Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO AULA 5 - CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE – LEI N° 4.898/65 / TORTURA Futuros Aprovados! Sejam bem vindos a mais uma aula! Nesta aula finalizaremos a lei de Crimes Ambientais, e trataremos de dois importantes tópicos: o Abuso de Poder e a Tortura. Para facilitar o prosseguimento do tema e a arrumação das folhas (para os que imprimem), seguirei com a numeração da aula anterior e, posteriormente, recomeçaremos com a lei de abuso de autoridade. Vamos começar a subir mais um degrau rumo à aprovação? Bons estudos!!! **************************************************************************************************** 1.6 DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE Vimos na aula passada que a Lei nº 9.605/98 se utiliza dos artigos 29 ao 69 para tratar dos crimes contra o meio ambiente, e divide o assunto em cinco seções: 1. DOS CRIMES CONTRA A FAUNA; 2. DOS CRIMES CONTRA A FLORA; 3. DA POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS; 4. DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL; E 5. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL. As três primeiras espécies já foram estudadas na aula passada e agora trataremos das duas últimas classes de delitos. Vamos lá!!! Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 1.6.4 DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL Nessa seção da lei nº 9.605/98 são definidos os crimes contra o patrimônio cultural e o ordenamento urbano. Antes de qualquer coisa, devemos definir a diferença existente entre patrimônio cultural e natural para entender do que a Lei trata especificadamente. A Constituição Federal define o que seja o patrimônio cultural brasileiro da seguinte forma: Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. PATRIMÔNIO NATURAL ��� É AQUELE QUE SE RELACIONA COM OS ELEMENTOS QUE CONDICIONARAM A VIDA EM UM GRUPO BIOLÓGICO, COMPREENDENDO AS ESPÉCIES ANIMAIS, VEGETAIS E SEU EQUILÍBRIO, BEM COMO OS ELEMENTOS NATURAIS ESSENCIAIS À CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS SERES VIVOS. PATRIMÔNIO CULTURAL ��� É AQUELE QUE QUALIFICA A INTERAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE NATURAL E OS ESPAÇOS CONSTRUÍDOS OU MODIFICADOS PELO HOMEM NO DECORRER DA HISTÓRIA. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Agora que já sabemos os conceitos, vamos prosseguir com os delitos tipificados: CCRIIMEESS COONNTRAA OO OORRDENAMMENTO URBBANNO EE O PATTRRIMMÔNIOO CCULTTUURRALL PENA CONDUTA PENA DE DETENÇÃO, DE TRÊS MESES A UM ANO, E MULTA • PICHAR OU POR OUTRO MEIO CONSPURCAR EDIFICAÇÃO OU MONUMENTO URBANO (ART.65) ATENÇÃO � A LEI Nº 12.408/11 RETIROU O GRAFITE DO TIPO PENAL. ASSIM, POR SER UM DISPOSITIVO RECENTEMENTE MODIFICADO, É BEM PROVÁVEL QUE ESTEJA PRESENTE EM SUA PRÓXIMA PROVA!!! • SE O ATO FOR REALIZADO EM MONUMENTO OU COISA TOMBADA EM VIRTUDE DO SEU VALOR ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO, A PENA É DE 6 (SEIS) MESES A 1 (UM) ANO DE DETENÇÃO E MULTA. • NÃO CONSTITUI CRIME A PRÁTICA DE GRAFITE REALIZADA COM O OBJETIVO DE VALORIZAR O PATRIMÔNIO PÚBLICO OU PRIVADO MEDIANTE MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA, DESDE QUE CONSENTIDA PELO PROPRIETÁRIO E, QUANDO COUBER, PELO LOCATÁRIO OU ARRENDATÁRIO DO BEM PRIVADO E, NO CASO DE BEM PÚBLICO, COM A AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE E A OBSERVÂNCIA DAS POSTURAS MUNICIPAIS E DAS NORMAS EDITADAS PELOS ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS RESPONSÁVEIS PELA PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. PENA DE DETENÇÃO, DE SEIS MESES A UM ANO, E MULTA • PROMOVER CONSTRUÇÃO EM SOLO NÃO EDIFICÁVEL, OU NO SEU ENTORNO, ASSIM CONSIDERADO EM RAZÃO DE SEU VALOR PAISAGÍSTICO, ECOLÓGICO, ARTÍSTICO, TURÍSTICO, HISTÓRICO, CULTURAL, RELIGIOSO, ARQUEOLÓGICO, ETNOGRÁFICO OU MONUMENTAL, SEM AUTORIZAÇÃO DA AUTORIDADE COMPETENTE OU EM DESACORDO COM A CONCEDIDA. (ART.64) Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO PENA DE RECLUSÃO, DE UM A TRÊS ANOS, E MULTA • DESTRUIR, INUTILIZAR OU DETERIORAR BEM ESPECIALMENTE PROTEGIDO POR LEI, ATO ADMINISTRATIVO OU DECISÃO JUDICIAL. (ART.62) • ALTERAR O ASPECTO OU ESTRUTURA DE EDIFICAÇÃO OU LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO POR LEI, ATO ADMINISTRATIVO OU DECISÃO JUDICIAL, EM RAZÃO DE SEU VALOR PAISAGÍSTICO, ECOLÓGICO, TURÍSTICO, ARTÍSTICO, HISTÓRICO, CULTURAL, RELIGIOSO, ARQUEOLÓGICO, ETNOGRÁFICO OU MONUMENTAL, SEM AUTORIZAÇÃO DA AUTORIDADE COMPETENTE OU EM DESACORDO COM A CONCEDIDA. (ART.63) 1.6.5 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL Esta Seção discorre sobre os crimes contra a Administração Ambiental. São crimes que dizem respeito basicamente à conduta do funcionário público. Vamos analisar: CRRIIMEES CCONNTRA A ADMINIISTTRRAAÇÃO AAMMBIIEENNTAL PENA CONDUTA PENA DE DETENÇÃO, DE UM A TRÊS ANOS, E MULTA • CONCEDER O FUNCIONÁRIO PÚBLICO LICENÇA, AUTORIZAÇÃO OU PERMISSÃO EM DESACORDO COM AS NORMAS AMBIENTAIS, PARA AS ATIVIDADES, OBRAS OU SERVIÇOS QUE TENHAM A REALIZAÇÃO DEPENDENTE DE ATO AUTORIZATIVO DO PODER PÚBLICO. (ART.67) • DEIXAR, AQUELE QUE TIVER O DEVER LEGAL OU CONTRATUAL DE FAZÊ-LO, DE CUMPRIR OBRIGAÇÃO DE RELEVANTE INTERESSE AMBIENTAL. OBSERVAÇÃO: SE O CRIME É CULPOSO, A PENA É DE TRÊS MESES A UM ANO DE DETENÇÃO, SEM PREJUÍZO DA MULTA. (ART.68) • OBSTAR OU DIFICULTAR A AÇÃO FISCALIZADORA DO PODER PÚBLICO NO TRATO DE QUESTÕES AMBIENTAIS. (ART.69) • Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO PENA DE RECLUSÃO, DE UM A TRÊS ANOS, E MULTA • FAZER O FUNCIONÁRIO PÚBLICO AFIRMAÇÃO FALSA OU ENGANOSA, OMITIR A VERDADE, SONEGAR INFORMAÇÕES OU DADOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS EM PROCEDIMENTOS DE AUTORIZAÇÃO OU DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL. (ART.66) PENA DE RECLUSÃO, DE TRÊS A SEIS ANOS, E MULTA • ELABORAR OU APRESENTAR, NO LICENCIAMENTO, CONCESSÃO FLORESTAL OU QUALQUER OUTRO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, ESTUDO, LAUDO OU RELATÓRIOAMBIENTAL TOTAL OU PARCIALMENTE FALSO OU ENGANOSO, INCLUSIVE POR OMISSÃO. • SE O CRIME É CULPOSO: PENA - DETENÇÃO, DE UM A TRÊS ANOS. • SE DO ATO FALSO HOUVER DANO SIGNIFICATIVO AO MEIO AMBIENTE, A PENA É AUMENTADA DE 1/3 A 2/3. (ART.69-A) Vamos prosseguir, tratando agora das infrações administrativas definidas na lei. 1.6.6 DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Vimos até agora a grande quantidade de crimes contra o meio ambiente, normatizados pela lei nº 9.605/98. Ocorre que o legislador também se mostrou preocupado com as infrações administrativas ambientais. Mas o que são infrações administrativas? Qual a diferença para os crimes? Segundo a lei em questão, infrações administrativas ambientais são as ações ou omissões que violem as regras jurídicas dispostas sobre o meio ambiente, desde que não caracterizem CRIME. “PROFESSOR, POR FAVOR... CHEGA DE CRIME!... O MEIO AMBIENTE JÁ ESTÁ BEM PROTEGIDO!” OK, VOCÊ ESTÁ CERTO! REALMENTE SÃO MUITAS CONDUTAS DELITUOSAS, MAS NÃO TEM JEITO, POIS O CONHECIMENTO É QUE FARÁ DIFERENÇA EM SUA PROVA. ATENHA-SE AOS DELITOS MARCADOS EM VERMELHO, POIS SÃO OS QUE MAIS APARECEM EM PROVA. TENHA UMA NOÇÃO GERAL DAS CONDUTAS CRIMINOSAS. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO No art.70, a lei definidora dos crimes ambientais apresenta, de forma didática, que: Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. O supracitado artigo traz em seu parágrafo 1º importantes considerações a respeito das autoridades que possuem competência para a lavratura dos autos voltados às infrações ambientais. Além disso, como não poderia deixar de ser, define que a atuação da autoridade ambiental é plenamente vinculada, ou seja, tomando o funcionário público conhecimento de infração ambiental, deverá, imediatamente, proceder a apuração do fato. Observe o texto legal: § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. [...] § 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co- responsabilidade. Por fim, no parágrafo 2º, legitima o cada vez mais presente controle popular. Veja: § 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia. Do supra-exposto, PARA A SUA PROVA, 03 PONTOS IMPORTANTÍSSIMOS devem ser assimilados: Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 1.6.6.1 PRAZOS PARA APURAÇÃO E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS A lei nº 9.605/98 dispõe que as infrações ambientais serão apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito à ampla defesa e ao contraditório. Além disso, normatiza os prazos máximos do processo administrativo de infrações ambientais. Observe o texto legal: Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos: I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação; II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação; III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SEGUNDO A LEI, POSSUEM COMPETÊNCIA PARA OS ATOS DE LAVRATURA DE AUTOS E INSTAURAÇÃO DE PROCESSOS O SISNAMA E A MARINHA É PERMITIDA A PARTICIPAÇÃO POPULAR NA VERIFICAÇÃO DE IRREGULARIDADES AMBIENTAIS. CASO A AUTORIDADE AMBIENTAL TENHA CONHECIMENTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL E NÃO APURE IMEDIATAMENTE, PODE SER CARACTERIZADO COMO CO-RESPONSÁVEL. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação; IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação. Vamos esquematizar? PPRRAAZZOOSS DDOO PPRROOCCEESSSSOO AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOO • PARA O PAGAMENTO DE MULTA, CONTADOS DA DATA DO RECEBIMENTO DA NOTIFICAÇÃO. • PARA O INFRATOR OFERECER DEFESA OU IMPUGNAÇÃO CONTRA O AUTO DE INFRAÇÃO, CONTADOS DA DATA DA CIÊNCIA DA AUTUAÇÃO; • PARA O INFRATOR RECORRER DA DECISÃO CONDENATÓRIA À INSTÂNCIA SUPERIOR DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - SISNAMA, OU À DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, DO MINISTÉRIO DA MARINHA, DE ACORDO COM O TIPO DE AUTUAÇÃO; • PARA A AUTORIDADE COMPETENTE JULGAR O AUTO DE INFRAÇÃO, CONTADOS DA DATA DA SUA LAVRATURA, APRESENTADA OU NÃO A DEFESA OU IMPUGNAÇÃO; Seguindo nas infrações administrativas, a lei define no artigo 72 as sanções que poderão ser aplicadas. Veja: Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: I - advertência; II - multa simples; III - multa diária; Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; V - destruição ou inutilização do produto; VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade; VIII - demolição de obra; IX - suspensão parcial ou total de atividades; X – (VETADO) XI - restritiva de direitos. Posteriormente a lei segue definindo uma série de particularidades reverentes às supracitadas sanções. Apresentarei no quadro abaixo o que você precisa saber para a sua PROVA: SSAANNÇÇÕÕEESS DDAASS IINNFFRRAAÇÇÕÕEESS AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVAASS ADVERTÊNCIA; SERÁ APLICADA PELA INOBSERVÂNCIA DAS DISPOSIÇÕES DA LEI EM QUESTÃO. MULTA SIMPLES; SERÁ APLICADA SEMPRE QUE O AGENTE, POR NEGLIGÊNCIA OU DOLO, DEIXAR DE SANAR AS IRREGULARIDADES QUE TENHAM SIDO PRATICADAS, OU SE CAUSAR EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS DO SISNAMA OU DA CAPITANIA DOS PORTOS, DO MINISTÉRIO DA MARINHA. MULTA DIÁRIA SERÁ APLICADA SEMPRE QUE A INFRAÇÃO SE PROLONGAR NO TEMPO. APREENSÃO DOS ANIMAIS, PRODUTOS E SUBPRODUTOS DA FAUNA E FLORA, INSTRUMENTOS, PETRECHOS, EQUIPAMENTOS OU VEÍCULOS DE QUALQUER NATUREZA UTILIZADOS NA INFRAÇÃO; OBEDECERÃOAO DISPOSTO NO ART. 25 DA LEI. Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. § 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO DESTRUIÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DO PRODUTO; responsabilidade de técnicos habilitados. § 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. § 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. § 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. SUSPENSÃO DE VENDA E FABRICAÇÃO DO PRODUTO; SERÃO APLICADAS QUANDO O PRODUTO, A OBRA, A ATIVIDADE OU O ESTABELECIMENTO NÃO ESTIVEREM OBEDECENDO ÀS PRESCRIÇÕES LEGAIS OU REGULAMENTARES. EMBARGO DE OBRA OU ATIVIDADE; DEMOLIÇÃO DE OBRA; SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DE ATIVIDADES; RESTRITIVA DE DIREITOS. SUSPENSÃO DE REGISTRO, LICENÇA OU AUTORIZAÇÃO; CANCELAMENTO DE REGISTRO, LICENÇA OU AUTORIZAÇÃO; PERDA OU RESTRIÇÃO DE INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS; PERDA OU SUSPENSÃO DA PARTICIPAÇÃO EM LINHAS DE FINANCIAMENTO EM ESTABELECIMEN- TOS OFICIAIS DE CRÉDITO; PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, PELO PERÍODO DE ATÉ TRÊS ANOS. OBSERVAÇÃO SE O INFRATOR COMETER DUAS OU MAIS INFRAÇÕES AO MESMO TEMPO, RECEBERÁ, TAMBÉM, AS SANÇÕES CUMULADAS. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO TTODOOSS OS VVALLOORRESS ARRRECADDADOOSS EM PAGAMMEENNTTO DEE MUULLTTASS POORR IINFRAAÇÃOO AAMBIIENTAAL SEERÃÃO RREVVERTIDDOS AAO FFUUNDO NACCIOONNAAL DO MEEIO AAMBBIIEENTE.. 1.6.7 DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE Sobre o tema dispõe a lei nº. 9.605/98: Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para: I - produção de prova; II - exame de objetos e lugares; III - informações sobre pessoas e coisas; IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa; V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte. Do supra-exposto retiramos que levando em consideração a ordem pública e os bons costumes, SEMPRE RESGUARDANDO A SOBERANIA NACIONAL, o governo do Brasil cooperará com outro país, se solicitado, quando se tratar de preservação do meio ambiente, nos casos de: • PRODUÇÃO DE PROVA; • EXAME DE OBJETOS E LUGARES; • INFORMAÇÕES SOBRE PESSOAS E COISAS; • PRISÃO TEMPORÁRIA DA PESSOA PRESA, CUJAS DECLARAÇÕES TENHAM RELEVÂNCIA PARA A DECISÃO DE UMA CAUSA; • OUTRAS FORMAS DE ASSISTÊNCIA PERMITIDAS PELA LEGISLAÇÃO EM VIGOR OU PELOS TRATADOS DE QUE O BRASIL SEJA PARTE. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO A solicitação deverá ser dirigida ao MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la. Nos termos do parágrafo 2º do art. 77, a solicitação de auxílio deverá conter: • O NOME E A QUALIFICAÇÃO DA AUTORIDADE SOLICITANTE; • O OBJETO E O MOTIVO DE SUA FORMULAÇÃO; • A DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO PROCEDIMENTO EM CURSO NO PAÍS SOLICITANTE; • A ESPECIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOLICITADA; • A DOCUMENTAÇÃO INDISPENSÁVEL AO SEU ESCLARECIMENTO, QUANDO FOR O CASO. 1.6.8 DISPOSIÇÕES FINAIS Como a Lei em questão regula e dispõe sobre as sanções penais que devem ser impostas quando for verificada a existência de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, é claro que as normas do Código Penal e do Código de Processo Penal lhe são aplicáveis subsidiariamente. Observe: Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. ******************************************************************************************************* Caro(a) aluno(a), PARABÉNS!!! MAIS UM TÓPICO VENCIDO!!! Vamos, agora, dar início a mais um importante tema para sua prova, o abuso de autoridade. Bons estudos!!! ******************************************************************************************************* APENAS PARA CONHECIMENTO. NÃO É NECESSÁRIO “DECORAR”. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO ABUSO DE AUTORIDADE 1.1 INTRODUÇÃO Todos nós, através de um olhar atento, podemos notar grandes mudanças no comportamento social do Brasil. A sociedade está mais consciente dos seus direitos e já não admite, com a mesma passividade de antes, a presença no seu dia a dia de práticas abusivas de qualquer espécie. Lamentavelmente, ainda é grande o número de agentes que, no desempenho de suas funções, pensando no seu próprio bem estar, esquecem que sua função principal é garantir os interesses dos cidadãos. Assim, agem com violência gratuita e revoltante quando lhe convêm, usam sua posição para conquistar benefícios e até o “Você sabe com quem está falando?” ainda é frase usual de seu vocabulário. Desta forma, a fim de confrontar esses indivíduos que prejudicam a imagem do poder público frente à sociedade, a Lei n° 4.898/65, conhecida como Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade, vem cada vez mais ganhando força e aplicabilidade em nosso país. 1.2 DISPOSIÇÃO CONSTITUCIONAL E ABUSO DE AUTORIDADE O Brasil, como nação democrática, tem em sua Constituição Federal que: Art.5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade. Portanto, nenhuma forma de abuso de autoridade pode ser aceito impunemente em um país defensor das garantias individuais como o Brasil. E o que vem a ser um crime de abuso de autoridade? Trata-se de um crime que pode ser praticado por praticamente todos os integrantes da Administração Pública, estando em um cargo de autoridade ou não, desde que tenham poder funcional para determinar alguma conduta. Portanto, é um delito amplo, com grandes possibilidades de punição aos autores das condutas típicas. Apesar dessa amplitude, notamos que os abusos de autoridade que ocorrem com mais freqüência são os praticados pelas autoridades policiais, Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO principalmente os ligados à liberdade individual, como no caso de buscas e apreensões, abordagens pessoais e operações policiais fora dos parâmetros legais. O abuso será caracterizado quando a autoridade praticar, omitir ou retardar ato, no exercício da função pública, para embaraçar ou prejudicar os direitos fundamentais do cidadão garantidos na Constituição Federal, como, por exemplo, a liberdade individual, a integridade física e moral, a intimidade, a vida privada e a inviolabilidade do domicílio. É necessário ressaltar, desde já, que o abuso de autoridade é um delito de atentado. “Mas, professor... O que isso quer dizer?” Bom, de uma maneira geral, quando um fato ilícito não se completa, dizemos que houve uma tentativa de praticar o crime, cuja conduta, é claro, tem pena menor que o crime consumado. O mesmo não se dá com os crimes descritos como abuso de autoridade, pois o simples ato de atentar contra os direitos e liberdades das pessoas já é suficiente para caracterizar a consumação do crime. Vamos começar a compreender melhor e esmiuçar estes conceitos! 1.3 DISPOSIÇÕES LEGAIS 1.3.1 DIREITO DE REPRESENTAÇÃO CONTRA ABUSO DE AUTORIDADE A Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade, Lei n°4.898/65, vem regular o direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal nos casos de abuso de autoridade, ou seja, a violação à presente lei poderá acarretar responsabilidade nas três esferas (administrativa, civil e penal). Observe: Art.1°. O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei. “Mas quem pode representar contra abusos de autoridade?” Qualquer pessoa pode pleitear perante as autoridades competentes a punição dos responsáveis por abuso. Trata-se do direito de representação previsto na Constituição Federal nos seguintes termos: Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Art.5° [...] XXXIV - O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. (grifei) “Como vai ser exercido esse direito de representação?” O artigo 2º da lei de Abuso de Autoridade disciplina o exercício do direito constitucional de representação. Assim, qualquer pessoa que for vítima de abuso de autoridade poderá, direta, pessoalmente e SEM A NECESSIDADE DE ADVOGADO, encaminhar sua delação à autoridade civil ou militar competente para a apuração e a responsabilização do agente. Art.2° O direito de representação será exercido por meio de petição. a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção; b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada. Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver. A representação deverá ser encaminhada para a autoridade superior, ou seja, para a autoridade que tiver competência para aplicar sanção ao indivíduo que cometeu o ato ilícito. Além disso, deve também ser encaminhada ao Ministério Público a fim de que as providências criminais sejam tomadas. 1.3.1.1 REPRESENTAÇÃO - FORMALIDADES A lei exige uma série de formalidades para a confecção da representação. Segundo o dispositivo legal, será feita em duas vias, contendo os seguintes requisitos: 1. EXPOSIÇÃO DO FATO COM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS; 2. QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO; E 3. ROL DE TESTEMUNHAS. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Bom, Caro (a) aluno (a), estamos falando constantemente em representação e, com certeza, você que já estudou ou tem ao menos uma noção de Processo Penal deve estar pensando: “Essa representação é necessária para que a correspondente ação penal seja iniciada, ou seja, estamos aqui tratando de delitos de ação penal pública condicionada ou incondicionada?” Pela leitura inicial do dispositivo, temos a nítida impressão de ser a representação condição objetiva de procedibilidade, tal qual ocorre nas ações penais públicas condicionadas. Mas a resposta para este questionamento é encontrada na Lei nº 5.249/67, que dispõe em seu artigo 1º: Art. 1º A falta de representação do ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, na obsta a iniciativa ou o curso de ação pública. Assim, diante do supra exposto, fica claro que a ação é pública incondicionada, ou seja, pode ser iniciada pelo Ministério Público, independentemente da vontade da vítima do abuso. Para complementar, observe o julgado: Por fim, quanto às formalidades, do exposto, podemos resumir: DDAADDOOSS NNEECCEESSSSÁÁRRIIOOSS PPAARRAA PPEETTIIÇÇÃÃOO EEMM CCAASSOOSS DDEE AABBUUSSOO DDEE AAUUTTOORRIIDDAADDEE • A REPRESENTAÇÃO DEVERÁ SER EM DUAS VIAS; • EXPOSIÇÃO DO FATO CONSTITUTIVO DO ABUSO DE AUTORIDADE; • DETALHAMENTO DE TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS; • QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO; • ROL DE TESTEMUNHAS, NO MÁXIMO TRÊS, SE AS HOUVER. STJ, HC 59591/RN, DJ 15.08.2006 Em se tratando de crime de abuso de autoridade Lei nº 4.898/65 - eventual falha na representação, ou mesmo sua falta, não obsta a instauração da ação penal. Art. 1º da Lei nº 5.249/67, que prevê, expressamente, não existir, quanto aos delitos de que trata, qualquer condição de procedibilidade (Precedentes do STF e do STJ) . Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 1.3.2 AUTORIDADE Caro (a) aluno (a), até agora falamos muito na palavra “AUTORIDADE”. Mas o que vem a ser, juridicamente, “autoridade”? Na conceituação legal, considera-se autoridade quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. É necessário que a pessoa esteja no exercício da função pública, ainda que não perceba remuneração dos cofres públicos. Veja: Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. Através do conceito, podemos citar como “autoridades”: • OS TITULARES DE CARGOS PÚBLICOS; • O VEREADOR; • O GUARDA-CIVIL MUNICIPAL; • O SERVENTUÁRIO DA JUSTIÇA; • ETC. É importante citar que o conceito não abrange os que exercem múnus e não função pública. Podemos citar os seguintes agentes: MÚNUS PÚBLICO EXPRESSÃO USADA, SOBRETUDO NO MEIO JURÍDICO, PARA DESIGNAR UM CARGO PÚBLICO QUE, COMO REFERE O DICIONÁRIO AURÉLIO, IMPLICA ENCARGOS EM BENEFÍCIO DA SOCIEDADE. É O QUE PROCEDE DE AUTORIDADE PÚBLICA OU DA LEI E QUE OBRIGA O INDIVÍDUO A CERTOS ENCARGOS EM BENEFÍCIO DACOLETIVIDADE OU DA ORDEM SOCIAL. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO • TUTORES; • DEPOSITÁRIO JUDICIAL; • SÍNDICOS DE MASSA FALIDA; • INVENTARIANTES JUDICIAIS • ETC. 1.3.3 CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE Os crimes de abuso de autoridade encontram-se dispostos nos arts. 3° e 4° da lei nº 4.898/65. Esses crimes consumam-se com o atentado aos direitos e às garantias fundamentais previstos no art. 3º e por meio das ações ou omissões descritas pelo art. 4º, bastando o perigo de dano. O art. 3º dispõe que: Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79) Vamos analisar cada caso: Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO CCOONNSSTTIITTUUII AABBUUSSOO OO ATTENTAADO CONTRRA:: OOBBSSEERRVVAAÇÇÕÕEESS:: A LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, temos: LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; Do exposto, retiramos que a regra no nosso país é a NÂO PRISÃO, sendo admitida, a privação nos casos de: • Prisão em flagrante; • Ordem Judicial; • Prisão administrativa do Militar. Assim, caro concurseiro, qualquer questão de prova que demonstre a privação de liberdade fora das possibilidades admitidas constituirá ABUSO DE AUTORIDADE. Observação: Existem alguns casos de detenção momentânea para a manutenção da ordem pública e o bem do cidadão, que não se configura como uma prisão. É o caso, por exemplo, de desordeiros sob efeito de álcool que são detidos para que passe o efeito da substância e se previna problemas à sociedade. A autoridade entra em contato com algum parente para comunicar o fato e o mantém em lugar seguro até que alguém venha buscá-lo. É claro que nesse caso não há nenhum abuso de autoridade por parte da autoridade que o deteve. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO A INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, temos: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Para alcançarmos o conceito de casa, recorremos ao Código Penal, que dispõe: Art.150 [...] §4°. A expressão “casa” compreende: I – qualquer compartimento habitado; II – aposento ocupado de habitação coletiva; III – compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Assim, segundo a Constituição, podemos afirmar ser possível entrar na casa de outrem, sem ser considerado abuso de autoridade, nas seguintes hipóteses: • Consentimento do morador; • Flagrante delito; • Para prestar socorro; • No caso de desastre; e • Mediante mandado judicial (durante o dia). Portanto, segundo o que determina o parágrafo acima, a casa, o quarto e a pensão, o hotel ou o motel, o consultório de um médico, o atelier de um artista, o escritório de um advogado são alguns exemplos de locais que, caso violados fora das possibilidades definidas em lei, caracterizado estará o abuso de autoridade Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO O SIGILO DA CORRESPONDÊNCIA De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, temos: XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Existem hipóteses nas quais esta regra pode ser excepcionada, como no caso dos que cumprem pena, cuja correspondência pode ser censurada pelo diretor do estabelecimento penal (STF). Observação: Quem violar o sigilo da comunicação telefônica não responderá por crime de abuso e sim pela Lei 9.296/96. A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA / AO LIVRE EXERCÍCIO DO CULTO RELIGIOSO De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, temos: VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; Obviamente que esta liberdade não atinge um grau absoluto, sendo excepcionada pela doutrina e pela jurisprudência, em situações tais como: • A proibição de eventos religiosos simultâneos que possam causar conflito entre seus integrantes. • A proibição ou restrição de manifestações religiosas contrárias à ordem pública, à moral e à tranqüilidade, como no caso de cultos com potentes alto-falantes que incomodem o entorno. • A designação/determinação pelas autoridades competentes do trajeto a ser feito por procissões religiosas. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, temos: XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; Perceba que a Carta Magna não atribui restrições ao direito de associação, diferentemente do que faz com as cooperativas. Associar-se é unir-se para um determinado fim comum, com a liberdade excepcionada pela própria Constituição Federal no que diz respeito a associações de caráter paramilitar e associações com fins não lícitos. OS DIREITOS E AS GARANTIAS LEGAIS ASSEGURADOS AO EXERCÍCIO DO VOTO; Aqui não há muito o que se comentar, pois sabemos que o voto é um direito de todo cidadão e, qualquer violação a este direito, constituirá abuso de autoridade. O DIREITO DE REUNIÃO Dispõe o artigo 5º da Carta Magna: XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;A reunião é a presença de várias pessoas em um local determinado para deliberações ou manifestações em conjunto, e pela Constituição Federal deverá ser realizada em locais abertos ao público e de modo pacífico, sem presença de armas. Não será considerado abuso de autoridade proibir: Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO • Reuniões com fins ilícitos • Reuniões com fins bélicos • Reuniões de membros armados • Reuniões em locais proibidos • Reuniões realizadas sem prévio aviso à autoridade. A INCOLUMIDADE FÍSICA DO INDIVÍDUO Ao falamos na incolumidade física do indivíduo, pensamos logo na violência como forma de violação a esse direito. No caso do abuso é cabível tanto a violência real, ou seja, as que causam lesões, (sejam elas leves ou graves) quanto a violência moral, isto é, aquela que não provoca danos externos visíveis, como a tortura psicológica ou o uso de substâncias do tipo do “soro da verdade”, gazes tóxicos etc. OS DIREITOS E AS GARANTIAS LEGAIS ASSEGURADOS AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Sobre o tema, trata a Constituição: XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; A Constituição garante ao indivíduo, desde que legalmente regulamentado para o exercício de sua profissão, o direito de exercê-la livremente. Qualquer impedimento nesse sentido será considerado um crime de abuso de autoridade. Como exemplos tirados da jurisprudência, temos o caso de um juiz de direito da comarca que baixou uma portaria impedindo advogado de ingressar no fórum, conduta de policial que proíbe ou dificulta a comunicação do advogado com seu cliente, e muitos outros casos. Continuando com a enumeração dos delitos, dispõe o artigo 4º da Lei de Abuso de Autoridade: Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89) Segundo o entendimento majoritário, em caso de conflito aparente de normas, os tipos definidos no art. 4º prevalecem sobre os do art. 3º, pois são considerados mais específicos. Vamos analisar: CCONSTTITTUUII TAAMBBÉMM AABUUSO DE AUTORIDADDE OBSSERVAAÇÕES:: ORDENAR OU EXECUTAR MEDIDA PRIVATIVA DA LIBERDADE INDIVIDUAL, SEM AS FORMALIDADES LEGAIS OU COM ABUSO DE PODER Conforme comentários anteriores, qualquer prisão sem a devida observação das normas legais se constitui em uma prática de crime de abuso de autoridade. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO SUBMETER PESSOA SOB SUA GUARDA OU CUSTÓDIA A VEXAME OU A CONSTRANGIMENTO NÃO AUTORIZADO EM LEI Qualquer tipo de constrangimento, humilhação ou restrição não autorizada em lei é considerado vexame e sua prática é punida como crime de abuso. Obrigar detento a dar entrevista à imprensa, colocar grilhões em preso ou mantê-lo em cela escura são alguns exemplos de condutas que podem caracterizar abuso de autoridade. Neste sentido, dispõe a Carta Magna em seu artigo 5º: XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; DEIXAR DE COMUNICAR, IMEDIATAMENTE, AO JUIZ COMPETENTE A PRISÃO OU DETENÇÃO DE QUALQUER PESSOA De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, temos: LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; Repare na expressão “imediatamente” usada na sanção acima. A comunicação é obrigação legal e deverá ser feita AO JUIZ logo após o término da lavratura do auto de prisão em flagrante. Atenção: Se logo após a prisão de um indivíduo sua família não for comunicada, imediatamente, a autoridade infringirá o crime da alínea “a”, que é o de não seguir as formalidades legais ao ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual. DEIXAR O JUIZ DE ORDENAR O RELAXAMENTO DE PRISÃO OU DETENÇÃO ILEGAL QUE LHE SEJA Crime próprio praticado unicamente pelo juiz, que tem o dever constitucional de fazê-lo. Segundo a Constituição: Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO COMUNICADA. Art.5 [...] LXV- A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. LEVAR À PRISÃO E NELA DETER QUEM QUER QUE SE PROPONHA A PRESTAR FIANÇA, PERMITIDA EM LEI. Segundo o art. 5º da CF, temos: LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; Mas e se a autoridade não nega a fiança, mas a arbitra de maneira abusiva? Neste caso, será penalizado pelo crime tipificado na alínea “a”, já que não se pode dizer que, claramente, a autoridade negou a possibilidade de fiança. COBRAR O CARCEREIRO OU AGENTE DE AUTORIDADE POLICIAL CARCERAGEM, CUSTAS, EMOLUMENTOS OU QUALQUER OUTRA DESPESA, DESDE QUE A COBRANÇA NÃO TENHA APOIO EM LEI, QUER QUANTO À ESPÉCIE QUER QUANTO AO SEU VALOR. A cobrança de valores dos presos é indevida, caracterizando esta prática o abuso de autoridade. O ATO LESIVO DA HONRA OU DO PATRIMÔNIO DE PESSOA NATURAL OU JURÍDICA, QUANDO PRATICADO COM ABUSO OU DESVIO DE PODER OU SEM COMPETÊNCIA LEGAL. A aplicação arbitrária de multas, apreensão ilegal de veículo, despejo violento e humilhante e detenção ilícita de documentos pessoais são algumas das modalidades de realização da figura típica. PROLONGAR A EXECUÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA, DE PENA OU DE MEDIDA Essa alínea foi acrescentada em 1989 pela Lei 7.960, que dispõe sobrea prisão temporária. Determina a lei que a prisão temporária só pode Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO DE SEGURANÇA, DEIXANDO DE EXPEDIR EM TEMPO OPORTUNO OU DE CUMPRIR IMEDIATAMENTE ORDEM DE LIBERDADE. ser decretada durante o inquérito policial e terá duração máxima de cinco dias, passível de uma prorrogação de igual período. A Lei que dispõe sobre a prisão temporária determina que, quando o prazo de cinco dias tiver terminado, cabe ao próprio delegado que preside o inquérito mandar expedir o alvará de soltura, caso não tenha sido decretada a prisão preventiva. Atente que este item não trata só de prisão temporária. O mesmo dispositivo vale também nos casos de prisão e de medida de segurança. No caso de término de cumprimento de pena, caso o juiz da execução não providencie a ordem e liberdade, vai incidir no crime de abuso. Da mesma forma incidirá o diretor da penitenciária, caso não execute e solte o preso, imediatamente, após recebimento da ordem de soltura. No caso de medida de segurança, a obrigação de soltar o preso será do diretor do estabelecimento, que deverá fazê-lo assim que receber a ordem judicial. Observação: Lembre-se de que nos crimes hediondos a prisão temporária é de 30 dias, com possível prorrogação de mais 30 dias (Lei 8.072/90). 