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Teoria Geral do Processo módulo 1

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Profº SERGIO REIS FERRADOZA "
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
2"
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
Módulo 1 
3"
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO E A SOLUÇÃO 
DOS CONFLITOS 
QUE É A TEORIA GERAL DO PROCESSO? 
!  Segundo José Albuquerque da Rocha (2008, p. 18), TGP é: 
O conjunto de conceitos sistematizados que serve aos 
juristas como instrumento para conhecer os diferentes 
ramos do direito processual. 
 
!  O direito processual pode ser definido como o ramo da 
ciência jurídica que estuda e regulamenta o exercício, pelo 
Estado, da função jurisdicional. 
 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
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TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
SOCIEDADE E TUTELA 
JURÍDICA 
Sociedade e Direito 
 
!  No início da civilização, o que se tinha como pré-direito era 
a lei do mais forte, onde, como o próprio nome diz, aquele 
que se superasse em relação aos demais tinha as melhores 
oportunidades, mulheres, bens etc. 
!  Atualmente, estágio dos conhecimentos científicos sobre o 
direito, predomina o entendimento de que não há sociedade 
sem direito. (CINTRA, 2014, p.37) 
!  Relação entre direito e sociedade, porque o homem sentiu a 
necessidade de se organizar para viver. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Ubi societas ubi jus 
(não há sociedade sem o direito) 
!  Depois de instituído, o direito se tornou a mais importante e 
eficaz forma de controle social. 
!  Cintra (2014, p. 37) exemplifica que o direito somente não 
seria aplicável numa imaginária hipótese de um hermitão 
vivendo em local deserto, sem convívio com ninguém e sem 
a subordinação a um Estado soberano, como no caso do 
legendário Robinson Crusoé, antes da chegada do índio 
Sexta-Feira à sua ilha isolada do mundo. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  A fim de ensejar a máxima realização dos valores humanos 
com um mínimo de desgaste e sacrifício, utilizamos o critério 
do justo e do equitativo conforme os valores prevalentes em 
determinado lugar e momento. (CINTRA, 2014, p. 37) 
!  Sociológicamente o direito é apresentado como um dos 
instrumentos, tido como o mais eficaz, para o chamado 
controle social. (CINTRA, 2014, p. 37) 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
CONFLITOS E INSATISFAÇÕES 
!  Os conflitos e insatisfações são fatores anti-sociais, porque 
são esses fatores que causam problemas entre os homens 
e surgem no momento que uma pessoa, querendo um bem 
para si, seja bem material ou qualquer direito, não consegue 
obtê-lo, seja por, conforme Cintra (2014, p. 37): 
a)  Aquele que poderia satisfazer sua pretensão, não 
satisfaz 
(ex: alguém não entrega um bem que o outro quer); 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
b)   Quando o próprio direito proíbe a satisfação voluntária 
dessa satisfação 
(ex: quando a pessoa pretende algo defeso pelo Direito – 
um casamento somente pode ser desfeito por sentença e 
não ato consensual das partes). 
 
!  Cintra (2014, p. 38) aduz que a insatisfação das pessoas é 
sempre um fator antissocial, independentemente de a 
pessoa ter ou não ter direito ao bem pretendido. 
!  CRIAM-SE OS CONFLITOS. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
A pretensão pode ser proposta tanto por quem 
tem, como por quem não tem direito e, portanto, 
pode ser fundada ou infundada. (Alvim, 2002, p.9) 
 
 
 
 
 
 
 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
INTERESSE"de"
UMA"pessoa"
 
for 
incompatível 
 
CONFLITO DE 
INTERESSES 
INTERESSE"
OUTRA"pessoa"
FORMAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 
OU FORMAS DE COMPOSIÇÃO DA LIDE 
 
!  LIDE que é um CONFLITO DE INTERESSES qualificado 
por uma PRETENSÃO. 
 
 
!  Divide-se as formas de solução da lide em: 
a)  Autotutela; 
b)  Autocomposição; 
c)  Jurisdição. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
LIDE"
CONFLITO DE INTERESSES 
qualificado por uma 
PRETENSÃO 
CONTESTADA 
a) AUTOTUTELA ou AUTODEFESA: Ou justiça de mão 
própria. 
!  Forma de resolução de conflitos primitiva, quando ainda não 
existia, acima dos indivíduos, uma autoridade capaz de 
decidir e impor decisões aos contendores, sobrava o 
emprego da força material ou força bruta contra o 
adversário, para vencer sua resistência. (Alvin, 2002, p.13) 
!  Nos primórdios da humanidade, aquele que pretendesse 
determinado bem da vida, e encontrava obstáculos, os 
removia por seus próprios meios. Imperava a lei do mais 
forte, em que o conflito era resolvido pelos próprios 
indivíduos. (Alvin, 2002, p.13) 
13"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  As contendas são satisfeitas diretamente, sem intervenção 
de um terceiro estranho à causa. 
!  O direito penal não contempla esta forma de composição da 
lide, conforma art. 345 do CP (Exercício arbitrário das 
próprias razões) 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer 
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena 
- detenção, de 15 dias a um mês, ou multa, além da pena 
correspondente à violência. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Características da AUTOTUTELA: 
 
1.  Falta de um juiz imparcial na tomada das decisões; 
2.  Imposição da vontade de uma parte sobre a outra. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Exceções a AUTOTUTELA: 
!  Desforço imediato: art. 1.210 do CC (legítima defesa da 
posse). 
 
