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PROCESSUAL PENAL DESMEMBRADO - AULA 02/11

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Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
1 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
 
 
 
 
Olá amigos, 
 
Bom dia! 
Boa tarde! e 
Boa noite! 
 
Nosso objetivo de hoje: 
 
Aula 2: 
3 Processo criminal: finalidade, pressupostos e sistemas. 
4 Ação penal. 
4.1 Conceito, características, espécies e condições. 
4.2 Sujeitos do processo: juiz, Ministério Público, acusado e 
seu defensor, assistente, curador do réu menor, auxiliares da 
justiça, assistentes, peritos e intérpretes, serventuários da 
justiça, impedimentos e suspeições. 
 
Antes, porém, conforme prometido no fim da aula passada, 
vamos a orientação das respostas aos questionamentos. 
Lembra-se das perguntas? Vamos rememorar. 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
2 
“1) Disserte sobre o Indiciamento: Conceito, Atribuição e 
Consequências. 
2) Numa situação de arquivamento do inquérito policial, 
pode acontecer decisão com a marca da imutabilidade plena? 
(Ministério Público Federal – 21º Concurso para Procurador da 
República)” 
 
Orientação para a resposta da Questão dissertativa 1): 
 
Conforme dito anteriormente, pode-se conceituar indiciamento 
como o ato pelo qual a autoridade policial reúne um conjunto de 
elementos de informação em relação a um ou mais suspeitos, de 
modo a demonstrar a plausibilidade da autoria apurada no 
procedimento investigativo. 
No que tange à atribuição para decretar, se tem que o 
indiciamento é um ato do delegado de policia, e, em que pese 
desnecessário, tem aptidão para produzir constrangimento natural na 
vida do mesmo, haja vista a inclusão da informação de indiciado 
em sua folha de antecedentes. 
Como consequências jurídicas desse ato, informamos que ele 
implica: 
1) Dificuldade de trancamento do inquérito; 
2) Viabilidade da impetração de HC (MS para alguns a 
depender da hipótese) em caso de indiciamento ilegal; 
3) Determinação da tipificação aparente da conduta, o que 
refletirá na adequação do procedimento investigativo a 
ser seguido (TCO ou IP a depender da hipótese); 
4) Viabilização dos eventuais pedidos de prisão preventiva, 
prisão temporária e demais medidas cautelares penais; 
e 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
3 
5) Necessidade cientificação do indiciado a respeito dos direitos 
fundamentais que lhe assistem diante dessa configuração. 
 
Orientação para a resposta da Questão dissertativa 2): 
 
Para responder, primeiro devemos registrar o que seria a 
imutabilidade plena. Primeiramente, vimos que a coisa julgada 
costuma ser definida como a imutabilidade que emerge do comando 
da sentença. Contudo, não mencionamos o qualificativo, plena, como 
a questão nos propõe. 
Assim, se poderia falar de imutabilidade plena quando 
atingimos a denominada coisa soberanamente julgada, situação onde 
nem mesmo as ações que costumam ter aptidão para desconstituir a 
coisa julgada terão força para tal fim. Exemplifico: Se uma decisão 
absolutória transita em julgado, mesmo que ela tenha se pautado em 
uma fraude, não será possível se falar em ação de revisão criminal, já 
que esse instrumento jurídico é exclusivo da defesa. Desse modo, as 
sentenças absolutórias1 fazem automaticamente coisa 
soberanamente julgada, atingindo assim a denominada imutabilidade 
plena. 
Nesse contexto, uma decisão que arquiva o inquérito policial, a 
depender da hipótese, poderá sim gerar a imutabilidade plena, desde 
que se fundamente na ausência da pretensão punitiva. 
Isso ocorrerá, por exemplo, se o inquérito for arquivado com 
base na atipicidade do fato. 
Sobre o tema tratamos em nosso Processo Penal 
Sistematizado: 
 
1 Cuidado se deve ter com a decisão que extingue punibilidade com base em certidão de óbito falsa, pois 
como historicamente decidiu o STF, somente nesse caso se admitiria revisão criminal contra o réu, já que 
os direitos e garantias fundamentais não podem servir de escudo para prática de ilícitos. 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
4 
“Segundo o STF é possível que a decisão de arquivamento se 
torne imutável pela coisa julgada material, seria a hipótese em que 
estivesse embasada na prova da inexistência do crime. Sobre o 
assunto é elucidativa a seguinte decisão: 
Desarquivamento de Inquérito e Excludente de Ilicitude 
- 3 
O Tribunal retomou julgamento de habeas corpus, 
remetido ao Pleno pela 1ª Turma, em que se discute a 
possibilidade de desarquivamento de inquérito policial, com 
fundamento no art. 18 do CPP (“Depois de ordenado o 
arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta 
de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder 
a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.”), e 
posterior oferecimento de denúncia, quando o arquivamento 
decorre do reconhecimento da existência de excludente de 
ilicitude (CP, art. 23, II e III, 1ª parte). Na espécie, após o 
arquivamento do inquérito, o Ministério Público reinquirira 
testemunhas e concluíra que as declarações destas, contidas 
naquele, teriam sido alteradas por autoridade policial. Diante 
dessas novas provas, o parquet oferecera denúncia contra os 
pacientes. Pretende-se o trancamento da ação penal — v. 
Informativos 446, 512 e 569. O Min. Joaquim Barbosa, em 
voto-vista, acompanhando a divergência iniciada pelo 
Min. Marco Aurélio, deferiu o writ para determinar o 
trancamento da ação penal, por reputar que o 
arquivamento do inquérito policial — realizado a partir 
do reconhecimento de que houvera legítima defesa e 
estrito cumprimento do dever legal — fizera coisa 
julgada material, o que impediria seu posterior 
desarquivamento. 
HC 87395/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2010. 
(HC-87395) 
 
Desarquivamento de Inquérito e Excludente de Ilicitude 
- 4 
Enfatizou não vislumbrar diferença ontológica entre a 
decisão que arquiva o inquérito, quando comprovada a 
atipicidade do fato, e aquela que o faz, quando 
reconhecida a legalidade e licitude desse, porquanto 
ambas estariam fundadas na inexistência de crime e não 
na mera ausência ou insuficiência de provas para 
oferecimento de denúncia. Registrou orientação da Corte no 
sentido de que, arquivado o inquérito policial com base na 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
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5 
inexistência do crime, produzir-se-ia coisa julgada 
material. Aduziu, destarte, que, tal como não seria admissível 
o desarquivamento do inquérito policial pelo surgimento de 
provas novas que revelassem a tipicidade de fato 
anteriormente considerado atípico pelas provas existentes, 
também seria inviável o desarquivamento na hipótese de fato 
julgado lícito com apoio em provas sobejamente colhidas. 
Asseverou que, na situação dos autos, o Ministério Público, 
diante do acervo probatório apurado, concluíra que o fato 
investigado não seria criminoso e, em consequência, deixara 
de oferecer denúncia e requerera o acolhimento das 
mencionadasexcludentes de ilicitude, o que fora acatado pelo 
juízo de origem. Assim, o arquivamento não decorrera de mero 
encerramento de investigações improfícuas, mas sim de um 
pronunciamento de mérito, anterior ao oferecimento da 
denúncia e que corresponderia à absolvição sumária. Após o 
voto do Min. Cezar Peluso, Presidente, que seguia a 
divergência, pediu vista dos autos o Min. Ayres Britto. Por fim, 
o Tribunal determinou a suspensão do processo penal, até 
conclusão deste julgamento. 
HC 87395/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2010. 
(HC-87395)2 grifos crescidos pelo autor 
 
Destarte, quando isso ocorrer, não poderá ser instaurada ação 
penal pelo mesmo fato. 
Abaixo segue jurisprudência do STJ no mesmo sentido: 
 
Processual Penal. Habeas-corpus. Trancamento de ação penal. 
Inquérito policial. Reabertura. Inviabilidade. Arquivamento 
pela atipicidade dos fatos. Novas provas. Inexistência. CPP, art. 
18. súmula nº 524/STF. - A regra contida no artigo 18, do 
Código de Processo Penal somente autoriza a reabertura do 
procedimento investigatório policial frente à existência de 
novas provas, cuja extensão vincula-se ao surgimento de 
circunstâncias substancialmente inovadoras capazes de, por si 
só, alterar ou interferir na reconstrução dos fatos apurados no 
inquérito. - O arquivamento determinado pelo Juiz por 
solicitação do Promotor de Justiça com fundamento na 
atipicidade dos fatos imputados ao indiciado consubstancia 
óbice à instauração da ação penal. - A constatação da 
inocorrência do ilícito penal na oportunidade do arquivamento 
do inquérito, frente as conclusões contidas em parecer quanto 
à diligência da assistência médico-profissional prestada, 
 
2 Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo597.htm 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
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inviabiliza a reabertura do procedimento investigatório. - 
Habeas-corpus concedido. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - 
RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS - 8987 
 
Concluímos que, se o fundamento do arquivamento é a 
atipicidade do fato, o que ocorrerá é a COISA JULGADA MATERIAL. 
Ademais, conforme se viu acima, o STF tem ido além, afirmando que 
é impossível o desarquivamento de inquérito policial quando a 
decisão que o arquiva se pauta na inexistência de CRIME, fazendo 
alusão à coisa julgada material também na hipótese de arquivamento 
que reconhece excludente de ilicitude do fato.”3 
 
Abordadas as questões da aula passada, vamos aos temas da 
aula de hoje. 
 
