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POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO I
2015/2
Prof. Marcus Boeira
marcusboeira@ig.com.br
12/08/2015
Poder
Elementos: 
- ação humana: meios, fins, objeto
- reação: o poder é sempre relacional (só se exerce com e para com os outros; só existe poder em uma comunidade)
- palavra: comunicação (“O homem é um animal político, dotado de ação e palavra.”, Aristóteles, Política, Livro Terceiro)
Unidades Políticas Antigas
- Civilizações arcaicas: China, Egito, Mesopotâmia, Israel
- Literatura: ponte entre a filosofia e a história
- todas as civilizações arcaicas nasceram a partir de mitos e religiões
- formação de narrativas expressas através de símbolos, utilizados para retratar experiências originárias (mesmo que essas experiências nã tenham ocorrido)
- os mitos são importantes porque retratam um tipo de comportamento social que marca uma sociedade (valores, princípios)
- acumulação de interpretações do mito com o decorrer do tempo
de mundo- monopolização do saber e do poder
- os símbolos então são formas de manutenção do poder
O acesso do investigador político às civilizações arcaicas se dá pela literatura, pois ela esclarece a visão de mundo (cosmovisão) compartilhada por aquela sociedade. A cosmovisão de cada uma delas abre espaço na imaginação para as diversas narrativas fictícias e /ou reais acerca das experiências originárias. A linguagem dessas narrativas é sempre simbólica. O acúmulo de símbolos forma a tradição.
- legitimidade: aceitação e reconhecimento
- manutenção do poder através dos símbolos e mistérios
- sacerdotes: classe social destinada aos cuidados dos mistérios; é a primeira classe social de que se tem notícias; “homo-sacer”; preservação dos mistérios garante mais poder aos sacerdotes; a classe sacerdotal faz o nexo entre a história e os mitos
- teologia política
- poder extraordinário conferido aos sacerdotes
- poder e mistério andam em conjunto
O mundo antigo é um mundo onde a teologia política se sobressai como a forma típica de organização social. As instituições políticas antigas eram legítimas porque depositárias do patrimônio simbólico. No mais das vezes eram ocupadas pela classe sacerdotal e por um imperador-rei. Ambos representavam o mundo sobrenatural na sociedade.
19/08/2015
Cont. → O poder nas civilizações arcaicas
- rei/imperador (decisão, deliberação) + classe sacerdotal (ênfase varia conforme a civilização)
- representação: nasce atrelada à função cultural do mito (reis como representantes dos deuses)
- símbolos
- o representante exerce o mando e o poder
- a legitimidade e alcançada de dois modos:
# potestas → uma ordem exercida sob a força/coação - “supremo poder”, “poder máximo”
# autoritas →autoridade; originária da confiança
- máximo de poder: autoritas + potestas
- a sociedade se mantém coesa pela confiança ou pela punição (a força do mito era indiscutível)
- a primeira área do direito que nasce é o direito penal
Os modelos sociais das civilizações arcaicas eram amplamente baseados nos mitos e em suas respectivas representações políticas (monarca e classe sacerdotal). A representação “sobrenatural” dos mitos buscava legitimação sob duas formas políticas: potestas e autoritas.
- hierarquia de prioridades (preferência pela autoritas)
- busca pela paz e a ordem
- “mecânica social” em torno dos mitos
- relação entre a violência e o sagrado (punição x confiança / ordem x desordem)
- coibição a qualquer acidente no processo de coesão social (qualquer coisa que saísse da ordem)
- mito → força absoluta
A relação entre a violência e o sagrado na antiguidade era absoluta, o que significa dizer que o sistema de coesão social não reconhecia diferenças. Aqueles que se colocassem para fora da confiança mitológica eram passíveis de punição. A mitologia e o direito penal são as disciplinas humanas mais antigas historicamente.
- os mitos apresentam pelo menos 3 elementos fundamentais para o ser humano:
# sentido de vida – conceção de vida boa, de (i)mortalidade, de felicidade
# desejo mimético
# instinto hierárquico
- esses elementos tornavam o mito hegemônico
A força dos mitos se intensificava com a satisfação de 3 elementos: sentido de vida (concepção de vida e morte), desejo mimético das narrativas heroicas e divinas dos mitos, e a plena expressão social do instinto hierárquico na comunidade.
“Para onde eu vou? Qual modelo a seguir? Qual minha posição na sociedade?”
