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1 DIREITO DO TRABALHO II NORMAS GERAIS DE TUTELA DO TRABALHO NOTA DE AULA Nº 03 – REPOUSO DO TRABALHADOR 1. INTERVALOS PARA DESCANSO 2. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO E FERIADOS 1. INTERVALOS PARA DESCANSO Intervalos para descanso são períodos estabelecidos na própria jornada de trabalho, ou entre uma e outra jornada, em que o empregado não presta serviços, com a finalidade de permitir a reposição das energias gastas durante o trabalho ou proporcionar um maior convívio familiar. Trata-se de e o interesse do Estado em norma de ordem pública absoluta preservar a , não podendo, assim, ser modificado pela vontade das saúde e a higidez física do trabalhador partes ou por norma coletiva. Com a concessão de intervalos regulares evita-se a fadiga física e mental do empregado, reduzindo-se a possibilidade de acidentes de trabalho. Intervalos intrajor-nada são os que são feitos dentro da própria jornada de trabalho (art. 71, § 1º CLT): (1) Trabalhos contínuos cuja : intervalo de duração exceda de seis horas pelo menos uma para repouso ou alimentação. (2) Trabalhos que , mas que sejam hora não excedendo seis horas : superiores a quatro horas . intervalo de 15 minutos O intervalo não poderá ser concedido no início da jornada de trabalho, pois não representa pausa e também poderá ser fracionado, pois não atingiria o seu objetivo maior que é de proporcionar um descanso ao empregado. Para quem trabalha em regime noturno o intervalo também deverá ser de 1 (uma) hora normal. O pode ser reduzido apenas por ato do Ministro do repouso mínimo de uma hora Trabalho e ouvida a Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho, desde que se verifique que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos e quando os respectivos . refeitórios empregados não estiverem sob regime de horas extras 2 Os do art. 71 / CLT intervalos , não sendo não são computados na duração do trabalho considerados como tempo à disposição do empregador. Portanto, , não cabe remuneração caracterizando, assim, a suspensão do contrato de trabalho . O intervalo dos trabalhadores rurais é diferente do empregado urbano. Nos serviços intermitentes (aqueles que são executados em duas ou mais etapas diárias), os intervalos não serão computados como tempo de serviço, desde que haja tal ressalva assinalada em sua CTPS (art. 6º da Lei 5.889/73). Já nos serviços de duração superior a seis horas será obrigatória a concessão de um intervalo para repouso e alimentação de acordo com os usos e costumes da região E não conforme estabelece a CLT (art. 5º da Lei 5.889/73). A acrescentou o § 4º ao art. 71 da CLT, estabelecendo que Lei 8.923/94 quando o , o mesmo ficará intervalo para repouso e alimentação não for concedido pelo empregador obrigado a com um sobre o remunerar o período correspondente acréscimo de no mínimo 50% valor da remuneração da hora normal. Nos serviços de (datilografia, escrituração e cálculo), mecanografia a cada 90 minutos de , que trabalho consecutivo haverá um intervalo de 10 minutos não será deduzido da duração . Para quem trabalha oito horas por dia, em dois turnos de quatro horas, normal de trabalho serão computados no total quatro intervalos, sendo dois intervalos de 10 minutos no primeiro turno e outros dois intervalos no segundo turno. Ao digitador também se aplica esse intervalo, por força da Súmula 346/TST. Nessa situação, o empregado tem direito ao intervalo remunerado de 10 minutos pra cada 90 minutos de trabalho consecutivo, ou seja, não terá seu trabalho prolongado para compensar os intervalos. Se o empregador não cumprir os intervalos fixados, o empregado poderá exigir como horas extras. SÚMULA Nº 437 DO TST INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. 