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SE G U N D A E D IÇ Ã O Manual de Instrução Programada PRINCÍPIOS DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA Maria Helena L. Souza Decio Oliveira Elias Centro de Estudos Alfa Rio 3 Manual de Instrução Programada Princípios de Hematologia e Hemoterapia Maria Helena L. Souza Perfusionista - Consultora em Tecnologia Extracorpórea Decio Oliveira Elias Especialista em Cirurgia Cardiovascular Pediátrica 2005 Alfa Rio Centro de Estudos Alfa Rio Perfusion Line 4 MANUAL DE INSTRUÇÃO PROGRAMADA INTERATIVA Souza, M.H.L. Elias, D.O. Princípios de Hematologia e Hemoterapia Centro de Estudos Alfa Rio Perfusion Line - Rio de Janeiro - RJ 2005 Editoração, Ilustração e Composição Perfusion Line - Alfa Rio - RJ Publicado por Centro de Estudos Alfa Rio Perfusion Line Direitos reservados. Proibido copiar ou modificar qual- quer parte desta publicação, sob qualquer formato ou por qualquer meio, inclusive eletrônico, sem a autori- zação prévia, expressa e escrita dos editores. Centro de Estudos Alfa Rio. Centro de Educação Continuada Perfusion Line - Rio de Janeiro Fone/Fax: (21) 3325-1919 Fone: (21) 3385-7493 E-mail: mhsouza@perfline.com delias@perfline.com Homepage: http://perfline.com/cear/ 5 PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO Uma ampla variedade de disciplinas, dentre as quais ressaltam por sua importância, a Hematologia e a Hemoterapia, muito natural e corretamente, constituem o domínio de especialistas. Os iniciados, contudo, encontram dificuldades relacionadas ao aprendizado dos principais conceitos ligados ao sangue, desde as suas características físico-químicas e biológicas até as implicações da sua transferência entre indivíduos. A principal razão dessas dificuldades reside na raridade de textos simples, de introdução, disponíveis aos estudantes. É frequente que, nos cursos de graduação e de atualização, uma importante parcela do precioso tempo disponível seja consumida na busca de textos básicos que sir- vam de guia ao ensino metodizado. Ao longo de muitos anos, numerosos cursos, apresentações e palestras, relacionadas à circulação extracorpórea e às principais características e uso terapêutico do sangue, seus componentes e derivados, coletamos um conjunto de informações capazes de cons- tituir um acervo mínimo, para os que se iniciam naquelas áreas. Nosso trabalho não tem o objetivo de substituir os textos clássicos, de consulta obriga- tória e destinados à formação de especialistas. Constitui, ao contrário, um repositório mínimo, capaz de atender às principais necessidades de informação dos perfusionistas, biólogos, enfermeiros, biomédicos, fisioterapeutas e outros profissionais e estudantes da área de saúde. O formato de apresentação, como instrução programada, foi escolhido porque permite o estudo individualizado e auto-ritmado. A adesão integral às instruções gerais que a- companham os manuais de instrução programada é a única recomendação essencial, pa- ra extrair-se os melhores resultados do método. A Profa Margarethe M. Santiago Rego, nossa colaboradora na primeira edição, face aos numerosos compromissos assumidos, não encontrou o tempo necessário para participar conosco da presente edição. Lastimamos sua ausência. Os numerosos progressos científi- cos da última década, contudo, nos compeliram a produzir um novo e atualizado texto. Esperamos que o presente módulo de instrução programada seja útil aos profissionais e estudantes interessados nos Princípios de Hematologia e Hemoterapia. Maria Helena L. Souza Decio Oliveira Elias 6 INSTRUÇÃO PROGRAMADA INTERATIVA INSTRUÇÕES GERAIS A instrução programada é uma modalidade de estudo auto-regulado, que possibilita ao leitor a iniciação à uma determinada área do conhecimento ou a sua revisão. O manual de instrução programada contempla o ensino interativo, moderno, extrema- mente versátil e potente, em que cada leitor determina os seus próprios rítmo e veloci- dade de absorção das informações. Leia os objetivos que antecedem a exposição de cada uma das partes que constituem o módulo. A seguir leia com atenção o texto organizado, seguindo rigorosa e criteriosa- mente a sua sequência, ainda que o seu conteúdo seja familiar. Após a leitura do texto, responda às perguntas formuladas, ao final de cada parte. Compare as suas respostas com as da página de respostas. Recomendamos prosseguir pa- ra a parte seguinte, apenas quando todas as suas respostas estiverem corretas. Se isso não ocorrer, estude novamente o texto e responda às perguntas do teste. Até conseguir cem por cento de acertos. A experiência acumulada com a instrução programada interativa, demonstra que não há regras gerais aplicáveis a todos os indivíduos. A performance de cada indivíduo pode ser influenciada por uma variedade de fatores, intrínsecos ou fortuitos, que determinam a maior ou menor velocidade de absorção do conhecimento. Entretanto, a leitura atenta do texto e o domínio integral do conhecimento de cada parte, antes de progredir à parte seguinte, são os fatores que, habitualmente, se acompanham dos resultados mais produ- tivos. Os Autores. 7 ÍNDICE GERAL Descrição do livro 3 Página administrativa 4 Prefácio da Segunda Edição 5 Instruções Gerais para uso da Instrução Programada 6 PARTE 1 CIRCULAÇÃO E FUNÇÕES DO SANGUE 15 Conceitos gerais 15 Circulação periférica 15 A microcirculação 16 Fluxo do sangue 17 Trocas transcapilares 17 O sistema linfático 18 Funções do sangue 19 Composição do sangue 19 Teste de Avaliação 19 PARTE 2 COMPOSIÇÃO DO SANGUE 21 Conceitos gerais 21 Hemácias 21 Leucócitos 21 Plaquetas 22 Hemograma normal 22 Plasma sanguíneo 22 A água do organismo 23 Teste de Avaliação 24 PARTE 3 CÉLULAS-TRONCO – SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL 26 Conceitos gerais 26 Conceito de células-tronco 26 Propriedades das células-tronco 27 Classificação das células-tronco 27 As células-tronco na prática terapêutica 27 Clonagem 28 Clonagem terapêutica 28 Células-tronco do cordão umbilical 29 Células-tronco embrionárias 29 Teste de Avaliação 30 8 PARTE 4 HEMÁCIAS 32 Conceitos gerais 32 Formação das hemácias 32 Hemácias 33 Hematócrito 33 Hemólise 34 Teste de Avaliação 35 PARTE 5 HEMOGLOBINA 37 Conceitos gerais 37 Hemoglobina 37 Globina 38 Ferro 39 2,3-DPG (Difosfoglicerato) 39 Alterações da hemoglobina 39 Hemoglobinas anormais 40 Hemoglobinas livres 41 Teste de Avaliação 41 PARTE 6 LEUCÓCITOS 44 Conceitos gerais 44 Tipos de leucócitos 44 Origem e formação dos leucócitos 45 Funções dos leucócitos 45 Neutrófilos 46 Basófilos 47 Eosinófilos 47 Linfócitos 47 Monócitos 48 Agranulocitose 48 Leucemias 48 Teste de Avaliação 48 PARTE 7 PLAQUETAS 51 Conceitos gerais 51 Formação das plaquetas 51 Estrutura das plaquetas 52 Funções das plaquetas 52 Principais alterações das plaquetas 54 Teste de Avaliação 54 9 PARTE 8 PLASMA SANGUÍNEO 57 Conceitos gerais 57 Proteinas plasmáticas 57 Outras substâncias dissolvidas no plasma 59 Colesterol 59 Teste de Avaliação 61 PARTE 9 SISTEMA IMUNOLÓGICO 64 Conceitos gerais 64 Imunidade inata 64 Imunidade adquirida 64 Antígenos 64 Anticorpos 65 As imunoglobulinas 65 O sistema do complemento 66 Vacinação e imunidade 66 Imunidade passiva 67 Rejeição de tecidos transplantados 67 Teste de Avaliação 67 PARTE 10 HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO 70 Conceitosgerais 70 Resposta vascular 70 Atividade plaquetária 70 Formação do coágulo 71 Sistema de coagulação 71 Doenças hemorrágicas 73 Hemofilia 73 Trombocitopenia 74 Avaliação da coagulação do sangue 74 Teste de Avaliação 74 PARTE 11 GEL DE PLAQUETAS 77 Conceitos gerais 77 Preparação do gel de plaquetas 77 Mecanismo de ação do gel plaquetário 77 Principais aplicações do gel de plaquetas 78 Teste de Avaliação 78 PARTE 12 ANTICOAGULANTES 80 10 Conceitos gerais 80 Tipos de anticoagulantes 80 Heparina 81 Antídoto da heparina 82 Heparinas de baixo peso molecular 82 Derivados cumarínicos 82 Antiagregantes plaquetários 83 Teste de Avaliação 83 PARTE 13 GRUPOS SANGUÍNEOS 86 Conceitos gerais 86 Grupos sanguíneos 86 Anticorpos (Aglutininas) 87 Sistema ou fator Rh 88 Antígenos do sistema Rh 88 Outros sistemas de antígenos (Aglutinógenos) 88 Determinação do tipo sanguíneo (Tipagem) 89 Prova cruzada 89 Teste de Avaliação 89 PARTE 14 HEREDITARIEDADE DOS GRUPOS SANGUÍNEOS 92 Conceitos gerais 92 Cromossomas, DNA e genes 92 Herança dos grupos sanguíneos 93 Anticorpos 94 Transmissão dos grupos ABO 94 Teste de Avaliação 96 PARTE 15 TRANSPLANTES COM E SEM COMPATIBILIDADE ABO 98 Conceitos gerais 98 Transfusão (transplante) de sangue 98 Transplante de córnea 98 Transplantes de órgãos 99 Transplantes sem compatibilidade ABO 99 Teste de Avaliação 100 PARTE 16 HEMORRAGIAS 102 Conceitos gerais 102 Hemorragias 102 Perda sanguínea aguda 102 Perda sanguínea crônica 103 11 Expansores plasmáticos 104 Teste de Avaliação 105 PARTE 17 HEMOTERAPIA 107 Conceitos gerais 107 Atividades desenvolvidas na hemoterapia 107 Captação e seleção de doadores 107 Controle imunohematológico 111 Procedimentos especiais em hemoterapia 112 Teste de Avaliação 112 PARTE 18 TERAPÊUTICA TRANSFUSIONAL 114 Conceitos gerais 114 Sangue, componentes e derivados 114 Exames imunohematológicos pré-transfusionais 116 Transfusão de sangue, componentes e derivados 116 Rotina de cuidados pré-transfusão 117 Rotina de cuidados durante a transfusão 117 Proteção da equipe de saúde 117 Teste de Avaliação 118 PARTE 19 REAÇÕES ÀS TRANSFUSÕES 120 Conceitos gerais 120 Reações transfusionais imediatas 120 Reações