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Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
Disciplina de ecoomia
Professor: Paulo Jonas Grando
As três ideologias da economia política com base em Robert Gilpin
Nos últimos 150 anos, três ideologias dividiram a humanidade – o liberalismo, o nacionalismo e o marxismo. Essas três visões ideológicas diferem profundamente no modo como concebem as relações entre sociedade, Estado e mercado, e talvez não seja um exagero afirmar que todas as controvérsias no campo da economia política internacional podem ser reduzidas às diferenças na maneira de interpretar essas relações.
Podemos dizer que o nacionalismo econômico presume e advoga o primado da política sobre a economia. É essencialmente uma doutrina que privilegia o Estado e afirma o fato de o mercado dever estar sujeito aos interesses estatais. Argumenta serem os fatores políticos determinantes das relações econômicas, ou pelo menos deveriam determiná-las. Quando ao liberalismo, foi uma reação ao mercantilismo e incorporou-se à economia ortodoxa. O liberalismo presume que, pelo menos do ponto de vista ideal, a política e economia ocupam esferas separadas. No interesse da eficiência, do desenvolvimento e da soberania do consumidor, os mercados devem funcionar livres de interferência política. O marxismo, que surgiu em meados do século XIX como uma reação contra o liberalismo e a economia clássica, sustenta ser a economia a condutora da política.
A perspectiva liberal
	Alguns estudiosos afirmam não existir uma teoria liberal da economia política, porque o liberalismo distingue a economia da política e entende que cada esfera funcione de acordo com regras e lógica próprias.
	A teoria econômica liberal está comprometida com o livre mercado e com um mínimo de intervenção estatal. De seu lado, a teoria política liberal tem um compromisso com a igualdade e a liberdade individuais, embora também possa haver uma diferença de ênfase.
	A perspectiva liberal da economia política está incorporada na disciplina da economia como ela se desenvolveu no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. O liberalismo já assumiu muitas formas – tivemos o liberalismo clássico, neoclássico, keynesiano, monetarista, austríaco, das expectativas nacionais, etc. Essas variantes incluem desde as que priorizam a igualdade e tendem para a democracia social, e aceitam o intervencionismo estatal para alcançar seus objetivos, até aquelas que enfatizam a liberdade e a não-intervenção governamental, à custa da igualdade social. Com efeito, o liberalismo pode ser definido como uma doutrina e um conjunto de princípios para organizar e administrar uma economia de mercado, de modo a obter o máximo de eficiência, crescimento econômico e bem estar individual.
	A premissa do liberalismo econômico é a idéia de que um mercado surge de forma espontânea para satisfazer as necessidades humanas, e que, uma vez que comece a funcionar, o faz de acordo com sua própria lógica interna.
	A rationale do mercado é o aumento da eficiência econômica, a maximização do crescimento da economia e, portanto, a melhoria do bem-estar humano. Embora os liberais acreditem que a atividade econômica aumenta também o poder e a segurança do Estado, argumentam que o objetivo primordial dessa atividade é beneficiar os consumidores individuais.
	A premissa fundamental do liberalismo é a noção de que a base da sociedade é o consumidor individual, a firma, a família. Os indivíduos comportam-se de forma racional e procuram maximizar ou satisfazer certos valores ao menor custo possível. A racionalidade só se aplica ao sentido da conduta, ao esforço feito, não ao resultado. O liberalismo sustenta que o indivíduo continua a perseguir um objetivo até que um equilíbrio seja alcançado no mercado.
	O liberalismo presume também que exista um mercado em que os indivíduos têm informação completa e, portanto, podem selecionar o curso de ação que lhes traz mais benefícios.
	A economia do mercado é governada principalmente pela lei da demanda. Essa lei afirma que as pessoas comprarão mais de um bem se o seu preço relativo cair, e menos se ele subir. Da mesma forma, as pessoas tenderão a comprar mais se sua renda relativa aumentar, e menos se ela diminuir.
	Do lado da oferta, a economia liberal entende que os indivíduos perseguem seus interesses em um universo marcado pela escassez e pelos limites à disponibilidade dos recursos. 
	Outra premissa liberal é que a competição no mercado de produtores e consumidores cria no longo prazo uma harmonia fundamental de seus interesses, a qual superará qualquer conflito temporário.
