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FISIOLOGIA DA DOR

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO 
INSTITUTO QUALITTAS 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM CLÍNICA MÉDICA 
E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS 
 
 
 
 
 
FISIOLOGIA DA DOR 
 
 
 
 
 
Larissa de Oliveira Loiola 
 
 
 
 
Goiânia, abr. 2007
 LARISSA DE OLIVEIRA LOIOLA 
Aluna do Curso de Especialização lato sensu em Clínica Médica 
e Cirúrgica de Pequenos Animais da UCB 
 
 
 
 
 
FISIOLOGIA DA DOR 
 
 Trabalho monográfico de conclusão do curso 
 de especialização em Clínica Médica e Cirúrgica 
de Pequenos Animais (TCC), apresentado 
à UCB como requisito parcial para a 
obtenção do título de Especialista em Clínica 
Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, 
 sob a orientação da Profª MSc. 
 Ingrid Bueno Atayde 
 
 
Goiânia, abr. 2007
FISIOLOGIA DA DOR 
 
Elaborado por Larissa de Oliveira Loiola 
Aluna do Curso de Especialização em Clínica Médica 
e Cirúrgica de Pequenos Animais da UCB 
 
Foi analisado e aprovado com 
grau: .............................. 
 
Goiânia, _____ de ____________ de _____ . 
________________________ 
Membro 
________________________ 
Membro 
________________________ 
Professor Orientador 
Presidente 
 
 
Goiânia, abr. 2007 
ii
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Agradecimentos 
 À minha família – que me incentivou 
 a continuar estudando; 
 À minha orientadora, Profª MSc. 
 Ingrid Bueno Atayde - que 
me honrou com sua ajuda na 
 elaboração deste trabalho. 
 
iii
 
RESUMO 
LOIOLA, Larissa de Oliveira. 
Dor - Fisiologia da Dor 
 A dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional 
desagradável associada a dano tecidual efetivo ou em potencial. É reconhecida 
como uma das principais conseqüências do trauma, e suas repercussões são 
consideradas potencialmente prejudiciais para o organismo. Pode ser 
classificada de várias maneiras, como por região de origem, curso, dentre outras, 
e tal classificação interfere diretamente na escolha do tratamento. As fibras 
envolvidas no processo da dor são as mielínicas do tipo A e amielínicas do tipo 
C, que reconhecem os estímulos dolorosos dos nociceptores, havendo também 
substâncias nociceptivas. O presente estudo tem como objetivo fazer uma 
revisão sobre os mecanismos fisiológicos da dor, abrangendo sua identificação, 
classificação, anatomia e fisiologia. 
 
ABSTRACT 
LOIOLA, Larissa de Oliveira. 
Pain – Physiology of pain 
Pain may be defined as an unpleasant sensorial and emotional experience 
associated to actual or potential tissue damage. It’s recognized as one of the 
main consequences of trauma, and its implications are potentially hazardous to 
the organism. Pain may be classified in several ways, depending on the site of 
origin and its evolution, among other factors, and such classification interferes 
sharply on the choice of the treatment. Both A- (myelinic) and C- (amyelinic) type 
fibers are involved in the process of pain: they transmit painful stimuli recognized 
from the nociceptors, also aided by nociceptive substances. The present study 
aims to be a revision of pain, considering its identification, classification, anatomy 
and physiology. 
 
