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A Polêmica da aplicabilidade dos artigos do Novo CPC nos Juizados Especiais

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A Polêmica da aplicabilidade dos artigos do Novo CPC nos Juizados Especiais 
Parte I - A Contagem do Prazo em Dias Úteis (art. 219, CPC) 
Publicado por America Nejaim
Com a entrada em vigor do Novo CPC, no dia 18/03/2016, vários embates doutrinários têm surgido e causado verdadeiras angústias na prática forense. Dentre eles, pode-se destacar o questionamento da aplicação do CPC na Justiça do Trabalho e nos Juizados Especiais.
Quanto à aplicabilidade na primeira seara, o TST já emitiu enunciados esclarecendo quais os artigos que terão ou não aplicação da nova lei processual, observando-se o critério das normas processuais com previsão na CLT e aquelas que são omissas.
Contudo, no âmbito dos Juizados Especiais ainda não houve um pronunciamento unificado sobre a aplicabilidade dos artigos do CPC nas leis especiais dos Juizados Estaduais, Federais e da Fazenda Pública. Um dos pontos das controvérsias vem se concentrando para a dúvida sobre a utilização ou não da regra da contagem do prazo em dias úteis, prevista no artigo 219, do CPC.
No que se refere a essa celeuma, existem posicionamentos diferentes entre o entendimento do FONAJE (Fórum Nacional dos Juízes Estaduais) e as orientações do ENFAM (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento dos Magistrados) e do FPPC (Fórum Permanente dos Processualistas Civis).
Os juízes que fazem parte do FONAJE entendem que não deve haver a aplicação do artigo 219 do CPC por haver uma incompatibilidade com o princípio da celeridade processual, orientador dos processos que tramitam nos Juizados Especiais. Por outro lado, o ENFAM, em seu enunciado 45 e o FPPC, em seu enunciado 415, pronunciam-se no sentido da aplicabilidade da contagem do prazo em dias úteis nos juizados especiais.
Para uma análise da utilização ou não das regras do CPC/2015 sobre as leis esparsas deve-se observar o critério de existência ou não de norma específica sobre determinado tema processual. Destarte, para a solução do problemática trazida pela redação do artigo 219, CPC, basta fazer uma aplicação sistemática dos artigos 15 e 1.046, par.4º., CPC, com os artigos das leis esparsas que determinam a aplicação subsidiária da norma do CPC.
Fazendo-se uma leitura nas leis dos juizados, verifica-se que elas não possuem qualquer normatização referente à contagem dos prazos e, dessa forma, deve ser aplicada, subsidiariamente, a norma contida no CPC/2015, como bem orienta o art. 27, da Lei 12.153/2009 (Lei JEF). Portanto, tendo em vista a ausência de normatização da regra de contagem de prazo nas Leis de Juizados Especiais, a norma do artigo 219, do NCPC, aplica-se em sua íntegra na justiça especializada.
Apesar da solução dada pelo próprio CPC, a divergência doutrinária sobre a aplicabilidade do artigo 219 é desnorteante para os advogados militantes nos juizados especiais, os quais precisam ter uma posição profissional firme e cautelosa em sua atividade profissional, devendo ficar atentos aos entendimentos atuais de cada juizado, até que se forme a uniformização da jurisprudência entre os tribunais do nosso País, mantendo-a estável, íntegra e coerente, como prevê o artigo 926, CPC.
Enquanto não seja pacificado esse tema, sigo no norte da aplicabilidade do artigo 219, do CPC, alertando aos advogados que atuam no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis, a usarem os remédios jurídicos cabíveis para extirpar uma decisão que venha violar a norma processual, protegendo o direito líquido e certo, do jurisdicionado, garantido através das normas fundamentais processuais, sempre com foco no princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 8o., CPC e no artigo 1o., III, CF.

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