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25678 Apostila Comun Expressao 2014 Versão final aluno

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CAMPUS SWIFT – CAMPINAS 
 
 
 
Apostila da disciplina de 
Comunicação e Expressão 
 
 
Engenharia Básico 
 
 
2º Semestre/2014 
 
 
Dra. Elaine Hoyos e Ms. Janaína Sabino 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1. Apresentação da Disciplina de Comunicação e Expressão......................................................................................03 
1.1. Objetivos gerais da disciplina ............................................................................................................................03 
1.2. Conteúdo ...........................................................................................................................................................03 
1.3. Avaliação ...........................................................................................................................................................04 
1.4. Bibliografia básica .............................................................................................................................................04 
1.5. Regras para uma boa convivência em sala de aula .........................................................................................04 
 
2. Texto e contexto: conhecimentos linguístico, enciclopédico (ou de mundo) e Interacional................................05 
2.1. Texto e contexto: noções..................................................................................................................................07 
2.2. Conhecimentos linguístico, enciclopédico (ou de mundo) e interacional........................................................07 
2.3. Exercícios de fixação do conteúdo .................................................................................................................13 
 
3. Texto e contexto: contextualização na escrita...........................................................................................................15 
3.1. Concepções de Língua e Linguagem ...............................................................................................................16 
3.2. Fatores de textualidade .....................................................................................................................................17 
3.2.1. Nível Linguístico (internos ao texto) ...........................................................................................................17 
3.2.2. Nível Pragmático (externos ao texto) .........................................................................................................19 
3.3. Exercícios de fixação do conteúdo ...................................................................................................................20 
 
4. Intertextualidade............................................................................................................................................................22 
4.1. Tipos de Intertextualidade .................................................................................................................................24 
4.2. A intertextualidade nos trabalhos acadêmicos e discursos científicos .............................................................25 
4.3. Exercícios de fixação do conteúdo ...................................................................................................................26 
 
5. Revisão para a NP1 ......................................................................................................................................................28 
5.1. Exercícios de revisão para a NP1 .....................................................................................................................30 
 
6. As informações implícitas: pressupostos e subentendidos.....................................................................................32 
6.1. Pressupostos ....................................................................................................................................................33 
6.2. Subentendidos ..................................................................................................................................................34 
6.3. Exercícios de fixação do conteúdo ...................................................................................................................36 
 
7. As condições de produção do texto: sujeito (autor/leitor), o contexto 
(imediato/histórico) e o sentido (interação/interpretação)............................................................................................38 
7.1. O contexto de produção ....................................................................................................................................39 
7.2. O contexto e a produção de sentido: a ambiguidade e a polissemia ................................................................41 
7.3. A alteração no sentido das palavras: a metáfora e a metonímia ......................................................................42 
7.4. Exercícios de fixação do conteúdo....................................................................................................................46 
 
8. Os procedimentos argumentativos em um texto.......................................................................................................48 
8.1. O texto científico no meio acadêmico................................................................................................................50 
8.2. Exercícios de fixação do conteúdo ...................................................................................................................51 
 
9. O artigo de opinião e o texto crítico (resenha), enquanto gêneros discursivos ....................................................54 
9.1. O resumo ..........................................................................................................................................................56 
9.2. Exercícios de revisão do conteúdo para NP2....................................................................................................58 
 
Lista de textos para reflexão: 
1. Um Apólogo - Machado de Assis ........................................................................................................................05 
2. Talentos nos dedos - Albir José Inácio da Silva ..................................................................................................06 
3. Tragédia Brasileira - Manuel Bandeira ................................................................................................................08 
4. Conpozissão imfâtil - Roberto Pompeu de Toledo ..............................................................................................10 
5. Caso de Secretária - Carlos Drummond de Andrade ..........................................................................................15 
6. As Mil e Uma Noites - Rubem Alves ....................................................................................................................22 
7. Por que as articulações estalam? ........................................................................................................................25 
8. Eu sei, mas não devia - Marina Colassanti .........................................................................................................329. Onde Fica o WC? – Autor Anônimo......................................................................................................................38 
10. Juiz de paz da roça – Martins Pena ...................................................................................................................38 
11. Profissão mais antiga.........................................................................................................................................48 
Sobre o 2º Colóquio de Estudos Linguísticos no Curso de Engenharia.................................................................62 
3 
 
1. Apresentação da Disciplina de Comunicação e Expressão 
 
 
Caro aluno 
A disciplina de Comunicação e Expressão visa ampliar seu universo cultural e expressivo e seus 
conhecimentos e vivências de comunicação e de novas leituras do mundo. Deste modo, serão 
trabalhados e analisados textos orais e escritos sobre os mais variados assuntos, propiciando a 
compreensão e a valorização das linguagens utilizadas nas sociedades atuais e de seu papel na 
produção de conhecimento. Tudo isso proporcionará a você a capacidade de melhorar o seu 
desempenho na produção de textos diversos, tanto na linguagem oral como na escrita, e de desenvolver 
recursos para a utilização da língua não apenas como veículo de comunicação, mas como espaço 
constitutivo da sua identidade. 
Quando falamos em comunicação, a abrangência é ilimitada. Na interação humana, a comunicação 
pode ser realizada por meio de um simples gesto, ou até por meio da complexidade de um texto científico 
escrito. Dois conhecidos se encontram na rua, cada um de um lado dela, e o meio mais fácil de 
cumprimento acaba se tornando o gestual: ambas as pessoas, então, levantam a mão e a gesticulam de 
forma típica. Uma mãe, preocupada com o atraso da filha, liga e elas conversam, ou seja, comunicam-se 
por meio da língua portuguesa. 
Participando das aulas com empenho e dedicação você será capaz de ampliar os conhecimentos e 
vivências de comunicação e de novas leituras do mundo, compreender e valorizar as linguagens 
utilizadas nas sociedades atuais e de seu papel na produção de conhecimento. No desenvolvimento das 
aulas ao ouvir e falar; ler e escrever você perceberá a integração social que a leitura proporciona. 
 
 
1.1. Objetivos gerais da disciplina 
a) ampliar os conhecimentos e vivências de comunicação e de novas leituras do mundo, por meio da 
relação texto/contexto; 
b) propiciar a compreensão e valorização das linguagens utilizadas nas sociedades atuais e de seu 
papel na produção de conhecimento; 
c) vivenciar processos específicos da linguagem e produção textual: ouvir e falar; ler e escrever – como 
veículos de integração social; 
d) desenvolver recursos para utilizar a língua, por meio de textos orais e escritos, não apenas como 
veículo de comunicação, mas como ação e interação social. 
 
 
1.2. Conteúdo programático: 
 Texto e contexto: conhecimento linguístico, conhecimento enciclopédico ou conhecimento de 
mundo e conhecimento interacional; 
 Texto e contexto: contextualização na escrita; 
 Intertextualidade; 
 As informações implícitas (pressuposto e subentendido); 
 As condições de produção do texto: sujeito (autor/leitor), o contexto (imediato/histórico) e o 
sentido (interação/interpretação); 
 Alteração no sentido das palavras: a metáfora e a metonímia; 
 Os procedimentos argumentativos em um texto; 
 O artigo de opinião e o texto crítico (resenha), enquanto gêneros discursivos. 
 
 
 
O curso será desenvolvido por meio de: 
 
• Leitura de textos; • Aulas expositivas e interativas; 
• Exercícios avaliativos; • Trabalhos dirigidos. 
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1.3. Avaliação 
 
A avaliação será realizada de forma permanente, por meio de trabalhos, provas bimestrais (uma por 
bimestre – NP1 e NP2) e participação em aula, conforme regimento da UNIP. As datas das 
avaliações bimestrais são agendadas pela coordenação. 
 
As avaliações abrangerão todo o conteúdo ministrado durante o respectivo bimestre, com exceção 
da avaliação Substitutiva e do Exame que contemplarão o conteúdo ministrado durante todo o 
semestre. 
1º Bimestre: (data a ser definida pela coordenação) valor: 10,0 (dez pontos). Será pedido um 
trabalho a ser realizado em grupos de até 5 pessoas ou individualmente, com o valor de 1,0 (um 
ponto). 
2o Bimestre: (data a ser definida pela coordenação) valor: 10,0 (dez) pontos. Será pedido um 
trabalho a ser realizado individualmente com o valor de 1,5 (um ponto e meio). 
 
 
1.4. Bibliografia básica: 
 
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. (2008). Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. 
São Paulo: Ática. 
_____. (2006). Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática. 
KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. (2006). Ler e compreender: os sentidos do texto. São 
Paulo: Contexto. 
 