 
Iv 
SUMÁRIO 
Página 
Resumo...................................................................................................................iv 
Índice de figuras.....................................................................................................vii 
1. Introdução............................................................................................................1 
2. Revisão da Literatura..........................................................................................3 
 2.1. Identificando a dor........................................................................................3 
 2.2. Classificação da dor.....................................................................................4 
 2.2.1. Região de origem..............................................................................4 
 A) Dor somática................................................................................. 5 
 B) Dor visceral....................................................................................5 
 C) Dor referida....................................................................................5 
 2.2.2.Curso..................................................................................................6 
 A) Dor rápida.....................................................................................6 
 B) Dor lenta.......................................................................................7 
 2.3. Anatomia e fisiologia..................................................................................8 
 2.4. Processos fisiológicos...............................................................................11 
 2.4.1. Transdução......................................................................................11 
 2.4.2. Transmissão....................................................................................11 
 2.4.3. Modulação.......................................................................................12 
 2.4.4. Percepção.......................................................................................12
 2.5. Vias neurais envolvidas no processo da dor..............................................12 
 2.5.1. Vias de transmissão ascendentes...................................................12 
 2.5.2. Vias descendentes inibitórias...........................................................14 
 2.5.3. Substâncias algogênicas.................................................................15 
 2.6. Tratamento................................................................................................16 
3. Considerações Finais.........................................................................................18 
Referências bibliográficas......................................................................................19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
1. Mecanismo de propagação da dor. Esquematização dos mecanismos da dor 
rápida, lenta e referida...................................................................................... 6 
2. Sistema de hipocretina e conexões. Neurônios excitatórios hipocretinas I e II do 
hipotálamo lateral inervam o sistema ativador ascendente e córtex cerebral. 
GABA: ácido gama-hiroxibutírico.................................................................... 10 
3. Mecanismos de convergência e dor referida: mecanoreceptores dinâmicos e de 
longo alcance (MDLA); nociceptores específicos(NE)................................... 13 
4. Via descendente inibitória................................................................................15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vii
 1 
1. INTRODUÇÃO 
 
 A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), define a 
dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com 
dano tecidual real ou em potencial (MATHEUS, 2005). Atualmente vários estudos 
são realizados para um melhor entendimento dos componentes fisiológicos, 
psicológicos e emocionais da dor (MOREIRA, 2005). 
 CONCEIÇÃO et al (2000) relata que alguns autores definem a dor 
animal como “um distúrbio comportamental responsivo a uma terapia analgésica”. 
O que se sabe é que fisiologicamente, a dor é um reflexo protetor do organismo 
animal, alertando o Sistema Nervoso Central (SNC) sobre um desequilíbrio em 
sua homeostase, porém o desencadeamento dessa resposta é complexo, 
envolvendo diversas manifestações sistêmicas indesejadas na recuperação de 
um quadro clínico. 
 É difícil quantificar a percepção dolorosa nos animais por seu caráter 
subjetivo e por sua não verbalização pelo paciente. As reações comportamentais 
dos pacientes auxiliam o médico veterinário no reconhecimento precoce da dor. 
Entretanto quando avaliadas isoladamente não são suficientes para tal 
reconhecimento (MOREIRA, 2005). 
 
 
 2 
Muitos estudos têm demonstrado os benefícios do controle da dor na 
recuperação animal, daí a importância do conhecimento e constante 
esclarecimento quanto à fisiologia desse processo, para que se possa obter maior 
eficiência no seu controle. A dor está presente na maioria dos atendimentos em 
clínica veterinária, principalmente nas ocorrências ortopédicas e traumáticas, 
sendo um importante componente da clínica veterinária, principalmente no que diz 
respeito ao bem estar do paciente (CONCEIÇÃO et al., 2000). 
 A terapia antiálgica deve ser instituída de maneira adequada, antes 
que o animal esboce reações comportamentais graves, que podem se deletérias 
a sua integridade física ou emocional (MOREIRA, 2005). 
 O presente estudo tem por objetivo subsidiar estudantes e 
profissionais médicos veterinários na identificação e melhor entendimento do 
mecanismo da dor, para que se possa obter maior eficiência no seu controle. 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 2.1. Identificando a dor 
 