!  Legítima defesa: art. 25 do CP (quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
 
!  Homologação do penhor legal: art. 874 ao 876 CPC. 
Apreensão por parte dos hospedeiros, donos de prédios 
rústicos ou urbanos, de bens do devedor, que se 
encontravam no interior do espaço físico a ele destinado, 
para garantir o pagamento da hospedagem ou do aluguel, 
quando o consumidor se negar a efetuar o pagamento. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Estado de necessidade: art. 24 do CP 
 
!  Prisão em flagrante: (art. 302 do CPP) 
!  Direito de retenção: Faculdade legal conferida ao credor de 
conservar em seu poder a coisa que possui de boa-fé, 
pertencente ao devedor, ou de recusar-se a restituí-la até 
que seja satisfeita a obrigação. 
•  Se o possuidor realizar benfeitorias na coisa, deve ser 
indenizado pelo proprietário da coisa, devido a valoração 
que a coisa sofreu pelos melhoramentos. 
•  Se o proprietário não indenizar, o possuidor poderá exercer 
o direito de retenção, ou seja, terá o direito de reter 
(conservar, manter) a coisa em seu poder em garantia 
dessa indenização (desse crédito) contra o proprietário. 
 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
b) AUTOCOMPOSIÇÃO: supera a autotutela e escolhe um 
terceiro – imparcial - para resolver a lide. 
 
!  São 3 formas de autocomposição (Alvin, 2002, p. 15): 
 
-  Renúncia (ou desistência); 
-  Submissão (ou reconhecimento); 
-  Transação (concessões recíprocas). 
 
!  Alvin (2002, p. 15) salienta que a autocomposição aparece 
como uma expressão altruista (aquele que se dedica aos 
outros, solidário). 
!  O motivo, segundo Alvin, é que a autocomposição traduz 
atitudes de renúncia ou reconhecimento em favor do 
adversário. 
 
 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
c) JURISDIÇÃO: o Estado substitui os titulares dos interesses 
do conflito para, imparcialmente, buscar um meio de 
pacificação. 
 
!  Cintra (2014, p. 42) chama de função estatal pacificadora. 
 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
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Acesso à justiça pela 
mediação ou arbitragem 
ACESSO A JUSTIÇA PELA MEDIAÇÃO OU ARBITRAGEM 
 
!  A sociedade, em sua evolução, percebeu
que a melhor 
forma para composição de conflitos é confiar a decisão da 
solução a uma terceira pessoa de confiança de ambos os 
litigantes. 
!  Inicialmente as pessoas confiadas em sacerdotes ou 
anciãos que conheciam os costumes locais do grupo social 
onde os interessados viviam. 
!  À medida que o Estado foi tomando as rédias do poder de 
julgamento as partes passaram a submeter seus problemas 
a pessoa do PRETOR, que era encarregado de resolver o 
problemas posto a sua frente em nome do Estado. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Portanto, na época do direito romano o processo de 
resolução dos problemas da sociedade seguia 2 caminhos 
alternativos: 
 
1.  perante o magistrado ou pretor ou; 
2.  perante o árbitro ou judex. 
!  Nesse período passava a fase da arbitragem facultativa para 
a fase da arbitragem obrigatória. 
!  Para evitar julgamentos arbitrários surge a Lei das XII 
Tábuas, um marco do direito. 
!  Junto com a Lei das XII Tábuas surge o legislador. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Com a Lei das XII Tábuas e da transferência do poder de 
decidir os conflitos ao Estado (pretor) encerra-se o período 
de transição entre a JUSTICA PRIVADA para a JUSTICA 
PÚBLICA, surge a JURISDIÇÃO. 
!  Depois disso a resolução dos conflitos passa a ser 
exclusivamente competência do Estado, cabendo as 
partes somente provocar o Estado-Juiz para a resolução 
do seu problema. 
!  Por conseguinte, surge o PROCESSO. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
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Conciliação 
CONCILIACÃO 
 
!  Durante o surgimento do processo descobriu-se que esse 
sistema é extremamente formal, oneroso, demorado e, 
muitas vezes inacessível para certa faixa da população. 
!  Desta feita, as partes começam a utilizar as formas de 
conciliação e arbitramento para dirimir seus problemas. 
!  É uma das formas mais eficientes de solução dos 
problemas. 
!  Por meio da conciliação as partes entram em acordo sobre 
seus problemas pondo fim as suas angústias. 
!  É o meio mais eficiente e muitas leis adotam de forma 
obrigatória a tentativa de conciliação nos processos. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
DIFERENÇA ENTRE MEDIAÇÃO OU ARBITRAGEM E 
CONCILIAÇÃO 
!  Na MEDIACÃO OU ARBITRAMENTO os interessados 
utilizam um terceiro, particular, idôneo, para que este dê 
a solução às partes. 
!  Na mediação, há uma decisão na mediação enquanto na 
conciliação não há. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
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TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
Funções do estado na 
atuação do processo 
FUNÇÃO SOCIAL 
 
