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INSTRUÇÃO ESTUDO DE CASO

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Método de Instrução por meio de Casos
Marshall School of Business
University of Southern California
O professor Kenneth A. Merchant preparou esta nota para facilitar a adaptação dos estudantes a essa metodologia. Os professores Sam Hariharan e S. Mark Young fizeram sugestões bastante úteis.
Texto original traduzido e adaptado pelo prof. Paulo Roberto B. Lustosa, Universidade de Brasília – Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais. Em seguida o prof. Wenner Glaucio Lopes Lucena, Universidade Federal da Paraíba – Departamento de Finanças e Contabilidade resumiu as principais idéias para ser aplicado com alunos da disciplina de Análise de Custos.
Todos os métodos de ensino têm o objetivo de produzir aprendizagem. A aprendizagem acontece quando há uma mudança mais permanente ante novas situações e circunstâncias, em termos de habilidades, conhecimentos ou crenças das pessoas.
A maioria dos estudantes está bastante familiarizada com o método expositivo de ensino, porque talvez ele seja o primeiro, senão o único, método que lhes é apresentado. A aula expositiva provoca a aquisição de conhecimento por meio de um processo de raciocínio dedutivo, que começa com uma declaração formal de uma estrutura conceitual ou teoria, e depois então essa estrutura é ilustrada com exemplos e problemas. Quando esse método é complementado com leituras, recursos visuais, exercícios e discussão de problemas, ele é a maneira mais eficiente de se começar a transmitir conhecimentos sobre fatos específicos, regras e técnicas estruturadas.
Para a educação na área de gestão, entretanto, a aula expositiva tem clara limitação, na medida em que fatos, regras e técnicas são uma parte relativamente pequena do que devem aprender os gerentes iniciantes e os especialistas funcionais. A maioria dos homens de negócios opera em ambientes complexos e em constante mudança, onde eles normalmente têm que fazer julgamentos e empreender ações sem que disponham de informações confiáveis. Eles não poderiam conduzir bem suas tarefas se tivessem que recorrer somente a listas organizadas de regras e teorias e em compilações de fatos. Eles necessitam desenvolver habilidades práticas, filosofias e abordagens. O que determina o sucesso dos gerentes não é tanto o que eles sabem, mas sim como eles pensam e agem. Para aumentar a capacidade de pensar, a maioria das pessoas acha que um estilo de ensino mais ativo, em particular o método de instrução por casos, é superior ao método expositivo, focado no instrutor.
O Método de Casos
	O método de ensino por casos estimula a aprendizagem por meio da análise de eventos atuais. A característica principal desse método é o fato de os estudantes terem um papel mais ativo do que passivo no processo de aprendizagem e, particularmente, durante a etapa de sala-de-aula. O método desenvolve um certo tema indutivamente, por meio do envolvimento ativo dos estudantes nas discussões de um grande número de casos combinados de maneira planejada.
Os casos, na medida em que fornecem descrições de situações administrativas reais (às vezes hipotéticas), são obviamente um elemento central da aprendizagem. Os casos voltados para o mundo dos negócios vêm sob múltiplas formas. A maioria dos que são ensinados indutivamente, ou são casos do tipo diagnóstico ou casos para decisão (ou uma combinação de ambos). Os casos do tipo Diagnóstico (ou avaliativos) fornecem descrições do sucesso ou fracasso pelos quais os administradores passaram, de modo que os estudantes possam desenvolver habilidades de identificar os relacionamentos causais entre aspectos sistêmicos e os efeitos descritos. Alguns desses casos que descrevem experiências gerenciais de sucesso podem ser chamados de casos de “anatomia”; os que descrevem experiências de fracasso podem ser entendidos como casos de “patologia”. Com muita freqüência os cursos são organizados por meio do uso de uma série de casos de diagnóstico, que ajudam os estudantes a entender quando uma escolha ou estilo particular do gestor é eficaz. A outra forma comum de caso – os casos para decisão – permitem ao estudante seguir, figurativamente, os passos do decisor. A questão básica colocada pelo caso é: o que deve ser feito? Entretanto, como no mundo real, a informação relevante para decisão que é fornecida nesse tipo de caso é incompleta e duvidosa, de modo que uma solução não pode ser atingida apenas pelo uso de técnicas estruturadas de análise. Muitos casos combinam propósitos do tipo diagnóstico e decisão. Eles requerem que os estudantes analisem a situação e preparem um plano de ação.
