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HERZ, Monica. Organizações Internacionais. Resumo Cap 3 seções 1 e 2.

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Organizações e Instituições Internacionais 
 
Resumo 
Organizações Internacionais – História e 
Práticas (HERZ, Mônica). 
 
Capítulo 3, Seções 1 e 2. 
 
O Conceito de Segurança Coletiva 
 
O sistema de segurança coletiva (SC) é baseado na ideia da criação de um mecanismo 
internacional que conjuga compromissos de Estados nacionais para evitar, ou até suprimir, a 
agressão de um Estado contra outro. Ao criar-se uma ameaça crível de que uma reação coletiva 
seria produzida em qualquer hipótese de agressão, o sistema deveria deter atores dispostos a 
iniciar uma empreitada militar. A imensa agregação de recursos poderia levar atores racionais a 
evitar uma derrota já prevista. Essa lógica só se realizaria caso houvesse imensa confiança no 
funcionamento do sistema e a participação universal (ou quase) dos membros do SI. Dessa forma, 
qualquer ato de guerra seria objeto do sistema, não importando as causas. 
O sistema de segurança coletiva se baseia no pressuposto de que é possível mudar o 
cálculo racional dos Estados. Dessa forma, o sistema funciona associado a arranjos para facilitar a 
resolução de disputas. Contudo, para o sistema de SC, as causas da guerra não são determinantes 
para resolução de conflitos. 
O uso da força é regulamentado na SC, não proibido. Há um conjunto de normas sobre 
como a guerra pode ser realizada e motivos aceitos para iniciar uma ação militar. O Estado pode 
fazer uso da força: I – direito à autodefesa; II- quando obtiver autorização internacional, que um 
tratado multilateral delineará e uma OI interpretará. Garantir a ordem internacional seria então o 
motivo legitimo por excelência para ir à guerra. 
Aliança militar é diferente de sistema de SC. Aliança militar se dirige a um inimigo 
estabelecido, e obviamente excluído da coalizão em questão. O sistema de SC não predetermina a 
origem da ameaça à segurança e a reação coletiva gerada à quebra da paz refere-se às agressões 
geradas dentro desse sistema. No caso das alianças o compromisso assumido é mais estreito 
(envolve um grupo especifico de países) e elas são supérfluas, pois o compromisso de cada Estado 
já se encontra estabelecido. Esses valores das alianças militares entram em contradição com o 
compromisso geral frente a qualquer agressão do sistema de SC. 
 
O Sistema de Segurança Coletiva da Liga das Nações: 
 
