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SOCIEDADE PORVIR CIENTÍFICO COLÉGIO AGRÍCOLA LA SALLE - XANXERÊ JOCENIR NUNES DE OLIVEIRA RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM BOVINOS DE LEITE: ALIMENTAÇÃO DE BVINOS LEITEIROS XANXERÊ, 2015 JOCENIR NUNES DE OLIVEIRA RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM BOVINOS DE LEITE: ALIMENTAÇÃO NAS FASES DE CRIA, RECRIA, PRÉ-PARTO E LACTAÇÃO Relatório de Estágio em Bovinos de Leite apresentado ao Curso Técnico de Agropecuária como requisito parcial para obtenção do título de Técnico em Agropecuária pelo Colégio Agrícola La Salle - Xanxerê. Orientador: Téc. Matheus Alan Demeda Coorientador: Prof. Tiago Goulart Petrólli XANXERÊ, 2015 Dedico este trabalho a todas as pessoas responsáveis que me auxiliaram na aquisição de conhecimento, facilitando os manejos no cotidiano do estágio. AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que me auxiliaram, em especial a minha família que me deu apoio e entendeu meus compromissos com os estudos. Agradeço ao Professor Matheus Alan Demeda que me auxiliou nos conhecimentos adquiridos em sala de aula, e depois na aplicação prática destas técnicas e manejos adotados, juntamente com o Técnico responsável Leonardo Seraglio. Agradeço a meus amigos que me ajudaram na aquisição de material para pesquisa e realização deste trabalho. RESUMO Este relatório visa apresentar a realização de estágio curricular obrigatório em bovinos de leite. As raças trabalhadas foram Jersey e Holandes. Demonstra o manejo nutricional das diversas fases de criação dos animais, compreendidas desde bezerras até o mesmo animal estar em sua primeira lactação. A observação diária e crítica dos alimentos a serem fornecidos aos animais é de fundamental importância. Pois há vários problemas que podem desencadear de um mal manejo nutricional. Como cetose, hipocalcemia, retenção de placenta, metrite, torção de abomaso e acidose ruminal. Apresenta métodos de tratamento das principais doenças citadas acima que ocorreram no período de estágio, e como preveni-las. Ressalta a importância do fornecimento ou restrição de determinado componente da dieta a um animal em diferentes fases da vida. Apresenta valores significativos em mensuração da quantia de pastagens com relação a capacidade de suportar um rebanho, métodos para realização de análise de plantas forrageiras, obtendo critérios para definir uma dieta afim de suprir as exigências mínimas de uma vaca em lactação. Palavras-Chave: Pastagens. Produção de leite. Exigências nutricionais. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS NDT – Nutrientes Digestíveis Totais FB – Fibra Bruta Kg – Quilogramas g – Gramas MS – Matéria Seca MV – Matéria Verde ha – Hectáre CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 10 2.1 Alimentos ........................................................................................................................... 10 2.1.1 Pastagem .......................................................................................................................... 10 2.1.2 Silagem ............................................................................................................................ 10 2.1.3 Feno ................................................................................................................................. 10 2.1.4 Concentrado ..................................................................................................................... 11 2.1.5 Minerais ........................................................................................................................... 11 2.1.6 Vitaminas ......................................................................................................................... 11 2.2 Alimentação em diferentes fases de crescimento ........................................................... 12 2.2.1 Bezerras ........................................................................................................................... 12 2.2.2 Novilhas em Crescimento ................................................................................................ 