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UROLITÍASES E DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS Profa. Arianne Pontes Oriá Urolitíase em cães Definição Concreções em vias urinárias, formadas a partir de cristalóides e pequena quantidade de matriz orgânica, em decorrência de múltiplos processos (fisiológicos ou patológicos, congênitos ou adquiridos) Etiologia Concentração alta de sais na urina Período de tempo adequado no interior do trato urinário – retenção urinária de sais e cristais pH urinário cristalização Núcleo (matriz orgânica) consumo dietético – minerais e proteínas + urina concentrada supersaturação da urina Cristalúria aumento da ingestão de precursores minerais redução da solubilidade dos cristais (pH) urina concentrada anormalidades congênitas redução do fluxo dos cristais pelo trato urinário aderência dos cristais a mucosa corpos estranhos (sutura) atonia vesical divertículo uracal Urólitos: composição Estruvita (fosfato amoníaco magnesiano) 55.4% oxalato de cálcio 27.5% uratos (ácido úrico e urato de amônia) 6.6% cistina 1.4% fosfato de cálcio sílica mistos Urolitíases: predisposição Sexual: estruvita > freqüência em fêmeas uratos > freqüência em machos cistina é quase exclusivo de machos Racial: estruvita: schnauzer, pug, poodle, beagle, teckel oxalato: schnauzer, yorkshire, bichon frise ácido úrico: dálmata cistina: teckel, basset, bulldog, yorkshire Etária: 3 a 7 anos (média 5 anos) Apresentação clínica Cálculo Renal ou Ureteral Dor abdominal Hematúria Nefromegalia (hidronefrose) Anorexia, depressão Febre (ITU) Nem sempre há obstrução Cálculo vesical (sem obstrução uretral) Disúria/estrangúria Hematúria Polaquiúria Bexiga urinária vazia Sinais sistêmicos geralmente ausentes Cálculo uretral Polaquiúria/estragúria/disúria Iscúria (obstrução completa – retenção urinária) Incontinência urinária Hematúria Repleção vesical Ruptura vesical Uremia (pós-renal) Urolitíase: abordagem diagnóstica Histórico + exame físico urinálise + cultura US e Rx (contraste?) Densidade radiográfica urinálise: pH, cristais, ITU predisposição racial urolitíase em parentes análise de cálculos expelidos Avaliação radiográfica Objetivo: Verificar presença de urólitos Localizar/ número Tamanho/ densidade forma Características de radiodensidade dos urólitos Estruvita Oxalato Sílica Cistina Urato Urólitos de estruvita Urina alcalina cristais de magnésio, fosfato de amônio lisos ou espiculados radiopacos Schnauzers mini passível de dissolução: dieta calculolítica + ATB ITU – infecção do trato urinário Bactérias – UREASE lise da uréia Dióxido de carbono Amônia hidrólise íons hidroxila amônio Lise de glicosaminoglicanos Dim. hidrog. na urina Oxalato de cálcio Urina ácida (4,5-5,5) cristais de oxalato de cálcio? hipercalcemia/hipercalciúria? lisos e arredondados radiopacos Schnauzers mini, York, Poodle, Lhasa, Shi tzu remoção cirúrgica Obstrução uretral Fluidoterapia cateterização e hidropropulsão introdução e manutenção da sonda uretrostomia DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS DITUF definição grupo heterogêneo de doenças que acometem o trato urinário inferior dos felinos, causando disúria, hematúria, polaquiúria e, em machos, obstrução uretral. incidência: < 1% Fatores predisponentes idade: animais jovens (2 a 5 anos) sexo: fêmeas & machos sedentarismo/obesidade estresse & confinamento hereditariedade (gatos de pêlo longo) dieta Conc. urinária de magnésio Proteína de origem vegetal pH urinário concentração urinária – padrão alimentar Diagnóstico anamnese + exame físico palpação abdominal: bexiga distendida, espessada, repleta e firme expressão manual: improdutiva ou gotas Exames complementares: urinálise, urocultura, US ou Rx, uréia, creatinina e potássio. Achados clínicos hematúria disúria / estrangúria / polaquiúria urinar em locais não usuais lambedura do prepúcio (dor) obstrução uretral (machos) desidratação, emese, anorexia arritmias cardíacas (hipercalemia) Obstrução uretral 1.sedação/anestesia 2. acesso vascular, fluidoterapia cistocentese & cateterização vesical 3. introdução