esses requisitos.
1.1. FATO TÍPICO
Fato Típico = CONDUTA HUMANA + RESULTADO + NEXO CAUSAL + TIPO LEGAL
	Fato típico é a conjugação de uma conduta humana a qual gera um resultado, ligados por um nexo causal. Mas, não é qualquer conduta que interessa para o direito penal, por isso é necessário também um tipo legal. 
	Agora vamos analisar cada requisito que compõe o fato típico:
a) Conduta Humana
- Conceito: Conduta humana é uma ação ou omissão, voluntária e consciente direcionada a um determinado fim. Ausente a conduta humana, não tem fato típico, logo não há crime.
- Causas de exclusão da conduta humana: 
	Coação física irresistível – força motora externa
	Caso fortuito – é sinônimo de fatalidade, foge do controle de vontade
	Força maior – atos da natureza
	Atos reflexos – são movimentos neuro-motores provocados por estímulos. Obs.: não confundir com movimentos extintivos, porque há formação de vontade
	Estado de inconsciência – a pessoa precisa estar consciente da sua conduta.
- Formas de conduta humana: existem duas formas de conduta, ação ou omissão.
	1) Crimes comissivos, o direito penal pune o sujeito por um fazer (ex.: matar alguém), a maioria dos crimes pressupõem uma ação.
	2) Crimes omissivos são aqueles que pressupõem um não fazer, o sujeito tinha obrigação de agir e se absteve (ex.: crime de omissão de socorro). 
- Esses crimes omissivos eles podem ser subdivididos em omissivos próprios e omissivos impróprios, nos dois casos o sujeito tinha um dever de agir e não agiu. A diferença entre os crimes omissivos próprios e imprópriosé a origem, de onde vem o dever de agir.
- Se o dever de agir vem do próprio dispositivo da lei, é omissivo próprio. (ex.: art. 135 – omissão de socorro; art. 244 – abandono material; art. 269 – omissão na notificação de doença; art. 304, CTB – omissão de socorro).
- Os crimes omissivos impróprios também são chamados de crimes comissivos por omissão (ex.: o padrasto estuprava a enteada, pratica uma conduta comissiva, e a mãe sabia e não fazia nada, a mãe tem posição de garante, logo ela também pratica o crime de estupro, a sua forma omissiva imprópria ou comissiva por omissão).
- Se o dever de agir vem de uma posição de garantidor que o sujeito foi colocado, é omissivo impróprio, o sujeito tem o dever de agir e não age, aí ele responde, mas se ele tentar e não conseguir, aí não há responsabilização (ex.: médico fez tudo que podia para salvar o paciente e não conseguiu – não é responsabilizado).
- Somente algumas pessoas foram colocadas nessa posição de garantidor, há três hipóteses, art. 13, §2º, CP – dever legal (pai e mãe em relação a criança), contratual (médico em uma sala de cirurgia) e ingerência (a conduta anterior do sujeito gerou o risco de produzir o resultado danoso para a vítima)
b) Resultado
- Conceito: é a alteração no mundo dos fatos propiciada pela conduta de alguém. 
- Todo crime demanda um resultado, seja um resultado real ou potencial (ex.: dirigir embriagado sem atingir ninguém), porque rege o princípio da lesividade, o qual diz que só interessa para o direito penal as condutas que podem gerar uma lesão.
- De um lado existem os crimes de dano e de outro lado existem os crimes de perigo, os quais levam em conta a lesão. 
- Se um crime demanda obrigatoriamente uma lesão, é um crime de dano, porque só se perfaz se ocorrer a lesão. Mas há crimes que não perfazem o resultado, os quais são chamados de crime de perigo, aqui se pune o risco de lesão, uma lesão potencial (ex.: porte de arma de fogo, crime contra a relação de consumo).
- Os crimes de perigo podem ser divididos em duas categorias:
	Crimes de perigo concreto: a acusação tem que provar no processo que a conduta do sujeito realmente gera um risco (ex.: falsificação de medicamento; crime contra relação de consumo) – minha função é provar que o risco não existia.
	Crimes de perigo abstrato: o perigo é presumido pelo próprio legislador, a única obrigação da acusação é provar que houve o fato, é mais fácil de condenar o sujeito (ex.: dirigir embriagado – basta provar que o motorista está embriagado).
- Classificação dos crimes quanto ao resultado:
	Crimes materiais: são aqueles em que o legislador descreve qual é a conduta proibida, descreve o resultado e exige o resultado para a consumação. Ou seja, o crime só será consumado quando o resultado acontecer (ex.: homicídio).
	Crimes formais: o legislador descreve qual é a conduta, descreve o resultado, mas não exige o resultado para a consumação do crime (ex.: art. 159, CP – extorsão mediante sequestro).
	Crimes de mera conduta: o legislador descreve apenas a conduta proibida, sequer descreve qual é o resultado (ex.: invasão de domicílio)
c) Nexo causal
- Conceito: é a ponte de ligação entre a conduta de alguém e o resultado. É o elo que vincula a conduta ao resultado.
- Art. 13º, caput, CP: esse artigo adota a teoria da equivalência dos antecedentes, ou seja, é causa tudo aquilo que contribui para o resultado, mas isso não quer dizer que tenha responsabilidade. Não basta só o nexo causal, precisa dos outros elementos para se ter crime.
- O problema é quando o resultado é fruto de vários nexos causais, as chamadas concausas. 
- Concausas: são causas adjacentes que se vinculam a uma conduta principal, contribuindo para a produção do resultado. 
- Nas concausas, o resultado não foi fruto de apenas uma causa, mas sim de várias causas (ex.: dou uma facada na pessoa com intenção de matar, mas a pessoa não morre, vai para o hospital de ambulância, a ambulância explode no meio do caminho e a pessoa morre)
	Como responde o responsável pela conduta principal (ex.: que deu as facadas)? 
	Só tem duas respostas possíveis: responde pelo resultado como todo ou só pela parte que fez. Como saber isso? Através das espécies de concausas.
- As concausas podem ser dependentes ou independentes (absoluta ou relativamente independentes, que podem ser pré-existentes, concomitantes ou supervenientes).
- Se houver o rompimento do nexo causal o agente responde por apenas aquilo que fez (ex.: pela facada). Do contrário, responde pelo todo.
	Qual foi a conduta? Dar a facada, almejando o resultado morte da vítima. Abstratamente falando, uma facada pode gerar esse resultado? Sim. Então, essa conduta pode gerar o resultado morte, logo houve nexo causal e a pessoa responde por homicídio consumado.
	No exemplo da ambulância, dei a facada e o resultado estava no caminho de acontecer, a pessoa não morreu pela facada, foi socorrido pela ambulância, que no meio do caminho explodiu e ROMPEU o nexo que ligava a minha conduta com o resultado. Não tinha como saber se a facada iria com certeza matar ele. Como houve o rompimento, eu respondo somente pelo que eu fiz, tentativa de homicídio.
- Espécies de concausa:
	Concausa dependente – TODO: a concausa decorre da conduta principal, é como se fosse uma continuação lógica da conduta principal (x.: dei um tiro na pessoa e a pessoa morreu pela hemorragia que o tiro causou)
	Concausa Independente: aquela que nasce fora da conduta principal
	Concausa Independente Absoluta – FEZ: não tem nada a ver com a conduta principal, é totalmente alheia à conduta principal
	Concausa Independente Relativa: não nasceu na conduta principal, mas de alguma forma existe uma relação entre elas.
	Concausas Independente Relativa Pré existente – TODO: ex.: dar facada em uma pessoa sabendo que ela é hemofílica
	Concausas Independente Relativa Concomitante – TODO: ex.: ameaço a pessoa de morte com uma arma e essa pessoa infarta com o susto e morre.
	Concausas Independente Supervenientes – FEZ: é a única prevista em lei, no art. 13, §1º, do CP – é o clássico exemplo da ambulância.
- Temos só duas hipóteses em que há o rompimento do nexo causal com o resultado: concausa independente absoluta e a independente superveniente.
d) Tipicidade ou Tipo Legal
- Conceito: é o conjunto de elementos (objetivos e subjetivos) que faz com que a conduta de alguém seja contrária a uma norma penal.
- Os elementos podem ser de ordem objetiva e outros de ordem subjetiva. Toda figura típica é composta de elemento objetivo, normativo e subjetivo, e é muito fácil identifica-los em qualquer tipo penal:
	Tipicidade Objetiva – indica qual é o conteúdo proibitivo de uma norma, é o verbo, ou seja, o que eu não posso fazer. 
Obs.: existe uma classificação que levam em conta o tipo objetivo: simples (aqueles compostos por apenas um verbo – ex.: homicídio, furto) e misto (engloba várias ações nucleares, vários verbos – ex.: tráfico de drogas). Os tipos objetivos mistos ainda podem ser classificados como mistos alternativos (não importa quantos verbos o sujeito pratique, ele ainda vai estar cometendo um crime só – ex.:, crime de estupro, tráfico de drogas) e mistos cumulativos (quanto mais verbo o sujeito praticar, mais crimes ele pratica – ex.: art. 242, CP).
	Tipicidade Normativa - é tudo aquilo que demanda um juízo de valor
	Tipicidade Subjetiva – é a vontade, é a intenção de fazer algo que é proibido, encontrado na tipicidade objetiva.
- Para que uma figura seja típica é necessário ter todos esses elementos. Se faltar um desses elementos a conduta torna-se atípica.
