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Material II Teoria Geral do Dir. Civil Idocx

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FEPI – Centro Universitário de Itajubá
Caro Aluno, ATENÇÃO: o material escrito disponibilizado pelo professor, não representa todo o conteúdo da disciplina. Todas as inferências e explicações dadas durante as aulas devem ser anotadas de forma clara, pois as mesmas são também conteúdos de avaliações. 
ATOS DO REGISTRO CIVIL
O registro civil, por sua importância na vida das pessoas, interessa a todos: ao próprio registrado, a terceiros que com ele mantenham relações e ao Estado.
	Os principais fatos da vida humana, como o nascimento, o casamento, o óbito, a separação judicial e o divórcio são ali retratados e fixados de forma perene.
	Registro civil é a perpetuação, mediante anotação por agente autorizado, dos dados pessoais dos membros da coletividade e dos fatos jurídicos de maior relevância em suas vidas, para fins de autenticidade, segurança e eficácia. Tem por base a publicidade, cuja função específica é provar a situação jurídica do registrado e torná-la conhecida de terceiros.
	No registro civil, efetivamente, pode-se encontrar a história civil da pessoa, por assim dizer, a biografia jurídica de cada cidadão.
Precedentes Históricos
Há notícias dessa prática na Bíblia, entre os gregos e romanos e entre os povos civilizados em geral. 
A origem do registro moderno encontra-se na Idade Média, na prática adotada pelos padres cristãos de anotar o batismo, o casamento e o óbito dos fiéis, não só para melhor conhecê-los como também para controle e escrituração dos dízimos recebidos. 
	Por essa razão, durante séculos, inclusive no Brasil, a perpetuação dos momentos principais da vida civil (do nascimento, do casamento e do óbito), ficou a cargo da Igreja. A prova da idade entre nós, durante o Império, era feita pelo batistério, de valor probante considerado incontestável.
	O Registro Civil teve início com o Decreto n. 9.886, de 7 de março de 1888, motivada pelo surgimento de outras religiões e pela constatação de que os assentos eclesiásticos se mostravam insuficientes para atender às necessidades públicas.
	Hoje a matéria é regida pelo Código Civil, que se limitou a determinar o registro dos fatos essenciais ligados ao estado das pessoas, e pela Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre os Registros Públicos, especificados no art. 1º, § 1º, e que são os seguintes:
o registro civil de pessoas naturais;
o registro civil das pessoas jurídicas;
o registro de títulos e documentos;
o registro de imóveis.
	O art. 9º do Código Civil, por sua vez, indica os atos sujeitos a registro público:
os nascimentos, casamentos e óbitos;
a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
São obrigados a fazer a declaração de nascimento, pela ordem: 
os pais; 
o parente mais próximo; 
os administradores de hospitais ou os médicos e parteiras; 
pessoa idônea da casa em que ocorrer o parto; 	
as pessoas encarregadas da guarda do menor (LRP, art. 52).
O Registro Civil está a cargo de pessoas que recebem delegação do poder público e são denominadas Oficiais do Registro Civil das Pessoas Naturais. 
	Outras pessoas têm, também, competência para exercer essas funções, como o comandante de aeronaves, que pode lavrar certidão de nascimento e dos óbitos que ocorrerem a bordo (Código Brasileiro de Aeronáutica, art. 173), bem como as autoridades consulares (**LINDB, art. 18).
** Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
AVERBAÇÃO é qualquer anotação feita à margem do registro, para indicar as alterações ocorridas no estado jurídico do registrado.
	São averbados em registro público:
as sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
os atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação (CC, art. 10). 
[...]
	A letra “c” do mencionado art. 10, que impunha a averbação dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção, foi revogada pela Lei Nacional da Adoção (Lei n. 12.010/2009).
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
1. Conceito
A concepção dos direitos da personalidade apoia-se na ideia de que, a par dos direitos economicamente apreciáveis, destacáveis da pessoa de seu titular, como a propriedade ou o crédito contra um devedor, outros há, não menos valiosos e merecedores da proteção da ordem jurídica.
São direitos inerentes à pessoa humana, estando a ela ligados de maneira perpétua, não podendo sofrer limitação voluntária. São direitos inalienáveis, que se encontram fora do comércio, e que merecem a proteção legal.
São os direitos da personalidade, cuja existência tem sido proclamada pelo direito natural, destacando-se, dentre outros, o direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra.
O grande passo para a proteção dos direitos da personalidade foi dado com o advento da Constituição Federal de 1988, que expressamente a eles se refere no art. 5º, X, estes termos:
