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Conceitos de Direito Tributário

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Conceitos de Direito Tributário
Conceitos de Direito Tributário, segundo os principais doutrinadores:
Paulo de Barros Carvalho - É o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto das proposições jurídico normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos.
Hugo de Brito Machado - O ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra abusos desse poder.
Luciano Amaro - O Direito Tributário é a disciplina jurídica dos tributos.
Kiyoshi Harada - Direito Tributário é o direito que disciplina o processo de retirada compulsória, pelo Estado, da parcela de riquezas de seus súditos, mediante a observância dos princípios reveladores do Estado de Direito. É a disciplina jurídica que estuda as relações entre o fisco e o contribuinte.
Ruy Barbosa Nogueira - É a disciplina da relação entre Fisco e Contribuinte, resultante da imposição, arrecadação e fiscalização dos impostos, taxas e contribuições.
Pedro Nunes - Ramo do direito público que compreende um conjunto de normas coercitivas que estabelecem relações jurídicas entre os contribuintes e o Estado, direitos e deveres de ambos e dos agentes fazendários; regula o sistema tributário e disciplina o lançamento, a arrecadação, fiscalização e aplicação dos impostos em geral, taxas e contribuições.
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Princípios do Direito Tributário brasileiro
Princípio da Legalidade (art. 150, I, da CF/88) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
Princípio da Igualdade ou da Isonomia (art. 150, II, da CF/88) Não deve haver tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente, assim como qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função por eles exercida, independente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, “a” da CF/88) É vedado a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.
Princípio da Anterioridade (do exercício e nonagesimal) (art. 150, III, “b” e “c” da CF/88) É vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro (ano) e antes de decorridos noventa dias em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Exceções: imposto de importação (II), imposto de exportação (IE), imposto sobre produto industrializado (IPI), imposto sobre operações financeiras (IOF), ICMS monofásico sobre combustíveis e lubrificantes, CIDE petróleo, empréstimo compulsório para casos de calamidade pública ou guerra externa, imposto extraordinário de guerra e contribuições para o financiamento da seguridade social, que juntamente com o IPI obedecem somente a noventena.
Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145, §1º da CF/88) Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Princípio da Vedação do Confisco (art. 150, IV da CF/88) É vedada a utilização do tributo com efeito de confisco, impedindo que o Estado, com o pretexto de cobrar tributo, se aposse dos bens do contribuinte.
Princípio da Liberdade de Tráfego (art. 150, V da CF/88) É vedada estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.
Princípio da Transparência dos Impostos (Art. 150, §5º da CF/88) A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
Princípio da Uniformidade Geográfica (Art. 151,I da CF/88) É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País.
Princípio da Seletividade (Art. 153, §3º da CF/88) A tributação deve ser maior ou menor dependendo da essencialidade do bem. Possui aplicação obrigatória quanto ao IPI e facultativa para o ICMS e IPVA.
Princípio da Não-Diferenciação Tributária (Art. 152 da CF/88) É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Princípio da Não-Cumulatividade (Art. 155, §2º, I, art. 153, §3º, II, e art. 154, I da CF/88) Quanto ao ICMS, IPI e Impostos Residuais da União deve-se compensar o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal.
Princípio das Imunidades Tributárias (Art. 150, VI, “a” da CF/88) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre: patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
Princípio da Competência (segundo Hugo de Brito Machado) A entidade tributante há de restringir sua atividade tributacional àquela matéria que lhe foi constitucionalmente destinada.
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Tributo, definição e espécies
Definição
Do latim - tribuo, tributum, tribuere, repartir com os cidadãos a despesa pública.
O Código Tributário Nacional define tributo como: “Art. 3º - Tributo é toda prestação Pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. ”
Já a Lei 4.320/64: “Art. 9 - Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições, nos termos da Constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicas exercidas por essas entidades. ”
Criticando o conceito legal de tributo, Luciano Amaro, por entender que cabe a doutrina e não a lei definir e classificar um instituto de direito, o define como a “prestação pecuniária não sancionatória de ato ilícito, instituída em lei e devida ao Estado ou a entidades não estatais de fins de interesse público. ”
 A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la a denominação e demais características formais adotadas pela lei e a destinação legal do produto da sua arrecadação (art. 4º do CTN). Alguns autores entendem que este critério está superado.
Espécies
- Teoria Bipartida: Impostos e Taxas (Alfredo Augusto Becker e Pontes de Miranda);
- Teoria Tripartida: Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria (CTN, Paulo de Barros Carvalho e Sacha Calmo Navarro Coêlho);
- Teoria Quadripartida: Impostos, as Taxas, as Contribuições (de Melhoria e Especiais) e os Empréstimos compulsórios (Luciano Amaro, Bernardo Ribeiro Moraes e Ricardo Lobo Torres);
- Teoria Pentapartida: Impostos, Taxas, Contribuições de melhoria, Contribuições sociais e os Empréstimos Compulsórios (CF/88 segundo o STF). No RE 146.733, Rel.Moreira Alves, ficou consignado:
“De feito, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria) a que se refere o artigo 145 para declarar que são competentes para instituí-los a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, os artigos 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributárias, para cuja instituição só a União é competente: o empréstimo compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. No tocante às contribuições sociais - que dessas duas modalidades tributárias é a que interessa para este julgamento -, não só as referidas no artigo 149 - que se subordina ao capítulo concernente ao sistema tributário nacional - têm natureza tributária, como resulta, igualmente, da observância que devem ao disposto nos artigos 146, III, e 153, I e III, mas também as relativas à seguridade social previstas no artigo 195, que pertence ao título 'Da Ordem Social'. Por terem esta natureza tributária é que o artigo 149, que determina que as contribuições sociais observem o inciso III do artigo 150 (cuja letra b consagra o princípio da anterioridade), exclui dessa observância as contribuições para a seguridade social previstas no artigo 195, em conformidade com o disposto no par. 6º deste dispositivo, que, aliás, em seu par. 4º, ao admitir a instituição de outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, determina se obedeça ao disposto no art.154, I, norma tributária, o que reforça o entendimento favorável à natureza tributária dessas contribuições sociais”.