 A avaliação do sofrimento animal é uma observação subjetiva e, 
como tal, é difícil de ser padronizada. A dor é uma experiência individual, e o 
quanto dessa dor se traduz em um comportamento observável depende de vários 
fatores. A espécie, raça, idade, sexo, estado nutricional, saúde geral e tempo de 
exposição ao estímulo nociceptivo são alguns desses fatores (TEIXEIRA, 2005). 
 Segundo o mesmo autor, os animais não podem descrever sua dor, 
mas a manifestam por sinais fisiológicos e comportamento sugestivo. É 
praticamente impossível saber, objetivamente, como é a dor ou o sofrimento de 
outro indivíduo, uma vez que não se tem acesso ao seu psiquismo. 
 Por os animais serem incapazes de descrever suas experiências 
dolorosas os profissionais médico veterinários são responsáveis por avaliar os 
sinais comportamentais dos pacientes e quantificar a dor (LEITE et al., 2000) 
 Devido ao fato de estruturas anatômicas e mecanismos 
neurofisiológicos envolvidos na percepção da dor serem marcadamente 
semelhantes nos homens e nos animais, é razoável assumir que, se um estímulo 
é doloroso para uma pessoa, o será também para um animal (TEIXEIRA, 2005).
 4 
 A capacidade do sistema nervoso de localizar a dor varia com o tipo 
de dor. A dor aguda pode ser localizada com muito mais exatidão que a crônica, 
principalmente quando os receptores táteis são estimulados. Por isso, deve-se ter 
cuidado especial com relação à localização exata da dor em animais (TEIXEIRA, 
2005). 
 Segundo o mesmo autor, grandes avanços têm sido obtidos, 
também, com o estudo minucioso do comportamento dos animais. As respostas 
variam entre as espécies e ainda entre indivíduos de uma mesma espécie. Alguns 
animais se apresentam depressivos quando estão com dor, demonstram apatia e 
por vezes vocalizam insistentemente, enquanto outros se tornam excessivamente 
agressivos. Alterações posturais (por exemplo, encurvamento do dorso), 
ansiedade e reflexo de proteção do local afetado, também são frequentemente 
observados nos animais com dor. 
 
2.2. Classificação da dor 
 
 Conceitualmente a dor pode ser classificada de várias maneiras, em 
termos de curso, tipo de nociceptores envolvidos, resposta à terapia com 
fármacos analgésicos, dentre outras (TEIXEIRA, 2005). 
 
2.2.1. Região de origem 
 
 
 
 5 
A) Dor somática 
 
A dor somática é aquela que se origina na pele, músculos, ossos e 
outros tecidos do organismo exceto vísceras (TEIXEIRA, 2005). 
 
 B) Dor visceral 
 
 A dor visceral advém de órgãos internos como trato gastrintestinal, 
trato respiratório, sistema cardiovascular, sistema urinário, sistema reprodutivo, 
entre outros. (TEIXEIRA, 2005). 
 A transmissão dos impulsos nociceptivos na dor visceral é feita, 
basicamente pela cadeia simpática. A dor visceral é difusa e, geralmente 
associada com rigidez muscular e hiperestesia. Os estímulos nociceptivos para 
dor visceral são relacionados a agentes químicos, tração e distensão de órgãos, e 
alterações na irrigação sanguínea das vísceras. (CONCEIÇÃO et al., 2000). 
 
 C) Dor referida 
 
 Segundo TEIXEIRA (2005) a dor referida geralmente tem origem 
num local (por exemplo, víscera) e reflete em outro local distante (como a pele), 
isso se dá por sinapses compartilhadas pelas fibras nervosas de tecidos 
diferentes conforme vistos na figura 1. 
 6 
 
 
FIGURA 1: MECANISMO DE PROPAGAÇÃO DA DOR. ESQUEMATIZAÇÃO 
DOS MECANISMOS DA DOR RÁPIDA, LENTA E REFERIDA. 
 
Fonte: Teixeira (2005). 
 
 CONCEIÇÃO et al (2000) também citam que a dor referida é uma 
projeção da dor visceral para uma região periférica onde essa percepção se torne 
possível. Isso ocorre devido à região de referência e a víscera envolvida 
possuírem a mesma inervação segmentar ou adjacente, como se fossem o 
mesmo foco doloroso. 
 