!  Pacificação entre todos, por intermédio do resultado do 
exercício da jurisdição perante a sociedade. 
FUNÇÃO POLÍTICA 
 
!  Preservando a liberdado. 
!  Ofertar meios para que se participe nos destinos da nação e 
do Estado. 
!  Preservação do ordenamento jurídico. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
FUNÇÃO JURÍDICA 
 
!  Quando o processo assegura a função direito em sua 
plenitude. 
 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
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TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
O PROCESSO E O DIREITO 
PROCESSUAL 
!  Através da função legislativa, o Estado estabelece a 
ordem jurídica e fixa normas preventivas e hipotéticas 
que deverão incidir sobre as situações ou relações que 
possam vir a ocorrer no convício social dos homens. 
!  Resulta que o ordenamento jurídico atribui aos cidadãos 
“seus direitos”, prefixando as pretensões que cada um pode 
ostentar diante de outros. 
!  Da mesma forma, o ordenamento jurídico estabelece 
deveres dos vários integrantes dos vários integrantes 
do grupamentos social juridicamente organizado. 
 
!  GERALMENTE TAIS COMANDOS SÃO ACEITOS. 
!  Como nem sempre isso acontece, visto alguns membros 
da sociedade INSISTIREM em desobedecer comandos da 
ordem jurídica. 31"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Cabe ao Estado a adoção de medidas de coação para 
que não venha seu ordenamento transformar-se em letra 
morta e desacreditada. (THEODORO JR. 2003, p. 41) 
!  Estas medidas são realizadas POR INTERMÉDIO DE UM 
PROCESSO que recebe o nome de civil, penal, 
trabalhista, administrativo, eleitoral etc. 
!  Conforme o ramo que instaurou o conflito de interesses. 
!  O PROCESSO surge a partir do momento em que o Estado 
passa a ter poder sobre os particulares na resolução de 
seus problemas. 
!  É por meio dele que o Estado, na pessoa do juiz, toma as 
decisões para resolver os conflitos postos a julgamento. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Para a solucionar os conflitos postos a julgamento, O 
MAGISTRADO SEGUE PARÂMETROS para solucionar os 
casos de forma mais justa, imparcial e equânime possível. 
!  ESSES PARÂMETROS É A LEGISLAÇÃO, contendo 
regras de direito abstrato sobre o lícito e ilícito, permitido e 
proibido, SÃO AS NORMAS. 
!  O ato de aplicar essas normas chama-se JURISDIÇÃO. 
!  PELA JURISDIÇÃO, o juiz utiliza na prática as normas da 
legislação para impor o dever-ser ditado pelo Estado. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Ou seja, 
!  Quando os litigantes não conseguem mais encontrar uma 
solução, o ESTADO SUBSTITUI A ATIVIDADE DOS 
LITIGANTES e no lugar deles, PASSA A DIZER O DIREITO. 
!  A esta substituição, chamamos de SUBSTITUTIVIDADE. 
!  É uma das características da jurisdição. 
!  Em sentido genérico é o poder do Estado de fazer 
justiça – de dizer o direito (jus dicere). 
!  Estado, é a única entidade dotada de poder soberano, é o 
titular exclusivo de punir (para alguns, PODER-DEVER de 
punir) (Capez, p. 45) 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Tecnicamente, é uma função do Estado, exercida através do 
juiz, dentro de um processo, visando solucionar um litígio 
entre as partes. 
!  É o duplo o papel assumido pelo Estado: 
 
�  Realizar o direito objetivo: quando a lei, que incidiu 
num caso, não foi aplicada, aplicá-la, para que 
incidência e aplicação 
 
�  Dirimir as contendas: que perturbariam a ordem 
social e levariam para o campo da força bruta a 
solução das divergências. 
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 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
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Direito material e processual 
!  Para instruir o processo, existem 2 tipos de direito, o direito 
processual e o direito material: 
!  O DIREITO PROCESSUAL pelo qual nos dá as diretrizes, 
os caminhos de trabalho dentro do processo e o 
procedimento a ser adotado. 
!  Ex.: o CPC dita normas para desenvolvimento do processo 
civil. 
!  Pelo processo o Estado impõe suas normas e mandamentos 
utilizando assim do seu instrumento de atuação para que 
possa fazer valer as leis. 
37"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Direito processual: visa REGULAMENTAR uma 
função pública estatal"
!  Pelo ponto de vista de sua função jurídica, o direito 
processual é um instrumento ao direito material: todos 
os seus institutos básicos (jurisdição, ação, exceção, 
processo. Tudo pela necessidade de garantir a autoridade 
do ordenamento jurídico. (CINTRA, 2014, p. 59) 
!  Capez (2013, p. 58) assenta: “o processo é o meio pelo 
qual o Estado procede à composição da lide, aplicando 
o direito ao caso concreto e dirimindo os conflitos de 
interesse.” 
38"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Pelo DIREITO MATERIAL é o direito a ser aplicado ao caso 
concreto. 
!  Através do direito material é que buscamos os fundamentos 
que utilizaremos dentro do processo para ganhar uma ação, 
ex. O Código Civil. O Código Penal etc. 
 
 
 
 
 
!  Pelo direito material usamos a lei para ter o direito e pelo 
direito processual usamos a lei para fazer valer a lei 
material. 
39"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO
Ferradoza	
 
Direito material: cuida de ESTABELECER 
NORMAS que regulam relações jurídicas entre 
pessoas. 
 