- Elemento Subjetivo do Tipo (tipicidade subjetiva)
	É aqui que se encontra o dolo e a culpa (art. 18, do CP). O dolo traduz a ideia de querer, já a culpa pressupõe o contrário, pressupõe um não querer, para eu ter um crime culposo o sujeito tem que quebrar o dever de cuidado. Todas as relações sociais demandam que a gente tenha cuidado. O dever de cuidado é quebrado de três formas: negligência, imprudência e imperícia.Negligência, é sinônimo de falta de atenção, falta de cuidado (ex.: um cirurgião que ao fazer uma cirurgia com pressa esquece uma pinça dentro do paciente e o paciente morre).
	Imprudência, é aquele que pratica um fato excessivamente perigoso, que foge da normalidade.
	Imperícia, é a falta de aptidão técnica, é se meter a fazer aquilo que você não sabe. 
	É possível que no mesmo caso o sujeito reúna as três categorias, mas ainda assim o crime é um só (ex.: o sujeito não sabe dirigir, dirige na contra mão e em alta velocidade)
	Art. 18, §ú: dolo é a regra, a culpa é uma exceção. Em regra, então os crimes existem apenas na forma dolosa, são raros os crimes que existem na forma culposa (art. 121, caput: dolodo; Art. 121, §3º, culposo – mas aí tem que comprovar que ele agiu negligente, imperícia e imprudência para que o sujeito seja punido na forma culposa)
	Se na peça dizer claramente que o sujeito não tinha intenção, não tinha vontade, eu peço a modalidade culposa, se não houve modalidade culposa eu peço a absolvição pela atipicidade. O próprio artigo vai dizer se o crime admite ou não a forma culposa.
	Crime preterdoloso é mais raro que crime culposo. Ex.: lesão corporal seguida de morte – art. 129, §3º. A intenção era só de lesionar, mas com essa conduta o sujeito veio a ter o resultado morte. Então o crime preterdoloso é o dolo no início e a culpa no final, como no caso da lesão corporal seguida de morte.
	Qual a diferença entre um crime preterdoloso e um crime qualificado pelo resultado morte? No preterdoloso, obrigatoriamente eu tenho que ter dolo no início e a culpa no final. No crime qualificado pelo resultado, eu tenho dolo no início e no final tanto a culpa quanto o dolo, ou seja, o resultado final pode ser provado tanto a título culposo ou a título doloso, é indiferente.
- Espécies de dolo e de culpa:
	Dolo Direto de 1º grau – o sujeito quer e faz, é o dolo propriamente dito.
	Dolo Direto de 2º grau – é o dolo das consequências necessárias, o sujeito passa por cima de tudo para conseguir o fim.
	Dolo Eventual (indireto) – o sujeito não queria diretamente o resultado, porque ele assume o risco de produzir o resultado (ex.: tirar raxa). Na prova, eu tenho que pedir a desclassificação do dolo eventual para a culpa consciente, e se for crime doloso contra a vida eu peço a remessa dos autos para o juiz competente.
	Culpa Consciente - o sujeito sabe que o resultado pode acontecer, ele antevê o resultado, mas mesmo assim, ele acredita que com ele não vai acontecer.
	Culpa Inconsciente – o sujeito sequer prevê o resultado que era previsível por qualquer pessoa. Ele não quer, mas faz, porque não previu o resultado.
- Causas de exclusão da tipicidade:
	Existem três grandes hipóteses que excluem o tipo penal:
	1) Princípio da Insignificância:
	Também é conhecido como bagatela. Não confundir o princípio da insignificância com crimes de menor potencial ofensivo. Esse princípio não é encontrado na legislação, ele é um princípio doutrinário. Se a lesão provocada for ínfima o direito penal não deve intervir.
	A consequência da aplicação desse princípio afasta a tipicidade, tornando a conduta atípica, devo pedir então a absolvição por ausência de tipicidade (art. 386, III).
	O problema é que esse princípio não é amparado pela lei, por isso são necessários quatro requisitos para a insignificância: mínima ofensividade da conduta; ausência de periculosidade; reduzido grau de reprovação; inexpressividade da lesão. Esses requisitos não têm nada de objetivos, por isso, não é só o valor econômico da res furtiva que eu tenho que analisar, eu tenho que analisar o caso concreto individualmente.
	Casos que NÃO ADMITEM insignificância: crimes violentos; tráfico de drogas; furto qualificado; crime de moeda falsa; crimes previdenciários, crime de contrabando (mercadoria proibida).
	Casos que ADMITEM insignificância: crimes ambientais – não todos; atos infracionais – não todos; crime de descaminho (mercadoria lícita, mas sem pagar tributo) – depende do valor do tributo, menor que R$ 10.000,00 para jurisprudência pacífica, até 2012, e menor que R$ 20.000,00 para jurisprudência não pacífica, de 2012 para frente.
	2) Princípio da Adequação Social:
	Esse princípio também não tem amparo legislativo, é doutrinário. Se a conduta é socialmente aceita ou tolerável, o direito penal não deve intervir (ex.: lesões esportivas no UFC, pois existem regras dentro do esporte; circuncisão; intervenções médico cirúrgicas).
	O problema é que não há muita jurisprudência, esse princípio não ganhou muito amparo judicial. Mas e quanto cd e dvd pirata? O crime é violação de direitos autorais, crime contra a propriedade imaterial, segundo a Súmula 502, do STJ, é crime sim vender e produzir e vender cd e dvd pirata, não dá para aplicar o princípio da insignificância e nem princípio da adequação social.
	3) Erro de Tipo (art. 20, CP): será visto mais para frente, para ser colocado lado a lado com o erro de proibição.
2 – ANTIJURIDICIDADE
- Conceito: é a qualidade de um comportamento não autorizado pelo direito. 
- Dizer então que uma conduta é antijurídica ela é contrária ao ordenamento como um todo. Falar de antijuridicidade é falar de ilicitude.
- Para nós, o que vai interessar são as hipóteses que afastam, que excluem a ilicitude de uma conduta, porque não havendo a ilicitude não há crime. Antes disso, temos uma teoria que rege a relação entre a tipicidade e a antijuridicidade.
- Teoria Indiciária: em regra, toda conduta típica a princípio é também antijurídica, ilícita. Contudo, existem algumas hipóteses, em que a minha conduta apesar de típica é justificável, há justificadoras. São causas que afastam a ilicitude de uma conduta típica. Ou seja, toda conduta típica é antijurídica, salvo se tiver alguma causa de exclusão da ilicitude, chamadas causas justificadoras.
- As causas justificadoras são de duas ordens, causas legais, que são aquelas previstas em lei (ex.: art. 23, CP) e causas supralegais, as quais não estão previstas em lei.
- Causas justificadoras legais: estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito.
- Causas justificadoras supralegais: consentimento do ofendido.
- Mas para aplicação dessas excludentes de antijuridicidade há requisitos a serem cumpridos:
a) Requisitos para o Estado de Necessidade (art. 24, CP): 
	1) tem que ter um perigo;
	2) uma possibilidade concreta de lesão ao bem jurídico; 
	3) o perigo tem que ser atual; 
	4) tem que haver involuntariedade e inevitabilidade; 
	5) tem que proteger um direito próprio ou alheio; 
	6) o sacrifício do bem não era exigível, pois há pessoas que tem obrigação de sacrificar o próprio bem jurídico para proteger o bem jurídico de outro (ex.: salva-vidas; bombeiro), esses, a princípio não podem alegar o estado de necessidade, uma vez que o direito não pode exigir de ninguém atos sobre-humanos, pois diante da situação não tinha nada a ser feito ou pleitear a redução de pena; 
	7) requisito subjetivo, saber que está agindo em estado de necessidade.
b) Requisitos para a Legítima Defesa (art. 25, CP): 
	1) tem que haver uma agressão; 
	2) obrigatoriamente tem que partir de um ser humano – ex.: se eu estou passando pela rua e um cachorro vem me morder e eu dou uma paulada nele, eu ajo em estado de necessidade porque estava diante de um perigo. Agora se eu estou passando pela rua e o vizinho atiça o cachorro dele para me atacar e eu dou uma paulada no animal, eu ajo em legítima defesa, porque sofri uma agressão do meu vizinho que utilizou o cachorro dele como uma arma;
	3) o perigo tem que ser atual ou iminente – se a agressão foi pretérita, não foi legítima defesa, foi vingança, aí tem crime;
	4) a agressão tem que ser injusta – quer dizer que a agressão tem que ser indevida, ilícita;
	5) proteção de direito próprio ou alheio – cabe legítima defesa de terceiros;
	6) emprego de meios necessários e moderados – tem que analisar o contexto fático para saber se o meio é necessário e moderado;7) requisito subjetivo, saber que está agindo em legítima defesa
- Legítima defesa recíproca: também conhecida como legítima defesa de legítima defesa, isso não pode, não existe. Então eu não posso alegar legítima defesa de uma legítima defesa.
- Legítima defesa sucessiva: isso existe, é a legítima defesa contra um ato de excesso.
- Ofendículus: também conhecidos como defesas mecânicas pré-dispostas. Ofendículus são aparatos instalados previamente com objetivo de ofertar proteção a algum bem (ex.: cerca elétrica). Se o bandido ao entrar na minha casa morrer por causa do meu ofendiculo, eu respondo por legítima defesa? Depende, se for legítima defesa pré-ordenada.