	Em essência, os liberais acreditam que o comércio e o intercâmbio econômico constituem uma fonte de relações pacíficas entre as nações, porque os benefícios recíprocos do comércio e da interdependência em expansão entre as economias nacionais tenderão a promover entre elas relações cooperativas. Enquanto a política tende a dividir, a economia une os povos.
A perspectiva nacionalista 
	O nacionalismo econômico sofreu várias metamorfoses durante os últimos séculos, e seus rótulos também mudaram: mercantilismo, estatismo, protecionismo, a escola histórica alemã e, mais recentemente, o neoprotecionismo. A idéia central é a de que as atividades econômicas devem estar subordinadas à meta da construção e do fortalecimento do Estado. Todos os nacionalistas defendem a primazia do Estado, da segurança nacional e do poder militar na organização e no funcionamento do sistema internacional. Duas atitudes podem ser identificadas. Alguns nacionalistas consideram a salvaguarda do interesse econômico nacional como o mínimo essencial para a segurança e a sobrevivência do Estado. À falta de um termo melhor, essa atitude, de modo geral defensiva, pode ser chamada de mercantilismo “benigno”. De outro lado, há nacionalistas que consideram a economia internacional como uma arena para a expansão imperialista e para o engrandecimento da nação Essa forma agressiva podemos chamar de mercantilismo “maligno”.
	O objetivo principal dos nacionalistas é a industrialização, por vários motivos. Em primeiro lugar, acreditam que a indústria tem influencia positiva em toda a economia, o que promove o desenvolvimento do conjunto. Em segundo lugar, associam a indústria com a auto-eficiência econômica e a autonomia política. Terceiro, e mais importante, a indústria é a base do poder militar, e no mundo moderno é fundamental para a segurança nacional. 
	No mundo moderno, o nacionalismo econômico assumiu várias formas distintas. Ao reagir à Revolução Comercial e à expansão do comércio internacional, o mercantilismo clássico, ou financeiro, enfatizava a promoção do comércio e um balanço de pagamentos superavitário. Depois da Revolução Industrial, os mercantilistas pregavam a supremacia da indústria com relação à agricultura. Depois das duas guerras mundiais, juntou-se a esses objetivos um vigoroso compromisso com a primazia do bem-estar interno e com o chamado welfare state. Nas últimas décadas do século XX, a importância crescente da tecnologia avançada, o desejo de controlar os pontos focais da economia moderna e o advento do que se poderia chamar de “competitividade das políticas públicas” passaram a ser os traços característicos do mercantilismo contemporâneo.
A perspectiva marxista
 
	O marxismo caracteriza o capitalismo como a propriedade privada dos meios de produção e existência de trabalhadores assalariados. Acredita que o capitalismo seja impulsionado por capitalistas em busca de lucros, seguindo a acumulação de capital em uma economia de mercado competitiva. Segundo Marx, a origem, a evolução e o fim do sistema capitalista são determinados por três leis econômicas inevitáveis.
	A primeira dessas leis é a da desproporcionalidade, que implica negar a lei de Say; em termos simplificados, esta última sustenta que a oferta cria a sua própria demanda, de modo que, exceto por breves períodos, haverá sempre um equilíbrio entre as duas. A lei de Say sustenta que em uma economiade mercado capitalista o processo de recondução ao ponto de equilíbrio torna a superprodução impossível. Marx negava a existência dessa tendência para o equilíbrio, e argumentava que as economias capitalistas tendem a produzir em excesso determinados tipos de mercadoria.
	A segunda lei que movimenta o sistema capitalista, de acordo com os marxistas, é a da concentração do capital. A força motriz do capitalismo é a busca de lucros e a conseqüente necessidade de acumular e de investir sentida pelo capitalista individual. A competição obriga os capitalistas a aumentar sua eficiência e seu investimento de capital, para não correr o risco de extinção. O resultado é que a evolução do sistema se faz mediante uma crescente concentração de riqueza nas mãos dos poucos atores eficientes, com o empobrecimento cada vez maior de muitos outros.
	A terceira lei do capitalismo é a da taxa de lucro cadente. À medida que o capital se acumula, tornando-se mais abundante, sua taxa de retorno declina, o que diminui o incentivo para investir. Como a pressão da competição obriga os capitalistas a aumentar sua eficiência e sua produtividade, mediante investimentos em tecnologia mais produtiva e menos dependente do trabalho, o nível de desemprego tenderia a crescer, e a taxa de lucro, ou mais-valia, a diminuir. O resultado seria a estagnação econômica, o aumento do desemprego e o empobrecimento do proletariado.