parcial da sonda & hidropropulsão - solução fisiológica ŧ lubrificação aquosa (proporção 1:1) 4. introdução e manutenção da sonda Tratamento Manter animal sondado – circuito fechado Corrigir: azotemia, distúrbios hidro-eletrolíticos Dieta/ acidificantes urinários (?) Antibióticos Manejo DTUIF Freqüência alimentação Exercícios Dieta Água Dim. estresse Tratamento cirúrgico DTUIF: manejo do gato não obstruído tratamento da causa de base alteração da dieta alteração dos hábitos alimentares e ingestão de água reduzir o estresse e sedentarismo Propostas para DTUIF idiopática Glicosaminoglicanos Amitriptilina Ansiolítico Propriedades: Anticolinérgica Anti-histamínica Antiinflamatória Analgésica Doses: 5-10mg/gato PO, SID, noite “Eu faço em meu paciente o que eu faria para mim e para minha família” (John M. Kruger, 1996). � Insuficiência Renal Aguda e Insuficiência Renal Crônica Profa. Arianne Pontes Oriá Terminologias: Doença renal Insuficiência renal Azotemia Uremia Insuficiência Renal Aguda (IRA) Deterioração da função renal num período de horas a dias, com perda da habilidade dos rins em excretar toxinas e manter o equilíbrio hídrico, eletrolítico e ácido-básico, resultando em crise urêmica. Princípios gerais: Tempo de evolução (lesão sintomas) – menor que uma semana Ocorre azotemia causada por lesão de parênquima renal Lesões renais potencialmente reversíveis ainda estão presentes Não houve tempo para desenvolvimento de adaptação funcional Existe possibilidade de haver recuperação da função renal IRA: causas pré-renais pós-renais renal (intrínseca) IRA: causas pré-renais Diminuição da perfusão renal sem injúria celular direta Causas comuns: insuficiência cardíaca, perda de fluidos (diarréia), diuréticos, choque séptico, anestesia, ... IRA: doenças renais intrínsecas doença túbulo-intersticial com inflamação e edema injúria isquêmica do túbulo injúria tóxica do túbulo glomerulonefrite IRA: causas pós-renais Injúria obstrutiva dos túbulos renais obstrução do fluxo de ambos rins obstrução uretral ou ruptura do trato urinário deve ser descartado rápido: a reversibilidade depende da duração da obstrução Fatores de risco para IRA doença renal preexistente condições associadas com azotemia pré-renal - desidratação pacientes idosos Achados clínicos (principais) IRA “crise urêmica” poliúria/polidipsia ??????? sintomas gastrintestinais: anorexia, emese, diarréia, hematoquesia sinais neurológicos: tremores, convulsões, coma hálito urêmico, necrose de língua, úlceras gengivais taquipnéia Diagnóstico laboratorial – IRA Perfil bioquímico (creatinina sérica, uréia, cálcio/fósforo, potássio, glicose, transaminases hepáticas, ...) Urinálise análise do sedimento urinário (cilindros hialinos e granulosos) Densidade menor 1025 Enzimas intratubulares GGT e NAG (indicador precoce de lesão tubular) Avaliação laboratorial Hemograma e PT Sorologia para lepto pressão arterial ultra-som abdominal Rx tórax/abdome biópsia renal Avaliação do fluxo urinário IRA pode ser oligúrica ou não-oligúrica oligúria: fluxo urinário < 0.27-0.5 ml/kg/h anúria: fluxo urinário <0.1 ml/kg/h não-oligúrica: fluxo urinário > 0.27-0.5 ml/kg/h (pode ser poliúrica) Princípios gerais do tratamento Os objetivos são os mesmos independentemente da causa do problema Tentar impedir ou minimizar novas agressões restaurar e manter a perfusão renal Parar, se possível, o uso de drogas potencialmente nefrotóxicas Corrigir as alterações hidro-eletrolíticas e do balanço ácido-básicoEstimular a diurese, assim que o paciente estiver hidratado Instituir terapia de suporte para: Controlar a gastroenterite urêmica Controlar os vômitos Combater as possíveis infecções Prover suporte nutricional Diálise peritoneal Hemodiálise Adequar continuamente, a terapia de suporte hidro-eletrolítico e nutricional, à medida que for sendo recuperada a função renal Reverter a oligúria/anúria primeiro passo é a rehidratação!! diuréticos osmóticos: glicose 10% manitol (20%): 0,25 a 0,5 g/kg PV* (*não repetir se não ocorrer diurese após a dose inicial) furosemida + dopamina (juntos) dopamina: 2 a 5 mg/kg em