 
1.5. Regras para uma boa convivência em sala de aula 
 
I. Respeito mútuo. 
II. Diálogo oportuno e ordenado (permissão/concessão para falar); não serão toleradas 
“conversas” intempestivas durante as aulas, bem como linguajar “chulo” e “deselegante”; 
III. Pontualidade. Por favor, respeitem tanto o horário de entrada como o de saída. A aula se 
iniciará sempre no horário previsto. Se houver a necessidade de sair antes do término da aula 
ou a entrada ocorrer após a da professora, que seja feito de modo silencioso. Evitem o “entra e 
sai” desnecessário. 
IV. Não usar ou manusear telefones celulares dentro da sala de aula. Mantenham-no, 
preferivelmente, desligado. 
V. Atenção ao número de faltas que não pode ultrapassar 25% sobre o número de aulas 
dadas. Faltas reprovam. 
 
 
 
________________________ **** ________________________ 
 
 
 
 
 
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Texto para reflexão: Texto 1 
 
 UM APÓLOGO 
Machado de Assis 
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: 
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa 
neste mundo? 
— Deixe-me, senhora. 
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que 
sim, e falarei sempre que me der na cabeça. 
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o 
meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. 
— Mas você é orgulhosa. 
— Decerto que sou. 
— Mas por quê? 
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? 
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu? 
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... 
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás 
obedecendo ao que eu faço e mando... 
— Também os batedores vão adiante do imperador. 
— Você é imperador? 
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o 
caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto... 
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em 
casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, 
pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e 
outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da 
costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: 
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só 
se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixoe acima... 
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, 
como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava 
resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais 
que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia 
seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. 
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha 
espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, 
e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para 
mofar da agulha, perguntou-lhe: 
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da 
elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da 
costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. 
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, 
murmurou à pobre agulha: 
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí 
ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, 
fico. 
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: 
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! 
(Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.) 
 
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2.Texto e contexto: conhecimentos linguístico, 
enciclopédico (ou de mundo) e interacional 
 
“Se não somos inteligíveis 
é porque não somos inteligentes.” 
Rousseau 
2.1. Textos para reflexão: 
 
 
 
Texto 2: 
TALENTO NOS DEDOS 
Albir José Inácio da Silva 
 
O leitor deve estar pensando em pianista, flautista, violonista ou qualquer outro artista que use as 
mãos para encantar a humanidade. Mas não é bem isso. 
Em certo momento da minha vida, da minha adolescência pra ser mais preciso, eu aprendi 
datilografia. Não sei até quando se vai saber, mas hoje ainda se sabe o que é isso. O teclado da 
máquina de escrever está contido no do computador, bastando expurgar deste dezenas de teclas que 
naquela época não teriam nenhum significado. Saber datilografia dava um status que não pode ser 
comparado ao conhecimento de informática de agora. Digitar todo mundo sabe. O computador está 
nas casas, nos quartos das crianças, nas salas de aula, nas mesas de bar e no colo das pessoas em 
ônibus, trens e aviões. 
Datilografar significava ser especial. E mesmo os que sabiam datilografia não eram todos iguais. 
Media-se o datilógrafo por toques — toques por minuto. Eram respeitados os que conseguiam cento e 
oitenta, duzentos, duzentos e vinte toques por minuto. Dos maus datilógrafos, dizia-se que catavam 
milho. 
Eu catei milho por muito tempo até que, envergonhado e com muito esforço, cheguei aos cento e 
oitenta toques. Poucas coisas fizeram tão bem a minha alma. Eu não era datilógrafo nem havia muita 
coisa para datilografar no meu trabalho, mas eu inventava as oportunidades de mostrar a minha 
técnica. Técnica não, o meu talento de cento e oitenta toques. 
Claro que isso foi de alguma utilidade. Os empregos mais cobiçados da época — multinacionais, 
empresas públicas e de economia mista — usavam a datilografia como prova de corte. Só os 
aprovados nessa “arte” estavam aptos a continuar no certame. A maioria dos aprovados, entretanto, 
depois da posse, jamais voltaria a se sentar na frente de uma máquina. 
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O mau uso do computador ainda não me atingiu suficientemente os brios para que eu redobre os 
esforços e melhore a técnica. E os estudos de datilografia não têm hoje qualquer utilidade. Mas 
confesso que tenho de disfarçar o orgulho quando ouço: “ele digita com todos os dedos!”. Não sei se 
as pessoas aprendem isso nos cursos de informática, mas só quem estudou datilografia sabe o 
verdadeiro significado da expressão: com todos os dedos. 
Acho que hoje o que eu faço é datilografar no computador. Viu como foi melhor que essa crônica 
não fosse sobre música? Eu acabaria batucando no piano. 
 (disponível em http://www.cronicadodia.com.br/2010/12/talento-nos-dedos-albir-jose-inacio-da.html, acesso em 05/08/2013) 
 
 
2.2. Texto e Contexto: Noções 
 
Para transmitir ideias, informações, opiniões, entre outras coisas, em uma situação de interação 
comunicativa, os usuários se utilizam do texto. 
 
O que é um texto? Uma única palavra é um texto? Uma imagem é um texto? Como analisar 
um texto? O que é ser leitor? 
 
Tradicionalmente, o texto é uma combinação de frases inter-relacionadas que formam um todo 
significativo, sendo necessárias a coerência, a coesão e a adequação às circunstâncias de uso. 
 
Determinados textos só adquirem sentido dependendo da situação comunicativa na qual são 
produzidos ou estão inseridos. Desse modo, sob o ponto de vista das teorias linguísticas atuais, 
a definição de texto deve ser mais abrangente, atingindo também as outras linguagens além 
da verbal: temos texto verbal, visual, musical, cinematográfico, fotográfico, etc. 
 
* Assim como a noção de texto, a de contexto também varia muito ao longo da história da 
Linguística. O contexto depende, também, de situações fora da língua, como o texto. 
 
 
 
 
 Este é um cachimbo? 
 
Isto não é um cachimbo 
 
 
 
 
 
 
O pintor Magritte pintou, entre 1928 e 1929, um importante quadro em que representa um cachimbo sob 
o qual escreveu "Ceci n'est pas une pipe.", que em português tem a seguinte tradução: "Isto não é um 
cachimbo". Pois então, é bem verdade que a pintura não é um cachimbo, é sim a imagem de um 
cachimbo. E ressignificar essa ideia, isto é, a imagem que se faz de um cachimbo é que era o objetivo de 
Magritte. Com esse quadro ele propiciou toda uma transformação no contexto da arte. Ele propõe com 
esse quadro repensarmos o lugar do contexto nas interpretações que fazemos de todo texto que 
observamos diariamente. 
 
 
Inicialmente, o contexto era visto apenas como o entorno verbal. Com os avanços na área da 
Linguística, a Teoria dos Atos de Fala incorporou aos estudos os interlocutores. 
Consequentemente, falou-se do contexto sociocognitivo: numa interação, cada um dos 
interlocutores trazem consigo uma bagagem cognitiva, ou seja, um contexto. 
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É certo dizer que todo texto é instituído de intenção, uma vez que recorremos a ele com um objetivo 
específico. Produzimos – fala, escrita – com a intenção de fazer algo e o sucesso da comunicação 
está na identificação dessa intenção por parte do interlocutor (o outro, com quem falamos ou para 
quem escrevemos). 
 
“O absolutamente evidente é que falamos sempre em um lugar, onde acontece determinado evento 
social, e com a finalidade de, intervindo na condução desse evento, executar qualquer ato de linguagem: 
expor, defender ou refutar um ponto de vista, fazer um comentário, dar uma justificativa, uma ordem, 
fazer o relato de um fato, convencer, expressar um sentimento, apresentar um plano, uma pessoa, um 
lugar, fazer uma proposta, ressaltar as qualidades de um produto, pedir ou oferecer ajuda, fazer um 
desabafo, defender-se, protestar, reivindicar, dar um parecer, sintetizar uma ideia, expor uma teoria; 
enfim, fazemos o dia todo e todos os dias, inúmeras ações de linguagem, cada uma, parte constitutiva de 
uma situação social qualquer” 
 (ANTUNES, 2010: 34-5) 
 
 
* Será que o contexto é alterado a cada interação? Nesta interação, há a 
possibilidade de novos contextos? 
 
Tomando o anúncio publicitário ao lado,reflitamos sobre as 
seguintes questões: 
 
A quem está sendo dirigido o texto? 
Em relação a quê? Por quem? Em que situação? 
Que relação estabelece com outros textos? 
 
No site http ://migre.me /613Bu, encontram-se veiculados o 
anúncio publicitário (da página anterior) “É proibido proibir: faça 
amor, não faça guerra” e o texto abaixo “Tragédia brasileira”. 
 