12 2.2.3 Vacas no pré-parto ........................................................................................................... 13 2.2.4 Lactantes .......................................................................................................................... 13 2.3 Doenças decorrentes do manejo alimentar .................................................................... 13 2.3.1 Hipocalcemia ................................................................................................................... 13 2.3.2 Micotoxinas ..................................................................................................................... 14 2.3.3 Cetose .............................................................................................................................. 14 2.4 Manejos em pastagens ...................................................................................................... 15 2.4.1 Recuperação das pastagens .............................................................................................. 15 2.5 Balanço .............................................................................................................................. 15 3.0 APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ........................................................... 16 3.1 Dados de identificação do local de estágio ...................................................................... 16 3.2 caracterização do local de estágio ................................................................................... 16 4 DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO ........................................................................... 17 4.1 Fornecimento de Volumosos ............................................................................................ 17 4.1.1 Pastagem .......................................................................................................................... 17 4.1.2 Silagem ............................................................................................................................ 17 4.1.3 Feno ................................................................................................................................. 17 4.1.4 Balanço ............................................................................................................................ 18 4.2 Fornecimento de concentrado ......................................................................................... 18 4.3 Manejo em Pastagens ....................................................................................................... 18 4.3.1 Determinação da MS .......................................................................................................18 4.3.2 Recuperação da Pastagem ............................................................................................... 19 4.4 Problemas que afetam a eficiência Produtiva ................................................................ 19 4.4.1 Cetose .............................................................................................................................. 19 4.4.2 Hipocalcemia ................................................................................................................... 20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 21 6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 22 ANEXOS ................................................................................................................................. 