- Legítima defesa pré-ordenada: se o ofendiculo/aparato for visível e não atingir terceiros inocentes, nesses casos é possível falar em legítima defesa. É necessário verificar se esses dois requisitos estão presentes.
c) Estrito Cumprimento do Dever Legal: estrito cumprimento do dever legal são casos em que existe uma obrigação legal voltada para um agente público realizar certas condutas, dando-lhe poderes, inclusive, para a prática de fatos típicos. (Ex.: invasão de domicílio por oficial de justiça para cumprir um mandado de prisão)
d) Exercício Regular de Direito: todo aquele que exerce um direito assegurado pelo ordenamento jurídico não atua de forma ilícita. Se o ordenamento jurídico me autoriza a praticar tal conduta, o direito penal não vai poder me impedir, ninguém pode me dizer depois que é ilícito. Se eu tenho direito de ser de um jeito ou fazer alguma coisa, não posso ser preso por isso, pois estou no exercício regular do meu direito. Então eu tenho que demonstrar que meu cliente estava no seu direito de agir de tal forma.
e) Consentimento do Ofendido: ele não está previsto em lei, por isso é uma causa supralegal. Essa excludente de ilicitude ocorre quando o titular de um bem jurídico abdica da proteção legal e isso faz com que o direito penal perca o interesse na proteção daquela situação jurídica. Mas isso desde que: 
	1) o consentimento seja pretérito ou concomitante da conduta lesiva; 
	2) o consentimento tem que ser válido, não pode ser viciado por ameaça, violência, etc; 
	3) o bem jurídico tem que ser disponível (crimes contra patrimônio e contra honra), não pode ser inalienável, tipo a vida; 
	4) tem um caso que o consentimento do ofendido não afasta a ilicitude, mas a própria tipicidade, o que é bem mais benéfico para o réu. Isso ocorre quando o dissenso da vítima é elementar do tipo penal, exemplo disso é o crime de estupro, o qual se perfaz pela prática não consentida de conjunção carnal, ou seja, o que caracteriza o crime de estupro não é o ato sexual, mas sim o dissenso da vítima. Então o consentimento da vítima afasta a tipicidade da conduta.
- Art. 23, §ú, CP: o excesso é punível, aquele que se excede no emprego de uma excludente PERDE a excludente, isso ocorre em qualquer uma das excludentes. O CP vai além, diz que o excesso doloso ou culposo é punível.
3 – CULPABILIDADE
- Conceito: é o juízo de reprovação que recai sob a conduta do agente. No direito penal brasileiro, eu só punir o agente porque ele é culpável, mas para isso são necessários três requisitos cumulativos.
- Requisitos para culpabilidade:
	1) Imputabilidade: 
	É sinônimo de capacidade. Dizer então que o sujeito é imputável, é dizer que ele é capaz de entender o que faz e de se comportar (capacidade cognitiva) conforme esse entendimento (capacidade volitiva). Se ele não tem uma dessas capacidades ou não tem as duas, ele pode ser inimputável ou semi-imputável.
	Se o sujeito é plenamente capaz, imputável e comete o crime ele recebe uma pena. Se o sujeito é inimputável, ele recebe uma medida de segurança. Agora, se o sujeito é semi-imputável, relativamente incapaz, em regra recebe uma pena reduzida, só que tem um detalhe, o juiz pode impor uma medida de segurança.
	O momento para verificação da capacidade do sujeito, tem que ser verificado como era a capacidade dele no momento do ato praticado.
	Mas há causas que tornam o sujeito inimputável: menoridade; doença mental; desenvolvimento mental incompleto; hipóteses de embriaguez (álcool ou drogas lícitas e ilícitas) acidental.
	2) Potencial Consciência da Ilicitude:
	Diz respeito a noção do certo e do errado. Aquele que perde a consciência da ilicitude não pode ser punido. E só um caso afasta a potencial consciência de ilicitude: o erro de proibição.
	3) Exigibilidade de Conduta Diversa:
	O sujeito sabe que a conduta é errada, pratica a conduta errada e com isso o direito penal tem o direito de puni-lo, pois exigia do sujeito uma conduta diversa daquela praticada.
	 Ocorre que, o direito penal pode perder esse direito de exigir de mim conduta diversa, são duas hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa, são elas: coação moral irresistível e obediência hierárquica.
	Coação moral irresistível – violência psíquica irresistível e isso afasta o crime, se for resistível é crime, mas é considerada uma atenuante da pena.
	Obediência hierárquica – é uma ordem de uma autoridade superior para uma autoridade inferior.
AULA 05
TEORIA DO ERRO
	De um lado temos o erro de tipo (art. 20, CP) e o erro de proibição (art. 21, CP). Primeiro passo é fazer a distinção entre os erros.
1 – ERRO DE TIPO (ART. 20, CP)
	É um erro que recai sobre o próprio fato, o agente tem uma falsa percepção da realidade, ele imagina uma situação e existe outra.
	No erro de tipo o agente não sabe exatamente o que faz, porque ele tinha uma falsa percepção da realidade.
	O erro de tipo a jurisprudência aceita bastante.
	Existem várias espécies de erro de tipo, pois o erro de tipo pode ser essencial (vencível ou invencível) ou acidental.
	Erro essencial – é aquele que recai sobre elementares do tipo. Pode afastar a tipicidade do crime, dependendo se é vencível ou invencível. Se o erro é vencível, afasta apenas o dolo da conduta, agora se é invencível, afasta o dolo e a culpa. Para saber se é vencível ou invencível o erro essencial vai depender do caso concreto. Dizer que um erro é vencível é dizer que o erro é evitável, que pode ser evitado. O erro invencível é sinônimo de inevitável, todo mundo erraria diante da situação. Se o erro vencível afasta o dolo, o sujeito só pode ser punido na forma culposa, mas não é todo crime que cabe modalidade culposa. O erro invencível afasta o dolo e a culpa, aí a conduta se torna atípica. Portanto, não é qualquer erro de tipo que afasta a tipicidade.
	Erro acidental – recai sobre dados meramente acessórios, sobre dados que não influenciam na conduta. Não afasta o crime, mas pode influenciar na fixação da pena. Há erro acidental sobre o objeto, quanto a pessoa, na execução, sobre o nexo causal**, no resultado diverso do pretendido. Alguns dessas possibilidades de recair o erro acidental estão previstos em lei e outros não.
	Quanto ao objeto: em regra é erro acidental, só existe uma possibilidade do erro sobre o objeto ser essencial ao invés de acidental, quando o erro recai sobre uma elementar de um objeto.
	Quanto a pessoa: é um erro de identificação, vai responder pelo crime igual, mas vai responder pelas características da vítima pretendida (Ex.: quero matar o A que é meu pai mas matei o B que não era o meu pai, vou responder por homicídio contra descendente, vou responder pelo homicídio da pessoa que eu queria matar, da vítima pretendida).
	Quanto à execução: é muito parecido com o erro quanto à pessoa, erro na execução é o cara que erra na hora de atirar, mira em A e acerta em B. Ele não errou de pessoa, ele acertou a pessoa errada. Mas vai responder como se tivesse acertado a pessoa que ele queria acertar.
	Quanto ao nexo causal**: nexo causal é a ponte de ligação entre a conduta e o resultado. Ex.: eu quero matar o cara, eu pego e dou uma facada no cara, ele cai no chão e eu dou uma bicuda nele, pensando que ele já estava morto eu jogo o corpo dele no rio. Três dias depois o corpo dele é encontrado e na perícia é descoberto que ele não morreu da facada,mas sim por afogamento, por asfixia. Eu queria matar, matei, mas não com a facada, ele morreu afogado. Ou seja, o nexo causal não está entre a facada e a morte, o nexo causal está entre eu jogar ele no rio e a morte. 
	É quando o agente consegue seu intento criminoso, porém não com a conduta primária e sim com a conduta secundária. Não posso confundir erro quanto ao nexo causal com concausas, poraquê aqui um único agente é o responsável por todas as causas, diferente do que ocorre no exemplo da ambulância.
	Eu vou responder pela qualificadora matar por asfixia? Neste caso, não pode incidir a qualificadora da asfixia, porque não havia intenção de matar por asfixia, eu joguei no rio pensando que ele já estava morto, eu não tinha dolo de matar o cara por asfixia. Ou seja, não incide qualificadora no erro quanto ao nexo causal, porque não havia dolo na qualificadora.
	No exemplo, eu vou responder só por homicídio ou também ou ocultação de cadáver? Eu pratiquei o verbo ocultar, então o elemento objetivo está presente. Eu queria ocultar o cadáver, então o elemento subjetivo está presente. Mas eu queria ocultar um cadáver e quando eu ocultei não era cadáver, o cara estava vivo, então quando eu pratiquei a conduta eu joguei o corpo de uma pessoa viva e não de um cadáver, por isso não vou responder por ocultação de cadáver, porque o tempo rege o ato, eu tenho que aplicar a lei vigente na época dos fatos no momento da conduta (teoria da atividade).
	Resultado diverso do pretendido: eu queria cometer um crime e cometi outro. Ex.: eu não gosto da minha vizinha e quis cometer um dano, pego uma pedra para quebrar a janela dela, mas a janela estava aberta e a pedra acertou a boca da vizinha, arrancando todos os dentes dela. Eu não gerei o dano, gerei uma lesão corporal. Neste caso, eu vou responder pelo crime que eu produzi, mas na sua forma culposa, na ausência de forma culposa eu não respondo por crime nenhum. Se eu consigo além de quebrar os dentes da vizinha, consigo também quebrar a janela, com uma conduta eu produzi dois crimes, então vou responder pelo dano doloso e a lesão culposa, em concurso formal de crimes.
2 – ERRO DE PROIBIÇÃO (ART. 21, CP)
	É um erro sobre o alcance da ilicitude, ou seja, sobre a noção do que é certo e do que é errado, e aqui entra a potencial consciência de ilicitude.