A Liga das Nações (LN) foi a primeira OI universa. Seu desenho institucional e os temas 
a serem tratados segundo seu Pacto expressam a intenção das grandes potencias de dar 
continuidade ao status quo. 
O pensamento liberal sobre as RI no período em que foi formada a Liga teve influencia 
sobre seu processo de formação. Os 14 pontos de Wilson se tornaram mundialmente conhecidos 
e o décimo quarto ponto refere-se à criação da LN, que garantiria a independência e integridade 
territorial de todos os Estados. O sistema de SC tomaria o lugar do balanço de poder. Segundo 
Wilson, o balanço de poder (BP) seria substituído por uma comunidade de poder e as rivalidades 
organizadas por uma paz comum organizada. Em sua visão, a Liga seria uma organização de 
Estados democráticos, introduzindo de forma pioneira na arena política internacional a 
associação entre paz e regimes políticos democráticos. A opinião publica é vista como depositaria 
da racionalidade, do bom senso que poderia evitar a guerra. A crescente hegemonia norte-
americana permitiu aliar a ideia de ordem internacional e a legitimidade do Estado liberal 
democrático, ou seja, se cada nação estivesse organizada na forma de um Estado, a estabilidade do 
sistema seria muito mais provável. 
De acordo com a tradição liberal ocidental, a formulação da estrutura organizacional da 
Liga contemplou a ideia da divisão de poder entre Legislativo, Executivo e Judiciário. Embora o 
modelo de Concerto Europeu esteja impresso no órgão executivo da Liga - o Conselho – em 
especial através da ideia de que as grandes potências tem direitos e responsabilidades especificas 
que devem ser reconhecidas, a definição legal da autoridade, a continuidade institucional, a 
regularidade das sessões e a composição distribuída entre potencias e Estados menores atestam 
inovações introduzidas. As decisões por unanimidade nas duas instâncias da Assembleia 
expressam a proteção ao principio da soberania. O Secretariado reproduzia o modelo das 
organizações funcionais, tendo funções administrativas. 
A lógica do funcionamento da Liga conferia ao direito internacional papel central na 
geração de ordem no SI, e a Corte Permanente Internacional seria papel fundamental nesse 
contexto. No entanto, as tentativas de codificar as regras do direito internacional, como a 
Conferência de Haia, de 1930, sobre o assunto, fracassaram. 
Um corpo permanente para assessorar o Conselho em questões militares uma Comissão 
Permanente de Mandatos foram criados. O sistema de mandatos criado pela Liga representou a 
primeira ingerência internacional no funcionamento do colonialismo. 
As uniões públicas não chegaram a ser incorporadas, como havia sido inicialmente 
previsto, mas foram criados órgãos para lidar com questões técnicas, educacionais e humanitárias. 
A primeira formulação jurídica da ideia de SC pode ser encontrada nos artigos 10, 11 e 16 do 
Pacto da LN. Segundo o artigo 10, “cada Estado comprometem-se a respeitar e manter contra 
toda agressão externa a integridade territorial e a independência política presente de todos os 
Membros da Liga”. Segundo o artigo 11, “toda guerra ou ameaça de guerra, quer afete 
diretamente ou não um dos Membros da Sociedade, interessará à Sociedade inteira e esta deverá 
tomar as medidas apropriadas para salvaguardar eficazmente a paz das Nações.” Segundo o artigo 
16, “Se um Membro da Sociedade recorrer à guerra (...) será "ipso facto" considerado como 
tendo cometido um ato de beligerância contra todos os outros Membros da Sociedade. Estes 
comprometer-se-ão a romper imediatamente com ele todas as relações comerciais ou financeiras, a 
interdizer todas as relações entre seus nacionais e os do Estado que rompeu o Pacto, e a fazer 
cessar todas as comunicações financeiras, comerciais ou pessoais entre os nacionais desse Estado e 
os de qualquer outro Estado, Membro ou não da Sociedade.”. 
A proposta de criação de um sistema de SC representava uma ruptura dramática com a 
lógica do balanço de poder. O balanço de poder permitia a manutenção da ordem internacional 
na medida em que o sistema de alianças entre potencias evitava que um dos Estados representasse 
uma ameaça à soberania dos demais. O principio organizacional do sistema seria assim 
preservado, ou seja, a soberania dos Estados territoriais. O projeto do sistema de SC tinha 
objetivos mais ambiciosos, procurando lidar com a guerra como ameaça à ordem, percebida de 
forma restrita. A agressão era o objeto do sistema, e a paz era tomada como indivisível. Uma 
ameaça localizada deveria ser tratada como uma ameaça à paz internacional. Além disso, os 
pequenos Estados deveriam estar protegidos da coerção que sofrem em um sistema de balanço de 
poder. 
Enquanto o balanço de poder, e mesmo o concerto europeu continha um baixo grau de 
institucionalização, o sistema de SC teria um alto grau de institucionalização se inserido no 
projeto de criação da primeira OI universal. O aparato organizacional deveria funcionar de forma 
constante e não ser acionado somente em momentos de crise. 
A ocorrência de uma agressão deveria gerar uma resposta automática por parte de uma 
coalizão de Estados. O emprego de sanções econômicas, políticas e diplomáticas e o uso de forças 
militares para conter a agressão foram previstos. Enquanto a operação do BP depende de certo 
grau de concentração de poder, muitas vezes gerados pelopróprio sistema de alianças, o sistema 
de SC, poderia gerar o efeito deterrência (Pol. Medida adotada por um país, ou por uma aliança, 
para impedir a ação hostil de outro país) na ausência de processos de concentração de poder. O 
pressuposto era de que nenhum dos membros do sistema era tão poderoso que o conjunto de 
unidades independentes não poderia se opor a esse. 
Os autores do Pacto partiam da distinção entre conflitos internacionais para os quais uma 
solução legal seria possível e outros para os quais não seria uma opção. Assim, o sistema buscou 
criar mecanismos que valorizassem a solução pacifica de conflitos e também gerar um período de 
esfriamento em caso de crise. A Liga se dedicaria à investigação, à mediação, à arbitragem, ao 
desarmamento e à diplomacia aberta como formas de incentivar a solução pacifica de disputas e 
evitar o dilema de segurança. 
A existência da LN não evitou o conjunto de conflitos e a corrida armamentista que 
precederam a II° GM. O sistema de SC é considerado um enorme fracasso assim como a Liga. 
Uma séria de explicações para o fracasso da LN são oferecidas. A tensão entre o conceito de 
soberania e a lógica da indivisibilidade da paz, presente no sistema de SC, está na base das 
dificuldades de seu funcionamento. A relação Estado/sociedade historicamente construída 
conferia ao Estado o papel de defensor do interesse nacional. O automatismo que o sistema 
pressupõe também entra em contradição com a flexibilidade da formação da política externa de 
Estados soberanos. 
A ineficiência do sistema é atribuída, ainda, ao processo decisório criado pelo Pacto. A 
exigência da unanimidade entre os membros do Conselho e da Assembleia, o caráter das 
resoluções desses órgãos sem o estabelecimento da obrigatoriedade, a ausência de referencias 
claras quanto à definição de situações em que o sistema deveria ser acionado e a inexistência de 
mecanismos que assegurassem a implementação militar são algumas dessas questões. 
A dificuldade da definição do agressor, ou mesmo do que é uma agressão, é um problema 
inerente ao sistema de SC. O silencio sobre o assunto esconde a pressuposição de que existem 
princípios morais universais. Se essa não é uma expressão verdadeira, ou mesmo se ela não 
encontra expressão no comportamento dos atores, estamos diante de um pressuposto que acaba 
tornando o sistema refém de interesses particulares. 
A ausência dos EUA na Liga impediu que o sistema adquirisse um caráter universal, o 
que comprometeu sua credibilidade e operacionalidade. 
Os EUA não aderiram à Liga como resultado de um conjunto de variáveis. Havia dois 
argumentos contra a participação norte-americana. Percebia-se uma contradição entre a obrigação 
de garantir a integridade territorial e independência de todos os membros da Liga e a defesa da 
soberania norte-americana. Alem disso, o Pacto não assegurava aos EUA o mesmo numero de 
votos que o Império Britânico. Aos EUA era atribuído o papel de protetor do hemisfério, mesmo 
havendo contradição entre a lógica da Liga e o reconhecimento de uma esfera de influencia. Essa 
atribuição de protetor do hemisfério ocidental criava uma zona de influencia em que o sistema de 
SC não funcionaria, podendo os EUA envolver-se em atividades militares em desrespeito aos 
princípios do Pacto. 
A construção da credibilidade do sistema foi assim abortada, gerando um ciclo de 
fracassos que impediu a lógica da deterrência de funcionar. De fato, o sistema de SC La LN 
sucumbiu à lógica do BP, justamente o mecanismo que se buscava substituir.

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