Classificação
-Reais: cobrados com observância aos aspectos objetivos do bem tributado (ex: IPTU);
-Pessoais: cobrados com observância aos aspectos pessoais do contribuinte (ex: IR).
-Diretos: o ônus recai sobre a pessoa do contribuinte (ex: IR);
-Indiretos: o contribuinte de direito tem a faculdade de repassar o ônus da tributação a um terceiro, o contribuinte de fato (ex: ICMS).
-Fiscais: tem finalidade arrecadatória, instituídos para produzir receita (ex: IR e ICMS);
-Extrafiscais: usados principalmente como instrumentos de intervenção estatal na economia, embora também produzam receita (ex: Impostos de Exportação e Importação);
-Parafiscais: quando a lei atribui a disponibilidade dos recursos arrecadados a pessoa jurídica diversa daquela que institui o tributo (ex: contribuições sociais e corporativas).
-Vinculados: a cobrança depende de atividade específica ao contribuinte (ex: Taxa);
-Não-vinclulados: a cobrança independe de atividade específica ao contribuinte (ex: Todos os Impostos).
-De arrecadação vinculada: os recursos somente podem ser utilizados em atividades determinadas (ex: Empréstimo Compulsório);
-De arrecadação não-vinculada: os recursos podem ser utilizados em qualquer despesa (ex: Todos os Impostos).
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Impostos
O CTN conceitua imposto como: “Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.”
Fatos geradores típicos de impostos são as manifestações de riquezas, tais como: propriedade, aquisição de renda, produção e circulação de bens, etc. Justamente por isso, o imposto se sustenta sobre a idéia da solidariedade social (Ricardo Alexandre).
Os impostos devem prestar-se ao financiamento das atividades gerais dos estado (Luciano Amaro) e não podem ter sua receita vinculada a órgão, fundo ou despesa, salvo as exceções previstas no artigo 167, IV, da CF/88, devendo ser aplicada (a receita) para remunerar os serviços universais (uti universi), ou seja, aqueles serviços que não possuem especificidade e divisibilidade.
Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte (art. 145, §1º da CF/88).
A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços (art. 150, §5º da CF/88).
Competência
Compete à União instituir impostos sobre (art. 153 da CF/88):
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
A União poderá instituir (art. 154 da CF/88):
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição (Competência Residual);
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação (Competência Extraordinária).
Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre (art. 155 da CF/88)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior
III - propriedade de veículos automotores.
Compete aos Municípios instituir impostos sobre (art. 156 da CF/88):
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.
Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais (art. 147 da CF/88).
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Taxas
As taxas (arts. 77 a 80 do CTN) cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Não podem ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem serem calculada em função do capital das empresas. Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Para que seja possível a exigência da taxa, o serviços públicos consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seususuários.
O essencial, na taxa, é a referibilidade da atividade estatal ao obrigado. A atuação estatal que constitui o fato gerador da taxa há de ser relativa ao sujeito passivo desta, e não a coletividade em geral (Hugo de Brito Machado). É, portanto, tributo retributivo ou contraprestacional.
Taxa e Preço Público
Súmula nº 545 do Supremo Tribunal Federal: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à previa autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.”
-Taxa: regime jurídico de direito público; vínculo compulsório e obrigacional de natureza tributária, não admitindo rescisão; sujeito ativo é somente pessoa jurídica de direito público; cobrada pela utilização efetiva ou potencial; receita derivada; Sujeita-se aos princípios tributários.
-Preço Público: regime jurídico de direito privado; vínculo facultativo e obrigacional de natureza contratual, admitindo rescisão; sujeito ativo é pessoa jurídica de direito público ou privado; cobrado somente pela utilização efetiva; receita originária; não se sujeita aos princípios tributários.
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Contribuição de Melhoria
A contribuição de melhoria (arts. 81 e 82 do CTN) cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a ser financiada, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
Tem por fundamento a justiça fiscal, que não seria alcançada se o proprietário tivesse, sem contrapartida, benefício patrimonial decorrente da valorização de seu imóvel em razão de obra pública custeada por toda a sociedade (Mauro Luís Rocha Lopes).
Trata-se de tributo vinculado, pois seu fato gerador está ligado a atividade específica relativa ao contribuinte.
Disciplinada detalhadamente pelo Decreto-Lei nº 195, de 24 de fevereiro de 1967.
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Contribuições Especiais
As contribuições especiais caracterizam-se pela finalidade específica para que são instituídos e cobrados.
Em geral possui a chamada referibilidade indireta, uma atuação estatal relacionada a um grupo determinado.
Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União (art. 149 da CF/88). Soma-se ainda ao rol das Contribuições Especiais a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP) (Art. 149-A da CF/88).