	O núcleo da crítica marxista ao capitalismo é a idéia de que, embora individualmente os capitalistas sejam racionais, o sistema capitalista em si mesmo é irracional. O mercado competitivo obriga os capitalistas a poupar, a investir e a acumular. Se a busca de lucros é o combustível do capitalismo, os investimentos são o seu motor, e o resultado é a acumulação. De modo geral, contudo, esse capital acumulado dos capitalistas individuais leva à superprodução periódica de bens, ao excesso de capital e ao desaparecimento dos incentivos para investir, 
Crítica das diferentes perspectivas
Há várias razões que explicam:
Em primeiro lugar, elas baseiam-se em premissas sobre as pessoas ou sobre a sociedade, premissas essas que não podem ser verificadas pela experimentação empírica. Além disso, os liberais poderiam dizer que, embora um indivíduo em particular, em caso específico, pudesse estar agindo irracionalmente, em conjunto a premissa da racionalidade continuaria a ser válida.
Em segundo lugar, o fracasso das previsões feitas com base em uma determinada perspectiva pode sempre ser descontado se introduzido na análise certas hipóteses.
	Em terceiro lugar, as três perspectivas que descrevemos têm objetivos distintos e, em certa medida, se colocam em níveis analíticos diferentes. Assim, tanto os nacionalistas como os marxistas podem aceitar a maior parte da economia liberal como instrumento de análise sem rejeitar muitas das suas premissas e fundamentos normativos. Com efeito, a diferença fundamental entre o liberalismo e o marxismo tem a ver com as perguntas formuladas e suas premissas sociológicas, não com a metodologia econômica aplicada.
Crítica do liberalismo econômico
	O liberalismo incorpora um conjunto de instrumentos analíticos e de prescrições de políticas que permitem a uma sociedade maximizar seus ganhos a partir de recursos escassos; seu compromisso com a eficiência e a maximização da riqueza total proporcionam boa parte da sua força. O mercado representa o meio mais efetivo para organizar as relações econômicas, e o mecanismo dos preços funciona para garantir que o intercâmbio comercial tendam a resultar vantagens mútuas e, portanto, benefícios sociais agregados.
	A principal defesa do liberalismo talvez seja negativa: embora possa ser verdade, como alegam os marxistas e alguns nacionalistas, que a alternativa para o sistema liberal poderia ser um outro sistema em que todos ganhassem igualmente, é possível também que com ele todos perdessem em termos absolutos.
	A principal crítica feita ao liberalismo econômico é a de que suas premissas básicas, tais como a existência de atores racionais, do mercado competitivo, etc., são irrealistas. Em parte, essa crítica é injusta, pois os liberais adotam conscientemente essas premissas simplificadoras da realidade para facilitar a pesquisa cientifica. Sem tal recurso a ciência não é possível. O que é mais importante é que elas devem ser julgadas pelos seus resultados e pela sua capacidade de prever, e não pelo seu alegado irrealismo, conforme alegam, corretamente, os que adotam.
	A economia liberal pode ser criticada sobre vários aspectos importantes. Como um meio para compreender a sociedade, especialmente a dinâmica social, a ciência econômica é um instrumento de utilidade limitada e não pode servir para uma abordagem abramgente da economia política.
	A primeira dessas limitações é o fato de o pensamento econômico separar artificialmente a economia dos outros aspectos da sociedade e aceitar como um dado a estrutura sociopolítica existente, incluindo-se aí a distribuição do poder e dos direitos de propriedade, a dotação dos recursos dos indivíduos, dos grupos e das sociedades nacionais, assim como todas as instituições sociais, políticas e culturais.
	Outra limitação da economia liberal como teoria é a tendência para não levar em conta a justiça ou a eqüidade dos resultados das atividades econômicas.
	O liberalismo é limitado também pela sua premissa de que o comércio é sempre livre, desenvolvendo-se em um mercado competitivo entre iguais com perfeita informação, e pode assim ganhos recíprocos nesse intercâmbio. Infelizmente s termos de intercâmbio podem afetados profundamente pela coerção, pelas diferenças no poder de negociação e por outros fatores essencialmente políticos. Com efeito, por negligenciar tanto esses fatores não econômicos como os efeitos políticos do comercio, o liberalismo não é uma verdadeira “economia política”.
	Outra limitação é o fato de sua análise tender a ser estática. Pelo menos no curto prazo ela aceita como constantes o conjunto das demandas dos consumidores, o arcabouço institucional e o contexto tecnológico, vistos como limitações e oportunidades que determinam as opções disponíveis e as decisões tomadas.
Crítica do nacionalismo econômico
A maior força do nacionalismo econômico é o seu foco no Estado como ator predominante nas relações internacionais e como instrumento de desenvolvimento econômico.
Uma segunda força do nacionalismo é a sua ênfase na importância da segurança e dos interesses políticos na organização e na conduta das relações econômicas internacionais. 
A terceira força do nacionalismo é sua ênfase na estrutura política da atividades econômicas, seu reconhecimento de que os mercados precisam funcionar em um universo de Estado e grupos competitivos. As relações políticas entre esses atores afetam o funcionamento dos mercados, assim como estes últimos influenciam as relações políticas.
Uma fraqueza do nacionalismo é sua tendência a acreditar que suas relações econômicas internacionais são sempre e exclusivamente um jogo de soma zero; ou seja, que o ganho de um Estado precisa corresponder necessariamente à perda sofrida por outro.
Outra fraqueza do nacionalismo é o fato de a busca do poder normalmente conflitar com a procura da riqueza, pelo menos no curto prazo. A acumulação e o emprego do poder militar ou de outros tipos representam um custo para a sociedade, custo este que pode comprometer sua eficiência econômica.
Alem disso, falta ao nacionalismo uma teoria satisfatória da sociedade nacional, do Estado e da política externa. Os nacionalistas tendem a presumir que a sociedade e o Estado formam uma entidade unitária, e que a política externa é determinada por um propósito nacional objetivo. Contudo, como os liberais acentuam a sociedade é pluralista e consiste em indivíduos e grupos, ou seja, agregados de indivíduos, que procuram capturar o aparelho estatal para pô-lo a serviço dos seus próprios interesses políticos e econômicos.
O nacionalismo pode ser interpretado oucomo uma teoria da consolidação do Estado ou como um disfarce para encobrir os interesses de determinados grupos de produtores, grupos estes que se encontram em posição de influenciar a política nacional
Enquanto, no passado a terra e o canal eram os canais mais importantes do sentimento nacionalista, nas economias avançadas o trabalho tornou-se o mais nacionalista e protecionista dos três fatores da produção.
A preferência demonstrada pelos nacionalistas em favor da indústria, comparativamente à agricultura apresenta também vantagens e desvantagens. É verdade que a indústria tem alguns pontos em seu favor e que a introdução da tecnologia industrial em uma sociedade produz efeitos secundários que tendem a modernizar e a transformar todos os aspectos da economia ao aprimorar a qualidade da força de trabalho e ao aumentar a lucratividade do capital.
Os nacionalistas são essencialmente corretos na sua crença que o Estado precisa ter um papel importante no desenvolvimento econômico. É preciso um Estado forte para promover a indústria e, em alguns casos, para protegê-la, assim como para criar uma agricultura forte.
Crítica da teoria marxista
A teoria marxista da economia política é também valiosa, porque focaliza as transformações políticas internacionais. O marxismo enfatiza o papel economia e da tecnologia para explicar a dinâmica do sistema internacional, o diferencial de aumento do poder dos Estados é uma causa subjacente das mudanças políticas internacionais.
Não há duvidas de que os marxistas estão também certos quando atribuem às economias capitalistas, pelo menos como as conhecemos historicamente, um impulso poderoso para a expressão por meio do comércio e especialmente pela exportação de capitais. Os próprios economistas clássicos liberais observaram que o crescimento econômico e a acumulação de capital criam uma tendência à diminuição da taxa de retorno (o lucro). Mas observaram também que essa queda da lucratividade pode ser compensada pelo comercio internacional, pelo investimento externo e por outros meios. Enquanto o comercio absorve o capital excedente por meio das exportações, o investimento externo canaliza o capital para fora do país. Assim os economistas clássicos confirmam as afirmativas marxistas de que as economias capitalistas têm uma tendência intrínseca a exportar as mercadorias que produzem, assim como seu capital excedente.
Essa tendência levou à conclusão que a natureza do capitalismo é internacional, e que sua dinâmica interna estimula o expansionismo internacional.
Os marxistas certamente estão com razão quando afirmam que o capitalismo necessita uma economia mundial aberta. Os capitalistas querem exportar mercadorias e capitais para as economias estrangeiras; as exportações têm um certo efeito keynisiano sobre a demanda e estimulam nas economias capitalistas e atividades econômicas, e as exportações de capital aumentam a taxa global de lucro. O fechamento dos mercados estrangeiros e dos canais para a transferência de capital prejudicaria o capitalismo, e uma economia capitalista fechada teria provavelmente como resultado um declínio dramático do crescimento econômico.
A principal fraqueza do marxismo como teoria da economia política internacional decorre do fato de não levar em conta o papel dos fatores políticos e estratégicos nas relações internacionais.
Três desafios a uma economia mundial de mercado
A despeito de suas sérias limitações como teoria do mercado, ou da economia capitalista mundial, marxismo levanta três problemas que não podem ser desprezadas facilmente, e que não cruciais para a compreensão da dinâmica das relações internacionais contemporâneas. O primeiro são as implicações econômicas e políticas do processo de crescimento desequilibrado. O segundo é a relação entre economia de mercado e política externa. O terceiro, a capacidade que tem uma economia de mercado de reformar e moderar suas características menos desejáveis.
O processo de desenvolvimento desigual 
	Há duas explicações fundamentalmente opostas para o fato de o crescimento econômico desequilibrado tender ao conflito político. Os marxistas, e em particular a lei do desenvolvimento desigual, localizam as fontes desse conflito na necessidade que têm as economias capitalistas desenvolvidas de exportar seu excesso de capital e de produção, envolvendo-se em conquistas imperialistas. O realismo político sustenta que em um sistema internacional anárquico o conflito entre os Estados a respeito de recursos econômicos e na disputa pela superioridade política é endêmico. Tanto o marxismo como o realismo político conseguem explicasr a tendência para que o desenvolvimento desigual provoque conflitos políticos entre os Estados. E como nenhuma das duas teorias parece ser capaz de superar um teste empírico que permita derrubá-las, os estudiosos são obrigados a identificar-se com uma ou outra, dependendo da premissa adotada a respeito das relações entre a política e a economia internacional. 
As economias de mercado e a política externa
	Outra crítica à economia capitalista ou de mercado, consiste na alegação de que ela tende a seguir uma política externa agressiva. Marxistas, liberais e nacionalistas têm debatido longamente a questão acerca de saber se a interdependência econômica é uma fonte de relações pacíficas ou de conflito entre os Estados nacionais. Os liberais acreditam que os benefícios mútuos do comércio e a rede de interdependência em expansão , a qual liga as economias nacionais, tendem a promover um relacionamento cooperativo. Para os nacionalistas, o comércio não passa de outra arena para a competição internacional, pois a interdependência econômica aumenta a insegurança dos Estados e sua vulnerabilidade a forças políticas e econômicas externas.
	Os liberais têm considerado a economia internacional como inseparável da política, e também como uma força em favor da paz. Enquanto a política tende a dividir, a economia tende a unir os povos. O comércio e a interdependência econômica criam laços de interesses e uma inclinação autêntica em favor da paz internacional, excedendo, assim, uma influencia moderadora sobre as relações internacionais. 
De outro lado, a premissa fundamental dos marxistas e dos nacionalistas é a de que a interdependência internacional é não só fator de conflito e de insegurança como também cria relações de dependência entre Estados. Como a interdependência nunca é simétrica, o comércio torna-se uma fonte de expansão do poder político exercido pelos forte sobre os fracos. Portanto, tanto os marxistas como os nacionalistas econômicos defendem políticas autárquicas. 
O primeiro fatos a afetar as conseqüências políticas do comércio é a existência ou a ausência de uma potencia liberal dominante ou hegemônica que possa estabelecer e administrar o sistema internacional de comércio.
O segundo fator determinante dos efeitos políticos do comércio é a taca de crescimento econômico do sistema. Embora seja verdade que o declínio do protecionismo e a ampliação dos mercados mundiais estimulem o crescimento econômico, o corolário é também verdadeiro: uma rápida taxa de desenvolvimento econômico leva a expansão do comércio e da interdependência econômica. Da mesma forma, uma redução na taxa de crescimento dificulta os ajustes necessários, intensifica a competição comercial e exacerba as relações políticas internacionais.
O terceiro fator que afeta os resultados políticos das relações comerciais é o grau de homogeneidade ou de heterogeneidade da estrutura industrial, o qual por sua vez determina a composição das importações e das exportações.
O ponto mais importante é que o comércio e as demais relações econômicas não são em si mesmas críticas para provocar relações internacionais cooperativas ou conflitivas. Às vezes essas relações podem ser moderadas pelo intercâmbio econômico, às vezes são agravadas. O que se pode dizer como uma certa justificativa é que o comércio não garante a paz. De outro lado, o colapso do comércio tem levado freqüentementeao início do conflito. Do modo geral, o caráter das relações internacionais e a questão da paz e da guerra são determinados primordialmente pelas configurações mais amplas do poder e do interesse estratégico entre as grandes e as pequenas potências que integram o sistema internacional.
O significado do capitalismo do bem-estar social 
	O terceiro problema levantado pela crítica marxista À economia capitalista ou de mercado tem a ver com a sua capacidade de reformar-se. Para Kautsky e os socialdemocratas a transição pacífica do capitalismo para o socialismo era possível, como resultado do aumento da força dos trabalhadores nas democracias ocidentais. Para Lênin, isso parecia impossível,e até mesmo absurdo, em virtude da própria natureza da economia capitalista..
	Adicionalmente, a regulamentação governamental e as políticas antitruste diminuem a concentração do capital, enquanto o apoio do governo à educação maciça e a pesquisa e ao desenvolvimento industrial promove a eficiência e a lucratividade, tanto do trabalho como do capital. Nas palavras de Joseph Schumpeter, o capitalismo é o primeiro sistema econômico a beneficiar as camadas inferiores da população., a expansão do capitalismo, depois da segunda Guerra Mundial, produziu a mais importante era de prosperidade econômica generalizada que o mundo já viu.
No entanto, a crítica marxista da economia capitalista ou do mercado global não pode ser desprezada, porque levanta uma questão importante relativa ao futuro do sistema de mercado. Embora por si mesmo o capitalismo não possa ser responsabilizado pelo imperialismo e pela guerra, e embora tenha sobrevivido a numerosas crises, provando que podia ter grande flexibilidade e admitir reformas, a continuidade de sua existência ainda é problemática. 
O capitalismo do bem-estar social em um mundo do capitalismo internacional desprovido de welfare
	A despeito dos êxitos e das reformas internas do capitalismo, pode-se argumentar razoavelmente que a quarta lei de Lênin sobre o desenvolvimento desigual continua inválida, o que levará eventualmente à condenação do capitalismo e da economia liberal de mercado. É possível que com o surgimento do welfare state as contradições intrínsecas do capitalismo tenham sido simplesmente transferidas do nível dos Estados nacionais para o âmbito internacional.
	Na anarquia que caracteriza as relações internacionais, ainda valem a lei do desenvolvimento desigual e a possibilidade de choques dentro do mundo capitalista. O novo compromisso do estado do bem-estar social capitalista com o pleno emprego e o bem-estar interno faz com que ele substitua as políticas intervencionistas pelo livre jogo das forças do mercado, o que provoca um conflito com as políticas dos outros Estados que seguem os mesmos objetivos econômicos.
	Os welfare states são potencialmente muito mais nacionalistas porque seus governos se tornaram responsáveis perante a cidadania, pela eliminação dos males econômicos, e às vezes a melhor forma de alcançar essa meta é transferir as dificuldades econômicas para outras sociedades.
	O moderno welfare state e o protecionismo desenvolveram-se para compensar esses efeitos deletérios, e esse é o problema mais sério para sobrevivência dos sistemas capitalistas. A lógica do welfare state leva ao fechamento da economia, porque o governo precisa ser capaz de isolá-la das limitações externas e das perturbações originadas no exterior, para poder controlá-la e administrá-la.
	Assim, a lógica da economia de mercado, como um sistema global inerentemente expansivo, colide com a lógica do moderno welfare state. Ao resolver o problema de uma economia fechada, o estado do bem-estar social limita-se a transferir o problema fundamental da economia de mercado e da sua sobrevivência para o nível internacional. Assim, conciliar o capitalismo é um problema que ganha importância.
	A solução desse dilema fundamental entre a autonomia interna e as normas internacionais é essencial para a futura viabilidade de economia de mercado ou capitalista.

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