hemolíticas agudas 120 Reações alérgicas 121 Reações febrís 121 Hemólise não imune 121 Reações transfusionais tardias 122 Reação hemolítica tardia 122 Aloimunização 122 Hemossiderose 122 Doença do enxerto versus hospedeiro 122 Púrpura pós-transfusional 122 Outras complicações 123 Sobrecarga circulatória 123 Injúria pulmonar pós-transfusão 123 Contaminação bacteriana 123 Edema pulmonar não cardiogênico 123 Teste de Avaliação 123 PARTE 20 12 TRANSMISSÃO DE DOENÇAS NAS TRANSFUSÕES 25 Conceitos gerais 125 Sífilis 125 Hepatites 125 Hepatite A 125 Hepatite B 126 Hepatite C 126 Hepatite D 127 Hepatite E 127 Hepatite G 127 Malária 127 Doença de Chagas 128 Citomegalia 128 Retroviroses 128 Síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) 129 Doença de Creutzfeldt-Jacob 130 Teste de Avaliação 131 PARTE 21 MEDICINA E CIRURGIA SEM USO DE SANGUE 133 Conceitos gerais 133 Relação entre os riscos e os benefícios 133 Porque evitar as transfusões 133 Tratamentos sem o uso de sangue homólogo 134 Valores mínimos de hematócrito (hemoglobina) 134 Estratégias para evitar as transfusões 135 Teste de Avaliação 137 PARTE 22 AUTOTRANSFUSÃO 139 Conceitos gerais 139 Principais modalidades de autotransfusão 139 Características do doador 140 Autodoação pré-operatória 140 Teste de Avaliação 141 PARTE 23 TROMBOCITOPENIA INDUZIDA PELA HEPARINA 143 Conceitos gerais 143 Importância da trombocitopenia por uso de heparina 143 Tipos de trombocitopenia induzida pela heparina 143 Conceito de TIH 143 Quadro clínico 144 Teste de Avaliação 145 13 PARTE 24 RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA DO ORGANISMO 148 Conceitos gerais 148 O agente agressor 148 Principais características da RISO 148 A resposta inflamatória sistêmica do organismo 148 Ativação do endotélio vascular 149 Ativação dos leucócitos 150 Ativação das plaquetas 150 Ativação dos sistemas proteicos específicos 151 Ativação do sistema da calicreina ou das cininas 151 Ativação do sistema de coagulação 151 Ativação do sistema fibrinolítico 151 Ativação do sistema do complemento 151 Manifestações clínicas 152 Prevenção e tratamento 152 Teste de Avaliação 152 PARTE 25 PRINCIPAIS DOENÇAS HEMATOLÓGICAS 155 Conceitos gerais 155 Limites mínimos de hemoglobina 155 As transfusões de reposição 155 Espectro das doenças hematológicas 155 Teste de Avaliação 156 PARTE 26 ANEMIAS E POLICITEMIAS 158 Conceitos gerais 158 Classificação das anemias 158 Anemia ferropriva 159 Anemia aplástica ou aplásica 159 Anemias megaloblásticas 160 Anemias mielotísicas 160 Anemias nas doenças renais crônicas 161 Anemias hemolíticas 161 Anemia falciforme 161 Esferocitose hereditária 162 Talassemia 162 Eritropoietina 162 Policitemias 163 Teste de Avaliação 164 PARTE 27 LEUCEMIAS, LINFOMAS E MIELOMA 166 Conceitos gerais 166 14 Leucemias 166 Linfomas 167 Mieloma múltiplo 168 Teste de Avaliação 168 PARTE 28 DISTÚRBIOS PLAQUETÁRIOS E HEMORRÁGICOS 171 Conceitos gerais 171 Trombocitopenias 171 Púrpura trombocitopênica idiopática 172 Púrpura alérgica ou púrpura de Henoch-Schönlein 172 Outras trombocitopenias 173 Trombocitoses 173 Coagulopatias 173 Hemofilias 173 Doença de von Willebrand 174 Outras coagulopatias 175 Coagulação intravascular disseminada 175 Teste de Avaliação 175 PARTE 29 A ENFERMAGEM NO PROCESSO TERAPÊUTICO 177 Conceitos gerais 177 Abrangência da atividade 177 Participação da enfermagem no processo terapêutico 177 Noções de biossegurança 178 Teste de Avaliação 179 PARTE 30 ASPECTOS LEGAIS DAS TRANSFUSÕES 181 Conceitos gerais 181 Teste de Avaliação 183 PARTE 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 185 Referências bibliográficas 185 Referências bibliográficas 193 RESPOSTAS DOS TESTES 194-5 Princípios de Hematologia e Hemoterapia 15 PARTE 1 CIRCULAÇÃO E FUNÇÕES DO SANGUE OBJETIVOS: Descrever o sistema de transporte do sangue até as células. Analisar a sua importância na manu- tenção da integridade celular e na atividade metabólica dos tecidos. Relacionar as principais funções do sangue. CONCEITOS GERAIS Os organismos unicelulares estão em contato direto com o ambiente externo, separados pela membrana celu- lar. Os elementos necessários à sua nutrição são obtidos do meio externo e os dejetos do metabolismo celular são eliminados para o exterior. Nos organismos multicelulares complexos, como o organismo humano, formam-se grupos específicos de células que constituem os tecidos. Estes se agrupam em órgãos com funções definidas e integradas às necessidades do organismo. A nutrição celular e a eliminação dos restos do metabolismo, requerem um sofisticado sistema de transporte, capaz de alcançar cada uma das células que compõem o organismo. O sistema de transporte é o sis- tema - ou aparelho - circulatório. O sangue é o meio líquido que flui pelo sistema circulatório, transportando oxigênio e outros nutrientes, hor- mônios, eletrólitos, água e resíduos do metabolismo celular. A função primária do sistema circulatório é prover uma ligação entre os diversos órgãos e células do organismo; o sangue mantém o equilíbrio do meio ambiente celular, ao circular através dos tecidos. O sangue pode ser comparado à um sistema de transporte em que as ar- térias, capilares eveias seriam as rodovias percorridas. Podemos definir, em linhas gerais, a hematologia como o estudo do sangue e dos tecidos formadores das célu- las sanguíneas; abrange o estudo dos elementos celulares sanguíneos: hemácias, leucócitos e plaquetas, suspen- sos no seu meio líquido, o plasma sanguíneo; estuda ainda as funções do sangue no organismo e as doenças pri- márias do sangue e dos tecidos hemopoiéticos. A hemoterapia estuda o emprego do sangue e dos seus principais componentes, isolados mediante diversos processos de separação, como recursos necessários à reposição de e- ventuais perdas e ao tratamento de diversas condições patológicas. O deslocamento do sangue através dos tecidos depende da ação da bomba cardíaca e da sua condução pelas artérias, veias e capilares. O sangue circula no organismo humano, transportando oxigênio dos pulmões para os tecidos, onde é liberado para as células através das membranas dos capilares. Ao retornar dos tecidos, o sangue conduz o dióxido de carbono e os demais resíduos do metabolismo celular, para eliminação através da respira- ção, do suor, da urina ou das fezes. CIRCULAÇÃO PERIFÉRICA O sangue exerce as suas funções contido no sistema circulatório, que consiste de um grande sistema fechado, constituido por vasos que conduzem o sangue aos tecidos e destes de volta aos átrios, para novo ciclo através do organismo. A circulação se divide em dois segmentos, cuja continuidade é assegurada pelo coração: a circulação sistêmica e circulação pulmonar. A circulação sistêmica, também denominada grande circulação, transporta o sangue a to- dos os tecidos do corpo. Além disso, também assegura a nutrição dos vasos que constituem a pequena circulação, ou circulação pulmonar. Ela é chamada de grande circulação ou circulação periférica. A pequena circulação – cir- culação pulmonar – assegura o transporte do sangue até os capilares pulmonares para a realização das trocas ga- sosas respiratórias com o ar contido nos alvéolos pulmonares. As vênulas e veias da circulação pulmonar trans- portam o sangue oxigenado até o átrio esquerdo, para desaguar no ventrículo esquerdo e, finalmente, ser bom- beado para todos os órgãos. As artérias transportam o sangue bombeado pelo coração para os tecidos sob alta pressão, a pressão arterial. Por essa razão, as suas paredes são resistentes e o sangue flui rapidamente, pelo seu interior. Á medida que as artérias se afastam do coração, elas se ramificam continuamente, até formarem as arteríolas que são os últimos ramos de pequenas dimensões do sistema arterial. As arteríolas atuam como válvulas controladoras da liberação do sangue para os capilares. As paredes das artériolas são musculares, fortes e podem fechar a arteríola ou promover a sua dilatação e, desse modo, alterar o fluxo sanguíneo para os capilares com o objetivo de suprir as necessidades de cada tecido. As arteríolas se conectam à rede de capilares, que tem contato com todas as células do organismo. Cada célula tem contato com pelo menos um vaso capilar que serve à sua nutrição e à coleção dos resíduos do seu metabo- Manual de Instrução Programada lismo. As vênulas coletam o sangue dos capilares, formando assim veias maiores, que acompanham regularmente o trajeto das artérias, em sentido inverso. Nas porções periféricas da circulação, é frequente a existência de duas veias para cada artéria. As veias levam o sangue dos tecidos de volta ao coração e também atuam como reservatório de sangue. As pa- redes venosas são delgadas porque as pressões existentes no interior do sistema venoso são muito baixas. As pa- redes das veias também são musculares, o que permite a sua contração ou a sua dilatação, conforme as necessi- dades. Esse mecanismo faz com que o sistema venoso constitua um reservatório de sangue, cuja capacidade po- de ser controlada pelas necessidades do organismo. O revestimento interno do coração é o endocárdio, que se continua com o endotélio, que reveste o sistema cir- culatório. O endotélio e o endocárdio são as únicas estruturas que tem contato com o sangue. Por sua natureza e propriedades especiais o endotélio ajuda a manter o sangue na forma líquida, sem formar coágulos. O endotélio desempenha um papel primordial nos mecanismos que controlam a coagulação do sangue e a dissolução dos coá- gulos formados no interior