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Empréstimo Compulsório
Trata-se de tributo com objetivo de possibilitar o ingresso temporário de recursos aos cofres públicos, com o dever do Estado de restituir futuramente a importância emprestada. Esta restituição é irrelevante para fixação do empréstimo compulsório como tributo ou não, o traço marcante de sua natureza tributária é a compulsoriedade e sua adequação aos termos do art. 3º do CTN, estando superada a Súmula 418 do STF.
Somente a União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88):
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Boa parte da doutrina e da jurisprudência entendem que o inciso III do artigo 15 do CTN não foi recepcionado pela CF/88 que estabelece uma terceira possibilidade para instituição de empréstimo compulsório, qual seja: conjuntura que exija absorção temporária do poder aquisitivo (ex: Decreto Lei 2.288/1986)
A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate.
Importante lembrar que após a CF/88 não foram mais criados empréstimos compulsórios.
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Obrigação Tributária
Relação jurídica em função da qual o particular tem o dever de prestar dinheiro ao Estrado, ou de fazer, não fazer ou tolerar algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos, esta pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária (art. 113 do CTN).
Elementos
1. Fato Gerador: da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal (arts. 115 e 114 do CTN). Trata-se da concretização da hipótese de incidência tributária prevista em abstrato na lei, que gera (faz nascer) a obrigação tributária.
Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos (Art. 116 do CTN): 
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
Os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados (Art. 117 do CTN): I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio.
A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se (Art. 118 do CTN): I - da validade jurídica dos atosefetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
- Base de Cálculo: grandeza econômica sobre a qual se aplica a alíquota para calcular a quantia a pagar. Dimensão legal da materialidade do tributo.
- Alíquota: em percentual (1. ad valorem: percentual fixo ou 2. progressiva: percentuais crescentes sobre cada faixa de valor) que aplicados sobre a base de cálculo, determinam o montante do tributo a ser pago OU alíquota específica (valor fixo expresso em moeda).
2. Sujeito Ativo: a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento (art. 119 do CTN). Exigir é diferente de instituir, pois na primeira hipótese isto cabe a qualquer pessoa jurídica de direito público (ex: autarquias), desde que devidamente lhe seja delegada capacidade ativa, já a instituição de tributos compete somente as pessoas de direito público dotadas de Poder Legislativo (União, Estados, DF e Municípios).
3. Sujeito Passivo: pessoa jurídica ou natural (física) obrigada ao cumprimento da obrigação tributária (pagamento de tributo ou penalidade pecuniária). O sujeito passivo da obrigação principal diz-se (art. 121 do CTN): I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto (art. 122 do CTN).
-Contribuinte de Fato: pessoas que sofrem a incidência econômica do tributo (geralmente consumidor), mesmo que formalmente não integrem a relação jurídico-tributária instaurada.
-Contribuinte de Direito: pessoas que ocupam o pólo passivo da relação jurídico-tributária (geralmente o comerciante/industrial/produtor), a quem a legislação obriga a recolher o tributo ou a penalidade pecuniária.
-Solidariedade (Art. 124 e 125 do CTN): são solidariamente obrigadas (não comportando benefício de ordem): I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei.
Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo; III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.
-Capacidade Tributária (Art. 126 do CTN): a capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios; III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.
-Domicílio Tributário (Art. 127 do CTN): na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante.
Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer hipóteses acima, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.
Evasão, Elisão e Elusão Tributária
-Elisão: ato ou negócio jurídico legal e lícito que importe isenção, não incidência ou menor oneração de tributária. Ocorre, via de regra, em momento anterior ao fator gerador, ligado a técnicas de planejamento tributário.
-Evasão: conduta ilícita, via de regra, após a ocorrência do fato gerador que visam evitar o conhecimento (as escondidas) da própria ocorrência deste (fato gerador).
-Elusão: conhecida também com elisão ineficaz, pois o ato ou negócio tem aparência lícita, mas o que ocorre é uma simulação que visa resultados que não são aqueles tipicamente almejados em negócios ou atos jurídicos.
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Competência Tributária
A competência para legislar sobre direito tributário é o poder para editar leis que versem sobre tributos e as relações jurídicas a eles pertinentes (ex: Código Tributário Nacional), já a competência tributária é o poder para editar leis que instituam tributos, pois a Constituição não cria tributos, apenas outorga competência para que os entes políticos, facultativamente, o façam por meio de leis próprias (ex: Lei complementar 70/91 que institui a COFINS).
A competência tributária é indelegável, salvo atribuição (compreendendo as garantias e os privilégios processuais) das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra. A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido, não constituindo delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos (art. 7º do CTN).
Cabe à lei complementar (art. 146 da CF/88):
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas; d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte.
O Código Tributário Nacional estabelece normas gerais em matéria tributária, embora editado como lei ordinária em 1966, foi recepcionado com força de Lei complementar pela Constituição Federal de 1967 e manteve o status com o advento da Constituição Federal de 1988 (Ricardo Alexandre).
Classificação
-Privativa: atribuída com exclusividade a um determinado ente (ex: Empréstimo Compulsório);
-Comum: atribuída a todos os entes federados (ex: Taxa);
-Residual: competência para criar tributos não previstos ordinariamente (ex: Novos Impostos pela União);
-Cumulativa: competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais (art. 147 da CF/88).