“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Nessa linha, dispõe o art. 12 e parágrafo único do novo Código Civil: 
“Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”.
O Código Civil dedicou um capítulo novo aos direitos da personalidade (arts. 11 a 21), visando, no dizer de Miguel Reale, “à sua salvaguarda, sob múltiplos aspectos, desde a proteção dispensada ao nome e à imagem até o direito de se dispor do próprio corpo para fins científicos ou altruísticos”.
A VIDA HUMANA é o bem supremo. Preexiste ao direito e deve ser respeitada por todos. É bem jurídico fundamental, uma vez que se constitui na origem e suporte dos demais direitos. Sua extinção põe fim à condição de ser humano e a todas as manifestações jurídicas que se apoiam nessa condição. O direito à vida deve ser entendido como o direito ao respeito à vida do próprio titular e de todos.
Os direitos da personalidade são os direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio:
a sua INTEGRIDADE FÍSICA: vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou morto;
a sua INTEGRIDADE INTELECTUAL: liberdade de pensamento, autoria científica, artística e literária;
a sua INTEGRIDADE MORAL: honra, imagem, recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social.
O direito à integridade física compreende a proteção jurídica à vida, ao próprio corpo vivo ou morto, quer na sua totalidade, quer em relação a tecidos, órgãos e partes suscetíveis de separação e individualização, quer ainda ao direito de alguém submeter-se ou não a exame e tratamento médico.
Os atos de disposição do próprio corpo
Dispõe o art. 13 do Código Civil:
“Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial”.
Por sua vez, prescreve o art. 14:
“Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo”.
O valor da VIDA torna extremamente importante a sua defesa contra os riscos de sua destruição, defesa esta que passa pela proibição de matar, de induzir a suicídio, de cometer aborto e eutanásia, envolvendo ainda as práticas científicas da engenharia genética, no tocanteprincipalmente a transplantes de órgãos humanos, transferência de genes, reprodução assistida, esterilização e controle da natalidade, bem como cirurgias plásticas, tratamentos médicos, práticas esportivas perigosas etc.
O tratamento médico de risco
O art. 15 do Código Civil consagra importante direito da personalidade ao dispor:
“Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”.
A regra obriga os médicos, nos casos mais graves, a não atuarem sem prévia autorização do paciente, que tem a prerrogativa de se recusar a se submeter a um tratamento perigoso. A sua finalidade é proteger a inviolabilidade do corpo humano. Cabe também ao médico o fornecimento de informação detalhada ao paciente sobre o seu estado de saúde e o tratamento a ser observado, para que a autorização possa ser concedida com pleno conhecimento dos riscos existentes.
	Na impossibilidade de o doente manifestar a sua vontade, deve-se obter a autorização escrita, para o tratamento médico ou a intervenção cirúrgica de risco, de qualquer parente maior, da linha reta ou colateral até o 2º grau, ou do cônjuge, por analogia com o disposto no art. 4º da Lei n. 9.434/97, que cuida da retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoa falecida.
	Se não houver tempo hábil para ouvir o paciente ou para tomar essas providências, e se tratar de emergência que exige pronta intervenção médica, como na hipótese de parada cardíaca, por exemplo, terá o profissional a obrigação de realizar o tratamento, independentemente de autorização, eximindo-se de qualquer responsabilidade por não tê-la obtido. 
O direito ao nome
	O direito e a proteção ao nome e ao pseudônimo são assegurados nos arts. 16 a 19 do Código Civil.
	Acrescenta-se que o direito ao nome é espécie dos direitos da personalidade, pertencente ao gênero do DIREITO À INTEGRIDADE MORAL, pois todo indivíduo tem o direito à identidade pessoal, de ser reconhecido em sociedade por denominação própria. Tem ele caráter absoluto e produz efeito erga omnes, pois todos têm o dever de respeitá-lo. Dele deflui para o titular a prerrogativa de reivindicá-lo, quando lhe é negado. Um dos efeitos da procedência da ação de investigação de paternidade, por exemplo, é atribuir ao autor o nome do investigado, que até então lhe fora negado.
	Em outras situações de recusa do nome cabe ação para o interessado, podendo ser lembradas as seguintes hipóteses:
a) 	a impugnação, por parte de uma repartição pública, da assinatura formada por esse nome; 
b) 	a obstinação de um editor em mal ortografar esse nome na capa das obras do seu titular; 
c) 	o ato de um jornalista que desfigura esse nome em seus artigos ou editoriais; 
d) 	a negação de um funcionário da Junta Comercial a fazer constar esse nome numa firma; 
