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Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Olá amigos, Bom dia! Boa tarde! e Boa noite! Nosso objetivo de hoje: Aula 4: 7.6 Meios de prova: perícias, interrogatório, confissão, testemunhas, reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, indícios. 7.7 Busca e apreensão: pessoal, domiciliar, requisitos, restrições, horários. Antes, porém, conforme prometido no fim da aula passada, vamos a orientação da resposta ao questionamento deixado. Lembra-se da pergunta? Vamos rememorar. “4) Disserte sobre as mitigações da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada.” Na dissertação sugerimos que o candidato a temática da seguinte forma: Com a nova redação dada pela Lei 11690/08 ao art. 157, §1º do CPP houve positivação expressa, no Brasil, da teoria da prova Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 2 ilícita por derivação ou teoria dos frutos da árvore envenenada. Segundo essa teoria a prova derivada é tão ilícita quanto a originária. Assim conclui-se que se a prova originariamente ilícita não é admitida, obviamente, a derivada também não será devido à sua contaminação. A previsão legal estabelece mitigações à inadmissibilidade da prova ilícita por derivação, que são, respectivamente, a teoria da fonte independente e a teoria da descoberta inevitável. Passa-se agora, à análise das mitigações acima transcritas: “→ Descoberta inevitável: Segundo esta teoria, a Prova Ilícita Derivada será admitida caso se verifique que o Estado chegaria à conclusão resultante da prova ilícita caso tivesse executado os atos de investigação da forma lícita. Desse modo, o raciocínio deve ser indutivo e deverá levar em consideração o que se costuma fazer na prática da investigação criminal e na atual conjuntura social. Essa teoria trata, tecnicamente, de uma exceção propriamente dita à teoria dos frutos da árvore envenenada, pois mesmo havendo nexo entre a prova derivada e a prova ilícita originária o legislador à admite no processo (mesmo que haja prejuízo para o réu). → Fonte independente: Por esta teoria, a prova ilícita derivada é admitida no processo quando não estiver evidenciado o nexo de causalidade entre a prova originariamente ilícita e a derivadamente ilícita. Na dúvida, aqui, se admite a prova (mesmo que haja prejuízo para o réu). A princípio a doutrina reputa que nesse caso não há nexo de causalidade entre a prova ilícita originária e a prova “derivada”. Nesse prisma se percebe que não se falaria aqui, tecnicamente, de uma exceção à teoria da inadmissibilidade das provas ilícitas por derivação, por uma razão muito simples, a prova que se discute não Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 3 é derivada, muito menos ilícita, pois decorre de uma fonte independente e pura, ou seja, lícita. → Conexão atenuada: (ou teoria da contaminação expurgada – mancha purgada – tinta diluída – vícios sanados): Por esta teoria, se admite a prova ilícita derivada diante da renovação de um ato inicialmente obtido de forma ilícita. Ex: Confissão realizada no curso de uma prisão ilegal, mas que é posteriormente repetida em juízo regularmente. Há nexo entre a prova ilícita e a derivada?! SIM, mas tênue. Mesmo com a renovação do ato, a ilicitude persiste. Há nexo entre FONTES e não entre a prova ilícita originária e a derivada. A CPP não previu essa mitigação. Exemplo dessa última teoria seria o seguinte: Um sujeito confessa o crime durante uma prisão ilegal. Essa confissão não é lícita. O inquérito foi iniciado em razão desta confissão, já que o auto de prisão em flagrante é uma notitia criminis coercitiva. Concluído o inquérito o mesmo é enviado ao MP, que denuncia. O juiz recebe a denúncia e no meio da instrução processual penal o réu aparece e confessa o delito por livre e espontânea vontade. Para essa teoria a renovação do ato de forma livre e espontânea seria suficiente para expurgar a contaminação originária. Diante dessas três teorias, podemos dizer que o art. 157, §1º, CPP adota todas as mitigações? A princípio o texto legal menciona a fonte independente e a descoberta inevitável. Entretanto, o §2º possui um equívoco terminológico, pois conceitua como fonte independente a descoberta inevitável. Para o CPP, é como se as duas se confundissem. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 4 No que se refere à teoria da conexão atenuada não há expressa previsão legal, embora haja entendimento de que, mesmo diante da omissão legal, a adoção dessa teoria estaria implícita no art. 157, §2º do CPP quando o mesmo se refere à ausência de nexo de causalidade entre a prova ilícita originária e a prova subsequente temporalmente. Nesse sentido, embora reconheça a distinção entre a teoria da fonte independente e a da mancha expurgada, é a lição do professor Renato Brasileiro de Lima: “Segundo a teoria em questão, o vício da ilicitude originária, quando atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias supervenientes, da magnitude da ilegalidade funcional ou da colaboração voluntária de um dos envolvidos, faz desaparecer o nexo causal entre a prova ilícita originária e a prova subsequente, não sendo viável falar-se em prova ilícita por derivação.”1 Por derradeiro insta registrar a discussão a respeito da (in)constitucionalidade da previsão das referidas teorias por norma infraconstitucional, haja vista a conclusão de que com a adoção das mesmas se estaria ampliando a utilização de provas ilícitas no processo penal, aliás, sublinhe-se, tanto para condenar quanto para absolver o réu. Sobre o tema, o panorama, ainda inicial, é o seguinte:”2 1 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 902. 2 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, p. 470/472. Inconstitucional Antonio Magalhães Gomes Filho e Ada Pelegrini Grinover O art, 157, § 2º do CPP subverte o art. 5º, inc. LVI da CF. (As reformas no processo penal e As nulidades do processo penal, respectivamente. Apud: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 900) Lógica que decorre da afirmação de que onde o legislador constituinte não distinguiu, não caberia ao legislador ordinário distinguir. Constitucional STJ já aplica e Denilson Feitoza sustenta a constitucionalidade nos seguintes termos: “No art. 157... se a noção legal de prova ilícita, de um lado, nos pareceu ampliativa, a noção legal de fonte independente pode ser restritiva das possibilidades constitucionais. ... tanto podemos admitir outras limitações à teoria da prova ilícita por derivação, como a limitação da contaminação expurgada ou da conexão atenuada, quanto entender, para garantir direito fundamental, no caso concreto, que a limitação deva ser afastada e a prova deva ser reconhecida como prova ilícita. Não se trata de decisionismo judicial, mas do fato de ter sido previsto como conceito indeterminado no âmbito constitucionalpara possibilitar sua evolução histórica e interpretativa.” (Direito Processual Penal, Teoria, Crítica e Praxis. 