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PROCESSUAL PENAL DESMEMBRADO - AULA 06/11

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Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
1 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
 
 
 
Olá amigos, 
Bom dia! 
Boa tarde! e 
Boa noite! 
Nosso objetivo de hoje: 
 
Aula 6: 
9 Sentença criminal. 
9.1 Juiz, Ministério Público, acusado e defensor, assistentes e 
auxiliares da justiça. (Temas tratados na aula 2) 
9.2 Citação, intimação, interdição de direito. 
9.3 Processos dos crimes de responsabilidade dos funcionários 
públicos. 
9.4 Sentença: coisa julgada, habeas corpus, mandado de 
segurança em matéria criminal. 
 
Antes, porém, conforme prometido no fim da aula passada, 
vamos a orientação para resposta do questionamento deixado. 
Lembra-se da pergunta? Vamos rememorar. 
“Questão dissertativa: A prisão em flagrante detém 
cautelaridade autônoma após a reforma de 2012?” 
Na resposta à indagação sugerimos que o candidato toque nos 
seguintes pontos: 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
2 
Considerando o advento da lei 12.403 de 2011, a custódia 
decorrente da prisão em flagrante só perdurará em virtude de outra 
prisão cautelar, que não o próprio flagrante, já que, como indica o 
texto da lei, não há que se falar em cautelaridade autônoma da 
prisão em flagrante delito, o que se extrai do art. 310 do CPP 
reformado que informa que o juiz, não sendo o caso de relaxar a 
prisão ou conceder liberdade provisória, deverá converter a prisão em 
flagrante em prisão preventiva. 
Embora nossa afirmação seja a mais repetida pela doutrina, 
valido é o apontamento feito pelo professor Norberto Avena: 
“ ”1 
 
1 AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo Penal: esquematizado/ Norberto Avena. – 5ª ed. – Rio de janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2012, p. 888. 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
3 
Abordada a questão da aula passada vamos aos temas da aula 
de hoje. 
 
2013 – CESPE – DPE/TO 
No que diz respeito à sentença e à coisa julgada, assinale 
a opção correta. 
a) A cassação dos direito políticos, um dos efeitos da 
sentença penal condenatória com trânsito em julgado, 
encontra-se presente em qualquer condenação criminal e 
perdura enquanto o sentenciado estiver cumprindo pena em 
regime fechado ou semiaberto. 
b) Há, no CPP, regra expressa para os limites objetivos 
da coisa julgada da sentença penal condenatória, segundo a 
qual, diferentemente do que dispõe a norma processual civil, a 
motivação, o dispositivo e as questões prejudiciais, por se 
encontrarem ligados à definição do fato principal, devem ser 
objeto da coisa julgada. 
c) O reconhecimento, pelo juiz, de circunstância 
agravante na sentença penal condenatória, não delineada 
expressamente na peça acusatória, exsurgida da instrução 
processual, independe de pedido expresso da parte acusatória 
e da submissão ao mutatio libelli. 
d) As sentenças terminativas são as que encerram o 
processo, com exame e julgamento do meritum causae, 
absolvendo ou condenando o réu, e que permitem a formação 
da coisa julgada formal e material. 
e) A sentença penal absolutória com trânsito em julgado, 
entre outros efeitos, obsta a arguição da exceção da verdade. 
Gabarito: E 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
4 
Comentários: 
Dentre as alternativas tidas como erradas, a alternativa C seria 
a que mais poderia causar estranheza. Mesmo assim, é possível 
reputá-la como errada, pois, conforme bem salienta Renato Brasileiro 
de Lima, a despeito da crítica de parte da doutrina, tem sido admitido 
pelos Tribunais o reconhecimento de circunstâncias agravantes nos 
crimes de ação penal pública, ainda que nenhuma tenha sido 
arguida pela acusação, nos exatos termos do art. 385 do CPP.2 (HC 
93.211 – STF). 
Assim, como a afirmação não delineou o tipo de ação penal, 
podemos concluir que se trata de afirmação incompleta. Contudo, 
caso a superveniência probatória (exsurgida da instrução processual) 
demonstre agravante que implique em alteração na realidade fática 
delineada na acusação, aí sim, caberia o seu reconhecimento 
somente em caso de aditamento, para a devida promoção da mutatio 
libelli e viabilização da ampla defesa. 
 
2013 – MPE/SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA 
Segundo o Código de Processo Penal, o juiz, ao proferir 
sentença condenatória, fixará valor máximo para reparação dos 
danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo 
ofendido. 
GABARITO: Errado 
Comentário: 
Conforme se percebe da leitura do art. 387 do CPP, o juiz fixará 
valor mínimo e não valor máximo, como sugere a afirmação. 
 Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei 
nº 11.719, de 2008)... 
 
2 LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. Niterói: Impetus, 2013, p. 1521. 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
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5 
 IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados 
pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo 
ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
 2012 – PGR – MPF – Procurador da República 
ASSINALE A ALTERNATIVA FALSA, A RESPEITO DA “MUTATIO 
LIBELLI”: 
a) Enquanto na emendatio a definição juridica refere-se 
unicamente à classificação dada ao fato, na mutatio libelli a nova 
definição será do próprio fato. Sendo assim, não se altera 
simplesmente a capitulação feita na inicial, mas a própria imputação 
do fato; 
b) Conforme o CPP, não procedendo o órgão do Ministério 
público ao aditamento, o assistente de acusação poderá fazê-lo, no 
prazo de cinco dias, desde que previamente habilitado nos autos; 
c) Na ordem anterior à Lei n. 11,719/08, cabia ao próprio 
magistrado a alteração (mutatio) da acusação (libelli) quando, da 
nova definição juridica, surgisse crime cuja pena fosse igual ou 
inferior àquela do delito imputado inicialmente ao réu. Conforme a 
legislação atual, que corrigiu o antigo defeito, independentemente da 
pena, o novo delito só pode ser julgado se promovido o aditamento 
da acusação pelo órgão do Ministério Público, ficando o magistrado, 
na sentença, adstrito aos termos do aditamento; 
d) Há casos em que o elemento (ou circunstância) está contido 
implicitamente na peça acusatória. È o que ocorre, por exemplo, nas 
desclassificações operadas pela alteração feita no elemento subjetivo 
da conduta (dolo e culpa). Neste sentido. já se pronunciou o STF, 
quando desclassificou o peculato doloso para peculato culposo, 
entendendo que a modificação do dolo para culpa não implicaria 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
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6 
mutatio libelli, tendo o acusado se defendido amplamente dos fatos a 
ele imputados. 
Gabarito: B 
 
Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis 
questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a 
matéria: 
 
Sentença e coisa julgada. 
 
Da sentença 
 
De acordo com a doutrina moderna “sentença é ato do juiz que 
resolve definitivamente o mérito da pretensão penal,solucionando-a em todas as suas etapas, quais sejam: a 
imputação da existência de um fato (materialidade), 
imputação da autoria desse fato, e o juízo de adequação ou 
valoração jurídico-penal da conduta. 
A sentença ainda é vista, no processo penal, como aquele ato do 
juiz que finaliza o processo.”3 
 
Requisitos da sentença (art. 381 do CPP): 
a. Relatório. Esse requisito não é absoluto. É dispensável, por 
exemplo, nos juizados especiais criminais. 
b. Fundamentação ou motivação. 
Sentença vazia: é uma sentença que não tem fundamentação, de 
acordo com a doutrina. A ausência de motivação gera nulidade 
absoluta. 
 
3 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 676. 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
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7 
c. Conclusão. É necessário que a sentença defina a condenação ou 
absolvição do sujeito. Nosso CPP exige que o juiz aplique a pena de 
maneira fundamentada e separadamente fundamentada (dizer quais 
são as agravantes/atenuantes, causas de aumento/diminuição, etc., 
ou seja, aplicar de forma expressa o critério trifásico de aplicação de 
pena exposto pelo Código Penal conforme metodologia elaborada por 
Nelson Hungria). Nas sentenças penais condenatórias há 
fundamentação no desenvolvimento do dispositivo, ou seja, na 
conclusão, porque se irá aplicar a pena, seja ela privativa ou não de 
liberdade4. 
 
d. Autenticação. É o local, a data e assinatura do juiz. É requisito 
fundamental, sob pena de inexistência5, para certificar o ato como 
ato judicial, e não meramente como ato processual. A ausência de 
local e data podem ser vistos como mera irregularidade, mas a 
assinatura é requisito fundamental, sob pena de inexistência da 
decisão. 
 