dos vasos (fibrinólise). Várias substâncias secretadas pelo endotélio participam desse equilíbrio cuja finalidade é manter a fluidez do sangue, sem permitir hemorragias ou a formação de coágulos. Es- se equilíbrio é essencial à manutenção da vida, pela preservação do transporte de nutrientes às células e pela preservação dos mecanismos de eliminação dos detritos do metabolismo celular. cúspides a intervalos regulares, que funcionam como válvulas unidire- c sangue para o átrio. A MICROCIRCULAÇÃO ma circulatório que inclui os capilares e as porções terminais das arte- r nais bem definidas, cuja organização visa facilitar a função nutritiva e excretora do sangue. A estrutura da microcirculação está represen- tada na figura 1. No diagrama da figura, 1 representa a artéria, 2 representa a veia, 3 é a arteríola, 4 representa o esfincter pré- capilar, 5 representa a metarteríola, 6 representa um conjunto de capilares, 7 representa o esfincter pós-capilar, 8 representa a vê- nula e 9 representa a anastomose artério-venosa. A arteríola terminal se continua na metarteríola, que tem a ca- mada muscular descontínua, ao contrário da arteríola terminal. A ç c d c t v r l d d t c p s p Nas veias, o endotélio forma pregas ou ionais e auxiliam a orientar a corrente do A microcirculação é o segmento do siste íolas e vênulas. Constitui unidades funcio 16 metarteríola origina diversos capilares, que formam um conjunto enovelado. Na extremidade oposta, os capilares se reunem, for- mando as vênulas. Intercalada entre a metarteríola e a vênula e- xiste uma comunicação artério-venosa (anastomose AV), que per- mite ao sangue das arteríolas terminais alcançar diretamente o sis- tema venular sem atravessar os capilares. No início da metarteríola existe um pequeno e denso anel muscular, o esfíncter pré-capilar, cuja contração dificulta a entrada de sangue nos capilares. Na por- ão inicial das vênulas existe uma outra estrutura muscular, chamada esfíncter pós-capilar, cuja contração difi- ulta a saída do sangue dos capilares. Os esfíncteres desempenham um importante papel na regulação do fluxo e sangue nos capilares, especialmente os esfíncteres pós-capilares, que respondem aos estímulos químicos lo- ais dos tecidos. O sangue pode seguir diferentes trajetos na microcirculação, dependendo das necessidades dos ecidos. A constrição do esfíncter pré-capilar força a passagem do sangue da arteríola para a vênula, sem atra- essar os capilares. Quando as necessidades de oxigênio dos tecidos aumentam, há abertura de um grande núme- o de esfíncteres, para irrigar uma maior quantidade de capilares. Os capilares tem o comprimento aproximado de 1 milímetro; seu diâmetro médio varia de 8 a 12 microns (mi- ésimo de milímetro). Existem cerca de 5 a 10 bilhões de capilares em um adulto, o que corresponde à uma área e 500 a 700 m2. Se todo o sistema capilar pudesse ser disposto em linha reta, ocuparia a extensão aproximada e 136.000 Km. Cada centímetro quadrado de tecido muscular contém, aproximadamente, 250.000 capilares. Es- a ampla distribuição permite que cada célula do organismo tenha um capilar próximo, geralmente à uma distân- ia inferior à 20 ou 30 mícrons, que favorece as trocas de elementos nutritivos e de eliminação. A parede do ca- ilar é constituída por uma única camada de células endoteliais e de uma membrana basal de suporte. A espes- ura da parede capilar é de cerca de 0,5 microns. Entre as células endoteliais dos capilares existem estreitos es- aços, poros ou fendasintercelulares que permitem a passagem de água, íons e pequenas moléculas. Estas fen- Figura 1. Representa a microcirculação. Princípios de Hematologia e Hemoterapia 17 das também tem características especiais nos diferentes órgãos, para adequar-se às sua necessidades específi- cas. A estrutura da microcirculação pode variar de acordo com o órgão a que transporta os nutrientes, em função das necessidades e das características funcionais. A microcirculação cerebral, por exemplo, precisa ser muito mais dinâmica que a microcirculação do fígado ou dos intestinos. A microcirculação dos músculos atua mais e- nergicamente durante o exercício. FLUXO DO SANGUE A função mais importante do sangue, a permuta de nutrientes e dejetos celulares com os tecidos, se processa nos capilares. A organização do sistema capilar, na microcirculação, favorece as trocas entre os capilares e as células dos tecidos. O fluxo do sangue é expresso em mililitros por minuto ou litros por minuto. O fluxo sanguíneo total que percor- re o sistema circulatório de uma pessoa adulta, em repouso, é de aproximadamente 5,000 ml/min. Isto chama-se débito cardíaco. O débito cardíaco representa a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto. Para favorecer a comparação do débito cardíaco entre os diferentes indivíduos constuma-se utilizar o índice car- díaco, que corresponde ao débito cardíaco dividido pela superfície corpórea. O índice cardíaco é expresso em li- tros/minuto/metro quadrado de superfície corporal (l/min/m2) e seus valores normais oscilam entre 2,5 e 3,6 l/min/m2. Existem dispositivos que podem ser inseridos no interior ou externamente aos vasos sanguíneos arteriais, para medir o fluxo com exatidão. Estes dispositivos (ou aparelhos) são denominados fluxômetros. Os fluxômetros po- dem ser eletromagnéticos ou podem ser baseados no efeito Doppler do ultrasom. Nesses casos a medida é indire- ta, baseada na emissão e na reflexão das ondas do ultrasom. O fluxo sanguíneo que percorre os vasos é distribuído em camadas que mantém uma certa distância da parede vascular. Esse tipo de fluxo é chamado laminar e corresponde ao fluxo normal. Nas bifurcações das artérias ou quando há obstáculos ao livre fluxo, formam-se correntes circulares. Esse fluxo sanguíneo irregular é denomina- do turbilhonar. Nele o sangue flui em todas as direções, no interior dos vasos. TROCAS TRANSCAPILARES A função mais importante do sangue, a permuta de nutrientes e dejetos celulares com os tecidos, se processa nos capilares. A organização do sistema capilar na microcirculação favorece as trocas entre os capilares e as cé- lulas dos tecidos. A parede capilar consiste apenas do endotélio e apresenta pequenos canalículos ou poros que são atravessados pela água, por um grande número de moléculas hidrossolúveis e pela maioria dos íons. As substâncias solúveis nas gorduras, como algumas vitaminas, por exemplo, dissolvem-se na membrana capilar e atravessam a sua ex- tensão, sem passar pelos poros. As substâncias podem atravessar as membranas celulares por dois mecanismos: difusão e transporte ativo. Os gases da fisiologia respiratória são moléculas simples, capazes de se moverem livremente através das paredes capilares. A difusão é o resultado do movimento permanente das moléculas da água e das substâncias dissolvidas, em vá- rias direções. As moléculas tendem a se deslocar das áreas de maior concentração para as de menor concentra- ção. A maior parte das trocas entre as células e o sangue, ocorre pelo fenômeno da difusão. O transporte ativo é o movimento de substâncias através da membrana, em combinação química com molécu- las carreadoras. As moléculas da água se difundem para o líquido extracelular e a seguir, para a parte interna da célula. Podem ainda atravessar os poros da membrana capilar, através das fendas intercelulares. As moléculas das proteinas plasmáticas, contudo, são maiores que os poros capilares. Outras substâncias como os íons de sódio, cloro, glico- se e uréia, possuem diâmetros intermediários. Por isso, a permeabilidade dos poros capilares varia de acordo com os diâmetros das moléculas de cada substância. Quando uma substância está em concentração muito reduzida no líquido extracelular e a célula necessita de maior quantidade da substância, esta deve ser transportada ativamente através das membranas celulares. O transporte ativo depende de compostos químicos chamados carreadores. Os carreadores tem afinidade pela subs- tância a ser transportada, para que a substância e o carreador possam se combinar na superfície externa da membrana. Os dois se difundem através da membrana e, por ação de enzimas que utilizam o ATP (trifosfato de adenosina), a substância se separa do carreador. A substância fica no interior da membrana, enquanto o carrea- Manual de Instrução Programada 18 dor retorna à parte externa da célula para conduzir outra molécula. Em todas as membranas do organismo existe um mecanismo de transporte ativo de íons sódio e potássio. Este mecanismo é chamado bomba de sódio e potássio. O carreador transporta o sódio do interior para o exterior das células e o potássio, de fora para o interior das células. O mesmo carreador fragmenta as moléculas de ATP para utilizar a sua energia e fazer a transferência do sódio e do potássio. O movimento de líquidos através as paredes dos capilares é determinado pelas forças hidrostáticas e osmóticas nos dois lados da membrana capilar. A pressão capilar ou pressão hidrostática, tende a fazer o líquido sair do ca- pilar para o espaço intersticial. A pressão coloido-osmótica determinada pelas proteinas do plasma sanguíneo, tende a fazer o líquido do interstício penetrar no capilar. A extremidade arterial do capilar tem elevada pressão hidrostática e permite a saída de líquido do plasma para o espaço intersticial. A extremidade venosa do capilar tem pressão hidrostática menor, que permite o retorno do líquido ao sistema capilar. Cerca de 90% da água que deixa o capilar no extremo arterial, retorna