Teologia Política
Egito
- mitos dotados de uma força estética
- pirâmides: hirerarquia; ápice representa o poder supremo
- a ideia do poder estava atrelada à consciência desses mitos
- faraó: figura de representação mais forte
- o faraó tinha uma classe sacerdotal
- essa classe não podia competir em poder com o faraó; estava submetida ao poder do faraó
- o faraó era o representante dos deuses; posteriormente era o próprio deus
- classe sacerdotal: administração da organização social e espiritual
- monopólio do poder
- teologia = política: teologia política absoluta
- dinastia: a presença de uma família no poder para além das gerações
- eternização do poder pelas dinastias e sarcófagos
- classe sacerdotal presa ao faraó
No Egito antigo, a teologia política era realizada em sentido absoluto. A partir do momento em que o faraó declarou-se deus, a ideia mesma de poder se atualizou totalmente. A “eternização” do faraó ocorria de dois modos: esteticamente, na figura do sarcófago, e politicamente, através das dinastias. A classe sacerdotal, que desempenhava funções espirituais e sociais, era totalmente submissa ao faraó.
China
- resultado da união entre dois reinos/duas dinastias
- modo de coesão social e entre reinos levou a uma sintonia entre dois tipos de organização: a do norte e a do sul
- norte: tendência a monopolização do poder na figura do imperador
- sul: estrutura mais pluralista de organização do poder, vários reinos
- o início dessa civilização teve uma mitologia comum
- classe sacerdotal
- duas classes políticas de igual peso (império e sacerdócio), relação balanceada de poder
- acúmulo de poder intergeracional (imperador é mais forte quando sucede alguém da família)
- a classe sacerdotal é mais perene e designava o imperador; além da representação espiritual, administrava os conflitos (espécie de tribunal)
- o sacerdote era o sábio, o ancião, filósofo, entendido como capacitado para julgar
O equilíbrio entre império e sacerdócio era sopesado pelo aspecto histórico. A classe sacerdotal, todavia, era mais perene, pois desempenhava duas funções: representação sobrenatural e administração dos conflitos humanos. Na China, observamos uma divisão de funções mais sofisticada do que no Egito.
Israel
- monoteísmo
- separação entre autoridade espiritual e poder político: sumo sacerdote e função secular política
- ambas as funções são perenes e cumulativas
- funções políticas: administração (organização) social, jurisdição, legislativa
Em Israel, já existe uma divisão de competências mais aprimorada, em comparação com as anteriores. A autoridade espiritual é distinta da autoridade política, e esta passa a desempenhar 3 funções específicas: administração, jurisdição e legislação.
26/08/2015
(cont. Israel)
- divisão de funções: judicativa, legislativa, administrativa
- a própria natureza da função já impõe alguma ideia de limite
- função # poder (não confundir com separação dos poderes)
- funções: competências, atividades (exercício)
- poderes: aludem àquilo que dá base para o exercício (instituições)
- instituições dotadas de poder: instituições políticas (instituem comportamentos que têm relevância política – competências e exercícios legitimados/funções)
- o poder institui as funções
- funções são os comportamentos legitimados pelas instituições, pelo poder
- as instituições exercem o poder por meio de funções
- o mesmo poder pode desempenhar diferentes funções
Das civilizações antigas, Israel é aquela onde percebemos de modo mais direto uma divisibilidade das funções políticas,
o que não quer dizer “divisão de poderes”, algo que só terá cabimento na era moderna. Em Israel, o poder monárquico centralizava em si as funções adjucativa, legislativa e administrativa.
Grécia – Unidade Política Grega “Pólis”
- civilização que tem origem nos mitos (Homero, Ilíada e Odisséria)
- reconstrução de formas de interação entre deuses e seres humanos (virtudes, heroísmos, vícios, tensões)
- os mitos influenciaram o imaginário grego
- os mitos eram acessíveis a todos, mas cada cidade interpretava os mitos de forma individual, gerando a ideia de que cada cidade era um mundo
- separação entre o espaço público e o espaço privado (vida pública x vida privada)
A mitologia grega é a base cultural dessa civilização. Entender as narrativas míticas é compreender como os gregos construíram suas noções morais, políticas, de liderança, virtudes e vícios. Entre as cidades gregas, há elementos comuns e elementos particulares. Apesar das particularidades de cada cidade, as pólis contemplavam os mesmos mitos, falavam a mesma língua e possuíam uma estrutura arquitetônica semelhante que separava o espaço público do espaço privado.