Espécies: 
a. Sentença simples (ou subjetivamente simples). É aquela 
prolatada por um juiz só, um órgão judicial monocrático. 
b. Sentença plúrima (ou subjetivamente plúrima). A decisão 
é emanada de um órgão colegiado, plúrimo e homogêneo. 
Normalmente essa sentença é chamada de acórdão. Diferente da 
sentença subjetivamente complexa que se explicará adiante. 
c. Sentença subjetivamente complexa. Também há mais de 
uma manifestação de vontade. Na sentença plúrima, a manifestação 
vem do tribunal de justiça, por exemplo. Entretanto, quando a 
 
4 O que, por questões de estilo, pode ser feito na parte da fundamentação para futura remissão na parte conclusiva da sentença. 
5 Embora se reconheça o entendimento de que tal situação seria de mera irregularidade, o que implica em vertente diametralmente 
oposta à aqui explanada. 
 
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Exercícios Comentados 
 
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decisão é prolatada pelo tribunal do júri, embora também haja mais 
de uma manifestação de vontade, referidas manifestações são 
originárias de um órgão heterogêneo; daí a denominação sentença 
complexa. Nesta decisão quem aplica a pena é o juiz. Essa sentença 
não advém somente da manifestação popular, pois a realização do 
julgamento popular envolve a presidência por um órgão do poder 
judiciário, qual seja, o juiz togado. 
d. Sentença autofágica (ou de efeito autofágico). É aquela 
sentença que condena o sujeito, mas logo depois reconhece a 
extinção da punibilidade. Ou seja, a sentença se autodeteriora. A 
hipótese é a sentença que condena o sujeito, mas reconhece uma 
causa extintiva da punibilidade. Ex: decisão que condena por 
homicídio, mas aplica-se o perdão judicial. Também será uma 
sentença simples, pois elaborada por órgão judicial monocrático. 
e. Sentença vazia. É aquela que não tem motivação. A ausência 
de motivação gera nulidade absoluta. 
f. Sentença suicida. É aquela onde a fundamentação exposta 
não se coaduna com a conclusão prolatada. Ou seja, é uma sentença 
contraditória. 
 
No estudo do tema sentença, deve-se compreender os institutos 
da emendatio e mutatio libelli. Vejamos: 
“A Emendatio Libelli é a correção, a emenda da acusação. É a 
possibilidade de o juiz, no fim da instrução criminal, verificar que o 
MP, por ex., relatando a violência ou grave ameaça utilizada na 
subtração de coisa alheia móvel pede condenação pelo crime de 
furto. Dentro da peça inicial se verifica a existência da descrição de 
um roubo. Durante a instrução processual penal se verificou que a 
subtração efetivamente se deu mediante violência. O juiz, nesse 
caso, pode condenar por roubo, ainda que prejudique o réu, pois o 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
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acusado se defende dos fatos narrados na denúncia, e não da mera 
capitulação legal feita no pedido (Princípio da consubstanciação). O 
que limita a discussão do caso penal no processo penal não é o 
pedido, e sim a causa de pedir. Por isso a utilização da denominação 
do princípio como princípio da correlação da causa de pedir com a 
sentença. Isso não fere o contraditório e a ampla defesa, já que o réu 
se defende dos fatos. A emendatio está prevista no art. 383 do CPP. 
 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na 
denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica 
diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena 
mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, 
houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do 
processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na 
lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 2o Tratando-se de infração da competência de outro 
juízo, a este serão encaminhados os autos. (Incluído pela Lei 
nº 11.719, de 2008). 
 
Não é necessário aditamento da denúncia na emendatio libelli, 
pois se trata de mera correção. 
 
Na Mutatio Libelli o promotor descreve na sua denúncia um 
furto e pede a condenação pelo roubo. No início da instrução criminal, 
verifica-se que o fato que ocorreu foi uma subtração com violência ou 
grave ameaça, confirmada a partir da prova pericial. O roubo não 
está descrito da denúncia. Se o juiz visualizar a possibilidade de 
condenação do acusado por roubo, é necessário o aditamento da 
denúncia, pois está circunstância (ausente na denúncia) apesar de 
provada durante a instrução processual penal, pode fragilizar a 
efetivação da ampla defesa. Assim, o juiz só poderá condenar se o 
Ministério Público, voluntariamente, aditar a denúncia, para que 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
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10 
então a defesa possa impugnar o aditamento com a inclusão da 
violência ou grave ameaça. 
Na mutatio o fato descrito na denúncia não corresponde ao fato 
verificado na instrução. 
Nesse caso, o juiz, antes da reforma, baixava o processo em 
diligencia, para que o juiz aditasse a denúncia. Isso já era 
extremamente criticado diante da feição acusatória que se espera em 
um processo penal garantista equilibrado. Diante disso, a doutrina já 
afirmava que o MP deveria espontaneamente aditar a denúncia, não 
se podendo falar em aditamento provocado6, conforme se verá 
adiante. 
 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender 
cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de 
prova existente nos autos de elemento ou circunstânciada 
infração penal não contida na acusação, o Ministério Público 
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, 
se em virtude desta houver sido instaurado o processo em 
crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, 
quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
 § 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao 
aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei 
nº 11.719, de 2008). 
 § 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) 
dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de 
qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da 
audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório 
do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela 
Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 
ao caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 
3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o 
juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído 
 
6 Nesse sentido conferir: HAMILTON, Sergio Demoro.O aditamento provocado, uma heresia. In: Estudos de Processo Penal – 3.ª 
série. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. p. 97-110. 
 
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Exercícios Comentados 
 
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pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
Assim, no fim da instrução processual, se o MP verificar a 
possibilidade de nova definição jurídica do fato em razão de 
superveniência probatória, ele deveria aditar a denúncia, no prazo de 
até 5 dias, contados do fim da instrução processual (que pode ser 
considerada encerrada com as alegações finais, que agora são orais, 
haja vista a possibilidade de juntada de documentos até esse 
instante). 
Diante da exposição acima poderia se elencar algumas distinções 
entre a ementadio libelli e a mutatio libelli como se verá a seguir. 
A emendatio libelli se aplica tanto as ações penais públicas quanto 
as ações penais privadas. A mutatio libelli, por sua vez, se aplica 
somente as ações penais públicas (além da ação penal privada 
subsidiária da pública, que, na sua essência, não deixa de ser 
pública), a partir de uma interpretação literal do art. 384 do CPP. 
Há quem defenda que a mutatio é cabível na ação penal privada 
propriamente dita, em que o titular é o ofendido. O art. 384 não 
prevê a ação penal privada para a mutatio, mas também não veda. 
Daí se deduz que a vítima, através de seu advogado (por analogia) 
possa mudar a acusação, caso haja inovação probatória. O único 
obstáculo, segundo essa corrente, seria o prazo decadencial incidente 
na queixa crime. Se referido prazo ainda não acabou, a alteração 
seria possível. Registre-se, porém que essa última posição é 
minoritária. 
Com a reforma do art. 384, só se admite o denominado 
aditamento espontâneo; revogou-se a figura do aditamento 
provocado. Entretanto, a mesma reforma previu, no parágrafo 1º do 
 
Aula 6 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
 
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mencionado dispositivo, que o juiz pode aplicar o art. 28 por 
analogia. Alguns vão dizer que acabou o aditamento provocado e 
outros vão sustentar que a sua previsão agora é apenas camuflada. 
De qualquer modo, agora, o juiz não baixa o processo em diligência 
(intimação pessoal do promotor), devendo aplicar o art. 28 conforme 
disposição expressa, remetendo a situação ao Procurador Geral de 
Justiça7. 
A mutatio libelli não se aplica na 2ª instância, segundo a súmula 
453 do STF. Tal conclusão deriva até mesmo da existência de um 
prazo específico para a mudança da acusação após o encerramento 
da instrução processual e pela aplicação dos princípios do 
contraditório e da ampla defesa. Chegando à 2ª instância, entende-se 
que o prazo já teria se esgotado. A mutatio libelli, formalizada pelo 
ato processual aditamento, costuma ocorrer durante a instrução. A 
instrução está unificada atualmente no que se convencionou chamar 
de audiência una de instrução e julgamento, logo, naturalmente, a 
mutatio deverá ocorrer nessa audiência. Finalizada a AIJ, o Ministério 
Público ainda terá o prazo de 5 dias para fazer o aditamento. 
Quanto à emendatio, verifica-se que a mesma pode ocorrer em 
qualquer instancia ou grau de jurisdição, ante a ausência de limitação 
legal. 
No que tange ao procedimento do aditamento se visualiza o 
seguinte dispositivo: 
 
