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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Resumo

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� GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2016 
UNIDADE 1
LÍNGUA X VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Bibliografia básica: 
CEREJA, W.R.; MAGALHÃES, T.C. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 2003. 
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2001.
Nesta unidade, você encontrará alguns conceitos importantes para iniciar o estudo de Português Instrumental, em seu curso:
1. Língua: Para Marcuschi (2001), a língua é um fenômeno com múltiplas formas de manifestação, variável, fruto de práticas sociais e históricas, submetendo-se às condições de produção e se manifesta em situações de uso concretas como texto e discurso.
2. Variedades Linguísticas: As línguas não são uniformes, ou seja, não são faladas ou escritas da mesma maneira por todos que as usam; elas têm formas variáveis porque as sociedades são divididas em grupos.
Veja o que Horácio, poeta da antiguidade, ensina: 
“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma matrona autoritária ou uma ama dedicada; se um mercador errante ou um lavrador de pequeno campo fértil."
Assim, observamos que há algumas modalidades específicas de variação linguística:
2.1 Variação geográfica ou regional: o local em que pessoa mora determina sua pronúncia e seu vocabulário. Podemos notar na pronúncia de toda a região nordestina a abertura das vogais e/o, como em dezembro e colina, que são fechadas em outras regiões. Temos o chamado regionalismo: aipim/mandioca, guri/menino, jabá/charque/carne-seca. Outros exemplos:
Assaltante Mineiro: Ô sô, prestenção... Isso é um assalto, uai...Levanta os braços e fica quetin que esse trem na minha mão tá cheio de bala... Mió passá logo os trocado que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o que uai!! 
Assaltante Gaúcho: Ô guri, ficas atento... Báh, isso é um assalto. Levantas os braços e te quieta, tchê. Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.
Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/escolaintegral/pdf/Oficina3_VariacaoLinguistica.pdf> acesso em 16. fev.2012
2.2 Variação histórica: acontece no plano temporal. As palavras e expressões que deixaram de ser usadas constituem o que denominamos ascaísmos. Um exemplo dessa variante é encontrado na crônica Antigamente, de Carlos Drummond de Andrade.
Antigamente as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pés-de-alferes, arrastando as asas, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de cavalo magro. 
ANDRADE, C. D. Quadrante. 4. Ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1966.
 
2.3 Variação social: depende do ambiente familiar e da classe social do usuário da língua. São também fatores de diversidade linguística social o grau de educação, a idade e o sexo. A gíria é um tipo de linguagem especial, quase sempre criada por um grupo social, como o dos fãs de rock, dos presidiários, dos internautas. Vejamos algumas, segundo Cereja (2003, p. 18):
	Dos rappers
- atrás da muralha: presidiário
- bisteca: mulher bonita
- dar uma ripa: trabalhar
- goma: casa
	Dos bikers
- carniça: bicicleta ruim
- prego: ciclista sem preparo físico
- socador: ciclista veloz
- atacar: pedalar mais rápido
	Dos presidiários 
- truta: membro de quadrilha
- zebrar: dar errado, falhar
- rato: ladrão, “trombadinha”
- dar mala: dispensar
	Dos internautas
- playboy: homem rico
- filé: pessoa bonita
- patricinha: garota rica
- add: adicionar
2.4 Variação situacional: a situação de comunicação da fala e da escrita determina a escolha pelo nível: formal, com o emprego da língua culta, que obedece à gramática padrão; informal ou coloquial, em que é utilizada a língua do cotidiano, sem muitas preocupações com as normas. 
Como universitário e futuro profissional, você deve saber monitorar a fala e a escrita para: 
a) falar e escrever de forma adequada o que deseja expressar;
b) ampliar suas possibilidades profissionais;
c) compreender leis, contratos, avisos escritos em norma culta. 
Cada uma das variedades linguísticas pode apresentar-se nas modalidades oral ou escrita. A fala e a escrita são atividades comunicativas; temos, em ambas, o uso real da língua. Elas não são dicotômicas, mas complementares.