Texto 3: 
TRAGÉDIA BRASILEIRA 
Manuel Bandeira 
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, conheceu Maria Elvira na Lapa – 
prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de 
miséria. 
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, 
manicura... Dava tudo o que ela queria. Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou 
logo um namorado. 
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: 
mudou de casa. 
Viveram três anos assim. 
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa. 
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom 
Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, 
Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos... 
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com 
seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul. 
(Retirado de: BANDEIRA,Manuel.Tragédiabrasileira.Disponívelem:http://migre.me/613Bu) 
 
Os dois textos anteriores produzem que efeitos em você, leitor? 
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O cartaz ao lado é do programa "Arquivo N" da Globo News sobre 
o ano 1968: FAÇA AMOR, NÃO FAÇA GUERRA (na sua versão 
original em inglês MAKE LOVE NOT WAR) 
 
Ele foi produzido em condições de produção específicas, como 
palavra de ordem gritada pelos pacifistas que se opunham, nos 
Estados Unidos, à Guerra do Vietnã. Esse enunciado se tornou um 
dos símbolos do famoso festival de Woodstock e está associado, 
desde então, ao movimento hippie e à contracultura. 
 
Mas o texto não pode ser compreendido apenas a partir do 
contexto em que ele está inserido. É necessário que o mesmo 
tenha uma organização, que apresente uma continuidade e 
unidade nas suas ideias. 
 
Não importa se um texto se constitui de uma letra, uma frase ou conjunto de período, se é grande ou 
pequeno. Importa se é um todo unificado que cumpra uma função comunicativa dentro de um 
contexto. 
 
Segundo Koch (2003), todo texto é uma atividade verbal, a serviço de fins sociais e inseridos em 
contextos mais complexos. É o uso de uma linguagem (verbal ou não-verbal), uma unidade e uma 
intenção. 
 
* É uma atividade consciente, criativa e intencional. 
E. M. DE MELO E CASTRO 
 
* O leitor/ouvinte, por sua vez, espera sempre um texto dotado de sentido e 
procura, a partir da informação dada no contexto, construir uma 
representação coerente, por meio da ativação de seu conhecimento de 
mundo e/ou de deduções que o levam a estabelecer o entendimento 
do texto. 
 
* A compreensão de um texto (escrito ou falado) demanda de nós: 
atenção, percepção, memória e pensamento. 
2.3. Conhecimentos linguístico, enciclopédico (ou de 
mundo) e interacional 
 
“CHARGE é um estilo de ilustração que tem por finalidade 
satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento 
atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é 
de origem francesa e significa carga, ou seja, exagera traços 
do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco1. (...) 
Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica 
político-social onde o artista expressa graficamente sua visão 
sobre determinadas situações cotidianas através do humor e 
da sátira”. 
 (In. Silva, A. L. M. Comunicação e Expressão, Unip Interativa, São 
Paulo: Editora Sol, 2011, p. 11 e 12) 
 
1 Burlesco: de comicidade exagerada; caricato, cômico; grotesco. 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto 4: 
CONPOZISSÃO IMFÂTIL 
Roberto Pompeu de Toledo 
(Revista Veja, 9/07/2014, p. 106) 
 
O mundo é dividido em nações, que é o nome que tem os países como o Brasil, o Japão, etc., 
mas não Rio de Janeiro, Cuiabá, Pernambuco, que isso não é nação, é cidade. Quase nunca a gente 
percebe que o mundo é dividido em nações porque aqui no Brasil só tem brasileiro e a gente fica 
pensando que o mundo é como o Brasil, mas em copas do mundo a gente percebe. Cada nação insiste 
em falar uma língua diferente. Não sei por que todo mundo não fala português, que é tão fácil que até 
criança pequena fala, sem precisar estudar, como precisa com todas as outras línguas. Na Suíça e na 
Bélgica, eles falam muitas línguas, além do suíço e do bélgico. Na hora do hino cada jogador canta 
numa língua e fica parecendo com a hora do recreio, quando todo mundo grita e ninguém entende, mas 
eles estão acostumados. Também no jogo, cada um fala com o outro numa língua, e isso é uma 
maneira de confundir o outro time, que não sabe o que eles estão combinando. 
Cada nação tem uma camisa diferente, para a gente saber de que nação a pessoa é, e isso não 
só os jogadores mas também as pessoas que vão assistir e até as pessoas na rua, no ônibus, no avião 
ou no metrô. A melhor é a de um país chamado Croácia, onde vivem os croatas, que são pessoas que 
gostam muito de jogar xadrez, por isso a camisa deles é como um tabuleiro de xadrez, com 
quadradinhos branco e vermelho. (...) A camisa da França é azul e os jogadores são chamados de 
“azuis”, mas na verdade só a camisa é azul, eles são brancos ou pretos, como todo mundo. 
As nações têm bandeiras e hinos. Acho a bandeira do Brasil a mais bonita de todas, fora algumas, 
e muito bem feita para o futebol: tem o verde dos gramados, o amarelo da taça que o campeão vai 
ganhar e a bola. No meio tem uma faixa que quando o Brasil é campeão fica escrito: “campeão”, e 
quando não é fica escrito uma bobagem qualquer. Nunca vi tanta bandeira como agora. Algumas são 
sem graça, como as que têm só duas cores e uma cruz no meio. Outras são interessantes, 
principalmente para nós, meninas, como as que têm estrelinhas e outros desenhos. A da Costa Rica 
tem naviozinhos de uma lado e do outro de uma terra com vulcões. (...) A mais engraçada é a 
Argentina, que tem um solzinho com olho, nariz e boca. É uma bandeira amiga das crianças. Meu pai 
não gosta que eu torça para a Argentina, mas eu torço, por causa do solzinho, e não falo para ele. 
Antes do jogo tem os hinos e a televisão vai traduzindo o que eles estão cantando. Aí eu tenho 
medo. O da França diz para os filhos da pátria, bem os filhos, formarem uns batalhões e atacarem os 
inimigos. Deve ser terrível viver na França. Lá tem inimigos que querem estrangular as crianças, diz o 
hino deles. Os franceses cantam essas coisas como se não fosse nada de mais, mas eu nunca vou 
querer ir na França. Os ingleses também têm inimigos terríveis, cheios de truques maldosos, diz o hino 
deles, e eles juram que vão esmagar os inimigos. Esses países são muito inseguros. Nos Estados 
Unidos o hino explica que tem bombas e foguetes voando. Como os jogadores podem ser bonzinhos, 
11 
 
depois de cantar essas coisas? Teve um que mordeu um outro. Acho que foi pouco, coisas muito piores 
podiam acontecer. 
Podia acontecer de morrerem, por exemplo. Tem um hino que fala em morrer. O da Itália pede 
que todos estejam prontos para morrer, porque a Itália chamou. Como é que se pode chamar os outros 
para morrer? O do Uruguai pede para escolher a pátria ou o túmulo. O nosso do Brasil, que eu prefiro, 
entre outros, porque não dá para entender as palavras, e por isso não ameaça ninguém, mesmo assim 
tem um pedaço que diz que a gente não teme a própria morte. A Fifanão devia deixar eles cantarem 
essas coisas. É um risco no fim do jogo o campo ficar cheio de mortos. Faz bem o jogador da França 
que não cantam hino deles, ainda mais um hino daqueles. Os nossos cantaram sempre, todos, e 
choraram muito. Quem chorou mais, eu acho, foi o Thiago Silva. Aqui em casa até meu pai chorou. Eu 
não choro. Tenho mais o que fazer. 
 
Nota: o gênero “conpozissão imfãtil”, para quem não sabe, é uma das criações imortais de Millôr Fernandes. 
 
 
Quando estamos em um ato de processamento textual, fazemos uso de estratégias de ordem 
sociocognitiva, ou seja, usamos os vários tipos de conhecimento que temos armazenado na memória. 
São, basicamente, três diferentes tipos de conhecimento: o linguístico, o enciclopédico e o 
interacional. 
* O conhecimento linguístico compreende o conhecimento gramatical e lexical, sendo o 
responsável pela articulação som-sentido. É ele o responsável, por exemplo, pela organização do 
material linguístico na superfície textual, pelo uso dos elementos de coesão disponíveis na língua, 
pela seleção lexical adequada ao tema e aos modelos cognitivos ativados. 
 
Assim, requer do leitor os seguintes aspectos: 
Gramatical, Lexical, Seleção de termos e Organização do texto e coesão. 
 
 
* O conhecimento enciclopédico (conhecimento de mundo) é aquele que se encontra 
armazenado na memória de longo tempo, também denominada semântica ou social. Refere-se a 
conhecimentos gerais sobre o mundo – uma espécie de thesaurus mental. 
 
Requer do leitor os seguintes aspectos: o que está armazenado na memória, conhecimentos 
adquiridos por informações dadas e pela experiência. 
 
 
* O conhecimento interacional é o conhecimento sobre as ações verbais, isto é, sobre as formas 
de "interação" por meio da linguagem. Engloba o conhecimento do tipo ilocucional, 
comunicacional, metacomunicativo e superestrutural. 
 