Art. 384 ... 
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 
(três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, 
na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela 
Lei nº 11.719, de 2008).”8 
 
7 Câmara de coordenação e revisão no âmbito federal. 
8 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 680 e ss. 
 
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Sentença absolutória 
Segundo o CPP, em seu art. 386: O juiz absolverá o réu, 
mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: 
I - estar provada a inexistência do fato; 
II - não haver prova da existência do fato; 
III - não constituir o fato infração penal; 
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração 
penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração 
penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o 
réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do 
Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua 
existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
A decisão do inciso I vai repercutir na esfera cível, pois é provada 
a inexistência do fato, ou seja, o agente não pode ser 
responsabilizado por fato que não ocorreu. 
Os incisos II, III e V, não repercutem necessariamente na esfera 
cível. 
No inciso IV, se o réu não for autor do fato, a maioria da doutrina 
processualista penal diz que repercute, mas há divergências. 
No inciso VI, a literalidade impõe que o juiz tenha que ter fundada 
dúvida para absolver o réu, o que, no nosso entendimento, deve ser 
interpretado da seguinte forma: O juiz, ainda que absolva o réu, tem 
o dever de fundamentar sua decisão, ainda que haja dúvida a 
respeito das excludentes, o que, entretanto, deve ser explicitado em 
seu provimento jurisprudencial. Desse modo, não reputamos que o 
 
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14 
juiz precise de uma dúvida clara, pois o termo fundada, utilizado pelo 
legislador deve ser interpretado como: fundamentada, motivada e 
não como: cabal, evidente, já que a mera dúvida também deverá 
militar a favor réu, isso em virtude da incidência do princípio da 
presunção de inocência. 
 
Sentença condenatória 
Segundo o CPP: 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
(Vide Lei nº 11.719, de 2008) 
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou 
atenuantes definidasno Código Penal, e cuja existência 
reconhecer; 
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e 
tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação 
da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
III - aplicará as penas de acordo com essas 
conclusões; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos 
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos 
pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
 V - atenderá, quanto à aplicação provisória de 
interdições de direitos e medidas de segurança, ao 
disposto no Título Xl deste Livro; 
 VI - determinará se a sentença deverá ser publicada 
na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que 
será feita a publicação (art. 73, § 1o, do Código Penal). 
 Parágrafo único. O juiz decidirá, 
fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o 
caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida 
cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que 
vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
 
“O juiz condenará quando se convencer da autoria e da 
materialidade delituosa. 
 
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Exercícios Comentados 
 
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15 
As circunstancias agravantes ou atenuantes não precisam ser 
alegadas pela defesa ou pela acusação para que sejam aplicadas pelo 
juiz. 
Conforme é cediço, o juiz terá que fazer a dosimetria da pena em 
três fases (critério trifásico de aplicação da pena), sob pena de 
nulidade da decisão. 
Para que o juiz não exceda sua competência, só poderá fixar 
indenização sobre os prejuízos materiais, não englobando os lucros 
cessantes. Entendemos que não há que se falar em fixação de 
indenização sobre os danos morais em sentença penal condenatória, 
o que está afeto ao processo civil. Pois, em se adotando 
entendimento diverso, se poderia desvirtuar a discussão criminal do 
processo penal o transformando em palco para debates sobre a 
responsabilidade civil e sua reparação, assuntos tormentosos até 
mesmo para os juízes afetos à área civil. 
O juiz, em caso de condenação, decidirá se o sujeito permanece 
preso ou em liberdade, se será solto ou se será preso. Entretanto, 
entende-se que, se ainda presentes os requisitos da prisão 
preventiva, o réu continuará preso, não havendo sentido soltá-lo 
diante da ausência de manifestação judicial. 
Assunto de interesse e repercussão na contagem do prazo 
recursal se refere à publicação e intimação da sentença, que está 
tratado, respectivamente, nos artigos 389 e 392 que dispõem: a 
sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o 
respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a 
esse fim e que a intimação da sentença será feita, em regra, 
pessoalmente ao réu. 
No processo penal, a súmula 710 diz que os prazos serão contados 
da intimação. Segundo Pacelli, a intimação sempre terá que ser 
 
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Exercícios Comentados 
 
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16 
pessoal. Contudo, o próprio CPP, no art. 392, elenca outras hipóteses 
de intimação9, a depender da situação. 
Segundo o STF, já não se aplicava mais o dispositivo do CPP que 
afirmava que haveria deserção se o réu fugir após interpor apelação. 
Isso tem fundamento nos princípios da ampla defesa e da presunção 
de inocência. Mencionava o dispositivo: Art. 595. Se o réu 
condenado fugir depois de haver apelado, será declarada deserta a 
apelação. Tal dispositivo contrastava com o Art. 8º do decreto 678/92 
(CADH). No conflito entre dispositivos do CPP e a CADH, pelo critério 
hierárquico e pelo princípio do pro homine, haveria de prevalecer a 
CADH. 
Corrigindo a disparidade, o legislador, em 2008 e 2011, promoveu 
a revogação dos seguintes dispositivos, in verbis: 
 
Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à 
prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons 
antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou 
condenado por crime de que se livre solto. (Redação dada pela 
Lei nº 5.941, de 22.11.1973) (Revogado pela Lei nº 11.719, 
de 2008). 
Art. 595. Se o réu condenado fugir depois de haver 
apelado, será declarada deserta a apelação. (Revogado pela 
Lei nº 12.403, de 2011).”10 
 
 
 
 
 
 
 
9 Detalhe importante se refere à multiplicidade de intimações, assim, havnedo mais de uma intimação, para impugnação recursal da 
sentença, incluindo os embargos de declaração, o prazo terá início a partir da última intimação realizada, isso em homenagem ao 
princípio do favor rei. 
 
10 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 685. 
 
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17 
Coisa julgada 
“De acordo com Liebman, coisa julgada é a imutabilidade do 
comando que emerge da sentença11. 
No estudo do presente instituto se costuma distinguir a coisa 
julgada material da coisa julgada formal. 
Coisa julgada formal é a que impede a rediscussão da matéria 
penal unicamente em relação ao contexto em que foi proferida e 
especificamente no processo em cujo curso foi prolatada. Ex: decisão 
que rejeita a denúncia por ausência de pressupostos processuais.12 
A coisa julgada material, por sua vez, é aquela que impede a 
reapreciação da matéria em todo e qualquer processo presente ou 
futuro13, sendo assim entendida como defluência do princípio do ne 
bis idem processual. 
 
Coisa soberanamente julgada 
No processo civil, ocorre quando a decisão, além de transitada 
em julgado, não é mais passível de ação rescisória, uma vez 
esgotados os 2 anos limitadores do referido instrumento. 
No processo penal, em paralelismo, trabalhamos com a chamada 
ação de revisão criminal (art. 621 do CPP), que é instrumento onde 
se viabiliza desconstituição da coisa julgada penal. Esta ação não tem 
prazo, podendo ser apresentada a qualquer tempo. 
A revisão criminal é um instrumento exclusivo do réu. Uma 
sentença absolutória, por exemplo, e a princípio, não admite revisão 
 
11 Enrico Túlio Liebman (Apud, SILVA, Ovídio A Baptista da. Curso de Processo Civil. 6ª edição, São Paulo, RT, 2002, 490-491), a 
coisa julgada não é um efeito de sentença e muito menos pode identificar-se com eficácia declaratória da mesma sentença; a coisa 
julgada é algo mais que se acresce à decisão para aumentar a sua estabilidade. O caso julgado é a imutabilidade do comando 
emergente da sentença. Segundo Francesco Carnelutti (CARNELUTTI, F. Instituições do Processo Civil. São Paulo: Classic Book, 
2000. pág. 184 e 406) a coisa julgada: ...significa a decisão de mérito que se obtém por meio do processo de cognição ou, em 
outros termos, a decisão sobre questões de fundo; as questões de fundo julgadas não são apenas as expressamente resolvidas, como 
também aquelas cuja solução seja uma premissa necessária para a solução das primeiras e que, portanto, resolvem-se 
implicitamente (a chamada decisão implícita). Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/16055-
16056-1-PB.pdf 
12 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 12. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 587. 
13 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 12. ed.Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 588. 
 