e) 	o vandalismo de um malfeitor que arranca a placa da casa do titular, placa essa que continha o seu nome.
A proteção à palavra e à imagem
	A transmissão da palavra e a divulgação de escritos já eram protegidas pela Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que hoje disciplina toda a matéria relativa a direitos autorais.
	O art. 20 do Código Civil, considerando tratar-se de direitos da personalidade, prescreve que tais atos poderão ser proibidos, a requerimento do autor e sem prejuízo da indenização que couber, 
	“se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais, salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública”. 
	Complementa o parágrafo único que, em se 
	“tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes”.
	O direito à própria imagem integra, pois, o rol dos direitos da personalidade. No sentido comum, imagem é a representação pela pintura, escultura, fotografia, filme etc. de qualquer objeto e, inclusive, da pessoa humana, destacando-se, nesta, o interesse primordial que apresenta o rosto. 
	A parte lesada pelo uso não autorizado de sua palavra ou voz, ou de seus escritos, bem como de sua imagem, pode obter ordem judicial interditando esse uso e condenando o infrator a reparar os prejuízos causados.
Características dos Direitos da Personalidade
Dispõe o art. 11 do Código Civil que, com “exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”.
a ) Intransmissibilidade e irrenunciabilidade — Essas características, mencionadas expressamente no dispositivo legal, acarretam a indisponibilidade (***) dos direitos da personalidade. Não podem os seus titulares deles dispor, transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais são inseparáveis. 
(***) Nem por vontade própria do indivíduo o direito da personalidade pode mudar de titular.
Evidentemente, ninguém pode desfrutar em nome de outrem bens como a vida, a honra, a liberdade etc. 
Entretanto, alguns atributos da personalidade admitem a CESSÃO DE SEU USO: 
A imagem, que pode ser explorada comercialmente, mediante retribuição pecuniária. 
Os direitos autorais. Pode-se autorizar, contratualmente, não só a edição de obra literária, como também a inserção, em produtos, de marcas, desenhos ou qualquer outra criação intelectual. 
Permite-se, também, a cessão gratuita de órgãos do corpo humano, para fins altruísticos e terapêuticos.
b) Absolutismo — O caráter absoluto dos direitos da personalidade é consequência de sua oponibilidade erga omnes. São tão relevantes e necessários que impõem a todos um dever de abstenção, de respeito, ou seja, impõem à coletividade o dever de respeitá-los. Sob outro ângulo, têm caráter geral, porque inerentes a toda pessoa humana. 
c) Não limitação — Os direitos da personalidade não se limitam apenas àqueles disciplinados na Constituição Federal e a legislação ordinária. Pois o seu elenco não se esgota, visto ser impossível imaginar-lhe um número.
	A título de exemplo: o direito a alimentos, ao planejamento familiar, ao leite materno, ao meio ambiente ecológico, à velhice digna, ao culto religioso, à liberdade de pensamento, ao segredo profissional, à identidade pessoal etc.
Além do mais, com o progresso econômico-social e científico poderá dar origem também, no futuro, a outras hipóteses, a serem tipificadas em norma. Na atualidade, devido aos avanços científicos e tecnológicos (Internet, clonagem, imagem virtual, monitoramento por satélite, acesso imediato a notícias e manipulação da imagem e voz por computador), a personalidade passa a sofrer novas ameaças que precisarão ser enfrentadas, com regulamentação da sua proteção.
d) Imprescritibilidade — Inexiste um prazo para seu exercício, não se extinguindo pelo seu não-uso. Isto se dá, pelo fato de os direitos da personalidade não se extinguirem pelo uso e pelo decurso do tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-los.
e) Impenhorabilidade — Se os direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana e dela inseparáveis, e por essa razão indisponíveis, certamente não podem ser penhorados, pois a constrição é o ato inicial da venda forçada determinada pelo juiz para satisfazer o crédito do exequente.
	Todavia, como foi dito no item sob letra a, retro, a indisponibilidade dos referidos direitos não é absoluta, podendo alguns deles ter o seu uso cedido para fins comerciais, mediante retribuição pecuniária, como o direito autoral e o direito de imagem, por exemplo.
	Nesses casos, os reflexos patrimoniais dos referidos direitos podem ser penhorados.
f ) Não estão sujeitos à desapropriação — Os direitos da personalidade não são suscetíveis de desapropriação, por se ligarem à pessoa humana de modo indestacável, ou seja, não podem dela ser retirados contra a sua vontade, nem o seu exercício sofrer limitação voluntária .
g) Vitaliciedade — Os direitos da personalidade são adquiridos noinstante da concepção e acompanham a pessoa até a sua morte. Por isso, são vitalícios.
 