 
 
 
 
40"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
 
Enquanto"direito'material'descreve'o'que'se'tem'direito,"
o"formal'descreve'como'obter'este'direito"
. 
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TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
DENOMINAÇÃO, POSIÇÃO 
ENCICLOPÉDICA E DIVISÃO 
DO DIREITO PROCESSUAL 
!  O direito processual está incluído dentro do ramo do direito 
público, uma vez que quem governa a atividade jurisdicional 
é o Estado. 
!  Sua base está ligada ao Direito Constitucional que 
estabelece as bases do direito processual ao instituir o 
Poder Judiciário, criar Órgãos que o compõem, assegurar as 
garantias da Magistraturra e fixar os princípios de ordem 
política e ética que consubstanciam o acesso à justiça 
(acesso à ordem jurídica e justa) e a garantia do devido 
processo legal (due process of law) (CINTRA, 2014, p. 66) 
Ex: não pode haver norma processual que contrarie a 
Constituição Federal. 
42"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  A CF garante O ACESSO A JUSTIÇA, a todos, conforme 
art. 5º, XXXV: 
 
A lei não excluirá da apreciação do Poder judiciário lesão ou 
ameaça a direito. 
 
!  A CF prevê a garantia do devido processo legal, da 
igualdade processual, publicidade, motivação das 
decisões judiciais, proibição das provas obtidas por 
meio ilícito, inviolabilidade de domicilio, sigilo das 
comunicações em geral e de dados, presunção de não 
culpabilidade ou da inocência, etc. 
!  O DIREITO PROCESSUAL, CIVIL, PENAL ETC, APESAR 
DE UTILIZAÇÃO, O DIREITO MATERIAL, É AUTÔNOMO. 
 
43"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
44"
Divisão do direito processual 
!  O direito processual se divide em: 
Processual civil e; 
Penal 
 
!  Vejamos a Constituição Federal em seu artigo 22, I 
(competência legislativa da União) e; 24, XI (competência 
concorrente dos Estados) 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
45"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre: 
XI - procedimentos em matéria processual; 
!  Cintra (2014, p. 67) assenta que a própria Constituição 
Federal, discriminando competência legislativa da União e 
dos Estados (concorrente), refere-se ao direito processual 
unitariamente considerado, de modo a abranger o direito 
processual civil e o direito processual penal. 
 
!  Os demais tipos de direitos processuais existentes, 
trabalhista, tributário, são decorrência do civil. 
46"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
PROCESSO PENAL: 
!  É aquele que apresenta em um de seus polos contrastantes, 
uma pretensão punitiva do Estado. (CINTRA, 2014, p. 68) 
PROCESSO CIVIL: 
!  É o que não é penal e por meio do qual se resolve conflitos 
regulados não só pelo direito privado, como também pelo 
direito constitucional, administrativo, tributário, trabalhista 
etc. (todos ramos do direito não penal). (CINTRA, 2014, p. 
68) 
 
47"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
48"
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
PRINCÍPIOS GERAIS DO 
DIREITO PROCESSUAL 
!  São fundamentos que orientam e regulam as relações entre 
as pessoas. 
!  São preceitos fundamentais que dão forma e caráter aos 
sistemas processuais. (CINTRA, 2014, p. 69) 
!  De acordo com a CF os princípios gerais são: 
 
49"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
!  A expressão devido processo legal é oriundo do direito 
anglo-saxão “due process of law”. 
!  Foi originado na Carta Magna de João Sem Terra em 1215, 
e representava uma garantia contra os abusos da coroa 
inglesa. 
!  É considerado o princípio fundamental de todos os 
princípios, tendo em vista que dele derivam todos os 
demais princípios. 
!  Princípio constitucional que assegura a todos o direito a 
um processo justo e com todas as regras previstas em 
lei, bem como todas as garantias constitucionais. 
 
50"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Art. 5º. [...] 
LIV. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem 
o devido processo legal, 
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
51"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
PRINCIPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ OU DO JUIZ 
NATURAL 
 
!  Todo processo deve ser conduzido por magistrado imparcial. 
!  Por este pricípio, veda-se que o legislador crie leis com 
poder de julgamento e impede a criação de tribunais de 
exceção (ex.: criar um tribunal para julgamento de um certo 
criminoso) 
!  Esta imparcialidade do Judiciário é a segurança do povo 
contra o arbítrio estatal 
CF, art. 5º. [...] 
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente; 52"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  É garantia indispensáveis, podendo se afirmar que a 
instituição de um tribunal de exceção implica uma ferida 
mortal ao Estado de Direito. 
!  Juiz natural é somente aquele integrado no Poder 
Judiciário, com todas as garantias institucionais e pessoais 
previstas na CF. 
!  Cintra (2014, p. 71) assenta que a imparcialidade é uma 
garantia de justiça para as partes, e o Estado que assumiu 
a responsabilidade da função jurisdicional, tem dever de 
agir com imparcialidade. 
53"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
54'
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
 