Glicose 5% furosemida: 2 a 4 mg/kg, IV Prognóstico IRA Depende essencialmente da gravidade das lesões renais O prognóstico varia de favorável a bom para os pacientes que conseguem sobreviver à fase crítica e recuperam a funcionalidade renal Insuficiência renal crônica (IRC) Doença de parênquima renal com comprometimento da função renal – de desenvolvimento prolongado Potencial para reparo das lesões já foi exaurido Os néfrons sobreviventes já sofreram as adaptações para compensar as perdas ocorridas A função renal intrínseca não irá mudar a não ser para pior A IRC é caracterizada por deterioração insidiosa e progressiva da função renal, que leva à poliúria seguida por azotemia e , eventualmente, uremia A taxa de progressão da lesão renal é muito variável Os primeiros sintomas podem não ser percebidos e a precipitação de uma crise urêmica pode dar a falsa impressão de um processo agudo IRC: causas possíveis A causa primária pode ser uma glomerulonefrite ou doença inflamatória túbulo-intersticial Geralmente a causa é multifatorial e não pode ser determinada quando a IRC é detectada Fisiopatologia (ver em livros de clínica!!!!!) Anemia Arregenerativa ** Dim da produção de Eritropoietina Diminuição do tempo de vida das hemácias perda de sangue trato GI PTH - eritropoiese Achados Clínicos (ver livros de clínica !!!!) IRC: como diagnosticar Combinação de dados do histórico com dados obtidos ao exame: Histórico de poliúria-polidipsia Existência de anemia (comprometimento da função eritropoiética) Azotemia estável ou progressiva (semanas ou mais) Rins diminuídos e de contorno irregular Osteodistrofia secundária renal Mesmo com o diagnóstico concluído, a complementação e repetição de exames é importante para: Descobrir alterações que possam ser causa de lesões renais adicionais Orientar a terapia Acompanhar a progressão da doença Diagnóstico Urinálise Uréia Creatinina Hemograma Cálcio / Fósforo Ultra-sonografia (80 a 95% de sensibilidade) Exames complementares Proteína sérica Lipídeos Colesterol Calcitriol Eritropoetina Determinação da massa óssea e calcificação distrófica PTH (radioimunoensaio, enzimaimunoensaio e quimioluminescência) Biopsia renal IRC: princípios gerais do tratamento Os objetivos são similares independentemente da causa primária da IRC Resolver ou minimizar problemas pré ou pós renais que possam causar lesões renais adicionais Evitar estresse e doenças iatrogênicas Itens do tratamento médico conservativo na insuficiência renal crônica de cães e gatos Oferecer dieta com menor teor protéico (proteína de alto valor biológico) Manter o apetite Corrigir acidose metabólica Corrigir hipocalemia – 0,5mEq/Kg/h Corrigir hiperfosfatemia Corrigir hipocalcemia Corrigir deficiência de calcitriol Controlar hipertensão arterial Corrigir e prevenir a desidratação Corrigir a anemia Adaptar a dosagem de drogas que venham a ser utilizadas MONITORIZAR A RESPOSTA AO TRATAMENTO, FAZENDO AS MODIFICAÇÕES NECESSÁRIAS AO LONGO DO TEMPO Controle da hipertensão para o paciente insuficiente renal Iniciar com restrição de sódio na dieta Se não resolver associar diurético Se não resolver associar droga anti-hipertensiva CUIDADO COM A SOMATÓRIA DOS EFEITOS – MONITORIZAR O PACIENTE! IRC: prognóstico A curto prazo: paciente portador de IRC, em crise urêmica, pode melhorar substancialmente com terapia hidroeletrolítica e terapia de suporte Com terapia de manutenção, o portador de IRC pode viver bem, apesar da deficiência O tempo de sobrevida satisfatória, para o paciente em tratamento de manutenção, é muito variável e imprevisível APÊNDICE Controle da hipertensão para o paciente insuficiente renal Restrição de sódio na dieta (15-40mg de Na/Kg/dia) Terapia com diuréticos Furosemida 1-2mg/kg, PO, SID Droga Anti-hipertensiva Inibidores da ECA ( pressão sist. e glomerular) Captopril: 0,5-1mg/kg, PO, TID Enalapril: 0,5mg/kg, PO, SID-BID Benazepril: 0,25-0,5 mg/kg, PO, BID-SID Dieta especial para pacientes portadores de insuficiência renal crônica MODERADA 125g de carne moída (boi) cozida 1 ovo grande cozido e picado 2 xícaras de arroz cozido sem