23 9 1 INTRODUÇÃO O manejo da alimentação é de extrema importância ser compreendido, pois consiste na conversão de alimentos considerados matéria prima, volumosos, concentrado e mineral, em produtos que serão a fonte de renda da propriedade, como leite e seus derivados. Na espécie bovina, a alimentação se diferencia quando se trata de gado de leite, ou gado de corte. Em gado de leite, a produção que determina o fornecimento de nutrientes. Lembrando que a genética das raças leiteiras tem como foco, direcionar os nutrientes para a produção. Então se não suprirmos as suas exigências de manutenção, irá ser retirado energia de seu corpo para manter uma produção de leite constante. Podendo até ocasionar a morte do animal (ANDRIGUETTO et.al, 1983). Se bem manejada uma dieta pode apresentar bons resultados, em aspectos de rendimento. Mas vale ressaltar que se a vida útil do animal esta depreciada, por mais que a dieta esteja fornecendo todas as condições ideais para uma boa produção, o animal não respondera, e o mais viável é o descarte e reposição deste animal. Há vários fatores que determinam a exigência diária de alimento que o animal deve ingerir, como nível de produção, peso corporal, fase da vida e a interação do animal com o ambiente (DAMASCENO et.al, 2002). A eficiência da dieta é diretamente afetada por mais de um fator, em cada propriedade temos um fator diferente afetando na dieta. Podemos citar o apetite, que se relaciona com a fome e a sensação de saciedade do animal, variando dentro de uma mesma propriedade de acordo com a fase da vida em que os animais se encontram. Outro aspecto considerável está no manejo do rebanho leiteiro. Pois 50 % ou até mais da energia poderá ser perdida no ato de pastar. Ocasionado por condições desfavoráveis no ambiente de pastejo (ANDRIGUETTO et.al, 1983). 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Alimentos Quando se pensa em alimentação bovina, devemos ter em mente que a dieta deve ser realizada considerando-se a água, volumosos, concentrados, suplementos vitamínicos e minerais. Quando temos um equilíbrio ideal entre as porções de diferentes classes de alimentos oferecidas aos animais, a resposta será demonstrando um potencial máximo de sua produção (BRITO et al, 2009). 2.1.1 Pastagem A pastagem é a principal e a mais barata fonte de alimento para os ruminantes. Para manejarmos a pastagem de forma correta, precisamos primeiramente conhecer sua fisiologia, podendo definir através disso alguns critérios como, adubação , período de descanso, altura de pastejo e taxa de lotação. Fazendo um manejo correto, obtemos uma maior produção animal por área, trazendo um melhor resultado tanto para o produtor como para o consumidor da produção animal. As forrageiras apresentam diferenças entre espécies ou mesmo entre cultivares de uma mesma espécie, quanto ao crescimento vegetativo, consequentemente, momento ideal de fazer o pastejo (COSTA, 1991). 2.1.2 Silagem É um produto adequado ao um método de conservação, resultante da fermentação anaeróbica de pastagens verdes. As bactérias ácido lático (BAL) são essências para produção de silagem de qualidade, pois são os principais microrganismos que atuam na fermentação da massa ensilada. Dentre as BAL estão Lactobacillus, Streptococcus e Pediococcus, que excretam ácido lático resultante da fermentação. Porém também se tem as bactérias anaeróbicas do gênero clostridium, que fermentam o açúcar e ácido lático, produzindo ácido butírico, diminuindo a matéria seca da silagem, reduzindo palatabilidade, diminuindo a qualidade do alimento (MAHANNA, 1994). 2.1.3 Feno É uma pastagem, que passa por um processo de desidratação, para ser armazenada por um período maior de tempo. Nesse processo a pastagem fica com um teor de MS (Matéria 11 Seca) igual ou maior que 80%, o mais rápido possível. Objetivando reduzir as atividades enzimáticas, cessar a respiração da planta, e inibir o desenvolvimento de bactérias e fungos presentes na pastagem, que podem comprometer a qualidade de armazenamento dessa pastagem (FREIXIAL & ALPENDRE, 2013). 2.1.4 Concentrado São alimentos com menos de 18% de FB (Fibra Bruta) e mais de 60% de NDT (Nutrientes digestíveis totais). Podem ser subdivididos em concentrados energéticos e concentrados proteicos. Sendo os concentrados energéticos os que apresentam menos de 20% de PB (Proteína Bruta), temos como exemplo milho, sorgo, trigo, melaço, polpa cítrica, entre outros. E os concentrados proteicos, apresentando um teor de PB maior que 20%, por exemplo farelo de soja, farelo de algodão, farinha de sangue entre outros (BRITO et al, 2009). 