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1" Profº SERGIO REIS FERRADOZA " TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 2" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Módulo 1 3" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza TEORIA GERAL DO PROCESSO E A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS QUE É A TEORIA GERAL DO PROCESSO? ! Segundo José Albuquerque da Rocha (2008, p. 18), TGP é: O conjunto de conceitos sistematizados que serve aos juristas como instrumento para conhecer os diferentes ramos do direito processual. ! O direito processual pode ser definido como o ramo da ciência jurídica que estuda e regulamenta o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional. 4" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 5" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza SOCIEDADE E TUTELA JURÍDICA Sociedade e Direito ! No início da civilização, o que se tinha como pré-direito era a lei do mais forte, onde, como o próprio nome diz, aquele que se superasse em relação aos demais tinha as melhores oportunidades, mulheres, bens etc. ! Atualmente, estágio dos conhecimentos científicos sobre o direito, predomina o entendimento de que não há sociedade sem direito. (CINTRA, 2014, p.37) ! Relação entre direito e sociedade, porque o homem sentiu a necessidade de se organizar para viver. 6" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Ubi societas ubi jus (não há sociedade sem o direito) ! Depois de instituído, o direito se tornou a mais importante e eficaz forma de controle social. ! Cintra (2014, p. 37) exemplifica que o direito somente não seria aplicável numa imaginária hipótese de um hermitão vivendo em local deserto, sem convívio com ninguém e sem a subordinação a um Estado soberano, como no caso do legendário Robinson Crusoé, antes da chegada do índio Sexta-Feira à sua ilha isolada do mundo. 7" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! A fim de ensejar a máxima realização dos valores humanos com um mínimo de desgaste e sacrifício, utilizamos o critério do justo e do equitativo conforme os valores prevalentes em determinado lugar e momento. (CINTRA, 2014, p. 37) ! Sociológicamente o direito é apresentado como um dos instrumentos, tido como o mais eficaz, para o chamado controle social. (CINTRA, 2014, p. 37) 8" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza CONFLITOS E INSATISFAÇÕES ! Os conflitos e insatisfações são fatores anti-sociais, porque são esses fatores que causam problemas entre os homens e surgem no momento que uma pessoa, querendo um bem para si, seja bem material ou qualquer direito, não consegue obtê-lo, seja por, conforme Cintra (2014, p. 37): a) Aquele que poderia satisfazer sua pretensão, não satisfaz (ex: alguém não entrega um bem que o outro quer); 9" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza b) Quando o próprio direito proíbe a satisfação voluntária dessa satisfação (ex: quando a pessoa pretende algo defeso pelo Direito – um casamento somente pode ser desfeito por sentença e não ato consensual das partes). ! Cintra (2014, p. 38) aduz que a insatisfação das pessoas é sempre um fator antissocial, independentemente de a pessoa ter ou não ter direito ao bem pretendido. ! CRIAM-SE OS CONFLITOS. 10" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza A pretensão pode ser proposta tanto por quem tem, como por quem não tem direito e, portanto, pode ser fundada ou infundada. (Alvim, 2002, p.9) 11" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza INTERESSE"de" UMA"pessoa" for incompatível CONFLITO DE INTERESSES INTERESSE" OUTRA"pessoa" FORMAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS OU FORMAS DE COMPOSIÇÃO DA LIDE ! LIDE que é um CONFLITO DE INTERESSES qualificado por uma PRETENSÃO. ! Divide-se as formas de solução da lide em: a) Autotutela; b) Autocomposição; c) Jurisdição. 12" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza LIDE" CONFLITO DE INTERESSES qualificado por uma PRETENSÃO CONTESTADA a) AUTOTUTELA ou AUTODEFESA: Ou justiça de mão própria. ! Forma de resolução de conflitos primitiva, quando ainda não existia, acima dos indivíduos, uma autoridade capaz de decidir e impor decisões aos contendores, sobrava o emprego da força material ou força bruta contra o adversário, para vencer sua resistência. (Alvin, 2002, p.13) ! Nos primórdios da humanidade, aquele que pretendesse determinado bem da vida, e encontrava obstáculos, os removia por seus próprios meios. Imperava a lei do mais forte, em que o conflito era resolvido pelos próprios indivíduos. (Alvin, 2002, p.13) 13" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! As contendas são satisfeitas diretamente, sem intervenção de um terceiro estranho à causa. ! O direito penal não contempla esta forma de composição da lide, conforma art. 345 do CP (Exercício arbitrário das próprias razões) Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de 15 dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 14" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Características da AUTOTUTELA: 1. Falta de um juiz imparcial na tomada das decisões; 2. Imposição da vontade de uma parte sobre a outra. 15" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Exceções a AUTOTUTELA: ! Desforço imediato: art. 1.210 do CC (legítima defesa da posse). ! Legítima defesa: art. 25 do CP (quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. ! Homologação do penhor legal: art. 874 ao 876 CPC. Apreensão por parte dos hospedeiros, donos de prédios rústicos ou urbanos, de bens do devedor, que se encontravam no interior do espaço físico a ele destinado, para garantir o pagamento da hospedagem ou do aluguel, quando o consumidor se negar a efetuar o pagamento. 16" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Estado de necessidade: art. 24 do CP ! Prisão em flagrante: (art. 302 do CPP) ! Direito de retenção: Faculdade legal conferida ao credor de conservar em seu poder a coisa que possui de boa-fé, pertencente ao devedor, ou de recusar-se a restituí-la até que seja satisfeita a obrigação. • Se o possuidor realizar benfeitorias na coisa, deve ser indenizado pelo proprietário da coisa, devido a valoração que a coisa sofreu pelos melhoramentos. • Se o proprietário não indenizar, o possuidor poderá exercer o direito de retenção, ou seja, terá o direito de reter (conservar, manter) a coisa em seu poder em garantia dessa indenização (desse crédito) contra o proprietário. 17" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza b) AUTOCOMPOSIÇÃO: supera a autotutela e escolhe um terceiro – imparcial - para resolver a lide. ! São 3 formas de autocomposição (Alvin, 2002, p. 15): - Renúncia (ou desistência); - Submissão (ou reconhecimento); - Transação (concessões recíprocas). ! Alvin (2002, p. 15) salienta que a autocomposição aparece como uma expressão altruista (aquele que se dedica aos outros, solidário). ! O motivo, segundo Alvin, é que a autocomposição traduz atitudes de renúncia ou reconhecimento em favor do adversário. 18" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza c) JURISDIÇÃO: o Estado substitui os titulares dos interesses do conflito para, imparcialmente, buscar um meio de pacificação. ! Cintra (2014, p. 42) chama de função estatal pacificadora. 19" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 20" Acesso à justiça pela mediação ou arbitragem ACESSO A JUSTIÇA PELA MEDIAÇÃO OU ARBITRAGEM ! A sociedade, em sua evolução, percebeu que a melhor forma para composição de conflitos é confiar a decisão da solução a uma terceira pessoa de confiança de ambos os litigantes. ! Inicialmente as pessoas confiadas em sacerdotes ou anciãos que conheciam os costumes locais do grupo social onde os interessados viviam. ! À medida que o Estado foi tomando as rédias do poder de julgamento as partes passaram a submeter seus problemas a pessoa do PRETOR, que era encarregado de resolver o problemas posto a sua frente em nome do Estado. 21" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Portanto, na época do direito romano o processo de resolução dos problemas da sociedade seguia 2 caminhos alternativos: 1. perante o magistrado ou pretor ou; 2. perante o árbitro ou judex. ! Nesse período passava a fase da arbitragem facultativa para a fase da arbitragem obrigatória. ! Para evitar julgamentos arbitrários surge a Lei das XII Tábuas, um marco do direito. ! Junto com a Lei das XII Tábuas surge o legislador. 22" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Com a Lei das XII Tábuas e da transferência do poder de decidir os conflitos ao Estado (pretor) encerra-se o período de transição entre a JUSTICA PRIVADA para a JUSTICA PÚBLICA, surge a JURISDIÇÃO. ! Depois disso a resolução dos conflitos passa a ser exclusivamente competência do Estado, cabendo as partes somente provocar o Estado-Juiz para a resolução do seu problema. ! Por conseguinte, surge o PROCESSO. 23" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 24" Conciliação CONCILIACÃO ! Durante o surgimento do processo descobriu-se que esse sistema é extremamente formal, oneroso, demorado e, muitas vezes inacessível para certa faixa da população. ! Desta feita, as partes começam a utilizar as formas de conciliação e arbitramento para dirimir seus problemas. ! É uma das formas mais eficientes de solução dos problemas. ! Por meio da conciliação as partes entram em acordo sobre seus problemas pondo fim as suas angústias. ! É o meio mais eficiente e muitas leis adotam de forma obrigatória a tentativa de conciliação nos processos. 25" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza DIFERENÇA ENTRE MEDIAÇÃO OU ARBITRAGEM E CONCILIAÇÃO ! Na MEDIACÃO OU ARBITRAMENTO os interessados utilizam um terceiro, particular, idôneo, para que este dê a solução às partes. ! Na mediação, há uma decisão na mediação enquanto na conciliação não há. 26" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 27" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Funções do estado na atuação do processo FUNÇÃO SOCIAL ! Pacificação entre todos, por intermédio do resultado do exercício da jurisdição perante a sociedade. FUNÇÃO POLÍTICA ! Preservando a liberdado. ! Ofertar meios para que se participe nos destinos da nação e do Estado. ! Preservação do ordenamento jurídico. 28" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza FUNÇÃO JURÍDICA ! Quando o processo assegura a função direito em sua plenitude. 29" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 30" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza O PROCESSO E O DIREITO PROCESSUAL ! Através da função legislativa, o Estado estabelece a ordem jurídica e fixa normas preventivas e hipotéticas que deverão incidir sobre as situações ou relações que possam vir a ocorrer no convício social dos homens. ! Resulta que o ordenamento jurídico atribui aos cidadãos “seus direitos”, prefixando as pretensões que cada um pode ostentar diante de outros. ! Da mesma forma, o ordenamento jurídico estabelece deveres dos vários integrantes dos vários integrantes do grupamentos social juridicamente organizado. ! GERALMENTE TAIS COMANDOS SÃO ACEITOS. ! Como nem sempre isso acontece, visto alguns membros da sociedade INSISTIREM em desobedecer comandos da ordem jurídica. 31" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Cabe ao Estado a adoção de medidas de coação para que não venha seu ordenamento transformar-se em letra morta e desacreditada. (THEODORO JR. 2003, p. 41) ! Estas medidas são realizadas POR INTERMÉDIO DE UM PROCESSO que recebe o nome de civil, penal, trabalhista, administrativo, eleitoral etc. ! Conforme o ramo que instaurou o conflito de interesses. ! O PROCESSO surge a partir do momento em que o Estado passa a ter poder sobre os particulares na resolução de seus problemas. ! É por meio dele que o Estado, na pessoa do juiz, toma as decisões para resolver os conflitos postos a julgamento. 32" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Para a solucionar os conflitos postos a julgamento, O MAGISTRADO SEGUE PARÂMETROS para solucionar os casos de forma mais justa, imparcial e equânime possível. ! ESSES PARÂMETROS É A LEGISLAÇÃO, contendo regras de direito abstrato sobre o lícito e ilícito, permitido e proibido, SÃO AS NORMAS. ! O ato de aplicar essas normas chama-se JURISDIÇÃO. ! PELA JURISDIÇÃO, o juiz utiliza na prática as normas da legislação para impor o dever-ser ditado pelo Estado. 33" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Ou seja, ! Quando os litigantes não conseguem mais encontrar uma solução, o ESTADO SUBSTITUI A ATIVIDADE DOS LITIGANTES e no lugar deles, PASSA A DIZER O DIREITO. ! A esta substituição, chamamos de SUBSTITUTIVIDADE. ! É uma das características da jurisdição. ! Em sentido genérico é o poder do Estado de fazer justiça – de dizer o direito (jus dicere). ! Estado, é a única entidade dotada de poder soberano, é o titular exclusivo de punir (para alguns, PODER-DEVER de punir) (Capez, p. 45) 34" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Tecnicamente, é uma função do Estado, exercida através do juiz, dentro de um processo, visando solucionar um litígio entre as partes. ! É o duplo o papel assumido pelo Estado: � Realizar o direito objetivo: quando a lei, que incidiu num caso, não foi aplicada, aplicá-la, para que incidência e aplicação � Dirimir as contendas: que perturbariam a ordem social e levariam para o campo da força bruta a solução das divergências. 35" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 36" Direito material e processual ! Para instruir o processo, existem 2 tipos de direito, o direito processual e o direito material: ! O DIREITO PROCESSUAL pelo qual nos dá as diretrizes, os caminhos de trabalho dentro do processo e o procedimento a ser adotado. ! Ex.: o CPC dita normas para desenvolvimento do processo civil. ! Pelo processo o Estado impõe suas normas e mandamentos utilizando assim do seu instrumento de atuação para que possa fazer valer as leis. 37" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Direito processual: visa REGULAMENTAR uma função pública estatal" ! Pelo ponto de vista de sua função jurídica, o direito processual é um instrumento ao direito material: todos os seus institutos básicos (jurisdição, ação, exceção, processo. Tudo pela necessidade de garantir a autoridade do ordenamento jurídico. (CINTRA, 2014, p. 59) ! Capez (2013, p. 58) assenta: “o processo é o meio pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o direito ao caso concreto e dirimindo os conflitos de interesse.” 38" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Pelo DIREITO MATERIAL é o direito a ser aplicado ao caso concreto. ! Através do direito material é que buscamos os fundamentos que utilizaremos dentro do processo para ganhar uma ação, ex. O Código Civil. O Código Penal etc. ! Pelo direito material usamos a lei para ter o direito e pelo direito processual usamos a lei para fazer valer a lei material. 39" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Direito material: cuida de ESTABELECER NORMAS que regulam relações jurídicas entre pessoas. 40" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Enquanto"direito'material'descreve'o'que'se'tem'direito," o"formal'descreve'como'obter'este'direito" . 41" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza DENOMINAÇÃO, POSIÇÃO ENCICLOPÉDICA E DIVISÃO DO DIREITO PROCESSUAL ! O direito processual está incluído dentro do ramo do direito público, uma vez que quem governa a atividade jurisdicional é o Estado. ! Sua base está ligada ao Direito Constitucional que estabelece as bases do direito processual ao instituir o Poder Judiciário, criar Órgãos que o compõem, assegurar as garantias da Magistraturra e fixar os princípios de ordem política e ética que consubstanciam o acesso à justiça (acesso à ordem jurídica e justa) e a garantia do devido processo legal (due process of law) (CINTRA, 2014, p. 66) Ex: não pode haver norma processual que contrarie a Constituição Federal. 42" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! A CF garante O ACESSO A JUSTIÇA, a todos, conforme art. 5º, XXXV: A lei não excluirá da apreciação do Poder judiciário lesão ou ameaça a direito. ! A CF prevê a garantia do devido processo legal, da igualdade processual, publicidade, motivação das decisões judiciais, proibição das provas obtidas por meio ilícito, inviolabilidade de domicilio, sigilo das comunicações em geral e de dados, presunção de não culpabilidade ou da inocência, etc. ! O DIREITO PROCESSUAL, CIVIL, PENAL ETC, APESAR DE UTILIZAÇÃO, O DIREITO MATERIAL, É AUTÔNOMO. 43" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 44" Divisão do direito processual ! O direito processual se divide em: Processual civil e; Penal ! Vejamos a Constituição Federal em seu artigo 22, I (competência legislativa da União) e; 24, XI (competência concorrente dos Estados) Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 45" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: XI - procedimentos em matéria processual; ! Cintra (2014, p. 67) assenta que a própria Constituição Federal, discriminando competência legislativa da União e dos Estados (concorrente), refere-se ao direito processual unitariamente considerado, de modo a abranger o direito processual civil e o direito processual penal. ! Os demais tipos de direitos processuais existentes, trabalhista, tributário, são decorrência do civil. 46" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza PROCESSO PENAL: ! É aquele que apresenta em um de seus polos contrastantes, uma pretensão punitiva do Estado. (CINTRA, 2014, p. 68) PROCESSO CIVIL: ! É o que não é penal e por meio do qual se resolve conflitos regulados não só pelo direito privado, como também pelo direito constitucional, administrativo, tributário, trabalhista etc. (todos ramos do direito não penal). (CINTRA, 2014, p. 68) 47" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 48" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL ! São fundamentos que orientam e regulam as relações entre as pessoas. ! São preceitos fundamentais que dão forma e caráter aos sistemas processuais. (CINTRA, 2014, p. 69) ! De acordo com a CF os princípios gerais são: 49" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL ! A expressão devido processo legal é oriundo do direito anglo-saxão “due process of law”. ! Foi originado na Carta Magna de João Sem Terra em 1215, e representava uma garantia contra os abusos da coroa inglesa. ! É considerado o princípio fundamental de todos os princípios, tendo em vista que dele derivam todos os demais princípios. ! Princípio constitucional que assegura a todos o direito a um processo justo e com todas as regras previstas em lei, bem como todas as garantias constitucionais. 50" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Art. 5º. [...] LIV. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 51" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza PRINCIPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ OU DO JUIZ NATURAL ! Todo processo deve ser conduzido por magistrado imparcial. ! Por este pricípio, veda-se que o legislador crie leis com poder de julgamento e impede a criação de tribunais de exceção (ex.: criar um tribunal para julgamento de um certo criminoso) ! Esta imparcialidade do Judiciário é a segurança do povo contra o arbítrio estatal CF, art. 5º. [...] XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 52" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! É garantia indispensáveis, podendo se afirmar que a instituição de um tribunal de exceção implica uma ferida mortal ao Estado de Direito. ! Juiz natural é somente aquele integrado no Poder Judiciário, com todas as garantias institucionais e pessoais previstas na CF. ! Cintra (2014, p. 71) assenta que a imparcialidade é uma garantia de justiça para as partes, e o Estado que assumiu a responsabilidade da função jurisdicional, tem dever de agir com imparcialidade. 53" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 54' PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ! É um princípio processual constitucional, que visa tornar transparente os atos processuais praticados pelo juiz durante a persecução civil ou penal. CF, art. 93. [...] IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e seus advogado, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; ! Há exceção quando for relevante o motivo ou quando tratar-se de questões de família. (segredo de justiça) TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 55' CF, art. 5º. [...] LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse processual exigirem; ! A presença do público nas audiências e a possibilidade do exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores públicos e advogados. (CINTRA, 2014, p. 88). ! Continua o mesmo autor: “o povo é o juiz do dos juízes.“ TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 56' PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA ! O processo considera sob o prisma da igualdade ambas as partes do processo; ! O contraditório consiste na necessidade de ouvir a outra pessoa perante a qual será proferida a decisão, garantindo-lhe o pleno direito de defesa e de pronunciamento durante todo o curso do processo. ! É um princípio absoluto e sua inobservância anula o processo. CF, art. 5º. [...] LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 57' CPC, art. 398: Sempre que uma das partes requerer a juntada de documentos aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra, no prazo de 5 dias. ! O princípio do contraditório reclama, outrossim, que se dê oportunidade à parte não só de falar sobre as alegações do outro litigante, como também de fazer a prova contrária. ( THEODORO JÚNIOR, 2003, p. 24) TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 58' PRINCÍPIO DA ISONOMIA ! O princípio da igualdade domina todo o processo civil e, por força da isonomia constitucional de todos perante a lei, impõe que ambas as partes da lide possam desfrutar, na relação processual, de iguais faculdades e devam se sujeitar a iguais ônus e deveres. CPC, art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: I – assegurar às partes igualdade de tratamento; CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 59' PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO ! Todo ato do juiz que possa prejudicar um direito ou um interesse da parte deve ser recorrível, como meio de evitar ou emendar erros e falhas inerentes aos julgamentos humanos. Jurisdição inferior – 1º grau ! Juízes da causa (competência originária). ! Na Justiça Estadual são os juízes de direito das Comarcas distribuídas por todo o Estado e Capital. ! Na Justiça Federal, os juízes federais monocráticos. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 60' Jurisdição superior – 2º grau ! São os juízes dos recursos. ! Tribunais Superiores. Ex. TJ, TRFs, TRTs, TREs, STJ, TST, TSE, STF, etc. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 61' PRINCÍPIO DA BOA-FÉ E DA LEALDADE PROCESSUAL ! Leis processuais se assentam em procedimentos em que vigoram a boa fé e a lealdade das partes e do juiz. CF, art. 5º [...] LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; CPC, art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação e a defesa. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 62' ! A lei não tolera a má fé, e orienta o magistrado para atuar de ofício contra a fraude processual: Art. 16 do CPC. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente. Art. 18 do CPC. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 63' Art. 129 do CPC. Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das partes. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 64' PRINCÍPIO DA AÇÃO OU DA DEMANDA ! A jurisdição é inerte e, para a sua movimentação, exige a provocação do interessado. ! É a isto que se denomina princípio da ação: nemo iudex sine actore. ! A tutela jurisdicional somente se dá mediante a provocação do interessado. Art. 2º. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas legais. Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 65' Exceção ao princípio da ação pela qual o órgão judicial pode dar início a ação. Pode agir o juiz de ofício: ! Inventário: art. 989 do CPC; Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal. ! Habeas Corpus: § 2º do art. 654 do CPP: Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 66' ! Arrecadação de bens do ausente; art. 1.142 do CPC: Nos casos em que a lei civil considere jacente a herança, o juiz, em cuja comarca tiver domicílio o falecido, procederá sem perda de tempo à arrecadação de todos os seus bens. " O juiz só ordenará de ofício medidas cautelares, se houver um processo judicial em curso, quando nele atuará incidentalmente diante da iminência do dano. ! Execução penal e trabalhista; TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 67' RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO, CELERIDADE PROCESSUAL E ECONOMIA ! Processo civil deve inspirar-se no ideal de propiciar às partes uma Justiça barata e rápida, do que se extrai a regra de que deve tratar-se o maior resultado com mínimo de emprego de atividade processual. Art. 5º. [...] LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. ! A lei não tolera a má fé e confere ao juiz agir de ofício para indeferir as diligências inúteis ou meramente protelatórias (art. 130, CPC) TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 68' Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 69' PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES ! Sobre a importância da fundamentação do processo em bases legais e sociais. ! A fundamentação da sentença é sem dúvida uma grande garantia da justiça quando consegue reproduzir exatamente, como num levantamento topográfico, o itinerário lógico que o juiz percorreu para chegar à sua conclusão, pois se esta é errada, pode facilmente encontrar-se, através dos fundamentos, em que altura do caminho o magistrado se desorientou ou foi induzido a um erro. CF, art. 93. [...] IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade [...] TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 70' CPC, art. 458 São requisitos essenciais da sentença: II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; A exigência de motivação dos atos jurisdicionais constitui, hoje, postulado constitucional inafastável, que traduz, em sua concepção básica, poderoso fator de limitação do próprio poder estatal, além de constituir instrumento essencial de respeito e proteção às liberdades públicas. Atos jurisdicionais, que descumpram a obrigação constitucional de adequada motivação decisória, são atos estatais nulos.(Min. Celso de Mello, do STF, como relator do HC 68.530/SP) TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 71' PRINCÍPIO DA INDECLINABILIDADE OU NON LIQUET ! O juiz não pode se abster de julgar. (CF, art. 5, XXXV): A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; CPC, Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 72' (LIDB) Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. JUSTA RECUSA DO JUIZ EM PROCESSAR E JULGAR A CAUSA/ DEVER EM DECLINAR: Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes de todos os tribunais. O juiz que violar o dever de abstenção, ou não se declarar suspeito, poderá ser escusado por qualquer das partes (art. 304). Art. 304. É lícito a qualquer das partes arguir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135). TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 73" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza NORMA PROCESSUAL: OBJETO E NATUREZA ! A s n o r m a s s e d i s t i g u e m e m M AT E R I A I S E INSTRUMENTAIS (CINTRA, 2014, 110): NORMAS JURÍDICAS MATERIAIS (OU SUBSTANCIAIS) ! Disciplinam imediatamente a cooperação entre pessoas e os conflitos de interesses ocorrentes na sociedade, escolhendo qual dos interesses conflitantes, em que medida, deve prevalecer e qual deve ser sacrificado. (CINTRA, 2014, 110) 74" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza NORMAS INSTRUMENTAIS ! Indiretamente contribuem para a resolução dos conflitos interindividuais, disciplinando a atuação e criação das regras jurídicas gerais ou individuais. (CINTRA, 2014, 110) OBJETO DA NORMA PROCESSUAL ! É a disciplina de modo processual de resolver conflitos e controvérsias mediante a atribuição ao juiz dos poderes necessários para resolver os conflitos. ! Ela visa disciplinar o poder jurisdicional, a regular as atividades das partes litigantes e visa reger a imposição do comando concreto formulado através daquelas atividades das partes e do juiz. (CINTRA, 2014, 110) 75" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Cintra (2014, p. 111), apresenta 3 classe de normas processuais: 1. NORMAS DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA: tratam da criação e estrutura dos órgãos judiciários e seus auxiliares; 2. NORMAS PROCESSUAIS EM SENTIDO RESTRITO: que cuidam do processo como tal, atribuindo poderes e deveres processuais; 3. NORMAS PROCEDIMENTAIS: dizem respeito apenas ao modus procedendi, inclusive a estrutura e coordenação dos atos processuais que compõem o processo. 76" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 77" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza FONTES DA NORMA PROCESSUAL “Fontes do direito são modos pelos quais o Direito se mani festa; maneiras pelas quais surge a norma jurídica;” (Celso D. de A. Mello) ! Celso de Mello apresenta uma forma figurativa para distinguir as fontes materiais das fontes formais. ! Observam eles que, se seguirmos um curso de água, encontraremos a sua nascente, que é a sua fonte, isto é, o local onde surge a água. Esta é a fonte formal. ! Todavia, existem diversos outros fatores (ex. composição do solo, pluviosidade etc.) que fizeram com que a água surgisse naquela região. ! Estes elementos que provocam o aparecimento das fontes formais são denominados de fontes materiais’ (Celso D. de Albuquerque Mello, 2004, p. 203.) 78" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza FONTES FORMAIS DO DIREITO (CINTRA, 2014, p. 114) ! A lei, os usos-e-costumes, o negócio jurídico. ! Na jurisprudência, há divergência no tocante a ser fonte formal. ! Para alguns autores, os juízes devem apenas julgar conforme o direito posto, dele não podendo se afastar; ! Para outros, os próprios juízes e tribunais, através de suas decisões, dão expressão as normas jurídicas até então não declaradas por qualquer das outras fontes. Exemplo disso são as súmulas vinculantes. ! O Brasil, adota a jurisprudência como fonte. 79" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza FONTES ABSTRATAS DA NORMA PROCESSUAL (CINTRA, 2014, p. 115) ! São as mesmas do direito geral: • A lei, os usos-e-costumes e o negócio jurídico, e para alguns a jurisprudência. (2014, p. 115) ! A Constituição Federal, as Constituições Estaduais, as Leis Delegadas e as Leis Complementares. ! Os Tratados juntamente com as Convenções também fazem parte das fontes legislativas da norma processual. 80" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza FONTES CONCRETAS DA NORMA PROCESSUAL (CINTRA, 2014, p. 115) ! São aquelas através das quais as fontes legislativas já examinadas em abstrato efetivamente atuam no Brasil. ! Elas se desdobram em: Fontes constitucionais; Fontes da legislação complementar à Constituição e; Fontes ordinárias. 81" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Fontes constitucionais ! A CF como fonte concreta da norma jurídica processual contém: a. normas de superdireito, relativas as próprias fontes formais relativas das normas processuais; b. normas relativas a criação, organização e funcionamento dos órgãos jurisdicionais; c. normas referentes aos direitos e garantias individuais atinentes ao processo; d. normas dispondo sobre remédios processuais específicos. 82" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Os direitos e garantias processuais inseridos na CF/88, são integrados à Convenção Americana sobre Direitos Humanos. ! Esta Convenção foi incorporada ao nosso ordenamento por força do artigo 5º, § 2º da CF/88. § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 83" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Fontes da legislação complementar à Constituição • Estatuto da magistratura (CF, art. 93) • Normas sobre a carreira dos magistrados (CF, art. 93, II) • Normas sobre acesso aos tribunais do 2º grau ( art. 93, III) • Normas sobre vencimentos dos magistrados (art. 93, V) • Normas sobre aposentadoria e proventos integrais (art. 93, VI) • Imposição de residência do juiz titular na comarca (art. 93, VII) • Normas sobre remoção (art. 93, VIII) • Norma impondo publicidade nos julgamentos e motivação das decisões (art. 93, IX e X) • Etc. 84" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Fontes ordinárias (CINTRA, 2014, P. 118) • Código de Processo Civil. • Código de Processo Penal. • Consolidação das Leis de Trabalho. • Código de Processo Penal Militar. • Lei dos Juizados Especiais. 85" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 86" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO E NO TEMPO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE ! As normas são aplicadas exclusivamente somente dentro de um território específico. Art. 1º do CPC: A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece. # Normas processuais não podem ser confundidas com normas materiais. ! Normas materias podem ser aplicadas normas de direito material de outro país. Ex.: 87" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Art. 10 da LIDB. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. ! Significa que se estrangeiro falece no Brasil, se o inventário for aqui formalizado, seguirá as regras PROCESSUAIS brasileiras. ! Quanto AS REGRAS DE DIREITO MATERIAL referentes à sucessão (ex.: a ordem de vocação hereditária) serão à do país de origem do de cujus, desde que mais favoráveis ao cônjuge ou filhos brasileiros. ! Em resumo: o juiz conduz a processo pelo CPC, mas na solução do conflito aplica a lei estrangeira. 88" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Para que isso possa ocorrer, o magistrado pode suscitar o cumprimento do art. 337 do CPC: Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz. 89" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza LEI PROCESSUAL CIVIL NO TEMPO Quanto a vigência ! Geralmente, as normas processuais trazem o prazo de vacatio legis. ! Para as normas que não contêm o vacatio legis, aplica-se o art. 1º, da LICC: " Art.%1o%%Salvo%disposição%contrária,%a%lei%começa%a%vigorar%em%todo% o%país%QUARENTA(E(CINCO(DIAS(depois%de%oficialmente%publicada.