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18 
criminal. Uma sentença condenatória por sua vez admite revisão 
criminal. 
Destarte, se pode concluir que a sentença absolutória, quando 
transitada em julgado, produz, desde já, a denominada coisa 
soberanamente julgada. 
Na sentença condenatória, a princípio, não há que se falar em 
coisa soberanamente julgada. Essa é a regra geral. 
Por oportuno deve-se lembrar, o caso já referido na presente 
obra em outras circunstancias, onde o STF, em situação excepcional, 
admitiu revisão criminal pro societate. Em uma decisão de 1996, a 
doutrina costuma afirmar que, considerando que a causa de 
absolvição foi a morte do agente, ou seja, a extinção da punibilidade 
em virtude do falecimento do autor foi pautada em certidão de óbito 
falsa, o STF admitiu revisão pro societate, haja vista que não se pode 
admitir que os direitos e garantias fundamentais sirvam de escudo 
para prática de ilícitos. Entretanto, tecnicamente, se pode sustentar 
que o caso não foi objeto de decisão absolutória, pois a decisão que 
extingue a punibilidade não resolve a pretensão punitiva, 
necessariamente, em todos seus aspectos, podendo simplesmente 
resolvê-la parcialmente. 
Raciocinando assim, se teria que o princípio do ne bis in idem 
processual, em termos literais, não incidiria, pois só se aventa o 
direito de não ser processado duas vezes pelo mesmo fato quando o 
titular do referido direito se beneficiou de uma sentença absolutória. 
Vejamos a redação do dispositivo relacionado: O acusado absolvido 
por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo 
processo pelos mesmos fatos (Cláusula 8ª, item 4, do decreto 678/92 
– Convenção Americana de Direitos Humanos).”14 
 
14 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 700. 
 
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19 
CESPE – 2013 – CNJ – ANALISTA JUDICIÁRIO 
Em regra a citação do réu é pessoal, sendo que, na hipótese de 
ele não comparecer, ainda que regularmente citado, será decretada 
sua revelia, confissão ficta e nomeação de defensor dativo, caso não 
haja advogado constituído. 
Gabarito: Errado 
 
CESPE – 2012 – TJ/RO – ANALISTA PROCESSUAL 
Acerca das citações e das intimações das partes no processo 
penal, assinale a opção correta. 
a) A lei processual penal determina que as intimações do 
defensor constituído e do representante do MP sejam feitas 
pessoalmente, por força de mandado. 
b) Se o réu estiver preso no mesmo estado da Federação em 
que o juiz processante exerce jurisdição, é válida a sua requisição ao 
diretor do estabelecimento prisional, como forma de chamamento ao 
processo. 
c) Havendo necessidade da oitiva de testemunha por carta 
precatória, para não haver nulidade, é obrigatória a intimação das 
partes, inclusive do promotor de justiça, do dia designado para a 
audiência. 
d) Se o acusado, citado por edital, não comparecer nem 
constituir advogado, deverá o magistrado suspender o processo, bem 
como o curso do prazo prescricional, sem prejuízo da realização de 
provas antecipadas. 
e) As citações que houverem de ser feitas em legações 
estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória com a devida 
chancela do tribunal superior competente. 
Gabarito:D 
 
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CESPE – 2012 – TJAL – Analista Judiciário 
Acerca da citação, da intimação, do rito processual e dos 
prazos no processo penal, assinale a opção correta. 
A) Conforme entendimento do STF, admite-se a citação por 
edital de réu preso, desde que ele esteja preso na mesma unidade 
da Federação em que o juiz exerce sua jurisdição. 
B) A contagem do prazo inicia-se no dia da intimação, seja ela 
pessoal ou não, ou no dia em que a parte manifestar nos autos 
ciência inequívoca da decisão, excluído o dia de seu vencimento. 
C) Tendo sido recebida a denúncia ou a queixa, a intimação é o 
meio pelo qual se deve dar conhecimento ao réu, nos procedimentos 
ordinário e sumário, do prazo de dez dias para apresentação de 
resposta escrita à acusação. 
D) O defensor constituído é intimado por publicação, por 
intermédio do órgão que dá publicidade aos atos judiciais em cada 
comarca; a intimação do defensor nomeado é pessoal, assim como 
pessoal é a intimação do Ministério Público. 
E) É pacífico o entendimento de que, no processo penal, o dia 
da intimação, a ser considerado para o início da contagem do prazo 
para o intimado, deve ser dia útil. 
Gabarito:D 
 
Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis 
questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a 
matéria: 
 
Citação, intimação, (Interdição de Direito – instituto que passou a 
ser trada pelo art. 147 da Lei de Execuções Penais). 
 
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21 
Citação 
 
A citação é o ato de comunicação processual inicial e tem por 
finalidade o chamamento do acusado ao processo, efetivando a 
informação (componente do contraditório) e oportunizando o 
exercício do direito à defesa. 
Estando em um ambiente principiologicamente constitucional, a 
ausência ou irregularidade de citação impõe o reconhecimento da 
nulidade absoluta. Apesar de absoluta, a doutrina e jurisprudência 
continuam reputá-la como uma nulidade sanável, admitindo a 
convalidação de sua ausência pelo comparecimento do réu em juízo. 
O efeito da citação, no processo penal, é completar a relação 
processual. 
A prescrição, por exemplo, no processo penal, só é interrompida 
pelo recebimento da inicial, momento em que se considera 
determinada a litispendência. 
O que torna o juízo prevento é qualquer ato de conteúdo 
decisório, anterior ou posterior ao oferecimento da denúncia ou 
queixa, mas não a citação. 
A citação deve ser, regra geral, pessoal no processo penal, haja 
vista a aptidão que uma ação penal tem em provocar prejuízo no 
status dignitatis do indivíduo sujeito à persecução criminal. 
Assim, embora seja ideal a citação pessoal, perceberemos a 
seguir que ela não é a única espécie de citação possível no processo 
penal, razão pela qual passamos a analisar suas diferentes espécies. 
 
Citação por mandado: É a regra geral. Tal citação se submete a 
requisitos, vejamos: 
 
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22 
Os requisitos do mandado de citação (intrísecos) se atrelam à 
forma e o conteúdo do mandado e estão estabelecidos no art. 352, 
in verbis: 
 
“Art. 352. O mandado de citação indicará: 
I - o nome do juiz; 
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; 
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus 
sinais característicos; 
IV - a residência do réu, se for conhecida; 
V - o fim para que é feita a citação; 
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá 
comparecer; 
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.” 
 
Por outro lado, temos também requisitos externos ao mandado, 
que, por sua vez, indicam asexigências necessárias à realização da 
citação por mandado. São também denominados de requisitos 
extrínsecos e se encontram previstos no art. 357, nos seguintes 
termos: 
 
“Art. 357. São requisitos da citação por mandado: 
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da 
contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação; 
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da 
contrafé, e sua aceitação ou recusa.” 
A citação, assim como os demais atos processuais, pode ser 
realizada a qualquer hora, resguardas, por óbvio, as garantias 
fundamentais. 
 
 
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23 
Citação por precatória: A citação por precatória se dá quando o 
acusado reside fora do território onde o juiz exerce jurisdição. Trata-
se de uma citação pessoal. 
A carta precatória deve conter os requisitos previstos no art. 354 
do CPP: 
 
“Art. 354. A precatória indicará: 
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; 
II - a sede da jurisdição de um e de outro; 
IlI - o fim para que é feita a citação, com todas as 
especificações; 
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá 
comparecer.” 
 