2.2.2. Curso 
 
A) Dor rápida 
 
 É também conhecida como dor aguda em pontada, em ferroada, 
elétrica e após o estímulo doloroso é percebida dentro de 0,1s. Tem uma 
 7 
localização definida e com curso transitório. É transmitida pelos nervos periféricos 
por fibras do tipo A (delta e gama) que tem pequeno diâmetro, mielinizadas e a 
velocidade de condução é de 5 a 100 m/s. As fibras são estimuladas por 
nociceptores mecânicos e térmicos, possuem alto limiar de percepção dolorosa e 
normalmente a dor não é sentida nos tecidos mais profundos do corpo. As fibras 
A (delta e gama) terminam nas lâminas I, II e X no corno dorsal da medula, 
fazendo sinapse com neurônios motores (reflexo medular) e com neurônios das 
vias ascendentes, que transmitem os estímulos aos centros superiores. A dor 
rápida é bem controlada com os fármacos analgésicos usuais (MOREIRA, 2005). 
 É de início súbito, relacionada a afecções traumáticas, infecciosas e 
inflamatórias. Está associada a respostas neurovegetativas como aumento da 
pressão arterial, taquicardia, taquipnéia, agitação psicomotora e ansiedade 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). 
 
B) Dor Lenta 
 
 É também conhecida como dor crônica, em queimação, surda, 
pulsátil, nauseosa e está associada à destruição tecidual. As fibras envolvidas na 
transmissão do estímulo doloroso,são do tipo C, amielínicas, polimodais, ou seja, 
respondem a todos os estímulos intensos, como os químicos, mecânicos, 
térmicos e eletromagnéticos. Não tem uma localização definida possuindo um 
caráter mais difuso. A velocidade de condução é de 0,5 a 2,0 m/s e terminam na 
lâmina II ou substância gelatinosa, fazendo sinapse com neurônios motores 
(reflexo medular) ou neurônios das vias ascendentes. A dor crônica tem uma 
 8 
duração de mais de três meses, com causas multifatoriais e não tem função 
biológica com vantagens à sobrevivência. Não é bem controlada com apenas um 
fármaco analgésico, necessitando de analgesia multimodal (MOREIRA, 2005). 
 Não é apenas o prolongamento da dor aguda. Estimulações 
nociceptivas repetidas levam a uma variedade de modificações no SNC. 
Enquanto dor aguda provoca uma resposta simpática, com taquicardia, 
hipertensão e alterações em pupilas, dor crônica permite uma adaptação a esta 
situação. Persiste por processos patológicos crônicos, de forma contínua ou 
recorrente, sem respostas neurovegetativas associadas (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2001). 
 