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Legislação Tributária
A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes (Art. 96 do CTN). Este rol não é exaustivo, devendo ser compreendido como “legislaçãotributária” todo ato normativo que verse sobre matéria tributária, desde a Constituição Federal até uma ordem de serviço local.
Leis (em sentido estrito)
Somente a lei pode estabelecer (lei ordinária ou complementar, dependo da exigência constitucional):
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
Em teoria, Lei Delegada poderia ser usada para os mesmos fins cima mencionados, entretanto, tal instituto está em desuso.
Medida Provisória
É possível a adoção de medida provisória para tratar de matéria tributária se observados os requisitos constitucionais e não tratar-se de matéria reservada à Lei complementar.
Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto para II, IE, IPI, IOF e Impostos Extraordinário de Guerra, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada (Art 62, §2º da CF/88).
Resoluções do Senado
O IPVA terá alíquotas mínimas e o ITCMD terá alíquotas máximas fixadas por resolução do Senado (Art. 155, § 6º, I e §1º, IV da CF/88).
Resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação (art. 155, § 2º, IV da CF/88). Parte da doutrina entende que com o advento da EC 42/03 não é mais possível qualquer incidência de ICMS sobre mercadorias que se destinem ao exterior.
Também é facultado ao Senado Federal (Art. 155, §2º, V da CF/88):
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;
Tratados e Convenções Internacionais
Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha (art. 98 do CTN).
O conflito entre a lei interna e o tratado resolve-se, pois, a favor da norma especial (do tratado), que excepciona a norma geral (da lei interna), tornando-se indiferente que a norma interna seja anterior ou posterior ao tratado. Este prepondera em ambos os casos porque produz preceito especial, harmonizável com a norma geral (Luciano Amaro).
Apesar da redação final do art. 98 do CTN a jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que após a incorporação do tratado ao direito interno, este adquire posição hierárquica idêntica à de uma lei ordinária, o que possibilita que uma lei ordinária aprovado pela congresso nacional venha a modificá-lo ou revogá-lo (tratado) internamente.
Decretos
O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei (Art. 99 do CTN).
Normas Complementares
São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos (Art. 100 do CTN):
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.
Vigência da Legislação Tributária
A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União (Art. 102 do CTN).
Salvo disposição em contrário, entram em vigor (Art. 103 do CTN):
I - os atos administrativos expedidos pelas autoridades administrativas, na data da sua publicação;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação;
III os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na data neles prevista.
Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda (Art. 104 do CTN):
I - que instituem ou majoram tais impostos;
II - que definem novas hipóteses de incidência;
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte.
*Obs: a melhor doutrina entende que os dispositivos do artigo 104 do CTN não foram recepcionados pela CF/88.
Aplicação da Legislação Tributária
A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116 do CTN. (Art. 105 do CTN).
A lei aplica-se a ato ou fato pretérito (Art. 106 do CTN):
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Interpretação e Integração da Legislação Tributária
Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada (Art. 108 do CTN):
I - a analogia, que em seu emprego não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a equidade, que em seu emprego não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.
O rol de técnicas interpretativas acima é taxativo (somente estes) e hierarquizado (deve-se começar pela analogia) e é direcionado tanto a autoridade fiscal quanto para a autoridade judicial sem margem para discricionariedade ao intérprete.
Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários (Art. 109 do CTN).
A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias (Art. 110 do CTN).
Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre (Art. 111 do CTN):
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado,em caso de dúvida quanto (Art. 112 do CTN):
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
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RESUMO DIREITO FINANCEIRO
1.    ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
Marcos do direito financeiro no Brasil: Lei 4320/64 // Lei Complementar 101/2000 (responsabilidade fiscal).
Atividade Financeira do Estado
Conceito: É a tarefa do estado de realizar o bem comum que se concretiza por meio das necessidades públicas. Exemplo: saúde, educação, habitação, defesa nacional, etc. Para Celso Bastos a atividade financeira do estado é marcada ou pela realização de uma receita ou pela administração do produto arrecadado, ou ainda pela realização de um dispêndio ou investimento.
Para Aliomar Baleeiro a atividade financeira do estado consiste em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades cuja satisfação o estado assumiu fazer ou cometeu a outras pessoas de direito público.
Receitas                  
Despesas
Orçamento              necessidades públicas
Crédito público
Características:
Obter recursos: receita
Gerir recursos: orçamento
Realizar recursos: despesa
Criar crédito público: endividamento
Atividade não financeira do estado.
1.    Intervenção no Domínio Econômico (art. 173,CF)
O conceito de econômico está relacionado à disponibilidade de bens e valores que interessam às pessoas, assim a indagação que se faz é até qual limite o estado pode intervir neste domínio econômico que a CF/88 atribuiu basicamente à atividade do setor privado.
2.    Ideologia e intervenção
Ao mesmo tempo em que o estado passa uma ideologia de plena liberdade econômica/empresarial ao particular, estabelece também freios e contrapesos intervindo nestas atividades. EX: livre atividade empresarial todavia regrada por alguns princípios tributários.
3.    Incentivo da atividade econômica
Da mesma forma que o estado condiciona atividades, tem o dever de incentivar e planejar o desenvolvimento da atividade econômica, para Eros Grau o planejamento é forma de ação racional caracterizada pela previsão de comportamentos econômicos e sociais futuros, formulação explícita de objetivos e definição de meios de ação coordenados, impõem o financiamento, a orientação, a indução ao produtor para praticar determinada atividade econômica. Ex: financiamento do BNDS, etc...