!  É um princípio processual constitucional, que visa tornar 
transparente os atos processuais praticados pelo juiz 
durante a persecução civil ou penal. 
CF, art. 93. [...] 
IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e seus advogado, 
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do 
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique 
o interesse público à informação; 
!  Há exceção quando for relevante o motivo ou quando 
tratar-se de questões de família. (segredo de justiça) 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
55'
CF, art. 5º. [...] 
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
processual exigirem; 
 
!  A presença do público nas audiências e a possibilidade do 
exame dos autos por qualquer pessoa representam o 
mais seguro instrumento de fiscalização popular sobre a 
obra dos magistrados, promotores públicos e advogados. 
(CINTRA, 2014, p. 88). 
!  Continua o mesmo autor: “o povo é o juiz do dos juízes.“ 
 
 
 
 
 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
56'
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA 
 
!  O processo considera sob o prisma da igualdade ambas as 
partes do processo; 
!  O contraditório consiste na necessidade de ouvir a outra 
pessoa perante a qual será proferida a decisão, 
garantindo-lhe o pleno direito de defesa e de 
pronunciamento durante todo o curso do processo. 
!  É um princípio absoluto e sua inobservância anula o 
processo. 
 
CF, art. 5º. [...] 
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, 
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório 
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
57'
CPC, art. 398: Sempre que uma das partes requerer a 
juntada de documentos aos autos, o juiz ouvirá,
a seu 
respeito, a outra, no prazo de 5 dias. 
 
!  O princípio do contraditório reclama, outrossim, que se 
dê oportunidade à parte não só de falar sobre as 
alegações do outro litigante, como também de fazer a 
prova contrária. ( THEODORO JÚNIOR, 2003, p. 24) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
58'
PRINCÍPIO DA ISONOMIA 
 
!  O princípio da igualdade domina todo o processo civil e, 
por força da isonomia constitucional de todos perante 
a lei, impõe que ambas as partes da lide possam desfrutar, 
na relação processual, de iguais faculdades e devam se 
sujeitar a iguais ônus e deveres. 
CPC, art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as 
disposições deste Código, competindo-lhe: 
I – assegurar às partes igualdade de tratamento; 
 
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: [...] 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
59'
PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
 
!  Todo ato do juiz que possa prejudicar um direito ou um 
interesse da parte deve ser recorrível, como meio de evitar 
ou emendar erros e falhas inerentes aos julgamentos 
humanos. 
Jurisdição inferior – 1º grau 
 
!  Juízes da causa (competência originária). 
!  Na Justiça Estadual são os juízes de direito das 
Comarcas distribuídas por todo o Estado e Capital. 
!  Na Justiça Federal, os juízes federais monocráticos. 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
60'
Jurisdição superior – 2º grau 
 
!  São os juízes dos recursos. 
 
!  Tribunais Superiores. Ex. TJ, TRFs, TRTs, TREs, STJ, TST, 
TSE, STF, etc. 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
61'
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ E DA LEALDADE PROCESSUAL 
 
!  Leis processuais se assentam em procedimentos em que 
vigoram a boa fé e a lealdade das partes e do juiz. 
CF, art. 5º [...] 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos; 
 
CPC, art. 332. Todos os meios legais, bem como os 
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste 
código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em 
que se funda a ação e a defesa. 
 
 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
62'
!  A lei não tolera a má fé, e orienta o magistrado para atuar 
de ofício contra a fraude processual: 
 
 
Art. 16 do CPC. Responde por perdas e danos aquele que 
pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente. 
 
Art. 18 do CPC. O juiz ou tribunal, de ofício ou a 
requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar 
multa não excedente a um por cento sobre o valor da 
causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que 
esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as 
despesas que efetuou. 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
63'
Art. 129 do CPC. Convencendo-se, pelas circunstâncias da 
causa, de que autor e réu se serviram do processo para 
praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por lei, 
o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das 
partes. 
 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
64'
PRINCÍPIO DA AÇÃO OU DA DEMANDA 
 
!  A jurisdição é inerte e, para a sua movimentação, exige a 
provocação do interessado. 
!  É a isto que se denomina princípio da ação: nemo iudex 
sine actore. 
!  A tutela jurisdicional somente se dá mediante a provocação 
do interessado. 
 
Art. 2º. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão 
quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e 
formas legais. 
 
Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, 
mas se desenvolve por impulso oficial. 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
65'
Exceção ao princípio da ação pela qual o órgão judicial 
pode dar início a ação. Pode agir o juiz de ofício: 
 
!  Inventário: art. 989 do CPC; 
Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie o 
inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas nos 
artigos antecedentes o requerer no prazo legal. 
!  Habeas Corpus: § 2º do art. 654 do CPP: 
 
Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de 
ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de 
processo verificarem que alguém sofre ou está na 
iminência de sofrer coação ilegal. 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
66'
!  Arrecadação de bens do ausente; art. 1.142 do CPC: 
Nos casos em que a lei civil considere jacente a herança, 
o juiz, em cuja comarca tiver domicílio o falecido, 
procederá sem perda de tempo à arrecadação de todos os 
seus bens. 
" O juiz só ordenará de ofício medidas cautelares, se 
houver um processo judicial em curso, quando nele 
atuará incidentalmente diante da iminência do dano. 
!  Execução penal e trabalhista; 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
67'
RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO, CELERIDADE 
PROCESSUAL E ECONOMIA 
 
!  Processo civil deve inspirar-se no ideal de propiciar às 
partes uma Justiça barata e rápida, do que se extrai a 
regra de que deve tratar-se o maior resultado com mínimo 
de emprego de atividade processual. 
Art. 5º. [...] 
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios 
que garantam a celeridade de sua tramitação. 
 