        Todavia, mesmo após a morte, alguns desses direitos são resguardados, como o respeito ao morto, à sua honra ou memória, por exemplo.
PESSOA JURÍDICA
Natureza jurídica
	Embora subsistam teorias que negam a existência da pessoa jurídica (teorias negativistas), não aceitando possa uma associação formada por um grupo de indivíduos ter personalidade própria, outras, em maior número (teorias afirmativistas), procuram explicar esse fenômeno pelo qual um grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgânica, com individualidade própria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que a compõem.
A personalização jurídica de um determinado grupo de pessoas tem a finalidade de dar a ele melhores possibilidades, condições para exercerem sua atividade em nome da coletividade, considerando que um indivíduo se une a outro em razão de sua deficiência, incapacidade de exercer determinada atividade sozinho. 
Ao unir-se com outro e adquirir personalidade jurídica, os atos serão praticados em nome de todos, em nome da entidade, não mais em nome de cada componente.
É a entidade ou instituição que, por força das normas jurídicas criadas, tem personalidade jurídica e capacidades jurídicas para adquirir direitos e contrair obrigações. 
Ela nasce de instrumento formal e escrito que a constitui, ou diretamente da lei que a institui.
Pessoas Jurídicas de Direito Público 
Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: 
	O Art. 41 do Código Civil brasileiro de 2002 elenca quais são as pessoas jurídicas de direito público interno.
	As pessoas jurídicas de direito público interno se dividem em:
Entes de Administração Direta União, Estados, Distrito Federal e Territórios e Município e
Entes de Administração Indireta, como é o caso das autarquias (como o INSS) e das demais entidades de caráter público criadas por lei, como por exemplo as fundações públicas de direito público (fundação pública).
	Sua existência legal (personalidade), ou seja, sua criação e extinção, decorre de lei.
Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: 
	Conforme o Art. 42 do Código Civil brasileiro de 2002, sem equivalência no Código Civil de 1916, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
	São exemplos de pessoas jurídicas de direito público externo as nações estrangeiras, Santa Sé e organismos internacionais (ONU, OEA, União Europeia, Mercosul, UNESCO etc).
Pessoas Jurídicas de Direito Privado
	As pessoas jurídicas de direito privado caracterizam-se por ser constituídas por instrumento escrito, para cujo registro comparecem, pelo menos, duas pessoas (físicas ou jurídicas) que fixam as atividades e os objetivos a serem alcançados, a forma de exercício das atividades, o patrimônio de que a pessoa jurídica é constituída, o nome, a sede e o prazo de duração, dentre outras condições.
	O instrumento de constituição da pessoa jurídica tem de ser registrado na repartição competente (Cartório de Registro Civil das Pessoas jurídicas, Junta Comercial do Estado).
	No caso de fundação, há necessidade, também, de intervenção e participação do Ministério Público, por exigência legal.
OBS.	Algumas pessoas jurídicas, tais como empresas petroquímicas, bancos, companhias de seguros..., precisam de prévia autorização de órgãos governamentais para existir.
Requisitos para a constituição da Pessoa Jurídica
Vontade humana - “affectio” - se materializa no ATO DE CONSTITUIÇÃO que deve ser escrito e se denomina Estatuto (associações sem fins lucrativos), Contrato Social (sociedades civis ou mercantis) e Escritura Pública ou Testamento (fundações).