2.3. Anatomia e Fisiologia 
 
 A dor, o estresse e o sofrimento ameaçam o bem-estar do animal e, 
eventualmente, sua sobrevivência. Muitas vezes, ele apresenta mudanças de 
comportamento na tentativa de aliviar uma condição de dor e ameaça. Quando 
essas respostas são insuficientes para aliviar o estresse, o sistema nervoso 
autônomo e neuroendócrino são ativados, acarretando alterações em vários 
parâmetros fisiológicos e bioquímicos (MALM et al., 2005). 
 Nocicepção é a presença de um estímulo nocivo, enquanto a dor é 
uma experiência, produzida por partes específicas do cérebro responsáveis pelo 
processamento do estímulo, ou seja, “a dor ocorre no cérebro” (TEIXEIRA, 2005). 
 A resposta ao estímulo doloroso ou mecanismo de nocicepção 
compreende, inicialmente, uma via ascendente ou aferente nociceptora, que é 
 9 
formada por dois tipos de fibras nervosas para o reconhecimento dos estímulos 
dolorosos, os nociceptores. O principal modulador envolvido no processo 
nociceptivo , acredita-se ser o glutamato (CONCEIÇÃO et al., 2000). 
 No processo da dor complexas reações fisiológicas estão 
envolvidas, com manifestações autonômicas e psicológicas que levam à 
imunossupressão, à diminuição da perfusão tissular, ao aumento do consumo de 
oxigênio, do trabalho cardíaco, ao espasmo muscular, à alteração da mecânica 
respiratória e à liberação dos hormônios do “stress”, culminando no aumento do 
catabolismo e alteração do balanço nitrogenado (BASSANEZI & OLIVEIRA 
FILHO, 2006). 
 Outra alteração de grande importância no processo da dor é a 
ativação reflexa das vias simpáticas que promovem aumentos na freqüência 
cardíaca e resistência periférica. Apesar dessas respostas serem positivas na 
manutenção do débito cardíaco e da pressão arterial, a atividade simpática 
prolongada pode causar vários efeitos deletérios como alteração na perfusão 
regional, prejuízo para o funcionamento dos órgãos vitais, ativação do sistema –
renina-angiotensina e outros (AITA, 2000). 
 Durante os episódios de dor observa-se, também, aumento da 
secreção de cortisol, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), glucagon, hormônio 
antidiurético (ADH), hormônio do crescimento e outros hormônios catabólicos 
ativos, ocorrendo, ainda, diminuição da insulina e da testosterona. Essas 
respostas são características do estresse e levam a alterações metabólicas como 
a hiperglicemia, aumento do consumo de oxigênio e aumento do catabolismo 
protéico (TEIXEIRA, 2005). 
 10 
 Os receptores podem ser excitados por estímulos mecânicos, 
térmicos e químicos. As terminações nervosas estão presentes em fibras 
nervosas mielínicas A-δ e amielínicas –C, presentes na pele, vísceras, vasos 
sanguíneos e fibras do músculo esquelético. A atividade desses receptores é 
mediada por várias substâncias químicas, liberadas em decorrência de processos 
inflamatórios, traumáticos ou isquêmicos. Entre as substâncias pode-se citar 
histamina, serotonina, bradicinina, acetilcolina, leucotrieno, substância P, 
tromboxana e fator de ativação plaquetária, conforme visto na figura 2 (TEIXEIRA, 
2005). 
 
FIGURA 2: SISTEMA DE HIPOCRETINA E CONEXÕES. NEURÔNIOS 
EXCITATÓRIOS HIPOCRETINAS I E II DO HIPOTÁLAMO LATERAL INERVAM 
O SISTEMA ATIVADOR ASCENDENTE E CÓRTEX CEREBRAL. GABA: ÁCIDO 
GAMA-HIDROXIBUTÍRICO. 
 
Fonte: Aloé et al. (2005). 
 
 
 
 11 
 Devido à presença de fibras nervosas distintas, pode ocorrer uma 
dupla transmissão dos sinais da dor para o sistema nervoso central. As vias 
correspondem a dois tipos de dor: a aguda ou rápida e a crônica ou lenta. As 
fibras mielínicas A- δ transmitem a dor rápida, enquanto as fibras amielínicas C 
transmitem a dor lenta (TEIXEIRA, 2005). 
 
2.4. Processos fisiológicos 
 
 Os processos fisiológicos associados com o reconhecimento da dor 
são: a transdução, transmissão, modulação e a percepção ou cognição 
(MOREIRA, 2005). 
 
2.4.1. Transdução 
 
 É a transformação de um estímulo nociceptivo em estímulo elétrico 
nas terminações nervosas sensoriais. Normalmente inibido pela administração 
preemptiva de anestésicos locais e antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) 
(MOREIRA, 2005). 
 
2.4.2. Transmissão 
 
 É o movimento de atividade elétrica pelo sistema nervoso 
periférico. A administração de bloqueios anestésicos regionais minimiza a 
transmissão do estímulo nociceptivo (MOREIRA, 2005). 
 12 
 
2.4.3. Modulação 
 
 É a diminuição ou modificação na transmissão da atividade elétrica 
pelos nociceptores. A administração sistêmica de opióides ou no espaço epidural, 
bem como de agonistas α2 ativam o sistema modulador da dor (MOREIRA, 2005). 
 
2.4.4. Percepção 
 
 A percepção envolve o processamento cognitivo ou consciente da 
dor. Pode ser modificada por opióides sistêmicos, agonistas α2 ou com opióides 
associados aos tranqüilizantes. A anestesia inalatória abole esta percepção. 
(MOREIRA, 2005). 
 