!  A lei não tolera a má fé e confere ao juiz agir de ofício para 
indeferir as diligências inúteis ou meramente protelatórias 
(art. 130, CPC) 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
68'
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da 
parte, determinar as provas necessárias à instrução do 
processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente 
protelatórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
69'
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES 
 
!  Sobre a importância da fundamentação do processo em 
bases legais e sociais. 
!  A fundamentação da sentença é sem dúvida uma grande 
garantia da justiça quando consegue reproduzir 
exatamente, como num levantamento topográfico, o 
itinerário lógico que o juiz percorreu para chegar à sua 
conclusão, pois se esta é errada, pode facilmente 
encontrar-se, através dos fundamentos, em que altura do 
caminho o magistrado se desorientou ou foi induzido a um 
erro. 
CF, art. 93. [...] 
IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, 
sob pena de nulidade [...] 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
70'
CPC, art. 458 São requisitos essenciais da sentença: 
II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de 
fato e de direito; 
A exigência de motivação dos atos jurisdicionais 
constitui, hoje, postulado constitucional inafastável, que 
traduz, em sua concepção básica, poderoso fator de 
limitação do próprio poder estatal, além de constituir 
instrumento essencial de respeito e proteção às liberdades 
públicas. Atos jurisdicionais, que descumpram a 
obrigação constitucional de adequada motivação 
decisória, são atos estatais nulos.(Min. Celso de Mello, do 
STF, como relator do HC 68.530/SP) 
 
 
 
 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
71'
PRINCÍPIO DA INDECLINABILIDADE 
OU NON LIQUET 
 
!  O juiz não pode se abster de julgar. (CF, art. 5, XXXV): 
A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão 
ou ameaça a direito; 
CPC, Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou 
despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No 
julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; 
não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos 
princípios gerais de direito. 
 
 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
72'
(LIDB) Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso
de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais 
de direito. 
 
JUSTA RECUSA DO JUIZ EM PROCESSAR E JULGAR A 
CAUSA/ DEVER EM DECLINAR: 
 
Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e 
suspeição aos juízes de todos os tribunais. O juiz que 
violar o dever de abstenção, ou não se declarar suspeito, 
poderá ser escusado por qualquer das partes (art. 304). 
 
Art. 304. É lícito a qualquer das partes arguir, por meio de 
exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) 
ou a suspeição (art. 135). 
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
73"
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
NORMA PROCESSUAL: 
OBJETO E NATUREZA 
!  A s n o r m a s s e d i s t i g u e m e m M AT E R I A I S E 
INSTRUMENTAIS (CINTRA, 2014, 110): 
 
NORMAS JURÍDICAS MATERIAIS (OU SUBSTANCIAIS) 
!  Disciplinam imediatamente a cooperação entre pessoas e os 
conflitos de interesses ocorrentes na sociedade, 
escolhendo qual dos interesses conflitantes, em que 
medida, deve prevalecer e qual deve ser sacrificado. 
(CINTRA, 2014, 110) 
74"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
NORMAS INSTRUMENTAIS 
 
!  Indiretamente contribuem para a resolução dos conflitos 
interindividuais, disciplinando a atuação e criação das 
regras jurídicas gerais ou individuais. (CINTRA, 2014, 110) 
OBJETO DA NORMA PROCESSUAL 
!  É a disciplina de modo processual de resolver conflitos e 
controvérsias mediante a atribuição ao juiz dos poderes 
necessários para resolver os conflitos. 
!  Ela visa disciplinar o poder jurisdicional, a regular as 
atividades das partes litigantes e visa reger a imposição do 
comando concreto formulado através daquelas atividades 
das partes e do juiz. (CINTRA, 2014, 110) 
75"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Cintra (2014, p. 111), apresenta 3 classe de normas 
processuais: 
1.  NORMAS DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA: tratam da 
criação e estrutura dos órgãos judiciários e seus auxiliares; 
 
2.  NORMAS PROCESSUAIS EM SENTIDO RESTRITO: que 
cuidam do processo como tal, atribuindo poderes e deveres 
processuais; 
3.  NORMAS PROCEDIMENTAIS: dizem respeito apenas ao 
modus procedendi, inclusive a estrutura e coordenação dos 
atos processuais que compõem o processo. 
76"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
77"
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
FONTES DA NORMA 
PROCESSUAL 
“Fontes do direito são modos pelos quais o Direito se 
mani festa; maneiras pelas quais surge a norma 
jurídica;” (Celso D. de A. Mello) 
!  Celso de Mello apresenta uma forma figurativa para 
distinguir as fontes materiais das fontes formais. 
!  Observam eles que, se seguirmos um curso de água, 
encontraremos a sua nascente, que é a sua fonte, isto é, o 
local onde surge a água. Esta é a fonte formal. 
!  Todavia, existem diversos outros fatores (ex. composição do 
solo, pluviosidade etc.) que fizeram com que a água 
surgisse naquela região. 
!  Estes elementos que provocam o aparecimento das fontes 
formais são denominados de fontes materiais’ (Celso D. de 
Albuquerque Mello, 2004, p. 203.) 78"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
FONTES FORMAIS DO DIREITO (CINTRA, 2014, p. 114) 
!  A lei, os usos-e-costumes, o negócio jurídico. 
!  Na jurisprudência, há divergência no tocante a ser fonte 
formal. 
!  Para alguns autores, os juízes devem apenas julgar 
conforme o direito posto, dele não podendo se afastar; 
!  Para outros, os próprios juízes e tribunais, através de suas 
decisões, dão expressão as normas jurídicas até então não 
declaradas por qualquer das outras fontes. Exemplo disso 
são as súmulas vinculantes. 
!  O Brasil, adota a jurisprudência como fonte. 
79"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
FONTES ABSTRATAS DA NORMA PROCESSUAL (CINTRA, 
2014, p. 115) 
 