Um outro elemento chave para a aprendizagem por meio de Casos é o estilo “Socrático”, que transfere para os estudantes a responsabilidade pela análise e fornecimento das recomendações do caso. O papel do instrutor em um ambiente de ensino por casos é facilitar a discussão, e não o de escrever a “resposta certa” no quadro (mesmo quando essa resposta existir).
Vantagens e Desvantagens do Método de Casos
Entende-se que o método de casos possui algumas vantagens poderosas sobre métodos menos ativos de aprendizagem, incluindo:
1.	Desenvolvimento de processos eficazes de pensamento. O clamor por um maior uso do método de casos se baseia na crença de que o gerenciamento é bem mais do que uma habilidade de assimilação e aplicação de um conjunto de técnicas estruturadas. As pessoas que lidam com negócios devem tomar decisões relacionadas a problemas e oportunidades que surgem de novas situações em um ambiente em permanente mudança. Os instrutores do método de casos acreditam que a educação deve ajudar as pessoas a agir na presença de novas experiências. Eles acham que “o importante não é o que você foi treinado para saber, mas como você foi treinado para pensar e agir”. 
2.	Aprendizagem customizada. Os casos requerem que os estudantes construam suas próprias interpretações das realidades nas quais eles foram expostos, e, por conseguinte, suas próprias abordagens para enfrentar o problema. O método leva o estudante a considerar sua própria experiência e perspectiva ao analisar e propor soluções. Esta é uma das razões porque o método de casos é particularmente valioso para a aprendizagem de adultos, e porque o método de casos tem hoje um market share dominante na educação de executivos, onde os estudantes têm considerável experiência para utilizar em suas proposições.
3.	Retenção do conhecimento. Na medida em que a aprendizagem por casos é baseada na experiência e ancorada na realidade, ela tende a ser internalizada e retida de forma mais duradoura do que no processo tradicional de exposição e leitura. 
4.	Desenvolvimento de habilidades de administração do tempo e para lidar com ambiguidades. Os casos ajudam os estudantes a aprender administrar o tempo e a tolerar situações ambíguas. Da mesma forma que os gerentes, eles terão que analisar situações que envolvem aspectos multidimensionais e, num tempo muito escasso, ter que formular planos factíveis de ação sem dispor de todas as informações.
5.	Desenvolvimento de habilidades de comunicação. Os casos ajudam no desenvolvimento das importantes habilidades de ouvir e de se relacionar com pessoas, e de comunicação e persuasão.
6.	Ampliação de perspectiva. Uma vez que os estudantes são expostos a muitas situações reais do mundo dos negócios, de diferentes funções e indústrias, eles ganham muito mais confiança nas entrevistas a que são submetidos em suas experiências do primeiro emprego. 
7.	Maior motivação do estudante. Muitos estudantes acham mais interessante preparar casos do que a leitura de textos abstratos, e também preferem a discussão desses casos em sala-de-aula do que as aulas expositivas tradicionais. Com isso, a atividade de aprendizagem se torna mais divertida e o astral da sala-de-aula é melhor.
Mas é bom que se tenha em conta que o método de casos não é uma panacéia. Ele também tem deficiências e limitações, sendo exemplos:
1.	É um método ineficiente para algumas formas de aprendizagem (como já discutido antes). A reaçãode alguns estudantes às primeiras discussões de casos é: “porque não nos dizem logo o que precisamos saber, e assim a gente toma nota e depois aprende?” Em qualquer área, é verdade que algum conhecimento, como fatos e regras, podem ser claramente codificados, por isso nenhum curso deveria ser passado exclusivamente pelo método de casos. Mesmo os instrutores que são dedicados a esse método costumam mesclar o processo com alguma aula expositiva, ou exigir leituras que consideram relevantes quando for desejável despertar o conhecimento para teorias ou técnicas específicas. 