2.5. Vias neurais envolvidas no processo da dor 
 
2.5.1. Vias de transmissão ascendentes 
 
 A transmissão dos estímulos nociceptivos até a medula espinhal é 
feita pelos nervos periféricos. No tronco e nos membros, é feita através dos 
nervos espinhais; nas vísceras pelos nervos simpáticos, parassimpáticos e 
esplâncnicos. Na região da cabeça é transmitida principalmente pelo nervo 
trigêmeo, conforme visto na figura 3 (MOREIRA, 2005). 
 
 13 
FIGURA 3: MECANISMOS DE CONVERGÊNCIA E DOR REFERIDA: 
MECANORECEPTORES DINÂMICOS E DE LONGO ALCANCE(MDLA); 
NOCICEPTORES ESPECÍFICOS(NE). 
 
Fonte: Piovesan (1998). 
 
 As vias ascendentes podem ser subdivididas em ventrolaterais e 
ventrodorsais, sendo que, nas ventrolaterais, dois feixes nervosos ascendentes 
estão envolvidos, a saber: o neoespinotalâmico e o paleoespinotalâmico. Nas vias 
ventrodorsais dois tratos estão envolvidos, o espinocervical e o proprioespinhal 
(MOREIRA, 2005). 
 O feixe neoespinotalâmico possui neurônios de segunda ordem que 
são excitados por fibras de dor rápida do tipo A (delta), que transmitem estímulos 
nociceptivos mecânicos e térmicos. Algumas fibras deste feixe terminam nas 
áreas reticulares do tronco cerebral, porém muitas seguem até o tálamo. A partir 
daí, os sinais são transmitidos a outras áreas basais do encéfalo e ao córtex 
sensorial somático. Este sistema está envolvido com a discriminação, avaliação e 
rápida resposta à dor. O feixe paleoespinotalâmico transmite a dor principalmente 
por fibras periféricas do tipo C (dor lenta).Poucas fibras chegam até o tálamo, 
 14 
porém a maioria termina em múltiplas áreas do bulbo, ponte e mesencéfalo. O 
sistema paleoespinotalâmico possui ligações com áreas que determinam 
aspectos motivacionais e afetivos que influenciam na percepção dolorosa 
(MOREIRA, 2005). 
 
2.5.2. Vias descendentes inibitórias 
 
 É denominada de sistema de analgesia, sendo constituída de três 
componentes principais. O primeiro é a área cinzenta periaquedutal (ACP) do 
mesencéfalo e parte superior da ponte, circundando o aqueduto de Sylvius. Os 
neurônios dessa região enviam sinais para o segundo componente núcleo magno 
da rafe, localizado na parte inferior da ponte e parte superior do bulbo, que forma 
o terceiro componente. Deste ponto os sinais são transmitidos pelas colunas 
dorsolaterais da medula espinhal em sentido descendente para um complexo 
inibitório da dor, localizados na parte dorsal da medula espinhal. Esse ponto é 
importante, porque a dor proveniente dos nervos periféricos pode ser bloqueada 
antes que chegue ao encéfalo. A estimulação elétrica de ACP e do núcleo magno 
da rafe, pode suprimir sinais de dor que chegam pelas raízes espinhais dorsais, 
conforme visto na figura 4 (MOREIRA, 2005). 
 15 
 
FIGURA 4: VIA DESCENDENTE INIBITÓRIA. 
 
Fonte: Adaptado de Ribeiro (2005). 
 