!  São as mesmas do direito geral: 
•  A lei, os usos-e-costumes e o negócio jurídico, e para 
alguns a jurisprudência. (2014, p. 115) 
 
!  A Constituição Federal, as Constituições Estaduais, as Leis 
Delegadas e as Leis Complementares. 
!  Os Tratados juntamente com as Convenções também fazem 
parte das fontes legislativas da norma processual. 
80"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
FONTES CONCRETAS DA NORMA PROCESSUAL (CINTRA, 
2014, p. 115) 
 
!  São aquelas através das quais as fontes legislativas já 
examinadas em abstrato efetivamente atuam no Brasil. 
!  Elas se desdobram em: 
 Fontes constitucionais; 
 Fontes da legislação complementar à Constituição e; 
 Fontes ordinárias. 
81"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Fontes constitucionais 
 
!  A CF como fonte concreta da norma jurídica processual 
contém: 
a.  normas de superdireito, relativas as próprias fontes formais 
relativas das normas processuais; 
b.  normas relativas a criação, organização e funcionamento 
dos órgãos jurisdicionais; 
c.  normas referentes aos direitos e garantias individuais 
atinentes ao processo; 
d.  normas dispondo sobre remédios processuais específicos. 
 
82"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Os direitos e garantias processuais inseridos na CF/88, são 
integrados à Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos. 
!  Esta Convenção foi incorporada ao nosso ordenamento por 
força do artigo 5º, § 2º da CF/88. 
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela 
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte. 
83"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Fontes da legislação complementar à Constituição 
 
•  Estatuto da magistratura (CF, art. 93) 
•  Normas sobre a carreira dos magistrados (CF, art. 93, II) 
•  Normas sobre acesso aos tribunais do 2º grau ( art. 93, 
III) 
•  Normas sobre vencimentos dos magistrados (art. 93, V) 
•  Normas sobre aposentadoria e proventos integrais (art. 
93, VI) 
•  Imposição de residência do juiz titular na comarca (art. 
93, VII) 
•  Normas sobre remoção (art. 93, VIII) 
•  Norma impondo publicidade nos julgamentos e motivação 
das decisões (art. 93, IX e X) 
•  Etc. 
84"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Fontes ordinárias (CINTRA, 2014, P. 118) 
 
•  Código de Processo Civil. 
•  Código de Processo Penal. 
•  Consolidação das Leis de Trabalho. 
•  Código de Processo Penal Militar. 
•  Lei dos Juizados Especiais. 
85"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
86"
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
EFICÁCIA DA LEI 
PROCESSUAL NO ESPAÇO E 
NO TEMPO 
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE 
!  As normas são aplicadas exclusivamente somente dentro de 
um território específico. 
Art. 1º do CPC: A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é 
exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme 
as disposições que este Código estabelece. 
# Normas processuais não podem ser confundidas com 
normas materiais. 
!  Normas materias podem ser aplicadas normas de direito 
material de outro país. 
Ex.: 
87"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Art. 10 da LIDB. A sucessão por morte ou por ausência 
obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o 
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos 
bens. 
 
!  Significa que se estrangeiro falece no Brasil, se o inventário 
for aqui formalizado, seguirá as regras PROCESSUAIS 
brasileiras. 
!  Quanto AS REGRAS DE DIREITO MATERIAL referentes à 
sucessão (ex.: a ordem de vocação hereditária) serão à do 
país de origem do de cujus, desde que mais favoráveis ao 
cônjuge ou filhos brasileiros. 
!  Em resumo: o juiz conduz a processo pelo CPC, mas na 
solução do conflito aplica a lei estrangeira. 
88"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!
Para que isso possa ocorrer, o magistrado pode suscitar o 
cumprimento do art. 337 do CPC: 
Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, 
estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a 
vigência, se assim o determinar o juiz. 
 
89"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
LEI PROCESSUAL CIVIL NO TEMPO 
 
 Quanto a vigência 
 
!  Geralmente, as normas processuais trazem o prazo de 
vacatio legis. 
!  Para as normas que não contêm o vacatio legis, aplica-se o 
art. 1º, da LICC: 
"
Art.%1o%%Salvo%disposição%contrária,%a%lei%começa%a%vigorar%em%todo%
o%país%QUARENTA(E(CINCO(DIAS(depois%de%oficialmente%publicada.%
90"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  A vigência desta norma estende-se até sua revogação, que 
expressamente o declare ou quando com ela seja 
incompatível ou regule inteiramente a matéria de que tratava 
a lei anterior. 
 