ao seu interior, no extremo venoso. A diferença é utilizada pelas cé- lulas ou alcança o sistema linfático. Com a água, atravessam a membrana, os íons, glicose e outros nutrientes fundamentais. O fluxo do sangue nos capilares é regulado pelas necessidades locais dos tecidos. O sangue nos capilares não flui num rítmo contínuo. Os esfincteres pré-capilares e as metarteríolas contraem e relaxam alternadamente, em ciclos de 5 a 10 vêzes por minuto. O fator que determina o gráu de abertura dos esfíncteres é a concentração de oxigênio nos tecidos. Quando a concentração de oxigênio é baixa, os esfíncteres pré-capilares permanecem aber- tos, aumentando o afluxo de sangue. Quanto maior é a utilização de oxigênio pelos tecidos, tanto maior é o fluxo de sangue pelos seus capilares. A ritmicidade da contração dos esfincteres é própria e independe dos batimentos cardíacos ou da transmissão da onda de pulso do sistema arterial até a microcirculação, através a membrana ca- pilar. O SISTEMA LINFÁTICO O sistema linfático funciona como um complemento do sistema circulatório; representa uma via acessória atra- vés da qual os líquidos podem fluir dos espaços intersticiais para o sangue. O sistema linfático tem a finalidade de remover proteinas e outros elementos macromoleculares e celulares que alcançam os tecidos e não podem ser captados pela microcirculação. O líquido que circula no sistema linfático é a linfa. O sistema linfático é constituído por uma imensa rede de capilares especiais, muito finos chamados capilares linfáticos, que se unem em capilares maiores e drenam nos gânglios linfáticos que existem em todo o organismo. Canais linfáticos emergem dos gânglios e se reunem para formar o canal torácico, que desemboca na veia sub- clávia esquerda. O sistema linfático não constitui umsistema fechado, como o sistema circulatório. Todos os tecidos do organismo, com raras exceções, possuem canais linfáticos que drenam o excesso de líqui- dos dos espaços intersticiais. A pequena fração de proteinas que alcança os líquidos intersticiais à partir dos ca- pilares da microcirculação é recolhida pelo sistema linfático e, através do canal torácico, reintegrada ao sangue circulante. A maior parte dos líquidos dos espaços intersticiais flui por entre as células e é reabsorvido nos capilares venosos da microcirculação. Uma pequena parcela do líquido intersticial (cerca de 10%) é absor- vida nos capilares linfáticos. Os capilares linfáticos tem uma estru- tura especial; as células endoteliais do capilar linfático emitem fi- lamentos que ancoram o capilar entre as células dos tecidos, con- forme demonstra a figura 2. O capilar linfático tem poros; as suas células formam uma estrutura particular, como válvulas, que impe- dem o refluxo do material que penetra no capilar. A água ou as grandes moléculas, uma vez ingressadas no capilar linfático não po- dem retornar ao líquido intersticial. Aproximadamente 100 ml. de linfa fluem a cada hora, através do canal torácico. Os gânglios linfáticos são formações que se dispõem ao longo do trajeto dos vasos linfáticos; existem aproximadamente 600 gânglios linfáticos distribuidos pelo organismo, reunidos em grupos que dre- nam regiões ou órgãos específicos. O diâmetro dos gânglios linfáticos varia de poucos milímetros até cerca de 1 cm. As funções dos gânglios linfáticos são filtrar a linfa e produzir os linfócitos. Nas infecções bacterianas, os gânglios linfáticos retém os agentes invasores transportados pelos canais linfáticos; a destruição dos invasores produz reação inflamatória intensa no seu interior. Em casos de disseminação de câncer por via linfática, os gân- Capilar linfático Figura 2. Capilar linfático com os filamentos de ancoragem nos tecidos. A superposição das cé- lulas endoteliais forma "válvulas" unidirecio- nais que mantém a água da linfa e as macromo- léculas no interior do capilar. Princípios de Hematologia e Hemoterapia 19 glios retém as células malignas temporariamente, dificultando a sua propagação ao restante do organismo. FUNÇÕES DO SANGUE A principal função do sangue é a de transportar o oxigênio e outros nutrientes como glicose, aminoácidos, pro- teinas, gorduras, água, eletrólitos e elementos minerais até as células do organismo e remover o dióxido de car- bono e outros resíduos do metabolismo celular para detoxificação ou eliminação. O sangue participa do ajuste do teor de água dos diversos compartimentos líquidos do organismo e regula a concentração de íons H+ mediante trocas iônicas e pela ação dos sistemas tampão, fundamentais à manutenção do pH dentro de limites adequados à função das enzimas e organelas celulares. O sangue distribui os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas, por todo o organismo e participa dos mecanismos de regulação da temperatura corporal. O sangue concentra um importante sistema de defesa do organismo contra agentes invasores de diversas natu- rezas, incluindo-se as bactérias e agentes químicos. O sangue participa da detoxificação, transporte e eliminação de substâncias absorvidas pelo organismo, inclu- sive os agentes farmacológicos, promovendo a sua eliminação, através dos pulmões, dos rins, pele ou pelas fe- zes. COMPOSIÇÃO DO SANGUE Os órgãos são agregados de muitas células, unidas por estruturas intercelulares de sustentação. Os grupos de células que desempenham uma mesma função são denominados tecidos. O organismo humano é constituído por cerca de 75 trilhões de células, organizadas em tecidos de diferentes tipos e funções. As hemácias são as células mais numerosas, das quais existem cerca de 25 trilhões. O sangue é um tecido líquido complexo, de alta viscosidade, com grande teor de água e composto por elemen- tos celulares e plasma. É formado por uma fase celular, que compreende os eritrocitos (hemacias), leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas, que são fragmentos celulares. A outra fase do sangue é líquida, o plasma san- guíneo, que contém 91% de água; contém ainda proteinas, eletrólitos, gorduras, glicose, hormônios e numerosas outras substâncias. O volume de sangue existente no sistema circulatório é chamado volemia e tem relação com a idade, o peso e a massa corporal do indivíduo. Um adulto pode ter de 4 a 6 litros de sangue no organismo. O volume total de sangue na idade adulta cor- responde à aproximadamente 60 ml. para cada quilograma de pêso. O volume relativo de sangue é maior nas crianças que nos adultos, con- forme demonstra a figura 3, que correlaciona o volume de sangue do organismo com o peso dos indivíduos. Uma criança recém nascida tem 85 ml. de sangue para cada Kg. de peso corporal, enquanto um organismo adulto tem 60 ml. O volume de sangue relativo ao peso do organismo é cêrca de 40% maior, nas crian- ças recém-natas. A volemia dos indivíduos é um importante parâmetro na avaliação das perdas sanguíneas agudas, em situações de emergência ou após traumatismos e, pode auxiliar no cálculo do volume de reposição. TESTE DA PARTE 1 INSTRUÇÕES: Assinale a sua resposta nas questões abaixo. Compare suas respostas com as da página de respos- tas. Progrida para a parte 2, apenas se todas as suas respostas estiverem corretas. 1.Nos organismos multicelulares complexos a diferenciação celular forma grupos específicos de células que constituem os tecidos. A. Verdadeiro B. Falso 2. A camada que reveste a superfície interna do coração tem propriedades especiais e é denominada: A. endocárdio B. epitélio C. epicárdio D. miocárdio Peso (Kg) Volemia (ml/Kg) Recém-nato a 10 85 11 a 20 80 21 a 30 75 31 a 40 65 > 40 60 Fig. 3. Volume sanguíneo aproximado, em relação ao peso dos indivíduos Manual de Instrução Programada 20 3. As substâncias podem atravessar as membranas celulares por dois mecanismos denominados difusão e trans- porte ativo. A. Verdadeiro B. Falso 4. Algumas vezes uma substância está em concentração muito reduzida no líquido extracelular, mas o líquido intracelular necessita de uma quantidade maior da referida substância. O transporte ativo da substância para o interior da célula depende da ação de um composto químico genericamente denominado: A. carregador B. transportador C. carreador D. cooperador 5. O transporte ativo de sódio e potássio através das membranas celulares é feito pelo mecanismo da bomba de sódio e potássio. A energia necessária é obtida pela fragmentação das moléculas de ADP. A. Verdadeiro B. Falso 6. O fluxo de sangue nos capilares é regulado pelas necessidades locais dos tecidos; além disso quando as ne- cessidades de oxigênio dos tecidos aumentam, os esfíncteres pré-capilares dilatam. A. Verdadeiro B. Falso 7. Os líquidos do organismo se movimentam através as paredes dos capilares, pela ação das forças hidrostática e osmótica nos dois lados da membrana capilar. A. Verdadeiro B. Falso 8. A abertura de um maior número de capilares nos tecidos depende das necessidades de: A. hormônios B. sódio C. oxigênio D. água 9. Os capilares tem um comprimento médio de aproximadamente 1 milímetro. A. Verdadeiro B. Falso 10. Um indivíduo adulto tem aproximadamente 5 a 10 bilhões de capilares no organismo, o que corresponde à uma área de 500 a 700 metros quadrados. A. Verdadeiro B. Falso 11. A estrutura da microcirculação pode variar de acordo com o órgão a que transporta os nutrientes, em fun- ção das necessidades e das características funcionais. A microcirculação cerebral, por exemplo, precisa ser mui- to mais dinâmica que a microcirculação do fígado ou dos intestinos.A. Verdadeiro B. Falso 12. O índice