4.    Administração Indireta
Os entes da adm. indireta via de regra são criados para atuarem num campo que não esteja sendo suficientemente explorado pela iniciativa particular, mas também para interferir no jogo econômico. Ex: domínio do mercado financeiro pelos bancos oficiais, ou ainda para alocar pessoal após os pleitos eleitorais (cabide de emprego).
5.    Documentação Jurídica
Finalidade de preservação de documentos e de fatos geradores de efeitos jurídicos devendo assim, ficarem autenticados em repartições públicas do estado ou de particulares a quem este delegou o serviço. Ex: nascimento, óbitos, marcas e patentes (236, CF).
6.    Serviços Públicos
A mais importante e relevante das atividades do estado por disposição constitucional o estado é obrigado a assumir diversos dentre eles a prestação dos serviços públicos. O estado não tem escolha entre prestar ou não este serviço, ele tem de fazer, pois assim foi elencado na CF/88 (art.21,CF).
DIREITO FINANCEIRO
Para Haradao Direito financeiro é o ramo do direito público que estuda a atividade financeira do estado sob o ponto de vista Jurídico.
Para Régis Oliveira, direito financeiro é o  conjunto de princípios e regras que dispõe sobre a arrecadação de receitas não tributárias, coloca-as no orçamento, estabelece as despesas, realiza-as, controla-as por seus órgãos e instrumentos de controle, administra receitas e despesas, distribui-as entre os entes da Federação, exige responsabilidade na aplicação dos recursos e impõe sanções às infrações cometidas.
O QUE NÃO FAZ PARTE DO DIREITO FINANCEIRO:
A) Tributos
B) Câmbio
C) Moeda
O QUE FAZ PARTE DO DIREITO FINANCEIRO:
Receitas não tributárias:
- despesas
- orçamento
- controle pelo Tribunal de contas
- responsabilidade fiscal.
OBJETO
É a própria atividade financeira do Estado, cujos quatro elementos são receita, despesa, orçamento e crédito público.
PRINCÍPIOS
- Art. 37, caput, CF.
Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao...
-Economicidade – Art. 70, caput , CF.
Art. 70 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Informa os critérios de fiscalização das contas da União e Órgãos da Adm. direta e indireta, trata-se de exigência relativa a eficiência do ponto de vista econômico do gasto público: usar o mínimo de recursos para atingir o máximo de satisfação das necessidades públicas. Ex. Licitação.
-Transparência
      Ligado ao princípio da publicidade previsto no Art. 37, caput da CF, tem como objetivo a possibilidade de controle das despesas públicas pelo povo, através da ação popular, proposta na Lei 4717 e art. 5º, LXXIII CF;
-Responsabilidade Fiscal
      Princípio que permeia toda a lei de responsabilidade fiscal. Trata-se de assegurar que o gasto público seja realizado dentro de certos limites e de acordo com regras estritas que, se não cumpridas acarretam sanções aos agentes e entes públicos. Art. 1º da Lei de Responsabilidade Fiscal.
-Eficiência
      Emenda 19 de 1998. Exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. O gestor público deve buscar o equilíbrio entre o montante de recurso utilizado e o resultado obtido.
- Legalidade: Lei orçamentária 8666;
Decorrência lógica do Estado Democrático de Direito, pressupondo-se que a lei é feita pelos representantes do povo; é como se o próprio povo estivesse autorizando o Estado à utilizar as receitas para realização de despesas
      **Exceção à legalidade = Art. 167, §3º da CF.
Art. 167- São vedados:
§ 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62.
      **Art. 62, CF
      **ADI 4048
RECEITAS PÚBLICAS
Noções gerais
Conceito
**RECEITA   X  ENTRADA
Receita: Tem origem no poder constritivo do Estado sobre o Particular. É todo valor que entra em definitivo nos cofres públicos.  Ex. Impostos.É a entrada de dinheiro que integrando-se no patrimônio público em definitivo, sem quaisquer reservas ou condições vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo. Ex. pagamento de IPVA, ICMS...
Entrada: valor provisório dos cofres públicos. É todo ingresso de dinheiro no cofre público, todavia, há entradas que ingressam apenas provisoriamente nos cofres públicos, podendo tornar-se definitivas ou não. Normalmente destinam-se a serem devolvidas. Ex, na construção da escola deve-se dar uma garantia (entrada/depósito) para o início da construção de escola ou licitação, que depois será retornada.
CARACTERÍSTICAS
- CARÁTER PERMANENTE: integra-se de modo permanente ao patrimônio do Estado. Exclui assim, as entradas com caráter transitório.
- NÃO ESTAR SUJEITO À CONDIÇÃO: exclui os ingressos que posteriormente tenham que ser restituídos, como os empréstimos que o Estado realiza quando necessita de recursos.
- NÃO HAVER BAIXA PATRIMONIAL: a entrada decorrenteda compra e venda de um imóvel, por exemplo, não pode ser classificada como receita, pois corresponde a uma diminuição patrimonial.
- ELEMENTO NOVO E POSITIVO: além de não corresponder a nenhuma baixa patrimonial deve acrescer, aumentar o patrimônio público.
CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS
- ART. 9º, LEI 4320/64
1) QUANTO Á PERIODICIDADE:
*Extraordinárias: Art. 154, II – CF - somente ocorre em situações extremas, sendo exemplo o empréstimo compulsório e ainda o imposto extraordinário de guerra
*Ordinárias: são as havidas no desenvolvimento normal da atividade estatal.