Pólis → Comunidade Política
- espaço público: local de representação dos mitos, aproximação dos deuses, templo, política
- espaço individual: sobrevivência
- maior separação entre política e religião
- busca de uma nova justificativa para diferenciação social
- era dos mitos → logos, razão
- esfera privada: onde viviam todos os atores da vida social (mulheres, homens, escravos, estrangeiros, filhos)
- sociedade fortemente estratificada (hierarquia social) sem natureza política: casas, aldeias
- espaço público: lugar de uma minoria privilegiada
- casa (oikos): espaço da sobrevivência da espécie, satisfação das necessidades; inexistência do direito à propriedade, a casa era privada, mas não havia direito à propriedade
- economia (oikos nomos): regras da casa; produzir para substência / meios para sobreviver
Na Pólis, o espaço privado era o lugar da sobrevivênca da espécie. A palavra grega oikos (casa) designa o local da produção necessária à sobrevivência da espécie, e não direito de propriedade, tal como na civilização romana. Os atores sociais do ambiente privado formavam uma sociedade altamente hierarquizada por posições sanguíneas e tradicionais.
- requisitos para a cidadania: ser homem, idade mínima (de acordo com a cidade; a maturidade representava a existência do homem virtuoso, que julgava a si e aos outros da mesma maneira); ser filho de pai e mãe nascidos na Pólis, com raras exceções; ter nascido na Pólis; ter o pleno desenvolvimento das faculdades físicas e mentais, com raras exceções; Paideia (educação cívica de crianças e adolescentes): ter formação para a cidadania (educação do corpo – ginástica/luta militar, educação da alma; desenvolvimento das técnicas necessárias para ampliar a inteligência (“artes liberais”) - gramática, retórica, lógica, música, astronomia, geometria, aritmética; educação moral.
Ser cidadão significa ascender social e não economicamente. Para isso, o pretenso cidadão era obrigado a preencher certos requisitos que atestavam sua habilidade para a vida política, como idade mínima, ser filho de pai e mãe nascidos na Pólis, ter ele próprio nascido na Pólis, além de fundamente ter passado pelo duro teste da educação moral e cívica
02/09/2015
“O homem é um animal político.” (Aristóteles)
- político → designa uma natureza que só se determina no convívio na cidade/comunidade
- o homem é um animal que só vive na cidade
- a cidade é uma imagem ampliada do homem
- a natureza humana é definida pela politicidade
- o animal político é dotado de logos (significados: intelecto racional, palavra, um determinado modo de vida)
- para os gregos, o intelecto racional é a faculdade mais nobre da alma, é a possibilidade de conhecer
- palavra → discurso (não uma palavra qualquer, a palavra com a pretensão de expressar algo)
- o discurso sempre tem uma variação do mais perfeito para o menos perfeito, da opinião para o conhecimento científico (da dora para a episteme)
- retórica: apresenta alguma coisa como verossímil (discurso transitivo que vai de um estado a outro)
- o logos específico da política é a retórica (na política não há certezas, transita entre a opinião e o que parece certo)
- o grau de respeito pelo cidadão era determinado pelo domínio do discurso
- debates abertos, diretos e intensos
- a razão condiciona o discurso
- logos como uma determinada forma de vida (racional); os instintos são submetidos à razão; razão prática
- Aristóteles cria duas lógicas: a formal e a material → material: dialética / a retórica é o princípio da dialética
- a razão prática leva alguém a agir bem, agir de um modo tal que leve a realizar um bem para toda a sociedade, e não apenas para si
- eudamonia: realizar o bem comum, vida boa, felicidade, viver bem na cidade, ética, virtude política, prudência, viver em público e em privado da mesma maneira (base da política ocidental)
Animal político é um tipo de animal dotado de logos, ou seja, com intelecto racional, capacidade para falar (valer-se da retórica para expressar publicamente as próprias posições), e, por fim, um modo de vida racional, tornando possível, pela razão prática, ou seja, pela disposição da razão voltada para o bem agir humano (ações humanas que visam realizar a eudamonia moral e politicamente).