cardíaco corresponde ao débito cardíaco dividido pela superfície corpórea. Os valores normais do índice cardíaco oscilam entre: A. 1,2 e 2,5 l/min/m2 B. 2,2 e 2,8 l/min/m2 C. 2,4 e 6,2 l/min/m2 D. 2,5 e 3,6 l/min/m2 Princípios de Hematologia e Hemoterapia PARTE 2 COMPOSIÇÃO DO SANGUE OBJETIVOS: Descrever a composição do sangue e suas principais funções no organismo. Descrever os elementos celulares e as suas funções. Estudar a composição do plasma. Analisar a água do organismo e a sua regulação pelo sangue. CONCEITOS GERAIS O sangue é um tecido complexo formado por uma fase celular e uma fase líquida. A fase celular é constituída pelos eritrócitos ou hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. A fase líquida é constituida pelo plasma sanguíneo. Os elementos figurados do sangue são de 3 tipos principais, hemácias, leucócitos e plaquetas, que tem origens semelhantes e funções diferentes e específicas no sangue. A figura 1, representa a composição do sangue e rela- ciona os seus principais elementos celulares. Em consequência da circulação permanente do sangue, os tecidos recebem a sua alimentação de oxigênio, amino- ácidos, hidratos de carbono, ácidos graxos, água, sais minerais, eletrólitos e hormônios. Ao retornar dos tecidos, o sangue transporta o dióxido de carbono (CO2) e outros resíduos do metabolismo, para eliminação, principalmente pelos pulmões e pelos rins. O sangue também é responsá- vel pelos sistemas de defesa do organismo contra agentes bacterianos ou de outra natureza e participa dos meca- nismos de regulação da temperatura. Pela ação de sistemas especiais, formados por grupos de ácidos e bases (sistemas tampão), o sangue é responsável pela manutenção do pH em uma faixa estreita, compatível com o melhor funcionamento celular, juntamente com os pulmões e os rins. Através da regulação da água e dos eletrólitos, o sangue líquidos orgânicos, especialmente os líquidos do interior das al, fundamentais ao adequado funcionamento celular e dos HEMÁCIAS o as células encontradas em maior quantidade no sangue e Sangue Elementos figurados Plasma Hemácias Leucócitos Plaquetas Granulócitos Agranulócitos participa do equilíbrio de água e de íons dos demais células ( líquido intracelular) e o líquido interstici órgãos. As hemácias, eritrócitos ou glóbulos vermelhos sã Neutrófilos Eosinófilos Basófilos Monócitos Linfócitos Figura 1. Representação esquemática da composição geral do sangue. 21 que lhe conferem a cor vermelha. O constituinte mais importante da hemácia é a hemoglobina, que transporta o oxigênio mediante ligação química com as suas moléculas. Existem, em média, 4,5 milhões de hemácias em cada mililitro de sangue, no homem e cerca de 4 milhões, na mulher. Quando a quantidade de hemácias no sangue está diminuida, o paciente tem anemia; se estiver aumentada o fenômeno se chama poliglobulia ou policitemia. A sobrevida média das hemácias no sangue circulante é de 100 a 120 dias; a medula óssea produz hemácias con- tinuamente, para a renovação do contingente no sangue circulante. A principal função das hemácias é abrigar a hemoglobina para o transporte de oxigênio aos tecidos. A hemácia também transporta o dióxido de carbono para eliminação nos alvéolos pulmonares. LEUCÓCITOS Os leucócitos ou glóbulos brancos são as células que constituem uma parte importante do sistema de defesa do organismo, para combate aos diversos agentes agressores, tóxicos ou infecciosos, como bactérias, fungos, vírus e parasitas. Este sistema de defesa funciona em associação aos macrófagos dos tecidos e às células do sistema linfoide. Os leucócitos são as unidades móveis do sistema protetor do organismo; podem migrar para os locais onde a sua ação seja necessária. Manual de Instrução Programada 22 Existem no sangue normal entre 6.000 e 8.000 leucócitos por cada mililitro. Há cinco tipos de leucócitos, divi- didos em dois grupos principais: os granulócitos e os agranulócitos. Os granulócitos apresentam numerosas gra- nulações no citoplasma. São os neutrófilos, os eosinófilos e os basófilos. Os leucócitos agranulócitos tem o cito- plasma homogêneo, sem granulações no seu interior. São os monócitos e os linfócitos. A sobrevida média dos leucócitos no sangue circulante é curta. A maior parte dos leucócitos fica armazenada na medula óssea. São lançados no sangue circulante quando necessário. A vida média dos leucócitos circulantes é de 6 a 8 horas; quando estão localizados nos tecidos, a vida média aumenta para cerca de dois a três dias. PLAQUETAS As plaquetas não são células mas sim elementos celulares (fragmentos de células), formados à partir de uma célula gigante chamada megacariócito. São corpúsculos ligeiramente arredondados, liberados no sangue pela fragmentação dos megacariócitos da medula óssea. Existem no sangue normal entre 150.000 e 400.000 plaquetas por cada mililitro, das quais cerca de 30.000 for- mam-se a cada dia. A sobrevida média das plaquetas na circulação é de 10 dias. As plaquetas são fundamentais aos processos de interrupção da perda sanguínea (hemostasia), da formação e da retração do coágulo. A atuação das plaquetas depende das suas propriedades de adesão e agregação. As pla- quetas tem uma participação essencial nos fenômenos da coagulação do sangue e são capazes de liberar diversas substâncias, das quais, algumas, como o tromboxano A2 tem propriedades vasoconstritoras, enquanto outras, agem como enzimas e hormônios, como as prostaglandinas que, dentre outras, tem propriedades vasodilatado- ras. O HEMOGRAMA NORMAL O hemograma é o exame dos elementos do sangue e constitui uma parte essencial da avaliação hematológica. A morfologia das células do sangue, sejam os eritrócitos ou os leucócitos e até mesmo as plaquetas podem con- tribuir para o diagnóstico diferencial de diversas doenças. O hematócrito é a proporção do volume ocupado pelas hemácias no sangue total. Os índices hematimétricos descrevem as características médias dos eritrócitos. O volume corpuscular médio (VCM) é o volume médio dos eritrócitos. O índice de hemoglobina corpuscular médio (HCM) é a quantidade média de hemoglobina contida em cada célula. O índice de concentração de hemoglobina corpuscular médio (CHCM) é a concentração de hemoglo- bina média das hemácias. Todos estes indicadores são preciosos na caracterização das hemácias, como macrocí- ticas, microcíticas, normocrômicas ou hipocrômicas, contribuindo para a caracterização dos diversos tipos de anemias. Os reticulócitos indicam a capacidade de reposição dos eritrócitos pela medula frente às agressões como na hemólise, na hipoplasia de medula, dentre outras. Os valores normais do hemograma completo encontram-se especificados abaixo: VALORES NORMAIS DO HEMOGRAMA COMPLETO Hemácias – Homens adultos: 4,5 a 5 milhões/ml Hemoglobina total - Homens: 14 a 18 g/dl Hemácias – Mulheres adultas: 4 a 4,3 milhões/ml Hemoglobina total - Mulheres: 12 a 16 g/dl Leucócitos totais: 6.000 a 8.000/ml Índices hematimétricos: Basófilos: 0 a 200/ml; 0 a 2% VCM (Volume corpuscular médio): 84 a 99 mm3 Eosinófilos: 40 a 500/ml; 1 a 5% HCM (hemoglobina corpuscular média): 26 a 32 pg Linfócitos: 880 a 4.000/ml; 22 a 40% CHCM (concentração de HCM): 31 a 36 g/dl. Monócitos: 120 a 1.000/ml; 3 a 10% Neutrófilos: 1.800 a 7.500/ml; 45 a 75% Plaquetas: 150.000 a 400.000/ml Nota: Alguns desses valores apresentados como normais podem variar conforme os métodos empregados para a análise ou os aparelhos automatizados. Alguns valores do hematócrito podem variar em função da idade, da altitude em que os indivíduos vivem e na presença de alterações patológicas. Pequenas variações nos valoresnormais podem depender do método usado para o exame bem como dos padrões adotados pelo laboratório. PLASMA SANGUÍNEO O plasma constitui a fase líquida do sangue. É um líquido viscoso, de tonalidade amarelo pálida ou âmbar, em cuja composição predomina a água, que constitui 91% do seu volume. Os 9% restantes correspondem à diversas Princípios de Hematologia e Hemoterapia 23 substâncias dissolvidas no plasma, como aminoácidos, proteinas, hidratos de carbono, ácidos graxos, pigmentos, vitaminas, eletrólitos, elementos minerais e hormônios. O plasma permite o livre intercâmbio de diversos dos seus componentes, principalmente a água, com o líquido intersticial e, através dele, com o líquido intracelular, para regular a composição química das células e assegurar os elementos necessários ao seu metabolismo. Devido às suas dimensões, as proteinas plasmáticas não atraves- sam os poros dos capilares ou as membranas do endotélio, a não ser em diminutas quantidades. As moléculas da água, contudo, difundem livremente. A ÁGUA DO ORGANISMO O organismo humano tem como principal componente quantitativo a água. Cerca de 60% do corpo humano a- dulto corresponde à água, cuja maior parte se localiza no interior das células. Cada célula necessita nutrir-se para manter a vida e todas utilizam, de maneira quase idêntica, a água e os demais elementos nutritivos. Elas usam o oxigênio como uma das principais substâncias que originam energia; o oxigênio pode combinar-se com hidratos de carbono, lipídeos ou proteinas para liberar a energia necessária ao desempenho das suas funções. A maior parte da água do organismo se localiza no interior das células e é denominada líquido intracelular. A- proximadamente um terço da água total está nos espaços que circundam as células, sendo denominada líquido extracelular. Esse líquido extracelular está em constante movimentação através do