2.1.5 Minerais Os minerais podem ser classificados de acordo com a sua absorção pelo organismo. Os que são absorvidos em gramas, são considerados macrominerais, constituem vários tecidos do corpo do animal, mas principalmente os ossos e fluidos corporais. Já os minerais que são absorvidos em quantidades equivalentes a miligramas pelo corpo dos animais, são considerados microminerais, constituem alguns tecidos do corpo do animal e geralmente atuam na atividade enzimática e hormônios do sistema endócrino (BRITO et al, 2009). Os microminerais são encontrados na MS em uma quantia equivalente a ppm, ou seja, mg/Kg (PEREIRA, 1987). 2.1.6 Vitaminas As vitaminas devem estar presentes na ração, nem que seja em quantias pequenas, mas sua presença é muito importante. Pois cada vitamina tem uma função no organismo do animal. Vitamina A, protege a visão, a integridade dos tecidos epiteliais, e mantem normal a reprodução e crescimento. Vitamina D, exercem importantes funções no metabolismo dos elementos fosforo e cálcio. Vitamina E, sua função esta relacionada com a normalidade dos tecidos conjuntivos e hepáticos, também possui ação antioxidante. Vitamina K, atua na coagulação do sangue, agindo como um anti-hemorragico (BRITO et al, 2009). 12 As vitaminas A, D, E e K devem ser fornecidas na ração, pois o corpo do animal não tem capacidade para produzir essas vitaminas (JARDIM, 1976). Segundo Andrigueto (1985), as vitaminas do complexo B e C são produzidas pelo corpo do animal, no rúmen. Geralmente a entrada dessas vitaminas no corpo do animal se dá por vias injetáveis. Devido a dificuldade no controle de quanto é fornecido na ração. 2.2 Alimentação em diferentes fases de crescimento 2.2.1 Bezerras As bezerras por serem animais de reposição e a fonte de renda futura da propriedade, devem receber o máximo de cuidado possível. Logo após o nascimento deve receber o colostro, pois nasce sem imunidade alguma, e necessita ingerir colostro o mais rápido possível para adquiri-la. A bezerra deve recebera primeira mamada de colostro em no máximo 6 horas após o nascimento, em uma quantia de 5% de seu peso vivo. Pois com o passar do tempo diminui a capacidade de absorção do colostro pela bezerra. Em 12 horas a absorção reduz em 50%, assim como a concentração de proteínas no colostro reduz a cada ordenha. O período de aleitamento pode ser feito de maneira natural ou artificial. O aleitamento artificial nos proporciona mais vantagens devido ao controle da quantidade de leite a ser fornecido, permite vender o excedente do leite que a vaca está produzindo, e facilita o manejo. Porem requer maior mão-de-obra, maiores cuidados com limpeza e desinfecção dos equipamentos, e que as vacas liberem o leite sem a presença das bezerras (QUADROS, 2000). 2.2.2 Novilhas em Crescimento Segundo Quadros (2000), as novilhas em crescimento podem ser afetadas negativamente por dietas com altos níveis nutricionais. Pois a glândula mamária está em desenvolvimento acelerado até os 12 meses de idade, e o alto nível de nutrientes, como quando GPD (Ganho de Peso Diário) for maior que 800g por dia pode gerar um acúmulo de gordura nesta glândula, reduzindo o espaço para produção de leite. Nesta fase a novilha esta se formando e se preparando para um período de lactação, a nutrição, é de fundamental importância. A quantia de NaCl deve ser praticamente nula. O concentrado deve ter 22% de PB e de 70% a 75% de NDT, deve se fornecer 2 Kg de concentrado por dia (BRITO et al, 2009). 13 2.2.3 Vacas no pré-parto Nesta fase não se deve fornecer alimentos com altos teores de Na (sódio) e K (potássio), esses nutrientes em excesso pode ocasionar edema de úbere. Os ingredientes das vacas neste período de transição devem ser os mesmos das lactantes, para que haja uma adaptação da flora ruminal mas não se deve alimentar em excesso para que não estejam muito gordas na hora do parto. O ideal é o escore 3,5 em que as vacas estão bem nutridas, mas não estão excessivamente gordas (BRITO et al, 2009). Segundo Block (1994), o fornecimento de uma dieta aniônica, é uma particularidade fundamental para as vacas no período de transição. Pois evita doenças como hipocalcemia, retenção de placenta e metrite. 