sal 3 fatias de pão branco, picadas 1 colher de chá de carbonato de cálcio Fornecer suplemento vitamínico-mineral Rendimento: 560g Energia metabolizável -+/- 925Kcal/receita Calorias: 17% das proteínas, 30% das gorduras e 53% dos carboidratos Dieta especial para pacientes portadores de insuficiência renal crônica GRAVE 2 e ½ xícaras de arroz cozido 2 col. sopa de óleo vegetal 1 ovo grande cozido picado ¼ col. de chá de carbonato de cálcio ¼ de colher de chá de sal Fornecer suplemento vitamínico-mineral Rendimento: 500g Energia metabolizável: 760kcal/receita Calorias: 8% das proteínas, 39% das gorduras e 53% dos carboidratos Calorias necessárias na IRC: Cão: 70-110 kcal/kg/dia Gato: 70-80 kcal/kg/dia Drogas úteis no tratamento de cães e gatos com IRC Bicarbonato de sódio Cápsulas preparadas em farmácia de manipulação ou oferecido em solução conservada em geladeira – 84mg de bicarbonato de sódio em 1L de água Indicado para controlar a acidose metabólica Dosagem 8-12mg/kg, cada 8-12 horas (ajustar a dose de acordo com a necessidade – pode ser feito controle grosseiro, usando o pH urinário como guia; ajustar a dose para manter o pH entre 6,5 e 7,0 Se for usada a solução, 1-15ml para cada 10kg. A solução colocada em frasco bem tampado, pode durar meses na geladeira Eritropoietina recombinante humana (r-HuEPO) Droga adquirida em importadores de medicamentos – alto custo Deve ser usada com cuidado. Reavaliar o paciente semanalmente. Pode ocorrer reação anafilática (droga desenvolvida para humanos) Dosagem Usar somente se houver anemia arregenerativa comprovada 50-100Ukg, SC, 3X por semana, até atingir hematócrito de 33-40% em cães Continuar com dose ajustada (diminuir a dose ou aumento do intervalo, para manter o hematócrito dentro da normalidade) Diazepam (para estimular o apetite) Usar somente por curto período de tempo, durante as fases de inapetência Não usar em paciente deprimido Dosagem: 0,2mg/kg, IV, BID – dose máxima 5mg/kg Ranitidina (para combater a anorexia, vômito e náusea causadas por hipergastrinemia) Dosagem: 2-4mg/kg, PO - IV, BID Suspender, gradativamente, a medicação quando houver apetite restabelecido Gluconato de potássio (lojas de suplementos alimentares importados) Muito importante para os gatos Cada 0,65g de gluconato de potássio em pó equivalem a 2 mEq. Dosagem: 2mEq por gato, PO, BID Misturado ao alimento. Cão – 2mEq para cada 4,5 kg, no alimento, BID Carbonato de cálcio Controlar a hiperfosfatemia e fonte de cálcio Minimizar a osteodistrofia – hiperparat. sec. renal Contra indicado em paciente hipercalcêmico Dosagem: 90-150mg/kg/dia, PO Dose deve ser ajustada de acordo com o cálcio e fósforo séricos Em paciente hipercalcêmico é melhor usar o hidróxido de alumínio Hidróxido de alumínio – controlar a hiperfosfatemia Pode causar intoxicação pelo alumínio Pode ser usado em meia dose associado a meia dose de carbonato de cálcio Dosagem: 30-90mg/kg/dia, PO Calcitriol – mesmo que a vitamina D3 ou 1,25-dihidroxicolecalciferol)Indicado no tratamento do hiperparatireoidismo secundário renal Tratamento com calcitriol deve ser feito com muito cuidado, pois pode ocorrer hipercalcemia A administração de vitamina D (calcitriol), não é recomendada se não for possível monitorizar as concentrações séricas de cálcio e de fósforo Calcitriol Dosagem É melhor usar o calcitriol sintético do que as outras formas da vitamina D, que, geralmente dependem de ativação renal (rocaltrol) Dose : 0,0025-0,003(g/kg/dia podendo chegar a 0,0066 (g/kg/dia. OBS não deixem de consultar os livros de clínica!!!!!!!! � CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS NA IRA E IRC PARÂMETRO IRA IRC História Previamente normal Pu/Pd. Perda de peso, caquexia, anemia arregenerativa Hematócrito Normal ou ( ( Uréia/creatinina Previamente normal com (progressivo Previamente ( + [ ] estável Potássio sérico Hipercalcenia Normal a ( Volume da urina Oligúria/não oligúria Poliúria Tamanho renal Normal ou ( ( e irregular Densidade urinária Normal ( Fonte: Veterinary Medicine , março 1994
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