Vejamos mais detalhadamente o que cada um destes conhecimentos significam: 
 
Ilocucional: Permite-nos reconhecer os objetivos ou propósitos pretendidos pelo produtor do texto, 
em uma dada situação interacional. 
Comunicacional: Diz respeito à: 
 
• quantidade de informação necessária, numa situação comunicativa concreta, para que o parceiro 
seja capaz de reconstruir o objetivo da produção do texto; 
• seleção da variante linguística adequada a cada situação de interação; 
• adequação do gênero textual à situação comunicativa. 
 
12 
 
Metacomunicativo: É aquele que permite ao locutor assegurar a compreensão do texto e conseguir 
a aceitação pelo parceiro dos objetivos com que é produzido. Para tanto, utiliza-se de vários tipos de 
ações linguísticas configuradas no texto por meio da introdução de sinais de articulação ou apoios 
textuais, atividades de formulação ou construção textual. 
Superestrutural: Permite a identificação de textos como exemplares adequados aos diversos 
eventos da vida social. Envolve também conhecimentos sobre as macrocategorias ou unidades 
globais que distinguem vários tipos de textos, bem como sobre a ordenação ou sequenciação textual 
em conexão com os objetivos pretendidos. 
 
* Um bom leitor é capaz de ativar esses conhecimentos de modo a construir os sentidos do 
texto lido. No caso de textos informativos e argumentativos, a construção de sentidos requer 
a capacidade de não se desviar do eixo de significação proposto pelo produtor do mesmo. 
 
Mitos ou Verdade sobre (d)a Leitura? 
 - Ato passivo; 
- Decodificar palavra por palavra; 
- Ler só uma vez é suficiente; 
- Lembrar de tudo que leu no texto; 
- Saber o significado de todas as palavras do texto para poder fazer uma leitura; 
- O importante é o que o texto traz para o leitor e não o que este leva para o texto. 
(KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. (2006). Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto.) 
 
 
 
 
 
13 
 
2.4. Exercícios de fixação do conteúdo 
QUESTÃO 1 - Para ler e produzir um texto, são necessários alguns conhecimentos, tais como: 
I. conhecimento linguístico, que é saber ouvir/falar, ler/escrever com base em uma língua; 
II. conhecimento de mundo, que consiste em saber assuntos que nos rodeiam; 
III. conhecimento interacional, que consiste em saber como e em que situação um texto pode ser 
veiculado. 
 
a. Todas as afirmações estão corretas. b. Apenas I está correta. 
c. Apenas II está correta d. Apenas III está correta. 
e. I e II estão corretas. 
 
 
QUESTÃO 2 - Dentro do conhecimento da língua, há o conhecimento do léxico. Indique a 
expressão em que o numeral indica quantidade. 
a. Revólver trinta e oito b. Gol mil 
c. Dois litros d. Ouro dezoito 
e. Álcool noventa 
 
Leia o trecho abaixo retirado do texto de Luís Fernando Veríssimo (In.: Zoeira. Porto Alegre: 
L&PM, 1987) para responder ao que se pede nas questões 3, 4 e 5: 
 
COMUNICAÇÃO 
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se 
entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome? 
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?” 
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles... 
“Pois não?” 
“Um... como é mesmo o nome? 
“Sim?” 
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, 
conhecidíssima.” 
“Sim, senhor.” 
“O senhor vai dar risada quando souber”. 
“Sim, senhor.” 
(...) “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem 
reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? (...) E tem um, um... (...) Um sulco 
onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma 
coisa pontuda que fecha. Entende?” 
“Infelizmente, cavalheiro...” 
(...) “Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo? 
“Se o senhor diz, cavalheiro. (...) Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la 
outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?” 
“Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em 
desenho”. 
(...) “Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?” 
14 
 
“É de, sei lá. De metal.” 
“Muito bem, de metal. Ela se move?” 
“Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa 
na ponta, assim.” 
“Francamente...” 
“Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra 
volta e clique, encaixa”. 
“Ah, tem clique. É elétrico?” 
“Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.” 
(...) “Tentemos por outro lado. Para o que serve?” 
“Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por 
aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa”. 
“Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de 
segurança e...” 
“Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!” 
“Mas do jeito que o senhora descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!” 
“ É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?” 
 
QUESTÃO 3 – O trecho é parte de um texto em que um comprador se esforça para explicar a um 
vendedor como é o objeto que deseja comprar pois não consegue se lembrar do nome do mesmo. 
Ao descrever o objeto, quando a personagem fala “assim, assim”, qual o código que predomina 
na transmissão da mensagem? 
a) Desenho b) Palavras 
c) Gestos d) Expressões faciais 
e) Nenhuma das alternativas 
 
QUESTÃO 4 – A falha e dificuldade na comunicação se deu, principalmente, por falta de: 
a) Conhecimento linguístico por parte do receptor 
b) Conhecimento linguístico por parte do produtorda mensagem. 
c) Boa vontade por parte do vendedor que era o receptor da mensagem 
d) Conhecimento partilhado entre os interlocutores 
e) Utilização de um código comum e partilhado entre os interlocutores 
 
QUESTÃO 5 – A palavra “sulco”, destacada no texto, pode ser substituída, sem alterar o sentido 
da frase por: 
a) Risco b) Caixa 
c) Botão d) Fenda 
e) Tampa 
 
________________________ **** ________________________ 
15 
 
3. Texto e contexto: contextualização na escrita 
Texto 5: 
CASO DE SECRETÁRIA 
Carlos Drummond de Andrade 
Foi trombudo para o escritório. 
 Era dia de seu aniversário, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a mínima alusão à data. As 
crianças também tinham se esquecido. Então era assim que a família o tratava? Ele que vivia para os 
seus, que se arrebentava de trabalhar, não merecer um beijo, uma palavra ao menos! 
Mas, no escritório, havia flores à sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária, 
que poderia muito bem ter ignorado o aniversário, e entretanto o lembrara. 
 Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como até então a 
considerara; era um coração amigo. 
Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais borocochô: o carinho da secretária não curava, abria mais a 
ferida. Pois então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e a mulher e os filhos, nada? 
Baixou a cabeça, ficou rodando o lápis entre os dedos, sem gosto para viver. 
Durante o dia, a secretária redobrou de atenções. Parecia querer consolá-lo, como se medisse toda 
sua solidão moral, o seu abandono. Sorria, tinha palavras amáveis, e o ditado da correspondência foi 
entremeado de suaves brincadeiras da parte dela. 
— O senhor vai comemorar em casa ou numa boate? 
Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma. Fazer anos é uma droga, ninguém gostava dele 
neste mundo, iria rodar por aí à noite, solitário, como o lobo da estepe. 
— Se o senhor quisesse, podíamos jantar juntos – insinuou ela, discretamente. 
E não é que podiam mesmo? Em vez de passar uma noite besta, ressentida — o pessoal lá em casa 
pouco está me ligando —, teria horas amenas, em companhia de uma mulher que — reparava agora — 
era bem bonita. 
Daí por diante o trabalho foi nervoso, nunca mais que se fechava o escritório. Teve vontade de 
mandar todos embora, para que todos comemorassem o seu aniversário, ele principalmente. Conteve-se, 
no prazer ansioso da espera. 
— Onde você prefere ir? – perguntou, ao saírem. 
— Se não se importa, vamos passar primeiro em meu apartamento. Preciso trocar de roupa. 
Ótimo, pensou ele; – faz-se a inspeção prévia do terreno, e, quem sabe? 
— Mas antes quero um drinque, para animar — ela retificou. Foram ao drinque, ele recuperou não só 
a alegria de viver e fazer anos, como começou a fazê-los pelo avesso, remoçando. Saiu bem mais jovem 
do bar, e pegou-lhe do braço. 
No apartamento, ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe que o usasse sem cerimônia. Dentro de 
quinze minutos ele poderia entrar no quarto, não precisava bater — e o sorriso dela, dizendo isto, era 
uma promessa de felicidade. 
Ele nem percebeu ao certo se estava se arrumando ou se desarrumando, de tal modo os quinze 
minutos se atropelaram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante do banheiro e da situação. 
Liberto da roupa incômoda, abriu a porta do quarto. 
 Lá dentro, sua mulher e seus filhinhos, em coro com a secretária, esperavam-no cantando "Parabéns 
para você." 
 