Registro - o ato constitutivo deve ser levado a Registro para que comece, então, a existência legal da pessoa jurídica de Direito Privado. O ato constitutivo é requisito formal exigido pela lei . Antes do registro, não passará de mera “sociedade de fato” ou “sociedade não personificada”, equiparada por alguns ao nascituro, que já foi concebido mas que só adquirirá personalidade se nascer com vida. No caso da pessoa jurídica, se o seu ato constitutivo for registrado.
Autorização do Governo - algumas pessoas jurídicas precisam de AUTORIZAÇÃO DO GOVERNO para existir. Ex.: seguradoras, empresas petroquímicas,, financeiras, bancos, administradoras de consórcio, etc.
Início da existência legal
A existência legal, no entanto, das pessoas jurídicas de direito privado só começa efetivamente com o registro de seu ato constitutivo no órgão competente. Dispõe, com efeito, o art. 45 do Código Civil:
“Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”
	O registro do contrato social de uma sociedade empresária faz-se na Junta Comercial, que mantém o Registro Público de Empresas Mercantis. 
	Os estatutos e os atos constitutivos das demais pessoas jurídicas de direito privado são registrados no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, como dispõem os arts. 1.150 do Código Civil e 114 e s. da Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73).
	Entretanto, os das sociedades simples de advogados só podem ser registrados na OAB — Ordem dos Advogados do Brasil (EOAB, arts. 15 e 16, § 3º).
O registro no órgão competente, além de servir de prova, tem, pois, natureza constitutiva, por ser atributivo da personalidade, da capacidade jurídica. Em casos especiais de necessidade de autorização do governo, o registro só será efetivado depois da chancela ter sido expressa e previamente obtida, sob pena de nulidade do ato.
	Uma vez constituída, a pessoa jurídica adquire PERSONALIDADE JURÍDICA, isto é, passa a ter aptidão fundamental para adquirir direitos e contrair obrigações, e tem vida própria, independente da pessoa de seus sócios, instituidores e administradores.
	A capacidade jurídica da pessoa jurídica, decorre de sua própria natureza, isto é, tem relação com sua estrutura disposta no instrumento ou na lei que a constitui. Varia de acordo com o fim específico de sua atividade, das regras e normas que a instituíram, da forma e dos limites de sua administração...
A personalidade e a capacidade jurídicas apresentam variações e características que permitem uma classificação das pessoas jurídicas.
	Conforme o Art. 44 do Código Civil brasileiro de 2002, são pessoas jurídicas de direito privado: as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada. As pessoas jurídicas de direito privado são instituídas por iniciativa de particulares.
	As pessoas jurídicas de direito privado dividem-se em duas categorias: de um lado, as ESTATAIS; de outro, as PARTICULARES. 
	Para essa classificação interessa a origem dos recursos empregados na constituição da pessoa, posto que são:
Estatais aquelas para cujo capital houve contribuição do Poder Público (sociedades de economia mista, empresas públicas) e
Particulares as constituídas apenas com recursos particulares. A pessoa jurídica de direito privado particular pode revestir seis formas diferentes: a fundação, a associação, a cooperativa, a sociedade, a organização religiosa e os partidos políticos.
CORPORAÇÕES