	Aqui o sujeito sabe exatamente o que ele está fazendo, ele só não sabe que aquilo é proibido, que é errado.
	O erro de proibição é difícil a jurisprudência aceitar, porque diz respeito ao que é certo e o ao que é errado, e o ser humano sabe quando faz coisa errada, nisso entra um problema muito grave: o desconhecimento da lei.
	Ninguém pode alegar o desconhecimento da lei para se eximir de responsabilidade, e o art. 21, do CP repete isso. Diante disso, como fica o erro de proibição?
	Não posso confundir o erro de proibição com o desconhecimento da lei, porque são coisas distintas. O erro de proibição pode afastar o crime, o desconhecimento da lei não, embora não isente da pena, é usado como atenuante da pena.
	O erro de proibição ele pode ser evitável (vencível) ou inevitável (invencível), a depender do caso concreto. 
	O erro evitável, não afasta o crime, no máximo pode possibilitar a redução da pena. Já o erro inevitável, isenta o agente de pena, ou seja, afasta a culpabilidade, a potencial consciência da ilicitude.
3 – DESCRIMINANTES PUTATIVAS
	Trata-se de estado imaginável, é um erro que recai sobre uma causa de justificação (causas de exclusão de ilicitude). O sujeito errou sobre uma causa de exclusão de ilicitude, o sujeito pensa que está agindo em legítima defesa, mas não está. Existe duas espécies de descriminantes putativas:
	Erro de tipo permissivo (art. 20, §1º) – também conhecido como culpa imprópria, é quando o agente erra sobre os pressupostos fáticos de uma causa justificadora. A legítima defesa putativa está aqui dentro. 
Ex.: o cara disse que ia me matar da próxima vez que me visse, eis que vejo o cara enquanto eu saia da padaria, o cara enfia a mão no bolso e eu acho que ele vai me matar e saco uma arma primeiro e mato ele, mas quando eu vou ver ele ia tirar do bolso o celular e não uma arma. Eu pensei que estava em legítima defesa, mas não estava.
	Erro de proibição indireto (art. 21, CP) – é também um erro sobre uma causa justificadora, mas um pouco diferente, é um erro sobre os limites normativos ou sobre a própria existência de uma causa justificadora.
Ex.: eu sou assaltada, mas durante o assalto, com raiva eu pego um pedaço de pau e começo a bater no bandido, até que o bandido morre. Eu me excedi mas não tive noção desse meu excesso, foi um erro sobre os limites de uma causa excludente.
Ex.: morte piedosa – meu amigo está doente, sofrendo, em estágio terminal, e eu fico com dó e desligo os aparelhos dele, achei que podia e desliguei. Eu errei sobre a existência de uma causa excludente de ilicitude.
	As descriminantes putativas não afastam a antijuridicidade, mas afastam a própria tipicidade.
	Nas consequências do erro de tipo permissivo, eu vou aplicar as mesmas regras do erro essencial, vou verificar se o erro é vencível (afasta o dolo) ou invencível (afasta o dolo e a culpa – conduta atípica).
	Nas consequências do erro de proibição indireto, eu aplico as mesmas regras do erro de proibição, vou verificar se o erro era evitável (afasta o crime) ou inevitável (isenta de pena – afasta a culpabilidade).
AULA 06
ITER CRIMINIS E CONCURSO DE AGENTES
- Art. 14 ao 17, do CP.
- A doutrina penal entende que todo crime se perfaz em alguns passos, que fazem um caminho. São quatro passos: 
	1) atos de cogitação – quando nasce a ideia do crime, é uma fase mental, está no plano das ideias, essa fase não interessa para o direito penal;
	2) atos de preparação – são, em regra, impuníveis, salvo em uma hipótese: as vezes o ato de preparação de um crime, por si só já gera um crime (ex.: preparando um homicídio eu comprei uma arma com numeração raspada);
	3) atos de execução – iniciada a execução o crime passa a existir, então o direito penal passa a intervir. Os atos de execução podem existir da forma consumada e da forma tentada.
	4) atos de exaurimento – é o desfecho da conduta, exaurimento e consumação não são iguais, embora as vezes o exaurimento está junto com a consumação, mas só em alguns crimes, mais especificamente nos crimes materiais (ex.: crime de homicídio – porque o crime é material).
1 – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA (art. 14, CP)
- Consumação: é aquele que se realiza na sua totalidade.
- Tentativa: o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. O que caracteriza a tentativa é o “não poder”, o sujeito iniciou a execução do crime.
- A natureza jurídica da tentativa é uma simples minorante da pena, uma causa de diminuição da pena de 1 a 2/3.
- Quanto mais distante da consumação, maior é a redução de pena. Esse não é um critério legal, mas é pacífico na jurisprudência. Ou seja, a redução da pena relativo a tentativa depende do inter criminis percorrido pelo sujeito.
- Há crimes que não admitem tentativa, sendo eles: crimes culposos; crimes preterdolosos; crimes omissivos próprios; crimes unissubsistentes (não admitem forma fracionada de execução – ex.: crimes contra honra praticados verbalmente); contravenções penais.
- Não posso confundir a tentativa com os art. 15, 16 e 17, do CP
- Art. 15: desistência voluntária e arrependimento eficaz – aquele que desiste de prosseguir na execução de um crime, quem desiste quer dizer que houve início de execução. Nesses casos, além do início de execução também não houve consumação, assim como na tentativa, a diferença está na razão pela qual não houve a consumação. Na tentativa não houve consumação porque alguém impediu, na desistência voluntária ou arrependimento eficaz não há consumação porque o sujeito não quis. No art. 15, o sujeito responde pelos atos já praticados, e se os atos já praticados não configurarem crimes, aí o sujeito não responde por crime nenhum.
- Art. 16: arrependimento posterior– a pessoa pratica o delito e se arrepende, a pena é reduzida por 1 a 2/3, assim como a tentativa é uma minorante de pena. Para configuração da minorante o sujeito tem que cumprir alguns requisitos: tem que ter a reparação do dano ou restituir a coisa (não precisa ser os dois); não pode ser crime violento; tem que ser um ato voluntário do agente (ser voluntário é diferente de ser espontâneo); tem uma data limite para reparar o dano, que é até o recebimento da denúncia ou queixa (se a restituição for depois da denúncia ou queixa não cabe o art. 16, mas cabe uma atenuante da pena). A celeridade da restituição da coisa ou reparação do dano é que vai ser levada em conta na hora de diminuir a pena, ou seja, quanto mais rápido devolver ou reparar o dano, mais alta será a redução.
- Art. 17: crime impossível – é um crime irrealizável, para ser impossível o crime tem que ser absolutamente irrealizável. Para ter crime impossível é necessário a absoluta ineficácia do meio (ex.: matar alguém saudável com açúcar) ou do objeto (ex.: matar alguém que já está morto; aborto de uma gravidez psicológica). Configurado o crime impossível, o sujeito não pratica crime nenhum, a conduta é atípica.
	Súmula 145, STF: flagrante preparado é considerado crime impossível.
2 – CONCURSO DE AGENTES (art. 29 e 30, do CP)
2.1. Conceito e Teoria:
	É a ciente e voluntária atuação de duas ou mais pessoas para a prática de um mesmo crime.
	A teoria adotada aqui é a Teoria Monista, porque todos os agentes respondem por um mesmo crime, não ser um processo para cada, vai ser um processo só para todos. A teoria monista é adota como regra, e toda regra tem sua exceção. São várias as exceções:
a) crime de aborto: a gestante quer realizar um auto aborto e ela contrata uma parteira para ajudar. A gestante responde pelo 124 e a parteira pelo 126, mas o fato é o mesmo e neste caso, cada um responde por um crime diferente.
b) crime de corrupção: tem a corrupção passiva do art. 337 e a corrupção ativa do art. 337, numa blitz o policial quer apreender o carro do sujeito, o sujeito ofereceu dinheiro para o policial e o policial aceitou, aqui o fato é o mesmo mas cada um responde por um crime diferente.
c) contrabando e descaminho: eu vim com uma mercadoria proibida do Paraguai, praticando então o crime de contrabando, o fiscal vê que eu estou com a mercadoria proibida e não faz nada. O fiscal responde por facilitação do contrabando e descaminho e eu por contrabando, o fato é o mesmo mas cada um responde por um crime diferente.
d) cooperação dolosamente distinta - art. 29, §2º, CP: dois sujeitos atuam na mesma empreitada, mas cada um tem um dolo, cada um quer um crime diferente. Então, cada um tem que responder pelo seu crime pretendido. Neste caso vai ter só uma denúncia, mas cada um responde de acordo com o se dolo. Se for previsível o dolo de um crime mais grave, cada um ainda continua respondendo cada um pelo seu crime, mas a pena será aumentada.
2.2. Requisitos (PRIV):
a) Pluralidade de sujeitos 
b) Relevância das condutas, a conduta tem que ser relevante para o crime
c) Identidade de fato, ou seja, estão reunindo esforços para um crime em comum
d) Vínculo psicológico, subjetivo, ou seja, um tem que saber e querer a atuação do outro
- Autoria Colateral: é quando dois ou mais sujeitos atuam em uma mesma empreitada, porém um sem saber da atuação do outro. Ex.: o sujeito A detesta o sujeito R, o sujeito B que não conhece A, mas também gosta do R. Certa vez o A resolve matar o R, o B também resolve matar o R, por coincidência no mesmo momento, cada um A e B atiram em R e matam o R. Neste caso, dá para falar de concurso de agentes? Não, devido à ausência do vínculo psicológico. Cada um irá responder pelo seu crime. Vamos supor que o tiro do A acertou o pé do R, e o tiro do B acertou a cabeça do R. Então B responde pelo crime de homicídio consumado e A responde por homicídio tentado.