A citação é realizada, naturalmente, por mandado expedido pelo 
juiz deprecado. Tornou-se usual a expedição de carta para citação e 
interrogatório. O STF já validou o procedimento, mas, nesse caso, 
devem ser enviadas ao deprecado cópias das principais peças do 
inquérito. 
Em caso de urgência, pode ser expedida por via telegráfica (art. 
356), por fax ou por telefone, desde que o deprecado se encarregue 
de se certificar de sua origem, isso em analogia ao art. 207 e §1o do 
CPC, conforme aponta a doutrina. 
Precatória itinerante: Trata-se da possibilidade de uma carta 
precatória ser enviada pelo juízo deprecado a outro juízo, 
independentemente da expedição de nova carta pelo juízo 
deprecante. Está prevista no art. 355, § 1º do CPP: Verificado que o 
réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este 
remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, 
desde que haja tempo para fazer-se a citação. 
 
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Citação por rogatória: É a cabível quando se saiba que o acusado 
se encontra no estrangeiro ou em sede de legações estrangeiras. 
Assim, caso se saiba que o réu esta no endereço X no exterior ou em 
embaixada ou consulado (que por força da Convenção de Viena são 
invioláveis) expede-se a carta rogatória. Por outro lado, se o acusado 
não for encontrado, irá se expedir a citação por edital, que 
explicaremos adiante, hipótese em que o pedido de citação será 
encaminhado ao Ministro da Justiça, que providenciará seu 
cumprimento pelas vias diplomáticas. A citação por rogatória, 
conforme aponta Expressamente o art. 368 do CPP suspende a 
prescrição até o seu cumprimento, o que lemos da seguinte forma: 
até a devolução, com seu devido cumprimento15. 
No âmbito da prova testemunhal, a carta rogatória se submete à 
determinada cláusula de excepcionalidade, conforme preconiza o 
disposto no art. 222-A: As cartas rogatórias só serão expedidas se 
demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte 
requerente com os custos de envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 
2009). Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos 
§§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 
2009). 
 
Citação por edital: É uma forma de citação ficta onde se realiza a 
comunicação processual inicial através de publicação na imprensa 
oficial. 
Está regulada nos arts. 361, 363, §§ 1º e 2º, 364, 365, V e § 
único e 366. 
Quanto à exigência do inciso III do art. 365, basta a menção ao 
dispositivo da lei penal, sem necessidade de resumo dos fatos, haja 
 
15 LOPES JR., Aury. Direito processual penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 738. 
 
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25 
vista a incidência da Súmula 366 do STF: Não é nula a citação por 
edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a 
denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia. 
A partir da vigência da Lei 11.719/08, a única hipótese para a 
citação por edital é para o caso do acusado não ser encontrado (CPC, 
art. 362), cujo prazo de 15 dias foi mantido. 
 
Sobra a citação por edital importa analisar o “aperfeiçoamento 
da interpretação que tem sido dada à possibilidade de limitação 
da suspensão do prazo prescricional. (...) 
O art. 366 do Código de Processo Penal, com redação que lhe 
deu a Lei nº 9.271, de 17.4.1996, dispõe que: “se o acusado, citado 
por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão 
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional...” (grifos 
acrescidos). 
Da leitura do texto pode-se perceber que o legislador não 
explicitou o período de tempo que a prescrição ficaria suspensa. 
Diante da lacuna, é importante lembrar que, na aplicação da lei, o 
juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum, e quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de 
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito 
(Arts. 4° e 5° da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro). 
De início, por razões de comprometimento acadêmico e 
honestidade intelectual, é interessante resumir os posicionamentos 
relacionados à matéria visando assim contextualizar o tema. 
Inspirados nas lições de Paulo Rangel16 (2012) pode-se encontrar 
basicamente cinco posições a respeito, vejamos: 
 
16 RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 20ª. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 902. 
 
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1) uma primeira posição defende a ilimitação temporal sendo 
que a suspensão somente ocorreria na data em que o réu 
comparecesse em juízo; 
2) para outra corrente leva-se em consideração a pena privativa 
de liberdade mínima cominada em abstrato; 
3) o terceiro entendimento é no sentido de se limitar a 
suspensão ao prazo prescricional máximo previsto no Código 
Penal que é de 20 (vinte) anos; 
4) para uma quarta corrente o que se leva em consideração é o 
limite máximo de cumprimento de pena que no Brasil é de 30 
(trinta) anos, conforme dispõe o art. 75, caput, do CP; 
5) por derradeiro a quinta posição limita a suspensão pelo prazo 
prescricional previsto para o delito em apuração (art. 109 do 
Código Penal), que é regulado pelo máximo da pena privativa 
de liberdade cominada em abstrato. 
 
No que tange à possibilidade de limitação do período de 
suspensão do prazo prescricional, o entendimento frequente na 
jurisprudência era no sentido de limitar a suspensão do prazo 
prescricional ao prazo da prescrição em abstrato para o crime 
descrito na denúncia. Nesse sentido já havia decidido o Superior 
Tribunal de Justiça, in verbis: 
 
“STJ Ementa: HABEAS CORPUS. CONTRAVENÇÃO 
PENAL. CITAÇÃO POR EDITAL. ART. 366 DO CÓDIGO DE 
PROCESSO PENAL. SUSPENSÃO DO PROCESSO E DO 
CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL. LIMITE. PENA 
MÁXIMA. PARÂMETROS DO ART. 109 DO CÓDIGO PENAL. 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA 
PUNIBILIDADE.ORDEM CONCEDIDA. 1. O entendimento 
 
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27 
pacificado nesta Corte é no sentido de que, diante do 
silêncio do art. 366 do Código de Processo Penal e 
da impossibilidade de tornar imprescritíveis crimes 
assim não definidos, quando o acusado, citado por 
edital, não comparece nem constitui advogado, 
devem ser utilizados os parâmetros do art. 109 do 
Código Penal para determinar o período de 
suspensão do prazo prescricional. 2. Tendo sido 
recebida a peça acusatória em 4/6/1997, e considerando 
o tempo em que ficou suspenso o prazo prescricional - de 
14/7/1997 a 14/7/1999 -, a prescrição ocorreu, quando 
muito, em 14 de julho de 2001 - sem que se teça 
considerações sobre o marco de início dessa contagem -, 
tendo como certo que desde então não houve a prática de 
qualquer ato que a interrompesse, na forma do art. 117 
do Código Penal. 3. Ordem concedida.”17 (grifos 
acrescidos) 
 
Apesar de tudo que tem sido apontado, o Supremo Tribunal 
Federal, em decisão exarada pela 1ª Turma, no Recurso 
Extraordinário 460971/RS em 13 de fevereiro do ano de 2008, deu 
interpretação à questão de modo a legitimar a suspensão ad eternum 
do prazo prescricional. 
 
“Art. 366 do CPP e Suspensão do Prazo 
Prescricional 
 
17
 Processo HC 24986 / RJ ; HABEAS CORPUS 2002/0135966-0 Relator(a) Ministro PAULO GALLOTTI (1115) Órgão Julgador 
T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento 09/02/2006 Data da Publicação/Fonte DJ 18.12.2006 p. 519. Acórdão: Vistos, relatados e 
discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas 
taquigráficas a seguir, por unanimidade, conceder a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. 
 
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28 
A Turma deu provimento a recurso extraordinário 
interposto pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande 
do Sul contra acórdão do tribunal de justiça local que 
mantivera decisão que, ao declarar a revelia do ora 
recorrido (CPP, art. 366), suspendera o curso do 
processo, mas limitara a suspensão do prazo prescricional 
ao da prescrição em abstrato do fato delituoso. 
Inicialmente, afastou-se a alegação de ofensa ao art. 97 
da CF, no sentido de que a interpretação dada pela Corte 
a quo ao citado art. 366 do CPP consubstanciar-se-ia em 
uma espécie de controle de constitucionalidade. 
Asseverou-se, no ponto, que no controle difuso, a 
interpretação que restringe a aplicação de uma norma a 
alguns casos, mantendo-a com relação a outros, não se 
identifica com a declaração de inconstitucionalidade 
prevista naquele dispositivo constitucional. No tocante à 
suspensão da prescrição, entendeu-se que a 
Constituição não veda que seu prazo seja 
indeterminado, uma vez que não se constitui em 
hipótese de imprescritibilidade e a retomada do 
curso da prescrição fica apenas condicionada a 
evento futuro e incerto. Além disso, aduziu-se que a 
Constituição se restringe a enumerar os crimes 
sujeitos à imprescritibilidade (CF, art. 5º, XLII e 
XLIV), sem proibir, em tese, que lei ordinária crie 
outros casos. Por fim, considerou-se inadmissível 
sujeitar-se o período de suspensão de que trata o 
art. 366 do CPP ao tempo da prescrição em 
abstrato, visto que, do contrário, o que se teria 
seria uma causa de interrupção e não de suspensão. 
 