2.2.4 Lactantes Para os animais em produção, devemos levar em consideração vários fatores antes de definir a dieta do rebanho, como a idade média do rebanho, estágio de lactação em que os animais se encontram, escore corporal e produção de leite. O fornecimento em média de PB deve ser de 18% a 22% presente no concentrado que será definido em função da qualidade dos volumosos fornecidos. A quantia de concentrado fornecido é definida em função da produção de leite. Em vacas que produzem até 15 Kg de leite por dia deve se fornecer 1 Kg de concentrado para cada 3 Kg de leite produzidos. Em vacas que possuem uma produção maior que 15 Kg de leite por dia, se fornece 1 Kg de concentrado para cada 2,5 Kg de leite produzido (BRITO et al, 2009). 2.3 Doenças decorrentes do manejo alimentar 2.3.1 Hipocalcemia No passado para se evitar a febre do leite, reduzia-se as quantias de Ca (cálcio) e P (fosforo) na dieta, fazendo com que aumentasse os níveis de PTH (paratohormonio) e vitamina D na circulação sanguínea. Segundo (Goff et al., 1995), este método não se mostra eficiente no controle da hipocalcemia subclínica. Pois no momento do parto há grande quantia de PTH e vitamina D3 no sangue, porém são os mecanismos receptores dessas substâncias que são reduzidos, reduzindo a eficiência desta prática. 14 Teoricamente há duas maneiras em que a dieta aniônica atua para prevenir a hipocalcemia. Segundo Block (1994), uma diferença maior de Cl - e S -2 em relação aos cátions presentes na alimentação, faz com que fiquem ânions sem serem neutralizados, então ira sair uma quantia de HCO3 - do sangue para neutralizar o resto dos ânions no intestino. Isso irá reduzir o pH sanguíneo, fazendo com que o HCO3 - dos ossos se desloque para circulação, deixando o Ca livre, que consequentemente ira para circulação sanguínea. Segundo Gaynor et al (1989), a redução do pH sanguíneo fará com que aumente os níveis de PTH e Vitamina D na circulação, o que vai alterar o funcionamento da glândula paratireoide e mobilizar o Ca para o sangue. Ou seja, para evitar hipocalcemia subclínica ou clínica, se deve fazer uma boa dieta no período pré-parto, a base de ração aniônica. 2.3.2 Micotoxinas São grupos de compostos altamente tóxicos, produzidos por fungos e algumas leveduras, que são organismos aeróbicos (NEWMAN, 2000). O termo micotoxina significa toxina produzida por fungos. Podem ser encontradas em alguns ingredientes da dieta dos bovinos, sendo ingeridas podem ocasionar uma perda de rendimento na produção (LAZZARI, 1997). Os efeitos biológicos das micotoxinas no organismo das vacas, esta diretamente relacionado com o nível de contaminação e o tempo de exposição dos animais (JOUANY, 2001). As principais micotoxinas encontradas nas forragens e grãos, estão associadas com grupos de fungos da espécie Fusarium, Aspergillus, Penicillium e Claviceps (BRUERTON, 2001). E como já comentado, as micotoxinas são produtos secundários de fungos que estão presentes nas plantas. E o primeiro passo para reduzirmos a contaminação animal por micotoxinas, devemos reduzir o nível de contaminação em volumosos e concentrado, e podemos usar uma variedade de produtos nos alimentos para eliminar desde os fungos, e também para adsorver as micotoxinas e reduzir os danos causados por elas (REIS & RODRIGUES, 1998). 2.3.3 Cetose No inicio da lactação os animais tem uma demanda maior de energia porem não ingerem essa quantia pela dieta. Culminando em um Balanço Energético Negativo, ou seja o 15 animal tem que retirar de suas reservas corporais – tecido adiposo – ácidos graxos para converte-los em energia. No entanto há um limite de ácidos graxos que podem ser manipulados pelo organismo. Quando esse limite é atingido, as gorduras deixam de ser queimadas e começam a se acumular no fígado em forma de triglicerídeos, e alguns dos ácidos graxos são convertidos em cetonas (GUARD, 1996). Para tratamento de um quadro de cetose, pode se utilizar qualquer substância que eleve o nível de glicose no organismo do animal, como propilenoglicol, glicerol ou injeções endovenosas de glicose a 50%. Para prevenir este problema se recomenda o fornecimento de bons volumosos, aumentar gradativamente a quantia de concentrado antes do parto, evitando a obesidade na hora do parto, deve se ressaltar que devemos evitar mudanças abruptas na dieta (LUCCI et al., 1997). 