_ igualdade política entre os cidadãos (isonomia), considerando que todos são dotados de logos
- no espaço público, não há a hierarquia presente no espaço privado – conquista após lutas sociais
- a regra da igualdade é válida para o ponto de partida, e não para o de chegada – a representação varia conforme o desempenho do discurso
- evolução/aprimoramento das instituições atenienses
Instituições Atenienses:
- razão prática → ação → bem comum → prudência → virtude → comportamento → caráter moral
- as instituições orientam os comportamentos; representam a força coletiva (expressam a prudência coletivamente); expressão do caráter político, público
- prudência: arquiteta no plano individual o caráter moral; no caráter público, as instituições
- o modo de organizar as instituições é baseado na prudência
- a primeira instituição na história de Atenas é monárquica (basileu)
A prudência, para os gregos, é a mãe das virtudes. Ela pode ser entendida de dois modos: individualmente, quando a prudência aperfeiçoa a inteligência e o caráter moral dos indivíduos, levando-os a viver de acordo com o bem da pólis; e o modo social, que leva os construtores da cidade a organizarem o ambiente público de modo a realizar o bem comum. Chamamos isso de prudência política.
BASILEU:
- espaço de representação do Olimpo entre os humanos (uma imagem do Olimpo na cidade)
- desempenhava uma função sacerdotal e concomitantemente uma função monárquica
- representante de Deus (em Roma, era o Pontífice Maximus)
- com o passar do tempo, as funções foram sendo separadas
ARCONTE:
- um monarca sem representação espiritual
- retirada dos aspectos religiosos/míticos da importância social
ARCONTADO ou Conselho dos Arcontes: 9 arcontes deliberam
- luta para separar mitologia e política
- crescente participação dos eupátridas e classes mais baixas na política / revoltas populares / alteração das instituições
CONSELHO DOS AEROPAGITAS:
- 400 membros (eupátridas e populares)
- a instituição que mais durou na história de Atenas, que teve mais representatividade e maior importância
- as funções políticas passam a se especificadas de modo organizado, a partir dos aeropagitas
- nascimento de uma instituição paralela ao Conselho (nomotemia ou nomocracia)
NOMOCRACIA:
- a instituição responsável por fazer as leis (anteriormente, o costume era chamado de lei)
- tornou as leis costumeiras escritas
- no início, era unipessoal
- Dracon foi o primeiro legislador
- o segundo foi Sólon, que transformou o Conselho dos Aeropagitas em Eclésia
ECLESIA (assembleia):
- duas funções
(dois ambientes e duas instituições menores internas)
- conjunto de todos os cidadãos
- 1 função: Bulé → organizava a participação nas decisões políticas e montava a agenda política (função administrativa)
- 2 função: Eliastas → julgavam conflitos e fiscalizavam a lei
OFICIAIS/GENERAIS: defesa da cidade / organização militar
- Clístenes: terceiro nomocrata; amplia o número de membros da assembleia para todos os que preenchessem os requisitos de cidadania, independentemente de classe social
- Politeia: “um excelente regime político, virtuoso” (a palavra democracia era mal vista)
A evolução das instituições atenienses se determinou pela crescente participação dos eupátridas (classe produtiva) e dos populares nas instituições decisórias. O último legislador de Atenas, considerado um modelo de virtudes (Clístenes), levou Atenas a se tornar uma Politéia, ou seja, o melhor regime político possível. Com base nessa história de Atenas, e na observação dos modelos políticos de outras cidades, Aristóteles classificou 6 tipos de regimes políticos, 3 bons e 3 maus.
Classificação dos Regimes Políticos Gregos (Aristóteles)
- bons regimes x maus regimes → boas instituições x más instituições
- bons: mais resistentes à corrupção, virtuosos
- maus: corrupção, degeneração
- bom regime de 1: monarquia
- mau regime de 1: tirania
- bom regime de alguns: aristocracia (governo dos virtuosos)
- mau regime de alguns: oligarquia (poder utilizado para interesses pessoais)
- bom regime de muitos: politeia
- mau regime de muitos: democracia (o povo era visto como uma multidão irracional)
Obs. terminologias: 
- quia: poder
- cracia: governo
Unidade Política Romana: Civitas
- 1 fase: fundação de Roma
- 2 fase: República
- 3 fase: império
- Mito de Rômulo e Remo → Rômulo foi um militar que se estabeleceu no Lácio com um exército de 120 homens; culto sagrado de enterrar os restos mortais no Monte Palatino (sacralização da terra, aumento das expectativas sobre a terra, competição, apropriação da terra, disputas e conflitos); a sacralização da terra é o princípio mitológico que dá origem ao direito de propriedade; todas as instituições que se desenvolveram tem alguma genealogia em sua fundação.