3 Processo criminal: finalidade, pressupostos e sistemas. 
 
Conforme afirmamos em nossa aula 1 “O Direito Processual 
Penal é o “ramo do direito público4 que sistematiza e interpreta as 
normas processuais penais. O objeto de estudo do direito processual 
penal é, portanto, a norma processual penal que, por sua vez, traduz 
a efetivação do direito material respectivo, qual seja, o direito penal. 
Assim, verifica-se que o direito processual penal é instrumental, pois 
visa efetivar os comandos da norma penal, atingindo sua finalidade 
tanto quando condena o culpado, bem como quando absolve o 
inocente.”5” 
 
3 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 279/280. 
4 Embora se reconheça a crítica que se faz à dicotomia romana entre direito público e privado. 
5 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 21. 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
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7 
 Oportuna agora é a definição de Processo Criminal, de modo a 
se visualizar a distinção entre os termos Direito Processual Penal e 
Processo Criminal. 
 Primeiramente devemos entender o que vem a ser o processo. 
Nesse âmbito se tem que processo é o movimento de atos 
destinados a prestação jurisdicional. Logo, processo criminal 
pode ser definido como o movimento de atos destinados à 
solução do caso penal. 
Por sua vez, também é oportuna a lição que diferencia processo 
de procedimento judicial. Enquanto o processo reflete uma ideia 
abstrata, material, o procedimento se refere ao aspecto externo 
do processo, sua forma. Logo, quem dita a forma do movimento 
que é o processo é o procedimento, que tem por finalidade dar lógica 
sequencial à realização dos atos processuais. 
O Processo Penal tem natureza jurídica de relação jurídica 
triangular, pois é formado por três atores: Juiz, Autor e Réu. 
Para sua existência jurídica ser reconhecida, alguns 
pressupostos precisam estar presentes. Vejamos: 
São considerados pressupostos processuais (ou pressupostos 
processuais de existência) os “elementos mínimos necessários à 
EXISTÊNCIA jurídica do processo penal. São requisitos cumulativos, 
necessários ao reconhecimento da existência jurídica do processo: 
 1)Órgão investido de jurisdição. 
 2)Pedido. 
 3)Partes.” 6 
 Sobre os sistemas processuais, remetemos o aluno ao lecionado 
na página 59 da aula 1. 
 
 
6 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 591. 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
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8 
4 Ação penal. 
4.1 Conceito, características, espécies e condições. 
 
Inicialmente é importante diferenciar Ação Penal de Persecução 
Penal. 
A persecução penal pode ser definida como o conjunto de atos 
destinados à apuração do delito e à devida aplicação da lei penal. 
Assim, reconhecendo que a persecução penal é entendida como a 
resultante da soma da investigação preliminar com a ação penal, 
ambas estudadas no direito processual penal, passemos a análise da 
Ação Penal, parcela e, somente uma fase da denominada persecução 
criminal, conforme se visualiza na seguinte esquematização: 
 
 
 
 
 
Conceito de Ação Penal: Direito Público subjetivo ao exercício 
da atividade jurisdicional penal7. 
 
O direito de ação é classificado classicamente como um direito 
público, subjetivo, autônomo, abstrato e instrumental. A ação é um 
direito público na medida em que se dirige contra o Estado e em face 
do réu; subjetivo, pois decorre da qualidade de sujeito de direitos, 
inerente a cidadania; autônomo, na medida em que não se confunde 
com o direito material violado; abstrato, porquanto independe do fim 
ou da sorte do processo penal, existindo, inclusive, quando negado o 
 
7 Feitoza, Denilson. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis/ Denilson Feitoza. – 7ª ed., ver. e atual. Niterói, RJ: Impetus, 
2010, p. 222. 
Persecução = Investigação + Ação 
 Penal Preliminar Penal 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
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direito material postulado; e instrumental, por servir como 
instrumento de proteção ao direito material violado. 
No contexto da Ação Penal condenatória, deve-se inquirir sobre 
seus elementos. Assim, são elementos da ação penal: as partes, a 
causa de pedir eo pedido. Entenda-se por elementos os fatos 
jurídicos que estão presentes em toda Ação Penal. 
“Para visualização sistemática, eis o seguinte gráfico: 
 
 
 Pergunta: Existe Ação Penal não condenatória no Brasil? 
Resposta: SIM. São exemplos: o Habeas Corpus (ação penal 
liberatória), a Revisão Criminal e o Mandado de segurança em 
matéria criminal. 
 No contexto das ações penais não condenatórias teríamos como 
partes no polo ativo: o réu, o advogado ou qualquer pessoa (no caso 
do Hábeas Corpus onde a legitimidade ativa é universal); e no polo 
passivo o Estado (Revisão criminal) ou a autoridade coatora (HC e 
MS). Como causa de pedir teríamos o ato ilícito ou abusivo que 
culminou na restrição indevida do direito fundamental. E como pedido 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
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10 
teríamos a anulação do ato processual, a declaração de inexistência 
da relação jurídica e consequentemente o restabelecimento do 
exercício do direito fundamental violado ou ameaçado de violação.”8 
 
Espécies de Ação Penal 
 
A) Pública 
 
 Quando titularizada pelo MP, qual é a peça formal que inicia 
uma Ação Penal Pública? 
R.: Denúncia, seja na ação penal pública incondicionada ou 
condicionada. 
 
B) Privada 
 
Quando titularizada pela vítima (ofendido), qual peça formal 
que inicia uma Ação Penal? Queixa-Crime que só pode ser 
apresentada por quem tem capacidade postulatória (Advogado ou 
Defensor Público). 
Obs.: Não confundir: 
 
8 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 122/123. 
 
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11 
Delação criminosa (“notitia criminis”) → Inicia Investigação 
Preliminar. 
 Queixa-crime = Inicia a Ação Penal. 
 
 
 
Peça inicial 
 
 O que limita a discussão do caso penal é a causa de pedir (e 
não o pedido), tendo em vista que, no processo penal, o réu se 
defende dos fatos imputados e não da capitulação legal dada pelo 
acusador9. Porém, deve ser respeitado o Princípio da correlação entre 
causa de pedir e da sentença. A sentença NÃO pode ultrapassar a 
causa de pedir porque esta limita a atuação jurisdicional (o réu se 
defende dos FATOS). 
 No processo penal, o que limita a discussão é a causa de 
pedir (descrição minuciosa do fato) e não o pedido. 
 
Requisitos da peça inicial de uma Ação Penal 
 
 
 
 Art. 41, CPP: “A denúncia ou queixa conterá a exposição do 
fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a 
classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”. 
 
9 Assim, é possível se pedir uma coisa e “obter” outra. Exemplo: promotor pede a condenação por roubo, mas o juiz condena no 
furto por entender que não existiu violência ou grave ameaça. 
 