corpo e regula a composição do líquido intracelular por difusão intensa e contínua. A água transporta os íons e demais nutrientes necessários à célula para a manutenção da função celular. Portanto, todas as células vivem essencialmente em um mesmo meio, o líquido extracelular que, por essa razão, costuma ser denominado meio interno do organismo. Essa ex- pressão foi cunhada pelo eminente fisiologista francês Claude Bernard, há mais de 100 anos. As células são capazes de viver, crescer e desempenhar suas funções específicas, desde que neste meio interno estejam disponíveis quantidades adequadas de oxigênio, glicose, dos diferentes íons, aminoácidos e lipídeos. O líquido extracelular e o líquido intracelular diferem entre sí. O líquido extracelular contém principalmente os íons sódio, cloreto e bicarbonato, além de nutrientes para as células, tais como oxigênio, glicose, ácidos gra- xos e aminoácidos. Contém ainda o dióxido de carbono que é transportado das células para os pulmões para ser eliminado, e outros produtos do metabolismo celular que são levados para a eliminação pelos rins. O líquido in- tracelular contém grandes quantidades de íons potássio, magnésio e fosfato. Existem mecanismos especiais para o transporte dos íons através a membrana das células, que mantém a diferença de composição dos dois líquidos e que tem importância fundamental para as funções ce- lulares. O líquido extracelular se divide em dois grandes compartimentos, separados pelas membranas do sistema capilar: o líquido intersticial, que circunda as células do organismo e o líquido intravascular, que compreende a água do plasma sanguíneo. A água em um organismo adulto é distribuida conforme os dados da figura 2. Os valores assinalados são médios. O teor de água varia com o sexo; a água no homem é um pouco mais abundante que na mulher. Varia ainda com o porte físico e a quantidade de gordura; o obeso tem me- nos água no organismo que um indivíduo magro do mesmo peso corpo- ral. Embora os químicos sejam capazes de determinar as concentrações dos íons (eletrolitos) no interior das células, estas determinações se utilizam de técnicas especiais, relativamente complexas. Na prática clínica corrente, usa-se determinar a concentração daqueles íons nos líquidos extracelulares, principalmente o intravascular, plasma ou soro. Os valores normais dos íons (eletrolitos) mais comumente dosados na prática clínica, são os da tabela apresentada na figura 3. Água total = 60% do peso corporal Líquido Intracelular 40% Líquido Extracelular: 20% 1. Líquido Intersticial 16% 2. Líquido Intravascular 4% Figura 2. Distribuição da água nos diversos compartimentos do organismo. Eletrolitos Normais no Plasma Eletrolito (mEq/l) Sódio (Na+) 135 - 145 Potássio (K+) 3,5 - 4,5 Cloreto (Cl-) 85 - 115 Bicarbonato (HCO3-) 22 - 29 Cálcio (Ca+) 4,0 - 5,5 Magnésio (Mg++) 1,5 - 2,5 Figura 3. Valores normais dos eletrolitos. Manual de Instrução Programada 24 As necessidades diárias de água dos indivíduos variam conforme as suas necessidades metabólicas e a elimina- ção hídrica. O organismo adulto necessita de 1.800 ml. de água por cada metro quadrado de superfície corporal. A perda de sangue ou de líquidos estimula a sensação de sede e força o indivíduo a ingerir água, para reequili- brar o balanço entre os líquidos dos compartimentos do organismo. As crianças, especialmente nos primeiros meses de vida, tem necessidade maior de água que os adultos, tendo em vista o acelerado metabolismo que acompanha a fase de rápido crescimento e desenvolvimento. As trocas de água entre os diversos compartimentos hídricos na criança ocorrem com grande rapidez; uma criança ao perder água em excesso para o exterior, pode desidratar com grande facilidade e rapidez. TESTE DA PARTE 2 INSTRUÇÕES: Assinale a sua resposta nas questões abaixo. Compare suas respostas com as da página de respos- tas. Progrida para a parte 3, apenas se todas as suas respostas estiverem corretas. 1. A fase celular do sangue é constituída pelos eritrócitos ou hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbu- los brancos) e as plaquetas. A. Verdadeiro B. Falso 2. As hemácias, glóbulos vermelhos ou eritrócitos são as células que existem em maior quantidade no sangue. A. Verdadeiro B. Falso 3. Os glóbulos brancos são as células que constituem uma parte importante do sistema de defesa do organismo, contra os agentes agressores. Os glóbulos brancos são também denominados eritrócitos. A. Verdadeiro B. Falso 4. No sangue normal existem 10.000 a 15.000 glóbulos brancos por cada mililitro, dos quais apenas a metade servem ao sistema de defesa. A. Verdadeiro B. Falso 5. Os monócitos e os linfócitos são leucócitos cujo citoplasma não tem grânulos e, por essa razão, são também conhecidos como agranulócitos. A. Verdadeiro B. Falso 6. As hemácias são produzidas continuamente pela medula óssea. A. Verdadeiro B. Falso 7. Os leucócitos cujo citoplasma não contém grânulos são os neutrófilos e os basófilos. A. Verdadeiro B. Falso 8. As plaquetas são fragmentos celulares originados de células de grandes dimensões denominadas megacarió- citos. A. Verdadeiro B. Falso 9. A quantidade de hemácias no sangue é superior aos valores normais é denominada poliglobulia. A. Verdadeiro B. Falso 10. A fase líquida do sangue é constituida pelo plasma. Oitenta por cento do volume de plasma são constituidos pela água e o restante corresponde às substâncias como aminoácidos, proteinas, hidratos de carbono, ácidos graxos, vitaminas, eletrólitos, elementos minerais e hormônios. A. Verdadeiro B. Falso 11. O principal componente quantitativo do corpo humano é a água. O organismo adulto tem 60% de água e a sua maior parte está localizada no: A. exterior das células B. no plasma sanguíneo C. interior dascélulas D. no tecido nervoso 12. Aproximadamente 1/3 da água total do organismo humano reside no: Princípios de Hematologia e Hemoterapia 25 A. líquido extracelular B. líquido intracelular C. líquido intersticial 13. O líquido extracelular se divide em dois grandes compartimentos, separados pelas membranas do sistema capilar. O líquido que contém o menor volume de água é: A. líquido intersticial B. líquido intravascular C. líquido intracelular 14. As células vivem e crescem, desde que no meio interno do organismo estejam disponíveis quantidades ade- quadas de: A. oxigênio B. glicose C. aminoácidos D. lipídeos E. todos os elementos citados 15. O teor de água no organismo varia com o sexo e o porte físico do indivíduo. Podemos dizer que, em relação a um indivíduo magro, uma pessoa obesa tem: A. maior teor de água B. menor teor de água C. o mesmo teor de água 16. As crianças pequenas necessitam, proporcionalmente, de mais água que os adultos, porque: A. seu metabolismo é mais acelerado B. as trocas de água nos compartimentos hídricos são mais rápidas C. podem desidratar com facilidade D. todas as acima Manual de Instrução Programada 26 PARTE 3 CÉLULAS-TRONCO – SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL OBJETIVOS: Descrever a origem das células tronco e o seu potencial para desenvolver os diversos tipos celula- res. Descrever as células tronco do sangue e as vias de transformação em outros elementos celulares. Descrever o potencial terapêutico das células tronco embrionárias e do cordão umbilical. CONCEITOS GERAIS A célula é a unidade básica da vida. No organismo humano os órgãos são agregados de tecidos que, por sua vez, são agregados de células capazes de desempenhar as mesmas funções. Theodor Schwan, em 1839, na Alemanha afirmou que todos os seres vivos são formados por células. O estudo da reprodução celular em culturas de laboratório, permitiu diversas descobertas, como por exemplo o conhecimento do comportamento de tecidos normais ou malignos, a possibilidade de aperfeiçoamento genético de vegetais e o desenvolvimento de várias formas de tratamento dirigidas à infertilidade. As pesquisas realizadas com células-tronco, também denominadas células-mãe, pela sua capacidade de originar novas células, permitiram explorar uma via terapêutica alternativa, baseada na recomposição de tecidos ou ór- gãos danificados por trauma ou por qualquer outro tipo de injúria, seja de natureza química, física, metabólica, infecciosa ou funcional. A reconstrução anatômica (histológica) e funcional de determinados órgãos já é uma realidade, no caso da medula óssea e constitui uma grande promessa, no caso do miocárdio e de outros órgãos e tecidos nobres, à partir do emprego de colônias de células tronco. Os estudos desenvolvidos à partir das células-tronco representam um grande avanço do conhecimento relacio- nado ao modo pelo qual um organismo complexo se desenvolve à partir de uma única célula. Representam tam- bém um enorme progresso na observação de que células sadias substituem células danificadas nos organismos adultos. Esta promissora área da ciência também levou os cientistas a investigar o potencial de novas terapias baseadas em células (ou em reposição celular) para tratar determinadas doenças. Esta metodologia é frequen- temente denominada medicina regenerativa ou reparativa e constitui um novo e promissor campo de investiga- ção científica. É simplesmente fascinante a idéia de que em um futuro próximo poderá ser possível regenerar uma área do co- ração que tornou-se uma cicatriz fibrosa, como consequência de um infarto do miocárdio, mediante a injeção de células tronco na região afetada. As células-tronco constituem uma das áreas mais fascinantes da biologia