“Roma é uma experiência histórica de fundação.” (Hannah Arendt, Sobre a Revolução)
O mito da cidade eterna começa na eternização da terra, ou seja, na sua sacralização e consequente apropriação econômica e jurídica. As instituições sociais e políticas que nascem nas 3 fases são interdependentes e decorrentes da fundação.
- migração de etruscos, latinios, sabinos
- primeiros habitantes se autodenominaram patres (pais fundadores)
- Patrícios: descendentes dos patres, primeira classe econômica, precisou de um instrumento de apaziguamento social (direito civil)
- os que chegaram depois não tinham mais acesso às melhores terras → plebes (povos): herdeiros dos povos estrangeiros ou falidos
- em Roma, a hierarquia era decorrente de posições econômicas, diferentemente da Grécia, onde a hierarquia era por posições sociais/castas
- em Roma, era possível comprar títulos para obtenção de direitos políticos
Em Roma, a divisão de classes é também uma divisão econômica, de maneira que Patrícios e Plebeus eram distintos não apenas pelo título de cidadania, como também pelo valor produtivo da terra apropriada.
MONARQUIA:
- Diarquia: dois cônsules
- Pontífice Maximus: sacerdote que representa os ancestrais de Rômulo (urbe é o nome do local de culto); ponte entre os ancestrais, resolução dos conflitos entre os cônsules; árbitro, voto final
- é marcada em Roma a volta aos ancentrais, ao passado
- revoltas da plebe → Plebiscito: institui a participação dos plebeus na República
- conflitos entre senado e plebliscito
A evolução política romana alcançou, na República, níveis consideráveis de desenvolvimento. O sumo Pontífice, a Diarquia, o Senado e o Plebiscito já mostram uma especializaão política notável para a antiguidade, mas ainda insuficiente.
A quem cabia o cuidado com a coisa privada?
- espaço privado: direito de propriedade, (o justo título conferia ao proprietário uma série de direitos – vida política, vida social); ter propriedade é ser titular de direitos políticos
- FORUM: instituição criada para resguardar os direitos decorrentes do direito de propriedade (fôro romano)
- PRETORES: decidiam casos/conflitos (o acúmulo de suas decisões geravam os precedentes); a decisão dos pretores se baseavam em várias fontes (precedentes, costumes, etc); os pretores eram considerados prudentes (iurisprudência: o melhor resultado que alguém pode chegar com tudo o que veio antes)
- fôro romano → direito privado
- outras instituições → direito público
- a separação entre direito público e privado nasceu em roma
- nascimento de outras instituições/divisão de funções: arrecadação de tributos, celebração de casamentos, etc
O fôro romano representou um fortalecimento extraordinário do direito civil, pois institucionalizou o processo e a decisão jurídica, a partir dos quais nasce a iurisprudência (ciência do direito).
- de 80 a.c. a 27.a.c. → expansão de roma: campanhas militares, expansão do território
PRINCIPATUS POLITICUS: príncipe → imperador
IMPÉRIO (27 a.c.):
- nascimento da figura do Imperador
- expansionismo
- domínio apenas militar (domínio do território com a preservação das sociedades, suas instituições. Cultura), dominação pacífica
- possibilidade dos povos dominados tornarem-se cidadãos romanos, por compra de títulos, incorporação ao exército ou por troca de favores
- o cidadão pode transitar por todo o Império, mas o não-cidadão pode circular apenas em sua cidade
- o cidadão poderia optar por ser julgado em Roma; os pretores raramente condenavam cidadãos do Império
- Ius Gentium: direitos dos povos/das gentes; direitos de todos os cidadãos do Império (todas as cidades), forma primitiva do Direito Internacional
- coexistência entre as instituições da cidade e do império
- jurisdição romana apenas para cidadãos
O Direito das Gentes institucionalizou a expansão do Império Romano, como também dividiu a jurisdição local das cidades e províncias conquistadas. O principado político foi o tipo de unidade política predominante na fase imperial.