Aula 2 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
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12 
 
 O primeiro requisito fundamental, que é o endereçamento ao 
juízo competente para o conhecimento daquela demanda, não está 
expresso, mas deve ser respeitado. Se não o for, isso não causará a 
extinção do processo, entretanto o juízo incompetente não irá receber 
a denúncia ou queixa e irá, imediatamente, declinar da competência 
em prol do juízo competente. 
É necessário ressaltar que a incompetência do juízo não é causa 
de rejeição, pois quem é incompetente, tanto o é para receber a 
denúncia quanto para rejeitá-la. 
Os requisitos de uma denúncia ou de uma queixa-crime vão 
obedecer rigorosamente aos elementos identificadores de uma 
demanda, que são (nessa ordem): as partes, a causa de pedir e o 
pedido. Após o endereçamento, há a qualificação das partes. 
Eventuais omissões de dados qualificativos poderão ser sanadas 
a qualquer tempo. Nesse sentido é a redação do artigo 259 do Código 
de Processo Penal. 
 Art. 259, CPP: “A impossibilidade de identificação do 
acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos 
não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A 
qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da 
execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, 
far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da 
validade dos atos precedentes”. 
 
Desse modo a ausência de dados qualificativos não impede que 
a denúncia seja recebida. O promotor pode oferecer a denúncia com 
a descrição física do acusado, ou até mesmo tratá-lo por meio de 
alcunhas para facilitar a identificação. 
 A causa de pedir é o elemento identificador da demanda mais 
importante que temos. Ela se traduz na narrativa da conduta, que 
deve ser concisa e clara. Concisa, porque não deve se estender à 
 
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Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
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descrição de circunstancias divorciadas da infração ou do autor do 
fato. Ademais, quanto maior for a narrativa, maior será o ônus 
probatório do Ministério Público. Já a clareza é necessária, porque é a 
causa de pedir que delimitará, em primeiro lugar, o exercício do 
direito de defesa e, em segundo lugar, os limites da prestação 
jurisdicional. Portanto, a causa de pedir vai delimitar os limites de 
dois princípios, quais sejam, ampla defesa e congruência. 
 Tecnicamente o princípio que vigora no processo penal deveria 
ser distinto do processo civil, haja vista aqui não é necessário que 
haja correlação entre o pedido e a sentença, mas sim entre a causa 
de pedir e a sentença. Isso porque no Processo Penal, o acusado irá 
se defender da narrativa fática, bem como a prestação jurisdicional 
será limitada por essa narrativa. O juiz está adstrito à causa de pedir, 
aos fatos narrados pelo acusador. Sobre o ponto insta transcrever o 
artigo que prevê a denominada emendatio libelli. 
“Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato 
contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe 
definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, 
tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei 
nº 11.719, de 2008).” 
 Embora se reconheça que a exigência de narrativa detalhada 
implementa os princípios do contraditório e da ampla defesa no 
processo penal, verifica-se, em determinadas hipóteses, que os 
tribunais superiores admitem uma narrativa um pouco mais geral, 
desde que precisa o suficiente para viabilizar o direito de defesa e a 
realização da prestação jurisdicional. 
Ressalte-se, porém, que essa flexibilização somente é possível 
se a imputação descrever, ao menos, os chamados elementos 
 
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14 
essenciais, que são os necessários para identificar a conduta como 
fato típico. 
O que se admite, portanto, é a confecção da denúncia geral10, 
impropriamente chamada, em alguns julgados, de genérica. O que, 
numa prova objetiva, pode obrigar o candidato a marcar a alternativa 
não tecnicamente perfeita, pois apesarde correta a distinção exposta 
(em nota de rodapé) verifica-se muitas vezes que os próprios 
tribunais utilizam o termo de forma não precisa. 
 
A respeito do tema, aos que se interessarem, vale observar a 
transcrição exarada no informativo 607 do STF, disponível em 
http://www.stf.jus.br//arquivo/informativo/documento/informativo60
7.htm#transcricao1 
 
Prazo 
 
 
10
 “...para a boa compreensão da matéria ora em apreço, a essencialidade da distinção entre ‘denúncia geral’ e ‘denúncia 
genérica’. Entendida a primeira como a descrição clara e precisa do fato criminoso, na inicial acusatória, e a sua imputação a 
todos os acusados (seja pelo fato de que todos dele participaram, seja pela impossibilidade de esmiuçar a conduta de cada 
acusado, individualmente considerado), não se vislumbra maiores problemas à sua aceitação na doutrina e na jurisprudência 
pátrias, uma vez que a denúncia geral possibilita ao acusado o conhecimento preciso da imputação que lhe é feita, não lhe 
impedindo ou dificultando a defesa. 
Por outro lado, a denúncia genérica caracteriza-se justamente pela não-individualização das condutas/fatos criminosos 
narrados, de forma que todos são atribuídos, indistintamente, a todos os acusados – atitude esta de inegável desrespeito, pelo 
órgão acusador, aos princípios constitucionais que tutelam o acusado e, em última análise, que asseguram o próprio "ius 
libertatis". 
Desse modo, a ausência de relação de pertinência subjetiva entre os acusados e os fatos narrados na inicial acusatória – traço 
marcante da denúncia genérica – viola diversos postulados constitucionais, tais como o devido processo legal em sua vertente 
adjetiva, em que se enquadram as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF/88), o princípio da 
não-culpabilidade ou da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88), o princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, da 
CF/88) e, em última análise, o sobreprincípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). Destarte, defende-se a 
impossibilidade de aceitação da denúncia genérica em quaisquer crimes, inclusive, nos denominados crimes societários.” (LIMA, 
Marília Silva Ribeiro de. Da (im)possibilidade de denúncia genérica nos crimes societários. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 
2592, 6 ago. 2010 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/17111>. Acesso em: 25 jul. 2012.) 
 
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15 
 Art. 46, CPP: “O prazo para oferecimento da denúncia, 
estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão 
do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver 
devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o 
prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber 
novamente os autos”. 
 “§1º: Quando o Ministério Público dispensar o inquérito 
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data 
em que tiver recebido as peças de informações ou a representação”. 
 “§ 2º: O prazo para o aditamento da queixa será de 3 
dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber 
os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-
á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do 
processo”. 
 
 Prazo para oferecimento da denúncia é PROCESSUAL, contando-se da 
data em que os autos chegarem ao MP (“dies a quo”). Nesse tipo de prazo 
exclui-se o dia do começo e inclui-se o do término (“dies ad quem”). Não 
há sanção de natureza processual. Portanto, é um prazo impróprio. Mas MP 
pode ser punido administrativamente pela mora injustificada e ainda se 
viabiliza a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública (queixa subsidiária) 
aplicação do princípio da inafastabilidade do poder jurisdicional. 
 
Outros prazos: 
 → Economia popular – 2 dias 
 → Eleitorais – 10 dias 
 → Abuso de autoridade – 48 horas 
 → Drogas – 10 dias 
 
 No que tange ao prazo de oferecimento da queixa, deve-se observar 
o seguinte: 6 meses (art. 38, CPP). 
 ∟ da data do conhecimento do autor do fato. 
 
 Art. 38, CPP: “Salvo disposição em contrário, o 
ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de 
queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo 
de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o 
 
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16 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se 
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia”. 
 
 PRAZO DECADENCIAL que não se interrompe, não se suspende 
e nem se prorroga. 
 Obs: Lei de imprensa não foi recepcionada (como previa o 
prazo de 3 meses → não recepção da lei → volta à regra geral → 
portanto, 6 meses). 
 ∟ prazo → art. 38, CPP (contado da data em que a pessoa sabe 
quem é o autor do fato). 
 + art. 103, CP 
 Art. 103, CP: “Salvo disposição expressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não 
o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em 
que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º 
do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo 
para oferecimento da denúncia”. 
 
O Prazo decadencial é um prazo “penal” e, como tal, é 
contado nos moldes do direito material (art. 10, CP), incluindo o dia 
do começo e excluindo o dia do término. 
 
Art. 10, CP: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. 
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário 
comum”. 
 
Conforme afirmamos na aula 1 ainda trataremos dos princípios 
do processo penal de maneira específica, no decorrer do curso. 
Vejamos os princípios relacionados à Ação Penal. 
 
Princípios da Ação Penal Pública: (tanto para a 
Condicionada como Incondicionada). 
 