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RE provido para determinar a suspensão da prescrição 
por prazo indeterminado. Precedente citado: Ext 
1042/Governo de Portugal (j. em 19.12.2006). RE 
460971/RS, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 13.2.2007. 
(RE-460971)” (Informativo 456) (grifos acrescidos) 
 
Contudo, o entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça 
está refletido em súmula relativamente recente: Súmula 415 do STJ: 
“O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo 
máximo da pena cominada”.”18 
 
Citação por carta de ordem: é a determinada por tribunal, em 
causas de competência originária, à órgãos da instância inferior. 
 
Citação por hora certa: A partir da vigência da Lei 11.719/08, o 
oficial de justiça, verificando que o réu se oculta para não ser citado, 
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na 
forma estabelecida nos arts. 227 a 229 do CPC. Completada a citação 
com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado 
defensor dativo. 
 
Citação do militar: é feita através de ofício requisitório ao 
superior hierárquico, que deve confirmar ao juiz a ciência ao acusado. 
 
Citação do servidor público civil: é expedido mandado de citação 
para o servidor e notificação para o chefe, com o objetivo de não 
prejudicar a continuidade do serviço público. 
 
 
18 Síntese atualizada do artigo escrito por mim: CRUZ, Pablo Farias Souza. A (in)determinação da suspensão da prescrição na 
citação por edital. 
 
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Citação do réu preso: A partir da Lei 10.792/2003, a citação do 
réu preso é pessoal, nos moldes expressos do art. 360 do CPP Por 
essa razão o STF entende que é absolutamente nula a citação feita 
por edital quando o réu se encontrar preso em outro local da 
Federação (Súmula 351, STF). 
Se o réu for incapaz a citação se dará na pessoa curador. 
 
Por fim, registre-se que, apesar de não completamente 
adequada ao processo criminal, a categoria jurídica conhecida como 
revelia pode ocorrer na esfera penal se se entender como revelia o 
acontecimento processual que implica na ausência do réu. O que não 
ocorre no processo penal são os efeitos materiais que a mesma pode 
produzir no processo civil. Logo, o fato do réu estar ausente não 
implica na autorização para que o juiz considere verdadeiros os fatos 
alegados pelo autor, já que tal conclusão violaria o direito 
constitucional ao silêncio. A consequência prática da revelia no 
processo penal é a não intimação a respeito da prática dos atos 
subseqüentes (com exceção da sentença, que sempre deverá ser 
objeto de comunicação processual). 
No que tange à suspensão prevista no art. 366 (acima debatido), 
deve-se lembrar que como na há mais prisão automática no 
ordenamento brasileiro, a revelia não é suficiente para a decretação 
da prisão nele prevista, que só será possível caso se revista da 
cautelaridade exigida pela norma. 
O art. 366 do CPP, segundo disposição expressa da lei de 
lavagem de dinheiro, não se aplicam aos crimes dessa natureza, 
conforme dispõe o §2º da lei 9.613.98 com a redação dada pela lei 
12.683 de 2012, in verbis: Ҥ 2o No processo por crime previsto 
nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo 
 
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o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado 
por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação 
de defensor dativo. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)” 
Intimação19 e NotificaçãoApesar do CPP utilizar indistintamente as duas expressões, 
costuma se diferenciar os dois institutos da seguinte forma: 
Intimação: intima-se o sujeito de ato passado. Intimar é dar 
ciência. 
Notificação: notifica-se o sujeto para que o mesmo pratique ato 
futuro. 
As notificações e intimações são, modo geral, submetidas às 
mesmas regras das citações. 
 
 
Regras especiais: 
1) testemunhas, peritos, intérpretes, assistentes técnicos são 
intimados pessoalmente, por mandado, nos termos do art. 370 do 
CPP; 
2) intimação do MP e do defensor dativo é pessoal. Quanto à 
intimação do MP, o STF e o STJ solidificaram o entendimento de que 
o prazo é contado da entrada dos autos na Procuradoria e não da 
aposição do recibo pelo órgão do MP, o que seria um completo 
absurdo. 
 
19 Jurisprudência recente sobre o tema: 
Inércia de advogado e intimação pessoal do réu 
A 2ª Turma denegou habeas corpus no qual se requeria a desconstituição do trânsito em julgado de ação penal e a devolução de 
prazo recursal, com o retorno dos autos ao juízo de origem, para que o réu pudesse constituir novo advogado ou, na sua 
impossibilidade, fosse nomeado defensor público para interpor recursos especial e extraordinário. Na espécie, o paciente sustentara 
que, não obstante ter constituído causídico e ter sido este intimado do acórdão de apelação, quedara-se inerte. Asseverou-se que o 
art. 392 do CPP disporia quanto à necessidade de intimação pessoal do réu apenas da sentença condenatória e não do 
acórdão proferido em sede de apelação. Destacou-se, ainda, que o paciente estaria solto sem que houvesse notícia de renúncia por 
parte de seu advogado. HC 114107/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 27.11.2012. (HC-114107) (Informativo 690, 2ª Turma) 
 
 
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3) a intimação da sentença deve ser pessoal mesmo ao defensor 
constituído. Segundo entendimento do STF e do STJ: tratando-se de 
oitiva de testemunha por meio de carta precatória, basta a intimação 
da expedição da carta, sendo desnecessária a intimação da data da 
audiência no juízo deprecado.20 
4) a intimação da sentença de pronuncia, a partir da vigência da 
Lei 11.689/08, será feita: 
4.a) pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao 
Ministério Público; 
4.b) por publicação no órgão oficial, ao defensor constituído, ao 
querelante e ao assistente do Ministério Público; ou 
4.c) por edital, no caso de acusado solto que não foi encontrado. 
 
2012 – CESPE – TJ/AC – JUIZ 
Vânia alega que Carlos, servidor público com curso superior, 
praticou contra ela o crime de extorsão, motivo pelo qual Carlos está 
sendo processado. 
Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. 
a) Caso seja preso, Carlos terá direito a prisão especial, que 
consiste no recolhimento em cela individual e transporte separado do 
preso comum, durante a prisão provisória e a definitiva. 
b) Por expressa disposição legal, tanto Carlos quanto o chefe da 
repartição em que ele trabalha deverão ser notificados a respeito do 
 
20 Com a seguinte ressalva: 
Juízo deprecado e intimação de defensor público 
Em razão da peculiaridade do caso, a 1ª Turma deu provimento a recurso ordinário em habeas corpus para reconhecer nulidade 
processual em face da não intimação da Defensoria Pública do local de cumprimento de carta precatória. Na espécie, o juízo 
deprecado nomeara defensora dativa para acompanhar audiência de inquirição da vítima. Destacou-se que, na origem, o acusado 
fora assistido por defensor público, o qual não poderia deslocar-se para outro estado e prestar assistência ao réu, tendo em conta a 
existência, no juízo deprecado, de Defensoria Pública estadual estruturada. Assentou-se que, embora a jurisprudência do STF 
estivesse consolidada no sentido da prescindibilidade da intimação da defesa para audiência a ocorrer no juízo deprecado — 
necessária apenas a ciência da expedição da carta precatória —, a questão posta nos autos mereceria ressalva em respeito 
àquela instituição. RHC 106394/MG, rel. Min. Rosa Weber, 30.10.2012. (RHC-106394) (Informativo 686, 1ª Turma) 
 
 
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dia designado para que Carlos compareça em juízo para a audiência 
referente ao processo. 
c) Caso Carlos não constitua advogado particular, o juiz poderá 
nomear defensor ad hoc para defendê-lo e poderá arbitrar os 
honorários desse advogado, os quais Carlos não estará obrigado a 
pagar se a defesa técnica for deficiente. 
d) De acordo com previsão legal, Vânia poderá, após a 
instauração do inquérito policial, habilitar-se como assistente de 
acusação, devendo, nessa hipótese, receber a causa no estado em 
que esta se encontrar, ainda que em fase de execução penal. 
e) Sentença absolutória por ausência de prova da existência do 
fato impediria a propositura de ação civil indenizatória contra Carlos. 
Gabarito: B 
Comentário: 
a) A prisão especial é somente para prisão provisória e não 
definitiva, conforme Art. 295, CPP. (INCORRETA) 
b) "Art. 359 - O dia designado para funcionário público 
comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele 
como ao chefe de sua repartição". (CORRETA) 
c) "Art. 263, parágrafo único - o acusado, que não for pobre, 
será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados 
pelo juiz". (INCORRETA) 
d) O assistente não poderá se habilitar no processo na fase de 
execução penal. "Art. 269 - o assistente será admitido enquanto não 
passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que 
se achar" (INCORRETA) 
e) A ação civil pode ser proposta enquanto não tiver sido 
reconhecida a inexistência material do fato."Art. 66 - Não obstante a 
sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser 
 
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proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a 
inexistência material do fato" (INCORRETA) 
 
 
CESPE – 2012 – TJ/AL – Auxiliar Judiciário 
Nos delitos afiançáveis, estando a denúncia ou a queixa em 
devida forma, dispensa-se a resposta preliminar na ação penal 
instruída por inquérito policial. 
Certo 
Comentário: 
SUMULA 330, STJ: É desnecessária a resposta preliminar de 
que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal 
instruída por inquérito policial. 
 
Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis 
questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a 
matéria: 
 
Processo e Julgamento dos Crimes Funcionais 
Há vários crimes funcionais, crimes contra a administração 
pública praticados por funcionário público, cuja pena máxima 
cominada não ultrapassa dois anos. 
Dessa forma, vários desses crimes de responsabilidade dos 
funcionários públicos cuja pena máxima cominada não exceder dois 
anos serão processados e julgados no âmbito da competência do 
juizado com observância procedimento sumaríssimo previsto na Lei 
9099/95. 
Assim, nem todos os crimes funcionais serão submetidos ao 
procedimento que ora passaremos a explanar. 
 
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Esse procedimento especial será observado no processo e 
julgamentodos crimes funcionais, onde a condição de funcionário 
público do acusado, por si só não é suficiente à determinar a 
observância desse procedimento. Assim, se o um funcionário público 
é acusado, por exemplo, da pratica de um crime de falso testemunho. 
Qual o bem jurídico que a lei quer proteger, que a lei quer tutelar na 
incriminação do falso testemunho? R.: A administração da justiça. O 
falso testemunho é crime funcional? R.: Não. Qual o procedimento a 
ser adotado? R.: O procedimento ordinário. 
Esse procedimento especial, do art. 513 e seguintes, deverá ser 
aplicado ao processo e julgamento dos crimes funcionais, crime 
definidos entre os arts. 312 e 326 do CP e art. 3º da lei 8137/90, por 
exemplo. 
E qual é a particularidade, a especificidade desse 
procedimento? A particularidade é que antes de receber a denúncia, 
antes, portanto, de proferir o despacho liminar, o juiz deverá 
determinar a notificação do acusado para em 15 dias oferecer 
resposta por escrito à acusação, defesa preliminar, de que trata o art. 
514 do CPP. 
O CPP prevê aqui uma espécie de contraditório preliminar, 
contraditório que precederá a própria instauração do processo penal. 
Para viabilizar esse contraditório o acusado terá que ser 
notificado nos termos do art. 514. Vejamos: 
Art. 514 - Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia 
ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e 
ordenará a notificação do acusado, para responder por 
escrito, dentro do prazo de 15 (quinze) dias. 
Registre-se que o procedimento especial que ora tratamos será 
aplicado aos crimes funcionais afiançáveis, e, diga-se, por oportuno, 
que a maioria dos crimes funcionais são afiançáveis, com exceção dos 
 
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crimes de excesso de exação (art. 316, § 1º), facilitação de 
contrabando ou descaminho (art. 318) e dos previstos nos incisos I e 
II do art. 3º da lei 8137/90, se adotará o procedimento especial. 
Pois bem, e qual a consequência da falta de notificação do 
acusado? Qual a consequência da omissão do juiz? 
R.: Caso o juiz, ao invés de mandar notificar o acusado, 
receber, desde logo, a denúncia, a consequência dessa omissão é a 
nulidade do processo, nulidade da decisão que recebeu a denúncia e 
evidentemente dos atos seguintes. São nulos os atos praticados a 
partir do recebimento da denúncia, inclusive o próprio recebimento 
da denúncia. 
Essa nulidade é absoluta ou relativa? R.: Na doutrina prevalece 
o entendimento de que se trata de nulidade absoluta, nesse sentido, 
dentre outros, Ada Pellegrini, Luiz Flávio Gomes e Tourinho Filho, 
para quem a inobservância do art. 514 ofende, ainda que de forma 
indireta, os princípios constitucionais da ampla defesa e do 
contraditório. Trata-se, portanto, para alguns, orientação majoritária 
na doutrina, de nulidade absoluta. 
Ocorre que, nos tribunais superiores, a orientação 
jurisprudencial, inclusive do Supremo Tribunal Federal, é no sentido 
de que a hipótese é de nulidade relativa. Nulidade relativa cujo 
reconhecimento dependerá da efetiva comprovação do prejuízo para 
a defesa do réu. Nulidade relativa porque, depois de recebida a 
denúncia, de instaurada a ação penal, o réu terá a oportunidade de 
se defender amplamente em juízo. 
De acordo com o STJ, se a denúncia tiver sido oferecida com 
base em inquérito policial (o que é o mais comum nos crime 
funcionais) a observância do art. 514 é desnecessária. Nesse sentido 
é a sumula 330 do STJ, pois o juiz teria como verificar, pela leitura do 
inquérito policial, se há justa causa para o ajuizamento da ação 
 
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penal, se há fundamento razoável para a instauração de uma ação 
penal condenatória por crime funcional. 
Bom, e se o acusado, ao tempo da denúncia, da instauração da 
ação penal, já não mais ostentar a condição de funcionário público? O 
sujeito à época do crime era, por exemplo, Ministro do Estado, mas, 
quando da instauração da ação penal, já não mais ostentava essa 
condição funcional. Ainda assim haverá necessidade da sua 
notificação para os fins previstos no art. 514? 
R.: Para um entendimento minoritário, haverá, pois essa 
notificação deverá ser feita ao acusado ainda que já tenha cessado 
efetivamente o exercício funcional. Existe um duplo interessa na 
notificação, interesse do acusado e interesse da administração 
pública, que tem inegavelmente sua imagem atingida quando há 
acusação pela pratica de crime funcional. Então, ainda que o acusado 
ao tempo da ação penal já não mais ostente a condição de servidor 
público haverá necessidade da notificação prevista no art. 514, do 
CPP, segundo entendimento minoritário. 
Logo, ainda prevalece o entendimento de que, diante da 
revogação da súmula 394 do STF, por analogia, cessada a qualidade 
funcional cessada está a necessidade de resposta preliminar (nesse 
sentido Nestor Távora, Norberto Avena, Vicente Greco Filho e 
Guilherme Nucci) 
Bom, o particular pode ser acusado da pratica de crime 
funcional? Pode. Os crimes funcionais são crimes próprios, são crimes 
que exigem uma condição especial do sujeito ativo, a especial 
qualidade do sujeito ativo de funcionário público, nos termos da lei 
penal, a condição de servidor público, nos termos do direito 
administrativo é elementar do tipo penal dos crimes funcionais. 
Elementar de caráter pessoal que se comunica entre os concorrentes, 
na forma do art. 30 do CP. Desse modo, o particular pode, portanto, 
 