- Existe uma hipótese de autoria colateral chamada de autoria incerta, nos casos de autoria incerta sabe-se quem são aos autores do crime, mas não se sabe quem produziu o resultado. No mesmo exemplo acima, A e B não se conhecem e querem matar o R, ambos atiram junto em R e R morre, mas a perícia não descobriu quem deu o tiro que produziu o resultado, então a autoria é incerta. E neste caso, como não se sabe quem produziu o resultado, ambos responderão pelo crime na sua forma tentada.
- Não confundir autoria incerta com autoria desconhecida, são diferentes!! Na autoria desconhecida não sabe quem é o autor do crime. Na autoria incerta sabe quem são os possíveis autores mas não é possível sabem quem é de fato.
2.3. Formas:
a) Autor: é aquele que tem o domínio final sobre o fato, é o cara que controla o todo dentro de uma empreitada criminosa.
	Existe três formas de uma pessoa ser autor de um crime: autoria direta, indireta e mediata.
	Autor direto é aquele que executa o crime com as próprias mãos. 
	Autoria indireta, também é conhecida como autoria intelectual, é o mandante do crime.
	A autoria mediata, é aquele sujeito que se vale de outrem para a prática do crime, ou seja, ele usa alguém para praticar o crime no seu lugar (ex.: o ladrão entra no banco e diz para o gerente “abre o cofre senão mato seu filho” – o ladrão é autor mediato, usou o gerente).
b) Coautor: ele tem apenas o domínio funcionado sobre o fato, ele não controla o todo, ele controla só uma parte. Autor e coautor respondem juntos, igual.
c) Partícipe: é aquele que não tem domínio algum sobre o fato, ele não controla nada, ele apenas contribui para o crime de outrem. E essa contribuição pode ser de duas formas: por instigação ou por cumplicidade. Neste caso, o partícipe responde pelo mesmo crime, só que na forma de participação.
	A participação é sempre acessória, inclusive existe uma teoria que rege a participação Teoria da Acessoriedade Limitada. Isso quer dizer que para ter um partícipe obrigatoriamente precisa ter autor.
	Nem sempre quando o autor for absolvido o partícipe será absolvido também, por conta da Teoria da Acessoriedade Limitada. Se o autor for absolvido por ausência de tipicidade e antijuridicidade, absolve o partícipe. Agora, se o autor for absolvido por culpabilidade, o partícipe não será necessariamente absolvido, ele pode ser condenado.
	A minorante do art. 29, §1º, CP diz respeito a participação, se o juiz entender que a participação do sujeito foi tão pequena, ele pode diminuir a pena de 1/6 a 1/3, o juiz não vai poder absolver porque o cara foi partícipe, mas diminui a pena.
2.4. Comunicabilidade:
	Art. 30, do CP diz que as circunstâncias de caráter pessoal, em regra, são incomunicáveis, salvo em uma hipótese, quando ela é uma elementar do tipo
Ex.: 1) crime de peculato – sujeito tem que ser funcionário público, ser funcionário público é uma característica pessoal e é uma elementar do tipo, ou seja, se eu cometo um crime de peculato junto com meu amigo funcionário público, também respondo por peculato.
Ex.: 2) todo mundo pode responder por abuso de autoridade? A princípio só uma autoridade pode responder por abuso de autoridade, mas um particular pode responder por abuso de autoridade desde que seja coautor ou partícipe.
Ex.: 2) um homem pode responder por crime de infanticídio? Em regra não, salvo se for na condição de coautor ou partícipe. 
2.5. Dicas Finais:
	1ª dica: agravantes no concurso de agente – art. 62, CP
	2º dica: colaboração premiada – primeiramente cabe ressaltar que colaboração premiada não é sinônimo de delação premiada, pois, colaboração é gênero e delação premiada é espécie.
	Quando eu acusado de um crime oferto para as autoridades informações importantes, não importa qual forma, seja sobre a localização do bem, sobre localização de uma vítima, quem são meus coautores e partícipes, sobre formação criminosa, eu estou colaborando com a justiça, colaboração porque eu estou ajudando, premiada porque eu vou ganhar algum benefício com isso, posso até ganhar o perdão judicial, eu ganho um prêmio legal.
	Delação premiada é espécie,pois delatar pressupõe entregar meus coautores e partícipes, aqui eu também estou colaborando, mas de uma forma muito específica, que é deflagrando que são meus comparsas. Não pode em qualquer caso, por exemplo, em um caso de um furto simples eu entrego meus comparsas, eu não vou ganhar a delação premiada. Mas numa lavajato, é muito importante, as autoridades têm interesse em saber, mas aí eu entrego meus comparsas e eu ganho um prêmio judicial.
	As hipóteses de colaboração premiada são: art. 8º, §ú, lei 8.072/90; art. 159, §4º, CP; art. 25, §2º, lei 7.492/86; art. 16, §ú, 8.137/90; art. 1º, §5º, lei 9.613/98; art. 13, lei 9.807/99; art. 41, da lei 11.343/06; art. 4º, lei 12.850/2013
AULAS 07 a 09
TEORIA DA PENA
1. NOÇÕES GERAIS
1.1. Sanção Penal
	Sanção penal é o gênero, seja imputável ou inimputável o sujeito vai sofrer uma sanção penal. A pena (art. 32 e seguintes, CP) é uma espécie de sanção penal, assim como a medida de segurança (96 a 99, CP).
1.2. Princípios que regem a pena
a) Princípio da Legalidade
	O juiz não pode inventar uma pena, ele não pode inventar sequer uma agravante, uma qualificadora, nada que possa prejudicar o réu. Se o juiz inventar ele estará ferindo o princípio da legalidade.
b) Princípio da Pessoalidade
	A pena não passará da pessoa do acusado (art. 5º, XLV, CR).
c) Princípio da Individualização
	Cada caso é um caso, cada um merece a sua pena, frente as particularidades que envolvem o caso concreto, não pode haver penas padronizadas (art. 5º, XLVI, CR).
d) Proibição do Bis in Idem
	Ninguém pode ser duplamente punido pelo mesmo fato.
1.3. Etapas da Pena no Sistema Brasileiro
	O processo de aplicar a pena à alguém passa por três etapas:
	1) Fase da Cominação das Penas – é a previsão abstrata de uma pena para determinado crime, todo crime tem previsão abstrata de uma pena mínima e uma pena máxima. Essa primeira etapa é função do legislador, não é um problema do juiz.
	2) Fase da Aplicação da Pena – o juiz que está diante de um caso concreto, ele vai tomar como parâmetro o mínimo e a máxima legal agora para individualizar as penas e aplicar a pena justa. Essa etapa é função do juiz da sentença.
	3) Fase da Execução da Pena Aplicada – o juiz da vara das execuções cumpre e fiscaliza o cumprimento da pena. Essa função é do juiz da vara de execuções, o responsável a dar cumprimento à pena.
1.4. Finalidade da Pena
	No Brasil a pena serve para prevenir e reprimir delitos, então o juiz quando aplica a pena e o juiz que executa a pena tem que ter isso em mente (art. 59, parte final, CP e LEP).
2. ESPÉCIES DE PENA (art. 32, do CP)
	O art. 32, do CP estabelece três espécies de pena:
	1) Penas Privativas de Liberdade (art. 33 ao 42, CP e 87 a 95, bem como 105 a 146, da LEP): 
a) espécies de penas privativas de liberdade – existem três espécies de pena privativa de liberdade, não importa qual delas o juiz dê para o réu, continua sendo pena privativa de liberdade e isso pressupõe cárcere, são elas: reclusão, detenção e prisão simples. Reclusão (mais grave) e Detenção (menos grave), o legislador prevê para crimes e Prisão Simples, o legislador prevê para a prática de contravenções penais (LCP). É o legislador que diz quando for caso de reclusão ou detenção, na prática isso influencia no regime de cumprimento imposto ao réu.
b) aplicação: veremos em tópico separado.
c) fixação do regime prisional: veremos em tópico separado.
	2) Penas Restritivas de Direito
	A liberdade, em regra, é um direito que todo mundo tem, mas se o sujeito comete um crime o legislador por mitigar a sua liberdade, o juiz pode mandar para a cadeia. Mas tem alguns casos em que o magistrado condena ele pode tirar do sujeito outro direito e não a liberdade, aí entram as penas restritivas de direito, são outros direitos que não é a liberdade. Esses outros direitos estão no art. 43 a 48, do CP e 147 a 155, da LEP.
a) características 
	1ª característica: Substitutividade – em regra, são substitutivas, isso quer dizer que elas entram no lugar de outra pena. Uma pena restritiva de direito vem para substituir uma pena privativa de liberdade. Mas há crimes em que o legislador não prevê pena privativa de liberdade, aí a principal modalidade é a pena restritiva de liberdade, ela é a pena central e não substitutiva.
	2ª característica: Reversibilidade (art. 44, §§4º e 5º, CP) – no caso de descumprimento injustificado o juiz vai reverter uma pena restritiva de direito em privativa de liberdade. Mas antes de reverter, eu tenho que verificar se há uma justificativa. Só poderá haver a reversão se não houver justificativa.