 
16 
 
3.1 Concepções de Língua e Linguagem 
 
 A linguagem permite relacionarmos com outras pessoas, trocar informações, expressar afetos e 
emoções, solicitar ajuda, influenciar outras pessoas em suas decisões e ações, etc. 
 A linguagem é tida como um lugar de interação humana, com a consequente produção de efeitos 
de sentido entre os interlocutores em uma dada situação de comunicação e num determinado 
contexto sócio histórico. 
 O termo linguagem deve ser entendido como faculdade mental que distingue os humanos de 
outras espécies e possibilita nossos modos específicos de pensamento, conhecimento e interação entre 
os semelhantes. 
 A língua é o instrumento mais utilizado para que se dê a interação entre os seres humanos. Segundo 
o linguista Saussure, a língua é um “sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma 
mesma comunidade”. Em outras palavras, é um tipo de código formado por palavras e leis 
combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si. 
 A Língua é um conjunto de variedades, pois engloba diferentes manifestações. Não é homogênea 
nem uniforme. As variações podem ser decorrentes do uso individual da língua ou de outros fatores. 
 Ao uso individual da língua, damos o nome de fala: é o modo particular, personalizado, como 
cada pessoa utiliza a língua da sua comunidade. Reflete a preferência do indivíduo por certas palavras ou 
construções, seja por hábito ou opção consciente, de expressões ou palavras já existentes dentro de uma 
língua, no nosso caso, a língua portuguesa. 
 A Fala é a atividade linguística concreta. Inclui todas as variações aceitas socialmente e representa 
sempre um ato individual. Os usuários de uma língua exercitam sua capacidade de organizar e transmitir 
ideias, entre outras coisas, utilizando o texto. 
 
Diante do que foi dito, com suas palavras, o que seria Língua, Linguagem e Fala? 
 
* No processo da leitura, fazemos uso do raciocínio dedutivo (que nos permite fazer inferências, 
possibilita a leitura das “entrelinhas”) e o raciocínio indutivo (que nos permite predizer a partir do 
nosso conhecimento de mundo, de outros textos, do nome do autor, das nossas condições sociais, 
etc.). O texto surge, então, da colaboração entre o autor e o leitor. O sentido não está no texto, 
mas se constrói a partir dele. 
 
A figura ao lado é a capa de um livro, cujo título é “Raízes do Brasil”. 
O que você pode deduzir a partir da capa e do título? 
 Você conhece o autor? 
Na sua opinião, do que se trata o livro? 
17 
 
Raízes do Brasil é um livro do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda. 
 
Publicado em 1936, Raízes do Brasil aborda aspectos centrais da história da cultura brasileira. O texto 
consiste de uma macro interpretação do processo de formação da sociedade brasileira. Destaca, sobretudo, a 
importância do legado cultural da colonização portuguesa do Brasil, e a dinâmica dos arranjos e adaptações 
que marcaram as transferências culturais de Portugal para a sua colônia americana” 
(Fonte: Wikipedia – visitado em 11/03/2012) 
 
* Compreendendo que um texto não é uma mera soma de frases, o que o diferencia de um não texto 
é a sua textualidade, que se manifesta em diferentes graus. Não é o tamanho físico que faz um 
texto, mas sua discursividade e inteligibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2 Fatores de textualidade 
* O que você vê na gravura ao lado? 
* É um texto? 
* Será que pode ser um texto para alguém e não ser um texto 
para outra pessoa? 
* Que tal analisá-lo levando em conta os princípios de 
textualidade? 
 
 
 
Os dois primeiros fatores de textualização são de ordem linguística, enquanto os demais são do 
campo da pragmática. Vamos rever, brevemente, o que cada um desses fatores implica: 
 
3.2.1. NÍVEL LINGUÍSTICO (internos ao texto) 
 
A organização interna do texto envolve dois fatores: a COERÊNCIA no aspecto semântico e a 
COESÃO no aspecto formal (da expressão) 
 
Coesão: ocorre na estrutura superficial; refere-se ao processo de encadeamento das ideias no texto, 
por meio de elementos gramaticais (conectivos) que estabelecem um nexo entre as ideias. Todas as 
palavras de um texto estão relacionadas entre si, por isso que um textonão é um simples 
amontoado de palavras. Observe o enunciado a seguir: 
São 7 os fatores de textualidade 
Coesão Coerência Informatividade Aceitabilidade 
Situacionalidade Intertextualidade Intencionalidade 
18 
 
Ex.: É consolador para os telespectadores, as más notícias são trazidas por uma bela repórter. 
Percebe-se que no exemplo citado, o pensamento está fragmentado e nota-se a falta de um 
elemento que faça um elo entre as orações. Veja agora o mesmo enunciado com o acréscimo de 
uma conjunção que dá uma relação de temporalidade entre os dois enunciados: 
Ex.: É consolador para o telespectador quando as más notícias são trazidas por uma bela repórter. 
 
Aos elementos que fazem esse elo entre duas orações chamamos elementos coesivos. Funcionam 
como elementos coesivos: 
- as preposições: a, de, para, com, por, etc.; 
- as conjunções: que, para, que, quando, embora, etc.; 
- os pronomes: ele, ela, seu, sua, o qual, cujo, este(a), isso, etc.; 
- os advérbios: aqui, lá, assim, etc. 
 
O uso adequado desses elementos confere unidade ao texto e contribui consideravelmente para a 
clara expressão das ideias. 
 
Coerência: Relaciona-se ao sentido do texto e se manifesta na construção de sentido da unidade 
do mesmo, implicando uma continuidade nas ideias presentes no texto. O texto segue um 
determinado tema, sendo necessário o encadeamento das ideias a partir desse tema para que não 
ocorram contradições. Está relacionada à interpretação do texto, pois uma ideia ajuda a 
compreender outra dentro do texto. A coerência é construída pelo leitor à medida que o texto faz 
sentido para ele. 
 
Há diferentes níveis de coerência (Platão e Fiorin, 2001): 
 
Coerência Narrativa: diz respeito às implicações lógicas existentes entre as partes da narrativa. De 
modo geral, em uma narrativa, uma fase posterior depende da anterior. Por exemplo, para que uma 
personagem realize uma ação, é preciso que ela tenha capacidade, ou seja, saiba e possa fazê-la. 
 
Há coerência narrativa no enunciado abaixo? 
 
Ex.: Após alguns minutos de espera, o promotor deu a sentença. 
 
Coerência argumentativa: diz respeito às relações de implicação e adequação que se estabelecem 
entre os pressupostos e afirmações explícitas de um texto e as conclusões que se tira deles. Se 
os pressupostos ou dados de base não permitem tirar as conclusões adequadas, comete-se a 
incoerência de nível argumentativo. A manutenção deste tipo de coerência é fundamental ao texto 
dissertativo. 
 
Ex.: Os números da educação do Censo 200 são animadores. Os dados mostram que mais da 
metade (59%) da população brasileira com mais de 10 anos não conseguiu concluir o ensino 
fundamental. 
 
Coerência figurativa: refere-se à combinatória de figuras para manifestar um dado tema. As várias 
figuras que ocorrem dentro de um texto devem articular-se de maneira coerente para construir um 
único bloco temático. A ruptura dessa coerência pode produzir efeitos desconcertantes. Todas as 
figuras devem pertencer ao mesmo universo de significado. 
 
Ex.: Durante o inverno, a população do Rio de Janeiro aguarda a neve que rotineiramente cobre as 
ruas da cidade. 
 
 
19 
 
 
 
NÍVEL PRAGMÁTICO (externos ao texto) 
 
1. Intencionalidade: empenho do produtor em construir um texto coerente e coeso que satisfaça 
os seus objetivos numa determinada situação comunicativa: informar, impressionar, alarmar, 
convencer, persuadir, defender, etc. 
 
2. Aceitabilidade: diz respeito à expectativa do receptor; ele espera um texto coerente, coeso útil, 
relevante, que o leve a adquirir conhecimentos e a cooperar com o produtor. 
 
3. Situacionalidade: o lugar e o momento da comunicação. Adequação do texto à situação 
sociocomunicativa. 
 
4. Intertextualidade: diálogo entre textos com distintas finalidades. 
 
5. Informatividade: informação presente no texto: saber com que conhecimentos do receptor se 
podem contar para equilibrar a quantidade de informações explícitas e implícitas. 
 
 
VAMOS TRABALHAR UM POUCO MAIS COM OS FATORES DE TEXTUALIDADE? 
 
Texto 1 
As janelas da casa foram pintadas de azul, mas os pedreiros estão almoçando. A água da 
piscina parece limpa, entretanto foi tratada com cloro. A vista que tenho da casa é muito agradável. 
Texto 2 
João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os mísseis 
são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço. Segundo a teoria da relatividade, o espaço é 
curvo. A teoria rimaniana dá conta desse fenômeno. 
(Marcuschi, 1983, 31) 
 
 
 
 
 
Até os estudos de Fink e Schoenemberger, os 
resultados ainda eram controversos. A dupla pôde 
medir diretamente a corrente elétrica graças a um 
tipo especial de microscópio eletrônico, capaz de 
aproximações tão diminutas da amostra que 
entram em ação fenômenos da mecânica 
quântica, segundo a qual a energia não é 
absorvida ou gerada em um fluxo contínuo, mas 
em pequenos pacotes, os quanta (plural de 
"quantum", quantidade em latim). (Ricardo 
Bonalume Neto. Folha de S. Paulo, 18/4/99.) 
 