2010, editora Impetus, Niterói, Rio de Janeiro, p. 728 a 729) Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 5 Abordada a questão da aula passada vamos aos temas da aula de hoje. 2013 – CESPE Com relação às provas criminais, julgue os itens que se seguem. É indispensável o exame pericial, direto ou indireto, nos casos em que a infração penal deixe vestígios, não podendo supri-lo a confissão do acusado, facultada ao MP, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a indicação de assistente técnico para atuar na etapa processual após sua admissão pelo juiz e a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais. Certo Comentários: A afirmação está correta em sua parte inicial, pois o CPP só admite a supressão do exame pericial nos crimes que deixam vestígios pela prova testemunhal e repele a utilização da confissão como meio de prova substitutivo. Tal conclusão se extrai nos seguintes dispositivos do CPP: Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 6 A questão também está correta em sua parte final, pois tratou da aplicação do seguinte artigo do CPP: Art. 159. ... § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Em virtude da utilização do termo acusado e da necessidade de admissão pelo juiz, prevalece o entendimento de que o assistente técnico só pode ser admitido na fase processual. Agente da Polícia Federal - DPF12_AG – CESPE/UnB – DPF - justificativas realizadas pela própria banca. 96 - De acordo com inovações na legislação específica, a perícia deverá ser realizada por apenas um perito oficial, portador de diploma de curso superior; contudo, caso não haja, na localidade, perito oficial, o exame poderá ser realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente na área específica. Nessa última hipótese, serão facultadas a participação das partes, com a formulação de quesitos, e a indicação de assistente técnico, que poderá apresentar pareceres, durante a investigação policial, em prazo máximo a ser fixado pela autoridade policial. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 7 Gabarito: Errado 96 E – Indeferido A compreensão do item decorre de texto expresso da norma de regência, especificamente dos seguintes artigos: Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. [...] § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. [...] II - indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. Em doutrina, tem-se a seguinte lição: “Repita-se, contudo, a Lei 11.690/08, que modificou a redação do art. 159, par. 4º e 5º, não determina a participação do assistente técnico na fase de investigação policial.” OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 11.ª. edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2009. p. 45. Em conclusão, sob todos os ângulos que se examine o presente recurso, não há amparo para anulação do gabarito preliminar. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 8 Agente da Polícia Federal - DPF12_AG – CESPE/UnB – DPF - justificativas realizadas pela própria banca. 97 - Como o sistema processual penal brasileiro assegura ao investigado o direito de não produzir provas contra si mesmo, a ele é conferida a faculdade de não participar de alguns atos investigativos, como, por exemplo, da reprodução simulada dos fatos e do procedimento de identificação datiloscópica e de reconhecimento, além do direito de não fornecer material para comparação em exame pericial. Gabarito: Errado 97 E – Indeferido A assertiva apontada como errada deve ser mantida, eis que o sistema processual traz em seu bojo o direito de não produzir prova contra si mesma, conforme princípio adotado pela doutrina e jurisprudência do “nemo tenetur se detegere (privilege against self- incrimanation)”. Ocorre que em determinada situação, prevista na legislação de regência, não poderá obstar o prosseguimento da investigação, sendo compelido a se submeter a alguns procedimentos, como por exemplo, os casos de necessidade de identificação datiloscópica e ao procedimento de reconhecimento de pessoa. Em doutrina conferir a lição de BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo Penal, 4ºed. São Paulo: Saraiva. 2009. P126. No mesmo sentido conferir: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 5.ª. ed. rev. e ampliada. São Paulo: Editora RT. 2009. p.160/162. O objeto de avaliação do item em tela, investigação policial e direitos do investigado, encontra-se expressamente previsto nos seguintes pontos do edital:1, 2, 2.1 e 2.6. Em conclusão, sob todos Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 9 os ângulos que se examine o presente recurso, não há amparo para anulação do gabarito preliminar. Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a matéria: Perícia → Conceito: É o exame realizado por pessoa com conhecimentos especiais em coisas ou pessoas, que tem por finalidade esclarecer determinado fato atrelado ao caso penal. Do grego “Peritia” – que significa habilidade especial. Exame pericial é exigido por lei quando o crime deixa vestígios (crimes não transeuntes). Tal situação configura resquício do Sistemada Prova Legal ou Tarifada em nosso ordenamento, conforme já afirmamos por ocasião do estudo dos sistema de valoração das provas. Não pode ser suprido pela confissão do acusado nos crimes NÃO transeuntes. Pergunta: Se o vestígio desaparecer? Resposta: Com o desaparecimento se torna inviável o exame de corpo delito direto, se aventando, então, a realização do exame de corpo de delito indireto→ Art. 158. Entretanto, caso também não seja possível o exame de corpo de delito indireto, só então se abrirá possibilidade de utilização da PROVA TESTEMUNHAL como forma de suprir a falta do Exame de Corpo de Delito → Art. 167. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 10 → Número de peritos: A situação está tratada no Art. 159, CPP. Mencionado artigo trata da perícia oficial realizada por perito oficial. Portanto, após a Reforma de 2008, basta 1 perito oficial. Pergunta: Se não houver perito oficial? Resposta: Supre-se a falta com 2 peritos NÃO oficiais (pessoas idôneas com curso superior – preferencialmente na área em que houver a necessidade). Os peritos não oficiais também são conhecidos como peritos louvados. Os mesmo necessitam prestar o compromisso a que se refere o §2º do art. 159. Pergunta: A S. 361 do STF ainda é aplicável? Resposta: Dispõe a referida súmula: No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão. A S. 361, STF, na sua 1ª parte, somente é aplicável, atualmente, no caso de perícia oficial realizada por perito NÃO oficial. A 2ª parte da súmula, essa SIM, não tem mais aplicação no processo penal brasileiro, não se falando mais em impedimento do perito que tiver funcionado anteriormente na diligência de apreenssão. Laudo pericial ≠ Auto pericial Auto pericial: É a parte do exame pericial onde o perito descreve os elementos a serem periciados. É eminentemente descritivo. Laudo pericial: É a parte do exame pericial onde o perito expressa suas conclusões a respeito da perícia. É eminentemente conclusivo. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 11 → Laudo (Exame) pericial: * prazo – art. 160 Laudo + Auto = Exame pericial. ↓ Prazo de 10 dias (prorrogado em casos especiais) ↓ Prazo dilatório CPP só fala o prazo para a realização do LAUDO. * recusa – art. 184: Juiz ou delegado podem negar prova pericial requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade – exceto o caso de exame de corpo de delito, quando a infração penal deixar vestígios. Se houver ofensa direta ou indireta à liberdade de locomoção, com a negativa, é possível sustentar a impetração de HC. * divergência entre peritos – art. 180: No caso de divergência entre os dois peritos, pode o juiz pedir outro perito (art. 180). Não precisaria estar positivado, porque o sistema que impera e o do Livre Convencimento Motivado. Nestor Távora sustenta que o juiz pode até desconsiderar o laudo do perito oficial para se convencer, por exemplo, das apreciações feitas pelo assistente técnico. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 12 Na prática não é só a autoridade judiciária, apesar de o art. 181 falar isso. Doutrina e jurisprudência entendem que pode ser também a autoridade policial. Art. 182 – Sistema Liberatório (≠ Sistema Vinculado). ↓ Utilizado na apreciação da prova pericial. O exame TEM que existir, MAS não é obrigatória sua aceitação. O Sistema Liberatório aqui referido decorre do Sistema do Livre Convencimento Motivado. → Exame do corpo de delito: Corpo de Delito é o conjunto dos vestígios, dos elementos sensíveis deixados pelo crime (delito). Obs: A indispensabilidade do exame de corpo de delito é relativa, pois admite sua substituição nos seguintes casos: Art. 167 (vestígios desaparecem – prova testemunhal). Arts. 14 e 23, lei 4898/65 (lei do abuso de autoridade). Art. 77, §1º, lei 9099/95 (crimes de menor potencial ofensivo) – supridos pelo Boletim Médico (em nome da informalidade que garante a celeridade os Juizados Especiais). Ex: Lesões corporais leves e culposas. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 13 → Momento (art. 161): Qualquer hora do dia ou da noite. O mais rápido possível para que os vestígios não desapareçam (art. 161). → Exame necroscópico (autópsia): É o exame interno do cadáver. Art. 162: Dispõe que necropsia deverá ocorrer após o período de 6 horas, salvo se os peritos julgarem, pela evidência dos sinais da morte, que possa ser feita antes daquele prazo (o que declararão no auto). O prazo mínimo foi fixado em virtude da medicina legal apontar referido período como aproximado na aparição dos sinais da morte, assunto estudado e nomeado como tanatologia forense. Dispensa - § único: nos casos de morte violenta, pode o perito NÃO fazer a autópsia ou a necropsia. → Demais perícias: • local do crime (art. 169 e § único): Ainda que exista alteração do local ou no local, é necessário que o exame exista (ainda que fique prejudicado, pode ser útil – se for bem feito o auto, o laudo pode ser realizado por um bom perito). • laboratório (art. 170): Não implica nulidade automática a perícia digital pela falta da previsão legal no art. 170. • avaliação de coisas (art. 172): Avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. Necessário concluir, por exemplo, se a coisa é de pequeno valor (o que implica na redução da pena) ou de valor insignificante (para sustentação da atipicidade do crime pelo Princípio da Insignificância). Esse exame é útil na tipificação dos seguintes delitos: * art. 155, §2º, CP (furto); * art. 170, CP (apropriação indébita); * art. 171, §1º, CP (estelionato); * art. 50, §1º, lei 11343/06 (drogas); Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 14 * a multa reparatória nos crimes de trânsito (art. 297, CTB – 9503/97). • exame do grafotécnico (art. 174): Prova expressamente prevista no CPP (e não prova atípica). Visa comparar grafia do documento para apuração de autoria do delito. Obs: inciso IV – observar o direito ao silêncio! Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. • Perícias nos instrumentos do crime: Servem para atestar a natureza (art. 175) e a eficiência da arma utilizada no crime. • Exame de embriaguez ao volante (art. 306, CTB; 277, §3º, CTB): Não está expressamente previsto no CPP. Bafômetro – enquanto alguns doutrinadores entendem que é o único meio para produção da prova, outros defendem que não, pois a embriaguez deixa vestígios internos (0,6 decigramas de álcool), se fazendo necessário o exame de corpo de delito – o que dificulta colheita de prova para condenar o agente, uma vez que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Existe multa administrativa para aqueles que se recusam a usar o bafômetro– questiona-se a constitucionalidade dessa multa: já que o indivíduo não é obrigado a produzir provas contra si mesmo, logo não poderia ser punido pelo exercício de um direito. A embriaguez ao volante é um crime que deixa vestígios? Duas visões poderiam ser delineadas: 1) Deixa vestígios internos. Logo, é indispensável o exame de corpo de delito. 2) Esse crime não deixa vestígios, sendo, portanto, dispensável o exame de corpo de delito. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 15 Sobre o tema o STJ, embora não pautado em qualquer uma das premissas acima, decidiu o seguinte: HC 230643 / SP - HABEAS CORPUS - 2012/0004368-6 T5 - QUINTA TURMA HABEAS CORPUS. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. AUSÊNCIA DE AFERIÇÃO DA CONCENTRAÇÃO ALCOÓLICA NO SANGUE. ELEMENTAR OBJETIVA NÃO DEMONSTRADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. Hipótese em que embora a denúncia e o laudo policial relatem indícios veementes do estado de embriagues da Paciente, não há qualquer comprovação no grau de concentração alcoólica em seu sangue. 2. A Lei n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro) teve a redação do caput do art. 306 alterada pela Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008, a qual incluiu a elementar da concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 06 (seis) decigramas. 3. Trata-se de elementar objetiva, que estabelece valor fixo para a configuração do delito, de modo que para sua comprovação é necessária aferição técnica apta a estipular numericamente a concentração de álcool por litro de sangue do acusado. Precedentes. 4. Matéria submetida ao crivo da 3ª Sessão desta Corte, no dia 28 de março de 2012, na ocasião do julgamento do REsp 1.111.566/DF, a qual pacificou a questão decidindo que apenas o teste do bafômetro ou o exame de sangue podem atestar o grau de embriaguez do motorista para desencadear uma ação penal. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 16 5. Ordem concedida, para trancar a ação penal (Data de julgamento: 21/06/2012; Data de publicação: 29/06/2012).3 Grifos acrescidos Dando fim a discussão, pelo menos no âmbito do STJ, em 04/09/2012 foi publicado o acórdão do Recurso Especial referenciado na decisão acima: "1. O entendimento adotado pelo Excelso Pretório, e encampado pela doutrina, reconhece que o indivíduo não pode ser compelido a colaborar com os referidos testes do 'bafômetro' ou do exame de sangue, em respeito ao princípio segundo o qual ninguém é obrigado a se autoincriminar (nemo tenetur se detegere ). Em todas essas situações prevaleceu, para o STF, o direito fundamental sobre a necessidade da persecução estatal. 2. Em nome de adequar- se a lei a outros fins ou propósitos não se pode cometer o equívoco de ferir os direitos fundamentais do cidadão, transformando-o em réu, em processo crime, impondo-lhe, desde logo, um constrangimento ilegal, em decorrência de uma inaceitável exigência não prevista em lei. 3. O tipo penal do art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro é formado, entre outros, por um elemento objetivo, de natureza exata, que não permite a aplicação de critérios subjetivos de interpretação, qual seja, o índice de 6 decigramas de álcool por litro de sangue. 4. O grau de embriaguez é elementar objetiva do tipo, não configurando a conduta típica o exercício da atividade em qualquer outra concentração inferior àquela determinada pela lei, emanada do Congresso Nacional. 5. O decreto regulamentador, podendo elencar quaisquer meios de prova que considerasse hábeis à tipicidade da conduta, tratou especificamente de 2 (dois) exames por métodos técnicos e científicos que poderiam ser realizados em 3 http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=embriagues+ao+volante&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=1 Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 17 aparelhos homologados pelo CONTRAN, quais sejam, o exame de sangue e o etilômetro. 6. Não se pode perder de vista que numa democracia é vedado ao judiciário modificar o conteúdo e o sentido emprestados pelo legislador, ao elaborar a norma jurídica. Aliás, não é demais lembrar que não se inclui entre as tarefas do juiz, a de legislar. 