Marcuschi (2001), ao tratar da passagem da fala para a escrita, ensina que o primeiro passo para a reescrita, reformulação ou retextualização é a compreensão do que alguém disse. O autor sugere algumas operações especiais para se fazer a transformação do texto oral para o escrito. Dentre elas:
- a eliminação de hesitações, repetições, marcadores conversacionais e a introdução da pontuação e da paragrafação;
- a introdução de reformulações para explicitar; reconstruções de estruturas truncadas, concordâncias; substituições, com a seleção de novas opções lexicais; reorganização da sequência argumentativa e condensação de ideias.
Ainda segundo o autor, um texto falado, ao ser passado para a escrita, diminui de tamanho. Como exemplo, podemos citar uma reunião de condomínio ou da comissão de formatura. A pessoa encarregada de redigir a ata ouve atentamente o que foi dito, proposto, discutido e, em seguida, resume tudo isso. 
Observe, agora, algumas diferenças entre a língua formal e a língua informal, tanto na modalidade oral como na escrita:
	Língua mais informal ( não monitorada)
	Língua mais formal (monitorada)
	Pronúncia mais descuidada de certas palavras e expressões: nóis, tá, num vô, cê, estudá.
	Maior cuidado com a pronúncia: nós, está, não vou, você, estudar.
	Colocação pronominal livre: vi ela, me empresta.
	Colocação pronominal de acordo com a norma culta. 
	Uso constante de a gente, em lugar de nós.
	Uso regular da forma nós.
	Uso de truncamentos e expressões características da fala: né, então, aí, pois é, bem, daí.
	
	Raro uso dessas expressões.
	Mistura de pessoas gramaticais: Queria te dizer que gosto muito de você.
	Uniformidade no uso das pessoas gramaticais: Queria lhe dizer que gosto muito de você.
	Uso “livre” da flexão dos verbos: se ele fazer, se você vir amanhã, se ele pôr.
	Utilização da flexão verbal conforme as normas gramaticais: Se ele fizer, se você vier amanhã, se ele puser.
	Repetição de palavras: 
	Vocabulário rico e variado, emprego de sinônimos.
	Emprego de certos verbos de “apoio”:
Daí ela pegou e contou a história para o menino.
	Não emprego desse tipo de verbo.
	Emprego de gírias, neologismos, “palavras muleta”: cara, mano, coisa, algo, tipo, inicializar.
	Emprego de vocabulário preciso, específico para cada área do conhecimento, para cada situação.
	Emprego de hipérboles (exageros) e onomatopéias: Havia milhões de bois naquele sítio! Ele subiu no telhado e pumba!
	Emprego de vocábulos formais.
	Emprego de locuções verbais desnecessárias e gerundismos: Ele vai pegar e vai acabar fazendo esse projeto. Ele vai poder estar estudando, antes da última prova.
	Emprego da forma verbal sem acréscimo de verbos desnecessários. Ele fará esse projeto. Ele estudará, antes da última prova. 
Algumas vezes, o emprego da variante formal ou informal pode causar um efeito de sentido não desejado pelo interlocutor. Isso acontece porque um dos interlocutores pode não conhecer a variante empregada pelo outro. 
Disponível em: <http://viicttoriab.blogspot.com.br/2011/04/essa-estrada-q-vai-pra-sao-paulo.html> acesso em 7. março. 2012
O certo e o errado no uso da língua: não existe uma forma “mais certa” ou “maiserrada” de se falar. A diferenciação do “certo” ou “errado” baseia-se em critérios sociais e em situações de uso efetivo da língua, em outras palavras, o uso da língua como instrumento de comunicação, de prática social. 
Assim, o objetivo desta unidade é oferecer-lhe mais informações que possam auxiliá-lo a conhecer a Língua Portuguesa, para que, em todas as práticas sociais, você a utilize adequadamente, seja falando, seja escrevendo. 