% 90" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! A vigência desta norma estende-se até sua revogação, que expressamente o declare ou quando com ela seja incompatível ou regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Art. 2º da LIDB: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 91" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Direito intertemporal Nova lei processual nova e processos em andamento ! A questão do direito intertemporal é a aplicabilidade das novas leis aos processos em curso. ! Para isso o artigo 1.211 do CPC, das disposições transitórias, estabelece: Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes. 92" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! A regra, pois, é que as normas de processo tenham incidência imediata, atingindo os processos em curso. Nenhum litigante tem direito adquirido a que o processo iniciado na vigência da lei antiga continue sendo por ela regulado, em detrimento da lei nova. (GONÇALVES, 2013, p.57) ! Para os processos que estão em andamento com prazos em curso, a nova nova deve respeitar os atos processuais já realizados e consumados. ! O processo deve ser considerado um encadeamento de atos isolados: os que já foram realizados na vigência da lei antiga, persistem. Os que ainda deverão ser, respeitarão a lei nova. (GONÇALVES, 2013, p.58) 93" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Prazo processual aberto e vem nova lei que modifica o recurso ou o prazo? O que vai acontecer com os litigantes que pretendiam recorrer? ! Segundo (GONÇALVES, 2013, p.58) os litigantes não podem ser prejudicados. A lei não pode prejudicar o direito adquirido processual. ! Desde o momento em que a decisão foi publicada, adveio para as partes o direito de interpor o recurso que, então, estava previsto no ordenamento. ! Se o recurso for extinto ou prazo reduzido as partes não poderão ser prejudicados. ! Se o prazo for ampliado, a lei nova será aplicável, pois ela não pode retroagir para prejudicar, mas apenas para favorecer os litigantes. 94" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! Mas a ampliação só vale se a decisão não estiver preclusa. Exemplo: Publicada uma sentença, abre o prazo de 15 dias para apelação. Se, depois da publicação, o prazo for reduzido para 10, as partes não podem ser prejudicadas. Se, dentro dos 15 dias, o prazo for elevado para 20, todos se beneficiarão. Mas, se a lei nova só entrar em vigor no 16º dia do prazo, não será aplicada, porque a decisão terá se tornado preclusa. (GONÇALVES, 2013, p.58) 95" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza EMENTA: “Segundo princípio de direito intertemporal, salvo alteração constitucional, o recurso próprio é o existente à data em que publicada a decisão” (STJ — 2ª Seção, CC 1.133-RS, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 11.3.92, v.u, DJU 13.4.92). 96" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Nova lei altera competência dos processos em andamento ! No caso da nova norma modificar a competência. ! Para este caso, aplica-se o art. 87 do CPC que trata da competência: Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. [...] ! É a perpetuatio jurisdictionis: LEI PROCESSUAL NOVA, QUE ALTERA COMPETÊNCIA, NÃO SE APLICA AOS PROCESSOS EM ANDAMENTO. ! Mas, o art. 87 caput, parte final, traz excessões que permite alteração de competência: 97" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza Art. 87. [...]. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. • Quando suprimir o órgão judiciário ou; • Alterar a competência em razão da matéria ou da hierarquia. Ex.: EC nº 45/2004, alterou a competência das ações de indenização fundadas em acidente de trabalho, ajuizadas pelo empregado em face do empregador, que tramitavam pela Justiça comum para à Justiça do Trabalho. 98" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza ! As ações em curso, ainda não sentenciadas, foram atingidas, já que houve alteração de competência em razão de matéria. ! O STF editou súmula vinculante nº 22 sobre a matéria: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrente de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ain- da não possuíam sentença de mérito em primeiro grau, quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004. 99" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza 100" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza BIBLIOGRAFIA BIBLIOGRAFIA BÁSICA: CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 30 ed. Revista, atualizada e aumentada. São Paulo : Malheiros, 2014. BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR: ROCHA, José de Albuquerque. Teoria geral do processo. 5° ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores, 2001. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Rio de Janeiro: Forense, 2003. 101" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20 ed. De acordo com a Lei nº 12.736/2012. São Paulo: Saraiva, 2012. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 3 ed. rev. e atual. São Paulo; Saraiva, 2013. 102" TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza
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