1.3.4 SANÇOES APLICADAS NO CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE Até agora falamos dos muitos dos crimes, mas e as penalizações? Vamos começar a conhecê-las a partir de agora. As sanções aplicadas aos crimes de abuso de autoridade são determinadas em três esferas diferentes e autônomas, a civil, a administrativa e a penal. Sendo assim, fica claro que um indivíduo pode só sofrer uma sanção administrativa e não sofrer uma penal ou mesmo ter aplicada apenas uma penalização civil em determinado caso. Por esta razão, desde já é importante deixar claro que não se trata a Lei que dispõe sobre o Abuso de Autoridade de um diploma exclusivamente penal, mas predominantemente. Observe: Alguém pode me soltar? Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Art.6° O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal. 1.3.4.1 SANÇOES ADMINISTRATIVAS As sanções administrativas estão dispostas no § 1º do art. 6° e serão aplicadas de acordo com a gravidade do abuso cometido. Veja: § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em: a) advertência; b) repreensão; c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens; d) destituição de função; e) demissão; f) demissão, a bem do serviço público. Podemos resumir: A) ADVERTÊNCIA��� A MAIS AMENA DAS SANÇÕES, MERAMENTE VERBAL. B) REPREENSÃO � DIFERE DA ADVERTÊNCIA POR SER FORMALIZADA POR ESCRITO. C) SUSPENSÃO DO CARGO ��� O AGENTE FICA PREJUDICADO EM RELAÇÃO AO VENCIMENTO E BENEFÍCIOS DURANTE O PERÍODO DE SUSPENSÃO. D) DESTITUIÇÃO DE FUNÇÃO (DE CONFIANÇA OU CARGO COMISSIONADO) ��� O AGENTE, CASO EFETIVO, PERMANEÇE INTEGRANDO OS QUADROS DA ADMINISTRAÇÃO. E) DEMISSÃO ��� SAÍDA COMPULSÓRIA DOS QUADROS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. F) DEMISSÃO A BEM DO SERVIÇO PÚBLICO ��� USADA NOS CASOS MAIS GRAVES, COMO CORRUPÇÃO, PECULATO ETC. 1.3.4.2 SANÇÃO CIVIL Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Apresentada no art. 6°, §2°, a sanção civil não tem mais aplicabilidade “nos termos da lei”, pois este parágrafo determina que: Art. 6º [...] §2° A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros. Esse parágrafo foi escrito há 44 anos e logicamente a moeda corrente não é mais o “cruzeiro”. Como não sabemos quanto significa o citado valor na moeda atual e a doutrina e jurisprudência entendem pelo não cabimento de correção monetária, não é possível o cálculo do valor para a imposição desta sanção. Atenção que isso não quer dizer que não há mais penalidades civis para o crime de abuso de autoridade. Hoje em dia, a vítima deverá ser levada ao juízo cível onde o dano sofrido será analisado e, caso cabível, mensurado monetariamente pelo Magistrado. 1.3.4.3 SANÇÃO PENAL Agora, futuro (a) Policial Federal, atenção TOTAL!!! As possíveis sanções penais estão dispostas no §3° do art. 6°, tendo sua aplicação de acordo com as regras do Código Penal. Consistirão em: A) MULTA DE CEM A CINCO MIL CRUZEIROS, QUE PASSA A USAR O SISTEMA DO CÓDIGO PENAL DE DIAS-MULTA. (ARTS. 49 E SEGUINTES) B) DETENÇÃO DE 10 DIAS A 06 MESES; C) PERDA DO CARGO E INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE QUALQUER OUTRA FUNÇÃO PÚBLICA POR PRAZO DE ATÉ TRÊS ANOS. Atente para o fato de que não existe na Lei uma regra objetiva para as sanções penais, cabendo ao juiz analisar e escolher a pena que julgar justa ao crime. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Cabe ressaltar que, segundo a Lei, as penalizações podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. Finalmente, o último parágrafo do art. 6° traz uma pena específica para autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, que tenha praticado o crime de abuso. Caso se confirme o crime, o agente não poderá exercer funções de natureza policial ou militar no município onde vinha prestando serviço, por um prazo de 01 a 05 anos. Observe: § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos. 1.3.4.4 REPERCUSSÃO DA SENTENÇA PENAL A regra diz que cada instância deve seguir o procedimento que lhe é peculiar, porem é correto afirmar que há interação entre as esferas Penal, Civil e Administrativa. Primeiramente, para a análise dos efeitos, há de se notar que a sentença penal condenatória pode determinar a condenação criminal do servidor, ou, a sua absolvição, que pode se fundamentar em três situações distintas: A) NEGATIVA DE AUTORIA OU DO FATO, B) AUSÊNCIA DE CULPABILIDADE PENAL; C) AUSÊNCIA DE PROVAS. Assim, conforme ensina o professor Hely Lopes Meirelles, "Direito Administrativo Brasileiro", tem-se quatro hipóteses a serem analisadas. São elas: A primeira, que trata da condenação penal, produz efeitos diretos em relação ao processo administrativo, fazendo coisa julgada relativamente à culpa do agente, sujeitando-o à reparação do dano e às punições administrativas. Na segunda hipótese, qual seja de absolvição por negativa da autoria ou do fato, a sentença criminal também produz efeitos na esfera administrativa e civil, eis que impede a responsabilização ao funcionário.Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Quanto à terceira hipótese - absolvição ou ausência de culpabilidade penal - a absolvição criminal não produz efeito algum nos âmbitos civis e administrativos, sendo que a Administração poderá ajuizar ação de regresso de indenização e condená-lo à infração disciplinar administrativa, já que houve apenas a declaração de não existência de ilícito penal, o que não afasta a punição civil e administrativa. Por fim, na quarta hipótese, a absolvição criminal também não produz qualquer efeito no juízo cível e administrativo, já que a insuficiência de prova da ação penal não impede que se comprovem a culpa administrativa e a civil Tal entendimento está há tempos consolidado na súmula 18 do STF nos seguintes termos: Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público. 1.3.5 PROCEDIMENTOS NOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE Trataremos neste tópico do procedimento Administrativo, Civil e Penal quando do cometimento de uma afronta a dispositivo da lei nº 4.898/65. 1.3.5.1 PROCESSO ADMINISTRATIVO Recebida a representação, a autoridade competente irá baixar portaria determinando a instauração de inquérito ou sindicância para apurar o fato. Neste momento, será nomeada comissão que determinará a citação do agente e aguardará a apresentação de defesa prévia. Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato. § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo. O procedimento administrativo, por ser independente, não deverá ser interrompido a fim de aguardar decisão judicial penal. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO § 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade infratora. Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade civil ou militar. 