 
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17 
Obrigatoriedade 
 O Ministério Público diante da convicção da existência de 
indícios de autoria e prova da materialidade de uma infração penal é 
obrigado a atuar, ofertando a denúncia respectiva. 
 Tal princípio sofre uma exceção (ou mitigação) conforme 
aponta a doutrina. Tal hipótese se refere às infrações penais de 
menor potencial ofensivo. Nesses casos, como o MP não está 
obrigado a oferecer denúncia se entende que essa hipótese seria uma 
mitigação ao princípio da obrigatoriedade. 
Entretanto o órgão acusador não pode ficar omisso, pois a lei 
impõe ao mesmo um dever de agir diverso da denúncia, que seria a 
oferta da Transação Penal (previsto nos arts. 61 e 72 da lei 
9099/95) que, nada mais é, do que um acordo de aplicação imediata 
de pena, estabelecido judicialmente. Alguns denominam essa 
situação como decorrência da formulação do princípio da 
discricionariedade regrada, aplicável nos crimes de menor potencial 
ofensivo. 
 Art. 61, 9099/95: “Consideram-se infrações penais de menor 
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais 
e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) 
anos, cumulada ou não com multa”. 
 Art. 72, 9099/95: “Na audiência preliminar, presente o 
representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se 
possível, o responsável civil, acompanhados por seusadvogados, o 
juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da 
aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de 
liberdade”. 
 A transação penal só cabe para infração penal de menor 
potencial ofensivo, presente na lei 9099/95, que são: 
 
 
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18 
 
 
Nesses casos acima expressos, quer-se evitar a pena privativa 
de liberdade. 
 
 “Por derradeiro, deve-se atentar para outra suposta hipótese de 
mitigação do princípio da obrigatoriedade da ação penal. É a previsão 
da nova lei antitruste (Lei 12.529 de 2011) que, repetindo 
parcialmente texto do art. 35-C da Lei 8884/94, veio a ampliar suas 
disposições para além dos Crimes Contra a Ordem Tributária, 
incluindo expressamente os Crimes diretamente relacionados à 
prática de cartéis, como os tipificados na Lei de Licitações e o 
crime de Quadrilha ou Bando (art. 288 CP). 
Para visualizar a alteração, segue o quadro comparativo das 
disposições legais: 
 
Art. 35-C da Lei 8884/94 Art. 87 da Lei 12.529 de 2011 
Art. 35-C. Nos crimes contra a 
ordem econômica, tipificados na Lei 
no 8.137, de 27 de novembro de 
1990, a celebração de acordo de 
leniência, nos termos desta Lei, 
determina a suspensão do curso do 
prazo prescricional e impede o 
oferecimento da denúncia. 
(Incluído pela Lei nº 10.149, de 
21.12.2000) 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 87. Nos crimes contra a 
ordem econômica, tipificados na Lei 
no 8.137, de 27 de dezembro de 
1990, e nos demais crimes 
diretamente relacionados à 
prática de cartel, tais como os 
tipificados na Lei no 8.666, de 21 
de junho de 1993, e os tipificados 
no art. 288 do Decreto-Lei nº 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 
- Código Penal, a celebração de 
acordo de leniência, nos termos 
desta Lei, determina a suspensão do 
curso do prazo prescricional e 
impede o oferecimento da 
denúncia com relação ao agente 
beneficiário da leniência. 
 
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Parágrafo único. Cumprido o acordo 
de leniência pelo agente, extingue-
se automaticamente a 
punibilidade dos crimes a que se 
refere o caput deste artigo. (Incluído 
pela Lei nº 10.149, de 21.12.2000) 
Parágrafo único. Cumprido o 
acordo de leniência pelo agente, 
extingue-se automaticamente a 
punibilidade dos crimes a que se 
refere o caput deste artigo. 
 
 Desse modo, como se trata de norma ampliativa de direitos, de 
natureza híbrida, percebe-se que sua aplicação será retroativa, tendo 
em vista tratar primordialmente de matéria penal (causa de extinção 
da punibilidade11).”12 
 
Oficialidade 
 Somente órgãos oficiais podem propor a Ação Penal. 
Obviamente tal afirmação só se aplica às ações penais públicas, já 
que as ações penais privadas são propostas por advogado (pessoa 
privada com capacidade postulatória) como regra, também podendo 
ser proposta por defensor público. 
 Assim, se afirma que a ação penal pública só pode ser 
promovida por órgãos oficiais (MP – art. 129, I, CF). 
 A oficialidade também se aplica na fase preliminar de 
investigação => assim, a investigação será promovida por órgãos 
oficiais (polícias judiciárias). 
Sabemos que, geralmente, quem faz a investigação são as 
Polícias Judiciárias (civis e federais), sendo que as polícias 
administrativas não detêm tal atribuição (com exceção da hipótese 
relacionada ao Inquérito Policial Militar). 
 Tecnicamente, a investigação particular é ilegal, constituindo 
Usurpação da Função Pública, crime previsto no art. 328 do CP13. 
 
11 Indagamos se não seria inicialmente suspensiva e posteriormente extintiva de punibilidade. 
12 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 170. 
13 Conforme sustenta Hidejalma Muccio, em seu: Prática de Processo Penal – Teoria e Modelos. São Paulo: Método, 2009.. 
 
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 Na ótica do princípio da oficialidade, é possível sustentar que, 
com base no art. 144, §1º, IV, CF, SOMENTE A POLÍCIA JUDICIÁRIA 
poderia investigar. 
 Entretanto, há quem sustente que esse inciso, juntamente com 
o §4º, denota que há diferença entre POLÍCIA JUDICIÁRIA e 
INVESTIGATIVA, sendo que, somente aquela, seria uma função 
EXCLUSIVA da polícia, tendo em vista que a CF não utiliza palavras 
inúteis. Tal distinção se torna relevante para o debate a respeito da 
(im)possibilidade do Ministério Público presidir investigação criminal. 
 O entendimento que tende a prevalecer é o de que o MP pode 
investigar por causa da: TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS, uma 
vez que se o MP pode exercer a ação penal, por que não poderia 
exercer as atribuições relacionadas à instrumentalização da mesma, 
se ele pode o fim, por que não poderia o meio, se ele pode mais, por 
que não poderia o menos? 
 Ademais se o MP tem o poder de exercer o controle externo da 
atividade policial, pode também investigar, já que as atividades de 
controle envolvem, justamente, a realização de atos de investigação. 
Ainda segundo o art. 129, CF, se indaga: Se o MP pode 
averiguar atos de improbidade administrativa, presidindo o inquérito 
civil, por que não poderia investigar? 
 Por outro lado, se entende que é justamente porque o MP 
realiza o controle externo, investigando a polícia, que ele não poderia 
realizar a investigação, em respeito à Separação dos Poderes 
(evitando a concentração de poder nas mãos de um único órgão)14. 
Assim, não seria saudável que o ente controlador também pudesse 
realizar a atividade controlada. 
 
14 Para maior aprofundamento, conferir questão subjetiva, no fim da unidade, a respeito da investigação criminal por parte do 
Ministério Público. 
 
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21 
O STF tem caminhado no sentido de admitir a investigação 
criminal pelo Ministério Público, vejamos a decisão da 2ª turma: 
Ministério Público e Poder Investigatório - 1 
O Ministério Público dispõe de competência para 
promover, por autoridade própria, investigações de natureza 
penal, desde que respeitados os direitos e garantias que 
assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob 
investigação do Estado, observadas, sempre, pelos agentes de 
tal órgão, as prerrogativas profissionais de que se acham 
investidos os advogados, sem prejuízo da possibilidade — 
sempre presente no Estado Democrático de Direito — do 
permanente controle jurisdicional dos atos praticados pelos 
promotores de justiça e procuradores da república. Com base 
nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que se 
alegava a nulidade de ação penal promovida com fulcro em 
procedimento investigatório instaurado exclusivamente pelo 
Ministério Público e que culminara na condenação do paciente, 
delegado de polícia, pela prática do crime de tortura. Grifos 
acrescidos pelo autor 
HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837) 
 