Art. 2º da LIDB: Não se destinando à vigência temporária, a lei 
terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o 
declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule 
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou 
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a 
lei anterior. 
 
91"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Direito intertemporal 
Nova lei processual nova e processos em andamento 
!  A questão do direito intertemporal é a aplicabilidade das 
novas leis aos processos em curso. 
!  Para isso o artigo 1.211 do CPC, das disposições 
transitórias, estabelece: 
 
Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o 
território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições 
aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes. 
 
 92"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  A regra, pois, é que as normas de processo tenham 
incidência imediata, atingindo os processos em curso. 
Nenhum litigante tem direito adquirido a que o processo 
iniciado na vigência da lei antiga continue sendo por ela 
regulado, em detrimento da lei nova. (GONÇALVES, 2013, 
p.57) 
!  Para os processos que estão em andamento com prazos em 
curso, a nova nova deve respeitar os atos processuais já 
realizados e consumados. 
!  O processo deve ser considerado um encadeamento de 
atos isolados: os que já foram realizados na vigência da 
lei antiga, persistem. Os que ainda deverão ser, 
respeitarão a lei nova. (GONÇALVES, 2013, p.58) 
 
93"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Prazo processual aberto e vem nova lei que modifica o 
recurso ou o prazo? O que vai acontecer com os litigantes 
que pretendiam recorrer? 
!  Segundo (GONÇALVES, 2013, p.58) os litigantes não 
podem ser prejudicados. A lei não pode prejudicar o direito 
adquirido processual. 
!  Desde o momento em que a decisão foi publicada, adveio 
para as partes o direito de interpor o recurso que, então, 
estava previsto no ordenamento. 
!  Se o recurso for extinto ou prazo reduzido as partes não 
poderão ser prejudicados. 
!  Se o prazo for ampliado, a lei nova será aplicável, pois ela 
não pode retroagir para prejudicar, mas apenas para 
favorecer os litigantes. 
94"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  Mas a ampliação só vale se a decisão não estiver 
preclusa. 
Exemplo: 
Publicada uma sentença, abre o prazo de 15 dias para 
apelação. 
Se, depois da publicação, o prazo for reduzido para 10, as 
partes não podem ser prejudicadas. 
Se, dentro dos 15 dias, o prazo for elevado para 20, todos 
se beneficiarão. 
Mas, se a lei nova só entrar em vigor no 16º dia do 
prazo, não será aplicada, porque a decisão terá se tornado 
preclusa. (GONÇALVES, 2013, p.58) 
95"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
EMENTA: “Segundo princípio de direito intertemporal, salvo 
alteração constitucional, o recurso próprio é o existente à data 
em que publicada a decisão” (STJ — 2ª Seção, CC 1.133-RS, 
rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 11.3.92, v.u, DJU 13.4.92). 
96"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Nova lei altera competência dos processos em andamento 
 
!  No caso da nova norma modificar a competência. 
!  Para este caso, aplica-se o art. 87 do CPC que trata da 
competência: 
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a 
ação é proposta. [...] 
 
!  É a perpetuatio jurisdictionis: LEI PROCESSUAL NOVA, 
QUE ALTERA COMPETÊNCIA, NÃO SE APLICA AOS 
PROCESSOS EM ANDAMENTO. 
!  Mas, o art. 87 caput, parte final, traz excessões que 
permite alteração de competência: 
97"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
Art. 87. [...]. São irrelevantes as modificações do estado de 
fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando 
suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência 
em razão da matéria ou da hierarquia. 
 
•  Quando suprimir o órgão judiciário ou; 
•  Alterar a competência em razão da matéria ou da 
hierarquia. 
 
Ex.: EC nº 45/2004, alterou a competência das ações de 
indenização fundadas em acidente de trabalho, ajuizadas 
pelo empregado em face do empregador, que tramitavam 
pela Justiça comum para à Justiça do Trabalho. 
98"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
!  As ações em curso, ainda não sentenciadas, foram 
atingidas, já que houve alteração de competência em razão 
de matéria. 
!  O STF editou súmula vinculante nº 22 sobre a matéria: 
 
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as 
ações de indenização por danos morais e patrimoniais 
decorrente de acidente de trabalho propostas por empregado 
contra empregador, inclusive aquelas que ain- da não 
possuíam sentença de mérito em primeiro grau, quando da 
promulgação da Emenda Constitucional 45/2004. 
99"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
100"
TEORIA GERAL DO 
PROCESSO 
Ferradoza	
BIBLIOGRAFIA 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
 
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada 
Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do 
processo. 30 ed. Revista, atualizada e aumentada. São 
Paulo : Malheiros, 2014. 
 
BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR: 
 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria geral do processo. 5° 
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores, 2001. 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual 
Civil: Rio de Janeiro: Forense, 2003. 
 
 
101"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza	
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20 ed. De 
acordo com a Lei nº 12.736/2012. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil 
esquematizado. 3 ed. rev. e atual. São Paulo; Saraiva, 2013. 
 
102"
 TEORIA GERAL DO PROCESSO Ferradoza

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