1.3.5.2 PROCESSO CIVIL Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Processo Civil. Caro aluno, como não cai Processo Civil na sua prova, não se preocupe com esse item. 1.3.5.3 PROCESSO PENAL Regra geral, aos delitos relacionados na lei de abuso de autoridade, é aplicável o procedimento sumaríssimo, cabível para os crimes de menor potencial ofensivo. Nos termos da lei nº 9.099/95: Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. “Mas, professor... Eu tenho que ter conhecimento do rito sumaríssimo previsto na citada lei?” A resposta é negativa, pois tal assunto não é exigido nas provas para a Polícia Federal. Ocorre, todavia, que em alguns casos o procedimento sumaríssimo não pode ser aplicado por expressa determinação legal. Isto ocorre em situações, tais como: Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 1. Quando o acusado não for encontrado para ser citado, hipótese em que o Juiz enviará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. 2. Se a complexidade da causa não permitir denúncia, o MP poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças existentes ao juízo comum. Para estes casos de não cabimento do rito sumaríssimo será aplicado o procedimento definido na Lei de Abuso de Autoridade, e, para a sua PROVA, é com relação a este rito que você deve ter atenção, ok? De acordo com a lei nº 4.898/65 o processo penal desenvolve-se da seguinte forma: 1. Recebidos os autos do inquérito ou informações que embasem uma denúncia do Ministério Público (o inquérito não é obrigatório), esta será oferecida independentemente de representação da vítima (ação penal pública incondicionada). Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso . 2. A denúncia deverá ser feita em duas vias no prazo de 48 horas do recebimento da documentação supracitada. Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e julgamento. 3. Mas e se o Ministério Público, por inércia, não oferecer denúncia no prazo correto? Neste caso, assim como ocorre no processo penal tradicional, caberá a chamada ação penal privada subsidiária da pública, na qual a vítima assume TEMPORARIAMENTE a titularidade da ação, cabendo ao Ministério Público retomá-la a qualquer tempo. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 4. Agora uma regra que vai “doer” para quem já estudou Processo Penal: Se o crime deixar vestígios, NÃO HÁ NECESSIDADE DE PROVA PERICIAL, PODENDO ESTA SER SUPRIDA PELO DEPOIMENTO DE DUAS TESTEMUNHAS. Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas testemunhas qualificadas; b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as verificações necessárias. 5. O perito ou as testemunhas elaborarão um relatório que poderão apresentar em juízo verbalmente ou por escrito. § 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento. 6. Após recebidos os autos, o Magistrado terá um prazo de 48 HORAS para receber ou rejeitar a denúncia. 7. Caso receba, designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro de cinco dias. Além disso, o réu será citado. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVOArt. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. § 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente dentro de cinco dias. § 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da representação e da denúncia. 8. Aberta a audiência, o Juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver presente. Ouvidos o perito e, em seguida, as testemunhas de acusação e defesa, o juiz dará palavra, sucessivamente, ao Ministério Público e ao defensor do acusado, para os debates, pelo prazo de 15 minutos, prorrogáveis por mais 10 para cada um. Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver presente. Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo. Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do Juiz. 9. Encerrados os debates, o Magistrado proferirá imediatamente a sentença. Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sentença. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Tratamos até aqui da situação em que a denúncia é feita. Mas e se o Ministério Público entender pelo arquivamento da representação? Pode ele arquivar diretamente? Tal qual ocorre no processo penal tradicional, a resposta é negativa, pois neste caso cabe aplicabilidade do art. 15, que dispõe: Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia requerer o arquivamento da representação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. Observe: MINISTÉRIO PÚBLICO JUIZ Oferecer denúncia Solicitar arquivamento ARQUIVAMENTO PROCURADOR GERAL Determinar ou oferecer a denúncia DDeetteerrmmiinnaarr ao Juiz o arquivamento SIM NÃO Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 1.3.6 USO DE ALGEMAS A possibilidade do uso de algemas sempre foi assunto controverso em nosso país. Que podia ser utilizada em algumas situações, ninguém discordava, mas quando o uso seria tipificado como abuso de autoridade? Devido à falta de um disciplinamento claro, situações problemáticas começaram a ocorrer, como em 07 de agosto de 2008, quando o uso de algemas durante um Júri Popular em São Paulo gerou a anulação da condenação de um indivíduo. Anulação essa proferida pelo STF. A fim de acabar com estes problemas e disciplinar claramente o assunto, o Supremo Tribunal Federal, através da súmula vinculante nº11, proposta em sessão realizada em 13.08.08 no STF, impôs o seguinte regramento quanto ao uso de algemas: ******************************************************** Passemos, agora, ao último tema de nossa aula! ******************************************************** SÓ ÉÉ LÍCCIITOO NOO CAASSO DE RESSIISSTTÊNCCIA E DDE FFUNNDADDOO RECEIO DE FUUGA OU DDE PPEERIIGGOO À IINNTTEGRRIDADDEE FFÍSICA PRÓPPRRIIA OUU ALHHEIA, PPOR PARTE DDO PRESO OU DDEE TERRCEIROS,, JJUSSTIFIICCAADA AA EXXCEPCCIONAALLIDAADDE POOR EESSCCRRIITTOO,, SSOOBB PPEENNAA DDEE RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE DDIISSCCIIPPLLIINNAARR CCIIVVIILL EE PPEENNAALL DDOO AAGGEENNTTEE OOUU DDAA AAUUTTOORRIIDDAADDEE,, EE DDEE NNUULLIIDDAADDEE DDAA PPRRIISSÃÃOO OOUU DDOO AATTOO PPRROOCCEESSSSUUAALL AA QQUUEE SSEE RREEFFEERREE,, SSEEMM PPRREEJJUUÍÍZZOO DDAA RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE CCIIVVIILL DDOO ESTTAADDO.. Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO CRIMES DE TORTURA - (LEI Nº. 9.455/97) 1.1 TORTURA – CONCEITOS GERAIS O primeiro ponto para a correta compreensão da lei nº. 9.455/97 é o conhecimento de que ela define regras especiais sobre o crime de tortura, estando, entretanto, vinculada às seguintes normas definidas pela Constituição Federal: Art. 5º - [...]. III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...]. XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 1.1.1 CONCEITO Mas o que quer dizer a palavra tortura? É simplesmente o castigo corporal? A resposta é negativa. Podemos afirmar que tortura é a imposição de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão, informação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura. 1.1.2 CARACTERÍSTICAS Conforme os supracitados incisos do art. 5º da Carta Magna, podemos listar as seguintes características para o crime de tortura: O CRIME DE TORTURA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL • É INAFIANÇÁVEL; • É INSUSCETÍVEL DE GRAÇA OU ANISTIA (EXCLUDENTES DE PUNIBILIDADE); • É PRESCRITÍVEL, POIS APENAS O RACISMO E AS AÇÕES DE GRUPOS ARMADOS, CIVIS OU MILITARES, CONTRA A ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO SÃO IMPRESCRITÍVEIS (ART. 5º, XLII E XLIV). Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Observe interessante e recente julgado: 1.2 TORTURA – ANÁLISE LEGAL 1.2.1 DEFINIÇÕES Até 1997 não tínhamos no Brasil nenhuma lei específica sobre o assunto tortura. Ela já estava contemplada no art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente, porém, de forma totalmente aberta. Observe: Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura. (Revogado) A chamada lei da tortura trouxe muitas novidades para nosso ordenamento jurídico (definição de crimes, regulação de aspectos processuais etc.) e veio, em síntese, suprir omissão indesculpável do legislador brasileiro. A lei nº. 9.455/97 define logo em seu art. 1º o que, efetivamente, constitui crime de tortura. Observe: Art. 1º Constitui crime de tortura:I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; STF, HC 102.294/PA, DJ 03.05.2010 A proibição de liberdade provisória, nos casos de crimes hediondos e equiparados, decorre da própria inafiançabilidade imposta pela Constituição da República à legislação ordinária (Constituição da República, art. 5º, inc. XLIII). O art. 2º, inc. II, da Lei n. 8.072/90 atendeu o comando constitucional, ao considerar inafiançáveis os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos. Inconstitucional seria a legislação ordinária se dispusesse diversamente, tendo como afiançáveis delitos que a Constituição da República determina sejam inafiançáveis. (grifei) Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. Vamos analisar os delitos definidos na lei começando com o primeiro inciso do supracitado artigo. A conduta tipificada no inciso I apresenta três figuras penais caracterizadoras da tortura que podem ser definidas da seguinte forma: • TORTURA-PROVA ou TORTURA-PERSECUTÓRIA � Definida na alínea “a” do inciso “I”: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Exemplo: Imaginemos que Tício mediante tortura visa obter a confissão de Caio sobre um determinado delito. Neste caso estaremos diante da TORTURA-PROVA. • TORTURA-CRIME ou TORTURA PARA A PRÁTICA DE CRIME � Descrita na alínea “b” do inciso “I”: b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Exemplo: Caio, chefe de quadrilha, tortura Mévio para que este cometa determinado crime. • TORTURA-RACISMO ou TORTURA-DISCRIMINATÓRIA � Definida na alínea “c” do inciso “I”, trata da tortura em razão de discriminação racial ou religiosa: c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Assim, caro concurseiro, imagine que Mévio tortura Caio pelo fato de ele ser homossexual. Neste caso teremos a TORTURA- DISCRIMINATÓRIA??? É claro que não, pois neste exemplo estamos tratando de discriminação SEXUAL e não em virtude de raça ou religião. MUITA ATENÇÃO com o texto legal!!! Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 41 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Cabe ressaltar que é elementar do tipo presente no inciso I a expressão “violência ou grave ameaça”, ou seja, nas três figuras acima apresentadas, para a consumação do delito, deve ser empregada a violência ou grave ameaça com uma das três finalidades citadas. (Também, tortura sem violência ou grave ameaça é complicado, concorda?) Para finalizar, não raro o CESPE apresenta questões associando o crime de tortura a determinados institutos do Código Penal. Assim, vamos esquematizar o assunto: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO INCISO I DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO - São admitidas a tentativa e a desistência voluntária; - Trata-se de crime comum, pois tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa; - Não é admitido o arrependimento eficaz, pois não tem como desfazer o sofrimento físico ou mental; - É um crime material, pois o crime só se consuma quando ocorrer o resultado (sofrimento físico ou mental); - Não é admitido o arrependimento posterior, pois existe o emprego de violência ou grave ameaça à pessoa; - O elemento subjetivo é o dolo com uma das três finalidades citadas; e - A ação penal é pública e incondicionada. A desistência voluntária é um instituto do Direito Penal através do qual é atribuída penalização menos severa ao agente que embora tenha iniciado a execução de um ilícito, não o leva adiante, desistindo da realização típica. No direito penal brasileiro, arrependimento eficaz, ou arrepen-dimento ativo, é a ação efetuada pelo autor de crime que impede que o crime, já consumado, tenha efeitos. Ocorre quando o agente já realizou todos os atos previstos para a consumação do crime, arrependendo-se posterior-mente e assim evitando o resultado do crime. O arrependimento posterior está preceituado no art. 16 do Código Penal e é possível nos crimes praticados sem violência ou grave ameaça contra pessoa, desde que o agente voluntariamente, repare o dano ou restitua a coisa, antes do recebimento da denúncia ou da queixa Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 42 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO A partir de agora, começaremos a tratar do inciso II, do art. 1º, o qual define como crime de tortura o ato de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Esta figura penal caracterizadora do crime de tortura é chamada pela doutrina de TORTURA-CASTIGO, TORTURA-ABUSO ou TORTURA- MAUS-TRATOS. Podemos relacionar as seguintes características referentes ao citado texto legal: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO INCISO II - Trata-se de crime próprio em relação ao sujeito ativo (somente pode ser cometido por quem possui autoridade, guarda ou poder sobre a vítima) e, também, próprio em relação ao sujeito passivo (somente pode ser cometido contra quem está sujeito a autoridade, guarda ou poder do sujeito ativo); - É um crime material, pois o crime só se consuma quando ocorrer o resultado (intenso sofrimento físico ou mental); - São admitidas a tentativa e a desistência voluntária; - Não é admitido o arrependimento eficaz, pois não tem como desfazer o intenso sofrimento físico ou mental; - Não é admitido o arrependimento posterior, pois existe o emprego de violência ou grave ameaça à pessoa; - O elemento subjetivo é o dolo com a finalidade específica de aplicar um castigo pessoal ou uma medida de caráter preventivo; e - A ação penal é pública e incondicionada. Finalizando essa parte referente a condutas típicas definidas no art. 1º, o parágrafo 1º define que: Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 43 CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. Esta situação acima apresentada é chamada pela doutrina de TORTURA DO PRESO OU TORTURA DE PESSOA SUJEITA À MEDIDA DE SEGURANÇA e reforça os dispositivos existentes no Art. 4º, “b” da Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº. 4.898/65) e no artigo 5º, XLIX da Carta Magna, reproduzidos abaixo: Art. 4º [...] b) Constitui também
Compartilhar