Ministério Público e Poder Investigatório - 2 
Inicialmente, asseverou-se que não estaria em discussão, porindisputável, a afirmativa de que o exercício das funções inerentes à 
Polícia Judiciária competiria, ordinariamente, às Polícias Civil e 
Federal (CF, art. 144, § 1º, IV e § 4º), com exceção das atividades 
concernentes à apuração de delitos militares. Esclareceu-se que isso 
significaria que os inquéritos policiais — nos quais se consubstanciam, 
instrumentalmente, as investigações penais promovidas pela Polícia 
Judiciária — serão dirigidos e presididos por autoridade policial 
competente, e por esta, apenas (CPP, art. 4º, caput). Enfatizou-se, 
contudo, que essa especial regra de competência não impediria 
que o Ministério Público, que é o dominus litis — e desde que 
indique os fundamentos jurídicos legitimadores de suas 
manifestações — determinasse a abertura de inquéritos 
policiais, ou, então, requisitasse diligências investigatórias, 
em ordem a prover a investigação penal, conduzida pela 
Polícia Judiciária, com todos os elementos necessários ao 
esclarecimento da verdade real e essenciais à formação, por 
parte do representante do parquet, de sua opinio delicti. 
Consignou-se que a existência de inquérito policial não se 
revelaria imprescindível ao oferecimento da denúncia, 
podendo o Ministério Público, desde que disponha de 
elementos informativos para tanto, deduzir, em juízo, a 
pretensão punitiva do Estado. Observou-se que o órgão 
ministerial, ainda quando inexistente qualquer investigação penal 
promovida pela Polícia Judiciária, poderia, assim mesmo, fazer 
instaurar, validamente, a pertinente persecução criminal. Grifos 
acrescidos pelo autor 
HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837) 
 
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Ministério Público e Poder Investigatório - 3 
Em seguida, assinalou-se que a eventual intervenção do 
Ministério Público, no curso de inquéritos policiais, sempre 
presididos por autoridade policial competente, quando feita 
com o objetivo de complementar e de colaborar com a Polícia 
Judiciária, poderá caracterizar o legítimo exercício, por essa 
Instituição, do poder de controle externo que lhe foi 
constitucionalmente deferido sobre a atividade desenvolvida 
pela Polícia Judiciária. Tendo em conta o que exposto, reputou-se 
constitucionalmente lícito, ao parquet, promover, por 
autoridade própria, atos de investigação penal, respeitadas — 
não obstante a unilateralidade desse procedimento 
investigatório — as limitações que incidem sobre o Estado, em 
tema de persecução penal. Realçou-se que essa unilateralidade 
das investigações preparatórias da ação penal não autoriza o 
Ministério Público — tanto quanto a própria Polícia Judiciária — a 
desrespeitar as garantias jurídicas que assistem ao suspeito e ao 
indiciado, que não mais podem ser considerados meros objetos de 
investigação. Dessa forma, aduziu-se que o procedimento 
investigatório instaurado pelo Ministério Público não interfere 
nem afeta o exercício, pela autoridade policial, de sua 
irrecusável condição de presidente do inquérito policial, de 
responsável pela condução das investigações penais na fase 
pré-processual da persecutio criminis e do desempenho dos 
encargos típicos inerentes à função de Polícia Judiciária. Grifos 
acrescidos pelo autor 
HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837) 
 
Ministério Público e Poder Investigatório - 4 
Ponderou-se que a outorga de poderes explícitos, ao 
Ministério Público (CF, art. 129, I, VI, VII, VIII e IX), supõe 
que se reconheça, ainda que por implicitude, aos membros 
dessa instituição, a titularidade de meios destinados a 
viabilizar a adoção de medidas vocacionadas a conferir real 
efetividade às suas atribuições, permitindo, assim, que se 
confira efetividade aos fins constitucionalmente reconhecidos 
ao Ministério Público (teoria dos poderes implícitos). Não fora 
assim, e desde que adotada, na espécie, uma indevida 
perspectiva reducionista, esvaziar-se-iam, por completo, as 
atribuições constitucionais expressamente concedidas ao 
Ministério Público em sede de persecução penal, tanto em sua 
fase judicial quanto em seu momento pré-processual. Afastou-
se, de outro lado, qualquer alegação de que o reconhecimento do 
poder investigatório do Ministério Público poderia frustrar, 
comprometer ou afetar a garantia do contraditório estabelecida em 
favor da pessoa investigada. Nesse sentido, salientou-se que, 
mesmo quando conduzida, unilateralmente, pelo Ministério 
Público, a investigação penal não legitimaria qualquer 
condenação criminal, se os elementos de convicção nela 
produzidos — porém não reproduzidos em juízo, sob a 
garantia do contraditório — fossem os únicos dados 
 
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probatórios existentes contra a pessoa investigada, o que 
afastaria a objeção de que a investigação penal, quando 
realizada pelo Ministério Público, poderia comprometer o 
exercício do direito de defesa. Advertiu-se, por fim, que à 
semelhança do que se registra no inquérito policial, o procedimento 
investigatório instaurado pelo Ministério Público deverá conter todas 
as peças, termos de declarações ou depoimentos e laudos periciais 
que tenham sido coligidos e realizados no curso da investigação, não 
podendo o membro do parquet sonegar, selecionar ou deixar de 
juntar, aos autos, qualquer desses elementos de informação, cujo 
conteúdo, por se referir ao objeto da apuração penal, deve ser 
tornado acessível à pessoa sob investigação. Grifos acrescidos pelo 
autor 
HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-
89837)15 
 
 
Uma das decisões mais recentes do STF a respeito do tema foi 
da 2ª turma, onde se afirmou: 
Ministério Público e investigação criminal 
A 1ª Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se 
pretendia o trancamento de ação penal, sob o argumento de 
que a investigação criminal teria partido exclusivamente do 
Ministério Público. Observou-se que a denúncia se baseara em 
declarações prestadas, espontaneamente, pelo co-réu ao 
representante do Ministério Público e que, a partir dessas 
informações, o parquet realizara diligências, devidamente 
acompanhado pela polícia civil, além de ouvir outras pessoas, o que 
não implicara presidir inquérito policial e nem invadir seara reservada 
à Polícia Judiciária. Afirmou-se, ademais, a desnecessidade do 
inquérito policial se o Ministério Público já dispuser de 
elementos capazes de formar sua opinio delicti. Concluiu-se não 
ter havido ilegalidade nos procedimentos adotados pelo órgão 
ministerial nem ilicitude das provas produzidas. Vencido o Min. 
Marco Aurélio, que sobrestava o feito até o julgamento pelo 
Plenário do HC 84548/SP, no qual se discute a distinção do 
inquérito para propositura da ação civil e para ação penal. No 
mérito, concedia a ordem por entender que o Ministério Público 
procedera à investigação e que o acompanhamento da polícia 
inverteria a ordem natural das coisas. Grifos acrescidos pelo autor 
HC 96638/BA, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.12.2010. (HC-
96638)16 
 
 Nos mesmos moldes é a posição do STJ: 
DENÚNCIA ANÔNIMA. INQUÉRITO. FUNÇÃO. MP. 
... Ademais o Parquet, conforme entendimento da Quinta 
Turma deste Superior Tribunal, possui prerrogativa de 
 
15 Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo564.htm 
16 Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo611.htm 
 
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24 
instaurar procedimento administrativo de investigação e 
conduzir diligências investigatórias (art. 129, VI, VII, VIII e 
IX, da CF; art. 8º, § 2º, I, II, IV, V e VII, da LC n. 75/1993 e 
art. 26 da Lei n. 8.625/1993). Aduziu ainda que, 
hodiernamente, adotou-se o entendimento de que o MP possui 
legitimidade para proceder, diretamente, à colheita de 
elementos de convicção para subsidiar a propositura de ação 
penal, só lhe sendo vedada a presidência do inquérito, que 
compete à autoridade policial. ... Precedentes citados: HC 
159.466-ES, DJe 17/5/2010, e RHC 21.482-RS, DJe 12/4/2010. RHC 
24.472-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 15/9/2011.17 Grifos 
acrescidos 
 
Não se ignore que, ainda que se admita a investigação criminal 
por parte do Ministério Público, tal conclusão não viabiliza uma 
investigação ilimitada, pois apesar da ausência de regulamentação 
legal, o próprio STF, além de reconhecer como subsidiária a 
investigação ministerial, estabelece as seguintes linhas restritivas 
iniciais: 
 