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ser acusado da pratica de crime funcional. Entretanto, para que aja 
essa possibilidade, para que se possa imputar ao particular a pratica 
de um crime funcional, é preciso que essa condição especial de 
funcionário público tenha ingressado na sua esfera de consciência, é 
preciso que o particular conheça essa especial qualidade funcional do 
sujeito ativo do delito, é preciso que o particular saiba que está 
concorrendo para a prática de um crime funcional. Se não conhecer 
essa qualidade não haverá comunicação e o particular responderá, se 
for o caso, por outro crime. Nessa hipótese haverá o que a doutrina 
chama de desvio subjetivo entre os partícipes, que ocorre quando o 
concorrente, não sabendo que está concorrendo para a pratica do 
crime funcional, acaba por responder por furto, apropriação indébita 
ou estelionato, a depender da situação. 
Sendo o particular incriminado pela pratica de crime funcional, 
e, neste caso, vindo a denúncia a ser oferecida também contra o 
particular, o particular acusado da pratica de crime funcional 
deverá ser notificado para os fins previstos na forma do art. 
514, CPP? 
R.: Duas orientações. 
1ª Majoritária - Não. Porque essa notificação, de acordo com 
a lei, deverá ser feita tão somente ao funcionário público, não se 
estendendo ao particular, a lei não previu a notificação ao particular. 
Mas aqui uma observação é importante: neste caso dependendo da 
resposta apresentada pelo funcionário público, o juiz poderá rejeitar a 
denúncia, rejeitá-la inclusive para declarar a improcedência da 
acusação, rejeição por razões de mérito, que se equipara a uma 
sentença absolutória, rejeição que consiste em verdadeiro julgamento 
antecipado da lide penal. Pois bem, dependendo do fundamento da 
rejeição a denúncia será rejeitada em relação aambos os acusados, 
ou seja, a resposta apresentada pelo servidor público poderá 
 
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favorecer o particular. 
Se o juiz rejeita a denúncia reconhecendo categoricamente a 
inexistência do fato ou que o fato é atípico, a rejeição aproveitará a 
ambos os acusados. Mas apenas o funcionário público, de acordo com 
a orientação majoritária, é que será notificado para os fins do art. 
514, CPP. 
2ª Minoritária - Há quem entenda diferente, opinião da prof. 
Ada, que o particular também deve ser notificado. Como haverá 
unidade de processo e julgamento, o rito, o procedimento a ser 
observado para ambos ou para todos os acusados tem que ser o 
mesmo. Se o procedimento tem que ser o mesmo, já que haverá 
unidade de processo e julgamento, todos os acusados, funcionários 
públicos ou não, devem ser notificados nos termos do art. 514, CPP. 
Se assim não for ocorrerá o seguinte: o funcionário processado e 
julgado de acordo com o procedimento especial e o particular de 
acordo com a procedimento ordinário. 
Bom, e no caso de haver conexão entre o crime funcional e 
outro crime qualquer, conexão, por exemplo, entre o crime de 
facilitação de fuga de preso, que não é crime funcional, é crime 
contra a administração da justiça, e corrupção. Crimes praticados em 
concurso. Neste caso será observado o procedimento do crime 
funcional, procedimento dos arts. 513 e seguintes ou deverá 
ser seguido o procedimento ordinário? 
Aqui também existe controvérsia. Prevalece o entendimento de 
que, neste caso, por haver crime conexo, deverá ser seguido o 
procedimento ordinário, comum e não o procedimento do crime 
funcional. Isso porque a resposta preliminar diz respeito tão somente 
ao crime funcional, permite ao juiz rejeitar a denúncia por questões 
de mérito tão somente em relação ao crime funcional e não no que 
concerne ao crime conexo. Agora para Ada e outros, mesmo em 
 
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relação ao crime conexo, deverá haver a notificação do art. 514. Por 
que? Porque, neste caso, em virtude da conexão, deve haver unidade 
de processo e julgamento, se deve haver unidade de processo e 
julgamento, deve-se seguir o rito mais amplo, que é o rito especial 
dos crimes de responsabilidade, e esse rito é o rito ordinário 
acrescido da resposta preliminar. Então, resposta preliminar para 
ambos os crimes. 
Na jurisprudência é majoritário o entendimento de que segue-
se o rito ordinário. 
 
Muito bem, o juiz recebe a denúncia, e ao receber a denúncia 
passa a adotar o procedimento comum ordinário. 
Vejam bem, o que vocês têm que saber é que em todos os 
Procedimentos Especiais do CPP, depois de ultrapassada a Fase da 
Especialidade, isto é, depois de superada a Fase Especial ou até que 
se chegue à mesma (como ocorre no júri), o Procedimento a ser 
observado é sempre, sempre, o comum ordinário. 
Pois bem, os crimes de abuso de autoridade, crimes da Lei 
4.898/65, podem ser considerados crimes funcionais? 
R.: Podem. Os crimes de abuso de autoridade são crimes de 
responsabilidade, são crimes funcionais, crimes próprios. 
Quem pode ser sujeito ativo do crime de abuso de autoridade? 
R.: A autoridade. Quem é autoridade para fins penais? 
A resposta está no art. 5o da Lei 4898/65, qualquer pessoa que 
exerça, ainda que transitoriamente e sem remuneração, cargo, 
emprego ou função pública de natureza civil ou militar é considerado 
funcionário público para fins penais. 
Esse conceito de autoridade contido no art.5, da Lei 4898/65, é 
análogo ao conceito de funcionário público do art. 327, do CP. 
Portanto, o abuso se inclui entre os crimes funcionais. 
 
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Bom, o acusado da prática de crime de abuso de autoridade 
será notificado para os fins previstos no art. 514 do CPP? Ou seja, o 
art. 514 do CPP aplica-se ao processo e julgamento dos crimes 
de abuso de autoridade? R.: Não, sendo entendimento pacifico, 
pois, embora o crime de abuso de autoridade seja uma crime 
funcional, a lei nº 4898/65, prevê procedimento especifico para o seu 
processo e julgamento. E mais, o STJ tem entendido que o abuso de 
autoridade se incluí entre as infrações de menor potencial ofensivo, o 
que acaba por remeter a questão ao procedimento sumaríssimo. 
 
2010 – CESPE – MPE/RO – Promotor de Justiça 
O mandado de segurança em processo penal - ao contrário 
do habeas corpus, que dispensa advogado - deve ser impetrado por 
advogado e tutela direito líquido e certo, como no caso de decisão 
arbitrária que não admita a habilitação do assistente de acusação. 
Certo 
Comentário: 
Admite-se o meio de impugnação, no caso, como sucedâneo 
recursal, tendo em vista a disposição do art. 273 do CPP que 
afirma: Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não 
caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o 
pedido e a decisão. 
 
Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis 
questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a 
matéria: 
 
 
 
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Mandado de segurança em matéria criminal.21 
O mandado de segurança é uma ação constitucional, de 
natureza civil, de rito sumário especial a ser utilizada quando direito 
líquido e certo do indivíduo ou da coletividade for violado por ato de 
autoridade governamental ou de agente de pessoa jurídica privada 
que esteja no exercício de atribuição do poder público22. 
Direito líquido e certo é aquele que não demanda dilação 
probatória, podendo ser comprovado de plano, apenas com os 
documentos e alegações apresentadas na petição inicial. 
 Assim, qualquer outro direito líquido e certo que não seja o de 
liberdade de locomoção (habeas corpus) e o de obtenção de 
informação de caráter pessoal ou retificação de dados (habeas data), 
será protegido por meio da ação constitucional de Mandado de 
Segurança. Logo, o mandado de segurança tem caráter subsidiário, 
devendo a parte verificar o cabimento das outras duas ações 
constitucionais para então impetrá-lo. 
Agente de pessoa jurídica no exercício de atribuição do Poder 
Público são entidades de direito privado que prestam serviços 
públicos concorrentemente com o Estado (faculdades e colégios 
privados, por exemplo). 
No caso do MS coletivo só poderá ser impetrado por partido 
político com representação no congresso nacional, organização 
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e 
em funcionamento a pelo menos um ano, em defesa de seus 
membros ou associados. 
O impetrante, para ter legitimidade ativa, há de ser o titular do 
direito individual ou coletivo líquido e certo para o qual pede proteção 
 
21 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013. 
22 Conceito inspirado nas ricas lições dos professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, contida na 
obra: Direitos Constitucional Descomplicado, 2010, 5ª edição, Método, p. 206. 
 
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