3 II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT. Nos serviços em , ou em , havendo movimentação de frigoríficos câmaras frias mercadorias do ambiente normal para o frio e vice-versa, deve haver um intervalo de 20 , computando-se essa pausa como minutos, a cada uma hora e quarenta minutos de trabalho tempo de trabalho efetivo, devendo ser remunerado ( ). art. 253/CLT SÚMULA Nº 438 DO TST INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA DO EMPREGADO. AMBIENTE ARTIFICIALMENTE FRIO. HORAS EXTRAS. ART. 253 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 O empregado submetido a trabalho contínuo em ambiente artificialmente frio, nos termos do parágrafo único do art. 253 da CLT, ainda que não labore em câmara frigorífica, tem direito ao intervalo intrajornada previsto no caput do art. 253 da CLT. Os deverão ter um mineiros para repouso a intervalo de 15 minutos cada período de 3 consecutivas de trabalho ( ). Tal intervalo será computado na duração normal horas art. 298/CLT do trabalho, sendo considerado tempo à disposição do empregador. Os telefonistas terão direito a um intervalo de 20 minutos para cada período de três horas trabalhadas, de acordo com o art. 229 da CLT, sendo esse período computado em sua jornada de trabalho. Os operadores de call center, de telemarketing ou de teleatendimento, apesar da inexistência de lei que regule os intervalos de descanso, devem observar o que prescreve o anexo II da Norma Reguladora 17, item 5.3 (Portaria nº 3.751/90 – MTE), que estabelece o tempo máximo de atividade para essas atividades em 6 (seis) horas diárias, nela incluídas as pausas (dois intervalos de 10 minutos cada, sendo o primeiro após a primeira hora e o segundo antes da última hora de trabalho). 4 Também deve ser observado o intervalo de 20 minutos para repouso e alimentação. A mulher em fase de amamentação terá direito a dois intervalos de 30 minutos, até que seu filho complete seis meses de idade (art. 396/CLT). A lei não dispõe se esses intervalosserão deduzidos da jornada de trabalho, ou computados como tempo à disposição do empregador, como dispõe os arts. 72, 253 e 298 da CLT. Os intervalos concedidos pelo empregador devem ser apenas os especificados em lei, ou em norma coletiva. Outros intervalos que sejam concedidos serão considerados como tempo à disposição do empregador, devendo ser remunerados como horas extras. O diz respeito ao espaço de tempo que deve haver entre uma intervalo interjornada jornada de trabalho e outra. O dispõe que será de , iniciando-art. 66/CLT 11 horas consecutivas se esse período quando o empregado cessa o trabalho, incluindo o cumprimento de horas extras e computando-se, também, o repouso semanal remunerado de 24 horas. O desrespeito a essa regra implica no pagamento como extra das horas de descanso não concedidas, por analogia ao disposto na Súmula 110 do TST. Se o empregado estiver sujeito a , as regime de revezamento horas trabalhadas em , seguida ao repouso semanal remunerado de 24 horas com prejuízo do intervalo mínimo de 11 , devem ser horas consecutivas para descanso entre jornadas remuneradas como , inclusive com o respectivo adicional (extraordinárias ). S. 110/TST 2. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO A primeira norma que tratou do tema no Brasil foi o Decreto 21.186/1932, que estabeleceu o descanso semanal obrigatório para os trabalhadores do comércio, com duração de 24 horas, de preferência aos domingos, entretanto, não o definiu como remunerado. O Decreto 23.152/33 fixava o repouso semanal nas casas de diversão, dispondo que após seis dias de trabalho haveria 24 horas consecutivas de descanso obrigatório e remunerado. A CF/34 dispunha que o trabalhador teria direito ao repouso hebdomadário, de preferência aos domingos, porém não estabelecia remuneração para o mesmo. A Carta de 1937 ampliava o direito anterior dispondo que também seria concedido o repouso nos feriados civis e religiosos, de acordo com as tradições locais e nos limites das exigências da empresa, porém, ainda não estabelecia remuneração ao mesmo. 5 Foi somente na Constituição Federal de 1946 que pela primeira vez se estabeleceu o repouso semanal remunerado. A Carta atual menciona o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos, em seu art. 7º, XV. Os fundamentos do RSR são de natureza biológica, social e econômica. A CLT tratou do tema nos arts. 67 a 70 e a Lei 605/49, versou especificamente sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias feriados civis e religiosos, tendo esta revogado tacitamente os dispositivos citados da CLT. O repouso semanal remunerado (RSR) é o período em que o empregado deixa de prestar serviços uma vez por semana ao empregador, de preferência aos domingos, bem como nos feriados, mas recebe sua remuneração normalmente. O repouso semanal remunerado é devido aos trabalhadores urbanos e rurais e também aos trabalhadores domésticos e temporários (Lei 6.019/74). A Lei 5.811/72 estabelece ao empregado sujeito a trabalhar na exploração, perfuração