2.4 Manejos em pastagens 2.4.1 Recuperação das pastagens Segundo Oliveira (2005), a recuperação de pastagens é uma prática que vai reduzir os gastos do produtor, aumentar o fornecimento de alimento para os animais, e pode aumentar de 2 t de MS por ano, para 10 t, e posteriormente 30 t de MS anualmente, de acordo com a intensidade de adoção do manejo pelo produtor. Está prática como vantagem reduz insumos, pois elimina a necessidade de reforma da pastagem, não exigindo sementes e nem o revolvimento do solo, reduz a severidade da seca, proporciona uma maior produção por área, e se obtém um maior controle na erosão (OLIVEIRA, 2005). 2.5 Balanço Segundo Andriguetto et al. (1983), em experimentos de ingestão de alimentos, as vacas de raças leiteiras tem mostrado uma variação de 1,7 Kg até 3,6 Kg de MS por 100 Kg de PV. Podendo variar de acordo com a qualidade da forrageira a ser fornecida. Fornecendo-se um pasto em fase inicial de crescimento a ingestão chega a3 Kg de MS por 100 Kg de PV, igualmente para feno ou silagem de boa qualidade. Porém se a pastagem é de média qualidade, a ingestão reduz para 2,5 Kg de MS por 100 Kg de PV. A ingestão de MS também está relacionada com a produção dos animais, sendo que uma vaca que produz 25 l de leite ingere em torno de 3,2 Kg de MS/ 100 Kg de PV, aumentando assim proporcionalmente. 16 3.0 APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 3.1 Dados de identificação do local de estágio O estágio foi realizado na Sociedade Porvir Científico, nome fantasia Colégio Agrícola La Salle, na unidade educativa de produção de leite da instituição. Portadora do CNPJ 92.741.990/0014-51. Localizada na cidade de Xanxerê, Rodovia SC 480, Km 85, Linha Santa Terezinha, Caixa Postal 16. Nas proximidades do limite entre as cidades de Xanxerê e Bom Jesus. 3.2 caracterização do local de estágio A rede La Salle conta com várias escolas, hospitais e universidades distribuídas no Brasil inteiro e no exterior, porém no Brasil inteiro a única instituição da rede La Salle, que fornece curso Técnico de Agropecuária é a Sociedade Porvir Científico. A instituição conta com profissionais de ensino em salas de aula, e profissionais orientadores e supervisores em horários dedicados à por em prática, o conteúdo aprendido em sala de aula. O setor de bovinocultura leiteira desta instituição, conta com 36 vacas lactantes durante o período de estágio, sendo 25 animais da raça Holandesa e 11 da raça Jersey, 7 animais no período pré-parto, 10 bezerros na fase de cria, sendo esses 8 machos e 2 fêmeas, e 12 animais na fase de recria. A média de produção dos animais durante o estágio ficou entre 24 e 26 litros de leite por vaca. E áreas de pastagens com as forrageiras tifton 85 e quicuio. Possui 5 silos para armazenamento de forragens, sendo que três destes possuíam forragem armazenda, em um com silagem de milho e dois com silagem de sorgo. 17 4 DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO O estágio teve duração do dia 1 de setembro a 27 de novembro, com duração de 3 meses, com uma carga horária semanal de 12 horas. Realizando 200 horas durante todo o período de estágio. As principais atividades realizadas foram o manejo do gado leiteiro, e o acompanhamento de possíveis problemas que podem afetar o rebanho, trabalhando para ampliar e por em prática conhecimentos nesta área. 4.1 Fornecimento de Volumosos 4.1.1 Pastagem A pastagem utilizada é o tifiton 85, apresentou um teor de MS de 30,20%, há resquícios de azevém perene no meio das áreas de pastagens. Também era utilizada a forrageira quicuio esta apresentou um teor de MS de 15,09%. Ambas as forrageiras apresentaram um rendimento em MV.ha -1 respectivamente de 710,28 Kg.ha -1 e 1823,17 Kg.ha -1 . Convertendo para MS temos respectivamente 214,50 Kg.ha -1 e 275,11 Kg.ha -1 . Ou seja, os animais precisam ingerir uma quantia menor de tifton 85 do que de quicuio para suprir suas necessidades em MS. 4.1.2 Silagem Era fornecida silagem durante os períodos da madrugada, manha e tarde. Sendo respectivamente após a ordenha, após um período de pastejo e após a segunda ordenha do dia realizada à tarde. A quantia de silagem fornecida era de 5,4 Kg em cada trato, sendo fornecida três vezes ao dia totalizando 16,2 Kg de silagem por dia. A silagem apresentou um teor de MS de 30,83%. Ou seja, era fornecido 5 Kg de MS por dia aos animais através da silagem. 