( ) alto grau de informatividade 
( ) baixo grau de informatividade 
Quanto aos seus aspectos positivos, ela nos dá 
informação sobre o mundo, assim como o Jornal 
Nacional da Globo. Alguns programas e até 
mesmo propagandas nos divertem. Exemplo: Sai 
de Baixo e Casseta e planeta. A tevê também 
serve como um passatempo com diversas 
atrações: filmes, programas de auditório, 
desenhos, etc. 
 (Aluno do 1" ano do ensino 
médio.) 
( ) alto grau de informatividade 
( ) baixo grau de informatividade 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
________________________ **** ________________________ 
 
3.3. Exercícios de fixação do conteúdo 
 
QUESTÃO 1 – Leia o texto abaixo: 
 
Língua e Fala 
 “Na linguagem, pois, distinguem-se dois fatores – a língua e a fala. “Foi Saussure o primeiro a separar e 
conceituar estes dois aspectos. Compara ele a língua a um dicionário cujos exemplares idênticos são 
distribuídos entre os indivíduos. Cada falante escolhe na língua os meios de expressão de que necessita 
para comunicar-se, confere-lhe natureza material, produzindo assim a fala. A fala, de aplicação 
momentânea, é fruto da necessidade psicológica de comunicação e expressão. Porque é a realização 
individual da língua, torna-se flutuante e varia, pois muda de indivíduo para indivíduo, de situação para 
situação. Altera-se facilmente pela influência de fatores diversos – estados psíquicos, ascensão social, 
migração, mudança de atividade, etc. Não é, porém, um fator de criação e sim de modificação. O 
indivíduo, pelo ato de fala, não cria a língua, pois recebe e usa aquilo que a sociedade lhe ministrou e, de 
certa forma, lhe impôs. A língua tem sempre a possibilidade de fixação e sistematização em dicionários e 
gramáticas. É um patrimônio extenso e ninguém a possui em sua totalidade. Cada falante retém uma 
parte (embora grande) do sistema, que não existe perfeito em nenhum indivíduo. 
(Francisco da Silva Borba. In. Nicola, 1997) 
 
Indique a afirmação correta, tendo por base o texto apresentado: 
a. Língua e fala são fenômenos exatamente idênticos; 
b. Há indivíduos que conhecem e usam uma língua em sua totalidade; 
c. A fala é invariável, mantendo-se independente da situação; 
d. Uma mudança de atividade implica uma alteração na língua. 
e. A gramática sistematiza a língua; o dicionário a fixa. 
 
 
QUESTÃO 2 – Observe a letra da canção "É" de Luiz Gonzaga Jr., e escolha a alternativa correta: 
 
"A gente quer calor no coração;/a gente quer suar, mas de prazer: 
a gente quer é ter muita saúde;/a gente quer viver a liberdade; 
a gente quer viver felicidade./É, agente não tem cara de panaca, 
a gente não tem jeito de babaca.../" 
 
21 
 
a. Nessa letra de Gonzaguinha, vimos o uso inadequado das gírias "panaca" e "babaca", já que o texto 
escrito não permite o uso de gírias. 
b. Por ser a canção um registro escrito, o compositor deveria ter empregado em vez de “babaca”, a sua 
variante culta “basbaque". 
c. O uso da gíria no texto acima está adequado, pois o registro da canção é informal. 
d. A gíria é um recurso linguístico saudável e pode ser interessante e criativa, mas só pode ser 
empregada na língua oral, nunca na escrita. 
e. Nessa letra de música, o uso da expressão "a gente" em substituição a "nós" está incorreto, pois 
contraria o registro formal exigido em todo texto escrito. 
 
 
QUESTÃO 3 – Leia as afirmações e assinale V (verdadeiro) ou F (falso) 
 
( ) A leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor. 
( ) Um texto pode ser lido num tempo e espaço diferentes daqueles em que foi produzido. 
( ) Fatores linguísticos como o léxico e a sintaxe podem dificultar a compreensão de um determinado 
texto. 
( ) Na compreensão de um texto, os sentidos já estão pré-estabelecidos pelo autor. 
( ) A leitura é sempre um processo de interação entre sujeitos discursivos e texto. 
 
 
QUESTÃO 4 – Para ler e produzir um texto, são necessários alguns conhecimentos, tais como: 
I. Conhecimento linguístico, que é saber ouvir/falar, ler/escrever com base em uma língua. 
II. Conhecimento de mundo, que consiste em saber assuntos que no rodeiam. 
III. Conhecimento interacional, que consiste em saber como e em que situação um texto pode ser 
veiculado. 
a. Todas as afirmações estão corretas. 
b. apenas I está correta. 
c. apenas II está correta. 
d. apenas III está correta. 
e. I e II estão corretas. 
 
 
QUESTÃO 5 – “Podemos falar qualquer coisa: estou absolutamente calmo”. Os dois pontos nesse 
período poderiam ser substituído de forma coesa pela conjunção: 
a. e d. portanto 
b. logo e. pois 
c. mas 
 
 
 
 
 
 
________________________ **** ________________________ 
22 
 
4. Intertextualidade 
 
4.1. Texto para reflexão: Texto 6 
AS MIL E UMA NOITES 
Rubem Alves (adaptado) 
 
Estou me entregando ao prazer ocioso de reler "As mil e uma noites". O encantamento começa com 
o título que, nas palavras de Jorge Luis Borges, é um dos mais belos do mundo. Segundo ele, a sua 
beleza particular se deve ao fato de que a palavra mil é, para nós, quase sinônimo de infinito. "Falar em 
mil noites é falar em infinitas noites. E dizer mil e uma noites é acrescentar uma além do infinito." 
As mil e uma noites são a estória de um amor - um amor que não acaba nunca. Não existe ali lugar 
para os versos imortais do Vinícius (tão belos que o próprio Diabo citou em sua polêmica com o 
Criador): "Que não seja eterno, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure..." Estas são 
palavras de alguém que já sente o sopro do vento que dentro em pouco apagará a vela: declaração de 
amor que anuncia uma despedida. (...) 
As mil e uma noites são uma estória da luta entre o vento impetuoso e o sopro suave. Ela revela o 
segredo do amor que não se apaga nunca. 
Um sultão, descobrindo-se traído pela esposa a quem amava perdidamente, toma uma decisão 
cruel. Não podia viver sem o amor de uma mulher. Mas, também, não podia suportar a possibilidade da 
traição. Resolve, então, que iria se casar com as moças mais belas dos seus domínios, mas depois da 
primeira noite de amor, mandaria decapitá-las. Assim o amor se renovaria a cada dia em seu vigor de 
fogo impetuoso, sem nenhum sopro de infidelidade que pudesse apagá-lo. Espalham-se logo, pelo 
reino, as notícias das coisas terríveis que aconteciam no palácio real: as jovens desapareciam, logo 
depois da noite nupcial. Xerazade, filha do vizir2, procura então o seu pai e lhe anuncia sua espantosa 
decisão: desejava tornar-se esposa do sultão. O pai, desesperado, lhe revela o triste destino que a 
aguardava, pois ele mesmo era quem cuidava das execuções. Mas a jovem se mantém irredutível. 
A forma como o texto descreve a jovem Xerazade é reveladora. Quase nada diz sobre sua beleza. 
Faz silêncio total sobre o seu virtuosismo erótico. Mas conta que ela lera livros de toda espécie, que 
havia memorizado grande quantidade de poemas e narrativas, que decorara os provérbios populares e 
as sentenças dos filósofos. 
E Xerazade se casa com o sultão. Realizados os atos de amor físico que acontecem nas noites de 
núpcias, (...) ela começa a falar. Suas palavras penetram os ouvidos do sultão. Suavemente, como 
música. (...) 
O corpo é um lugar maravilhoso de delícias. Mas Xerazade sabia que todo amor construído sobre as 
delícias do corpo tem vida breve. A chama se apaga tão logo o corpo tenha se esvaziado do seu fogo. 
O seu triste destino é ser decapitado pela madrugada: não é eterno, posto que é chama. E então, 
quando as chamas dos corpos já se haviam apagado, Xerazade sopra suavemente. Fala. Erotiza os 
vazios adormecidos do sultão. Acorda o mundo mágico da fantasia. Cada estória contém uma outra, 
dentro de si, infinitamente. E ela lhe parece bela. Tão bela. Bela como nenhuma outra. Porque uma 
pessoa é bela, não pela beleza dela, mas pela beleza nossa que se reflete nela... 
Conta a estória que o sultão, encantado pelas estórias de Xerazade, foi adiando a execução, por mil 
e uma noites, eternamente e um dia a mais. 
Não se trata de uma estória de amor, entre outras. É, ao contrário, a estória do nascimento e da vida 
do amor. O amor vive nesse sutil fio de conversação, balançando-se entre a boca e o ouvido. (...) 
As mil e uma noites são a estória de cada um. Em cada um mora um sultão. Em cada um mora uma 
Xerazade. Aqueles que se dedicam à sutil e deliciosa arte de fazer amor com as palavras podem ter a 
esperança de que as madrugadas não terminarão com o vento que apaga a vela, mas com o sopro que 
a faz reacender-se. 
 