2.5.3. Substâncias Algogênicas 
 
 A percepção e a propagação do estímulo nociceptivo são 
determinados, tanto no sistema nervoso central quanto na periferia (MOREIRA, 
2005). 
 O início do processo ocorre a partir de uma lesão tecidual 
proveniente do processo inflamatório, isquêmico ou traumático. A lesão tissular 
favorece a liberação de várias substâncias algogênicas, que ativam os 
nociceptores. A transmissão nociceptiva pode ser ativada ou inibida por vários 
neuropeptídeos, monoaminas e alguns aminoácidos (MOREIRA, 2005). 
 16 
 A condição nociceptiva é ativada principalmente pela substância P, 
glutamato e as neurocininas. O glutamato age na membrana pré e pós-sináptica 
através dos receptores ácido propriônico amino metilisoxazole(AMPA) e N-metil-
D-aspartato(NMDA). A substância P e as neurocininas agem nos receptores NK. 
Os principais inibidores da transmissão nociceptiva são os peptídeos opióides, a 
serotonina e a noradrenalina. Os opióides são liberados pela ACP para atuar no 
núcleo magno da rafe, lócus coerulus e subcoerulus, desempenhando um papel 
relevante no sistema modulador descendente. Outras substâncias participam da 
modulação da dor, como por exemplo: neurotensina ácido gama-aminobutírico 
(GABA), somatostatina, aspartato, colecistocinina, acetilcolina e óxido nítrico 
(MOREIRA, 2005). 
 
2.6. Tratamento 
 
 Como dito anteriormente os processos dolorosos são extremamente 
nocivos, provocam alterações fisiológicas variadas, aumentam o catabolismo 
protéico e muitas vezes pioram o quadro clínico do animal. Por isso, são 
importantes o reconhecimento e classificação precoces da dor, bem como a 
utilização de protocolos eficientes e com o mínimo possível de efeitos adversos. 
Existem vários métodos para combater os caminhos da dor, podendo os mesmos 
serem utilizados de maneira isolada ou associados, dependendo da intensidade 
da dor (TEIXEIRA, 2005). 
 Há benefícios óbvios para o bem-estar dos animais que são 
submetidos à analgesia. Um bom manejo da dor resulta em conforto para o 
 17 
animal, que irá se alimentar adequadamente e descansar enquanto se recupera 
de um trauma severo (CUNHA, 2005). 
 Para obter um completo alívio da dor são requeridas classes 
diferentes de analgésicos com ação em diferentes partes do sistema da dor. Por 
atuar em diferentes pontos da geração da dor, a associação de drogas torna-se 
mais efetiva do que o uso de uma única droga. Como exemplo, pode-se citar a 
associação de antinflamatórios não esteróides (AINEs) e opióides. Os opióides 
atuam centralmente para limitar a entrada de informação nociceptiva no SNC e 
também para reduzir a hipersensibilidade central. Em contraste os AINEs atuam 
perifericamente para diminuir a inflamação durante e após a cirurgia, e também 
limitar a informação e ainda atuar centralmente para limitar a informação 
nociceptiva ao SNC como resultado da inflamação e ainda atuar centralmente 
para limitar as mudanças centrais induzidas pela informação nociceptiva 
(SILVEIRA et al., 2000). 
 Outro exemplo de terapia para controle da dor é a acupuntura que 
utiliza principalmente o estímulo nociceptivo, para isso trabalha com acuponto que 
é uma região da pele em que é grande a concentração de terminações nervosas 
sensoriais. A região do acuponto está em relação íntima com nervos, vasos 
sanguíneos, tendões, periósteose cápsulas articulares, sua estimulação possibilita 
acesso direto ao Sistema Nervoso Central. A acupuntura pode ter efeitos diretos 
na regulação periférica de mediadores do processo inflamatório e da dor, levando 
a uma redução periférica de substância P (SCOGNAMILLO-SZABÓ & BECHARA, 
2001). 
 18 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O processo da dor é bastante complexo e envolve todos os sistemas 
orgânicos, principalmente o neurológico, por isso, merece grande atenção, pois 
um manejo adequado trará benefícios incalculáveis para o paciente. 
 O conhecimento da anatomia, fisiologia e vias envolvidas no 
processo da dor otimiza o tratamento, uma vez que conhecendo as vias 
envolvidas pode-se atuar exatamente no local onde ela ocorre ou reflete. Usando 
uma droga, associações de drogas ou técnicas como a acupuntura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
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