Possuem como característica a reunião de pessoas para o desempenho de uma determinada atividade. Classificam-se em:
Associações
União de pessoas que se organizam para fins não econômicos. É o mesmo que sociedade, só que sem fins lucrativos (art. 53). Isto não quer dizer que não possam auferir renda, mas apenas que não visam como objetivo principal o lucro.
Destina-se a fins assistenciais, culturais, educacionais, desportivos.
Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto pode instituir categorias com vantagensespeciais.
Sociedades
É todo grupo de pessoas que se reúnem, conjugando esforços e recurso para lograr fins comuns. Podem ser:
Sociedades empresárias
exercem atividade própria de empresário;
são inscritas no Registro de Empresas;
Sociedades simples:
perseguem proveito econômico, mas não exercem atividade tipicamente empresarial (Ex. sociedades de médicos e advogados);
são inscritas no Registro de Pessoas Jurídicas.
FUNDAÇÕES
Ao contrário das Corporações, resultam, não na união de pessoas, mas da destinação de um patrimônio a uma finalidade, ou seja, é patrimônio dotado de personalidade jurídica e constituído para realizar determinado fim. 
	Sua finalidade é indicada pelo fundador (art. 62.) e a instituição pode se dar por escritura pública ou testamento.
	A fundação somente poderá se constituir para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.
Sociedades irregulares ou de fato
	Sem o registro de seu ato constitutivo a pessoa jurídica será considerada irregular, mera associação ou sociedade de fato, sem personalidade jurídica, ou seja, mera relação contratual disciplinada pelo estatuto ou contrato social.
	Efetivado o registro, porém, a pessoa jurídica começa a existir legalmente, passando a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações e a desfrutar de capacidade patrimonial, com vida própria e patrimônio que não se confunde com o de seus membros.
Desconsideração da Personalidade Jurídica
	Quando a pessoa jurídica for usada para lesar terceiros (ex: fraudar credores), o juiz, a pedido dos interessados ou do Ministério Público, pode desconsiderá-la para responsabilizar seus sócios, como se o ato tivesse sido praticado por uma pessoa física (art. 50).
Extinção da Pessoa Jurídica
Convencional: deliberada pelos sócios ou membros, conforme quorum previsto nos estatutos ou na lei. A vontade humana criadora, hábil a gerar uma entidade com personalidade distinta da de seus membros, é também capaz de extingui-la.
Legal — em razão de motivo determinante na lei a decretação da falência, a morte dos sócios ou desaparecimento do capital, nas sociedades de fins lucrativos. As associações, que não os têm, não se extinguem pelo desaparecimento do capital, que não é requisito de sua existência.
Administrativa: quando as pessoas jurídicas dependem de autorização do Poder Público e esta é cassada (CC, art. 1.033), seja por infração a disposição de ordem pública ou prática de atos contrários aos fins declarados no seu estatuto (art. 1.125), seja por se tornar ilícita, impossível ou inútil a sua finalidade. Pode, nesses casos, haver provocação de qualquer do povo ou do Ministério Público. 
Judicial: extinção determinada pelo juiz quando a atividade desenvolvida for perniciosa, ou seja, quando se configura algum dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto, especialmente quando a entidade se desvia dos fins para que se constituiu, mas continua a existir, obrigando um dos sócios a ingressar em juízo.
Classificação da Pessoa Jurídica
	