 
2 Vizir: Título usado em alguns países muçulmanos para designar autoridades como ministros de Estado. 
23 
 
 
1 2 3 
 
 
 
 
 
 
1 – “O violeiro”, 1899, Almeida Junior (Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo); 
2 - Montagem com reprodução de “O Violeiro”, de Almeida Júnior, 1899: foto de Miguel Boyayan (2008); 
3– Releitura de Mauricio de Souza da obra “O Violeiro”, de Almeida Júnior, 1899. 
 
Um escritor, ao fazer uso da palavra, muitas vezes, recorre a textos alheios específicos para fundamentar 
sua fala, discordar da fala alheia, citar um conceito, aludir a um conhecimento coletivo ou ilustrar o 
que pretender dizer etc. Dessa maneira, estabelece-se um diálogo entre dois ou mais textos. A esse 
diálogo entre os textos dá-se o nome de intertextualidade. 
 
Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades distintas: 
* Para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado; 
* Para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para polemizar com ele. 
 
A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do 
repertório do leitor. Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os 
textos travam entre si por meio de referências, citações e alusões. Diz-se que todo texto remete a outros 
textos no passado e aponta para outros no futuro. Quanto mais elementos reconhecemos em um 
texto, mais fácil será a leitura e mais enriquecida será a nossa interpretação, ou seja, a 
intertextualidade é um fenômeno cumulativo: quanto mais se lê, mais se detectam vestígios de 
outros textos naquele que se está lendo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* O que podemosdizer dos efeitos dessas 
propagandas 
3
? 
* Essas propagandas refletem algum diálogo explícito ou mesmo implícito com outros textos? 
 
A presença de vestígios de outros assuntos dá sustentação à tese de que intertextualidade constitutiva 
do texto é eminentemente interdisciplinar (o mesmo texto pode ser utilizado em diversas matérias com 
 
3
 A primeira propaganda acima faz alusão ao poema “Tinha uma Pedra no Caminho”, do poeta Carlos Drummond de Andrade. 
 
24 
 
enfoques específicos a cada uma delas). O conjunto de relações com outros textos do mesmo 
gênero e com outros temas transforma o texto num objeto tão aberto quantas sejam as relações 
que o leitor venha perceber. 
 
“No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra / no meio do caminho tinha uma pedra. 
Nunca me esquecerei desse acontecimento / na vida de minhas retinas tão fatigadas. 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho / tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho / no meio do caminho tinha uma pedra” 
 
4.2. Tipos de Intertextualidade 
 
Os intertextos podem dizer respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à forma e ao conteúdo, 
concomitantemente. 
Explícita X Implícita 
Intertextualidade explícita: Presença da citação da fonte do intertexto. Fragmento de outro 
texto. 
 
(Reflita: por que e para que o autor citou a fonte, se tem a opção de não fazê-lo?) 
 
E isso ocorre em alguns gêneros textuais, como os resumos, resenhas, traduções ou 
discursos relatados, etc., quando o autor cita um fragmento ou faz referência a outro texto. 
***** 
Intertextualidade implícita: recorre ao sentido figurado, não permitindo que o leitor depreenda 
seu sentido de imediato. Ocorre quando há intertexto alheio, sem citação explícita da fonte. É 
esperado que o leitor conheça o texto fonte para poder entender o texto atual. 
 
Temática X Estilística 
 
Intertextualidade temática: abordagem de um mesmo assunto por vários meios ou 
portadores de textos. O foco do discurso é retomado nos diferentes textos. Essa 
intertextualidade ocorre, conforme as autoras Koch, Bentes e Cavalcante (2008, p. 18), em 
monografias, textos científicos de uma mesma área de conhecimento. 
 
***** 
Intertextualidade estilística: esse tipo de intertextualidade não apresenta ligação temática 
com o outro texto, mas apenas utiliza sua forma, o mesmo estilo. 
 
Ex.: “Oração do Internauta - Satélite nosso que estais no céu, acelerado seja o vosso link, 
venha a nós o vosso host, seja feita vossa conexão, assim em casa como no trabalho. / ... / Não 
nos deixeis cair a conexão e livrai-nos do Spam, Amém!” 
 
Intertextualidade genérica 
 
Stricto sensu (intergenérica): um gênero textual que exerce a função de outro. 
 
Dá-se pela seleção e troca de palavras que compõem a estrutura de um dado gênero textual. É 
preciso saber reconhecer os gêneros. 
 
***** 
Latu sensu (tipológica): possibilita reconhecer nos tipos de textos (narrativas, descritivas, 
expositivas, outros) características comuns (estrutura, seleção lexical, uso de tempos verbais, 
advérbios - tempo, lugar, modo) para notar que pertencem à determinada classe. 
25 
 
“Minha terra tem Palmeiras, 
Corinthians e outros times 
De copas exuberantes 
Que ocultam muitos crimes” 
 (Outra Canção do Exílio de Eduardo Alves da Costa) 
 
 
Você conhece o texto que se encontra na base dessas duas produções textuais? 
 
Perceber a relação entre dois textos pode ser bastante simples, mas o importante é entender 
significados implícitos que o autor apenas sugere com tal recurso. A função do estabelecimento de 
intertextualidade é provocar uma interação entre o sentido de dois textos, que leva à construção de 
um terceiro sentido para o texto desencadeador da intertextualidade. 
 
4.3. A intertextualidade nos trabalhos acadêmicos e discursos científicos 
 
Um texto científico, de cunho acadêmico, de modo geral, se utiliza de conceitos, teoria, uma 
linguagem mais complexa e uma ordem de raciocínio com a qual o estudante se familiarizará ao 
longo do seu curso. Na construção do conhecimento de tais textos é muita utilizada a 
Intertextualidade. 
 
Citação: sempre que o autor cita, literalmente, as palavras de um outro autor. É comum ocorrer 
quando se quer comentar, discordar ou endossar uma ideia, ou para dar mais credibilidade ao texto 
que se está redigindo. Ao citar um texto, é preciso destacá-lo de alguma forma, usando aspas ou 
colocando-o com uma formatação e paragrafação diferentes, e indicar a referência bibliográfica do 
mesmo (a fonte de onde foi retirado o trecho citado). 
 
Paráfrase: reescrever as ideias de um autor utilizando-se de outras palavras, mas mantendo o 
sentido original do texto. No cotidiano, fazemos paráfrases sempre que contamos um filme a alguém 
ou um episódio de uma série ou novela, quando repetimos uma explicação, quando elaboramos o 
resumo de um texto, etc. 
 
Texto 7: 
POR QUE AS ARTICULAÇÕES ESTALAM? 
 
O colega nervoso força os dedos da mão do seu lado e você ouve: tec, tec, tec. Você agacha para 
apanhar um objeto no chão e os joelhos fazem "clac". As articulações do corpo, quando forçadas, fazem 
um som de estalo. Mas por que isso acontece? 
As articulações são as estruturas que ligam um osso ao outro. Algumas não têm movimento, como 
as do crânio. As que são articuladas, permitindo o movimento, são chamadas de junturas sino viais. 
Elas são envolvidas por uma cápsula protetora, formada por tecido membranoso. 
26 
 
"As cápsulas articulares são como um plástico duro. Quando se amassa uma garrafa pet, ela faz um 
barulho ao voltar à forma original. Quando uma articulação é forçada, como no estalar de dedos, 
acontece a mesma coisa com a cápsula", explica o ortopedista Bóris Souza, do Instituto Catarinense de 
Ortopedia. 
Mesmo que o som de dedos estalados possa ser angustiante para algumas pessoas, Souza garante 
que o tique não é prejudicial. "O limite é a dor", diz ele. Quando o estalo se dá na mandíbula, no 
entanto, é sinal de alerta. "Nesse caso, convém procurar um dentista, porque provavelmente já há um 
desgaste", diz o ortopedista. 
Para manter as articulações em ordem, as regras são as mesmas de uma vida saudável: manter o 
peso, alimentar-se bem e praticar exercícios moderados. "Esportes de alto impacto são para atletas 
profissionais. E mesmo eles acabam sentindo desgaste nas articulações a longo prazo", lembra Souza. 
(Disponível em: http://noticias.terra.com.br/educacao/vocesabia) 
 
 
________________________ **** ________________________ 
 
 
4.4. Exercícios de Fixação do Conteúdo 
 QUESTÃO 1 – Analise a figura ao lado e assinale a 
alternativa correta: 
A. A figura não pode ser considerada um texto por não se 
constituir de palavras distribuídas em orações e em parágrafos. 
B. Trata-se de um texto, porque é uma unidade de sentido com 
linguagem e permite aos indivíduos a comunicação. 
C. É um texto apesar de seu contexto econômico. 
D. A figura não é um texto, porque não possui informação 
suficiente; tem apenas o valor, o nome da moeda corrente e o 
país de origem. 
E. A mistura de imagens, palavras e números não cria um texto, 
tornando a figura, na verdade, confusa. 
 