moderna. Entretanto, à semelhança de outras áreas em rápida expansão, as pesquisas com as células-tronco suscitam questões de natureza as mais variadas, inclusive éticas, religiosas e legais, para as quais ainda não há respostas satisfatórias. Os resultados das experiências com clonagem animal e o sucesso obtido com os transplantes de células da me- dula óssea no tratamento de diversas doenças hematológicas, evidenciaram a importância das células embrioná- rias e de células que mantém a capacidade de se diferenciar e produzir tipos celulares variados, conforme a na- tureza do estímulo para a reprodução e as necessidades do organismo. Essas células, de um modo genérico, são chamadas de células-tronco. CONCEITO DE CÉLULAS-TRONCO Podemos entender melhor o conceito de células-tronco, ao considerar que todos nós já fomos uma célula úni- ca, resultante da fusão de um espermatozoide e de um óvulo. Esta primeira célula já tem no seu núcleo o DNA (ou ADN – ácido desoxiribonucleico) com toda a informação genética para gerar um novo ser. Logo após a fusão do espermatozoide e do óvulo, a célula resultante começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desen- volver em um ser humano completo. Estas células são chamadas de totipotentes. São células-tronco totipotentes ou embrionárias, significando que cada uma delas tem a capacidade de se diferenciar em qualquer um dos 216 tecidos (inclusive a placenta e os anexos embrionários) que formam o organismo humano. Após cerca de 72 horas da fecundação, as divisões celulares sucessivas dão origem a um aglomerado de cerca de 100 células (embrião), denominado blastocisto. Nessa fase ocorre a implantação do embrião na cavidade ute- rina. As células internas do blastocisto vão originar as centenas de tecidos que compõem o organismo humano – estas células são chamadas células-tronco embrionárias pluripotentes. Estas células somáticas, ainda iguais, à Princípios de Hematologia e Hemoterapia 27 partir de um determinado momento, passam a diferenciar-se nos vários tecidos que vão compor o organismo: sangue, fígado, coração, ossos, cérebro, etc... PROPRIEDADES DAS CÉLULAS TRONCO As células-tronco tem duas propriedades fundamentais que as distinguem dos demais tipos de células. Em pri- meiro lugar, elas são células não especializadas que se renovam por longos períodos através da divisão celular. A outra característica é que sob determinadas condições fisiológicas ou experimentais, elas podem ser induzidas a transformar-se em células com funções específicas, tais como as células miocárdicas ou as células produtoras de insulina do pâncreas. Em outras palavras, podemos dizer que: A célula-tronco é um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. Esta propriedade é peculiar, uma vez que as outras células apenas podem originar células do mesmo tecido. Desse modo, podemos dizer que as células do fígado somente podem gerar células do fígado. A outra capacidade fundamental da célula-tronco é a auto-replicação, que significa que as células-tronco po- dem gerar cópias idênticas de sí mesmas. Estas propriedades únicas das células-tronco fazem com que os cientistas busquem nelas a possibilidade de en- contrar a cura para muitas doenças, através a substituição dos tecidos danificados por grupos de células-tronco. CLASSIFICAÇÃO DAS CÉLULAS-TRONCO As células-tronco podem ser classificadas do seguinte modo: Células-tronco totipotentes ou embrionárias – São as células-tronco capazes de se diferenciar em qualquer tecido do organismo humano. Correspondem às células resultantes das primeiras divisões celulares, após a fe- cundação. Encontram-se nos embriões. Células-tronco pluripotentes ou multipotentes – São as células-tronco que conseguem se diferenciar em qua- se todos os tecidos humanos, exceto a placenta e osanexos embrionários. Como as anteriores, encontram-se a- penas nos embriões. Células-tronco oligopotentes - São as células-tronco capazes de diferenciar-se em poucos tecidos. São encon- tradas em diversos tecidos, como no trato intestinal, por exemplo. Células-tronco unipotentes - São as células-tronco que apenas conseguem diferenciar-se em um único tecido, ou seja, o tecido a que pertencem. Em linhas gerais, podemos dizer que, quanto mais primitiva na linha de desenvolvimento embrionário, maior é o potencial de diferenciação de uma célula-tronco. As células-tronco funcionam como verdadeiros “curingas” no organismo, porque teriam a função de ajudar no reparo de uma lesão em qualquer tecido. As células-tronco da medula óssea, especialmente, têm uma função importante: regenerar o sangue, porque as células sanguíneas se renovam constantemente. AS CÉLULAS-TRONCO NA PRÁTICA TERAPÊUTICA A terapia com células-tronco ainda está em pleno estudo evolutivo e seu potencial é objeto de muita especula- ção, expectativas e esperanças. Essa terapia consiste em usar grupos de células-tronco para tratar doenças e le- sões através da substituição de tecidos doentes por tecidos formados por células saudáveis. O transplante de medula óssea para o tratamento das leucemias é uma forma de tratamento com células- tronco de eficácia comprovada. A medula óssea do doador compatível contém as células-tronco hematogênicas que irão formar as novas células sanguíneas sadias. O Brasil inicia, nos dias atuais, um ambicioso programa de emprego de células-tronco adultas no tratamento de doenças cardíacas com aproximadamente 40 centros e 1200 pacientes, com a finalidade de comprovar os resul- tados iniciais favoráveis obtidos em um pequeno grupo de pacientes (14 casos) pelo grupo de estudos constituido por profissionais do Hospital Pró-Cardíaco do Rio de Janeiro e do Texas Heart Institute. Numa primeira fase de- monstrou-se que as células-tronco tinham o potencial de regenerar as artérias e aumentar a vascularização das áreas miocárdicas comprometidas e isquêmicas. Posteriormente, o estudo dos pacientes tratados demonstrou que além dos vasos, as células-tronco utilizadas haviam regenerado o próprio músculo cardíaco fibrosado em consequência de infartos prévios. Outras equipes estudam o emprego das células tronco na regeneração do pâncreas, em pacientes diabéticos. Outros grupos buscam determinar a eficácia do emprego das células-tronco na regeneração de tecido cerebral e Manual de Instrução Programada da medula espinhal comprometidos por diversos processos patológicos, congênitos ou adquiridos. Os estudos com a regeneração de células cerebrais visam buscar cura ou, pelo menos, melhora de doenças graves e incuráveis, como a doença de Alzheimer ou a doença de Parkinson, além de outras degenerações menos frequentes. Na maioria das áreas de estudo, os resultados inicialmente obtidos tem confirmado as hipóteses dos cientistas e, dessa forma, assegurando a validade do aprofundamento das pesquisas. A figura 1 acima representa um grupo de células-tronco às quais foram adicionados fatores de crescimento e outros “insumos” necessários ao desenvolvimento e reprodução celular. As células-tronco pluripotenciais podem reproduzir-se em células musculares (miocárdicas, de músculos esqueléticos), células sanguíneas e células do te- cido nervoso cerebral, além das células pancreáticas produtoras de insulina e muitas outras. CLONAGEM Podemos definir um clone como um grupo de células ou organismos, originados de uma única célula e que são absolutamente idênticas à célula original. Nos seres humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de um único óvulo fertilizado. A clonagem é a cópia ou a duplicação de células ou de embriões à partir de um ser já adulto. As cópias possu- em todas as características físicas e biológicas do seu progenitor genético. A clonagem da ovelha Dolly, tão amplamente divulgada pela imprensa, obtida em 1996, na cidade de Edimbur- go, no interior da Escócia, serviu para despertar o interesse da sociedade para pesquisas que já eram rotineira- mente realizadas em vários centros internacionais. Não por acaso, contudo, as considerações éticas, jurídicas, morais e religiosas, habitualmente suscitadas diante de todo procedimento inovador, ocuparam o centro das dis- cussões, levando, inclusive os governos a legislar sobre o tema, cujo verdadeiro potencial ainda é desconhecido. A clonagem é um mecanismo comum de propagação da espécie em plantas e em bactérias. A clonagem da ove- lha Dolly constituiu uma experiência que sugere que a clonagem humana seja possível. Entretanto, os cientistas buscam desenvolver métodos capazes de permitir a clonagem terapêutica, de enorme alcance, frente a numero- sas doenças para as quais a medicina contemporânea não dispõe de alternativas eficazes de tratamento. CLONAGEM TERAPÊUTICA A c sem núcleo. É um pass Ao gera ticas lonagem terapêutica, consiste na transferência do núcleo de uma célula para um óvulo 28 o adiante nas técnicas de culturas de tecidos, que são realizadas há décadas. transferir o núcleo de uma célula de uma pessoa para um óvulo sem núcleo, esse novo óvulo ao dividir-se , em laboratório, células potencialmente capazes de produzir qualquer tecido. Isso gera perspectivas fantás- para futuros tratamentos. Nos dias atuais, apenas é possível cultivar em laboratório células com as mesmas Princípios de Hematologia e Hemoterapia 29 características do tecido de onde foram retiradas. As técnicas mais avançadas de clonagem tornariam possível a geração de um órgão que serviria para substituir o órgão equivalente cuja função tenha deteriorado. A clonagem terapêutica teria a excepcional vantagem de