4.1.3 Feno O fornecimento de feno era a vontade. De maneira a suprir todas as exigências de matéria seca. Tendo o cuidado de se moer o feno, reduzindo seu tamanho para que aumente a superfície de contato entre o alimento e as paredes de absorção no intestino, de maneira com que a vaca gaste menos energia com a quebra das fibras. 18 4.1.4 Balanço Considerando-se um animal da raça holandesa, com peso de 700 Kg, e a média de produção de 25,5 Kg, tem uma exigência de 21 Kg de MS. Pois a cada 100 Kg de PV, possui uma exigência de 3 Kg de MS. E uma vaca da raça Jersey com 450 Kg tem uma exigência de 13,5 Kg de MS. A quantia de MS ingerida por animal pode ser calculada levando em consideração a MS dos componentes da dieta. Através da silagem era fornecido 5 Kg de MS/dia, Ou seja ainda faltam 16 Kg de MS que serão fornecidos através da pastagem, concentrado e feno para uma vaca holandesa. E 8,5 Kg de MS através da pastagem, concentrado e forragem para os animais da raça Jersey. 4.2 Fornecimento de concentrado Para mensurar o fornecimento de concentrado era utilizado um recipiente que comporta uma quantia de 2 Kg de concentrado em seu volume total. Porém há vacas de diferentes produção no rebanho, e a cada patamar de produção atingido individualmente por vaca, a quantia de concentrado a ser fornecido é alterada. Para a determinação da quantia de concentrado fornecido por animal era feito a média de produção de leite de cada vaca individualmente. A partir dessa média se determina-se a quantia de concentrado que a vaca ira receber, proporcionalmente a sua produção. Para diferenciar as vacas que tem uma maior produção do resto do rebanho, utiliza-se cordas de diferentes cores em seus pescoços. As de cores verdes receberiam uma maior quantia de concentrado que as de cor vermelha e de cor azul. 4.3 Manejo em Pastagens 4.3.1 Determinação da MS A determinação de matéria seca foi realizado em três amostras de alimentos fornecidos aos animais. Sendo elas uma amostra de Tifton 85, outra de Quicuio e uma terceira da silagem. O método utilizado foi o de secagem em forno micro-ondas domestico. Foram feitas duas sub-amostras de 20 gramas de cada pastagem, totalizando 6 sub-amostras. As potencias do micro-ondas utilizadas para a secagem da massa verde foram de 3 minutos na potência 200 watts, 6 minutos a 600 watts, e 5 minutos a 300 watts. Esses valores são os possíveis mais 19 próximos dos valores de 20%, 100% e 50% respectivamente da potência de um micro-ondas domestico. A formula utilizada para determinação da matéria seca é: MS(%) = [(Peso C – Peso A) / (Peso B – Peso A)] x 100 MS: Matéria Seca Peso A: Peso do béquer Peso B: Peso do béquer com amostra de forragem verde Peso C: Peso do béquer com amostra de forragem seca 4.3.2 Recuperação da Pastagem Para uma melhor qualidade da pastagem, era realizado o pastejo e logo após a retirada dos animais era roçado a pastagem. Retirando todo o resto de pastejo, induzindo uma nova rebrota, com forragens mais recentes com um teor de fibra menor e uma maior palatabilidade. Após a roçar a pastagem era aplicado 50 Kg de Sulfamon por piquete, fertilizante de fórmula 29-00-00. Ou seja era fornecido uma dose de 14,5 Kg de nitrogênio por piquete após cada pastejo. Esse manejo foi realizado somente nos piquetes de recria de novilhas, com a forrageira quicuio. E apresentou um bom resultado visível na pastagem. Também foi realizado o controle de plantas invasoras, consideradas tóxicas e não tóxicas para os animais. Pois ambas trazem prejuízos. As tóxicas causam problemas nos animais diminuindo a produção e rendimento. As não tóxicas estão ocupando um local que poderia ser utilizado pela planta forrageira, possibilitando uma maior produção por unidade de área. 4.4 Problemas que afetam a eficiência Produtiva 4.4.1 Cetose Ocorreu dois casos clínicos durante o período de estágio. Os animais identificados por número 140 e 58 foram afetados por esta doença. É uma doença fisiológica, não existe agente causador. Ocorreu devido ao manejo alimentar, todas