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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLOGICA DA ATENÇÃO INSTRUMENTOS DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO DOS
UNESC
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de concentração ou estado mental. Os mecanismos da atenção têm sido apontados como relevantes na execução de diversas tarefas (perceptivas, motoras, cognitivas), sendo determinantes na seletividade do processamento da informação. Sendo assim, os processos de atenção desempenham importante papel no dia-a-dia do paciente com distúrbio neuropsicológico, pois podem afetar a aprendizagem e a memória bem como outros aspectos da cognição (Spreen & Straus, 1998). Raz & Buhle (2006) ressaltam a importância dos avanços nos estudos da atenção. Para os autores, com o maior número de pesquisas disponíveis nosso entendimento da atenção produz inovações no campo da educação, do entendimento de condições patológicas, na reabilitação e treino cognitivo, bem como das diferenças culturais e individuais, integrando os conhecimentos da psicologia e da neurociências. Segundo Nahas & Xavier (2004) há três principais funções do sistema de atenção, sendo: a orientação para estímulos sensoriais; a detecção de sinais para processamento consciente; e a manutenção de um estado de alerta e vigilância. A orientação é a habilidade para selecionar informações específicas de uma variedade de estímulos sensoriais (muitas vezes conhecida como seleção). Já o alerta é definido por muitos autores como a base biológica da atenção, um estado hipotético do sistema nervoso central o qual afeta a receptividade do estimulo, e esse estado pode variar de um nível muito baixo durante o sono, chegando a um nível muito alto durante a vigília. O alerta tende a declinar com tarefas monótonas e isto tem sido estudado como vigilância (Crawford et al., 1992, Raz & Buhle, 2006). 6 Como vimos a atenção não se refere a um constructo unitário, consiste de mecanismos distintos, mas nos deteremos em 3 formas básicas da atenção: a atenção seletiva, atenção dividida e a atenção sustentada ou vigilância, as definições a seguir são propostas por inúmeros autores (para revisão ver Driver 2001; Nahas e Xavier, 2004, Raz & Buhle, 2006): I. Atenção seletiva (ou focalizada) é a orientação para um determinado estimulo, ou seja, a capacidade de direcionar a atenção para um determinado estímulo e simultaneamente ignorar outros. A atenção é seletiva por uma razão simples, nós temos uma capacidade limitada de processar informações e isto nos “força” a selecionar as mais relevantes, assim nossos recursos de atenção são suficientes para processar apenas um canal de informação por vez, dai a necessidade da atenção seletiva. A seleção ainda envolve a orientação endógena (bottom-up) e exógena (top-down), em outras palavras, a existência de duas vias (redes) principais de controle da atenção, a primeira (bottom-up) com origem de controle de baixo para cima (dos órgãos receptores para o cérebro e a segunda (top-down) com origem de controle de cima para baixo (do cérebro para os órgãos efetores) - (Driver, 2001; Raz & Buhle, 2006). Outro conceito estreitamente relacionado à atenção seletiva é a distração ou o desvio da atenção. Nossa atenção pode ser interrompida por uma série de estímulos irrelevantes ao desempenho naquela tarefa que estamos executando. Esse desvio da atenção, que pode ser momentâneo, se dá por basicamente três fatores: saturação, por estimulações externas, como ruídos que eliciam uma resposta automática, e ainda por alterações internas como fome, frio intenso, etc.(Nahas & Xavier, 2006, Raz & Buhle, 2006). 7 Tarefas envolvendo atenção seletiva comumente envolvem a apresentação de estímulos relevantes e irrelevantes, os chamados distratores, os quais devem ser ignorados. Segundo Nahas & Xavier (2004) essas tarefas devem avaliar a resistência a algumas formas de distração e, portanto, requerem a focalização dos recursos de processamento em um número restrito de canais sensoriais. II. Atenção dividida é a capacidade do indivíduo de realizar mais de uma tarefa simultaneamente, de atender concomitantemente a duas ou mais fontes de estimulação, o que pode envolver tanto aspectos espaciais como aspectos temporais, como por exemplo, dirigir um carro e conversar ao mesmo tempo. No entanto se a capacidade de processamento é limitada, uma possível conseqüência da combinação de duas atividades simultâneas é um prejuízo no desempenho de uma delas. Crawford et al. (1992) mostram que o desempenho será determinado por dois fatores: a capacidade de processamento automático que envolve tarefas rotineiras, automatizadas (como dirigir) e do processamento controlado que é necessário para tarefas não rotineiras. Ou seja, para fazer duas atividades ao mesmo tempo pelo menos uma delas deve estar automatizada. No entanto, Nahas & Xavier (2004) destacam que a natureza da divisão da atenção não está clara. Isto é, não se sabe se ela envolve uma separação dos recursos de processamento de modo que cada um dos sub-componentes resultantes continuem a processar os elementos críticos de cada tarefa em paralelo ou, alternativamente, se essa divisão ocorre no tempo; neste último caso, os recursos de atenção seriam destinados ao processamento ora de uma tarefa ora da outra, alternando-se entre ambas as tarefas. 8 III. Atenção sustentada pode ser definida como o estado de prontidão para detectar e responder a eventos raros e não preditivos. É uma função complexa, sendo influenciada por múltiplos fatores, tais como, o nível de alerta, expectativa, habituação, motivação e inibição (Parasuraman, 1999). Nahas & Xavier (2004) destacam que a atenção sustentada e vigilância ou alerta são diferentes, embora sejam frequentemente consideradas sinônimos na literatura da área (ver Parasurama, 1999), no entanto ainda há certa confusão na distinção desses conceitos. De qualquer forma, é bem estabelecido na literatura que tarefas que requerem a detecção de sinais transitórios ou breves por tempo relativamente prolongado são conhecidas como tarefas de atenção sustentada (ou vigilância). Nestas tarefas verificamos o decréscimo da concentração, um aspecto da atenção que parece relacionar-se à sua intensidade, caracterizado pelo gradual declínio na taxa de detecção de sinais não freqüentes com o decorrer do tempo ou o aumento na velocidade de resposta, que dependem de fatores perceptuais e da capacidade de tomada de decisão (Lezak, 1995; Nahas & Xavier, 2004; Parasuraman, 1999). Desenvolvimento da Atenção Segundo Luria (1981) nos primeiros meses do desenvolvimento da criança pode-se observar as características da atenção mais elementar, involuntária, em que a criança é atraída pelos estímulos mais biologicamente significativos. Nesse caso, ela direciona o olhar e depois a cabeça a esses estímulos e na ocorrência de um conjunto de respostas respiratórias, cardiovasculares e autonômicas que foi chamada de reação de orientação por psicólogos experimentais. Esses sinais são a base do comportamento organizado. Luria 9 (1981) ainda destacou que a reação de orientação difere da reação de alerta, pois a primeira pode ser de caráter altamente direcional e seletivo. A atenção voluntaria, ao contrário da reação de orientação, não teria uma origem biológica, constituindo-se mais como um ato social na ontogênese. Trata-se de formas de atividades criadas a partir das relações que as crianças estabelecem com os adultos, que culminam na organização desta complexa regulação da atividade mental seletiva. Por exemplo, “ quando sua mãe nomeia um objeto no ambiente e aponta para ele com o dedo, a atenção da criança é atraída para aquele objeto e assim, começa a se sobressair do resto, não importando se ele origina um estímulo forte, novo ..” (p. 228). No entanto, nos primeiros anos de