16/09/2015
DECLÍNIO DO IMPÉRIO ROMANO:
- faz nascer dois tipos de organização política: bizantina e, mais no Ocidente, os reinos medievais
- modelo econômico: regime de escravidão, perpetuação da divisão de classes
- Edito de Constantino: fim à escravidão; os antigos escravos passam a ser trabalhadores assalariados
- “invasões bárbaras”: conflitos e invasões; perda do poder militar
- Constantinopla (Império Bizantino) passa a ser a capital do Império; o Império do Ocidente desaparece; as instituições de poder político são mantidas, mas ocorre a sistematização do Direito Romano
- Justiniano reestabeleceu e compilou todas as fontes do Direito Romano
- o declínio ocorreu por duas razões: fim da escravidão e invasões
O declínio do Império Ronao foi provocado por diversos fatores, dentre os quais o econômico e o político. O econômico se determinou pelo fim da escravidão e o nascimento de uma nova classe produtiva de trabalhadores assalariados. O político, por sua vez, resultou na transferência do Império para a região de Bizâncio, onde durou mais mil anos. No Ocidente, as invasões externas levaram à destruição do poder militar e político, gerando a anarquia (sem poder central).
Reino Medieval
1- Contexto Territorial: Europa Ocidental
2- Modelo Social Predominante
3- Instituições Políticas e Jurídicas
- lutas por território, conflitos
- necessidade de criação de instrumentos de defesa
- avizinhamento entre propriedades, mobilidade, formação de glebas
- propriedade privada adquire importância
- individualismo
- busca por segurança
- formação de propriedades cada vez maiores
- Rex (rei): administração da paz; deveria ter habilidade militar (fase dos reis guerreiros), coragem (garantir segurança contra invasões externas e a paz interna)
- reino: comunidades
- feudo: propriedade, local de sobrevivência
O caos do continente europeu produziu um crescente avizinhamento e integração entre proprietários de terras. O fortalecimento da comunidade e sua sobrevivência ficaram a cargo de um sujeito dotado de habilidades militares: eis o rei. A ele, competiam duas tarefas primárias: a segurança externa e a paz interna do reino.
O crescente aperfeiçoamento da atividade real gerou tanto o fortalecimento da instituição real quanto laços sociais mais fortes e efetivos.
- nascimento de novas funções políticas e modelos sociais
- trabalhadores assalariados se tornam servos (ex-escravos)
- nascimento das classes de senhores e servos
- aperfeiçoamento das modalidades de pactos entre essas classes
- maior produção econômica e complexidade social
- rara mobilidade entre classes sociais
- situação econômica determina a posição social
- importância dos pactos → costume
A sociedade medieval é divida em castas. Entre as suas posições, o modelo de interação se determinava através dos pactos. O pacto gera o costume, que se torna fonte do direito na comunidade medieval. A sociedade pactista é a origem remota do direito consuetudinário (costumeiro).
Quem garante os pactos?
- REI → julgamento, garantia da segurança
- autoridade de última instância
-a figura do rei se torna cada vez mais indispensável para essa sociedades- grande confiança no rei; representatividade; fator de unidade; autoridade
- Iurisdicto: direito dito, expressado, decidido, falado (julga os conflitos em um última instância)
- Gubernaculum: governação; especialização dos modos de garantia à segurança e à paz
- o rei representa “a lei e a espada”
- com o aumento dos conflitos (séculos mais tarde), são criados os tribunais reais (côrtes de magistratura), subordinados ao rei
FUNÇÕES DO GOBERNACULUM:
- organização militar (no campo de batalha, o rei vai frente), chefia a comunidade na guerra
- administração da paz interna (organização da tributação/fisco; administração das receitas e despesas do rei)
- manutenção da concórdia social (representante da unidade do reino)
- O REI TEM “AUTORITAS”, OS SENHORES FEUDAIS TEM “POTESTAS”
- assembleia dos senhores feudais → parlatoruim (parlamento)
“Qual papel a Igreja católica desempenha nos reinos convertidos ao cristianismo? Como renasce a noção de Império no Ocidente?” 
23/09/2015
Reino Medieval (cont.)
- INGLATERRA: Rei João Sem Terra, limitado pelo Parlamento e insatisfeito, resolveu aumentar a carga tributária → foi obrigado a assumir um pacto que afirmava o Parlamento como competente para instituir tributos (“Não há tributo sem representação.”)