 
QUESTÃO 2 – Chico Buarque de Holanda, um dos mais importantes compositores brasileiros, 
utiliza a intertextualidade. Na sua canção, “Bom conselho”, qual a intertextualidade que se pode 
notar? 
“Ouça um bom conselho / que eu lhe dou de graça / inútil dormir que a dor não passa 
Espere sentado / ou você se cansa / Está provado quem espera nunca alcança (...)” 
 
a. O compositor faz intertextos com ditados populares, invertendo-os, questionando-os e olhando-os 
sob outro ângulo. 
b. A intertextualidade se dá deforma explícita pois o autor cita suas fontes. 
c. São citados exemplos conhecidos do senso popular com as devidas fontes. 
d. Pelo contrário, não é possível notar o intertexto pois ele é implícito. 
e. Não se pode falar de intertextualidade pois não há diálogos com outros textos já conhecidos do 
leitor. 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
QUESTÃO 3 – Leia com atenção: 
 
Brasileiro, homem do amanhã 
Há em nosso povo duas constantes que nos induzem a sustentar que o Brasil é o único país brasileiro 
de todo o mundo. Brasileiro até demais. Colunas da brasilidade, as dias colunas são: a capacidade de 
dar um jeito e a capacidade de adiar. 
A primeira é escassamente conhecida, e nada compreendida, no exterior; a segunda, no entanto, já 
anda bastante divulgada lá fora, sem que direta ou sistematicamente, o corpo diplomático contribua 
para isso. 
(...) Para o brasileiro, os atos fundamentais da existência são: nascimento, reprodução, procrastinação 
e morte (esta última, se possível, também adiada). 
(...) Adiamos tudo: o bem e o mal, o bom e o mau, que não se confundem, (...) o trabalho, o encontro, o 
almoço, o telefonema, o dentista, o dentista nos adia, a conversa séria, o pagamento do imposto de 
renda, as férias, o exame médico, o conserto do automóvel, a festa de aniversário da criança, tudo. Até 
o amor. 
(...) O brasileiro adia, logo existe. 
(Paulo Mendes Campos) 
 
Em “O brasileiro adia, logo existe” há: 
 
a. Informação nova 
b. Intertextualidade explícita 
c. Intertextualidade implícita 
d. Contextualização 
e. Metalinguagem 
 
 
________________________ **** ________________________ 
28 
 
Revisão para a NP1 
 
Os conteúdos abordados foram: 
* Texto e contexto: Noções do texto; 
* Texto e contexto: conhecimento linguístico, conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo e 
conhecimento interacional; 
* Texto e contexto II: contextualização na escrita; 
* Intertextualidade. 
___________________ ***** _________________ 
 
Noções de texto e os diferentes conhecimentos 
 
* O texto é visto enquanto uma combinação de frases inter-relacionadas que 
formam um todo significativo, sendo necessárias a coerência, a coesão e a 
adequação às circunstâncias de uso. O texto abrange não somente a 
linguagem verbal, mas também é feito de outras linguagens. Deste modo, 
temos texto verbal, visual, musical, cinematográfico, fotográfico, etc. 
 
* O contexto é a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre 
dentro do texto e depende, também, de situações fora da língua, como o 
texto. O contexto é compreendido numa interação, sendo que cada um dos 
interlocutores traz consigo uma bagagem cognitiva, ou seja, um contexto. 
 
O sentido de um texto, qualquer que seja a situação comunicativa, não depende apenas da 
estrutura textual. Os enunciados a que o texto faz referência são apresentados em grande parte de 
forma incompleta, permanecendo muita coisa implícita. O produtor do texto pressupõe da parte do 
leitor/ouvinte conhecimentos textuais, situacionais e enciclopédicos e não explicita as informações 
consideradas redundantes ou desnecessárias. 
 
O leitor/ouvinte, por sua vez, espera sempre um texto dotado de sentido e procura, a partir da 
informação dada no contexto, construir uma representação coerente, por meio 
da ativação de seu conhecimento de mundo e/ou de deduções que o levam a 
estabelecer o entendimento do texto. 
 
Nesse sentido, na compreensão e produção de um texto, fazemos uso 
dos vários tipos de conhecimento que temos armazenado na memória e 
que são: 
 
linguístico (estrutura gramatical, léxico); 
enciclopédico (conhecimento de mundo); 
interacional (diversos modos de dizer); 
ilocucional (permite-nos reconhecer os objetivos ou propósitos pretendidos 
pelo produtor do texto, em uma dada situação interacional. o que se quis dizer 
não está no dito); 
comunicacional (textos informativos de modo geral); 
metacomunicacional (o próprio texto usado para chamar a atenção do leitor 
- letra em itálico, negrito, etc.); 
superestrutural (modelos de textos em circulação na sociedade) 
 
Texto e contexto II: contextualização na escrita 
 
A linguagem é tida como um lugar de interação humana, com a consequente produção de efeitos de 
sentido entre os interlocutores em uma dada situação de comunicação e num determinado 
contexto sócio-histórico. 
 
Davi de Michelangelo 
29 
 
Compreendendo que um texto não é uma mera soma de frases, o que o diferencia de um não texto é a 
sua textualidade, que se manifesta em diferentes graus. Não é o tamanho físico que faz um texto, 
mas sua discursividade e inteligibilidade. 
Há 7 fatores responsáveis pela textualidade: 
Coesão Coerência Informatividade Aceitabilidade 
Situacionalidade Intertextualidade Intencionalidade 
 
Os dois primeiros abaixo são de ordem interna do texto: 
 
Coesão: Todas as palavras de um texto estão relacionadas entre si, por isso que um texto não é um 
simples amontoado de palavras. E a coesão é responsável pela costura do texto. Os elementos 
gramaticais, como preposições, pronomes pessoais, os tempos verbais, os conectivos, funcionam como 
elos coesivos, estabelecendo relações, conexões, concatenando as ideias, e, assim, permitindo a 
progressão do texto. 
 
Coerência: Relaciona-se com o sentido do texto e se manifesta da unidade do mesmo. O texto segue 
um determinado tema, sendo necessário o encadeamento das ideias a partir desse tema para que não 
ocorram contradições. A coerência está relacionada à interpretação do texto, pois uma ideia ajuda 
a compreender outra dentro do texto. Temos a coerência narrativa, argumentativa e figurativa. 
 
Os demais fatores são de ordem externa ao texto. 
 
Intencionalidade: empenho do produtor em construir um texto coerente e coeso que satisfaça os seus 
objetivos numa determinada situação comunicativa: informar, impressionar, alarmar, convencer, 
persuadir, defender, etc. 
Aceitabilidade: diz respeito à expectativa do receptor; ele espera um texto coerente, coeso útil, 
relevante, que o leve a adquirir conhecimentos e a cooperar com o produtor. 
Situacionalidade: o lugar e o momento da comunicação. Adequação do texto à situação 
sociocomunicativa. 
Intertextualidade: diálogo entre textos com distintas finalidades. 
Informatividade: informação presente no texto: saber com que conhecimentos do receptor se podem 
contar para equilibrar a quantidade de informações explícitas e implícitas. 
 
Intertextualidade 
 Um escritor, ao fazer uso da palavra, muitas vezes, 
recorre a textos alheios específicos para 
fundamentar sua fala, discordar da fala alheia, 
citar um conceito, aludir a um conhecimento 
coletivo ou ilustrar o que pretender dizer etc. 
Dessa maneira, estabelece-se um diálogo entre dois 
ou mais textos. A esse diálogo entre os textos dá-se 
o nome de intertextualidade. 
 
A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do repertório do 
leitor. Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os textos travam 
entre si por meio de referências, citações e alusões. 
 
TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE 
 
Explícita: Presença da citação da fonte do intertexto 
Implícita: Ocorre quando há intertexto alheio, sem citação explícita da fonte. É esperado que o 
leitor conheça o texto fonte para poder entender o texto atual. 
Temática: Abordagem de um mesmo assunto por vários meios ou portadores de textos. 
30 
 
Estilística: Esse tipo de intertextualidade não apresenta ligação temática com o outro texto, mas 
apenas utiliza sua forma, o mesmo estilo. 
 
Ex: “Oração do Internauta - Satélite nosso que estais no céu, acelerado seja o vosso link, venha a nós o 
vosso host, seja

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