as vacas no períodode transição recebiam a mesma dieta. Obviamente esses dois animais tinham particularidades em suas 20 exigências nutricionais, ou não se alimentaram adequadamente após o parto. Entrando em balanço energético negativo, oque ocasionou um quadro de cetose. Observou-se que os animais reduziram a quantia de alimento ingerida, até paralisar a ingestão. Os animais ficaram debilitados e com cheiro característico de cetona na frente da cavidade nasal e bucal. Em ambos os casos foi medicado com glicose de forma endovenosa. Aumentou a quantia de energia no metabolismo do animal, alterando seu balanço energético que saiu do balanço energético negativo, e consequentemente controlou o quadro de cetose. 4.4.2 Hipocalcemia Foi diagnosticado um caso de hipocalcemia no ultimo terço do estágio. O animal identificado por numero 463, entrou em trabalho de parto dia 31/10/2015, houve parto distócito devido ao tamanho do bezerro e por a vaca não estar conseguindo expelir a cria. O bezerro nasceu morto, e a vaca apresentou-se debilitada e não conseguia levantar após o trabalho de parto. Um quadro característico de hipocalcemia, pois o animal apresentava-se fraco com tremores musculares, e com dificuldade para realizar contrações musculares, devido a falta de cálcio no sangue e consequentemente nos músculos. Foi medicado com 1,9 litros de cálcio, 2 litros de glicose, em uma solução de 2 litros de soro com antitóxico. Os medicamentos foram administrados via endovenosa. Ainda foi aplicado dextametazona, um antinflamatório via intramuscular para tratar o edema que o animal apresentava, e 20 ml de antitóxico, para evitar intoxicação por sobrecarga de medicamentos. O tratamento foi dividido em cinco momentos, e somente após dois desses momentos o animal urinou, demonstrando que seus rins ainda estavam em funcionamento 21 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção de forragem melhora visivelmente quando realizado um bom manejo após o pastejo, efetuando roçada e adubação nitrogenada. Entre as pastagens utilizadas para lactantes, tifton 85 e quicuio, a tifton 85 apresenta um maior teor d MS/m 2 , porém um menor teor de MS.ha -1 . Ou seja as vacas podem aumentar a ingestão de MS se pastejando tifton, devido a sua maior concentração em MS do que Quicuio. Para a escolha da pastagem devemos considerar a quantia de animais que temos na propriedade, e se a pastagem irá suprir as exigências dos animais. De maneira a evitar um sobre pastejo. Para obter um melhor resultado na atividade leiteira a dieta deve ser bem balanceada. Obtendo um equilíbrio entre os diversos componentes, que são volumosos concentrados e minerais. Os volumosos são a fonte mais barata de suprir as exigências da vaca, o concentrado deve complementar a dieta com os volumosos, e os minerais devem suplementar a dieta, fornecendo os componentes que o metabolismo não pode sintetizar, como exemplo as vitaminas A, D e E. O manejo da dieta é de fundamental importância, pois através dela podemos evitar doenças, e tratar outras. Como exemplo, um bom manejo no período de transição evita hipocalcemia. E dieta bem balanceada pode curar por si só um quadro de cetose. A dieta mais complicada de se balancear é a fornecida no período de transição, compeendido entre os 21 dias antes e 21 dias depois do parto. Onde haverá uma mudança brusca na alimentação do animal. O principal fator a se observar nos alimentos é a higiene, cochos para alimentação, bebedouros e local para armazenamento dos alimentos a serem fornecidos devem sempre estar limpos. Pois assim podemos obter melhores resultados e evitar muitos problemas e doenças. 22 6 REFERÊNCIAS ANDRIGUETTO, J.M.; PERLY, L.; MINARDI, I.; FLEMMING, J. S.; ALAOR, G.; SOUZA, G. A.; FILHO, A. B. Nutrição animal: as bases e os fundamentos da nutrição animal – Os alimentos. vol. 2, São Paulo – SP, 1983. BLOCK, E. Manipulation of daitery cation-anion difference on nutritionally related roduction diseases, productivity, and metabolic responses of dairy cows. Em Simpósio internacional de produção de ruminantes, Maringá 1994. BRITO, A. S.; NOBRE, F. V.; FONSECA, J. R. R. 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