7. Falece ao aplicador da norma jurídica o poder de fragilizar os alicerces jurídicos da sociedade, em absoluta desconformidade com o garantismo penal, que exerce missão essencial no estado democrático. Não é papel do intérprete-magistrado substituir a função do legislador, buscando, por meio da jurisdição, dar validade à norma que se mostra de pouca aplicação em razão da construção legislativa deficiente. 8. Os tribunais devem exercer o controle da legalidade e da constitucionalidade das leis, deixando ao legislativo a tarefa de legislar e de adequar as normas jurídicas às exigências da sociedade. Interpretações elásticas do preceito legal incriminador, efetivadas pelos juízes, ampliando-lhes o alcance, induvidosamente, violam o princípio da reserva legal, inscrito no art. 5º, inciso II, da Constituição de 1988: "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". 9. Recurso especial a que se nega provimento." RECURSO ESPECIAL Nº 1.111.566 - DF - RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE (voto vencido) - R.P/ACÓRDÃO : MINISTRO ADILSON VIEIRA MACABU. 4 O tema ora tratado ainda sofrerá a incidência da edição de nova lei a respeito do tema. Trata-se da lei 12.760, de 20 de dezembro de 2012, que acabará por rechaçar o entendimento proferido 4 Fonte: http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=106876&utm_source=agencia&utm_medium =email&utm_campaign=pushsco Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 18 pelo STJ, pois amplia os meios de prova admissíveis para a infração criminal. Vejamos a novel legislação: “LEI Nº 12.760, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2012. Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Os arts. 165, 262, 276, 277 e 306 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, passam a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 165. …………………………………………………………… Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. Medida administrativa – recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – do Código de Trânsito Brasileiro. Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses.”(NR) “Art. 262. ……………………………………………………………. § 5o O recolhimento ao depósito, bem como a sua manutenção, ocorrerá por serviço público executado diretamente ou contratado por licitação pública pelo critério de menor preço.”(NR) “Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165. Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerância quando a infraçãofor apurada por meio de aparelho de medição, observada a legislação metrológica.”(NR) Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 19 “Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. § 1o (Revogado). § 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas. …………………………………………………………………………” (NR) “Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: …………………………………………………………………………………. § 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia para efeito de caracterização do crime tipificado Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 20 neste artigo.”(NR) Art. 2o O Anexo I da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, fica acrescido das seguintes definições: “ANEXO I DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES …………………………………………………………………………………. AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO -…………. AR ALVEOLAR – ar expirado pela boca de um indivíduo, originário dos alvéolos pulmonares. …………………………………………………………………………………. ESTRADA - …………………………………………………………. ETILÔMETRO – aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar alveolar. ………………………………………………………………………………..” Art. 3o Fica revogado o § 1o do art . 277 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997. Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação Brasília, 20 de dezembro de 2012; 191o da Independência e 124o da República. DILMA ROUSSEFF José Eduardo Cardozo Alexandre Rocha Santos Padilha Aguinaldo Ribeiro” Grifos acrescidos Sobre o tema remetemos o aluno aos argumentos expostos sobre o tema da invasividade probatória, trabalhado anteriormente. Agente da Polícia Federal - DPF12_AG – CESPE/UnB – DPF - justificativas realizadas pela própria banca. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 21 99 - O Código de Processo Penal determina expressamente que o interrogatório do investigado seja o último ato da investigação criminal antes do relatório da autoridade policial, de modo que seja possível sanar eventuais vícios decorrentes dos elementos informativos colhidos até então bem como indicar outros elementos relevantes para o esclarecimento dos fatos. Gabarito: Errado 99 E – Indeferido A assertiva apontada como errada deve ser mantida, isso porque em que pese as recentes alterações do CPP, no que ao tange ao momento do interrogatório do réu, portanto na fase judicial, em nada alterou a parte da investigação policial. Senão vejamos: Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: [...]V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; [...] Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. [...] Dos dispositivos apontados, conclui-se que em relação à investigação não ocorreu modificação alguma, existindo essa imposição como último ato apenas na fase judicial, como se pode aferir no art. 400 do CPP. Por derradeiro, vale o registro que no item em tela foram exigidos conhecimentos tão somente no que tange a ordem dos atos a serem praticados em sede de inquérito policial, objeto previsto nos pontos 1 Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 22 e 2.2 do edital do certame. Em conclusão, sob todos os ângulos que se examine o presente recurso, não há amparo para anulação do gabarito preliminar. 2013 – CESPE De acordo com o CPP, o interrogatório do investigado, em regra, pode ser realizado em qualquer etapa do inquérito policial, e por intermédio do sistema de videoconferência ou de outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que o investigado esteja recolhido em unidade da federação distinta daquela em que se realize o procedimento e tal medida seja necessária para prevenir risco à segurança pública, em razão de fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou possa fugir durante o deslocamento. Errado Comentários: A parte sublinhada está errada. A questão está errada, pois para a ocorrência do interrogatório por videoconferência, embora haja vários requisitos, dentre eles, não está a necessidade de que o preso esteja em unidade de federação distinta. Ademais, o CPP ao dispor sobre o interrogatório por videoconferência o trata do contexto do processo judicial e não do inquérito policial, onde quem presidirá o ato será o delegado de polícia e não o juiz, conforme faz menção o texto do CPP ao dispor sobre a videoconferência. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 23 Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a matéria: Interrogatório (arts. 185 ao 196, CPP) É o ato pelo qual o magistrado procede à oitiva do réu acerca da imputação5 que lhe é dirigida. Trata-se do momento mais oportuno ao exercício da AUTODEFESA. É corolário do Contraditório e da Ampla Defesa. É o ato de quem?! Do magistrado (interrogatório JUDICIAL). Interrogatório no Inquérito → Ato de natureza administrativa (principalmente porque não é garantido aqui o contraditório e ampla defesa). Meramente procedimental. No processo, o interrogatório, após a reforma de 2008, passou a ser o ÚLTIMO ato da instrução. Prevalece, na doutrina, que o interrogatório tem natureza mista ou híbrida (meio de prova e meio de defesa). Características: Obrigatoriedade Personalidade Oralidade Publicidade Individualidade→ Obrigatoriedade: Refere-se à EXIGÊNCIA DE OPORTUNIDADE do interrogatório. 5 A palavra imputação no direito processual penal é sinônimo de ACUSAÇÃO. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 24 A doutrina majoritária entende que o réu pode não comparecer ao interrogatório (já que pode comparecer ao interrogatório e exercer seu direito ao silêncio e até mentir6). Cuidado com o art. 260, CPP, 1ª parte – condução coercitiva se o réu não comparece; segundo a doutrina majoritária, NÃO foi recepcionado. Está em vigor, mas não é vigente na parte que menciona o interrogatório. Porque o interrogatório é um DIREITO e não um DEVER. E o “não comparecimento” é considerado uma manifestação do direito ao silêncio => Eugênio Pacelli. Ninguém deveria ser punido pelo exercício de um direito, já que direito é uma faculdade protegida pela lei. Se a questão utilizar o termo LEGALMENTE, será correto falar na possibilidade da condução coercitiva do rei para interrogatório e isso nos procedimentos comuns, pois no procedimento do Tribunal do Júri a condução coercitiva não é mais autorizada, nem em termos legais. Se a questão falar DOUTRINARIAMENTE, NÃO é correto falar em condução coercitiva (observada a mesma ressalva feita acima a respeito do procedimento). → Personalidade: Interrogatório é um ato exclusivo, personalíssimo do réu. NÃO é possível representação. → Oralidade: Exceção à oralidade é encontrada nos arts. 192 e 193, CPP (Surdos e Mudos). 6 Mais uma vez é de se lembrar, conforme dito linhas atrás que: Entretanto, deve-se ter cautela para não tratar o direito ao silêncio como absoluto, já que, em se pregando uma lealdade processual, não se deve admitir a mentira que incrimine terceiro, sob pena da prática do crime de denunciação caluniosa (art. 339 do CP) e nem que referida mentira produza inovação artificiosa, fraudulenta, do processo (art. 347 e seu § único), pois os direitos e garantias fundamentais não podem servir de escudo para práticas ilícitas. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 25 → Publicidade: Como os atos processuais são, em regra, públicos, o interrogatório também o será. Será sigiloso nas mesmas exceções dos demais atos processuais (contidos no art. 5º, LX, CF). → Individualidade: Art. 191, CPP. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente. Objetivo: Garantir a imparcialidade (pureza) dos depoimentos e a utilidade de eventual acareação. Sistema de Inquirição È importante, para fins didáticos, diferenciar o sistema de inquirição do réu com o sistema de inquirição da testemunha. Vejamos: Sistema de inquirição do RÉU: Em regra, Presidencialista – SEMPRE foi e não houve alteração (juiz faz as perguntas). Exceção: Tribunal do Júri (que é DIRETO) Inquirição das TESTEMUNHAS = Reforma de 2008, transformou em DIRETA. No procedimento do Júri, o sistema de inquirição também é DIRETO. Obrigatoriedade de advogado: Modificação introduzida em 2003. É obrigatória a presença do advogado justamente porque a defesa técnica é INDISPONÍVEL (relembrar que Ampla Defesa se subdivide em defesa técnica e autodefesa). Art. 185, “caput”: “... na presença de seu defensor...” Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 26 Direito de entrevista (185, §5º): Direito de entrevista pessoal e reservada. Como viabilizar referido direito quando utilizada a videoconferência? R.: Um advogado do lado do réu (próprio §5º estabelece) e outro ao lado do juiz. É conferido direito de entrevista por videoconferência? R.: SIM, com o estabelecimento de canais telefônicos reservados7 entre o réu e o seu advogado (que está ao lado do juiz no fórum) e de advogado com advogado para que exista coerência na defesa. Procedimento Procedimento em duas partes: Na primeira parte é esclarecido o comportamento do réu, onde este mora, vida pregressa, profissão que ele exerce... (informações inerentes à PESSOA DO RÉU). Na segunda parte foca-se no FATO ocorrido. Indagação: Direito ao silêncio estaria presente nas 2 partes?! DIVERGÊNCIA! Majoritariamente, tem-se entendido que tal direito engloba as duas partes (da pessoa e do fato). Observação que deve ser feita neste caso, é sobre o cuidado a ser tomado com os seguintes tipos penais: 7 Não cabendo, portanto, interceptação telefônica. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 27 *art. 68, LCP, decreto-lei nº 3688/41, - Recusa de dados sobre a própria identidade; *art. 307, CP – Crime de falsa identidade. Minoritariamente se entende que este direito englobaria apenas a parte referente ao FATO. Sobre a discussão lembramos ao leitor os comentários que fizemos ao comentar o princípio fundamental da ampla defesa: “Sobre o princípio da ampla defesa, poderia se indagar se o mesmo, somado ao direito ao silencio, também protegido constitucionalmente, poderia viabilizar o direito à mentira. Na resolução da questão deve-se registrar, de início, o entendimento majoritário, que a responde de forma positiva. Destarte, prevalece a possibilidade, pois o direito ao silêncio, como direito fundamental que é, englobaria o direito de defesa do réu, que deve ser ampla (AMPLA DEFESA). Assim, não só o silêncio omissivo quanto o silêncio comissivo seriam possíveis. Entretanto, deve-se ter cautela para não tratar o direito ao silêncio como absoluto, já que, em se pregando uma lealdade processual e um processo penal que equilibre as garantias do réu com exercício legítimo da pretensão punitiva8, não se deve admitir a mentira que incrimine terceiro, sob pena da prática do crime de denunciação caluniosa (art. 339 do CP) e nem que referida mentira produza inovação artificiosa, fraudulenta, no processo (art. 347 e seu § único), pois os direitos e garantias fundamentais não podem servir de escudo para práticas ilícitas. Assim, se viabilizará a proteção dos 8 Apesar de comum a terminologia pretensão punitiva, ressaltamos a opinião de BADARÓ e LOPES JR. que preferem o termo pretensão acusatória. Afirma Jopes Jr.: O titular da pretensão acusatória (acusador) exige que a justiça penal exerça o poder punitivo e não que se atribua a ele mesmo ou a um terceiro, como ocorre no processo civil. Não existe pedido de adjudicação alguma por parte do acusador, pois não lhe corresponde o pode de penar. Por isso, o acusador detém o poder de acusar, não de penar. Logo, jamais poderia ser uma pretensão punitiva.(LOPES JR. Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional, vol. 1, edição 2008, p. 99/100) Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 28 interesses e finalidades envolvidas no desenvolvimento adequado da atividade processual penal, sem excessos para qualquer dos lados e reconhecendo a lealdade processual como uma via de mão-dupla.”9 Interrogatório do Réu preso: O interrogatório do réupreso deve seguir a seguinte ordem de preferência10 legalmente estabelecida: 1) Preferencialmente, no estabelecimento prisional (§1º, art. 185, CPP). 2) Videoconferência (§2º, art. 185, CPP). 3) FÓRUM – art. 399, CPP. Interrogatório por Videoconferência (art. 185, §2º, CPP) Pode ferir o Princípio da Imediatidade das Provas, mas assegura o Princípio da Identidade Física do Juiz. Características do Interrogatório por Videoconferência: Excepcionalidade Decisão fundamentada Intimação das partes Impossibilidade – Estabelecimento Prisional O interrogatório on-line deve ser tratado como exceção, segundo legislador: 9 Trecho referente ao item 1.3.11, onde ainda expusemos a respeito do modelo cooperativo que reputamos aplicável ao processo penal. 10 Mesmo que se reconheça que na prática a lógica é inversa. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 29 §2º: “EXCEPCIONALMENTE, o juiz, por decisão fundamentada...”. Constitucionalidade: Antes da previsão legal, o STF entendia pela INCONSTITUCIONALIDADE11, uma vez que inexistia lei federal regulando o mesmo. Assim, a ausência de lei federal foi a ratio decidendi. Depois do acréscimo em lei, deve-se presumir a constitucionalidade. Apesar disso, há entendimento no sentido da inconstitucionalidade, por violação da CF no que tange à Ampla Defesa (sobretudo no poder de influir na decisão do magistrado), sob a alegação de que esta foi restringida (já que deve ser ampla, presencial...). 