2.	O método de casos pode ser às vezes frustante, pois o que é aprendido costuma ser pessoal, íntimo, privado. Os instrutores não podem dizer aos estudantes qual é a resposta “certa”; eles terão que buscar os seus próprios insights, e tentar extrair algo que faça sentido frente às experiências com que se defrontam.
3.	O método de casos normalmente requer grande esforço (tanto para os estudantes quanto para o instrutor). Somente a própria pessoa perceberá o seu progresso. É comum o estudante se perceber mudando seu entendimento quando é submetido às opiniões das outras pessoas (mas isso é um sinal positivo de que está ocorrendo a aprendizagem). 
4.	O método de casos é ameaçador para alguns estudantes. Eles podem achar que é difícil o processo de pensar e de participar em sala-de-aula, preferindo manter o velho hábito passivo de anotar o que o professor fala.
Entretanto, em razão das vantagens antes comentadas, o método de casos é amplamente utilizado nas escolas empresariais, e o seu uso vem crescendo bastante.
Sugestões para a Participação do Estudante
A sala-de-aula é o lugar para os estudantes articularem um “ponto de vista”, o que inclui análises, conclusões, recomendações e a defesa desse ponto de vista. Uma boa participação envolve a vontade tanto de compartilhar quando de defender idéias, o que passa por ouvir o que os outros estão dizendo, mas com uma perspectiva de expandir ou de desafiar as idéias postas. Um ambiente de intercâmbio e de controvérsia construtiva conduz a uma parcela considerável do aprendizado que ocorre em sala-de-aula. Para além da velocidade na aprendizagem de conceitos específicos do curso, uma boa participação no ambiente de sala-de-aula também aumenta o desenvolvimento das habilidades de comunicar, ouvir e pensar rapidamente (“na lata”, como se diz), bem como para responder a questionamentos sob pressão. 
Cuidado para não ficar tão preocupado com a sua própria análise e pensamento e com isso fechar sua mente ao pensamento dos outros. Do mesmo modo que no mundo dos negócios, é muito importante ter a mente aberta e estar disposto a mudar de posições. A medida do progresso individual em qualquer discussão em sala-de-aula não depende tanto de o estudante achar, depois da aula, que suas idéias estavam “corretas”. Ao invés disso, seria mais útil se ele se perguntasse: “o que eu pude extrair das discussões em classe que eu não sabia quando entrei na sala”?
Papel do Instrutor
O papel principal do instrutor de casos é criar uma atmosfera propícia ao aprendizado. Ele dirige o fluxo da discussão e registra e organiza as discussões do grupo à medida em que elas emergem. O instrutor também pode assumir um papel mais intervencionista na sala, por exemplo levando o foco da discussão para uma questão importante que ainda não tenha sido bem discutida, destacando alguns dos aspectos mais importantes, encorajando o reconhecimento das premissas subjacentes às análises feitas pelos estudantes, ou fazendo o papel de advogado do diabo quando não perceber motivação para isso por parte de algum outro estudante.
Às vezes o instrutor faz um resumo das discussões do caso, ou até mesmo apresenta uma mini-exposição dos assuntos relacionados com o caso. Quando isso acontece, os alunos lembrarão de como seria chato aprender essas mesmas coisas em uma aula tradicional, pois agora eles já têm a experiência do método de casos. 
Conclusão
À medida que os estudantes se familiarizam com o método por casos, eles percebem que a aprendizagem depende muito mais do intercâmbio entre eles (e às vezes com o instrutor), do que dos seus estudos individuais ou de um posterior posicionamento do instrutor sobre o assunto em discussão. A preparação de um caso, por si só, não garante a aprendizagem, mas é um pre-requisito importante para uma aprendizagem efetiva na sala-de-aula.
Alguns estudantes se ajustam muito rapidamente ao método de ensino por casos. Eles gostam de ler os casos e acham o tipo de aula orientada a caso muito mais interessante do que o sistema tradicional. Outros, demoram mais para se adaptar. Eles lêem os casos e ficam imaginando o que fazer com eles, ou então ficam apavorados com a perspectiva de terem que participar nas discussões em sala. Os que se enquadram nesse segundo grupo devem continuar tentando. Com esforço, todos os estudantes logo estarão aptos a desfrutar das recompensas intelectuais que derivam do uso efetivo desse método de aprendizagem.

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