2) QUANTO A ORIGEM:
*Originárias – Caracterizada fundamentalmente pela percepção, pelo Estado, despido de qualquer caráter coercitivo, atuando sobre o regime de direito privado, como se fosse uma empresa privada em busca do lucro. (exploração do próprio patrimônio). Subdividem-se em:
Patrimoniais – são as geradas pela exploração do patrimônio mobiliário e imobiliário do Ente Público. O mobiliário é composto de títulos representativos de crédito e de ações que são partes do capital de empresas públicas, os quais rendem juros e dividendos aos cofres públicos (ex. ações da Petrobras)
Industriais, comerciais e de serviços–são as geradas pelo estado no exercício da atividade empresarial, essa atividade atípica do estado é motivada por vários fatores, por exemplo, impotência do setor privado em explorar certa atividade econômica. Assim, ora o estado age concorrendo com o particular, ora age através de monopólio que, além de ter como finalidade a obtenção de lucro também serve para evitar a formação de monopólios e cartéis particulares.
*Derivadas – O estado, em virtude do seu poder de império, retira de seus súditos, parcela de sua riqueza, para consecução de fins comuns, visando ao bem estar geral (derivam do patrimônio particular = tributos). É o iusimperi do Estado que lhe faculta impor sobre as relações econômicas praticadas pelos particulares, assim como sobre seus bens, o tributo, principal fonte das receitas públicas.
*Transferida – Ainda que possam ser resultantes de tributos não são arrecadadas pelo ente público que vai utilizá-las. (ex. a receita do IPVA que o Estado passa para o Município).
3) QUANTO A CATEGORIA ECONÔMICA
a) Correntes: são as receitas tributárias, as de contribuições, as patrimoniais, agropecuárias, industriais, receitas de serviços e as transferidas que são utilizadas para atender despesas correntes. As principais são: a tributária e de contribuições:
Tributárias: CTN, CF e Lei 4.330, art. 9 – são impostos, taxas e contribuições de melhoria. Teoria Tripartite. Entendimento STF e a classificação Pentapartite (+ empréstimo compulsório e contribuições sociais).
*Prestação pecuniária em moeda ou outro cujo valor nela se possa exprimir, isso é tributo. Dinheiro ou imóvel.
*É vedado o pagamento de tributos com a prestação de serviços ou bens in natura, pois, via de regra, o pagamento deve ser feito em moeda.
*Exceção: Art. 156, XI, CTN – única exceção é somente do pagamento em bens imóveis.
*STF = ADIN 1917 – DF. = Inconstitu. Receber bens imóveis. Declarou que o Estado não poderia legislar sobre isso.
ADIN 2405 = o STF mudou o entendimento e disse que era constitucional.
*Pacto Federativo = autonomia do Estado em criar outra forma de receber os seus tributos. “Quem pode +, pode – “.
Compulsória: tributo do poder de império do Estado.
Que não constitua sanção de ato ilícito: a sanção por ato ilícito é cobrada através de multa, sendo que o tributo não pode ter essa característica. “pecúnia non olet” = o dinheiro não tem cheiro.
Instituída em lei: decorrente do princípio da legalidade e cobrado mediante atividade vinculada.
Cobrado mediante atividade vinculada: autoridade tributária não pode analisar a conveniência, ou não, em cobrar o tributo. A imposição é legal.
b) Capital:provenientes da realização de recursos financeiros, oriundos da constituição de dívidas, da conversão em espécie de bens e direitos, e, ainda as recebidas por transferência de capital de outra pessoa jurídica de direito público.
4) ESTÁGIOS DA RECEITA
a) Previsão (Art. 12, LRF): é a estimativa da receita a ser arrecadada pelo Estado, com o objetivo de melhor planejar seus gastos.
b) Lançamento: é o ato pelo qual se verifica a procedência do crédito, o sujeito passivo e ao final, efetua-se a inscrição em dívida ativa. Somente as receitas tributárias, as patrimoniais e as industriais são passíveis de lançamento.
c) Arrecadação: fase de recebimento através das repartições fiscais, agentes ou rede bancária, é com base na receita efetivamente arrecadada, que se processam os registros demonstrativos contábeis.
Três previsões legais para arrecadação:
I – Tributos (Art. 142, CTN)
II – Outros (Art. 51 a 57 da Lei 4320)
III – Judiciais (Lei 6830/80).
d) Recolhimento: é a entrega pelos agentes arrecadadores dos recursos para a conta única do tesouro, de acordo com o previsto no artigo 56 da Lei 4320.
5) RENÚNCIA DA RECEITA
Ocorre através de concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária e deve estar acompanhada de estimativa de impacto financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência.
**Art. 150, §6º da CF.
**Art. 14 da LC (Lei de Responsabilidade Fiscal)101.
 Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:     
        I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
        II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
        § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
        § 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.
        § 3o O disposto neste artigo não se aplica:
        I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1o;
        II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.
DESPESAS PÚBLICAS:
Conceito:As despesas publicas servem para regular o funcionamento dos serviços públicos. A doutrina majoritária utiliza o conceito de Aliomar Baleeiro que diz que ela pode significar duas coisas: em primeiro lugar, designa o conjunto de dispêndios do estado ou de outra pessoa jurídica de direito público para funcionamento dos serviços públicos, pode também, significar a aplicação de certa quantia em dinheiro por parte da autoridade, dentro de uma autorização legislativa para execução de fim a cargo do governo.