11 "Ação penal. Ato processual. Interrogatório. Realização mediante videoconferência. Inadmissibilidade. Forma singular não prevista no ordenamento jurídico. Ofensa a cláusulas do justo processo da lei (due process of law). Limitação ao exercício da ampla defesa, compreendidas a autodefesa e a defesa técnica. Insulto às regras ordinárias do local de realização dos atos processuais penais e às garantias constitucionais da igualdade e da publicidade. Falta, ademais, de citação do réu preso, apenas instado a comparecer à sala da cadeia pública, no dia do interrogatório. Forma do ato determinada sem motivação alguma. Nulidade processual caracterizada. Habeas corpus concedido para renovação do processo desde o interrogatório, inclusive. Inteligência dos arts. 5º, LIV, LV, LVII, XXXVII e LIII, da CF, e 792, caput e § 2º, 403, 2ª parte, 185, caput e § 2º, 192, parágrafo único, 193, 188, todos do CPP. Enquanto modalidade de ato processual não prevista no ordenamento jurídico vigente, é absolutamente nulo o interrogatório penal realizado mediante videoconferência, sobretudo quando tal forma é determinada sem motivação alguma, nem citação do réu." (HC 88.914, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 14-8-2007, Segunda Turma, DJ de 5-10-2007.) Vide: HC 99.609, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 9-2-2010, Primeira Turma, DJE de 5-3-2010; HC 90.900, Rel. p/ o ac. Min. Menezes Direito, julgamento em 30-10-2008, Plenário, DJE de 23-10-2009. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 30 Ao dissertar sobre a (in) constitucionalidade do interrogatório, é necessário abordar os seguintes princípios: Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa Princípio da Imediatidade do Juiz Princípio da Identidade Física do Juiz Antes, o argumento utilizado (inclusive pelo STF) era a falta de previsão legal. Hoje, este argumento está superado (porque HÁ previsão legal). → Inconstitucionalidade: sustentada por Antônio Scarance Fernandes. → Constitucionalidade12: sustentada por Denilson Feitoza e Norberto Avena. Confissão (Arts. 190 + 197 ao 200 do CPP) É o reconhecimento da autoria do fato pelo acusado. É o ato de reconhecimento realizado em juízo pelo réu, onde o mesmo admite a veracidade dos fatos que lhe são atribuídos e que são capazes de lhe acarretar prejuízos. Confissão => O termo confissão é adequado à fase PROCESSUAL, conforme se observa do conceito acima. 12 Pontos positivos à sustentação da constitucionalidade do interrogatório on-line: * Não se pode presumir a inconstitucionalidade. A utilização de meios mais modernos, por si só, não pode ser considerado, presumidamente, como prejudicial. O dispositivo de lei garante a PRESENÇA, mas esta pode ser virtual. Duração razoável do processo (direito do réu) seria uma decorrência da presença virtual. ** Os que alegam a inconstitucionalidade do interrogatório virtual não reclamavam a inconstitucionalidade do interrogatório por Carta Precatória, onde se feria, ao mesmo tempo, o Princípio da Imediatidade e da Identidade Física do juiz (juiz da instrução = juiz que julga). O interrogatório, “a priori”, é constitucional em abstrato – presunção relativa de constitucionalidade. Diante do caso concreto pode ser inconstitucional (assim como o interrogatório com presença real). E se o réu quiser um interrogatório online?! AMPLA defesa => o réu poderia escolher os meios de defesa a serem utilizados. Deve- se tratar o interrogatório como direito, como faculdade, do réu. Se ele pode até não ir ao interrogatório (“pode +”), porque não poderia utilizar um interrogatório virtual (“pode –“)? Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 31 No IP => o termo tecnicamente correto seria AUTOACUSAÇÃO e não confissão, porque o indivíduo é indiciado (investigado) e ainda não foi acusado formalmente. Requisitos: → Verossimilhança: Aparência com a verdade. (Requisito intrínseco ou material). → Clareza: Na confissão o réu não pode titubear. (Requisito intrínseco ou material). → Coincidência: Tem que se referir a fatos já praticados no processo. Coincidência no local. Confissão do fato que tenha amparo naqueles autos. (Requisito intrínseco ou material). → Pessoalidade: Só o acusado é quem pode confessar. (Requisito extrínseco ou formal). → Expressividade: A confissão tem que ser EXPRESSA (não implícita). (Requisito extrínseco ou formal). → Judicialidade: A confissão é feita perante uma autoridade JUDICIAL. (Requisito extrínseco ou formal). → Espontaneidade: Sem a influência de terceiros. (Requisito extrínseco ou formal). → Saúde mental ou Higidez: Só pode confessar quem tem sanidade mental. (Requisito extrínseco ou formal). • Valor – art. 197: Valor RELATIVO. Deve haver confrontação com outros elementos colhidos no processo. É um meio de prova que sua relatividade expressa no texto legal, conforme se observa no srt. 197 do CPP. A confissão ficta NÃO é admitida no Processo Penal, já que SÓ existe a confissão REAL (característica da expressividade). Presunção Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 32 de inocência. “Nemo tenetur se detegere” ou “Nemo tenetur se ipsum accusare”. O silêncio não pode ser interpretado em prejuízo do réu. Características → Divisibilidade: Possibilidade de considerar uma parte da confissão e desconsiderar o resto (pode-se considerar tudo ou não considerar nada). Juiz é livre para se convencer parcial ou totalmente da confissão (desde que fundamentadamente). → Retratabilidade: Réu pode voltar atrás na sua confissão (emtempo hábil) – antes da sentença. O juiz é obrigado a aceitar a retratação? NÃO! Na sentença pode considerar o que quiser tanto da confissão quanto da retratação. Decorre da própria divisibilidade. É um direito subjetivo do réu, mas não vincula o juiz, que deve confrontar a confissão (ou a retratação) com as demais provas dos autos. Livre convencimento motivado. Busca cada vez mais crescente da VERDADE REAL (PROCESSUAL – Ferrajoli). → Espontaneidade: Confissão policial retratada em juízo, MAS levada em consideração na condenação, faz incidir a atenuante do art. 65, III, “d”, CP? Resposta do STJ e da doutrina majoritária: SIM! Se a confissão proferida em juízo (e retratada) for considerada para condenar, deve ser considerada para atenuar a pena. Para atenuar a pena, a confissão deve ter espontaneidade? Se, inobstante a ausência de espontaneidade, a mesma foi utilizada para condenação, também deverá ser considerada para atenuar da pena. Agente da Polícia Federal - DPF12_AG – CESPE/UnB – DPF - justificativas realizadas pela própria banca. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 33 101 - De acordo com o sistema processual penal brasileiro, qualquer pessoa poderá ser testemunha e a ninguém que tenha conhecimento dos fatos será dado o direito de se eximir da obrigação de depor, com exceção das pessoas proibidas de depor porque, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se desobrigadas pela parte interessada, e dos doentes e deficientes mentais e menores de quatorze anos de idade. Gabarito: Errado 101 E - Indeferido A compreensão do item decorre de texto expresso do CPP: DAS TESTEMUNHAS Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. [...] Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. Desse modo, nos termos da sobredita legislação, a pessoas proibidas de prestar depoimentos somente prestarão depoimento em juízo, se desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. De igual modo, não há vedação que os doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos prestem depoimento em juízo, apenas não se submeterão ao compromisso legal (art. 208 do CPP). Em conclusão, Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 34 sob todos os ângulos que se examine o presente recurso, não há amparo para anulação do gabarito preliminar. Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a matéria: Prova testemunhal (arts. 202 a 225, CPP) Para se compreender o meio de prova testemunhal, insta registrar o conceito de testemunha. Testemunha:“É todo indivíduo estranho ao feito e equidistante das partes, chamado ao processo para falar sobre fatos, perceptíveis aos seus sentidos e relativos ao objeto do litígio” (conceito ideal de testemunha). Quem pode ser testemunha? (Legitimidade). Genericamente, qualquer pessoa pode ser testemunha (art. 202, CPP). O que varia é a valoração que será dada para cada depoimento. Obs: Pacelli – Uma coisa é a capacidade para depor, outra, bem diferente, é o juízo de valoração que se faz sobre o depoimento. No processo penal, todos podem ser testemunhas, cabendo ao juiz examinar a pertinência e a idoneidade de cada testemunha. Obrigação de depor: A princípio, todo mundo é obrigado a depor (art. 206, CPP). Entretanto, algumas pessoas podem se recusar a depor (ex: ascendente, descendente, cônjuge, irmão, etc.), SALVO quando não for possível, de outro modo, obter-se a ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Deve-se dar a interpretação mais ampla possível para este artigo. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 35 Compromisso: Previsão (art. 203 e 208, CPP). A falta de compromisso fragiliza a prova testemunhal, mas não a anula obrigatoriamente. Exceção ao compromisso: doentes, deficientes mentais, menores de 14 anos e pessoas do art. 206, CPP (ascendente, descendente, cônjuge, irmão...). Testemunhas proibidas (art. 207, CPP): Estão proibidas de depor as pessoas que, em razão da função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, SALVO se, desobrigadas pela parte interessada, QUISEREM dar seu testemunho. Remissão ao art. 7º, XIX, do Estatuto da OAB (8906/94). Jornalistas são proibidos de depor? NÃO! Tendo o direito ao sigilo da fonte, não são obrigados a falar sobre o que captaram de forma imediata. Cuidado! Embora os jornalistas detenham o direito ao sigilo da fonte, não se enquadram na previsão do art. 207, CPP. Logo, não são testemunhas proibidas de depor. Parlamentares também não são proibidos de depor, embora tenham a prerrogativa de não depor a respeito de atos relacionados ao exercício parlamentar, conforme disposição do art. 53, §6º, CF. Obrigações da testemunha → Comparecer: Se a testemunha não comparecer poderá ser conduzida coercitivamente e poderá responder por crime de desobediência (art. 330, CP). → Identificar-se: Se a testemunha não se identificar, poderá ser capitulada a contravenção de recusa de dados sobre a própria identidade (art. 68, LCP). Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 36 → Prestar depoimento: Se a testemunha não presta depoimento poderá cometer o crime de desobediência (art. 330, CP). → Dizer a verdade: Se a testemunha não disser a verdade, poderá cometer o crime de falso testemunho (art. 342, CP). Espécies de testemunhas → Numerárias: São aquelas que prestam o compromisso. Testemunhas compromissadas. Ocupam o número de testemunhas. → Extranumerárias: NÃO prestam compromisso. Não ocupam o número dado pela lei. Exs: 1) os informantes (os que não prestam compromisso testemunhal – crianças, por exemplo). 2) testemunhas do juízo – ouvidas por iniciativa do juiz (previstas no art. 209, “caput”, CPP). 3) as inócuas (as que não ajudaram em nada – previstas no §2º do art. 209, CPP –. A princípio, eram testemunhas numerárias, posteriormente se transformam em extranumerárias, viabilizando assim sua substituição. → Próprias: São as que depõem sobre o fato objeto do litígio (sejam diretas ou indiretas). → Impróprias: NÃO depõem sobre o fato objeto do litígio, mas sim sobre um ato do processo – testemunhas instrumentárias ou fedatárias ou instrumentais (ex: testemunhas de apresentação). → Diretas: Depõem sobre o fato diretamente relacionado ao caso penal (infração penal). → Indiretas: São as que depõem sobre o fato intermediário,circunstancial, não diretamente relacionado ao caso penal. “Ouviram dizer”. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 37 → De antecedentes: Depõem sobre informações sobre a vida da parte (não só do réu, mas da vítima também). Testemunhas de beatificação (Borges da Rosa) ou laudadores. Utilidade: No Tribunal do Júri, porque o que rege não é a ampla defesa, mas sim a PLENITUDE DE DEFESA. Tribunal do Júri, muitas vezes, exige conhecimentos metajurídicos. → Da coroa: São os agentes infiltrados. É a prova testemunhal que decorre da infiltração policial. Prevista na Lei de Crime Organizado (não sendo necessária autorização judicial) e na Lei de D rogas (necessitando de autorização judicial). Sistema de inquirição De modo a evitar confusão com os sistemas de inquirição, após a reforma de 2008, apresento o seguinte quadro comparativo, haja vista a possibilidade de elaboração de questões que cobrem a referida distinção. COMUM JÚRI JURADOS Réu Presidencialista Direto Presidencialista Testemunha Direto Direto Presidencialista Obs: Quem primeiramente faz pergunta para a testemunha é quem a ARROLOU. Incidentes possíveis: (que podem ser suscitados por ambas as partes). CONTRADITA x ARGUIÇÃO DE DEFEITO Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 38 → Contradita: Tem por objetivo excluir a testemunha ou excluir o compromisso prestado por ela (arts. 207 e 208, CPP). → Arguição de defeito: É o incidente destinado a registrar a suspeita de imparcialidade da testemunha. VIDEOCONFERÊNCIA Amparado no art. 217, CPP. É cabível quando a testemunha se sentir atemorizada, humilhada ou sob qualquer circunstancia que poderia comprometer a veracidade do depoimento. Local do depoimento testemunhal Regra geral do local dos atos processuais: Fórum ou Subseção judiciária do local onde o crime ocorreu. Exceções: • Os dignitários podem agendar hora, local e data previamente com o juiz – art. 221 – (se estiver como testemunha; se for réu não, pois o ato de oitiva seria o interrogatório). • Em caso de necessidade, poderão ser realizadas na residência do juiz (ou em outra casa por ele especialmente designada) as audiências, sessões e atos processuais (§2º, art. 792, CPP). O MILITAR deverá ser requisitado à autoridade superior. A oitiva continuará sendo no fórum, só haverá mais uma formalidade. MILITAR NÃO É INTIMADO! É requisitado. Já com relação ao funcionário público, o juiz o intima e expede mandado imediatamente comunicando o chefe da repartição em que servir, indicando dia e hora previamente marcados. Finalidade: garantir a ININTERRUPÇÃO dos serviços públicos (Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos). Inversão da ordem da oitiva ↓ Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 39 Possibilidade excepcional Como regra, a ordem para oitiva das testemunhas é a seguinte: Testemunhas de acusação e, após, as testemunhas de defesa (decorrência da Ampla Defesa). Assim, o desrespeito à ordem de oitiva de testemunhas gera, à princípio, nulidade. Entretanto, há possibilidades, excepcionais, de inversão da ordem de oitiva (depoimento de testemunha de defesa antes da testemunha de acusação), quais sejam: • Testemunha ouvida por precatório (carta precatória). Testemunhas DEPRECADAS. Arts. 222, §1º; 400; 411; 531; todos do CPP. • Antecipação da prova testemunhal (quando testemunha corre risco de morte, por exemplo). Risco de perecimento da prova testemunhal. • Rito Sumário, onde se valoriza a CELERIDADE PROCESSUAL (art. 536, CPP). Nesse ponto graça divergência doutrinária sendo majoritário o entendimento que prioriza a celeridade do rito sumário. Crime no testemunho: art. 211 do CPP Se o juiz percebe que a testemunha começou a mentir, pode, por cautela, adverti-la lembrando à mesma a respeito do compromisso prestado. Entretanto, caso visualize a suposta prática do crime de falso testemunho, poderá remeter cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração do IP (art. 211, CPP). Competência: Quanto à competência se verifica de modo simplório que se o crime ocorrer no âmbito da justiça estadual, quem julgará o crime de Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 40 falso testemunho será a própria justiça estadual. Por outro lado, se o crime ocorrer no âmbito da justiça federal, quem julgará o crime de falso testemunho será a própria justiça federal. 