	3ª característica: Não admissão de execução provisória – isso quer dizer que o sujeito só irá dar início ao cumprimento da pena quando houver trânsito em julgado.
b) espécies (art. 43 e seguintes, CP e leis penais especiais também podem estabelecer outras espécies – ex.: crimes ambientais)
	Prestação pecuniária – art. 45, §§ 1º e 2º - consiste em pagamento em dinheiro de 1 a 360 salários mínimos, se passar disso o juiz viola o princípio da legalidade, não confunda prestação pecuniária com pena de multa, pois são aplicáveis de forma diferente e tem destinos diferentes.
	Perda de bens e valores – art. 45, §3º - o bem será em favor do fundo penitenciário, o valor terá como teto, o valor do prejuízo do crime ou provento obtido pelo agente.
	Serviço comunitário – art. 46 – é aplicado em casos de pena maior de seis meses; são tarefas gratuitas, além disso tem que ser fixadas de modo a não prejudicar a jornada de trabalho regular do apenado e a tarefa tem que respeitas as aptidões do preso; o tempo de serviço comunitário será na proporção de 1h de trabalho por dia de condenação; o réu pode cumprir o serviço comunitário em tempo menor que o da condenação, mas nunca inferior a metade da pena aplicada, aumentando a hora de trabalho por dia. As penas restritivas de direito como um todo é um benefício para o réu, ele não é obrigado a aceitar nada, se negar vai para a cadeia.
	Interdição temporária de direitos – art. 47, CP – proibição de exercer cargo público; proibição de atividades que dependam de autorização do poder público (ex.: alvará); suspensão da autorização na CNH; proibição de frequentar certos lugares (ex.: ir a estádios de futebol); proibição de inscrição de concurso público. Todas essas modalidades não podem ser para sempre, pois nosso ordenamento não permite penas perpetuas.
	Limitação de final de semana – art. 48, CP 
c) hipóteses de cabimento (art. 44, CP)
	São duas as hipóteses de cabimento previstas no art. 44, CP:
	1ª hipótese: Crimes Culposos – não importa a quantidade de pena fixada, se o sujeito foi condenado por crime culposo o juiz pode fixar pena restritiva de direito, pois os crimes culposos, cia de regra, tem pena baixa.
	2ª hipótese: Crimes Dolosos Sem Violência e desde que a pena fixada na sentença não ultrapasse quatro anos.
	Parte da doutrina, com base no art. 54, do CP, entende que há uma terceira hipótese de cabimento, que é para crimes dolosos e violentos, desde que a pena fixada na sentença seja inferior a um ano. Esse não é um tema pacífico, mas como encontra amparo na doutrina e na jurisprudência dá para usar, mas é raríssimo um crime doloso e com violência ter pena inferior a um ano.
	Essas três hipóteses de cabimento estão no CP, mas as leis penais especiais podem trazer outas hipóteses, exemplo disso é o partícipe ser beneficiado com pena restritiva de direito como fruto de uma delação premiada.
	O art. 44, III, CP diz que além de ser uma dessas hipóteses de cabimento, o juiz terá que verificar se o réu tenha boas condições pessoais.
	O art. 44, §3º, CP diz que a reincidência por si só não é um empecilho para a pena restritiva de direito, desde que ele não seja reincidente específico, ou seja, reincidente pelo mesmo crime.
	O art. 44 e também o 33, §4º, da lei 11.343/06, dizem que para o crime de tráfico a princípio não pode a pena restritiva de direitos, mas o STF o julgou inconstitucional em uma decisão incidental, pois fere oprincípio da individualização das penas (art. 5º, XLVI, CR). O STF então permite a pena restritiva de direitos para o traficante, desde que preenche os requisitos legais de cabimento.
	
	3) Pena de Multa (art. 49 a 52, CP):
	Está prevista tanto no CP quanto na LEP, mas esquece a LEP. 
	O sujeito paga a pena de multa através de um critério chamado de dias-multa, não tendo nada a ver com cárcere. 
	O juiz fixa quantos dias-multa ele quer aplicar ao réu, o mínimo é de 10 e o máximo é de 360 dias-multa. Leis penais especiais podem estabelecer outros valores (ex.: lei de drogas prevê de 500 a 1500 dias-multa). Existe uma majorante da pena de multa, prevista no art. 60, §1º, do CP, a multa pode ser a plicada no seu valor máximo até o seu triplo, dependendo da situação financeira do réu.
	Cada dia-multa pode valor no mínimo 1/30 do salário mínimo e no máximo 5 vezes o salário mínimo, a depender da situação econômica do réu.
	Não pode confundir a pena de multa com a pena restritiva de direito, a aplicação e a destinação é diferente, aqui a multa vai para o fundo penitenciário. Se o réu não paga a multa, o juiz não manda ele para a cadeia, aqui multa não paga é convertida em dívida de valor, o nome dele será inscrito no rol de devedores do estado, se estiver bens serão leiloados, se não tiver bens o nome dele fica sujo, quem vai cobrar o réu não será mais o juiz, perdeu a natureza de dívida, será cobrada pela fazenda.
	Súmula 171, do STJ e Súmula 693, do STF, a primeira visa evitar o bis in idem, a segunda diz que não cabe habeas corpus contra decisão de pena de multa.
	Art. 52, do CP, se o réu é condenado a pena de multa e vem a sofrer doença mental a cobrança da multa fica suspensa até que ele se reestabeleça.
	Art. 17, lei 11.340/06, nos casos de violência doméstica o juiz não pode substituir pena privativa de liberdade exclusivo para pena de multa, ele pode substituir a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direito mais multa, mas nunca só para pena de multa.
Obs.: Vale lembrar que há um rol de penas proibidas no ordenamento jurídico brasileiro: pena de morte (salvo em caso de guerra declarada); trabalhos forçados (escravidão); penas perpétuas; banimento (expulsar o nacional do seu país); penas cruéis.
3. APLICAÇÃO DA PENA (art. 5º, XLVI, CR e 68, CP)
	Para que o juiz possa individualizar a pena, o juiz tem que sopesar várias circunstâncias para encontrar uma pena concreta. O juiz não faz uma análise aleatória, ele tem um caminho a ser seguido, que se trata do critério trifásico. E o meu papel é fiscalizar se o juiz fez correto.
	1 ª etapa – Pena-base: o juiz deve analisar as circunstâncias judiciais (art. 59, CP).
	2ª etapa – Pena-intermediária: o juiz pega a pena-base obtida na primeira etapa e analisa as agravantes (art. 61 e 62) e as atenuantes (art. 65 e 66, CP), dessa forma encontra a pena intermediária.
	3º etapa – Pena-definitiva: o juiz pega a pena intermediária e aplica as causas especiais de aumento e de diminuição (majorantes e minorantes), elas estão previstas no próprio tipo penal em forma de fração. E eis que o juiz encontra a pena definitiva do réu.
3.1. Dicas Gerais sobre o Critério Trifásico:
a) existe uma ordem cronológica das fases, então ele tem que seguir as etapas sem alterá-las, sob pena de nulidade do capítulo da fixação da pena, não da sentença inteira. Então, alteração da ordem do sistema trifásico, eu tenho que pedir a nulidade da fixação da pena para o Tribunal, mas não peço como preliminar, pois é uma questão de mérito.
b) existe uma hierarquia entre as fases, mas é uma hierarquia invertida, a última etapa é a mais importante. A última etapa vale mais que a segunda, que vale mais que a primeira.
c) fundamentação – cada dia mais que o juiz aumentar de pena para o réu ele tem que dizer o que porque (art. 93, IX, CR), sob pena de falta de fundamentação, e o tribunal não pode sanar esse vício, ele tem que mandar para que o juiz que proferiu a sentença arrume.
d) proibido bis in idem na aplicação da pena, isto quer dizer, que a mesmas circunstâncias não pode ser duplamente sopesada contra o réu. 
e) limites abstratos da pena – a primeira etapa do sistema da pena, que é a da cominação das penas, que a previsão de um mínimo e o máximo legal. Todo crime é composto por uma figura simples, que se encontra no caput do artigo, a figura privilegiada e a figura qualificada (ex.: art. 121, caput – homicídio simples de 6 a 20 anos / art. 121, §3º - homicídio culposo de 1 a 3 anos, o homicídio foi privilegiado / art. 121, §2º - homicídio qualificado de 12 a 30 anos). O juiz, antes de começar o sistema trifásico, ele tem que analisar se o crime foi simples, privilegiado ou qualificado, pois essas mínimas e máximas é que irão basear o sistema trifásico.
3.2. Pena-base
- Para encontrar a pena-base o juiz vai analisar as circunstâncias judiciais, no art. 59, CP.
- O juiz irá analisar uma a uma, para ver aquilo o que é favorável e o que é desfavorável para o réu. Tudo aquilo que for desfavorável pressupõe que a pena-base vai aumentando e tudo aquilo que for favorável pressupõe que a pena-base vai reduzindo.
a) Culpabilidade: é onde o juiz vai analisar o grau de reprovação da conduta, quanto maior a reprovação maior a pena-base, quando menor a reprovação menor a pena-base. 
b) Antecedentes: o réu tem bons ou maus antecedentes. Primeiramente, não posso confundir bons ou maus antecedentes com primariedade com reincidência, pois estas últimas são analisadas na pena-intermediária, pois a reincidência é uma agravante. 
c) Conduta social: analisar como é a vida do réu na sociedade, o juiz analisa essa circunstância através das testemunhas de defesa, abonatórias.
d) Personalidade: não tem como o juiz analisar a personalidade de alguém, pois não na maioria das vezes não há documentação hábil para valorá-la, então o juiz pode nem aumentar, nem diminuir a pena-base.
e) Motivos, Circunstâncias e Consequências do Crime: essas três circunstâncias dizem respeito ao fato, diferente das quatro primeiras, que dizem respeito a pessoa do réu.