Características:
1)    Decisão política: a decisão de gastar é fundamentalmente uma decisão política, o administrador elabora um plano de ação, descreve-o no orçamento, aponta os recursos e efetua o gasto. Daí a variação que pode existir de governo para governo.
2)    A vinculação Constitucional: A despesa é vinculada no tocante à saúde e a educação, o art.212, caput,CF, e o art. 198,§2, CF, trazem tais vinculações.
3)    Necessidade de licitação: Excetuados os casos de dispensa e inexigibilidade, todosos gastos públicos devem ser precedidos de licitação.
4)    Documentação (empenho): Toda despesa além de prevista em lei e no orçamento deve estar empenhada. O conceito de empenho esta no art.58, Lei 4320/64.
Classificação das Despesas:
1)    Quanto a regularidade:
a)    Ordinárias: aquelas que ocorrem constantemente no dia a dia da administração pública. Ex: pgto de pessoal, material de expediente, etc...
b)    Extraordinárias: ocorrem de forma esporádica e imprevisível. Ex: enchentes, epidemias.
2)    Quanto a categoria econômica (art.12,L. 4320/64):
   Correntes: são os gastos de natureza operacional que se destinam à manutenção e ao funcionamento dos serviços públicos, quer sejam eles realizados pela adm., ou transferidos para outras pessoas físicas ou jurídicas. Em regra não trazem como contrapartida qualquer acréscimo ao patrimônio público. Subdividem em:
Custeio: São as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. Ex: pagamento de pessoal civil e militar, conservação de imóveis.
Transferências de correntes: São as dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender a manutenção de outras entidades de direito público ou privado.
a)    Subvenções sociais
b)    Subvenções Econômicas
   Despesa de Capital:
Investimento: São as dotações para o planejamento e a execução de obras inclusive de imóveis necessários para essas obras. Ex: construção de um hospital
Inversão financeira: Dotações destinadas à aquisição de imóveis já em utilização, aquisição de títulos ou papeis de empresas já constituídas, e ainda a constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros. Ex: criação de uma sociedade de economia mista, ou empresa pública.
Transferência de capital: São as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar independente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências em “auxílios ou contribuições”. Ex: auxílio de estado para obra em Sta Rosa.
3)    Quanto a relação ao orçamento: Se divide em:
Funcional: é composta de um rol de funções e subfunçõespré fixadas, as quais servirão de agregador dos gastos públicos por área de ação governamental. Ex: função agricultura ela vai ter subfunções como por exemplo produção vegetal, extensão rural, etc...
Programática: Visa a demonstrar os objetivos da ação governamental para resolver as necessidades coletivas. Cada ente deve elaborar a sua própria estrutura de programas.
Diferença entre:
Programa: médio e longo prazo, o tempo é maior. ex: erradicação da pobreza.
Projeto: curto ou médio prazo. Ex: construção de uma escola.
Atividade: Contínua. Ex: treinamento de servidores.
4)    Fases de Execução da Despesa:
Genéricas:
a)    LOAS:previsão na lei da LOAS.
b)    Licitação: Tem casos de inexigibilidade e despensa.
Específicas:
a)    Empenho:
·    Fundamento legal: art.58, Lei 4320/64, é o ato que oficialmente reserva um determinado montante de uma dotação orçamentária para fazer frente a uma despesa específica. A expressão “que cria para o estado obrigação de pagamento” conforme dispõe o art.62, lei 4320/64, não pode ser interpretado literalmente, pois mesmo havendo uma despesa empenhada se o credor não cumprir com a contraprestação devida não haverá pagamento pelo estado.
·    Finalidade do Empenho: é instrumento de programação e controle da despesa dando ao gestor, os dados sobre compromissos já assumidos e o montante de recursos não utilizados.
·   Instrumento: o instrumento do empenho é a “nota de empenho” que deverá conter uma serie de informações, como: nome do credor, tipo de empenho, valor empenhado, especificação da despesa, entre outros.
·    Tipos de empenho:
Ordinário: utilizado para despesas cotidianas e é utilizado na quase totalidade dos gastos públicos. Com gastos definidos e pagos em prestação única.
Por estimativa: feito quando não se pode determinar com exatidão o valor a ser despendido, como por ex. uma conta luz ou água da prefeitura. Faz-se uma estimativa do que será gasto ao longo do exercício, se a estimativa for menor que o valor exato faz-se um empenho complementar, se for maior anula-se a parte excedente e o saldo reverte ao orçamento.
Global: utilizado para casos de despesas contratuais e outras sujeitas a parcelamento, emite-se o empenho global deduzindo-se os valores correspondentes nas respectivas cotas mensais, trimestrais, semestrais, o objetivo deste tipo de empenho é evitar a burocracia de se fazer uma empenho mensal de cada parcela do contrato. Se um contrato ultrapassar o exercício financeiro a cada ano se faz um empenho global.
b)  Liquidação: Previsto no art.64, lei 4320/64, consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios dos respectivos créditos. O objetivo da liquidação é apurar o implemento da condição, ou seja, se o credor cumpriu ou não sua obrigação. A liquidação terá por base o contrato, ajuste ou acordo e a nota de empenho.
c)  Pagamento: é o ato pelo qual o estado faz à entrega do numerário correspondente recebendo a devida quitação a ordem de pagamento é o despacho feito pela autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. O pagamento será feito pela tesouraria, rede bancária, ou excepcionalmente por adiantamentos (entregue o valor ao servidor para que este faça pequenos pagamentos, art. 64,65, lei 4320).