“a) ritos claros quanto à pertinência do sujeito investigado; 
b) formalização do ato investigativo; 
c) comunicação imediata ao Procurador-Chefe ou ao 
Procurador-Geral; 
d) autuação, numeração, controle, distribuição e publicidade 
dos atos; 
e) pleno conhecimento da atividade de investigação à parte; 
f) princípios e regras que orientariam o inquérito e os 
procedimentos administrativos sancionatórios; 
g) ampla defesa, contraditório, prazo para a conclusão e 
controle judicial.”18 
 
17 Informativo 483 do STJ. 
18 Conforme se observa no informativo 672 do final de junho de 2012: Ministério Público e investigação criminal – 17 
O Plenário retomou julgamento de recurso extraordinário em que discutida a constitucionalidade da realização de procedimento 
investigatório criminal pelo Ministério Público. O acórdão impugnado dispusera que, na fase de recebimento da denúncia, 
prevaleceria a máxima in dubio pro societate, oportunidade em que se possibilitaria ao titular da ação penal ampliar o conjunto 
probatório. Sustenta o recorrente que a investigação realizada pelo parquet ultrapassaria suas atribuições funcionais 
constitucionalmente previstas, as quais seriam exclusivas da polícia judiciária — v. Informativo 671. O Min. Gilmar Mendes, 
acompanhado pelos Ministros Celso de Mello, Ayres Britto, Presidente, e Joaquim Barbosa, negou provimento ao recurso. 
Ressaltou que a 2ª Turma reconhecera, de forma subsidiária, o poder de investigação do Ministério Público, desde que atendidos os 
requisitos estabelecidos no inquérito criminal, inclusive quanto à observância da Súmula Vinculante 14. Destacou ser imperioso 
observar: a) ritos claros quanto à pertinência do sujeito investigado; b) formalização do ato investigativo; c) comunicação imediata 
ao Procurador-Chefe ou ao Procurador-Geral; d) autuação, numeração, controle, distribuição e publicidade dos atos; e) pleno 
conhecimento da atividade de investigação à parte; f) princípios e regras que orientariam o inquérito e os procedimentos 
 
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25 
Indisponibilidade 
 O princípio da indisponibilidade, decorrência da obrigatoriedade, 
informa que uma vez instaurada a ação penal o Ministério Público não 
pode desistir da mesma. 
Destarte, caso o MP mude de opinião, entendendo que o 
imputado não é autor da infração penal ou de que a mesma não 
ocorreu, ele não deve pedir a extinção do processo penal, mas sim a 
absolvição do réu, já que um processo penal garantista deve servir 
tanto para condenar o culpado como para absolver o inocente. 
Referido princípio também apresenta uma mitigação, qual seja, 
a suspensão condicional do processo (“SUSPRO”), proposta 
pelo próprio MP após a denúncia. 
Também é um princípio relativo. 
 A referida Suspensão dura de 2 a 4 anos. Descumprida as 
condições o processo volta ao trâmite normal. 
 Detalhe importante é que a suspensão condicional do processo 
se aplica não só a crimes de menor potencial ofensivo, mas a todos 
 
administrativos sancionatórios; g) ampla defesa, contraditório, prazo para a conclusão e controle judicial. Verificou que seria lícita a 
investigação do parquet nos crimes praticados por policiais e contra a Administração Pública. Além disso, a 2ª Turma teria 
reconhecido a higidez da atividade complementar de investigação quando o órgão ministerial solicitasse documentação, como no 
caso dos autos, em que a mera aferição de documentos para saber se teria havido, ou não, a quebra da ordem de precatórios 
acarretaria desobediência. RE 593727/MG, rel. Min. Cezar Peluso, 27.6.2012. (RE-593727) 
Ministério Público e investigação criminal – 18 
O Min. Celso de Mello enfatizou que a questão debatida seria de grande importância por envolver o exercício de poderes por parte 
do Ministério Público. Reconheceu a legitimidade do poder investigatório do órgão, extraída da Constituição, a partir de cláusula 
que outorgaria o monopólio da ação penal pública e o controle externo sobre a atividade policial. Salientou que o parquet não 
poderia presidir o inquérito policial por ser função precípua da autoridade policial. Consignou que a função investigatória do 
Ministério Público não se converteria em atividade ordinária, mas excepcional a legitimar a sua atuação em casos de abuso de 
autoridade, prática de delito por policiais, crimes contra a Administração Pública, inércia dos organismos policiais, ou 
procrastinação indevida no desempenho de investigação penal, situações que exemplificativamente justificariam a intervenção 
subsidiária do órgão ministerial. Realçou a necessidade de fiscalização da legalidade dos atos investigatórios, de estabelecimento de 
exigências de caráter procedimental e de se respeitar direitos e garantias que assistiriam a qualquer pessoa sob investigação — 
inclusive em matéria de preservação da integridade de prerrogativas profissionais dos advogados, tudo sob o controle e a 
fiscalização do Poder Judiciário. O Presidente afirmou que o Ministério Público teria competência constitucional para, por conta 
própria, de forma independente, fazer investigação em matéria criminal. Mencionou que essa interpretação ampliativa melhor 
serviria à finalidade, conferida pelo art. 127 da CF, de defender a ordem jurídica, sobretudo em âmbito penal. Aludiu que diversas 
leis confeririam competência investigatória ao parquet (Estatuto do Idoso; Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA; Lei Maria 
da Penha; Estatuto de Defesa e Proteção do Consumidor). Por fim, asseverou que o inquérito policial não exauriria a investigação 
criminal. Ademais, outros órgãos, além do Ministério Público, poderiam desempenhar atividades investigativas. Após, pediu vista o 
Min. Luiz Fux. RE 593727/MG, rel. Min. Cezar Peluso, 27.6.2012. (RE-593727). Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo672.htm#Ministério Público e investigação criminal - 17 
 
 
 
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os crimes em que a pena mínima em abstrato seja igual ou inferior a 
1 ano (art. 89 da lei 9099/95). 
 
 Art. 89, 9099/95: “Nos crimes em que a pena mínima 
cominada for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou não 
por esta Lei, o Ministério Público, aooferecer a denúncia, poderá 
propor a suspensão do processo, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, 
desde que por outro crime, presentes os demais requisitos que 
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código 
Penal)”. 
(In) Divisibilidade da Ação Penal 
 
 Segundo o princípio da indivisibilidade, conforme afirma a 
doutrina clássica, o Ministério Público não pode fracionar a 
acusação de um crime promovido por ação penal pública. 
 Tal princípio é objeto de antiga discussão, pois, segundo 
precedente do STF, o mesmo não deveria vigorar, sendo correto se 
falar, contrariamente ao que ocorre na ação penal privada, em 
divisibilidade, entendida essa como a possibilidade do Ministério 
Público fracionar a acusação de um crime de ação penal pública, bem 
como aditar a denúncia. 
 “Para visualizar a divergência, segue a seguinte sistematização: 
 
Indivisibilidade: Tourinho Filho, Aury Lopes Júnior, 
 Marcellus Polastri e Renato Brasileiro, entre outros. 
Divergência 
Divisibilidade: STF19, STJ, Denilson Feitoza e Mirabete, 
 
19 Jurisprudência recente a respeito do tema: 
INFORMATIVO Nº 605 
TÍTULO Inquérito Policial e Arquivamento Implícito 
PROCESSO HC - 104356 
 
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entre outros. 
Crendo na inexistência de divergência real entre os 
entendimentos expostos acima, defino o princípio da indivisibilidade 
como a exigência do ministério público ofertar denúncia contra todos 
os investigados, desde que forme sua opinio delicti contra todos, 
reconhecendo indícios de autoria e prova da existência do crime em 
relação a todas as infrações penais. Assim, se verifica que tal 
princípio parte, como não poderia deixar de ser, de situação 
hipoteticamente ideal. Destarte, não sendo o caso, obviamente 
admitiríamos uma excepcionalidade, qual seja, admitir o 
fracionamento da acusação para se evitar prejuízo irreparável ao 
princípio da duração razoável do processo, o que poderia culminar em 
impunidade. 
Pensando dessa forma seria possível diferenciar a 
indivisibilidade do fracionamento20, sendo que o fato da ação penal 
ser indivisível, não implica na impossibilidade absoluta de seu 
fracionamento. 
 
O sistema processual penal brasileiro não prevê a figura do arquivamento implícito de inquérito policial. Ao reafirmar esse 
entendimento, a 1ª Turma denegou habeas corpus em que se sustentava a sua ocorrência em razão de o Ministério Público estadual 
haver denunciado o paciente e co-réu, os quais não incluídos em denúncia oferecida anteriormente contra terceiros. Alegava a 
impetração que o paciente, por ter sido identificado antes do oferecimento da primeira peça acusatória, deveria dela constar. 
Inicialmente, consignou-se que o Ministério Público esclarecera que não incluíra o paciente na primeira denúncia porquanto, ao 
contrário do que afirmado pela defesa, não dispunha de sua identificação, o que impediria a propositura da ação penal naquele 
momento. Em seguida, aduziu-se não importar, de qualquer forma, se a identificação do paciente fora obtida antes ou depois da 
primeira peça, pois o pedido de arquivamento deveria ser explícito (CPP, art. 28). Nesse sentido, salientou-se que a ocorrência de 
arquivamento deveria se dar após o requerimento expresso do parquet, seguido do deferimento, igualmente explícito, da autoridade 
judicial (CPP, art. 18 e Enunciado 524 da Súmula do STF). Ressaltou-se que a ação penal pública incondicionada submeter-se-ia a 
princípios informadores inafastáveis, especialmente o da indisponibilidade, segundo o qual incumbiria, obrigatoriamente, ao 
Ministério Público o oferecimento de denúncia, quando presentes indícios de autoria e prova de materialidade do delito. Explicou-se 
que a indisponibilidade da denúncia dever-se-ia ao elevado valor social dos bens tutelados por meio do processo penal, ao se 
mostrar manifesto o interesse da coletividade no desencadeamento da persecução sempre que as condições para tanto ocorrerem. 
Ademais, registrou-se que, de acordo com a jurisprudência do Supremo, o princípio da indivisibilidade não se aplicaria à ação 
penal pública. Concluiu-se pela higidez da segunda denúncia. Alguns precedentes citados: RHC 95141/RJ (DJe de 23.10.2009); 
HC 92445/RJ (DJe de 3.4.2009). HC 104356/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.10.2010. (HC-104356) Grifos acrescidos 
Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/informativo/verInformativo.asp?s1=indivisibilidade ação penal&numero=605&pagina=2&base=INFO 
 
20 Utiliza-se o termo fracionamento para evitar qualquer confusão. Afirmo isso, pois poderia utilizar o termo desmembramento, 
entretanto não optei pelo mesmo haja vista sua familiaridade com assuntos atrelados à competência como são a conexão e a 
continência. 
 
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Por derradeiro, concluo que a suposta divergência apontada é 
conciliável, pois a obrigatoriedade impõe a indivisibilidade e ambos os 
princípios são mitigáveis em situações excepcionalmente justificadas. 
Em que pese a argumentação acima exposta, para concursos 
em que não há indicação bibliográfica no edital, deve-se adotar o 
posicionamento que prega a divisibilidade, por ser esse o 
entendimento prevalente no STF e no STJ.”21 
 
 
 
 
Ação Penal Pública Incondicionada 
 É aquela titularizada pelo MP, onde sua proposição não está 
condicionada nem à representação da vítima e nem à requisição do 
Ministro da Justiça. 
 É a regra no processo penal brasileiro. 
 Referida ação se sustenta no art. 129, I, CF e no art. 257 do 
CPP, respectivamente. Vejamos: 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da 
lei; 
 
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma 
estabelecida neste Código; e (Incluído pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
 II - fiscalizar a execução da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
 
 
21 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 175. 
 
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 Pergunta: Em algum caso a ação penal será sempre pública?! 
Resposta: Sim, quando houver interesse estatal, conforme dispõe o 
art. 24, §2º, CPP (apesar de não existir expressa previsão do DF, 
aplica-se também a ele, através de uma interpretação histórico-
evolutiva). Além, é claro, dos casos que a própria lei disser que é só 
pública. 
 Art. 24, §2º, CPP: “Nos crimes de ação pública, esta 
será promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da 
Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver 
qualidade para representá-lo”. 
 “§2º: Seja qual for o crime, quando praticado em 
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e 
Município, a ação penal será pública”. 
 Não mais subsiste no Brasil o anteriormente denominado 
Processo Judicialiforme,onde se admitia a possibilidade da ação 
publica ser exercida por iniciativa do Delegado ou do próprio Juiz. O 
art. 26 do CPP apesar de vigente não é válido, pois não foi 
recepcionado pela atual ordem constitucional, mormente em razão do 
sistema processual acusatório, que vigora no Brasil. 
 
Art. 26, CPP: “A ação penal, nas contravenções, será 
iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de 
portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial”. 
 
Ação Penal Pública Condicionada 
 É a ação de titularidade do MP que depende, para sua 
propositura, da representação da vítima ou de requisição do Ministro 
da justiça. 
Representação (art. 39, art. 24, §1º, CPP): É um pedido e ao 
mesmo tempo uma autorização que condiciona o início da persecução 
penal. 
 
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Se o crime é de ação publica condicionada não pode haver 
sequer a lavratura do auto de prisão em flagrante sem que a vítima 
represente. Logo, também não haverá persecução penal. 
Natureza jurídica: a representação é uma condição objetiva de 
procedibilidade, é uma condição especial da ação. 
 
 Art. 39, CPP: “O direito de representação poderá ser 
exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes 
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao 
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial”. 
“§1º: A representação feita oralmente ou por escrito, 
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu 
representante legal ou procurador, será reduzida a termo, 
perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do 
Ministério Público, quando a este houver sido dirigida”. 
“§2º: A representação conterá todas as informações 
que possam servir à apuração do fato e da autoria”. 
“§3º: Oferecida ou reduzida a termo a representação, a 
autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo 
competente, remetê-lo-á à autoridade que o for”. 
“§4º: A representação, quando feita ao juiz ou perante 
este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para 
que esta proceda a inquérito”. 
“§5º: O órgão do Ministério Público dispensará o 
inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos 
que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, 
oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias”. 
 
Art. 24, §1º, CPP: “Nos crimes de ação pública, esta 
será promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da 
Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver 
qualidade para representá-lo”. 
“§1º: No caso de morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão”. 
 
 
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 • O direito de Representação pode ser exercido por curador 
especial? Pode, aplicando-se em analogia ao art. 33, CPP – Ação 
Penal Privada. 
 
 Art. 33, CPP: “Se o ofendido for menor de 18 anos, ou 
mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver 
representante legal, ou colidirem os interesses deste com os 
daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador 
especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público, pelo juiz competente para o processo penal”. 
 
 • Pessoa Jurídica pode exercer direito de representação? Pode, 
aplicando-se em analogia ao art. 37, CPP. 
 
 Art. 37, CPP: “As fundações, associações ou 
sociedades legalmente constituídas poderão exercer a 
ação penal, devendo ser representadas por quem os 
respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no 
silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes”. 
 
 • É possível a retratação da representação até o oferecimento 
da denúncia (data do protocolo no fórum ou da secretaria do juízo) - 
art. 25, CPP e art. 102, CP. 
 
 Art. 25, CPP: “A representação será irretratável, 
depois de oferecida a denúncia”. 
 Art. 102, CP: “A representação será irretratável 
depois de oferecida a denúncia”. 
 
 “Assim temos a seguinte visualização gráfica: 
 
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 • Indaga-se: A representação, em qualquer caso, é irretratável 
APÓS o oferecimento da denúncia? Reposta: Não, pois se o crime 
envolve violência doméstica22, a retratação da representação deve 
ocorrer em audiência especialmente designada após o oferecimento 
da denúncia, mas ANTES do recebimento da mesma. Assim, podemos 
visualizar exceção à regra acima exposta com o seguinte gráfico: 
 
 
 Ponto importante a respeito do tema e que irá refletir 
diretamente no que se acabou de sistematizar é a mudança da 
natureza das ações penais que veiculem infrações penais praticadas 
 
22 Jurisprudência recente a respeito do tema: 
Lei Maria da Penha e audiência de retratação 
A 2ª Turma denegou habeas corpus em que condenado pela prática do delito de lesão corporal qualificada por violência doméstica 
(CP, art. 129, § 9º) pretendia o trancamento de ação penal contra ele instaurada. A impetração alegava que a suposta vítima, esposa 
do paciente, admitira, no decorrer do processo, ser a responsável pelas agressões por ter iniciado o entrevero e, ainda, que o art. 16 
da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) dispunha que deveria haver audiência para renúncia à representação perante o juiz. No 
tocante à primeira assertiva, reputou-se que a pretensão deveria ter sido apurada no decorrer do processo de conhecimento, e não em 
sede de habeas corpus, conforme requerido. Em relação à audiência de retratação da delação postulatória, aduziu-se que, com 
fulcro no dispositivo mencionado (“Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata 
esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, 
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público”), esta poderia ocorrer, em caso de violência contra a mulher, 
mas somente antes do recebimento da denúncia pelo Ministério Público. Grifos acrescido pelo autor 
HC 109176/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 4.10.2011. (HC-109176) 
(Informativo 643, 2ª Turma) 
Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoInformativoTema/anexo/Informativo_mensal_outubro_2011.pdf 
 
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contra mulher no âmbito doméstico. Tal alteração foi promovida pelo 
STF recentemente (09/02/2012) em sede de Ação Direta 
Constitucionalidade proposta pelo Ministério Público Federal onde o 
mesmo impugnava o art. 16 da Lei 11.340/06. Assim, conforme 
entendimento da Corte, nas palavras no ministro Luiz Fux: 
 
Sob o ângulo da tutela da dignidade da pessoa humana, 
que é um dos pilares da República Federativa do Brasil, 
exigir a necessidade da representação, no meu modo de 
ver, revela-se um obstáculo à efetivação desse direito 
fundamental porquanto a proteção resta incompleta e 
deficiente, mercê de revelar subjacentemente uma 
violência simbólica e uma afronta a essa cláusula 
pétrea.23 
 
Contudo deve-se ter cautela, pois conforme se verifica naparte 
final do voto do próprio ministro Luiz Fux, a melhor orientação é no 
sentido de que, conforme se imagina limitada a decisão no âmbito da 
impugnação de inconstitucionalidade24, só se poderia falar no retorno 
à natureza pública incondicionada da ação penal nos casos em que a 
lei 9099/95 teria promovido referida alteração, tendo vista a 
constitucionalidade do artigo da lei de violência doméstica que 
expressamente afasta a incidência da lei 9099/95. Nesse ponto insta 
registrar o importante trecho do voto do ministro no caso em 
comento: 
 
“Justifica-se, portanto, o preceito do art. 41 da Lei 
nº 11.343/06, afastando-se todas as disposições da 
Lei nº 9.099/95 do âmbito dos crimes praticados contra 
a mulher no âmbito doméstico e familiar. Ao suposto 
ofensor, não serão conferidos os institutos da suspensão 
condicional do processo, da transação penal e da 
composição civil dos danos. 
 
23
 Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=199853 
24 E também de constitucionalidade, já que o assunto também é objeto de ADC, respectivamente: ADI nº 4.424 e da ADC nº 19. 
 
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Do mesmo modo, os delitos de lesão corporal leve 
e culposa domésticos contra a mulher independem 
de representação da ofendida, processando-se 
mediante ação penal pública incondicionada. O 
condicionamento da ação penal à representação da 
mulher se revela um obstáculo à efetivação do direito 
fundamental à proteção da sua inviolabilidade física e 
moral, atingindo, em última análise, a dignidade humana 
feminina. Tenha-se em mente que a Carta Magna dirige a 
atuação do legislador na matéria, por incidência do art. 
5º, XLI (“a lei punirá qualquer discriminação atentatória 
dos direitos e liberdades fundamentais”) e do art. 226, § 
8º (“O Estado assegurará a assistência à família na 
pessoa de cada um dos que a integram, criando 
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações”). 
No que atine à competência prevista no art. 33, a Lei 
Maria da Penha também não merece reparos. Uma 
adequada proteção da mulher demanda uma completa 
análise do caso, tanto sob a perspectiva cível quanto 
criminal. Desse modo, é essencial que o mesmo juízo 
possua competências cíveis e penais, sem que se possa 
nisso vislumbrar ofensa à competência dos Estados para 
dispor sobre a organização judiciária local (art. 125, § 1º 
c/c art. 96, II, d, CRFB). 
Ex positis, voto pela total procedência da ADI nº 
4.424 e da ADC nº 19, nos termos pleiteados pelos 
proponentes.”25 
 
Assim, nos casos em que a lei penal já previa a representação, 
esta permanece cabível, sob pena de se extrapolar os limites da 
decisão do Supremo. Exemplo da situação é a referente ao crime de 
ameaça, que já era de ação penal pública condicionada, onde o 
panorama permanece o mesmo, nos moldes da sistematização feita 
acima.”26 
• Prazo para oferecer a representação: 
 
25 Transcrições presentes no Informativo 657: Lei Maria da Penha (Transcrições) - (v. Informativo 654) - ADI 4424/DF* e ADC 
19/DF* - Relator: Min. Marco Aurélio - VOTO DO MIN. LUIZ FUX. 
 
26 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 180. 
 
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 6 meses (art. 38, CPP). 
 ∟ da data do conhecimento do autor do fato. 
 
 Art. 38, CPP: “Salvo disposição em contrário, o 
ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito 
de queixa ou de representação, se não o exercer dentro 
do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a 
saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do 
dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da 
denúncia”. 
 PRAZO DECADENCIAL que não se interrompe, não se suspende 
e nem se prorroga. 
 ∟ prazo → art. 38, CPP (contado da data em que a pessoa sabe 
quem é o autor do fato), serve também para a queixa-crime. 
 + art. 103, CP 
 
 Art. 103, CP: “Salvo disposição expressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação 
se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, 
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do 
crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do 
dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
denúncia”. 
 
 Prazo decadencial: é um prazo “penal” e, como tal, é contado 
como direito material (art. 10, CP), incluindo o dia do começo e 
excluindo o dia do término. 
 
 
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Art. 10, CP: “O dia do começo inclui-se no cômputo do 
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo 
calendário comum”. 
 
Requisição do Ministro da Justiça: É um pedido e ao mesmo 
tempo uma autorização de natureza política que condiciona o início 
da persecução penal. 
 Natureza jurídica: é uma condição objetiva de procedibilidade. 
Ela é uma condição para que a persecução seja deflagrada. Sem ela 
não pode haver inquérito, processo, nem lavratura do flagrante. Sem 
ela, providências criminais não podem ser tomadas contra o suposto 
infrator. 
 - Destinatário: o chefe do MP = Procurador Geral Republica 
 - Legitimidade ativa: do próprio Ministro da Justiça. 
 Prazo: não tem limite de prazo, sendo possível requisitar a 
qualquer tempo, desde que pretensão punitiva em relação ao crime 
não esteja prescrita. Logo, não há que se falar em prazo decadencial. 
 Retratação do Ministro da Justiça: a doutrina majoritária 
(Denilson Feitoza, Luiz Flávio Gomes e Eugênio Pacelli) vem buscando 
equiparar a representação com a requisição, para também admitir a 
retratação. Entretanto, longe de pacífica a questão, há entendimento 
mais conservador, no sentido da inadmissibilidade do referido 
instituto. Tourinho Filho afirma que se o Ministro da Justiça se 
retratar é porque foi precipitado. 
 Segundo Tourinho Filho o ato é irretratável por ausência de 
previsão legal e também pelo risco que a admissão poderia gerar no 
sentido de demonstrar a fragilidade do Estado brasileiro. 
 Em que pese o debate exposto acima, o STF e o STJ não 
julgaram a matéria. 
 
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 Eficácia objetiva: a requisição do Ministro da Justiça goza de 
eficácia objetiva, se restringindo aos fatos. 
 Não vinculação: esta requisição é um mero pedido de 
providencias e não vincula o MP. 
 
 
Ação Penal Privada 
 
 Ação penal privada é o instrumento de provocação jurisdicional 
penal titularizada pelo ofendido. 
 Ocorrerá quando houver previsão legal. 
Se a lei não falar nada a respeito da ação penal, a mesma será 
pública e incondicionada. Nesse sentido dispõe o Código Penal em seu 
artigo 100: "A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido"..."A ação pública é 
promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, 
de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da 
Justiça". 
 Referida ação visa garantir o direito fundamental de

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