PESSOA
JURÍDICA
	
De Direito
Público
	
Externo
	 
- Outros Estados
- Organismos internacionais
	
	
	
	
Interno
	
Administração
Direta
	- União
- Estados-Membros
- Territórios
- Municípios
-Distrito Federal
	
	
	
	
	
Administração 
Indireta
	- Autarquias
- Fundações públicas
	
	
	
De Direito Privado
	- Associações
	
	
	
	- Sociedades empresárias
- Empresário individual
- Sociedade simples
	
	
	
	- Fundações particulares
	
ENTES DESPERSONALIZADOS
Ao lado das pessoas FÍSICAS e JURÍDICAS, como sujeitos de direitos e obrigações, podem ser identificados os chamados “entes despersonalizados”.
	Podem ser caracterizados como aqueles que, embora possam ser capazes de adquirir direitos e contrair obrigações, não preenchem as condições legais e formais para serem enquadrados como pessoas jurídicas, por falta de algum requisito ou pela situação sui generis.
No direito positivo brasileiro, o artigo 44 do Código Civil traz o rol das pessoas jurídicas de direito privado. Assim, somente os entes referidos na disposição do artigo 44 do C.C. (sociedades, associações e fundações) podem ser reputados pessoas jurídicas privadas no direito pátrio.
	Para que um ente atinja a condição de pessoa jurídica, enquadrando-se numa das três categorias (sociedades, associações e fundações), é necessário o cumprimento dos requisitos: “vontade humana criadora, a observância das condições legais de sua formação e a liceidade de seus propósitos.”
	Contudo, o espólio não se identifica com a figura de uma sociedade, ou de uma associação ou fundação. O mesmo ocorre com outros entes despersonalizados como a herança vacante e jacente, o condomínio e o consórcio. Mesmo as sociedades irregulares (sem registro) não se identificam com as sociedades às quais se atribuiu personalidade jurídica, uma vez que ausente o ato de sua constituição (registro). 
	Dessa forma, os ENTES DESPERSONALIZADOS não podem ser enquadrados como pessoas jurídicas, pois não atendem as prescrições legais para que atinjam essa condição.
	Entretanto, a lei confere à esses entes a faculdade de participarem como sujeitos de direitos em certas relações jurídicas, como, por exemplo, na relação jurídica processual (art. 12 do CPC).
Tipos de Entes Despersonalizados
Estão entre tais ”entes despersonalizados” a “pessoa jurídica de fato”, a massa falida e o espólio.
PESSOA JURÍDICA DE FATO: é figura bastante conhecida no mercado. São, geralmente, pequenos comerciantes, que compram e vendem produtos, sem ter uma sociedade regularmente constituída. Os ambulantes e os camelôs enquadram-se nessa situação; mas inclui-se, também, qualquer pessoa que exerça algum tipo de atividade industrial, comercial, de prestação de serviços... E que não tenha constituído adequada e legalmente seu negócio.
Atualmente, há até mesmo reconhecimento legal desses “entes despersonalizados, que estão caracterizados como sujeitos de direitos e obrigações, na figura do FORNECEDOR, definido pelo CDC (art. 3º, caput, da Lei n. 8.078/90)
MASSA FALIDA: surge a partir da declaração judicial da insolvência (isto é, falência) de alguma sociedade. Ela é constituída do patrimônio (bens, direitos, obrigações) arrecadado pelo juiz falimentar. Tal patrimônio é administrado por um síndico, nomeado pelo juiz, para cuidar do processo de falência e responder em nome da massa falida, a qual é sujeito de direitos e obrigações.
ESPÓLIO: é composto do patrimônio oriundo da arrecadação dos bens, direitos e obrigações de pessoa falecida. A arrecadação é feita no processo de inventário, pelo qual responde um inventariante nomeado pelo juiz para representar o espólio. Assim, também o espólio é sujeito titular de direitos e obrigações.
LEMBRETE: O artigo 12 do CPC conferiu ao condomínio, à massa falida, ao espólio, à herança vacante e jacente e às sociedades irregulares a faculdade de figurarem como partes na relação processual, tornando evidente o problema dos entes despersonalizados no ordenamento brasileiro. Isso porque, os entes, que anteriormente não eram enquadrados como sujeitos de direitos, passaram a ter a faculdade de participarem da relação processual.
LEMBRETE: O artigo 75 do novo CPC conferiu a massa falida, pelo administrador judicial; a herança jacente ou vacante, por seu curador; o espólio, pelo inventariante; o condomínio, pelo administrador ou síndico; a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens.