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atenção aquele fiel conselho do apósto- lo: "Provai todas as coisas, retende o que é bom." [ l Ts 5.21.1 [Eles são] tiiuito mais tolos do que os pitagóricos, já que estes afirmavam apenas o que l'itágoras168disse, enquanto que eles afirmam também as coisas de que aque- Ics duvidavam. Dirijamo-nos, porém, a origem e fonte desses riachos, isto é, 210 B. Tomás e ao B. Boaventura. Pois aqueles em parte tomaram destes, em parte acrescentaram do que é seu. Estes são, pois, homens santos e importan- rcs por sua manifesta autoridade. Contudo, visto que também eles mais opi- liam do que afirmam -por fim, S. Boaventura confessa que se trata de uma coisa dubiosíssima e de todo incerta -, não está claro que a partir deles tam- bém nada se pode fundamentar? Vê tu mesmo se eles aduzem qualquer texto OLI passagem da Escritura. Não admira que nada afirmem. Pois como essa cliiestão seria um artigo de fé, se tivesse sido determinada, não cabe aos mes- ires definir, porque também deve ser suspenso até a decisão de um concilio tiniversal, e nem mesmo o sumo pontífice tem o direito de estabelecer inconsi- clcradamente alguma coisa em questões de fé; só os pregadores de indulgên- cias o podem. A estes épermitido tudo o que lhes agrada. No entanto, todos 1i.m uma única razão para sua opinião, razão essa que também o I'aiiormitano~~refere no livro V, depe . et re. c. Quod autemlio, a saber: di- zer que as indulgências remitem tão-somente as penas canônicas é vilificar ex- cessivamente as indulgências. Por conseguinte, para que as indulgências não sejam sem valor, preferiu-se inventar o que não se sabe, ainda que não have- ria qualquer perigo para as almas mesmo que as indulgências fossem nulas, 166 Trata-se do franciscano A. Carletus, natural de Clavassio/Gênova, falecido em 1495 como vigário-geral de sua ordem na Itália. Ficou conhecido entre os curas d'almas em virtude de um resumo das regras confessionais, as quais organizou em ordem alfabética, facilitando, assim, a atividade dos confessores. Entre 1476 e 1520 essa obra, S m m o cosuum eonsrien- rim, alcançou 30 edições e era conhecida como Summo ongelico. Luiero condenou essa rihra como Summuplirrguam diabolico, por considerá-la trivialiração da prática peniten- cial. 167 Minorita, natural do Sul da França e discipulo de Duns Escoto, foi professor em Paris, vin- do a falecer em Piacenza, em 1327. Filósofo, famoso pela interpretação de Aristóteles e das Senienços de Pedro Lombardo, veio a ser celebrado como mogisler obsiracfionum. Seus Scrmones foram impressos em Basiléia, em 1489. 168 lilhsofu r matemático do século VI a.C. A autoridade de que era detentor na liga secreta firrniada por seus amigos, os quais tinham que se submeter a severas regras e a uma vida as- cCfica. era tBo grande que bastava uma referência à palavra do mestre para que todos se siihineicssem. Ir>') A I . C C ~ ~ S ~ U Niccdau de ~ a l e r h o ( + 1453). Teólogo da Ordem üetiediiina, também conheci- do çoiiio Niçoliiii dc Tiiderco. 1.ecionoii Direito Canônico eiii Sicna. Parma e Iiolonlia. 171) ('1. !ii>lli 60. p. 72. 112 muito menos se fossem de pouco valor, ao passo que seria misérrimo pregar invencionices e ilusões as almas, mesmo que as indulgências fossem utilissi- mas. A tal ponto se desconsidera a salvação das almas; mas, apenas para não parecer que não tenhamos ensinado o melhor, laboramos mais em prol da glória de nossa palavra, mesmo que não seja necessária, do que em prol da fé do povo simples a nós confiado, fé essa que é a única coisa necessária. Antes, porém, de responder ao B. Tomás e ao B. Boaventura, parece conveniente re- ferir opiniões sobre as indulgências, para que eu não pareça ser o primeiro ou o único que as coloca em dúvida. A glosa sobre o capítulo Quod autem, li. Vdepe . et re., dando uma ex- plicação sobre a eficácia e o poder das indulgências, começa assim: "O valor de tais remissões é uma velha querela e, até hoje, muito dúbia."i'l Alguns dizem que elas são úteis em relação a Deus, mas não em relação a Igreja. Pois se alguém morre sem pecado mortal, ainda não tendo feito peni- tência, sente menos as penas do purgatório, conforme a medida da remissão que lhe foi concedida. Não obstante, por causa disso a Igreja não relaxa a sa- tisfação a uma pessoa viva. Essa opinião é condenada pelo Panormitano no mesmo lugar, e eu estou de acordo com essa condenação. Outros dizem que elas são úteis em relação a penitência aqui imposta em superabundância e por precaução, isto é, unicamente em relação às penas que impôs não segundo a medidal72, mas, por precaução, em maior quantidade do que o pecado fazia por merecer. Esta opinião deve ser mais condenada do que a anterior. Outros dizem que elas são úteis em relação a Deus e a Igreja, mas que o remitente se onera com a satisfação em lugar daquele173. Também esta opi- nião é absurda. Outros dizem que elas são úteis para a remissão da penitência omitida por negligência. Condenando esta opinião, o Panormitano diz que ela remu- nera a negligência. Em meu juizo, porém, esta opinião não é inteiramente fal- sa, pois em verdade são remitidas quaisquer penas, também as omitidas por negligência, contanto que a negligência [nos] desagrade; sim, são remitidas também as que não foram omitidas por negligência e as que ainda devem ser cumpridas. Outros ainda dizerri que elas têiii valor para a relaxação da penitência imposta, desde que o sacerdote que a impôs permita que se possa trocar a pe- nitência pelas remissões. Esta opinião é reta e verdadeira nesta questão, só que restringe o poder de quem confere as indulgências. Pois é verdade que elas relaxam as penitências impostas; entretanto, não é necessária a anuência de quem as impôs. A sexta opinião, que o Panormitano aduz além das cinco apresentadas iia glosa mencionada, diz que elas são úteis, conforme rezam as palavras, ~ -- .- 171 Erra glosa é de üernardo de Botono (+ 1263), jurista de Parma, que lecionava em Bolo- i iha. expondo ar decretais. Bernardo colecionou as glosso ardinorio as decretais de Gregó- rio IX. 172 S c . do pecado oii da culpa. 171 Sr. ile qiieiri rccehe a remissão. 113 i;iiiio em relação a Deus quanto em relação a penitência aqui imposta. Ele diz :tilida que esta opinião é sustentada por Gofredol74, pelo 0stiense"J e por .I«ão Andreae"6. Também eu a sustento assim como está ai e as palavras re- /;irii. Porém não sigo a compreensão de todos, principalmente por cansa da expressão "em relação a Deus". Se com isso querem dizer que também as penas impostas por Deus são remitidas, seja aqui, seja no purgatório, para :il&in das penas impostas pela Igreja ou pelos cânones, não a considero verda- dcira, exceto sob a seguinte restrição: porque as penas do purgatório são re- iiiitidas, sem o poder das chaves, apenas por meio da contrição. Por isso, se alguém estiver perfeitamente contrito, creio que, em relação a Deus, está ab- solvido do purgatório; em relação às penas deste tempo, porém, digo que isso riári tem nenhuma abonação, como foi suficientemente exposto acima na tese 5 . Pois não pode ser nomeada a pena a respeito da qual se deve crer que é re- iiiitida em relação a Deus. Por esta razão, eu diria que a expressão "em rela- $50 a Deus" deve ser entendida não com referência as penas impostas por Ileus, mas as impostas pela Igreja, de modo que o sentido é o seguinte: aque- la remissão das penitências impostas pela Igreja subsiste tanto junto a Deus qiiarito junto a Igreja, porque Deus confirma essa remissão de sua Igreja, se- i7,~iiido aquela palavra: "Tudo o que desligares na terra será desligado tam- hérn nos céus." [Mt 16.19.1 Ele não diz: "Tudo o que desligares na terra, ou- tra coisa será desligada nos céus", mas sim: "A mesma coisa que tu desliga- rcs também eu considerarei desligada." E que, por meio