evitar os fenômenos de rejeição, se o doador fosse também o próprio receptor. Seria o caso, por exemplo, de reconstituir a medula em alguém que se tornou para- plégico após um acidente ou substituir o tecido cardíaco em uma pessoa que sofreu um infarto, conforme algu- mas experiências já demonstraram. Nos portadores de doenças genéticas não seria possível usar as células do próprio indivíduo (porque todas têm o mesmo defeito genético), mas de um doador compatível. As células-tronco mais bem conhecidas são as células-tronco do tecido hematopoiético. Os transplantes de me- dula óssea para o tratamento de diversas doenças hematológicas constitui um transplante de células-tronco com potencial gerador de células do tecido sanguíneo. Para cada 10.000 a 15.000 células da medula óssea há 1 célula- tronco. O transplante de medula óssea, para o tratamento de pacientes portadores de leucemia é um método de terapia celular já conhecido e de eficácia comprovada. A medula óssea do doador contém células-tronco sangüí- neas que vão fabricar as novas células sangüíneas sadias. CÉLULAS-TRONCO DO CORDÃO UMBILICAL Nos anos oitenta identificou-se o sangue do cordão umbilical e da placenta dos recém natos como uma fonte rica em células-tronco. Aceita-se que dentre as células-tronco do cordão umbilical haja um percentual de célu- las-tronco pluripotentes e, portanto, capazes de se desenvolver em praticamente todos os tecidos do organismo, exceto a placenta e os anexos embrionários. O sangue do cordão umbilical tem, portanto, um potencial extraor- dinário no tratamento de numerosas doenças á partir da reposição celular. Nos dias atuais há um número crescente de instituições que armazenam o sangue do cordão umbilical em am- bientes apropriados, constituindo os Bancos de Sangue de cordão umbilical. O material pode representar uma grande fonte de células-tronco para o tratamento das leucemias e de outras doenças letais ou incapacitantes. Quanto maior a reserva de sangue de cordãoumbilical, tanto maiores serão as chances de conseguir-se um do- ador compatível para o tratamento das neoplasias hematológicas. O doador ideal deve ter compatibilidade dos grupos sanguíneos ABO e compatibilidade dos antígenos leucocitá- rios, para assegurar uma ampla margem de sucesso no tratamento. Leucemias e linfomas são habitualmente curadas com a utilização das células-tronco do cordão umbilical. CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS Há uma grande discussão a nível mundial, sobre o emprego de células-tronco obtidas de embriões não utiliza- dos nas clínicas de fertilização e que seriam destruídos. Os opositores argumentam com os riscos de criar-se um mercado paralelo de óvulos ou a destruição de embriões humanos. Esses argumentos não se justificam, uma vez que as células seriam obtidas mediante a transferência do núcleo ou pelo emprego de embriões descartados e, portanto, sem a nidação ou seja, a implantação em um útero humano. Todo o procedimento é laboratorial e seu potencial terapêutico mais do que justificaria a realização do procedimento. A comunidade científica, certamen- te, deverá demonstrar a comparação entre os riscos e os benefícios do procedimento que, como todo procedi- mento inovador, gera muita discussão e controvérsias. Pesquisadores coreanos já demonstraram a possibilidade de obter-se células-tronco pluripotentes à partir da técnica de clonagem terapêutica ou transferência de núcleos, com a colaboração de dezesseis mulheres voluntá- rias que doaram cerca de 240 óvulos e células “cumulus” (que habitam a redondeza dos óvulos). Nos dias atuais, a clonagem terapêutica constitui mais uma esperança ou um projeto do que, propriamente uma realidade. A técnica enfrenta severo criticismo de segmentos da sociedade, de órgãos governamentais e de lideranças religiosas. Sob o ponto de vista terapêutico, a clonagem e o emprego das células-tronco constituem um gigantesco avanço que pode caracterizar o desenvolvimento da ciência no século XXI. A ciência não busca a clonagem de seres humanos ou a criação de “supermercados” contendo os mais diversos órgãos nas suas prateleiras. Os cientistas contemporâneos buscam métodos capazes de curar doenças fatais e pa- ra as quais a medicina convencional ainda não encontrou os caminhos da cura ou da prevenção. O caminho a per- correr ainda é longo e tortuoso. Contudo, os primeiros passos já foram dados. A medicina veterinária, que é menos vulnerável às considerações legais, éticas e religiosas, já obteve progres- sos enormes no emprego terapêutico das células-tronco. Manual de Instrução Programada 30 O trabalho laboratorial bem conduzido, na dependência do tempo disponível pode, inclusive, gerar órgãos com- pletos e absolutamente compatíveis com o receptor a que se destina, eliminando a necessidade do emprego de métodos de qualquer natureza para o controle da rejeição. Este é o papel que a ciência e a sociedade esperam do emprego ético e legal das células-tronco pluripotenciais. TESTE DA PARTE 3 INSTRUÇÕES: Assinale a sua resposta nas questões abaixo. Compare suas respostas com as da página de respos- tas. Progrida para a parte 4, apenas se todas as suas respostas estiverem corretas. 1. Em 1839, Theodor Schwan, na Alemanha, afirmou que todos os seres vivos são formados por células. A. Verdadeiro B. Falso 2. As pesquisas realizadas com células-tronco permitiram explorar uma via alternativa para melhorar os tecidos ou órgãos danificados. A. Verdadeiro B. Falso 3. As novas terapias baseadas em células-tronco (ou em reposição celular) constituem uma nova metodologia denominada medicina regenerativa ou reparativa. A. Verdadeiro B. Falso 4. O ser humano é formado à partir de uma célula única, resultante da fusão de um espermatozoide e de um óvulo. Logo após a fusão a célula resultante começa a se dividir, até desenvolver-se em um ser humano comple- to. A célula inicial se divide em duas, estas se dividem em quatro, as quatro se dividem em oito e assim sucessi- vamente. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano completo. Estas células são chamadas de pluripotentes. A. Verdadeiro B. Falso 5. Aproximadamente 72 horas após a fecundação, as divisões celulares dão origem a cerca de 100 células e seu conjunto é denominado blastocisto. A. Verdadeiro B. Falso 6. As células internas do blastocisto originam centenas de tecidos que compõem o organismo humano e são, por essa razão, denominadas: A. células totipotentes B. células plutipotentes C. células unipotentes D. células oligopotentes 7. A clonagem é a cópia ou a duplicação de células ou de embriões à partir de um ser adulto. A clonagem da ovelha Dolly permitiu supor que poderia ser possível realizar a clonagem de um ser humano. A clonagem da ove- lha Dolly foi divulgada pela imprensa em: A. 1990 B. 1993 C. 1996 D. 2003 8. Os transplantes de medula óssea para o tratamento de diversas doenças hematológicas constituem um trans- plante de células-tronco com potencial gerador de células do tecido sanguíneo. Qual a quantidade necessária de células da medula óssea para encontrar-se uma célula-tronco ? A. 12.000 a 15.000 células B. 9.000 a 10.000 células C. 10.000 a 15.000 células D. 11.000 a 14.000 células 9. O doador ideal de células-tronco do cordão umbilical deve ter compatibilidade dos antígenos leucocitários e compatibilidade dos grupos sanguíneos ABO. A. Verdadeiro B. Falso 10. Nos portadores de doenças genéticas não é possível usar as células-tronco do próprio indivíduo, porque: A. não se consegue doador compatível B. todas as suas células tem o mesmo defeito genético C. pode ocorrer rejeição aguda Princípios de Hematologia e Hemoterapia 31 11. As células-tronco com o maior potencial de uso em pesquisas em terapêutica são as células-tronco: A. totipotentes e oligopotentes B. totipotentes e unipotentes C. pluripotentes e unipotentes D. totipotentes e pluripotentes 12. Nos dias atuais, a clonagem terapêutica constitui mais uma esperança ou um projeto do que, propriamente uma realidade. A técnica enfrenta severo criticismo de segmentos da sociedade, de órgãos governamentais e de lideranças religiosas. A. Verdadeiro B. Falso Manual de Instrução Programada 32 PARTE 4 HEMÁCIAS OBJETIVOS: Descrever a origem e a formação dos glóbulos vermelhos do sangue. Estudar as hemácias, o hema- tócrito e as principais alterações quantitativas dos glóbulos vermelhos. CONCEITOS GERAIS O estudo das células precursoras dos glóbulos vermelhos nos dias atuais, adquiriu enorme importância, devido ao potencial terapêutico desse grupo de células especiais, as denominadas células-tronco. A célula-tronco hemo- poiética tem uma grande capacidade de auto-renovação e um grande potencial proliferativo. Estas propriedades permitem que as células-tronco hemopoiéticas possam diferenciar-se em todas as linhagens de células sanguí- neas. Em anos mais recentes, descobriu-se que as células-tronco hemopoiéticas tem a capacidade de converter- se em outros tipos celulares, não hematopoiéticas. Essa capacidade tem enorme importância terapêutica e cons- titui objeto de estudos e intensas pesquisas. Diversos tecidos do organismo tem a mesma origem, sob a denominação geral de tecidos conjuntivos. Durante as etapas da diferenciação celular, o mesoderma forma um tecido embrionário, o mesênquima. À partir do me- sênquima desenvolvem-se vários tecidos, dentre os quais o sangue e o tecido capaz de gerar células sanguíneas (tecido hemopoiético ou hematopoiético).
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