1215- MAGNA CARTA
- representação política (princípio)
- “ninguém será exbulhado de sua propriedade e de seus bens sem o devido processo legal
- força o rei a respeitar limites sobre a propriedade dos senhores feudais (direito absoluto, a sociedade medieval é inteiramente baseada no direito de propriedade)
- importância histórica, limitações ao rei, common law
O pacto medieval mais conhecido na história da Inglaterra é a Magna Carta de 1215, ou seja, um pacto costumeiro celebrado entre o parlamento dos senhores feudais e o o rei João Sem Terra. Dentre os princípios ali defendidos estão:
- “limitação jurídica” do rei pela adesão ao pacto;
- direito de propriedade que impede o rei de exbulhar (expropriar) a terra privada sem um devido processo legal;
- representação política como função do parlamento; → representação política nasce aqui
- “não há tributo sem representação”. → quem institui é o parlamento
- muitos princípios jurídicos nasceram aqui
Impérios
- mudanças econômicas: transferência dos meios de produção, aumento da produção, especialização da produção
- servo: adquire/aumenta valor econômico; se torna um ente econômico fundamental para a sociedade → formação da burguesia → produção comercial → reivindicação de posições políticas
- senhores de terras vinculados a dinastias: nobreza
- senhores de terras de domínio eclesiástico: Igreja, Clero
- participação maior de todas essas classes no poder
- posições definidas por questão econômica
- Rei: participa das deliberações no Parlamento
- nascimento das relações de reciprocidade entre Executivo e Legislativo
- soberania do Parlamento
As mudanças econômicas operadas durante a idade média significaram uma transformação considerável na estrutura do parlamento. A burguesia, uma classe economicamente pujante, passou a reivindicar maior posição política dentro do parlamento; assim o parlamento deixou de ser a assembleia dos senhores feudais para tornar-se a casa de representação de toda a sociedade.
A nova configuração do parlamento suscita um problema teórico e um problema prático. Problema teórico: quais teorias políticas explicam essa nova configuração? Problema prático: o que representou a posição do rei no topo?
FILOSOFIA POLÍTICA MEDIEVAL:
- Literatura “Bárbara”: o Parlamento é o órgão de consentimento social sobre sua autoridade (pacto de associação entre a sociedade e o poder político) - ideia arcaica de democracia (a raiz do que será futuramente a democracia moderna).
- Filosofia católica: Deus é a fonte de poder que o transfere a uma autoridade.
Em razão da diversidade dos reinos europeus, alguns foram convertidos ao cristianismo e outros não. Disso nascem duas teorias políticas: uma cristã e a outra não cristã. A segunda entende que a ideia de reino nasce de um pacto entre a sociedade e o poder político, simbolizado no parlamento (na Península Ibérica, o parlamento é chamado de Côrte).
A filosofia política eclesiástica ou católica concorda com essa ideia de pacto, mas diz que a origem do poder social está em Deus.
(…)
- os reinos nacionais monopolizam o poder em reação ao Império
- se desenvolve uma diferença com relação aos reinos medievais: os reis se tornam soberanos; nasce a ideia de soberania
- soberania: a palavra foi empregada por Jean Bodin em “Os 6 Livros da República”, onde elabora a chamada Teoria Política da Soberania; adjetivo do poder; qualidade atribuída ao poder que o distingue; qualidade de ser a última palavra em última instância
A expansão do Sacro Império Romano Germânico foi sopesada pela crescente monopolização do poder nos reinos nacionais. Esse fenômeno provocou duas consequências. Primeira: maior poder dos reinos em comparação com o Império. Segunda: a aquisição do poder soberano pelos reis nacionais em detrimento do parlamento.
- na soberania, o poder começa e termina no rei (é o fundamento e a finalidade do poder político)
- o rei é inquestionável
- foi o escudo contra a expansão do Império
- Estado Moderno → a soberania se transfere da pessoa do rei para uma instituição → necessidade de uma burocracia
O aspecto personalista só reino Nacional, que conferia a soberania à pessoa do monarca, levava ao problema da sucessão do trono. Para evitar isso e perpetuar a soberanis política, foram necessárias duas saídas:
- a despersonalização do poder, transferindo-se o centro político para o cargo; 
- a institucionalização do poder, de maneira que a centralidade alocava-se na instituição política formada por uma burocracia impessoal.
- passagem de Reino para Estado → impessoalidade; nasce o Estado burocrático moderno
O conjunto das relações humanas que se determinaram por fatores pessoais passa agora a ser definido por aspectos impessoais. Os fatores pessoais não desapareceram, mas diminuíram de intensidade, já que a burocracia entrou em cena como elo catalisador das relações políticas e sociais. O estado burocrático e centralizado nasce e se desenvolve como a principal forma de organização do poder na era moderna.

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