EXERCÍCIOS
Um filho dirigiu-se ao pai na hora do almoço, nestes termos: “Meu genitor, venho respeitosamente solicitar-lhe se digne passar-me o saleiro”. A atitude desse filho se assemelha à atitude da pessoa que: 
a) ( ) vai a um baile de gala de smoking;
b) ( ) vai à praia de terno e gravata;
c) ( ) vai a um jogo de futebol de chinelo, bermuda e camiseta;
d) ( ) usa terno e gravata para falar na Câmara dos Deputados.
2.Leia o trecho de uma carta de amor escrita por Olavo Bilac a uma senhora:
Excelentíssima Senhora. Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la. Deve ser esperada. Porque V. Excia. compreendeu com certeza que, depois de tanta súplica desprezada sem piedade, eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem que V. Excia. me ama. Dizem, porque da boca de V. Excia, nunca me foi dado ouvir essa declaração. Como, porém, se compreende que, amando-me V. Excia., nunca tivesse para mim a menor palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar comovido? Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca a obtive, porque V. Excia. ou ficava calada ou me respondia como uma ironia cruel. Não posso compreendê-la: perdi toda a esperança de ser amado. Separemo-nos.
Disponível em: <http://gracindacalado.blogspot.com.br/2008/05/carta-de-amor-n-12-esta-carta-foi.html> acesso em 25. ag.2012
Observe a variedade linguística empregada por Bilac no início do século XX. 
Coloque-se no lugar do autor e reescreva o texto. Empregue uma variedade linguística comum entre pessoas de sua idade nos dias de hoje.
4. Leia o texto a seguir, publicado na revista Veja São Paulo, 13, 3 out. 1991.
É massa, brother.
Brother, dentro dessa nova edição do Vestibular 500 Testes tem tudo para que o próximo vestiba role na maior. Só de português são 80 questões, sendo 50 testes e 30 escritas. Fora as questões de física, química, biologia, história, geografia, matemática e inglês. Ah, tem uma lista de livros e uma série de dicas que você precisa ficar por dentro antes de encarar os exames. Vestibular 500 testes, especial do Guia do estudante /Desencana, brother. Vestibular agora é manha.
O texto é um anúncio publicitário. Reescreva-o, adequando-o às normas da língua culta. Observe as recomendações de Marcuschi inseridas neste Roteiro.
5. Leia o texto abaixo, retirado de Marcuschi (1991, p. 94). De acordo com o autor, o texto foi coletado por Dino Preti. A gravação secreta realizou-se logo após um acidente de carro. O falante, de classe média, com ensino médio completo, na faixa dos 26 anos, produziu a seguinte narrativa:
E capotou. Quer dizer, a frente do carro pegou no primeiro carro; e o segundo ele ficou debruçadinho assim, saca? Que gracinha! Aí, né, chegaram: “Ô num sei que, num sei que lá, qué que houve?” Viraram o carro, né? “Cê tá legal, aí? Ô tudo bem, tudo bem. Que cara! Puta, que barbeiro!” num sei o que. Aí: Ô ajuda a desvirar o carro aí”. Desviraram o carro, né, e tal e coisa e ele falou: “Pô, deixa eu vê se não afetou o motor, né”. Ligou o carro, o carro vruuuuuuuuumm, pegou, e ele, tchibuuuuuuummmmm, queimou o chão, pôs o pé no mundo, né. E foi embora. 
A partir do texto oral, chegue a um texto escrito para ser inserido:
a) em um trecho de e-mail que você escreveu a alguém da sua família relatando o acidente.
b) em um jornal, como notícia. O público leitor é adulto culto. Dê um título ao texto.
 
Sugestão de Leitura:	
O que fazer com a mudança da língua?
Por Marcos Bagno
Disponível em: http://www.jornaldoromario.com.br/artigos/678-o-que-fazer-com-a-mudanca-da-lingua
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