	Os motivos do crime é o que levou o réu a praticar o crime, pode ser algo mais ou menos nobre, isso pode levar a redução da pena-base.
	As circunstâncias do crime dizem respeito de como foi o contexto fático do crime.
	As consequências do crime podem ser nefastas, ou seja, o crime trouxe consequências além do normal (ex.: crime sexual), mas a consequência do crime não pode ser inerente ao tipo penal (ex.: a vítima perdeu a vida – crime de homicídio consumado)
f) Comportamento da vítima: se a vítima facilita o crime, a pena do réu será reduzida.
- Após analisadas as circunstâncias judiciais, temos algumas peculiaridades quanto ao tráfico de drogas, onde além dessas oito circunstâncias judiciais tem mais duas – espécie/natureza da droga e quantidade da droga. São circunstâncias judiciais complementares, mas somente referente ao crime de tráfico de droga.
- O juiz primeiro tem que analisar se o crime é simples, privilegiado ou qualificado, depois disso, o juiz tem que sopesar as circunstâncias judiciais pautado no mínimo legal, esse critério é o pacífico na jurisprudência.
- Fica a critério do juiz o quantum de aumento e diminuição referentes as circunstâncias judiciais. Mas não pode passar do máximo legal, nem do mínimo legal, não pode ser maior que as agravantes ou menor que as atenuantes, pois existe uma hierarquia entre as fases. Geralmente não passa de um a dois meses de aumento para cada circunstância judicial.
- Súmula 231, do STJ: quando o juiz for fixar a pena-base ele tem que respeitar o mínimo e o máximo legal.
3.3. Pena-Intermediária – Agravantes e Atenuantes (arts. 61 ao 66, CP)
- Além das agravantes e atenuantes previstas no CP, as leis penais especiais podem trazer outras hipóteses (ex.: leis dos crimes ambientais).
3.3.1. Agravantes (art. 61 e 62):
- O juiz nunca pode inventar uma agravante, porque se ele fizer isso ele estará ferindo o princípio da legalidade. Porém ele pode inventar atenuantes,a chamada atenuante inominada, que é uma cláusula aberta para que o juiz possa inventar.
- Há agravantes que são autoexplicativas, mas algumas merecem nossa atenção:
a) Reincidência (art. 61, I, e 63 e 64, todos CP): são quatro passos para alguém ser reincidente.
	1) o sujeito tem que ter cometido um crime anterior
	2) por esse crime ele recebeu uma condenação definitiva, imutável, ou seja, transitada em julgado.
	3) o sujeito comente novo crime (novo processo, nova sentença, nova aplicação da pena – será então agravada a pena pela reincidência)
	4) período depurador de 5 anos, contados da data da extinção da primeira pena (a reincidência, não é eterna). Se o novo crime ocorrer antes ou durante o período depurador o réu é reincidente. Se for depois do período depurador o sujeito não será reincidente, contudo será um réu primeiro com maus antecedentes (maus antecedentes é eterno).
- Para fins de reincidência não se consideram crimes políticos e crimes militares próprios.
- Se ao invés de crime, o sujeito comete uma contravenção penal, ele será ou não reincidente?
CRIME + CRIME NOVO = reincidente
CONTRAVENÇÃO + CONTRAVENÇÃO = reincidente
CRIME + CONTRAVENÇÃO = reincidente
CONTRAVENÇÃO + CRIME = não reincidente 
- Então, se o sujeito comente uma contravenção penal e depois comete um crime, ele não será reincidente, será réu primeiro (art. 7º, da lei de contravenções penais).
- Súmula 444, STJ: inquéritos policiais e ações ainda em trâmite não servem para dizer que o réu tem maus antecedentes – se é inquérito o sujeito ele está sendo investigado e se é ação ainda em trâmite ele ainda não é condenado, ou seja, ele não pode ser considerado reincidente. Mas ele possui maus antecedentes? NÃO, pelo princípio da presunção de inocência. 
- É possível que o sujeito tenha maus antecedentes e ainda ser reincidente. O que não é possível é ter maus antecedentes e ser reincidente pelo mesmo crime, pois aí teríamos um bis in idem.
b) Motivo fútil e torpe, a diferença é que fútil é algo pequeno demais para cometer o crime (ex.: matar a esposa porque ela queima o arroz); motivo torpe é que aquilo que causa repulsa (ex.: caso do João Hélio).
c) Estado de embriaguez preordenada: o sujeito bebe de propósito para cometer o crime, a sua pena será agravada (actio libera in causa – a ação é livre em sua causa). Aquele que se coloca em situação de alcoolemia, responde pelo crime e tem sua pena agravada.
3.3.2. Atenuantes (art. 65 e 66)
- Como no caso das agravantes, a maioria das hipóteses de atenuantes são autoexplicativas, mas umas que merecem maior destaque.
a) Confissão espontânea: aquele que confessa o crime, contribui com a autoridade então merece uma redução da pena. Mas se a confissão não foi espontânea, ela já nem vale como prova, pois é ilícita.
- O art. 67, do CP diz que há circunstâncias que são preponderantes, que uma vale mais que a outra. A reincidência é a uma circunstância preponderante, mas a confissão espontânea vale mais que a reincidência, segundo a jurisprudência do STJ. Ou seja, uma pode anular a outra.
- Fica a critério do juiz o quantum de aumento ou diminuição referente as agravantes e as atenuantes, sendo necessária a fundamentação.
- Aqui também se aplica a Súmula 231, do STJ, ou seja a pena intermediária não pode desrespeitar o mínimo nem o máximo legal.
- Assim que o juiz encontra a pena-intermediária, sob esse valor de pena ele parte para a pena-definitiva.
3.4. Pena-Definitiva – Causas especiais de aumento e de diminuição da pena
- Para encontrar a pena-definitiva o juiz deve analisar as majorantes e minorantes, ou seja, as causas de aumento e diminuição da pena. 
- As causas de aumento e diminuição não estão em um artigo específico, elas estão espalhadas pelo código, geralmente em fração em algum parágrafo ou inciso.
- Exemplo de majorantes e minorantes são encontradas no art. 14, §ú (tentativa – reduz de 1 a 2/3); art. 16 (arrependimento posterior); art 26, §ú (semi-imputabilidade); art. 28, §2º (embriaguez acidental, porém incompleta); art. 29, §1º (participação de menor importância); art. 70 e 71 (concurso formal e crime continuado); art. 157, §2º (roubo com emprego de arma e concurso de agentes – súmulas: 442, 443 e 512, do STJ).
- O juiz sopesa as majorantes, as minorantes, porém aqui é o próprio legislador é quem vai dizer quanto o juiz vai aumentar ou diminuir, por isso essa fase é mais importante. 
- Aqui a Súmula 231, do STJ não é aplicada, a pena-definitiva PODE passar do máximo e ficar aquém do mínimo. 
3.5. Limite da Pena (art. 75, CP)
- O art. 75, do CP diz que ninguém pode ficar preso mais de 30 anos, mas esse limite é para a execução da pena, não diz respeito à aplicação da pena, por isso pode ter pena de mil anos.
	
4. REGIMES 
	Em nosso ordenamento, temos três tipos de regimes de cumprimento de pena e eles são diferenciados pelo rigorismo para o cumprimento da pena, que acaba sendo percebido pelo local onde será cumprido a pena. 
4.1. Espécies do Regime Prisional (art. 33, CP)
a) Fechado: falar de regime fechado é falar de estabelecimento de segurança máxima, de penitenciárias (art. 34, do CP e art. 87 e 90, da LEP).
b) Semiaberto: é cumprido nas colônias penais, é um regime de rigor intermediário (art. 35, do CP e art. 91 e 92, da LEP).
c) Aberto: é cumprido em casas do albergado (art. 36, do CP e art. 93 a 95, da LEP).
- A LEP cita outros estabelecimentos carcerários, que não são para fins de regime, sendo: 
	1) centros de custódia (art. 96 a 98, da LEP), onde se realiza os exames criminológicos;
	2) hospitais de custódia e tratamentos psiquiátricos (art. 99 a 101, da LEP), é o local para cumprimento de medida de segurança, também chamado de manicômio judiciário;
	3) cadeias públicas, que é o local para o preso provisório (art. 102 a 104, da LEP).
- Dispositivos da LEP que interessam aos estabelecimentos carcerários: 
	Dependências obrigatórias dos estabelecimentos: art. 83, da LEP;
	Separação de presos: art. 84, da LEP;
	Lotação máxima: art. 85, da LEP;
	Execução da pena por justiças diversas: art. 86, da LEP e Súmula 192, STJ (condenado em SP pode cumprir pena no PR? Pode, basta uma justificativa plausível.)
	Regime especial pra mulheres: art. 37, do CP
4.2. Fixação do Regime Inicial (art. 33, CP)
	O juiz que sentenciou deve fixar o regime inicial de cumprimento da pena. Em regra, ocorre:
	
FECHADO
	
PENITENCIÁRIA
	
+ de 8 anos
	
	
SEMIABERTO
	
COLÔNIAS PENAIS
	
+ de 4 e – de 08
	Primário doloso
+
59, CP (maioria fav)
	
ABERTO
	
CASA ALBERGADO
	
= ou – de 4 anos
	Primário doloso
+
59, CP (maioria fav)
	Exceções à fixação de regime inicial de cumprimento:
- Crimes puníveis com detenção: regime inicial nunca pode ser o fechado (art. 33, caput). No meio da execução, nada impede que o juiz faça a regressão para o regime para o fechado;
- Contravenções penais: são punidas com prisão simples, devido a isso, nunca pode ser fixado regime inicial de cumprimento fechado. No meio da execução, o juiz não pode fazer a regressão de pena para o regime fechado;
- Crimes hediondos e equiparados: de acordo para a lei de crimes hediondos (art. 2º, §1º, da lei 8072/90), diz que independente de pena fixada para o réu, o regime inicial é o fechado. Mas, sabemos que o STF declarou que isso é inconstitucional, com base no fundamento de que fere o princípio da individualização das penas. Em resumo: em um crime hediondo, pode a pena inicial ser fixada diferente do fechado? Pode! Mas com fundamento em jurisprudências.