2009 – CESPE – PC/RN No procedimento de reconhecimento de indiciado, este deve ser colocado ao lado de, no mínimo, três pessoas que tenham com ele grande semelhança física. Errado Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre o ponto. Reconhecimento de pessoa ou coisa (art. 226 a 228) Conceito: È o meio de prova destinado à auxiliar a identificação de sujeitos ou objetos atrelados ao caso penal. Procedimento: Quando o ofendido ou a testemunha não se recorda do autor, é preciso primeiro indagar se elas se recordam das características. Algumas pessoas com as mesmas características são colocadas na frente do ofendido ou da testemunha para que eles reconheçam o autor do crime. A ausência de pessoas semelhantes ao autor causa nulidade ao auto de reconhecimento de pessoa? Não, não há afronta a lei processual, pois a lei diz que isso deve ser feito SE POSSÍVEL. É imprescindível que a vítima não seja identificada pelo autor? Não, apenas quando a vítima tiver receio de se deparar com o suposto criminoso. Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 41 Quem assina o auto são as duas testemunhas do ato de reconhecimento e quem efetivamente realizou o reconhecimento. O reconhecido não precisa assinar o auto de reconhecimento. Retrato falado é meio de prova? Não, é meio de investigação. Reconhecimento de voz é considerado meio de prova? Sim. A ideia do reconhecimento de pessoas ou coisas é o reconhecimento visual. Porém, o ordenamento processual penal brasileiro adotou o princípio da liberdade de provas. Assim, o reconhecimento de voz é muito comum nos crimes contra os costumes, sendo perfeitamente admitido. Entretanto, o suposto criminoso não é obrigado a fornecer o padrão de sua voz para que seja reconhecido (Direito ao silêncio). Agente da Polícia Federal - DPF12_AG – CESPE/UnB – DPF - justificativas realizadas pela própria banca. 98 - O sistema processual vigente prevê tratamento especial ao ofendido, especialmente no que se refere ao direito de ser ouvido em juízo e de ser comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos. Além disso, ao ofendido é conferido o direito da preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, o que, entretanto, não obsta a acareação entre ele e o acusado. Gabarito: Certo 98 C – Indeferido A assertiva apontada como certa deve ser mantida, vez que sua compreensão decorrede texto expresso do CPP, em especial dos seguintes dispositivos legais: DO OFENDIDO .Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 42 provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para o ofendido. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)[...] DA ACAREAÇÃO. Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação. Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 43 que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.” Em conclusão, sob todos os ângulos que se examine o presente recurso, não há amparo para anulação do gabarito preliminar. Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a matéria: Acareação (art. 229) É ato probatório onde se colocam frente a frente pessoas que prestaram depoimentos divergentes sobre fatos relevantes para a solução do caso penal. É um depoimento conjunto, onde se isolam os pontos divergentes com vistas à explicação dos acareados sobre as divergências. Nos termos do artigo 229 do CPP, a acareação pode se dar entre: 1) acusados; 2) acusado e testemunha; 3) testemunhas; Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 44 4) acusado ou testemunha e a pessoa ofendida; e 5) pessoas ofendidas. Ponto importante do projeto do novo CPP se refere à omissão quanto à possibilidade de acareação que envolva acusado, tese já sustentada por Eugênio Pacelli, que embasava seu entendimento no direito constitucional ao silêncio, concluindo que não se poderia obrigar o acusado à participar do ato de acareação. Entretanto, inobstante a ausência de previsão legal futura quanto a acareação do acusado, nada impede que, caso o acusado queira se submeter a tal ato, se utilize a acareação como meio de prova, haja vista a incidência do princípio da liberdade das provas. Quem pode realizar a acareação é a Autoridade Policial (art. 6º, VI, CPP) e a Autoridade Judicial. Portanto, pode ocorrer no Inquérito Policial e no Processo Criminal. Art. 230 – é tratado pelo CPP como acareação, mas parte da doutrina o denomina de CONFRONTO, tendo em vista que a palavra acarear vem de acaroar, colocar cara a cara, o que intui, naturalmente, a presença dos envolvidos. 2009 – CESPE – TER/MA Caso o chefe do crime organizado de determinado estado, custodiado em presídio de segurança máxima, receba carta de um comparsa com informações acerca do sequestro do governador desse estado, que seria realizado no dia seguinte, o ordenamento jurídico proíbe que a administração penitenciária intercepte a referida carta, em respeito à garantia constitucional do sigilo de correspondência; além disso, caso ocorra a interceptação, o conteúdo da carta não poderá ser considerado meio de prova contra o destinatário. Errado Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 45 Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre o ponto. Prova Documental Passemos então, à análise da prova documental. Primeiro, indaga-se: Qual o valor probatório dos documentos? R.: A prova documental, a exemplo dos demais meios de prova tem valor relativo. No que tange à conceituação, o CPP cria uma definição restritiva de documento em seu art. 232. Essa definição do código afirma que documento é o escrito. Escrito é o que representa o pensamento que pode servir de prova e a lei diz que são escritos: os instrumentos e os papéis. Instrumento, de acordo com a doutrina, é o documento pré constituído, ou seja, é o escrito que desde a sua origem foi produzido com o intuito de servir como prova. Assim, o instrumento é teleologicamente probatório, pois finaliza a comprovação de um fato. Por outro lado, os papéis seriam documentos eventuais (acidentais), pois não se prestam, de início, a comprovação de um fato, embora posteriormente possam vir a ser utilizados com essa finalidade. Atualmente a doutrina tem dado uma conotação mais ampla ao termo documento, para nele enquadrar não só os escritos, como também as provas fotográficas, fonográficas, desenhos, planilhas, esquemas, e-mails. Nesse espectro mais amplo, documento seria qualquer objeto que condense um fato relevante ao caso penal. Os documentos podem ser classificados da seguinte forma: Aula 4 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 46 A. QUANTO À ORIGEM: A.1. Públicos ou oficiais; A.2. Particulares ou privados; B.QUANTO À FORMA: B.1. Originais; B.2. Cópias. C. QUANTO A AUTORIA: C.1. Nominativos; C.2. Apócrifos (anônimos).
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