e refinação de petróleo, em regime de revezamento por turnos, o direito a um repouso de 24 horas consecutivas para cada três turnos trabalhados. R correspondente ao RSR obedece regras específicas, sendo equivalente a emuneração um dia de serviço, para os que trabalham por dia, semana, quinzena ou mês. A Súmula 172 do TST esclareceu que as horas extras (HE) prestadas com habitualidade integram o RSR. Para se calcular o valor devido ao RSR, com a incorporação de horas extras, deve-se dividir o número das horas extras realizadas no mês, pelo número de dias úteis e multiplicar pelo número de domingos e feriados. Por exemplo, considere que o empregado tenha realizado 12 horas extras no mês de setembro de 2013 e que nesse período houve cinco domingos e um feriado, logo ocorreram vinte e quatro dias úteis. Assim, 12 horas extras realizadas no mês divididos por 24 dias úteis de trabalho, chega-se ao valor de 0.5 horas extras por dia, em média. Esse valor deve ser multiplicado pelos 6 dias de descanso que ocorreram no mês de setembro, obtendo-se o equivalente a 3 horas extras, como reflexo nos feriados, logo, o empregado fará jus a um acréscimo de mais 3 horas extras em seu salário, no mês de setembro, fazendo jus a ser remunerado em 15 horas extras (12 horas realmente cumpridas e mais 3 horas refletidas nos dias de repouso remunerado e feriados). 6 A Súmula 225 do TST estabelece que as gratificações de produtividade e de tempo de serviço pagas mensalmente, não repercutem no cálculo do RSR, pois o pagamento é mensal, já estando o RSR nele incluído. A Súmula 354 do TST dispõe que as gorjetas não refletirão no cálculo do RSR, pelo mesmo motivo anterior e porque gorjeta não faz parte do salário, mas sim da remuneração. Os requisitos para que o empregado tenha direito a receber o RSR são de assiduidade e pontualidade. Assiduidade (frequência) diz respeito ao fato do empregado ter trabalhado durante toda a semana anterior ao descanso, não tendo faltas no período. Pontualidade relaciona-se ao fato do empregado chegar todo dia no horário determinado pelo empregador, não se atrasando para o início da prestação dos serviços. Dessa maneira, perderá o direito à remuneração do descanso de 24 horas consecutivas, o empregado que descumprir com qualquer um dos requisitos acima mencionados, entretanto não perderá o direito ao descanso. Nos feriados civis e religiosos e no dia destinado ao repouso semanal é vedado o trabalho, porém o empregado perceberá remuneração. Há situações em que a execução do serviço é necessária em virtude de exigências técnicas das empresas (hospitais, siderúrgicas, empresas de transporte). Exigências técnicas são aquelas que pelas condições especiais da empresa, ou em razão de interesse público, tornem indispensável a continuidade do serviço. O RSR deverá ser concedido aos domingos, pelo menos uma vez no período máximo de três semanas. Está autorizado o trabalho aos domingos nas atividades do comércio em geral. Nas atividades em que não for possível, em virtude das exigências técnicas das empresas, a suspensão do trabalho, nos dias de feriados ou de repouso, a remuneração será , salvo se o empregador conceder outro dia de folga. Não é necessário acordo ou paga em dobro convenção coletiva para a compensação de folgas. Dispõe a Súmula 146 do TST que o trabalho prestado em domingos e feriados, não compensados, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal. A também é devida em casos de trabalho em dia de repouso, remuneração em dobro por motivo de força maior e de serviços inadiáveis. Se o feriado cair no domingo e o empregado trabalhar nesse dia, não haverá o pagamento do feriado e mais o pagamento referente ao RSR relativo ao domingo. 7 REFERÊNCIAS CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. São Paulo: Método, 8ª ed., 2013. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 12ª ed., 2013. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 8ª ed., 2014 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2014. MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho.São Paulo: Saraiva, 6ª ed. 2015. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012. BONS ESTUDOS E NÃO SE ESQUEÇA DE COMPLEMENTAR OS SEUS ESTUDOS COM A LEITURA DO MATERIAL DISPONIBILIZADO E DA BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA! PROF. JOÃO LUÍS PRIÁTICO SAPUCAIA
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