ORÇAMENTO PÚBLICO
I – LEIS ORÇAMENTÁRIAS
            a) Lei orçamentária Anual – LOA
            b) Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
            c) Plano Plurianual
I - c) Plano Plurianual (PPA)
Conceito: Corresponde ao desdobramento do orçamento programa e define o planejamento das atividades governamentais. Um de seus objetivos é atenuar as desigualdades entre as regiões.
Vigência: 4 anos. União, Estado, DF e Municípios, com vigência de 4 anos. Começa a produzir efeitos a partir do segundo exercício financeiro do mandato até o final do primeiro exercício do mandato subsequente. O objetivo desse desencontro é evitar a descontinuidade dos programas de governo.
Conteúdo principal: fixa de forma regionalizada as diretrizes, objetivos e metas do governo para despesas de capital, despesas correntes e programas de duração continuada.
*Como despesas de capital,temos como exemplo a construção de escolas, hospitais, estradas, etc..
*Como exemplo de despesas correntes, a contratação de servidores, para trabalhar naquelas escolas e hospitais, entre outros.
*Como programa de duração continuada, o exemplo é o Bolsa Família.
Norma-guia: o PPA orienta as demais leis orçamentárias. Servirá de parâmetro para a elaboração da LOA e demais planos regionais e setoriais.
Responsabilidade: todo o investimento cuja execução ultrapasse mais de um ano, deverá estar previsto no PPA sob pena de crime de responsabilidade. Art. 85 CF.
Prazos: o PPA no âmbito federal deve ser encaminhado ao legislativo até 4 meses antes do encerramento do exercício financeiro até 31 de agosto do primeiro ano do mandato do presidente. E o congresso deve devolver para a sanção presidencial até 22 de dezembro, fim da sessão legislativa. Para os Estados e Municípios a CF e as Leis Orgânicas vão definir os prazos.
I – b) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
Conceito: sua principal característica é servir de instrumento de planejamento de curto prazo. Deve ser harmônica com o plano plurianual e servirá para elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). O Art. 4º da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101) trouxe novas disposições a cerca da LDO.
Finalidades: a) estabelecer metas e prioridades da adm., incluindo as despesas de capital para o exercício subsequente; b) dispor sobre alterações na legislação tributária, prevendo tanto os acréscimos (novos tributos ou aumento de alíquotas),quantos os decréscimos da arrecadação de tributos; c) autorizar a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração de servidores, criação de cargos, empregos e funções e admissão de pessoal na adm. pública. A exceção está para as empresas públicas e sociedades de economia mista que não precisam dessa autorização na LDO, conforme prevê o art. 169, §1º, II da CF.
Prazo: no âmbito federal o prazo para o envio ao legislativo da LDO é 15 de abril e o Congresso deve devolver para sanção até o fim do primeiro período da sessão legislativa.
I - a) Lei orçamentária Anual – LOA
Conceito: Também feita pela União, Estado, DF e Municípios. Deve ser compatível com o PPA e com a LDO. O Governo só pode iniciar qualquer programa ou projeto, se ele estiver contido na LOA. Corresponde na verdade a 3 sub-orçamentos: fiscal, investimentos e seguridade.
a) fiscal – previsto para toda adm. direta e indireta, englobando a receita e a despesa de toda a adm. pública para um exercício financeiro, exceto os investimentos de empresas estatais e receitas e despesas da seguridade social;
b) investimentos - para as empresas em que o poder público, direta ou indiretamente detenha a maioria do capital social com direito a voto (ex. Empresas públicas e soc. De ec. Mista);
c) seguridade – saúde, previdência e assistência social, sendo que a razão da desvinculação destas ações do orçamento fiscal é a de que esses recursos não serão desviados para qualquer outro fim o que geraria, ainda, déficit na previdência pública.
Dispositivos legais: Art. 165, §6º da CF; Art. 2 e 22 da Lei 4.320/64.
“§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito,sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.”
Prazos: para a União até 4 meses antes do encerramento do exercício financeiro que é em 31 de agosto do primeiro ano do mandato do presidente e o congresso deve devolver para sanção presidencial até 22 de dezembro. Estados e Municípios – CE e Lei Orgânica.
II – CRÉDITOS ADICIONAIS
Suplementares Art. 41, I, Lei 4320/64.
Destinados ao reforço de dotação orçamentária. Tem vigência limitada ao exercício em que forem autorizados. Depende de lei para a sua autorização, podendo a própria LOA autorizar o Poder Executivo a abrir créditos suplementares até determinada quantia, através de decreto executivo
Especiais Art. 41, II, Lei 4320/64.
Destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica. Deve ser autorizado por Lei que não seja a LOA.
Depende da existência de recursos disponíveis e justificativa para sua criação.
Extraordinários Art. 41, III, Lei 4320/64
Destinados às despesas urgentes e imprevistas: em caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública.
Não dependem de autorização legislativa, podendo ocorrer por medida provisória ou decreto, devido à urgência e relevância elementares dessas despesas. No entanto, antes deverá ser decretado o estado de calamidade pública ou situação equivalente, dando-se imediato conhecimento ao poder legislativo.
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
        § 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
        § 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais.

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