- Crime de tortura (art. 1º, §7º, da lei 9.455/97): crime de tortura é hediondo, então a mesma inconstitucionalidade declara pelo STF, também vale para o crime de tortura.
- Delação premiada na Lei de Lavagem de Capitais (art. 1º, §5º, lei. 9613/98): o delator que contribuir com a justiça pode receber vários benefícios, um deles é regime inicial aberto ou semiaberto, a critério do juiz, independentemente da quantidade de pena fixada.
	Súmulas do STJ e do STF que são importantessobre cumprimento inicial de pena:
- Súmula 718 e 719, do STF: para que o juiz fixe um regime severo, ele tem que fundamentar, é exigido motivação idônea do juiz. Sendo, que, a gravidade abstrata de um crime, não é motivação idônea para fixação de um regime severo.
- Súmula 269, do STJ: se o réu foi condenado a 2 anos de pena, é reincidente em crime doloso, mas possui circunstâncias judiciais favoráveis. O regime inicial desse réu será o semiaberto.
- Súmula 440, do STJ: gravidade abstrata não é fundamentação idônea para fixação de um regime mais severo;
- Súmula 493, do STJ: o juiz não pode estabelecer como condição para o regime aberto o cumprimento de pena restritiva de direito, como por exemplo, serviço comunitário. Seria bis in idem.
4.3. Progressão e Regressão de Regimes
4.3.1. Progressão (art. 112, da LEP)
	Estabelecido o regime inicial de cumprimento de pena não quer dizer que o réu vai ficar naquele regime ao longo de toda a execução, porque ele pode ter melhorias, o nome disso é progressão. Mas para isso há dois requisitos cumulativos e obrigatórios:
a) Requisito Subjetivo – Bom comportamento carcerário: durante o lapso temporal do cumprimento de regime o réu tem que se comportar direito e quem tem que afirmar isso é o diretor da penitenciária, através de um atestado, o qual é remitido para o juiz da execução.
b) Requisito Objetivo – Cumprimento de 1/6 da pena no regime sentenciado
	- Súmula 715, do STF: o juiz pode aplicar a pena que ele quiser, mas o réu não pode ficar preso mais de 30 anos. Os benefícios da execução penal são calculados com base na pena que ele recebeu na sentença.
	- Crimes hediondos e equiparados: para que haja progressão o réu tem que cumprir 2/5, se for primário ou 3/5 da pena, se for reincidente. Não precisando ser reincidente em crimes necessariamente doloso. Mas esses requisitos de cumprimento vieram com a lei 11.464/07, ou seja, foi uma novatio legis in pejus. Ou seja, aqueles que foram condenados antes de 2007, o lapso temporal de cumprimento de pena para ter benefício de progressão é de 1/6, segundo a Súmula 471, do STJ.
	- Crimes contra a administração pública: também pode progressão de regimes, mas são exigíveis não dois requisitos, mas três: 1) bom comportamento; 2) cumprimento de 1/6 da pena; 3) reparação do dano (art. 33, §4º, do CP).
	- Prazo para nova progressão: o prazo é o mesmo, ou seja, de 1/6, mas do restante da pena que falta cumprir.
	- Requisitos especiais para o regime aberto: existe uns requisitos complementares, dispostos no art. 114 ao 116, da LEP. Ex.: prestar relatório mensalmente. O juiz não pode estabelecer como requisito é o cumprimento de pena restritiva de direito.
	- A competência para decidir sobre progressão é o juiz da vara de execuções (art. 66, da LEP).
	- Interrupção por falta grave: o preso que comete falta grave tem interrompido o prazo para progressão. O prazo interrompido, para, volta a contar do zero. Quem prevê isso é a jurisprudência pacífica. E é cumprido do montante da pena que resta para ser cumprida. Mas o cometimento de falta grave NÃO interrompe o prazo de livramento condicional (Súmula 441 e 534, do STJ).
	- Progressão per saltum: não é permitido progressão por salto, ou seja, aquele que está no regime fechado não pode pular para o regime aberto, ele tem que passar para o semiaberto. Súmula 491, do STJ, diz que é proibida a progressão per saltum.
	- Progressão provisória de regime: súmulas 716 e 717, do STJ – é possível a progressão antecipada, mesmo se depois ela vier a ser caçada pela pena ter sido alterada por meio de recurso.
	- Exame criminológico: tem por finalidade auferir como é a personalidade do réu, para saber se ele uma vez solto voltará a delinquir. E esse exame não é mais requisito obrigatório para conseguir a progressão de regime. Súmula 439, do STJ, diz que o exame criminológico não é mais requisito obrigatório, mas se o juiz quiser ele pode exigir, com base em uma fundamentação idônea, do porque ele acha importante fazer o exame.
	- Crime organizado (art. 4º, §5º, lei 12.850/13): fala sobre a colaboração premiada, pode ser feita na fase de inquérito, durante o processo e até mesmo na execução penal, nesse caso, o apenado pode ser beneficiado com a progressão de regime antes do cumprimento do 1/6 da pena.
b) Regressão (art. 118, da LEP)
- O sujeito que está no aberto e fez bobagem, vai regredir para o semiaberto, e o que estava no semiaberto vai para o fechado.
- A hipóteses de regressão são taxativas, encontradas no art. 118, da LEP. Isso quer dizer, que o juiz não pode regredir o sujeito fora das hipóteses desse art.
- Regressão per saltum, diferentemente da progressão, é admitida.
- A competência acerca da regressão de regime é do juiz da vara de execuções penais (art. 66, da LEP).
- A regressão tem que ser precedida da oitiva do MP e do condenado, pois ele pode ter alguma justificativa.
AULA 10
EXECUÇÃO PENAL
- LEP: lei nº 7.210/84
1. DIREITOS DO PRESO:
- Todos direitos assegurados a todos os cidadãos, são assegurados ao preso, porém alguns desses direitos são mitigados, face a condenação (ex.: direito à liberdade do preso é mitigada).
- A CR prevê uma série de garantias, as quais também são asseguradas ao preso, salvo aquelas que são diretamente ligadas a condenação. E a lei de execução penal vem exatamente para trabalhar com essas particularidades, através da assistência ao preso.
1.1. Assistência ao Preso (art. 10 a 27, LEP)
- O direito de assistência ao preso é um dever do Estado. Esses direitos estão no art. 11, da LEP.
- A assistência será material; à saúde; jurídica; educacional; social; religiosa; ao egresso.
- Fora os direitos dispostos no art. 11, da LEP, á também outros direitos encontrados no art. 5º, III e XLIX, CR e art. 41, da LEP.
- Entre os direitos do preso, um dele é o trabalho.
1.2. Trabalho do Preso
- Trabalho é um direito social e constitucional, inclusive para preso.
- O trabalho do preso possui algumas particularidades estabelecidas pela LEP, nos art. 28 ao 37, da LEP.
- O trabalho do preso tem que respeitar as suas aptidões e sua capacidade. Isso pode usar como argumento para impugnar o trabalho designado.
- O trabalho do preso tem duas finalidades: educativa e produtiva.
- O trabalho do preso não se submete as regras da CLT.
- O trabalho externo do preso é permitido, inclusive para preso de regime fechado. Claro, que, no caso do preso em regime fechado o diretor e o juiz vão examinar se cabe ou não, e só em obras públicas. Para presos do semiaberto, pode ser até em empresas privadas.
1.3. Remição Penal (art. 126 e seguintes, LEP)
- Há duas espécies de remição: pelo trabalho ou pelo estudo.
- Para cada três dias de trabalho, será remido um dia de pena.
- Para cada 12h de estudo, será remido um dia de pena.
- Antes de 2011, a remição era só pelo trabalho. Era muito comum a remição pelo estudo, mas não era previsto em lei, era sumulado pelo STJ (súmula 341, STJ). Antes mesmo da lei permitir, a jurisprudência já permitia a remição pelo estudo.
- É possível cumular remição pelo trabalho e pelo estudo. 
- Prêmio de formatura: art. 126, §5º, LEP – ganha uma bonificação no tempo de remição, será acrescido 1/3 o tempo da remição.
- É possível remição até por ensino a distância (art. 126, §2º, da LEP).
- Se o preso sofrer um acidente de trabalho e ficar impossibilitado de trabalhar, ele continua a usufruir da remição (art. 126, §4º, da LEP)
- Perda dos dias remidos: o preso que comete falta grave ele pode perder 1/3 dos dias remidos (art. 127, da LEP).
- Antes de 2011 o preso que cometia falta grave perdia todos os dias remidos (Súmula Vinculante nº 09, do STF). Em 2011 a LEP sofreu uma reforma pela lei 12.433/2011 alterou o artigo 127, dizendo que o preso que sofre causa grave perde só 1/3 dos dias remidos. Essa nova lei é uma novatio legis in mellius, ou seja, ela pode retroagir para casos anteriores.
- A Súmula Vinculante nº 9, tem que ser lida de acordo com a nova redação do art. 127, ou seja, ela não é inconstitucional.

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